quinta-feira, 1 de maio de 2025

A influência Árabe na Língua Portuguesa.

🇵🇹
O Português é uma língua derivada de dialectos latinos, românicos peninsulares que resultaram da mistura do "latim vulgar", falado pelos soldados romanos, com os dialectos locais existentes na Península Ibérica à data da sua ocupação.
O Português, primitivamente Galaico-português, formou-se directamente a partir do Leonês ou Asturo-Leonês, e tem como substrato a língua nativa dos Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios.
O Português sofreu inevitavelmente a influência da Língua Árabe, influência que ultrapassa em muito a extensão que a maioria dos autores referem, não só em termos de "marca" no seu léxico, como da própria forma como se opera.
Adalberto Alves, no seu "Dicionário de Arabismos na Língua Portuguesa", esclarece que a influência da língua Árabe, para Alem dos seus aspectos evidentes ou visíveis, ou seja, do léxico Árabe directamente transposto para o português, deve considerar todos aqueles que chegam ao português de forma "encapoçada", através da tradução de textos Árabes por religiosos cristãos,".
Assim, a extensão da influência do Árabe no Português, que a maioria dos autores resumem a cerca de 1.000 substantivos, deve ser consideravelmente alargada, não só no seu número, que segundo Adalberto Alves é de 18.073 termos, como ao nível gramatical, já que inclui não só substantivos, como adjectivos, verbos, pronomes, artigos e interjeições.
A influência do Árabe no Português é bastante mais marcada do que no Castelhano ou no Catalão, línguas que, localizando-se geograficamente mais próximas de França recebem a sua influência direta e têm um efeito de tampão no Português. A título de exemplo refira-se que aos 18.073 termos que o Português recebeu correspondem cerca de 4.000 termos recebidos pelo Castelhano.
Convém esclarecer que a arabização da Península não impôs nem a religião Muçulmana nem a língua Árabe como únicas, mantendo-se "ativos" durante o período do Al-Andalus os dialectos moçárabes e o Hebreu, que aportaram termos próprios ao Português.
Até 1496, data do decreto de expulsão das minorias muçulmana que não aceitaram a conversão forçada ao cristianismo, o processo de influência do Árabe no Português persiste, não só nas chamadas "ilhas muçulmanas em território português", as mourarias, como através da influência sofrida em Marrocos pelos portugueses via "Mouros de Pazes".
Com a instituição do terror da Inquisição em 1552, o Árabe é proibido, reduzindo-se à sua expressão mínima e clandestina, a escrita "aljamiada". Inicia-se então um período de expurgação de tudo o que é ou soa a Árabe.
Apesar dos mais de 500 anos que durou a presença Árabe em Portugal essa influência refere-se essencialmente ao léxico, pelo que não se pode falar de uma influência estrutural. Um aspecto extremamente relevante é o da adopção de muitos termos Árabes na formação do calão português, a chamada "gíria dos rufiões", que no período da inquisição terá tido grande incremento através da utilização de expressões e termos encapoçados pelos mouriscos e cripto-muçulmanos.
Antes de mais uma referência a quatro exemplos paradigmáticos e que fazem supor que algumas expressões de caracter religioso perduraram pelo engenho popular:
Oxalá (law xá Allah ou incha Allah, se Deus quiser).
Olá (wa Allah, Deus, saudação).
Olé (wa Allah, Deus, interjeição utilizada como aplauso ou incentivo).
Olarilolé (la illaha ila Allah, não há divindade senão Deus, profissão de fé muçulmana).
A grande maioria dos substantivos começa com o artigo definido Al (o ou a), muitas vezes com o l assimilado à consoante inicial do substantivo, concretamente quando esta é uma consoante solar. No alfabeto Árabe não existem vogais, mas apenas consoantes, e as consoantes dividem-se em consoantes lunares e consoantes solares.
As consoantes lunares não têm influência na pronúncia do l do artigo Al, quando constituem a letra inicial da palavra, como por exemplo em Alferes (o cavaleiro), Almeida (a mesa) ou Alcântara (a ponte). Mas as consoante solares quando colocadas na mesma posição assimilam o l do artigo Al, duplicando o seu valor.
Por exemplo Azeite escreve-se Alzeite em Árabe, mas pronuncia-se Azzeite pelo facto de o z ser uma consoante solar. Daí a origem de termos como Azulejo, Açorda ou Atalaia.
Outras formas comuns de início de termos de origem Árabe são as palavras que começam por x (Xadrez, Xarope ou Xerife) ou por enx (Enxaqueca, Enxoval ou Enxofre).
