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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

O emplastro de Belém

…As suas intervenções são insultuosamente inúteis…

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Nos momentos que carecem de um chefe de Estado, é garantido que o prof. Marcelo não comparece.

Os detractores que lhe questionam o discernimento não explicam esta habilidade para evitar chatices.

10 dez. 2022, Alberto Gonçalves – Observador

Vocês conhecem-no. Toda a gente o conhece. É aquele sujeito que aparece sempre que há uma câmara de televisão plantada algures. E que diz coisas sem nexo e sem parança. E que em geral ostenta um sorriso esquisito. E que se agarra a quem estiver nas imediações. E que adora tirar retractos. E que se despe à primeira oportunidade. E que suscita a alguns um sentimento entre a compaixão e o embaraço, o divertimento e a impaciência. Falo, deveria ser escusado notar, do popular Emplastro. Não me refiro ao sr. Nando, que é de Vila Nova de Gaia, costuma andar vestido, fala pouquíssimo e, que se saiba, não custa muito ao erário público. O Emplastro em questão mora em Belém, acode pelo nome de “prof. Marcelo” e, acreditem, é presidente da República. Vocês acreditam. A maioria de vocês votou nele. E por duas vezes.

Como é que nós – “nós” a nação, “nós” a sociedade, “nós” o colectivo raio que nos parta – descemos a isto? Como podemos achar isto relativamente “normal”, ou saudavelmente “normal”? Como é que isto é tolerável? Como é que o “presidente implausível”, na definição do Vasco Pulido Valente, é possível? Como é que não estranhamos o Emplastro de Belém, como estranharíamos, suponho, se víssemos o Emplastro de Gaia ser agraciado com o Nobel da Física? Como é que conseguimos desenvolver tamanha apatia? Como é que a realidade mais desvairada nos parece corriqueira e “habitual”? Como é que, repito, descemos a isto?

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Dei por mim a marinar estes pensamentos pela enésima ocasião quando, após o jogo Portugal – Suíça, o prof. Marcelo surgiu imediatamente nos diversos canais a comentá-lo. À medida que o campeonato avança, o prof. Marcelo avança igualmente na frequência dos comentários, que entretanto já acontecem no fim, no início e no intervalo das partidas (caso a “selecção” atinja a final da competição, imagino que o homem se encarregue do relato completo para a RTP). E não são meras generalizações, estilo “Estou contente porque a equipa jogou bem”. Não senhor: são disparates detalhados, jogador a jogador, táctica a táctica, “incidência” a “incidência”. No pedaço que vi, terça-feira, terminou a esclarecer que iria enviar uma mensagem ao treinador e telefonar-lhe “às tantas da noite”. Depois sorriu. Depois inclinou-se para o centro da imagem até quase abalroar a repórter, talvez mortificado por ter de abandonar momentaneamente as objectivas. Na quinta-feira, regressou, especado ao pé do autarca lisboeta nas cheias da cidade.

O Emplastro de Belém materializa-se na bola, na praia, nas cheias se as cheias forem atribuídas às “alterações climáticas” e, afinal, no que não seja propício a criar polémica e onde a sua intervenção é insultuosamente inútil. Nos lugares e nos momentos que carecem de um chefe de Estado, é garantido que o prof. Marcelo não comparece. Os detractores que lhe questionam o discernimento não explicam esta curiosa habilidade para evitar chatices.

As chatices ficam a nosso cargo. Um sistema de saúde que falece sem dignidade à vista desarmada. Uma corrupção fulgurante. Uma Justiça aleijada. Um ensino em cacos. Uma liberdade condicional. Uma economia de rastos. Uma fiscalidade voraz. Uma miséria imparável. Um destino negro. E, atrás e à frente de tudo, um partido que tomou conta do Estado e um Estado que tomou conta do país. E um governo cuja incompetência, arrogância e endémica desonestidade o prof. Marcelo desculpa, protege e acarinha com apreciável zelo. Esta época de gangsters exigia um líder: saiu-nos uma caricatura, que reduziu o cargo a pó. O prof. Marcelo não preside a Portugal: por omissão preside à ruína de Portugal, ou no mínimo da frágil democracia que andámos meio século a tentar amanhar. Podia fazê-lo com gravidade trágica, mas prefere o destrambelhamento cómico. E continuamos sem perceber se o destrambelhamento é opção ou fatalidade.

O que se percebe é que antes de 2016, carregadinho de livros por abrir e de honras por demonstrar, o prof. Marcelo não passava da típica “sumidade” nacional, um alegado portento que se esvazia ao primeiro alfinete ou contacto com a realidade, e que, num deserto de alternativas, os cidadãos elegeram. Desde então, tem sido uma coisa diferente. O quê? Descontadas as evidências e as suspeitas, o que em suma o prof. Marcelo mostra ser é alguém com um profundo desprezo pela totalidade das pessoas, excepto por uma pessoa em particular: ele próprio. Não há ali frase, gesto ou acção que não padeça de um narcisismo desmesurado. O exagerado fascínio que ele simula sentir pelo mundo não esconde, aliás revela, a clausura daquela cabeça.

Vocês conhecem a cabeça, de resto omnipresente em “selfies”, noticiários e variedades. Mas não querem conhecer o que vai lá dentro.

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

O manual de Geografia do 8.º ano que gerou polémica nas redes sociais

Livro de geografia diz que "legalização do aborto" e "valorização do papel das mulheres" foram algumas das políticas adoptadas que contribuíram para diminuir a natalidade.

As redes sociais são especialistas em originar polémicas em torno de tudo (e nada), mas muitas vezes são também palco de alertas para situações que tinham passado despercebidas. Esta segunda-feira, uma encarregada de educação publicou no Twitter uma imagem de um manual da disciplina de Geografia, do 8º ano, que abordava o tema "política demográfica". O livro definia como "políticas demográficas anti natalistas" um "conjunto de medidas que têm como objectivo diminuir o elevado valor de natalidade".

Depois, através de uma tabela, dava como exemplo: a "valorização do papel social da mulher", a "divulgação do planeamento familiar" através da distribuição gratuita de meios contraceptivos, a "legalização do aborto" e o "aumento do nível de instrução da população, sobretudo da feminina", o "aconselhamento ao casamento tardio" e a introdução de "benefícios fiscais para as famílias com apenas um ou dois filhos".

O conteúdo do manual acabou por ser contestado por uns, aplaudido por outros, mas levantou grande espaço de debate nas redes sociais.

Se há internautas que consideram "inaceitável o que está nesse livro" e que é um "atentado contra as mulheres", há outros que se apressam e garantem que vão "ver o que diz o livro" dos seus filhos. Há quem ironize e afirme ter lido "Educação Moral e Religiosa Católica em vez de Geografia" ou que questione "e onde falam da cozinha e do chão por esfregar?". Mas há também quem levante questões que podem ser consideradas pertinentes como se os exemplos nomeados não deverão ser considerados "causas que contribuíram para a diminuição da natalidade" em vez de "medidas políticas".

"Existe uma grande diferença entre políticas anti natalistas e políticas que a posteriori resultaram na diminuição da natalidade", escreve uma das pessoas na publicação.

A SÁBADO contactou a editora do livro, a Porto Editora, que nos garantiu que o manual escolar "cumpre escrupulosamente as Aprendizagens Essenciais definidas pelo Ministério da Educação para a disciplina de Geografia".

Referem ainda que o tema em causa aborda "as questões demográficas ao nível mundial, onde se inclui a análise das diferenças claras em termos sociais, económicos e demográficos entre países desenvolvidos, no qual se insere Portugal, e países em desenvolvimento e menos desenvolvidos".

Por isso, apesar de reconhecerem que o conteúdo se tornou polémico na Internet, defendem uma análise "contextualizada para uma correcta interpretação" e dão dois exemplos. No caso do casamento tardio referem que esta política surge como uma medida anti natalista pois "nos países menos desenvolvidos o casamento entre menores é uma prática comum e recorrente".
Sobre o papel social da mulher, explicam que "nos países menos desenvolvidos resume-se, muitas vezes, às actividades domésticas e relacionadas com a maternidade, estando a igualdade de género ainda longe de ser alcançada". Considerando que falamos de "sociedades desiguais que não promovem igualdade de oportunidades", neste contexto, "a valorização do papel social da mulher significa potenciar a emancipação e a educação da população feminina, permitindo dar às mulheres liberdade de escolha sobre a sua vida sexual e sobre a maternidade".

Em resposta à SÁBADO, a Porto Editora esclarece ainda que esta informação é veiculada "em todos os manuais escolares de Geografia (não apenas da Porto Editora) em moldes semelhantes e com a mesma linguagem", incluindo no projecto Estudo em Casa, emitido na RTP.

Analisámos o programa em causa e as matérias abordadas são as mesmas mas as palavras usadas, não. Enquanto o livro da Porto Editora fala em "políticas anti natalistas", a informação divulgada na RTP refere "factores explicativos para os diferentes valores de fecundidade no mundo".

"O problema é de semântica. Anti significa contra, medidas significa acções com propósito. Ora quando se lê as ditas medidas verifica-se que a maior parte são só consequências de acções ou situações que não tiveram a natalidade como propósito. É colocar o manual no lixo", assegura um outro internauta.

Apesar da aparente confusão digital, a Porto Editora garante que todos os manuais escolares "são alvo de revisão científica por parte de instituições acreditadas" sendo este revisto pelo Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Em resposta à SÁBADO, José Alberto Rio Fernandes, o docente que assegurou esta revisão, também garante que tudo não passa de uma "virose das redes sociais" e apresenta uma contextualização para cada ponto apresentado no livro.

