quinta-feira, 28 de novembro de 2019

“Quando ouvir dizer mal dos partidos, pense nisto”

Raramente concordo com um texto e principalmente com as opiniões de David Dinis, porque não é mais do que um apparatchik, do PS, destacado e promovido no Expresso, o jornal do regime socialista.

“Bom dia!

Sabemos como é a conversa nos dias que correm. Diz-se que os partidos já não são o que eram, que já não nos representam, que não pensam nos interesses do país, que deviam abrir-se mais à sociedade, que a disciplina de voto é um mero pretexto para servir os objectivos das lideranças. Nos últimos tempos ouvimos até mais do que isso: políticos a criticar os velhos políticos, partidos novos a criticar os antigos, até líderes políticos a defender soluções estranhas, como a de que a abstenção devia "eleger" cadeiras vazias no Parlamento, assim como quem puxa as orelhas aos que se portam mal.
A conversa de café segue simples, até que a polémica num pequeno partido nos obriga a pensar outra vez.
Veja o que aconteceu no Livre. Um partido jovem consegue eleger pela primeira vez uma deputada; a deputada começa por dar nas vistas, menos pela sua assumida gaguez, mais pela forma como reage às críticas dos comentadores (lembra-se da polémica com o Daniel Oliveira?). Depois assume um voto sem consultar o partido. Por fim, perde-se na burocracia do Parlamento e deixa por agendar a principal proposta da campanha (deixando mal representados os seus eleitores, como anotava o Ricardo Costa). Pelo meio, a deputada e a direcção trocaram acusações na praça pública, acordaram seguir em frente, mas a deputada continuou a disparar contra o partido ("golpe", disse ela), violando até um sigilo prometido. Em apenas um mês, coube tudo isto - até a inevitável acusação aos jornalistas, com uma evitável escolta policial.
Na Comissão Política de terça-feira, discutimos a origem do problema sem conseguir chegar a um consenso (haverá ou não um problema de liderança aqui também?). Mas concordámos nisto: o modo como o Livre escolhe os seus candidatos a deputados - em primárias abertas, com participação de cidadãos que não têm sequer um vínculo ao partido - pode parecer um belo princípio, mas deslaça a ligação entre quem é eleito e as ideias do partido que supostamente representa. Hoje, Joacine Katar Moreira, acredita ter uma legitimidade maior do que a do Livre. Mas formalmente não tem. Não é por acaso que, nas eleições legislativas, nenhum de nós vota num candidato: votamos sim num partido.
Eu sei, já não parece ser bem assim: quando votamos pomos a cruz no símbolo do partido, mas votamos sobretudo no seu líder. Verdade?
Pois é, mas talvez a formalidade tenha um sentido. Talvez à luz disto se perceba melhor por que razão as regras ainda ditam que devemos votar em partidos e não em candidatos, por que é que não é possível os independentes se candidatarem sem terem que integrar uma lista partidária. Talvez depois desta polémica se perceba melhor por que razão os partidos têm regras próprias, por que motivo privilegiam os seus militantes quando escolhem candidatos, porque é que ainda há essa coisa antiga da disciplina de voto - e até por que razão a velha proposta de criação de círculos uninominais não é tão unânime como se pensa (como bem sublinhava o Daniel Oliveira).
Por tudo isto, quando ouvir dizer mal dos "velhos partidos", pense nisto. Pense em como, com todos os seus defeitos, os partidos nasceram a representar mais do que os seus candidatos: um conjunto de valores, de propostas, de ideais, enquadrados num quadro coerente, em que muitos portugueses se revêem. Se quiser, lembre-se também de como a perda destes velhos valores no velho Partido Republicano (e do peso dos seus mais importantes senadores) abriu espaço há quatro anos para a nomeação de Donald Trump - e lhe deu espaço para refazer toda a política americana, tornando-a permeável a uma liderança autocrática. Talvez os "velhos partidos", afinal, mantenham as velhas regras por outros motivos que não os das novas conversas de café. Talvez, só talvez, eles ainda sejam assim por outros motivos.”