Outras palavras são caracterizadas pela terminação, como as que terminam em i (Javali, Mufti ou Sufi), em il (Cordovil, Mandil ou Anil), em im (Alecrim, Carmesim ou Cetim) e as terminadas em afe ou aque (Alcadafe, Almanaque ou Atabeque).
Algumas consoantes Árabes não entram nos vocábulos portugueses por uma questão de não se adaptarem à forma de pronunciar do português, como o h que geralmente se transforma em f, como em Alfama (do Árabe Alhammam), Alfazema (do Árabe Alhuzaima) ou Alface (do Árabe Alhassa).
Saloio é a designação dos muçulmanos expulsos de Lisboa após a sua conquista pelos portugueses, que se instalaram na área rural situada a Norte e Poente da cidade; a origem do termo não reúne consenso, sendo a explicação mais plausível a que defende que deriva da palavra صلاة"salat" ou "oração", já que designava aqueles que rezavam 5 vezes por dia "fazendo o çala", e que eram chamados na época "çaloyos"; esta seria a origem de "çalayo", nome do imposto pago sobre o pão na região de Lisboa; outra explicação é a origem do termo na palavra ساحلي "saheli", que significa "habitante do litoral"; outra ainda é a origem em سلاوي "salaui" ou habitante da cidade marroquina de Salé, designação local para a população rural.
Os substantivos podem ser agrupados em várias categorias, maioritariamente relativas a inovações ou contributos que os Árabes introduziram na nossa sociedade, e a topónimos, que se observam de Norte a Sul do País e que muitas vezes aportam informações sobre o passado das próprias localidades.
No primeiro caso refiram-se as designações de cargos públicos (Alcaide, Almoxarife ou Alferes),
termos de tipologias de edificações (Alcácer, Alcáçova ou Aljube),
de construção (Alvenaria, Azulejo ou Açoteia),
de instituições administrativas (Aldeia, Arrabalde ou Alfândega),
 de plantas (Arroz, Alfazema ou Alfarroba),
de frutos (Tâmara, Romã ou Ameixa),
 de profissões (Alfaiate, Almocreve ou Alfaqueque),
de termos relacionados com a agricultura (Enxada, Alcatruz ou Azenha),
 com a actividade militar (Adaga, Arsenal ou Arrebate), de termos médicos (Xarope, Enxaqueca ou Alcalino),
de termos geográficos (Azinhaga, Lezíria ou Albufeira),
de unidades de medida (Alqueire, Arroba ou Arrátel), de animais (Alcatraz, Lacrau ou Javali),
de adereços (Alfinete, Almofada ou Alcatifa),
de instrumentos musicais (Adufe, Alaúde ou Rabeca),
 de produtos agrícolas e industriais (Azeite, Álcool ou Alcatrão),
das ciências exatas (Álgebra, Algarismo ou Cifra).
Alguns nomes próprios e apelidos têm a sua origem em nomes Árabes, como por exemplo:
 Leonor (em Árabe Li an-Nur, ou que vem da luz),
Abel (Abu l-, pai de),
Fátima (nome de uma das filhas do Profeta Maomé), Albuquerque (Abu-l-qurq, ou o do sobreiro),
Bordalo (Badala, abundante) ou Almeida (Al maida, a mesa).
Muitos termos do calão português, do mais brejeiro ao mais indecente, têm origem no Árabe. Por exemplo Marafada (Mraa Khaina, ou mulher que engana), Mânfio (Manfi, desterrado ou proscrito) ou ainda Marado (Marid, ou doente).
No caso dos topónimos, para alem da grande maioria de termos iniciados pelo artigo Al ou pela sua forma com o l assimilado, existem outros com origem comum, que se podem agrupar.
Por exemplo, os topónimos iniciados por Ode (do Árabe Ued ou Rio), como Odemira, Odeceixe ou Odeleite.
Os iniciados por Ben (em Árabe Ben ou Ibn significa Filho, mas em toponímia tem o significado de Lugar), como Bensafrim, Benfarras ou Benamor.
A título de curiosidade refiram-se alguns topónimos de origem Árabe com indicação do seu significado:
Albarraque (Albarrak, o brilhante),
Albufeira (Albuhaira, a pequena barragem),
Alcabideche (Alqabidaq, a "mãe de água"),
Alcácer (Alqassr, o castelo),
Alcáçovas (Alqassba, a cidadela fortificada),
Alcalar (Alqalaa', o forte),
Alcaidaria (a chefia),
Alcaide (o chefe),
Alcains (Alkanissa, a igreja),
Alcanena (Alqanina, a cabaça),
Alcântara (a ponte),
Alcantarilha (diminutivo de Alcântara),
Alcaria (a aldeia),
Alcobaça (Alkubasha, os carneiros),
Alcochete (Alqucha, o forno),
Alcoentre (Alqunaitara, a ponte pequena),
Alcoitão (Alqaiatun, a tenda),
Alcongosta (Alkunasa, o areal),
Alcoutim (Alkutami, o falcão),
Alfama (Alhamma, a fonte),
Alfambras (Alhamra, a vermelha),
Alfarelos (Alfahar, a louça),
Alfeizerão (Alhaizaran, o canavial),
Alfarim (Alfaramin, os decretos),
Alfarrobeira (Alharruba),
Alferce (Alfarz, o que separa, entre duas colinas),
Algarve (Algharb, o Ocidente),
Algeruz (o canal),
Algés (Aljaich, o exército),
Algueirão (Aljairan, as grutas),