Segundo o docente, o empoderamento feminino é usado, em muitos países, como ferramenta para diminuir a população. A pouca instrução – traduzida muitas vezes no alfabetismo e iliteracia – "está na raiz de taxas muito elevadas de natalidade", pelo que o aumento do nível de instrução da população, sobretudo da feminina, é uma das formas usadas para o combater.

No caso do aconselhamento ao casamento tardio, "em muitos países são muito reduzidos os casos de filho fora do casamento, pelo que resulta estatisticamente verdadeiro que, quando mais tarde o casamento, menor o número de filhos".

Da mesma forma, a valorização do papel social da mulher em algumas comunidades – através do combate à dependência socioeconómica e à fragilidade da mulher perante o marido e a sociedade em geral – é outros dos mecanismos para actuar em países onde se regista grandes taxas de natalidade.

Quanto ao planeamento familiar, José Fernandes, esclarece que "a ausência de informação ou a pobreza são, em muitos casos, a explicação para elevado número de filhos", o que faz com que a distribuição gratuita de meios contraceptivos actue de forma directa neste número. Já na legalização do aborto, "independentemente da posição de cada um", o especialista diz que esta é uma medida que diminui objectivamente o número de nascimentos.

Sábado

terça-feira, 25 de outubro de 2022

A EVOLUÇÃO DA DEMOGRAFIA MUNDIAL


Dois exemplos concretos:

Nos próximos quatro minutos irão nascer mil crianças: 172 na Índia, 103 na China, 57 na Nigéria, 47 no Paquistão, em toda a Europa, no entanto, somente 52.Por volta de 2050, mais da metade do projectado aumento da população global estará concentrado em oito países apenas, principalmente na África, de acordo com o The Economist, são eles: Congo, Egipto, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. A Nigéria terá mais habitantes do que a Europa e os Estados Unidos.

Leiam o artigo anexo …ih ih ih

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Como as Civilizações Serão Identificadas

por Giulio Meotti
23 de Outubro de 2022

Original em inglês: How Civilizations Will Be Decided
Tradução: Joseph Skilnik

Mais da metade do crescimento da população global projetado até 2050 se concentrará em oito países apenas, primordialmente na África, de acordo com a revista The Economist, são eles: Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. A Nigéria terá mais habitantes do que a Europa e os Estados Unidos. Foto: soldados espanhóis e membros da Guardia Civil patrulham a cerca da fronteira do enclave espanhol de Ceuta, em 18 de maio de 2021, mais adiante do outro lado da cerca, no Marrocos, centenas de migrantes africanos estacionados procuram atravessar a fronteira. (Foto: Antonio Sempere/AFP via Getty Images)

Menos bebês nascerão em toda a Europa do que só na Nigéria.

"Pelo andar da carruagem, na Europa, a população despencará pela metade antes de 2070, o continente correrá o risco de perder 400 milhões de habitantes até 2100", observou James Pomeroy, economista do banco chinês HSBC.

O crescimento da população mundial já atingiu seu índice mais baixo desde 1950 e a população da Europa continuará encolhendo até ao final do século, segundo o Financial Times, ao se referir ao relatório "Projeções da População Mundial das Nações Unidas".

A pergunta que não quer calar é: onde essas discrepâncias irão acontecer?

Nos próximos quatro minutos irão nascer mil crianças: 172 na Índia, 103 na China, 57 na Nigéria, 47 no Paquistão, em toda a Europa, no entanto, somente 52.

No ano que vem, a Índia deverá deixar para trás a China em termos populacionais e se tornará o país mais populoso do planeta. Os muçulmanos da Índia somarão 20% da população, tornando-se assim a maior comunidade islâmica do mundo. De que maneira essa tendência demográfica impactará a frágil convivência entre muçulmanos e hindus?

Em 2021, a população da Europa encolheu cerca de 1,4 milhão de habitantes, o maior declínio se comparado a qualquer outro continente desde 1950, quando esses índices foram registrados pela primeira vez. Dois terços da população mundial vive num país onde a taxa de fertilidade está abaixo da taxa de substituição populacional de 2,1 nascimentos por mulher. A população da China deverá encolher 6 milhões de habitantes por ano até meados da década de 2040 e 12 milhões por ano até o final da década de 2050, a maior queda já registrada na história de um país. A população da China despencará pela metade nos próximos 45 anos e se tornará um país de idosos: O PIB levará um tombo sem precedentes e a sociedade terá que administrar uma população envelhecida sem paralelo no país.

O envelhecimento sem precedentes da população do Japão está causando um assustador impacto nas suas forças armadas. Desde 1994, o número de jovens entre 18 e 26 anos, idade do alistamento, vem despencando. Entre 1994 e 2015, houve uma queda de 11 milhões de jovens, ou seja, 40%. "O Japão já não tem mais gente suficiente para travar uma guerra", escreveu a revista Forbes. Pela primeira vez, os japoneses compraram mais fraldas para adultos do que para bebês. O mesmo vale para a Coreia do Sul. "O declínio nos nascimentos na Coreia do Sul virou um problema de segurança nacional", salientou The Wall Street Journal em 2019.

"Há menos jovens disponíveis para prestar o serviço militar. É por isso que as autoridades de Seul realçaram que o exército da Coreia do Sul encolherá para meio milhão de militares, do total atual de 600 mil até 2022."

"Há muito tempo que Taiwan vive a terrível perspectiva de uma invasão da China, mas uma das maiores ameaças à sua segurança vem de dentro do próprio país: as menores taxas de natalidade do planeta", observou o Telegraph. Hoje Taiwan apresenta a menor taxa de natalidade do mundo, por volta de 2050 a ilha terá apenas 20 milhões de habitantes, com idade média escalando para 57 anos, dos atuais 39. Taiwan poderá se tornar tão irrelevante que posteriormente a China nem precisará mais invadi-la.

A mesma descida ladeira a baixo é esperada na Itália, onde supostamente a população despencará pela metade em 50 anos. No corrente ano, 121 mil alunos a menos ingressarão na escola do que no ano passado e 2.300 turmas desaparecerão na Itália. No ano passado, havia 100 mil alunos a menos e 196 escolas foram fechadas. No ano anterior, 177 escolas foram fechadas e 124 um ano antes. A cada ano a Itália perde de 1% a 2% de alunos. De 7,4 milhões de alunos (últimos dados disponíveis são de 2021), o contingente teoricamente cairá para 6 milhões até 2034 em "ondas" de 110 mil a 120 mil alunos a menos a cada ano. Nos últimos oito anos, de acordo com os dados publicados pelo ministério, 1.301 escolas foram fechadas, o que representa 13,3% das 9.769 escolas que ainda restam em funcionamento.

Esta crise não representa uma projeção, é a realidade, agora. Em 2050, 60% dos italianos não terão irmãos, irmãs, primos, primas, tios nem tias. A família italiana, com o pai que serve o vinho e a mãe que serve a massa na mesa dos avós, netos e bisnetos, já terá desaparecido, extinta a exemplo dos dinossauros.

O Iêmen, por outro lado, um país falido em meio a uma terrível guerra civil, terá um crescimento populacional duas vezes maior do que o da Itália.

Na região centro norte do Sahel da África, a população deverá atingir a casa dos 330 milhões de habitantes, sete vezes a sua população no ano 2000. O Egito chegará a 190 milhões. A Argélia passará dos atuais 42 milhões para 72 milhões (a maioria dos quais provavelmente irá para a Europa). O Marrocos passará de 36 milhões para 43 milhões.

De modo que a "velha Europa" estará diante de um Norte da África com 318 milhões de habitantes, isso sem contar aqueles que residem no imenso planalto subsaariano. Na França de hoje, 29,6% da população de 0 a 4 anos já não é de origem europeia, se comparado com os 17,1% por cento com idades entre 18 e 24 anos. Os não europeus também somam 18,8% na faixa etária entre 40 e 44 anos e 7,6% entre 60 e 64 anos e 3,1% para os acima de 80 anos, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, Insee. Recentemente, o instituto também examinou as três últimas gerações da França: 16,2% de todas as crianças de 0 a 4 anos são filhos ou netos de origem norte africana, 7,3% são do restante da África e 4% da Ásia.

A Open Society Foundation de George Soros, que dá apoio financeiro para a imigração a países ocidentais, divulgou já em 2011 que em Marselha, a segunda maior cidade da França, "entre 30% e 40% da população é muçulmana". Não é difícil de se imaginar que, a esta altura, o limite simbólico de 50% já tenha sido ultrapassado, mesmo que ainda não haja demonstrativos oficiais. A publicação mensal Causeur afirma sem rodeios: "bem mais de 50% da população de Marselha é do Norte da África e da África Negra".

Ceuta e Melilla, dois enclaves espanhóis situados na costa mediterrânea do Marrocos, formam a única fronteira terrestre entre a União Europeia e a África. Em Ceuta, duas cercas paralelas, de seis metros de altura, com arame farpado no topo, se estende oito quilômetros ao longo da fronteira com o Marrocos. Em Melilha, cercas com características semelhantes percorrem 12 quilômetros ao longo da fronteira. Internet, câmeras, sensores de ruído e de movimento, holofotes e postos de vigilância ajudam a monitorá-las. Todos os anos, dezenas de milhares de migrantes, centenas de cada vez, tentam atravessar as barreiras de Ceuta e Melilla. De acordo com o jornal espanhol El Pais:

"Em 1887 havia apenas um muçulmano registrado em Melilha, ele era originário de Casablanca e trabalhava como empregado, hoje os muçulmanos ultrapassam 40% da população e estão cada vez mais perto de se tornarem maioria".