David Dinis – Expresso

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Mamadou Ba eo BE

Parecem ratos a fugir.

Em pleno caso Livre-Joacine Katar-Moreira, o BE também vive alguma perturbação com a decisão do fundador Mamadou Ba de abandonar o partido. Diz ter tomado a decisão de sair no rescaldo do episódio de violência entre polícias e habitantes no Bairro da Jamaica. Diz o assessor do BE e dirigente do SOS Racismo que sai em divergência com a forma como o partido lidou com o episódio e em desacordo com aquilo em que o partido “se tornou ao longo do tempo”.

Livre falha prazo para entrar no debate da lei da nacionalidade

Quando não se tem capacidade para ocupar determinados cargos, nem se contrata pessoal capaz, para ajudar, acontecem estas situações.

Tema é bandeira do partido. Proposta tinha de ter sido apresentada até dia 22.

Portugal falha meta de ter 40% da população diplomada em 2020

Apenas 33,5% da população entre os 30 e os 34 anos tem o ensino superior. A meta europeia para 2020 era 40%, nota relatório do Conselho Nacional de Educação. Especialistas falam em “estagnação”

Gás natural é o quinto mais caro da UE.

Os preços do gás natural em Portugal subiram ligeiramente, mostram os últimos dados do Eurostat. O valor médio por cada 100 kWh foi de 7,6 euros no primeiro semestre de 2019, mais um cêntimo do que um ano antes. O valor coloca Portugal como o quinto país onde o gás é mais caro, acima da média da União Europeia, de 6,32 euros. Apenas na Suécia, Países Baixos, Dinamarca e Itália é que o preço do gás natural é superior ao nacional.

Famílias pagam pela oitava luz mais cara.

Peso dos impostos acaba por colocar Portugal onze posições acima na lista do Eurostat.

Força nessa luta, Livre!

Se calha esta querela durar mais umas semanas, qualquer dia ainda vemos o Livre votar favoravelmente propostas que façam realmente sentido e sejam boas para o país. Deixem-me sonhar.

Mas que rico sarrabulho nas hostes do partido Livre. Isto, sim, pode atrair mais jovens para a política portuguesa. Foram anos a fio a invejar aquela fogosidade característica do parlamento de Taiwan, ou do hemiciclo ucraniano, ou mesmo da assembleia turca onde, com tanta frequência, a força da palavra dá lugar à força do uppercut no salutar esgrimir de convicções profundas. Não invejemos mais. É verdade que os nossos deputados ainda não se pegaram à pancada, mas a legislatura ainda agora começou, calma. E, para abrir o apetite, entretemo-nos com a refrega entre a deputada Joacine Katar Moreira e a direcção do seu próprio partido. No entanto, e porque convém não deixar tudo para a última hora, esclareçamos já algumas questões importantes. Por exemplo, num parlamento que se quer cada vez mais igualitário e inclusivo, as senhoras deputadas também podem levar uns valentes sopapos, ou têm a prerrogativa de só darem sopapos? E uma deputada branca pode enfardar forte e feio num deputado negro? E quem fica incumbido de elaborar a lista de espera dos parlamentares que desejam bater em André Ventura? Pois é, isto do progressismo introduz aspectos de enorme complexidade.

Bom, mas venho aqui não apenas levantar dúvidas pertinentes, mas também apresentar soluções. Assim sendo, e como os tempos são complicados para o partido, deixo as minhas humildes propostas para renovar a designação com a qual o Livre concorrerá às próximas eleições, já depois de ter sido expulso pela deputada Joacine Moreira. Que consideram de “Deus nos Livre da Joacine!”? Mantém o “Livre” e denota uma certa esperança. Por outro lado tem “Deus”, o que é muito pouco moderno. Ou então “Desta vez todos os nossos candidatos estão cá de Livre e espontânea vontade”. Que acham? Talvez um pouco longo, mas a mensagem fica bem clara. O que é mesmo premente é avançar rápido para um destes novos nomes porque, nesta altura, a generalidade dos eleitores está absolutamente convencida que a designação completa do partido é “Hum, cheira-me que esta agremiação política está em queda Livre”.

