quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Isto não é alarmismo, é snoozismo.

Sobrevivência da espécie humana é um objetivo nobre, mas o Marques Lopes não sabe se sobrevive à convivência com a espécie humana que frequenta o intercidades durante 3 horas.

Quando vi as empregadas de limpeza da FIL a esfregarem as paredes de vidro todas vermelhas, pensei: "Até que enfim! Um protesto climático como deve ser!" Só depois é que percebi que afinal era apenas tinta. E eu com esperança que fosse sangue de administradores de empresas maléficas. Fiquei indignado. Principalmente depois de ouvir uma das ativistas a dizer que lá dentro estavam os responsáveis pelo iminente fim da humanidade, que, aliás, ainda há dias tinham afogado 11 mil líbios. Então tem os bandidos todos no mesmo sítio e não aproveita para atirar 3 ou 4 granadas lá para dentro? Ou, para ser mais ecológico, atiçar-lhes um tigre esfomeado?

Mas não, estava mais interessada em lamuriar-se do que em agir. Parecia uma futebolista na flash interview, a queixar-se do árbitro, e não uma justiceira com pressa para evitar o extermínio da raça humana na próxima quinta feira.

Ter à sua mercê os assassinos de 11 mil inocentes e atirar-lhes tinta é como estar a guiar, ver o Hitler a atravessar a rua e, em vez de o passar a ferro, optar por baixar o vidro e fazer-lhe um manguito enquanto grita: "Malandro!" Ou seja, na semana passada perdeu-se uma estupenda oportunidade para vários linchamentos em legítima defesa. Menos do que dois tiros em cada um daqueles criminosos foi cobardia e falta de civismo.

Uma das desculpas de quem hesita em avançar para os cortes exigidos pela neutralidade carbónica é que, sendo Portugal um país que contribui muito pouco para as emissões de CO2, os cortes que pode fazer não têm qualquer impacto no mundo se a China, a Índia, a Indonésia e os outros grandes emissores em vias de desenvolvimento não cortarem as suas. Apesar disso, os ativistas climáticos exigem que Portugal avance com os cortes. Dizem que é um imperativo ético e temos de liderar e ser um exemplo para o mundo. Têm razão. As atitudes morais não se tomam por causa dos seus resultados, mas sim porque são a acção certa a fazer. É uma questão de princípio.

Ora, se Portugal deve reduzir as suas emissões mesmo que os grandes emissores não o façam, então, pela mesma ordem de ideias, os ativistas climáticos devem reduzir as suas emissões, mesmo que o resto dos portugueses optem por não o fazer. Como já ficou demonstrado, a eficácia dos impactos da redução não é um objetivo essencial. Essencial é a posição ética.

Portanto, se Portugal deve avançar mesmo que os grandes emissores não avancem, estes ambientalistas também têm o dever de avançar, mesmo se o resto dos portugueses não avançam. Logo, é óbvio que se uma pessoa acredita mesmo que a vida na Terra está em perigo imediato, tem o dever de agir e começar, desde já, a viver de uma forma não carbónica. É o mínimo que se exige às pessoas que estão convencidas que o Armagedão já tem data.

E, pelo que tenho lido e visto, são muitas. Normalmente, reconhecem-se por dizerem, nos jornais e televisões, que não são capazes de condenar os jovens ativistas pelas suas acções violentas, pois a causa é justa e urgente e eles só fazem estas patifarias porque o mundo vai acabar.

Um exemplo. No Eixo do Mal da semana passada, o comentador Pedro Marques Lopes garantiu: "Não há causa mais importante do que esta. Não há emergência maior para o mundo, não houve nunca emergência tão grande para o mundo do que este problema, quer dizer. O que aqui está em causa é muito simplesmente a sobrevivência da raça humana, a sobrevivência da Terra, a sobrevivência das pessoas, da própria espécie, portanto, não há nada mais importante do que esta batalha, digamos assim".

Meus amigos, isto não deixa margem para hesitações. Não há, nunca houve, emergência tão grande para a humanidade! Está em risco a sobrevivência não só da raça humana, como também das pessoas e ainda da própria espécie. Comparado com isto, a Peste Negra foi uma constipação e o Holocausto uma partida de Carnaval. Não há nada mais importante do que esta batalha. Nada!

Trata-se do tipo de discurso dos heróis do Bravehart, do Gladiador, do 300 ou do Dia da Independência. Um discurso inspirador, que começa sombriamente a lembrar o perigo existencial que se enfrenta, para depois se tornar arrebatador ao exortar à luta e ao sacrifício pessoal em prol do grupo. William Wallace, Maximus e Leónidas erguem a espada e, arriscando a sua vida, carregam sobre ingleses, bárbaros e persas. O Presidente dos EUA lança os caças contra a nave dos ET maus que (como o clima!) também desejam destruir o planeta e exterminar a humanidade, as pessoas, a raça humana e também os indivíduos. Já Pedro Marques Lopes esclarece: "Eu vim de avião, hoje. Mal. Não gosto de vir de avião exactamente por causa disso. Mas nós temos um problema que o Daniel bem disse. Ou venho de avião ou levo três horas e tal para chegar ao Porto. Ou então venho de carro que se calhar ainda é pior."