"Somos os primeiros a observar o que se passa em outras cidades da Europa", salientou Jesús Vivas, presidente da Assembleia de Ceuta. Segundo um jornal local:

"só em Ceuta, entre abril de 1960 e os dias de hoje, 49% da população já é constituída de muçulmanos, ainda que o número verdadeiro seja significativamente mais alto. Milagre? Não, incompetência e estupidez do frenético processo de naturalização que começou entre 1985 e 1990".

Ceuta e Melilla são o que virá a ser a maioria das cidades da Europa daqui a 20 ou 30 anos. Melilha é hoje a primeira cidade espanhola que ultrapassou a casa dos 50% da população de muçulmanos devido a imigração, reunificação familiar e alta taxa de natalidade.

Essa expansão foi prevista por Boutros Boutros-Ghali, ex-secretário-geral da ONU, um copta egípcio que, em 22 de maio de 2007, esboçou sua visão sobre o futuro da Europa:

"o colapso jamais visto da população da Europa além do seu envelhecimento acelerado contrastam com o ainda rapidíssimo crescimento populacional existente no sul e leste do Mediterrâneo. Isso resultará em desequilíbrios extremamente desproporcionais!... A imigração imprudente corre o risco de implodir as sociedades ocidentais às custas de problemas muito graves (choque cultural, estruturas neocoloniais, desemprego, etc.)"

O Paquistão se tornará um jovem caldeirão com 403 milhões de pessoas, quase a população de toda a União Europeia (448 milhões) e a sua juventude irá para os "territórios" que já terão sido criados por toda a Europa. O Afeganistão, que se tornou um dos maiores buracos negros geopolíticos após a retirada dos EUA no verão passado, dobrará de população para 64 milhões.

O que a Polônia irá construir para barrar o massivo ingresso de pessoas que irão pressionar as fronteiras externas da UE? A Europa Oriental entrará em colapso em um cenário aterrorizante. A Romênia perderá 22% de seus habitantes, seguida pela Moldávia (20%), Lituânia (17%), Croácia (16%) e Hungria (16%). O jornal Le Monde brada que a Europa Central e Oriental de hoje "enfrenta a angústia do desaparecimento". Os dados da ONU são impressionantes:

"A Bulgária, que passou da casa dos 9 milhões de habitantes na década de 1990 para 6,8 milhões em 2022, poderá contar com apenas 5,2 milhões em 2050. A Sérvia tinha 8 milhões de habitantes durante o colapso da cortina de ferro. Atualmente tem 7,2 milhões e poderá cair para 5,8 milhões em trinta anos. No mesmo período, a população da Lituânia poderá cair de 3,8 milhões para 2,2 milhões, a da Letônia de 2,7 milhões para 1,4 milhão."

A Alemanha, o que já é de conhecimento de todos, está desaparecendo de acordo com o Die Zeit: "22 milhões de habitantes, (mais de um quarto da população), são nativos de outro país ou os pais nasceram fora da Alemanha". A Alemanha está prestes a virar um "país de imigração legal" após de fato já sê-lo há muito tempo, porém com grandes avanços políticos e legislativos, de acordo com o Neue Zürcher Zeitung. Christian Doleschal da CSU teceu duras críticas ao plano de imigração aberta do governo alemão: "a medida destruirá a Europa no longo prazo", alertou ele.

O badalado escritor alemão Uwe Tellkamp também criticou a política de imigração de seu país. "Respeito outras culturas e concomitantemente gostaria de preservar a minha. Não quero ser igual a Frankfurt", salientou ele ao jornal Süddeutsche Zeitung, ao se referir à cidade alemã onde a maioria da população já não é mais alemã autóctone. Em Frankfurt, a primeira cidade alemã onde os alemães viraram minoria, 15% da população é de origem turca.

O mundo ocidental proporcionou mais prosperidade e comodidade a mais cidadãos do que qualquer outra civilização da história. Estamos praticamente inundados de recursos, mas as pessoas estão desaparecendo, o único recurso verdadeiramente indispensável.

A Rússia é o exemplo mais claro: é o maior país do mundo, repleto de recursos naturais, mas está definhando: a população está encolhendo desastrosamente. Vladimir Putin não será mais o presidente da Rússia quando o país tiver perdido cerca de 15 milhões de habitantes e, de um terço à metade dos restantes será constituída por muçulmanos.

"A Rússia tem medo de desaparecer?" Esta foi a pergunta feita no semanário Le Point por Bruno Tertrais, o estudioso autor do livro Le choc demographique e vice-presidente da Fundação para Pesquisa Estratégica em Paris. "Por trás do conflito com a Ucrânia pairam as ansiedades demográficas russas em relação ao crescimento da imigração muçulmana".

Kamil Galeev, pesquisador do Wilson Center, de Washington DC, publicou recentemente um mapa da Rússia:

"vamos conversar sobre a demografia russa. Como se pode observar, as populações nas enormes extensões territoriais da Sibéria e da Rússia europeia estão encolhendo. Há dois fatores por trás disto. Primeiro, baixa fertilidade. Os únicos focos onde há crescimento natural são os núcleos muçulmanos..."

Pravda, veículo oficial da mídia russa, fez a mesma pergunta: "o Islã se tornará a religião predominante da Rússia por volta de 2050?"

Janis Garisons, secretário de Defesa da Letônia, acaba de sustentar no Politico os possíveis cenários em potencial após a provável queda de Putin, "uma guerra interna... a desintegração e fragmentação da Rússia, com bolsões controlados por milícias e senhores da guerra".

Caso isto aconteça, o Islã terá uma oportunidade única de realizar seu sonho de califado, criar uma cadeia ininterrupta de entidades muçulmanas do Paquistão e Afeganistão ao norte do Cáucaso e do Volga. Na pior das hipóteses, a situação poderá ficar fora de controle. Após o colapso da União Soviética, as armas de destruição em massa começaram a se espalhar pelo mundo, representando uma ameaça à própria existência humana. Ninguém sabe o que acontecerá se mísseis russos e armas de alta tecnologia caírem nas mãos dos "califas" ou "emires" dos novos estados islâmicos russos.

Por volta de 2050, mais da metade do projetado aumento da população global estará concentrado em oito países apenas, principalmente na África, de acordo com o The Economist, são eles: Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e Tanzânia. A Nigéria terá mais habitantes do que a Europa e os Estados Unidos.

Além disso, o Islã já terá ultrapassado o cristianismo em número de fieis tornando-se assim a maior religião do planeta. A população islâmica da União Europeia, dependendo dos fluxos migratórios, poderá chegar a 75 milhões em uma geração, por exemplo, como se toda a Alemanha fosse muçulmana ou então a Dinamarca, Áustria, Hungria, Grécia, Bélgica, Holanda, Portugal e Suécia juntas. Melhor assim?

"Eles não conseguiram nos mudar. Nós é que vamos mudá-los", salientou o imã norueguês "Mullah Krekar" ao jornal Dagbladet.

"Veja como a população na Europa está se reproduzindo, o número de muçulmanos se multiplica feito mosquitos. Na UE a mulher ocidental gera, em média, 1,4 filhos. A mulher muçulmana nesses mesmos países gera 3,5 filhos. Em 2050, 30% da população europeia será muçulmana... O modo de pensar no Islã bate de frente com o modo de pensar ocidental. Hoje é o nosso modo de pensar que se apresenta e se mostra mais forte do que o modo deles..."

Já hoje, o Islã é a religião líder em Bruxelas.

O escritor argelino Boualem Sansal ressaltou recentemente em uma rádio francesa:

"A França fez acordos com os islamistas: já foi o dia em que havia 10 mesquitas na França, hoje são 3 mil, a Arábia e o Catar financiam a islamização dos subúrbios. O governo francês está sufocado".

"O Islã é uma crescente força social na segunda maior cidade da Grã-Bretanha", na manchete do The Economist, ao se referir à segunda maior cidade da Inglaterra atrás de Londres, Birmingham, onde o muezim chama os fiéis à oração. Um pequeno retrato de uma cidade conquistada:

"nas 200 mesquitas da cidade, os muçulmanos se aglomeram não só para rezar, como também para comprar livros, receber instruções, casar, divorciar e enterrar os mortos. Todos os anos, centenas de pessoas estão cada vez mais perto do 'conselho da sharia', que administra o direito da família."

O Festival Eid anual de Birmingham que começou em 2012, contou com a participação de 20 mil fiéis. Em 2014 o número de fiéis saltou para 40 mil. Em 2015 para 70 mil. Em 2016, 90 mil. Em 2017, 100 mil. Em 2018, 140 mil. Na sequência a Covid coibiu as grandes aglomerações. Agora já estão voltando.

Logo, logo metade da população de Birmingham será muçulmana. "Em 2018 os muçulmanos representavam 27% da população de Birmingham", observou o Birmingham Mail . "O número de muçulmanos aumentou se comparado com os 21% de 2011". O Business Live revelou que o número de crianças muçulmanas na cidade ultrapassou o número de crianças cristãs:

"além de Birmingham, o Islã já é a religião predominante entre as crianças em Leicester, Bradford, Luton, Slough e nos bairros londrinos de Newham, Redbridge e Tower Hamlets".

Os recentes confrontos entre muçulmanos e hindus em Leicester já se espalharam para outras cidades britânicas, entre elas Birmingham, onde um templo hindu foi atacado aos berros de "Allahu Akbar" ("Alá é o maior"). Ódio sectário e religioso "poderá se espalhar por toda a Inglaterra". Os confrontos entre muçulmanos e hindus quando do nascimento da Índia e da partilha com o Paquistão já chegaram aos enclaves multiculturais da Europa.