Atenção, não partilho desta perspectiva. Aliás, para mim, até à data, este é o melhor momento do Livre. E confesso que estou a torcer pelo agravar da situação interna do partido. Pois se vamos com escassos dias de crise e Joacine, só para fazer pirraça à direcção, já se absteve no voto apresentado pelo PCP de “condenação da nova agressão israelita a Gaza”. Bem bom. Se calha esta querela durar mais umas semanas, qualquer dia ainda vemos o Livre votar favoravelmente propostas que façam realmente sentido e sejam boas para o país. Deixem-me sonhar.

Para justificar o imbróglio no partido, Joacine Moreira alegou dificuldades de comunicação com a direcção. O que provocou espanto. “Como é possível, nos dias que correm, com tanta tecnologia, a deputada não conseguir comunicar com aquilo a que no Livre chamam — soberba ironia — Grupo de Contacto?” indagaram as gentes. Tenho uma teoria. Não desdenhem já. Ouçam primeiro. E depois, sim, desdenhem. Estou convencido que estes problemas de comunicação se devem a excesso de tecnologia. A Joacine deve possuir um daqueles moderníssimos telemóveis que são dobráveis. Vai daí, cada vez que lhe ligam da direcção do Livre, ela dobra o telefone, amachuca-o bem, e entrega-se à actividade mais interessante que se pode desenvolver em ambiente de escritório: tentar acertar com o telemóvel todo amassado no cesto dos papeis ao canto da sala.

Extremamente atento a tudo isto está o mui hábil António Costa. Há escassos dias, a notícia que o governo pretende gastar dinheiro dos contribuintes para construir um Pavilhão do Gelo em Lisboa para a prática de desportos foi recebida com a estupefação que mereceria uma notícia sobre, digamos, a pretensão do Governo gastar dinheiro dos contribuintes para construir um Pavilhão do Gelo em Lisboa para a prática de desportos. Eis senão quando, a crise no Livre oferece, de bandeja, uma solução a Costa. Trata-se do primeiro acordo parlamentar desta legislatura. O governo cede um barraco devoluto de dimensões generosas ao Livre, de modo a que Joacine Moreira e Rui Tavares se possam sentar bem longe um do outro. A direcção do Livre compromete-se a reunir diariamente no dito barraco. Um funcionário tratará de manter o pavimento do barraco permanentemente molhado. Depois, é só esperar que o clima gélido que se vive no seio do Livre mantenha o chão sempre congelado. Ficarei muito surpreendido se, nas próximas olimpíadas de inverno Pequim 2022, Portugal não arrecadar o ouro no Curling.

Tiago Dores  - Observador

domingo, 24 de novembro de 2019

Querem voltar a 2009/2012?

“Penalizar o pequeno proprietário com o englobamento dos rendimentos prediais pode criar a tempestade perfeita a que ninguém ficará imune: proprietários, fundos imobiliários, a Banca e o próprio Estado. Sou um dos pequenos proprietários portugueses que operam com a família, com património em nome pessoal, no sector do imobiliário de arrendamento - e vejo com muita preocupação o que se tem dito sobre os rendimentos prediais e a possibilidade do seu englobamento no IRS.” observador

Carlos César alerta que Governo tem de inverter degradação do SNS

Vindo de um socialista é “esquisito”, pois é o seu partido e com ele Carlos César que o serviço nacional de saúde está num estado miserável!!! É ler-se o que se publica e acima de tudo tomar conhecimento por outros que usem o SNS, pois como sabemos os jornalistas escondem muita informação prejudicial ao PS e acompanhantes.

O relato.