O Mel Gibson só estava a lutar pela independência da Escócia e mesmo assim meteu a carne toda no assador, mas o Pedro Marques Lopes, apesar de acreditar piamente que a humanidade tem o prazo de validade mais curto que o das natas frescas, mesmo assim não está disposto a abdicar do avião para ir ao Porto, porque de comboio demora três horas. E tal. Afinal, não há nada mais importante do que esta batalha, tirando a maçada de ter de ir a Santa Apolónia apanhar um comboio que, na maior parte das vezes, tem o wifi escangalhado e um bar sem condições, que nem sequer serve um Aperol Spritz em termos.

Dizer que foi de avião para o Porto depois de avisar contra a catástrofe próxima, é como se o Leónidas acrescentasse ao seu discurso: "Malta, eu sei que isto é Esparta, e não sei quê, mas afinal vocês vão ser só 299, que eu já tinha dentista marcado em Atenas. Boa sorte!" Sobrevivência da espécie humana é um objetivo nobre e virtuoso, mas o Marques Lopes não sabe se sobrevive à convivência com a espécie humana que frequenta o intercidades durante 3 horas. E tal, não esquecer.

Acho que identifiquei o problema. A maioria das pessoas, quando ouve "neutralidade carbónica" foca-se mais na parte da neutralidade. Nomeadamente, a neutralidade ali entre radicalismo e displicência. Parece-lhe a atitude sensata. Uma postura meias-tintas. É a sonsa posição de emissionário. Acreditar na destruição da humanidade, mas não estar disposto a grandes maçadas para o evitar.

Não se pode berrar "vamos todos morrer amanhã!" e depois chocar-se se os ativistas agem em conformidade e um dia enforcam um CEO. Nem se pode julgar que a acção é urgente, mas vacilar ao mínimo desconforto. É como ver um filho pequeno empoleirado na varanda e não correr a agarrá-lo porque está muito frio lá fora. Não, pá. Não é isso que significa urgência. Urgência significa já. Experimentem ligar para o 112 a dizer que têm uma "emergência maior" que põe em causa a "sobrevivência" de alguém. Acham que o operador envia o INEM ou marca uma consulta para dali a 3 meses? Quando toca o alarme, o verdadeiro alarmista não carrega no snooze para ficar na sorna só mais um bocadinho. Levanta-se e vai salvar o mundo. Isto como está já não é alarmismo, é snoozismo.

Só há uma razão digna para um crente no apocalipse climático imediato apanhar um avião rumo ao Porto. É para o sequestrar e jogá-lo ao chão. De preferência contra a sede de uma gasolineira.

Observador

terça-feira, 3 de outubro de 2023

1872 Portugal e a Grécia 2011

1872 Portugal e a Grécia 2011
!!! ... 139 anos depois ... !!!

Eça
de Queirós escreveu em 1872
"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade
política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência
de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua
decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a
Grécia e Portugal"

(in As Farpas)

1872 ... !!! Verdadeiramente impressionante !!! ...2011

Eça de Queirós sempre actual
"Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição"

"Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de
organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações.
A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma
rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela
inveja, pela intriga, pela
vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.
A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas
vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali
luta
-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos;
ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de
nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em
volta daquela arena enxameiam os aventureiros
inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos;
há a tristeza
e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-
se, foge
-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali
com dor e com raiva.

À
escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos
dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de
dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade."
Eça de Queiroz, in 'Distrito de Évora" (
1867)

Política de acaso, política de compadrio, política de expediente

Portugal e a crise
"
Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito.
Hoje crédito não temos, dinheiro também
não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura."
Eça de Quei
rós, in "Correspondência" (1891)

" ... somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados ... "
"
Diz-se geralmente que, em Portugal, o público tem ideia de que o Governo deve fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo: tira-se daqui a conclusão que somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados, indignos de uma larga liberdade, e inaptos para a independência. A nossa pobreza relativa é atribuída a este hábito político e social de depender para tudo do Governo, e de volver constantemente as mãos e os olhos para ele como para uma Providência sempre presente."
In "
Citações e Pensamentos" de Eça de Queirós».