Alhandra (Alandar, a debulha),
Alijó (Alaja, telhado plano),
Aljezur (Aljuzur, as ilhas),
Almacave (Almaqabara, os cemitérios),
Almada e Almádena (Almadana, a mina),
Almansil (a estalagem),
Almargem (Almarj, o prado),
Almarjão (Almarjun, o pedregal),
Almedina (a cidade),
Almeida (a mesa),
Almeirim (Almirin, o limite),
Almoçageme (a água que corre),
Almodôvar (Almuduar, o meandro),
Almoster (Almustar, lugar de aprovisionamento),
Alpedrinha (Albadri, luarento),
Alpiarça (Albiraz, o duelo),
Alqueidão (Alhaima, a tenda),
Alte (Altaf, elegante),
Alvaiázere (Albaiaz, o falcoeiro),
Alvalade (Albalad, o campo),
Alverca (Albirka, o pântano),
Alvor (Albur, a charneca),
Alvorge (Alburj, a torre),
Anadia (delicada),
Arouca (Aruqa, a bela),
Arrábida (edifício religioso fortificado),
Arrifana (Arihana, a murta),
Arronches (Arauxan, as penhoras),
Arruda (Aruta, planta silvestre),
Asseca (o caminho recto e plano),
Atalaia (lugar alto de onde se exerce vigilância),
Aveiro (Aluarai, retirado, resguardado),
Azambuja (o zambujeiro),
Azeitão (Azeitun, a oliveira),
Azóia (Azauia, a ermida),
Belamandil (Banu Mandil, nome de tribo),
Bela Salema (Banu Salam, filhos da paz, nome de tribo),
Belixe (garça),
Benaciate (Ben sayyad, lugar ou filho do caçador),
Benaçoitão (Ben As-Sultan, filho do poder),
Benafin (Ben 'Affan, filho do puro),
Benagil (Ben Ajawid, filho do generoso),
Benamor (Ben 'Ammar, filho do devoto),
Benavente (Ben 'Abbad, lugar do devoto),
Bencatel (Ben Qatil, filho da vítima),
Benevides (Ben 'Abid, lugar do adorador),
Benfarras (Ben Farraj, filho da consolação),
Benfica (Ben Fiqa, filho da calmeirona ou da mulher alta),
Bensafrim (Ben Saharin, lugar dos feiticeiros),
Beringel (beringela),
Birre (Bir, poço),
Bobadela (Bu abdallah, pai do escravo de Deus),
Boliqueime (Bu Alhakim, nome próprio),
Borba (Birba, labirinto),
Bucelas (Basala, cebola),
Budens (Bu Danis, nome de tribo que governou Alcácer do Sal),
Burgau (Burqa, zona com o solo pedregoso),
Cacela (Qassila, seara),
Cacém (Qassim, nome próprio, que significa aquele que testemunha),
Cacilhas (Hasila, lixeira),
Caneças (Kanissa, igreja),
Cartaxo (Qar at-Taj, residente do Tejo),
Caxias (Kashih, inimigos),
Charneca (Xarnaqa, terreno inculto),
Chelas (Xila, arco),
Colares (Kula, pequeno lago),
Coruche (Quraichi, nome de tribo),
Cuba (cúpula),
Elvas (Ilbax, risonha),
Estoi (Ustul, esquadra),
Estômbar (Ustuwanat, arcos),
Falacho (solo gretado),
Faro (Harun, nome próprio),
Fatela (Fath Allah, vitória de Deus),
Fátima (nome da filha do Profeta Muhammad),
Golegã (Ghalghal, entrar ou penetrar),
Leça (Laza, ferrolho),
Loulé (Al'ulia, a elevada),
Loures (Lawr, lira),
Lousã (Lawha, ardósia),
Luz (amêndoa),
Mafamede (Muhammad, muçulmano),
Mafamude (Mahmmud, louvável),
Mafra (Mahfra, cova),
Magoito (Maqhut, árido),
Malhada (lugar de travessia de um rio),
Marateca (Mar'a at-Taqia, mulher devota),
Marvão (Marwan, nome próprio),
Massamá (Maa as-Sama', água do céu),
Mesquita (Massjid, o mesmo que em português),
Messejana (prisão),
Messines (elogioso),
Mora (Murah, pastagem),
Moscavide (Maskbat, sementeira),
Mucifal (Mussafa, vale inundável),
Muge (Muhja, alma),
Murça (Mussa, nome do conquistador Árabe do Gharb Al-Andalus),
Nexe (Naxa, juventude),
Niza (disputa),
Odeceixe (Ued Sayh, rio da torrente),
Odeleite (Ued Layt, rio do eloquente),
Odelouca (Ued Luqat, rio das sobras),
Odemira (Ued Amira, ou rio da princesa),
Odiáxere (Ued Arx, rio da punição),
Odivelas (Ued Ballas, rio da terracota),
Oeiras (Urwah, moitas),
Olhão ('Ullyah,elevado),
Oura (Awra, esconderijo),
Ourén (Wahran, nome de cidade na Argélia),
Ourique (Wariq, verdejante),
Ovar ('Ubr, curso de água),
Palmela (Bismillah, ou em nome de Deus),
Parchal (Barjal, circuito),
Penela (Ben Allah, filho de Deus),
Peniche (Ben 'Aixa, filho de Aixa),
Quelfes (Kallaf, moço de estrebaria),
Queluz (vale da amendoeira),
Retaxo (Ritaj, entrada),
Sacavém (Xaqaban, próximo),
Safara (Sahara, deserta),
Salema (Salama, paz),
Sameiro (Samar, junco),
Samouco (Samuq, alto),
Sargaçal (Xarqwasi, arbusto),
Serpa (Xarba, poção),
Sertã (Saratan, caranguejo),
Setil (Sabtil, de Ceuta),
Sever (Sabir, colina),
Sines (Sin, fortaleza),
Sor (Sur, cerca),
Tarouca (Turuq, caminhos),
Tavira (Tabira, ruína),
Tercena (Dar as-Sina, casa da indústria),
Trofa (Taraf, extremidade),
Valada (Balat, planície),
Vau (Wad, rio),
Vieira (Bayara, concha),
Xabregas (desfazer),
Zambujal (de Zabbuj, oliveira brava),
Zavial (Zauia, azóia),
Zêzere (Za'za'a, agitação).