O jornalista húngaro Károly Lorán do jornal Magyar Hirlap escreveu:

"as Nações Unidas estimam que a população mundial atingirá um pico de 11 bilhões de pessoas em 2100, três bilhões a mais do que a atual. O crescimento virá da região subsaariana. A população asiática não mudará muito. A população da América do Norte acrescerá 120 milhões de habitantes e a da União Europeia encolherá 60 milhões, por conta da Polônia, Alemanha, Itália e Espanha. Se a taxa de natalidade permanecer em 1,5 o que caracteriza a União Europeia e ao mesmo tempo a atual imigração de 1 milhão de pessoas por ano continuar inalterada, até o final do século a parcela da população muçulmana chegará em média a 40%. Alguns países da Europa Ocidental já contarão com a maioria muçulmana. Se quisermos substituir a população em declínio por imigrantes, necessitaremos de 1,5 milhão de imigrantes por ano, o que resultará em 60% de muçulmanos no final do século na União Europeia".

Será que estamos delirando que a imigração a este ritmo terá condições de integrar facilmente os imigrantes nas sociedades que os acolheram, que eles se tornarão como nós? Estamos alimentando a esperança que em breve os europeus voltem a ter mais filhos? E se estivermos errados e as projeções se tornarem realidade? Estamos resignados ao desaparecimento de nossa civilização?

Em 1996, Samuel Huntington escreveu no O choque de civilizações:

"o equilíbrio de poder entre as diferentes civilizações está mudando: a influência do Ocidente está encolhendo, as civilizações asiáticas estão multiplicando a pujança econômica, militar e política, o mundo islâmico está experimentando uma explosão demográfica com consequências desestabilizadoras para os países muçulmanos e seus vizinhos, as civilizações não ocidentais em geral reiteram o valor de suas próprias culturas"

"O que estamos deixando para trás?", perguntou o primeiro-ministro britânico Tony Blair.

É a demografia cabeça de vento.

"Extenso contingente demográfico, extenso poder", resumiu Nicholas Eberstadt, economista político americano na revista Foreign Affairs. Demografia em ruínas, poder em ruínas...

Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Coincidência ou purga de Putin? Desde Fevereiro, cinco oligarcas russos foram encontrados mortos em casa

Desde o início da invasão à Ucrânia, cinco oligarcas russos com cargos no Kremlin ou em empresas públicas foram encontrados sem vida em casa. Circunstâncias das mortes estão envoltas em mistério.

Desde o início da invasão à Ucrânia, vários oligarcas russos foram encontrados mortos nas suas casas em circunstâncias envoltas em mistério. Tudo parece apontar para que os multimilionários se tenham suicidado, mas as provas não são conclusivas. O facto de ocuparem altos cargos no Kremlin ou em empresas públicas tem levantado dúvidas: está a acontecer uma purga patrocinada por Vladimir Putin ou uma estas mortes são uma coincidência?

Num vídeo publicado no canal Mozhem Obyasnit no Telegram, Gennady Gudkov, um Ex-membro dos serviços secretos russos e crítico de Vladimir Putin, disse que o regime russo “está empenhado na eliminação dos seus oponentes e inimigos” para não “ter de lidar com os considerados traidores”. “Algumas [destas mortes] são actos de vingança”, salientou, avisando que para o Kremlin é “importante prevenir que muitos ‘ratos’ escapem do navio, porque esses ‘ratos’ sabem demasiado e podem começar a falar”.

A primeira morte aconteceu um dia depois da invasão, ou seja, 25 de Fevereiro. Alexander Tyulyakov, o director-geral do Centro Unificado da Gazprom para a Segurança Cooperativa, foi encontrado morto na garagem de uma casa de campo nos arredores de São Petersburgo. De acordo com o jornal russo Nova Gazeta, que denunciou o caso, o corpo foi descoberto pela Ex-mulher do homem de 61 anos.

A segunda morte ocorreu no Reino Unido, a 28 de Fevereiro. Nascido na Ucrânia e com nacionalidade russa, Mikhail Watford foi encontrado sem vida na localidade de Surrey, enforcado na garagem de sua casa. As autoridades britânicas estão agora a investigar o caso. Nascido em 1955, o magnata que amealhou uma vasta fortuna através de negócios relacionados com o sector energético tinha-se mudado para os subúrbios de Londres no início dos anos 2000.

A terceira morte teve lugar no final de Março e apresentou contornos ainda mais sombrios. Vasily Melnikov foi encontrado morto em casa — tal como a sua família — no seu apartamento na cidade russa de Nizhny Novgorod. Com um cargo da direção na empresa médica MedStom, o magnata terá esfaqueado até à morte a mulher de 41 anos e os filhos de quatro e dez anos. Depois, suicidou-se, podendo o motivo para tais atos estar nas consequências que as sanções económicas do Ocidente infligiram à empresa.

A quarta morte teve um contexto idêntico. Vladislav Avayev, antigo aliado de Vladimir Putin, foi encontrado morto em casa, em Moscovo, esta segunda-feira. Antigo vice-presidente do terceiro maior banco da Rússia, a mulher e a filha mais nova (de 13 anos) do multimilionário também acabaram por morrer, apresentado ferimentos que resultaram de disparos. Foi a filha mais velha do casal que encontrou os corpos, relatando que o pai tinha uma arma na mão, o que parece apontar para um duplo homicídio seguido de suicídio.

Ainda esta semana, desta vez em Lloret del Mar, ocorreu mais um episódio semelhante ocorreu. Sergey Protosenya, que possuía vários negócios no setor do gás russo, foi encontrado morto na sua mansão na cidade do sul de Espanha, tal como a mulher e a filha de 18 anos. A polícia espanhola suspeita que o multimilionário as tenha esfaqueado até à morte. Foram descobertas deitadas numa cama, no primeiro andar da casa, cobertas por um lençol, junto a uma faca e um machado. Já o oligarca ter-se-á enforcado.

observador.

terça-feira, 19 de abril de 2022

Entrada de Leão, entrada de dinheiro

Quinze dias depois de Chris Rock ter feito uma piada com a falta de cabelo de Jada Pinkett Smith, os carecas desforram-se e João Leão goza com um país inteiro.

19 Abr 2022, José Diogo Quintela, ‘Observador’

Uma das críticas mais contundentes que se fazem aos governos de António Costa é a falta de reformas. É uma crítica injusta, diga-se. Há vários casos de membros do Governo que estiveram bem nesse âmbito. Por exemplo, João Leão, enquanto ministro das Finanças, tratou de uma importante reforma. Nomeadamente, da sua.

Agora que saiu do Governo, Leão vai ocupar o posto de vice-reitor do ISCTE e dirigir o Centro de Valorização de Transferência de Tecnologias (CVTT), um organismo que receberá 5,2 milhões de euros do Orçamento de Estado, directamente da dotação do Ministério das Finanças. Ou seja, enquanto vice-reitor, Leão vai gerir o dinheiro que se atribuiu enquanto ministro. Para quem acaba de sair do Governo, é uma óptima reforma. E merecida. Afinal, para a receber, Leão fez todos os descontos necessários. Descontou no orçamento da Saúde, descontou no orçamento da Educação, descontou no orçamento da Segurança Social. E amealhou um pé-de-meia que muito jeito lhe vai dar agora.

Não tenho dúvidas de que Leão é o homem indicado para comandar a Valorização de Transferência de Tecnologias. Repare-se naquilo que acabou de fazer: pegou na tecnologia da máquina fiscal que saca dinheiro aos contribuintes e transferiu-a para o ISCTE, onde irá valorizar bastante.

Agora, há que reconhecer que os 5,2 milhões de euros são uma quantia escandalosa. É muito pouco. Mesmo sabendo que o ISCTE é composto maioritariamente por sociólogos, gente conhecida por ser poupada – basta ver como rodam entre si o mesmo blazer de veludo cotelê castanho, comprado numa loja de roupa em 2ª mão – como é que esperam que João Leão consiga gerir os oito centros de investigação, dez laboratórios e três observatórios que, segundo as notícias, compõem o CVTT? Sabendo que cada centro, laboratório e observador têm um director, dois sub-directores, duas secretárias, quatro técnicos, dois informáticos, um contínuo e três motoristas, imagine-se o gasto só em multas por excesso de velocidade.

Já para não falar do papel timbrado. Estoira-se metade do orçamento nisso. É preciso estacionário para o CVTT, estacionário para cada um dos 8 centros, estacionário para cada um dos 10 laboratórios, estacionário para cada um dos 3 observatórios. E, claro, estacionário para produções conjuntas intra-CVTT que possa haver. Se o centro nº 4 pretende estudar uma hipótese, pede ao laboratório nº 7 para a testar e ao observatório nº2 para a registar, isso implica um cabeçalho novo para os documentos oficiais, cartões de apresentação novos, envelopes novos. São centenas de combinações possíveis, milhares de tinteiros gastos.

No fundo, se formos a fazer as contas, João Leão até foi modesto. Aliás, conseguir administrar um Centro destes com tão parco orçamento demonstra um uso judicioso de dinheiros públicos, muito pouco habitual. Deve até ser um caso de estudo. Aliás, provavelmente já é. O ISCTE há-de estar a pagar a uma equipa multidisciplinar de académicos para investigarem esta hipótese. Esperemos resultados lá para 2035.

Há quem questione se não será ilegal um ministro das Finanças poder atribuir dinheiro ao organismo que vai tutelar depois de sair do Governo. É óbvio que não. Mesmo que, por absurdo, se ilegalizasse a estupidez, não seria prático condenar os 10 milhões de estúpidos.

Enfim, já devíamos estar à espera de qualquer coisa deste género. Quinze dias depois de Chris Rock ter feito uma piada com a falta de cabelo de Jada Pinkett Smith, os carecas desforram-se e João Leão goza com um país inteiro.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O Estado xenófobo, torturador e assassino

Em vésperas de eleições, importa saber o que cada partido pretende fazer para acabar com a xenofobia e tortura praticada por representantes do Estado. A democracia tem 47 anos, é demasiado tempo a assobiar para o lado.