José Maria de Eça de Queirós
Povoa de Varzim
- 25 de Novembro de 1845
Paris
- 16 de Agosto de 1900



sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Desenho erótico

(Desenhos Eróticos)
Por: Boris Dmitrievich Grigoriev
Sem data


Desenho erótico de Boris Dmitrievich Grigoriev

Cena erótica

cenas eróticas
Por: Katsushika Hokusai

1818 · Arte asiática

Cena erótica de Katsushika Hokusai

Retrato de uma mulher revelando os seios, c.1570

Retrato de uma mulher revelando os seios, c.1570


Jacopo Robusti Tintoretto
Sem data · Óleo sobre tela ·
Maneirismo  · 
Retrato de uma mulher revelando os seios, c.1570 de Jacopo          Robusti Tintoretto

"L'Origine du monde" - A Origem do Mundo

(A Origem do Mundo)
Gustavo Courbet
1866 · Óleo sobre tela ·
Naturalismo  ·   Nu feminino

Uma pintura envolta em mistério e saudade
Nosso percurso começa às margens do Lago Clairvaux, casa do artista Gustave Courbet. Foi lá, em 1866, que Courbet mergulhou um pincel na tinta e capturou na tela aquela que se tornaria talvez a sua obra mais famosa e ao mesmo tempo mais controversa: "L'Origine du monde" - A Origem do Mundo.
Esta pintura a óleo é tão fascinante quanto provocativa. Mostra um close da parte mais íntima de uma mulher, sua vulva, nua e peluda, no centro da pintura. Os detalhes do corpo, revelando a barriga e o seio, ficam escondidos atrás de um tecido semelhante a seda que cai suavemente, que ao mesmo tempo enfatiza e esconde parcialmente o segredo feminino. A representação naturalista desta área íntima, emoldurada pelo fundo escuro, realça a pele humana brilhante e cintilante, criando uma tensão cativante entre o que é mostrado e o que é escondido.
A estética sensual desta obra-prima, capturada nas dimensões de 46cm x 55cm, oferece uma qualidade que só pode ser totalmente capturada e reproduzida de forma justa com uma impressão artística de alta qualidade.
A jornada oculta de uma obra-prima escandalosa
No passado, "A Origem do Mundo" era uma história cheia de segredos e escândalos. Pintado em nome do diplomata e colecionador de arte turco Khalil Şerif Paşa, foi cuidadosamente escondido de olhares indiscretos. Ao contrário dos outros nus da sua coleção, que orgulhosamente exibiu no seu salão, esta imagem em particular foi mantida escondida.
Após os problemas financeiros de Khalil Bey e o posterior leilão de sua coleção de arte, o quadro acabou nas mãos do antiquário Antoine de la Narde. Aqui estava novamente escondido, trancado atrás de uma tampa de madeira que mostrava outra pintura. Este apelo silencioso à discrição continuou quando foi finalmente adquirido pelo pintor e colecionador húngaro Barão Ferenc von Hatvany, que o trouxe para Budapeste.
No entanto, a turbulenta história desta obra-prima não terminou aí. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi cuidadosamente escondido num cofre de banco em Budapeste para protegê-lo dos ocupantes alemães. Quando os cofres foram abertos após a guerra, "A Origem do Mundo" acabou no mercado negro de Budapeste antes de finalmente retornar às mãos de Hatvany. No entanto, só encontrou o seu regresso final no Musée d'Orsay, em Paris, onde está em exposição desde 1995.
O modelo por trás da obra-prima
Durante décadas, um dos maiores mistérios em torno de A Origem do Mundo foi a identidade do modelo que Courbet usou para esta obra-prima. Muita especulação foi feita, com alguns alegando que poderia ter sido sua amante, Joanna Hiffernan. Outros disseram que poderia ser uma dançarina parisiense chamada Constance Quéniaux.
Em 2018, foi descoberta uma pequena pintura a óleo envolta em seda que parecia representar as partes faltantes do corpo e parecia resolver o mistério. As investigações revelaram que esta pintura foi provavelmente do próprio Courbet e que a modelo era provavelmente Constance Quéniaux, ex-dançarina da Ópera de Paris e amante de Khalil Bey.
Esta obra-prima, outrora considerada tão escandalosa e perturbadora, é agora um testemunho da beleza, da intimidade e da vulnerabilidade do corpo humano. É uma prova poderosa de que a arte não conhece limites, nem na sua capacidade de provocar nem na sua capacidade de inspirar. Não é apenas a origem do mundo, mas também a origem de um debate sobre a representação do feminino na arte que continua até hoje.

A Origem do Mundo de Gustave Courbet

Estupro das filhas de Leucipo.


(Estupro das Filhas de Leucipo)
Rubens
Sem data · Óleo sobre tela ·
Barroco

O Estupro das Filhas de Leucipo, de Peter Paul Rubens

O sonho da esposa do pescador.

O sonho da esposa do pescador
(O sonho da esposa do pescador)
Katsushika Hokusai
1760 · Desenho ·
Arte asiática  

O sonho da esposa do pescador por Katsushika Hokusai

Cena erótica num luxuoso boudoir, pintura em miniatura do Rajastão

(Cena erótica em um luxuoso boudoir, pintura em miniatura do Rajastão),

Escola Indiana

Cena erótica em um luxuoso boudoir, pintura em miniatura do          Rajastão da Indian School

Mural erótico, Pompéia, Itália

Mural erótico, Pompeia, Itália, 

Desconhecido

Mural erótico, Pompéia, Itália por Desconhecido