Bloco de Esquerda critica Governo e avisa que é preciso tirar "o garrote ao SNS". PSD culpa socialistas.
O presidente do PS, Carlos César, deixou ontem um alerta, na TSF. ao Governo. O problema mais difícil está na degradação do Serviço Nacional de Saúde, devido a muitos anos de desinvestimento. Por isso, o Ex-líder parlamentar do PS sublinhou que o Executivo "ou resolve estas questões, com a inversão desta tendência de degradação do Serviço Nacional de Saúde, ou vai ser complicado justificar-se aos portugueses". Para Carlos César, a saúde terá de ser uma das prioridades do Governo durante os quatro anos desta legislatura. O Bloco de Esquerda também escolheu os problemas na saúde nas declarações políticas no parlamento. "É preciso que o Governo tire o garrote ao SNS, que permita contratar os profissionais necessários. Para isso, não pode vigorar nenhum despacho que pretende ignorar a Lei de Bases ou a Lei de Reforço da Autonomia das Instituições", defendeu Moisés Ferreira. O deputado bloquista afirmou que “não é aceitável que se coloque em cima da mesa hipóteses como a do encerramento rotativo de urgências obstétricas, como na área de Lisboa. Nem é aceitável que se encerrem serviços, ora à noite, ora ao fim de semana, por falta de profissionais, como acontece no Garcia de Orta" ou "que faltem profissionais para garantir escalas ou para fazer face às listas de espera para consultas e cirurgias".
PSD CULPA GOVERNO Álvaro Almeida, do PSD, defendeu é preciso reforçar o Serviço Nacional de Saúde e responsabilizou o Governo pelos problemas que existem. "Temos uma degradação do SNS, que resulta das politicas do PS, que durante quatro anos governou o pais e o SNS a partir do Ministério das Finanças". Já Ana Rita Bessa, do CDS, lembrou que o Governo socialista contou com o apoio do Bloco de Esquerda nos últimos quatro anos. Do lado do PS, Hortense Martins afirmou que é preciso "continuar a reforçar" os recursos humanos. "Só tornando mais atractivas as unidades do SNS e a valorização de carreiras, conseguiremos atrair mais profissionais", disse a socialista.

Carlos César em entrevista ao Ionline em 21-11-2019

Limite de exposição à dívida pública pode custar três mil milhões à banca portuguesa

Restrições à exposição dos bancos à dívida pública do país estão a ser estudadas na Europa. A concretizar-se, irá obrigar as instituições financeiras a irem ao mercado para reforçar rácios de capital.

s negociações para o Sistema Europeu de Garantia de Depósitos estão a abrir a porta a limitações da exposição dos bancos à dívida pública do próprio país. Os alertas sobre este risco na banca portuguesa têm-se multiplicado nos últimos meses, apesar de os bancos garantirem que não existe nenhuma situação de alerta. Medidas de restrição que podem custar quase três mil milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos, BCP, Novo Banco, Banco Montepio e Crédito Agrícola.

O ministro alemão das Finanças, Olaf Scholz, aceitou a hipótese de um Sistema Europeu de Garantia de Depósitos, mas pediu contrapartidas, incluindo relativas aos requisitos de capital e à exposição soberana da banca. “Ao contrário da prática atual, restrições à banca enquanto compradora de dívida soberana iria ter impacto no ajustamento de risco dos ativos que é monitorizado pelos reguladores“, diz Eric Dor, diretor de estudos económicos da francesa IESEG, que calculou o impacto para os vários bancos europeus.

O economista assume que o ajustamento de risco seria aplicada no montante da dívida pública do próprio país que excedam os 35% do total de ativos detidos pelo banco.

“O resultante aumento dos ativos ponderados pelo risco iria mecanicamente implicar uma diminuição nos rácios de capital dos bancos. Iria também implicar um aumento dos requisitos mínimos que seriam necessários para manter os rácios de capital acima dos mínimos regulatórios. Sem alterarem a exposição soberana, muitos bancos teriam de aumentar o seu capital, o que comporta custos“, alerta Dor.

Os bancos teriam, assim, de escolher entre desinvestir em dívida nacional ou irem eles próprios ao mercado emitir obrigações para reforçar os rácios.

Caso a medida seja aplicada com os parâmetros previstos pelo economista, a Caixa Geral de Depósitos — que tinha em junho do ano passado uma exposição em 173,8% superior ao referido limite — poderia ver o montante dos ativos ponderados pelo risco aumentar em 7.213 milhões de euros. Para cumprir os requisitos do Banco Central Europeu (BCE), teria de aumentar o capital em 1.057 milhões de euros.