Ana Sá Lopes


Quando em Março de 2020 o cidadão ucraniano Ihor Homenyuk foi morto por servidores públicos, ninguém deu por isso porque andava toda a gente cheia de medo da Covid-19 que tinha acabado de chegar. Alguns jornalistas não deixaram cair o assunto – nomeadamente Joana Gorjão Henriques aqui no PÚBLICO – e o ministro da Administração Interna foi chamado ao Parlamento. Mas a mais cristalina das verdades é que, com a população e os actores políticos centrados no vírus, no exacto momento do acontecimento, não houve um clamor nacional. Esse clamor só viria a acontecer uns nove meses depois, quando Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu a demissão de Eduardo Cabrita – embora depois tenha negado que fosse esse o objectivo da frase que disse: “Quem protagonizou o passado provavelmente não tem condições para protagonizar o futuro”.

O crime da tortura de imigrantes em Odemira por agentes da GNR, noticiado pela CNN Portugal, é outro crime de Estado que corre o risco de ficar submerso durante muitos meses, entre o caso Rendeiro, o caso Manuel Pinho, o congresso do PSD, as legislativas e o Natal. Se Eduardo Cabrita fosse ministro da Administração Interna, é provável que alguém já se lembrasse de pedir a demissão. Mas já não é. Deixou de servir de bode expiatório e ninguém se vai lembrar de, em fim de Governo, pedir a demissão de Francisca Van Dunen, uma ministra que já anunciou que mesmo que o PS ganhe as eleições vai deixar de o ser, e que acumulou a pasta da Administração Interna com a Justiça só porque sim.

Já sabemos que em Portugal as forças policiais podem torturar e não perdem o cargo de responsáveis pela autoridade do Estado, como aconteceu com os agentes condenados na esquadra de Alfragide. Sobre a tortura dos imigrantes de Odemira, Marcelo Rebelo de Sousa pediu na sexta-feira justiça célere, mas veio rapidamente apelar a que não se confunda torturadores e instituição GNR – “Os crimes ou infracções cometidos por elementos de uma força não podem ser confundidos com a missão, a dedicação e a competência da generalidade dos seus membros”. Mas foi também Marcelo que em Janeiro admitiu, no podcast “Perguntar Não Ofende” de Daniel Oliveira, que existia um problema grave no país, que definia como “um problema de cultura cívica, que não é necessariamente de uma instituição” no tratamento de imigrantes e estrangeiros. Um problema de xenofobia reconhecido pelo Presidente da República – para quem existem “sectores da sociedade portuguesa, atravessando várias instituições, que verdadeiramente não assimilam o espírito da Constituição, que é o espírito da igualdade e da integração e da inclusão”.

O Ministério Público considerou que os agentes da GNR que actuaram em Odemira “agiram em manifesto ódio pelos visados”, “ódio esse claramente dirigido às nacionalidades”. Ou, como disse o deputado do PSD Duarte Marques ao PÚBLICO, “comportaram-se pior do que animais”. A justiça vai seguir o seu curso mas, em vésperas de eleições, importa saber o que cada partido pretende fazer para acabar com a xenofobia e tortura praticadas por representantes da autoridade do Estado. A democracia tem 47 anos e passou demasiado tempo a assobiar para o lado.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

A DOR DE NÃO HAVER O ÚLTIMO ADEUS

Se a morte já é um dos eventos mais traumáticos que qualquer ser humano pode experienciar, tornou-se ainda mais árdua durante a pandemia. Como nos sentimos por não nos despedirmos de quem mais amamos?

Maria Moreira Rato

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Artista sueco conhecido por caricatura de Muhammad morre em acidente de carro.

O artista, Lars Vilks, estava sob protecção policial desde 2010, depois que seu esboço provocou uma condenação generalizada dos muçulmanos. Ele foi morto junto com dois guarda-costas em um acidente que a polícia disse ter sido um acidente.

The artist Lars Vilks in Sweden in 2012. He was killed in a car crash on Sunday.

O artista Lars Vilks na Suécia em 2012. Ele morreu em um acidente de carro no domingo.Crédito…Bjorn Lindgren/TT AGÊNCIA DE NOTÍCIAS, via Associated Press

Por e Derrick Bryson TaylorChristina Anderson

4 de outubro de 2021

Lars Vilks, um artista e ativista da liberdade de expressão cuja representação do profeta Muhammad no corpo de um cão em 2007 o tornou alvo de inúmeras tentativas de assassinato, foi morto em um acidente de carro na Suécia no domingo, disse a polícia.

O Sr. Vilks, que estava sob proteção policial desde 2010, estava indo em direção a sua casa no sul da Suécia quando o veículo da polícia civil em que ele viajava atravessou a mediana e colidiu de frente com um caminhão, matando o Sr. Vilks, 75 anos, e seus dois guarda-costas, segundo a polícia.

O motorista do caminhão foi levado para um hospital com ferimentos graves.

"Estamos analisando a possibilidade de que tenha sido uma explosão de pneus", disse Stefan Sinteus, um oficial da polícia regional, durante uma coletiva de imprensa na segunda-feira. "Não há nada neste momento que indique que foi um assassinato."

Sinteus disse que os dois policiais que morreram no acidente trabalharam com o Sr. Vilks por vários anos.

O acidente ocorreu na tarde de domingo ao longo de uma rodovia de quatro pistas em Markaryd, uma área cerca de 500 km a sudoeste de Estocolmo.

Muitos muçulmanos consideram as representações de Muhammad blasfêmias, e desenhos animados como o do Sr. Vilks provocaram uma reação generalizada ao longo dos anos. Em 2005, um jornal na Dinamarca publicou uma caricatura de Muhammad usando um turbante em forma de bomba que desencadeou protestos violentos por muçulmanos.

Em 2015, militantes islâmicos invadiram o escritório de Paris da revista satírica Charlie Hebdo, que havia reimprimido o desenho animado, e mataram 12 pessoas.

O desenho em preto e branco do Sr. Vilks foi publicado por um artigo regional na Suécia em 2007 e foi condenado por muçulmanos no país, bem como pela Organização da Conferência Islâmica, uma organização guarda-chuva de 57 países de maioria muçulmana.

Vilks posteriormente recebeu ameaças de morte, e um grupo ligado à Al Qaeda colocou uma recompensa de 100.000 dólares em sua cabeça, forçando-o a se mudar temporariamente para um local secreto.

O Sr. Vilks foi ameaçado repetidamente depois que o desenho foi publicado.

Em 2010, ele foi agredido enquanto dava uma palestra sobre liberdade de expressão na Universidade de Uppsala, na Suécia. Naquele ano, dois irmãos também foram presos depois de tentar incendiar sua casa. Em um caso separado, um homem-bomba enviou mensagens para várias organizações de notícias suecas cantando o Sr. Vilks antes de detonar dois explosivos no centro de Estocolmo, matando-se.

Em 2015, um atirador em Copenhague atacou um café onde o Sr. Vilks estava falando em um evento chamado "Arte, Blasfêmia e Liberdade de Expressão", matando um cineasta e ferindo três policiais. Uma das organizadoras do evento, Helle Merete Brix, disse acreditar que o Sr. Vilks tinha sido o alvo pretendido, embora ele estivesse ileso no tiroteio. Mais tarde, a polícia disse que tinha atirado e matado um homem que eles acreditavam ser responsável pelo ataque no café, bem como outro ataque em uma sinagoga, onde uma pessoa foi morta.

Após os ataques, o Sr. Vilks viajou com guarda-costas armados, de acordo com a Associated Press. "É como começar uma nova vida", disse ele. "Tudo mudou. Tenho que entender que não posso voltar para casa. Eu provavelmente tenho que encontrar algum outro lugar para viver.

Apesar de ofender muçulmanos e as ameaças contra sua vida, o Sr. Vilks disse que não se arrepende do desenho animado. "Na verdade, não estou interessado em ofender o profeta", disse Vilks ao The A.P. em 2010. "O ponto é realmente mostrar que você pode. Não há nada tão santo que você não pode ofendê-lo.

Lars Vilks, conhecido por caricatura de Muhammad, morre em acidente na Suécia - The New York Times (nytimes.com)

Desmistificando o Islão












A entrada do califa Umar a Jerusalém em 638, gravura do século XIX.

A entrada do califa Umar a Jerusalém em 638, gravura do século XIX. WIKIPEDIA / GRANGER

Professora de literatura na Universidade de Túnis, Hela Ouardi luta contra a ignorância. Segundo ela, a maioria dos muçulmanos desconhece o contexto em que o Islão nasceu, o que os leva a idealizar o período do califado que se seguiu à morte de Maomé… com os excessos contemporâneos que conhecemos.

Seu material de estudo: a tradição muçulmana, toda a tradição – sunita e xiita – nada além de tradição. Compilando, com paciência quase monástica, as volumosas obras medievais sobre as origens do Islã, a pesquisadora se esforça para destacar as áreas cinzentas desse período, marcadas na realidade pela violência desinibida.

Maldição, golpes baixos, crimes… Todos os ingredientes de uma tragédia shakespeariana são reunidos na saga de três volumes dos Califas Amaldiçoadas – o mais recente, Murder at the Mesquita,acaba de ser lançado. Uma leitura tão emocionante quanto traz soluções para "trazer o Islão para a modernidade",como o autor o chama.


Hela Ouardi: "O Islão não pode cortar o fio da mitologia que lhe permitiria entrar na modernidade"

As origens do Islão são idealizadas na imaginação muçulmana. No entanto, a académica tunisiana Hela Ouardi, em sua saga "Os Califas Amaldiçoadas", mostra que essa religião nasceu num contexto de violência e brigas internas. Violência cujas repercussões ainda são sentidas hoje.

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O purgatório de Sampaio

Morreu ontem Jorge Sampaio, aos 81 anos. Paz à sua alma!

Da militância associativa de estudantes no início da década de 1960, à oposição política e jurídica ao regime, ao MES leninista dos intelectuais (de que se afastou), à transição da Intervenção Socialista, à facção esquerda do Partido Socialista conspirando contra Mário Soares, à liderança do partido, à aliança perene com o PC que o levou à Câmara Municipal de Lisboa e à Presidência da República foi um longo percurso de um político ateu, de matriz judaico-britânica, excepcionalmente honesto nos dinheiros num partido de corrupção genética marcado pela doença infantil do socialismo.

Secretário-geral do PS, de 1989 a 1991, juntou os cacos das lutas internas num cântaro de asa esquerda, enquanto Cavaco governava e Soares tutelava o seu partido. Até que António Guterres conseguiu a bênção profana em 1991 e o substituiu no partido, alcançando o Governo em 1995, até fugir do “pântano” em 2001, evitando lidar com as repercussões políticas da pedofilia da Casa Pia de que certamente terá sido informado pelos relatórios do SIS.

Na Câmara Municipal de Lisboa (de 1989 a 1995) foi inconsequente, embrenhando-se num planeamento estratégico com o fruto oco do conceito de Lisboa como cidade atlântica. Mas a câmara era um trampolim para a presidência da República, que exerceu, a partir de 1995, em dois mandatos insossos e sonsos.

A maior evidência da sua carreira, foi a gestão política do processo do caso de abuso sexual de crianças da Casa Pia, que tentou resolver sem abandonar os seus amigos entalados Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues, além de outros passarões como Rui Cunha e Jaime Gama e as referências ao velho irreprimível Soares.

Nesse caso, sem respeitar a separação constitucional de poderes – tal como o anterior ministro da Justiça António Costa… – que não lhe permitia nada conhecer do processo quanto mais influenciar o seu curso, pressionou – até publicamente!… – o procurador-geral José Souto de Moura e outras instâncias judiciais.

Conseguiu, com a ajuda da Maçonaria e dos ‘média’ de confiança, a imunidade dos amigos, proteger o PS da explosão que se adivinhava no dia em que, no auge da crise, reuniu a Comissão Nacional e o povo na paragem dos autocarros do largo do Rato assobiou e apupou quem entrava e se temia perante a Marcha Branca contra a Pedofilia, em que Ana Gomes foi defender os socialistas.

Porém, em Julho de 2004, tomou a decisão salomónica de não convocar eleições legislativas quando Durão Barroso se livrou desse imbróglio e partiu para presidente da Comissão Europeia, em Julho de 1994, nomeando Pedro Santana Lopes como primeiro-ministro em vez de convocar eleições, levando Ferro Rodrigues à demissão.

Passados quatro meses (!…), demitiu o Governo, invocando ao magno problema da demissão do ministro do Desporto, justificada por Santana Lopes como eventual ciúme em entrevista a Ricardo Costa, enquanto lhe piscava o olho, sorrindo.

Procurou, deste modo, fazer regressar o PS ao Governo, suavizando a amargura socialista da demissão de Ferro.

E assim chegou José Sócrates: a obra-prima final de Jorge Sampaio.

O PS deve a Jorge Sampaio a sobrevivência aquando do escândalo do caso de abuso sexual de crianças da Casa Pia e na reconquista do poder.

Portugal não lhe deve nada.

António Balbino Caldeira

Director

UMA OPINIÃO – PORTUGAL NÃO LHE DEVE NADA

A maior evidência da sua carreira, foi a gestão política do processo do caso de abuso sexual

de crianças da Casa Pia, que tentou resolver sem abandonar os seus amigos entalados

Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues, além de outros passarões como Rui Cunha e Jaime Gama

e as referências ao velho irreprimível Soares.”

terça-feira, 22 de junho de 2021

E se Eduardo Cabrita fosse ministro da saúde?

Sem contar o seu tempo de governação, nos governos de José Sócrates, Eduardo Cabrita já é ministro desde Outubro de 2017. Casos de mortes sob a SUA responsabilidade!

  1. Cinquenta pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios de Outubro de 2017 na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1500 casas e mais de 500 empresas. Das 50 vítimas mortais, 25 ocorreram no distrito de Coimbra (13 das quais no concelho de Oliveira do Hospital e as restantes 12 nos municípios de Arganil, Pampilhosa da Serra, Penacova e Tábua) e 17 em Viseu (Carregal do Sal, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão e Tondela). Os restantes óbitos foram registados na auto-estrada que liga Aveiro a Vilar Formoso (A25), nas zonas de Sever do Vouga (Aveiro) e de Pinhel (Guarda), e no concelho de Seia (Guarda). 14 de Junho de 2018,

  2. Ucraniano morto a 12 de Março de 2020 - Ihor Homeniuk - foi morto com extrema violência. PJ investiga três inspectores do SEF de homicídio qualificado e participação de mais inspectores do SEF, enfermeiros, médicos e seguranças. O SEF demorou mais de três horas a comunicar ao MP a morte do cidadão ucraniano nas suas instalações do aeroporto. E levou seis dias a informar a Inspecção-Geral da Administração Interna (???). 

  3. "O Ministério da Administração Interna informa que, hoje, no regresso de uma deslocação oficial a Portalegre, a viatura que transportava o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sofreu um acidente de viação, do qual resultou a morte, por atropelamento, de um cidadão na auto-estrada A6", pode ler-se num comunicado do MAI. A vítima foi atropelada por um veículo ligeiro de passageiros que transportava o ministro Eduardo Cabrita e que seguia de Portalegre em direcção a Lisboa. A viatura oficial ficou com alguns danos na parte fronteira. Não houve mais feridos. 18 Junho 2021

  4. Balanço – conhecido ou - pelo menos oficializado, faz com que este Sr. já seja responsável pela morte de 52 cidadãos!

  5. Justiça para estas pessoas falecidas não existe, pois a noção da responsabilidade é vocábulo desconhecido, neste governo.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

O (ainda) ministro Eduardo Cabrita e o azar…

Mas além de todas as asneiras que tem feito, a assunção de responsabilidades políticas não faz parte da cultura democrática do país e menos ainda dos actuais governantes, do PS chefiados por António Costa.

Mas, além do mais, tem um azar dos Távoras.
Ou não terminasse a semana com um acidente de viação no regresso de uma deslocação a Portalegre – o automóvel em que seguia o ministro despistou-se e colheu mortalmente um trabalhador das obras de manutenção na A6. Ia a cumprir a lei com toda a certeza, garante o (ainda???) ministro Eduardo Cabrita.

Mas e há sempre um mas…o carro transportava o ministro Eduardo Cabrita.

Mas a GNR faz um comunicado em que diz o contrário, do comunicado do MAI!!! Em que ficamos?


 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Et Tu, Ted? Por que a desregulamentação falhou

Até o Senador Cruz percebe que quilowatt-hora não são como abacates.

Paul Krugman

Por Paul Krugman

Ninguém está totalmente preparado para um desastre natural. Quando furacões, nevascas ou tsunamis atingem, eles sempre revelam fraquezas — falha no planejamento, falha em investir em precauções.

O desastre no Texas, no entanto, foi diferente. O colapso da rede elétrica do Texas não revelou apenas algumas deficiências. Mostrou que toda a filosofia por trás da política energética do Estado está errada. E também mostrou que o Estado é dirigido por pessoas que recorrerão a mentiras descaradas em vez de admitir seus erros.

O Texas não é o único estado com um mercado de eletricidade amplamente desregulamentado. No entanto, a desregulamentação foi mais longe do que qualquer outra pessoa. Há um limite superior nos preços de eletricidade no atacado, mas é estratosférico alto. E não há essencialmente nenhuma regulamentação prudencial — não há requisitos para que as concessionárias mantenham a capacidade de reserva ou invistam em coisas como isolamento para limitar os efeitos do clima extremo.

A teoria era de que tal regulação não era necessária, porque a magia do mercado cuidaria de tudo. Afinal, um aumento na demanda ou uma interrupção da oferta - ambos oconteciam no congelamento profundo - levará a preços altos e, portanto, grandes lucros para qualquer fornecedor de energia que consiga continuar operando. Portanto, deve haver incentivos para investir em sistemas robustos, precisamente para aproveitar eventos como os que o Texas acabou de experimentar.

A política energética do Texas foi baseada na ideia de que você pode tratar eletricidade como abacates. As pessoas se lembram da grande escassez de abacate de 2019? O aumento da demanda e a má safra na Califórnia levaram a um aumento dos preços; mas ninguém pediu um inquérito especial e novas regulamentações sobre os produtores de abacate.

Na verdade, algumas pessoas não veem nada de errado com o que aconteceu no Texas na semana passada. William Hogan, o professor de Harvard amplamente considerado o arquiteto do sistema do Texas, afirmou que aumentos drásticos de preços, embora "não convenientes", eram como o sistema deveria funcionar.

Mas quilowatt-hora não são abacates, e há pelo menos três grandes razões fingindo que são uma receita para o desastre.

Em primeiro lugar, a eletricidade é essencial para a vida moderna de uma forma que poucas outras mercadorias podem igualar. Ter que ir sem torrada de abacate não vai te matar; ter que ficar sem eletricidade, especialmente quando sua casa depende dela para o calor, pode.