Já o Novo Banco tinha ativos em 178,82% superiores ao limite, atirando 4.240 milhões de euros em ativos para a categoria de arriscados. Seria assim preciso reforçar capital em 533 milhões de euros. O BCP teria de emitir 510 milhões de euros em obrigações para fazer face aos novos 4.311 milhões de euros que passariam a ser classificados como de risco.

Entre os bancos mais pequenos, a questão também se verifica. No caso do Crédito Agrícola, os ativos ponderados pelo risco iriam aumentar em 4.972 milhões de euros, levando o banco a ter de emitir 692 milhões de euros para cumprir os requisitos de rácios. O Banco Montepio teria de ir ao mercado levantar 179 milhões de euros devido aos 1.578 milhões de euros em ativos que passariam a ser ponderados pelo risco.

O problema não é limitado à banca portuguesa e, por toda a Europa, há instituições financeiras a apostar no investimento em obrigações dos próprios países (nomeadamente como forma de libertar excedente de liquidez que tem atualmente custos se estiver depositada no BCE).

Os cálculos do economista indicam que tanto gigantes alemães (como o Deutsche Bank ou Commerzbank) como a banca privada francesa sofreriam pouco com a reforma. Por outro lado, o banco público francês Société de Financement Local é o caso mais expressivo: tem uma exposição à dívida pública francesa em 3.302,56% superior aos limites, mas o elevado volume está relacionado com o resgate ao Dexia pelo que poderá beneficiar de um regime de exceção.

Já Espanha, país de origem de grande parte dos bancos a operar em Portugal, a situação é outra. “Vários bancos espanhóis iriam incorrer em grandes aumentos nos ativos ponderados pelo risco, com uma acentuada queda nos rácios de capital TIER 1. Estes bancos são o Unicaja Banco, o Bankia, o Ibercaja Banco e o Liberbank”, acrescenta Eric Dor.

Este é, no entanto, um exercício de simulação e o diretor de estudos económicos da IESEG lembra que a ideia do ministro alemão das Finanças é dar aos bancos um período de transição entre cinco e sete anos para diversificarem a exposição a dívida soberana (nomeadamente comprando de outros países em vez do próprio) e poderem assim evitar estas consequências.

https://eco.sapo.pt

O QUE É O BCE?

O BCE é o banco central dos Estados da UE que pertencem à zona euro, como é o caso de Portugal.

E DONDE VEIO O DINHEIRO DO BCE?

- O dinheiro do BCE, ou seja o capital social, é dinheiro de nós todos, cidadãos da UE, na proporção da riqueza de cada país. Assim, à Alemanha correspondeu 20% do total. Os 17 países da UE que aderiram ao euro entraram no conjunto com 70% do capital social e os restantes 10 dos 27 Estados da UE contribuíram com 30%.

E É MUITO, ESSE DINHEIRO?

- O capital social era 5,8 mil milhões de euros, mas no fim do ano passado foi decidido fazer o 1º aumento de capital desde que há cerca de 12 anos o BCE foi criado, em três fases. No fim de 2010, no fim de 2011 e no fim de 2012 até elevar a 10,6 mil milhões o capital do banco.

ENTÃO, SE O BCE É O BANCO DESTES ESTADOS PODE EMPRESTAR DINHEIRO A PORTUGAL, OU NÃO? COMO QUALQUER BANCO PODE EMPRESTAR DINHEIRO A UM OU OUTRO DOS SEUS ACCIONISTAS ?

- Não, não pode..


PORQUÊ?!

- Porquê? Porque… porque, bem… são as regras. .

ENTÃO, A QUEM PODE O BCE EMPRESTAR DINHEIRO?

- A outros bancos, a bancos alemães, bancos franceses ou portugueses. .

AH PERCEBO, ENTÃO PORTUGAL, OU A ALEMANHA, QUANDO PRECISA DE DINHEIRO EMPRESTADO NÃO VAI AO BCE, VAI AOS OUTROS BANCOS QUE POR SUA VEZ VÃO AO BCE.

- Pois.

MAS PARA QUÊ COMPLICAR? NÃO ERA MELHOR PORTUGAL OU A GRÉCIA OU A ALEMANHA IREM DIRECTAMENTE AO BCE?

- Bom… sim… quer dizer… em certo sentido… mas assim os banqueiros não ganhavam nada nesse negócio!

AGORA NÃO PERCEBI!!..

- Sim, os bancos precisam de ganhar alguma coisinha. O BCE de Maio a Dezembro de 2010 emprestou cerca de 72 mil milhões de euros a países do euro, a chamada dívida soberana, através de um conjunto de bancos, a 1%, e esse conjunto de bancos emprestaram ao Estado português e a outros Estados a 6 ou 7%.

MAS ISSO ASSIM É UM "NEGÓCIO DA CHINA"! SÓ PARA IREM A BRUXELAS BUSCAR O DINHEIRO!

- Não têm sequer de se deslocar a Bruxelas. A sede do BCE é na Alemanha, em Frankfurt. Neste exemplo, ganharam com o empréstimo a Portugal uns 3 ou 4 mil milhões de euros.

ISSO É UM VERDADEIRO ROUBO… COM ESSE DINHEIRO ESCUSAVA-SE ATÉ DE CORTAR NAS PENSÕES, NO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO OU DE NOS TIRAREM PARTE DO 13º MÊS.

As pessoas têm de perceber que os bancos têm de ganhar bem, senão como é que podiam pagar os dividendos aos accionistas e aqueles ordenados aos administradores que são gente muito especializada.

MAS QUEM É QUE MANDA NO BCE E PERMITE UM ESCÂNDALO DESTES?

- Mandam os governos dos países da zona euro. A Alemanha em primeiro lugar que é o país mais rico, a França, Portugal e os outros países.

ENTÃO, OS GOVERNOS DÃO O NOSSO DINHEIRO AO BCE PARA ELES EMPRESTAREM AOS BANCOS A 1%, PARA DEPOIS ESTES EMPRESTAREM A 5 E A 7% AOS GOVERNOS QUE SÃO DONOS DO BCE?

- Bom, não é bem assim. Como a Alemanha é rica e pode pagar bem as dívidas, os bancos levam só uns 3%. A nós ou à Grécia ou à Irlanda que estamos de corda na garganta e a quem é mais arriscado emprestar, é que levam juros a 6, a 7% ou mais.

ENTÃO NÓS SOMOS OS DONOS DO DINHEIRO E NÃO PODEMOS PEDIR AO NOSSO PRÓPRIO BANCO!...

- Nós, qual nós?! O país, Portugal ou a Alemanha, não é só composto por gente vulgar como nós. Não se queira comparar um borra-botas qualquer que ganha 400 ou 600 euros por mês ou um calaceiro que anda para aí desempregado, com um grande accionista que recebe 5 ou 10 milhões de dividendos por ano, ou com um administrador duma grande empresa ou de um banco que ganha, com os prémios a que tem direito, uns 50, 100, ou 200 mil euros por mês. Não se pode comparar.

MAS, E OS NOSSOS GOVERNOS ACEITAM UMA COISA DESSAS?

- Os nossos Governos… Por um lado, são, na maior parte, amigos dos banqueiros ou estão à espera dos seus favores, de um empregozito razoável quando lhes faltarem os votos.

MAS ENTÃO ELES NÃO ESTÃO LÁ ELEITOS POR NÓS?

- Em certo sentido, sim, é claro, mas depois… quem tem a massa é quem manda. É o que se vê nesta actual crise mundial, a maior de há um século, para cá. Essa coisa a que chamam sistema financeiro transformou o mundo da finança num casino mundial, como os casinos nunca tinham visto nem suspeitavam, e levou os EUA e a Europa à beira da ruína. É claro, essas pessoas importantes levaram o dinheiro para casa e deixaram a gente como nós, que tinha metido o dinheiro nos bancos e nos fundos, a ver navios. Os governos, então, nos EUA e na Europa, para evitar a ruína dos bancos tiveram de repor o dinheiro.