E é extremamente duvidoso se mesmo a perspectiva de lucros altos durante uma escassez oferece aos fornecedores de energia incentivo suficiente para levar em conta os enormes custos humanos e econômicos de uma prolongada queda de energia.

Em segundo lugar, a eletricidade é fornecida por um sistema — e o investimento preventivo por um jogador no sistema não serve se os outros jogadores não fizerem o mesmo. Mesmo que o dono de uma usina a gás isole e invernize suas turbinas, ele não pode funcionar se o gasoduto que fornece seu combustível, ou o poço que fornece o gás, congelar.

Então, o mercado livre garante que todo o sistema funcione sob estresse? Provavelmente não.

Por último, mas não menos importante, um sistema que depende dos incentivos oferecidos por preços extremamente altos em tempos de crise não é viável, praticamente ou politicamente.

No início, aqueles texanos que não perderam o poder no grande congelamento se consideravam sortudos. Mas então as contas chegaram - e algumas famílias se viram sendo cobradas milhares de dólares por alguns dias de eletricidade.

Muitas famílias provavelmente não podem pagar essas contas, então estamos potencialmente olhando para uma onda de falências pessoais. E mesmo aqueles que não enfrentam a ruína estão, previsivelmente, indignados.

Possivelmente a observação mais reveladora da crise do Texas até agora foi um tweet de, de todas as pessoas, o senador Ted Cruz (R-Cancún), que disse que "nenhuma empresa de energia deve obter um vento por causa de um desastre natural" e pediu aos "reguladores estaduais e locais" para "evitar essa injustiça".

O senador, não conhecido pela autoconsciência, pode não perceber o que fez lá. Mas se até ted Cruz - Ted Cruz! — acredita que os reguladores devem impedir que as empresas de energia colham lucros em um desastre, o que elimina qualquer incentivo financeiro do setor privado para se preparar para tal desastre. E isso, por sua vez, destrói toda a premissa por trás da desregulamentação radical.

Então, os republicanos que detêm todos os escritórios estaduais do Texas aprenderão com esse desastre, e repensarão toda a sua abordagem para a política energética? Claro que não. Sua reação imediata foi culpar falsamente a crise sobre a energia eólica, e atacar os defensores de um Green New Deal - mesmo que algo como um Green New Deal, ou seja, investimento público em infraestrutura energética, é exatamente o que o Texas precisa.

E uma coisa que aprendemos nos últimos meses é que uma vez que os políticos se comprometam com uma Grande Mentira, quer envolva epidemiologia, economia ou resultados eleitorais, não há como voltar atrás.

Mas enquanto o complexo político-midiática de direita não pode e não vai aprender nada com o desastre do poder do Texas, o resto de nós pode. Acabamos de nos oferecer uma visão clara do lado escuro (e frio) do fundamentalismo do mercado livre. E essa é uma lição que não devemos esquecer.

O Times está empenhado em publicar uma diversidade de cartas ao editor. Gostaríamos de ouvir o que você pensa sobre isso ou qualquer um de nossos artigos. Aqui estão algumas dicas. E aqui está nosso e-mail: letters@nytimes.com.

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Paul Krugman é colunista de Opinião desde 2000 e também é professor distinto no Centro de Pós-Graduação da Universidade da Cidade de Nova York. Ele ganhou o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 2008 por seu trabalho em comércio internacional e geografia econômica. @PaulKrugman

Uma versão deste artigo aparece impressa em 23 de fevereiro de 2021, Seção A, Página 22 da edição de Nova York com a manchete: Et Tu, Ted? Por que a desregulamentaçãofalhou.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Relembre a trajectória de 16 bilionários que faleceram em 2020

Dezasseis grandes bilionários do mundo morreram em um ano marcado pelas perdas causadas por conta da pandemia de Covid-19, mas nenhum deles foi acometido pela doença. Na verdade, o número de donos de fortunas de mais de 10 dígitos que faleceram em 2020 é menor em comparação a 2019, com 23 mortes.

Para os mais ricos do mundo, a pandemia não foi, surpreendentemente, a grande devastação que significou para o resto da sociedade. Na verdade, o bilionário mais conhecido que contraiu a doença foi o presidente norte-americano Donald Trump, que ainda está entre nós.

Entre os que faleceram em 2020 ,está o bilionário da média conhecido por ser rabugento, um dos líderes empresariais mais bem-sucedidos da Coreia do Sul, o Ex-CEO da gigante do agronegócio Cargill e o banqueiro mais rico do mundo. Nove dos 16 que morreram em 2020 construíram suas próprias fortunas, um herdou uma conta bancária e os seis restantes receberam heranças familiares e trabalharam para expandi-la.

Relembre, na galeria de imagens a seguir, os 16 bilionários do mundo que morreram 2020:

1. Sumner Redstone, ViacomCBS

País: EUA
Óbito: agosto de 2020, 97 anos
Patrimônio líquido: US$ 2,6 bilhões

O bilionário da mídia e ex-advogado Sumner Redstone era mais conhecido por controlar a CBS e a Viacom, mas ele também detinha grandes marcas do mundo do entretenimento como a Blockbuster, MTV, Comedy Central e Nickelodeon. Redstone usou o grupo midiático fundado por seu pai, a National Amusements, como um meio para expandir negócios — em 1987, o conglomerado adquiriu o controle da gigante do entretenimento Viacom.

Redstone não via limites para seu poder –nem mesmo a morte. Em 2007, ele disse aos alunos da Universidade de Boston: “Estou no controle agora e estarei no controle depois de morrer”. A declaração foi parte de uma batalha de sucessão de uma década com sua filha Shari Redstone, que assumiu as operações do grupo em 2016. Em 2007, Redstone escreveu para a Forbes, dizendo que “com pouca ou nenhuma contribuição dos meus filhos”, ele construiu seu império de mídia.

2. Lee Kun-Hee, Samsung Group

País: Coreia do Sul
Óbito: outubro de 2020, 78 anos
Patrimônio líquido: US$ 17,3 bilhões

Presidente do conglomerado coreano Samsung Group, Lee Kun-hee deixou para trás um império de chips de computador, moda, parques temáticos, serviços de TI, TVs e, mais notavelmente, uma das poucas fabricantes de smartphones concorrentes da Apple.

Lee assumiu a Samsung em 1987, após a morte de seu pai e fundador do conglomerado, Lee Byung-chull. Ele conduziu a ascensão da Samsung ao apostar em cartões de memória na década de 1990, TVs de tela plana em meados de 2000 e smartphones na década de 2010. Lee, a pessoa mais rica da Coreia do Sul desde 2007, foi condenado por subornar o presidente em exercício do país em 1996 e por sonegação de impostos na década seguinte; o bilionário foi perdoado por ambos os crimes. Lee sofreu um ataque cardíaco em 2014 que o deixou incapacitado. Seu filho, Jay Y. Lee, passou a dirigir o Grupo Samsung desde então.

3. Joseph Safra, Banco Safra

País: Brasil
Óbito: 10 de dezembro de 2020, 82 anos.
Patrimônio líquido: US$ 23,2 bilhões

Como banqueiro mais rico do mundo e pessoa mais rica do Brasil, Joseph Safra construiu um império com foco em empresas e clientes com grandes fortunas. Ele nasceu no Líbano e fazia parte de uma família de banqueiros sírios. No Brasil, Safra e seu irmão Moise (falecido em 2014) construíram o Banco Safra, a oitava maior instituição financeira do país. Na Suíça, ele era proprietário do J. Safra Sarasin, banco criado por meio de uma fusão em 2013. De personalidade discreta, o bilionário evitou exposições midiáticas durante toda sua vida. Safra e Moise apareceram pela primeira vez na lista da Forbes dos bilionários do mundo em 2000, com uma fortuna compartilhada estimada em US$ 3 bilhões.

4. Whitney MacMillan, Cargill

País: EUA
Óbito: março de 2020, 90 anos
Patrimônio líquido: US$ 5,1 bilhões

MacMillan, ex-presidente e CEO da gigante do agronegócio Cargill, transformou sua empresa em uma entidade global. MacMillan passou 44 anos como comerciante de grãos do meio-oeste dos Estados Unidos, assumindo o cargo de CEO e presidente do conselho da Cargill em 1976; o bilionário se aposentou em 1995 ao atingir a idade obrigatória de 65 anos. Em uma rara entrevista para a Forbes em 2017, ele refletiu sobre a sua gestão da Cargill, guiada por seu “bom senso” e “decência” –dois elementos cruciais que, segundo ele, faltam no mundo dos negócios. “A história da virtude no comércio de grãos é antiga. Nele, sua palavra é seu título”, disse o bilionário. Além de adicionar diretores independentes ao conselho da empresa e criar um plano de participação acionária para funcionários, MacMillan foi o gestor de sucesso de uma companhia que gerou US$ 113,5 bilhões em receitas de 2019. Membros das famílias detentoras da Cargill possuem cerca de 88% da companhia. Whitney foi o último MacMillan a liderar o negócio.

5. Randall Rollins, Rollins Inc.

País: EUA
Óbito: agosto de 2020, 88 anos
Patrimônio líquido: US$ 4,7 bilhões

Um dos maiores nomes quando o assunto é controle de pragas dos Estados Unidos, a família Rollins criou o império empresarial Rollins Inc., com sede em Atlanta, especializada em infestações de ratos, baratas, piolhos e camundongos. Das empresas do grupo, a companhia dedetizadora Orkin é a mais conhecida.

Randall Rollins ingressou na empresa da família em 1953 e ajudou a expandir os negócios do controle de pragas por meio da mídia. Ele atuou como presidente da empresa, ao lado de seu irmão bilionário Gary, que é CEO da companhia hoje.