E ONDE O FORAM BUSCAR?

- Onde havia de ser!? Aos impostos, aos ordenados, às pensões. De onde havia de vir o dinheiro do Estado?...

MAS METERAM OS RESPONSÁVEIS NA CADEIA?

- Na cadeia? Que disparate! Então, se eles é que fizeram a coisa, engenharias financeiras sofisticadíssimas, só eles é que sabem aplicar o remédio, só eles é que podem arrumar a casa. É claro que alguns mais comprometidos, como Raymond McDaniel, que era o presidente da Moody's, uma dessas agências de rating que classificaram a credibilidade de Portugal para pagar a dívida como lixo e atiraram com o país ao tapete, foram… passados à reforma. Como McDaniel é uma pessoa importante, levou uma indemnização de 10 milhões de dólares a que tinha direito.

E ENTÃO COMO É? COMEMOS E CALAMOS?

Isso já não é comigo, eu só estou a explicar…

PARA QUE NÃO PERCA A MEMÓRIA

Enquanto os deputados pintam as unhas…

Quando Maria Luís Albuquerque se referiu às RUINOSAS PPP's rodoviárias no seu artigo de 3 de Maio deste ano no Observador, todos os contribuintes deveriam ter ficado alarmados. Não foi a única deputada que o fez nem tão pouco a primeira mas a sua opinião enquanto Ministra das finanças num dos períodos mais difíceis da história recente do nosso país é o reconhecimento por quem conhece bem a RUÍNA financeira que representam os 22 contratos de concessão e subconcessão assinados entre o Estado Português e uma troika de empresas privadas.

Pelo que tenho estudado nos últimos dois anos, o assunto é tão complexo quanto o são os contratos que regulam estes negócios, e quando me refiro aos contratos quero dizer a parte pública destes documentos uma vez que toda a informação relevante ou que poderia permitir o seu verdadeiro escrutínio público é ilegalmente confidencial!

Por essa razão, é ainda mais importante a opinião de alguém que se propôs estudar e renegociar estes contratos. Maria Luís Albuquerque deve saber bem do que fala! Sabe por exemplo que, de acordo com o (seu) OE2013 se previa gastar com as PPP's rodoviárias 7023 milhões de euros nos 6 anos seguintes e que na verdade (OE2019) se gastaram 8106 milhões de euros!

Ou seja, enquanto os portugueses eram esmagados pela maior carga fiscal de sempre, o Estado deixou derrapar em mais de 1.000 milhões de euros a já pornográfica factura das PPP's.

Também o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda sabia bem do que falava quando em 26 de Junho de 2015 um dos seus deputados afirmou na Assembleia da República que "os contratos de concessão foram RUINOSOS para o Estado". Nesse mesmo ano o OE2016, aprovado com voto favorável do BE, previa gastar em 2019 com as RUINOSAS PPP's 1381 milhões de euros. Hoje o BE propõe-se aprovar o OE2019 que prevê enterrar 1518 milhões de euros nas mesmas RUINOSAS PPP's!

Pergunto: se para o BE as PPP's eram RUINOSAS em 2015, como podem aprovar um orçamento de estado que prevê gastar mais 137 milhões de euros do que o previsto há 3 anos?

Quando o deputado Bruno Dias do PCP se referiu na AR aos "negócios ruinosos das PPP's rodoviárias" em 15 de Fevereiro deste ano, dois meses após o GP do PCP ter aprovado um orçamento que previa derreter 1436 milhões de euros nas RUINOSAS PPP's em 2019, também devia saber bem do que falava.

Pergunto: como pode o PCP propor-se a aprovar o OE2019 que prevê uma derrapagem de 82 milhões de euros face ao valor previsto há menos de um ano?

Os indícios de corrupção nas PPP's são hoje muito mais que isso.