Em 2014, a Forbes noticiou a rixa familiar de US$ 8 bilhões sobre “alocações de recursos” que atormentou seu império de controle de pragas e fez a família inteira entrar em desavença” pais e filhos, esposas e maridos, primos e primas” em “uma das mais desagradáveis brigas registrada entre os membros da lista Forbes 400 das pessoas mais ricas dos Estados Unidos”. A família supostamente chegou a um acordo em novembro de 2019, cerca de um ano antes da morte de Randall.

6. Lo Siu-tong, Yu Tai Hing

País: Hong Kong
Óbito: janeiro 2020, 90 anos
Patrimônio líquido: US$1,3 bilhão

O bilionário do mercado imobiliário de Hong Kong fundou sua empresa em 1966, propondo-se a reformar edifícios antigos. Com o sucesso do negócio, Siu-tong acumulou um império de escritórios, residências e lojas.

7. Park Yeon-cha, Taekwang Industrial

País: Coreia do Sul
Óbito: janeiro de 2020, 74 anos
Patrimônio líquido: US$ 3,1 bilhões

A companhia dirigida por Park Yeon-cha, a Taekwang Industrial, é uma importante fabricante de calçados, que possui clientes como a Nike e fábricas no Vietnã, Indonésia e China.

8. Arne Wilhelmsen, Royal Caribbean Cruises

País: Noruega
Óbito: abril de 2020, 90 anos
Patrimônio líquido: US$ 1,5 bilhão

Wilhelmsen lançou a Royal Caribbean Cruises em 1969, transformando-a em uma das maiores operadoras de cruzeiros do mundo.

9. Dmitry Bosov, Sibanthracite Group

País: Rússia
Óbito: maio de 2020, 52 anos
Patrimônio líquido: US$ 1,1 bilhão

Bosov era conhecido por seu conglomerado Sibanthracite Group, que reunia divrsos produtores de carvão na Sibéria. Ele foi encontrado morto em seu apartamento depois de levar um tiro na cabeça.

10. Manuel Jove, Fadesa Inmobiliaria

País: Espanha
Óbito: maio de 2020, 78 anos
Patrimônio líquido: US$ 1,7 bilhão

Jove foi o fundador da Fadesa Inmobiliaria. Em 2006, ele vendeu sua participação de 55% na companhia por US$ 3 bilhões, antes do colapso da bolha imobiliária espanhola.

11. Eduardo Cojuangco, San Miguel

País: Filipinas
Óbito: junho de 2020, 85 anos
Patrimônio líquido: US$ 1 bilhão

Descrito em um obituário do New York Times como o “Rei dos Camaradas”, Cojuangco foi um polêmico aliado do ditador das Filipinas Ferdinand Marcos. O bilionário se tornou presidente do poderoso conglomerado de alimentos e infraestrutura San Miguel em 1998.

12. Manuel Moroun, Ambassador Bridge

País: EUA
Óbito: julho de 2020, 93 anos
Patrimônio líquido: US$ 1,5 bilhão

Moroun era dono de empresas de transporte, como a Ambassador Bridge de Detroit que atua na maior passagem de fronteira entre os EUA e o Canadá.

13. Edmund Ansin, Sunbeam Television

País: EUA
Óbito: julho de 2020, 84 anos
Patrimônio líquido: US$ 1 bilhão

Ansin herdou uma fortuna proveniente de negócios imobiliários e a transformou em um império da mídia. Trabalhando ao lado de seu pai, a família pagou US$ 3,4 milhões pela estação de TV WSVN de Miami, que foi pioneira no estilo de TV sensacionalista.

14. Aloysio de Andrade Faria, Banco Real

País: Brasil
Óbito: setembro de 2020, 99 anos
Patrimônio líquido: US$ 1,7 bilhão

Faria era graduado em medicina, mas passou a trabalhar no mundo das finanças ao assumir o comando do Banco Real, de propriedade de sua família, após a morte de seu pai. O bilionário vendeu a instituição para a iniciativa holandesa ABN Amro em 1998 por US$ 2,1 bilhões.

15. Suna Kirac, Koc Holding

País: Turquia
Óbito: setembro de 2020, 79 anos
Patrimônio líquido: US$ 1,4 bilhão

Suna Kirac era a filha mais nova do fundador da Koc Holding, Vehbi Koc, um dos maiores conglomerados da Turquia, com ativos em energia, automóveis, bens de consumo duráveis ​​e finanças.

16. Sheldon Solow, Solow Building Co

País: EUA
Óbito: novembro de 2020, 92 anos
Patrimônio líquido: US$ 4,4 bilhões

A Manhattan real estate developer, Solow took a risk in 1972 to build 9 West 57 Street in New York City, an office tower known today for its unobstructed views of Central Park.

O bilionário atuava como incorporador imobiliário em Manhattan e assumiu seu primeiro grande risco de negócio em 1972, ao construir a 9 West 57 Street em Nova York, uma torre de escritórios conhecida pelas vistas de tirar o fôlego do Central Park.



https://forbes.com.br/listas/2020/12/relembre-a-trajetoria-de-16-bilionarios-que-faleceram-em-2020/

quinta-feira, 16 de julho de 2020

INAUGURAÇÃO DO MUSEU DO TACHO

Por iniciativa de S. Excelências; EDUARDO MÃOS-DE-FERRO RODRIGUES, ANTÓNIO BOLSONARO TRUMP COSTA, CATARINA TROTSKY MANDELA MARX MAO MARTINS E JERÓNIMO MARX LENINE ESTALINE ENVER HOXHA CASTRO PUTIN DE SOUSA

e COM O ALTO PATROCINIO DE S. EXCELÊNCIA O SR. PRESIDENTE DA RÉPUBLICA, MARCELO MÃOZINHA NO PEITO REBELLO DE SOUSA. Foi inaugurado o Museu do Tacho.



O que é o MUSEU DO TACHO?


Introdução

O Museu do Tacho (MdT) é uma instituição museológica e cultural destinada a promover o conhecimento e a divulgação do património imaterial e material dos parlamentares e dos governantes portugueses, com particular destaque para as actividades relacionadas com a distribuição desmesurada pelo governo, de tachos.


Missão

O Museu do Tacho tem como missão estudar e preservar o património imaterial e material dos beneficiados, e, através dele, promover a sua divulgação, junto da juventude partidária dos respectivos partidos, privilegiando um conjunto de actividades de cariz pedagógico, com a finalidade de desenvolver em toda a comunidade parlamentar e governamental e aqueles que o visitam, uma consciência que valorize a história portuguesa.

Objectivos

São objectivos do Museu:

•    Estudar, preservar e ocultar o património imaterial e material dos beneficiados em todas as suas manifestações;

•    Manter sob guarda das autoridades adequadas, o espólio vantajoso do benefícios dados, quer imaterial e material dos beneficiados;

•    Orientar as jotinhas dos partidos (da geringonça) para a valorização e fruição do  espaço museológico, promovendo uma reflexão acrítica e lúdica, sobre a importância da salvaguarda e aumento do património pessoal;

•    Implementar e manter uma rede de interacção com diversas instituições, públicas e privadas, para complementar e obsequiar funcionários e apoiantes dos partidos da geringonça;

•    Estabelecer uma política de aquisição de espólios/acervos a partir de pesquisa, ofertas de empregos e outros benefícios e incentivo às doações, ao partido e em casos especiais de empréstimos de bancos falidos ao partido ou partidos do governo, junto a museus de temática similar, do  funcionalismo publico, e outros;

•    Promover acções de ocultamento, valorização e preservação do património imaterial e material dos beneficiados, em instituições e comunidades;

•    Incentivar a participação de instituições educativas e culturais, em projectos de tradição oral, publicações e pesquisas, a partir das suas histórias e raízes, estimulando a preservação das memórias e a continuidade das suas actividades, nos projectos do MdT;

•    Afirmar o MdT como um atractivo nos roteiros de visitação de estudo e de compreensão, principalmente em países irmãos, tais como a Venezuela, Guiné Equatorial, Somália, Coreia do Norte, Afeganistão, Iémen, Síria, Sudão, Brasil, México, etc., conectando as actividades com outras desenvolvidas pelas instituições susceptíveis de serem permeáveis, escolares, sociais e culturais locais;

•    Desincentivar a criação e produção de publicações e materiais didácticos para divulgação do espólio e actividades do MdT e para formação e consciencialização das novas gerações de jotinhas.


Espaços

O Museu do Tacho encontra-se instalado no  Palacete de São Bento é um edifício do último quartel do século XIX, que é, actualmente, a residência oficial do Primeiro-Ministro de Portugal.  Aqui se indicam, em imagens e ao ouvido, os dois principais meios de oferecer um tacho a amigos, inimigos e outros interessados em “amaciar”.


Serviços

Exposições e Eventos Temporários

Este organismo desenvolve periodicamente exposições e outros eventos de carácter temporário, como encontros, apresentações de curriculuns, colaborando por vezes com outras instituições e organismos.


Visitas e Serviços Educativos

A marcação de visitas de grupos deverá ser realizada com antecedência mínima de 10 dias úteis, através dos contactos aqui disponibilizados.

 

Contactos

Morada: R. Imprensa à Estrela 6, Sanaá

Telefone: +093 21 392 3500

E-mail:  gp.ps@ps.parlamento.kp

Horário: Verão: a combinar com: Marcos Ajuda Todos Os Que Puder Perestrello, Carlos Nero César, Ana Catarina Apoia Todos os Mendes, João Muito Pouco Ruivo, António Vieira Amigalhaço de Ofertas da Silva, Eduardo Trauliteiro Sem Educação Cabrita, Duarte Engraxador Cordeiro, ou alguém por eles nomeado, para o efeito.

                 Inverno: O mesmo