À revista Sábado o Ministério Público afirmou este ano que está em causa "corrupção activa para acto ilícito, gestão danosa, participação económica em negócio, tráfico de influências, fraude fiscal agravada, branqueamento de capitais e associação criminosa" numa investigação em curso desde 2011...

Ou seja, para o Ministério Público as RUINOSAS PPP's são também CRIMINOSAS!

De uma forma geral todos os partidos políticos conhecem bem o desastre financeiro que representam as RUINOSAS e CRIMINOSAS PPP's pois todos participaram em 2013 na comissão parlamentar de inquérito às PPP's e aprovaram um relatório demolidor.

Nesse documento concluem por exemplo os Srs deputados que na Ponte Vasco da Gama, cujo modelo de financiamento previa CUSTO ZERO para o Estado, já tinham sido esbanjados nos 15 anos decorridos desde a sua inauguração, cerca de 846 milhões de euros ... para pagar uma obra que custou 540 e que o Estado continuará a pagar por mais 20 anos!

Concluíram também os Srs deputados que "os encargos com as PPP são excessivos" e que "em todas as PPP analisadas, o custo do financiamento directo do Estado, através da emissão de dívida, seria sempre mais barato" pelo que "o Estado deve equacionar o resgate das PPP em causa".

Não sei quantos dos Srs deputados assinaram a presença nas sessões desta comissão sem lá pôr os pés.

Não sei quantos deputados estavam ausentes da AR "por motivos de força maior" enquanto outros se referiam às RUINOSAS PPP's.

Não sei quantos deputados votaram este relatório em nome dos outros.

O que eu sei é que, até ao momento, nenhum grupo parlamentar se propôs discutir o resgate das PPP's.

O que eu sei é que, enquanto os Srs deputados entretêm os seus eleitores com acesas discussões sobre touradas e outras paneleirices fracturantes, o Estado irá pagar nos próximos anos mais de 15 mil milhões de euros por um património que, segundo o Eurostat, vale um terço.

O que eu sei é que, enquanto os Srs deputados pintam as unhas, há 10.000 milhões euros para alimentar uma troika de empresas conhecidas por dar emprego a ex ministros e não há 200 para acabar com as barracas que servem de hospital às crianças do IPO.

Henrique Trigueiros Cunha

15/11/2018

Polémica na SIC (um canal Neo Pravda)! Após saída, Manuela Moura Guedes abre fogo contra o canal

Foi a ‘Procuradora’ do Jornal da Noite, da SIC, durante oito meses. No entanto, foi mandada de férias em junho por Ricardo Costa, diretor de informação do canal, com a promessa de que teria um novo formato em outubro. Tal não veio a acontecer e agora a jornalista veio a público explicar o que aconteceu e tecer duras acusações contra a estação.

Numa entrevista recente que deu à revista TV Guia, Manuela Moura Guedes explicou que o primeiro atrito com a SIC se deu no momento em que se preparava para ir de férias. Terá recebido a proposta, por parte do canal, de fazer entrevistas durante esse período de tempo, mas recusou com a justificação de que ninguém iria aceitar ser entrevistado por ela. “Insistiram na ideia e não aceitei, vim-me embora”.

Mas as acusações não se ficam por aqui. A mulher de José Eduardo Moniz disse ainda que a decisão da estação de Paço de Arcos em relação às suas férias terão sido feitas de forma estratégica, numa altura na qual estava prestes a iniciar-se o período de pré campanha eleitoral. “Deixei de comentar precisamente nessa altura. É estranho, não é?”, atirou à mesma publicação.

A jornalista, de 63 anos, acusou ainda a SIC de preferir dar voz a “gente muito independente”. “Sei que receberam muitas pressões para me afastarem e também sei que é preferível terem o Francisco Louçã e o Marques Mendes, gente muito independente, como sabemos”.

A SIC já justificou a saída de Manuela Moura Guedes. À mesma revista, garantiu que foi a própria quem recusou, “a 15 dias de ir para o ar”, o formato de entrevistas que lhe tinham proposto e que portanto este acabou por ser cancelado.

https://www.atelevisao.com