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quarta-feira, 23 de abril de 2025

Assim vão os nossos noticiários


ASSIM VÃO OS NOSSOS NOTICIÁRIOS

 

"É simplesmente desmoralizante. Ver e ouvir os serviços de notícias das três ou quatro estações de televisão é pena capital. A banalidade reina. O lugar-comum impera. A linguagem é automática. A preguiça é virtude. O tosco é arte. A brutalidade passa por emoção. A vulgaridade é sinal de verdade. A boçalidade é prova do que é genuíno. A submissão ao poder e aos partidos é democracia. A falta de cultura e de inteligência é isenção profissional.

 

Os serviços de notícias de uma hora ou hora e meia, às vezes duas, quase únicos no mundo, são assim porque não se pode gastar dinheiro, não se quer ou não sabe trabalhar na redacção, porque não há quem estude nem quem pense. Os alinhamentos são idênticos de canal para canal.

Quem marca a agenda dos noticiários são os partidos, os ministros e os treinadores de futebol. Quem estabelece os horários são as conferências de imprensa, as inaugurações, as visitas de ministros e os jogadores de futebol.

 

Os directos excitantes, sem matéria de excitação, são a jóia de qualquer serviço. Por tudo e nada, sai um directo. Figurão no aeroporto, comboio atrasado, treinador de futebol maldisposto, incêndio numa floresta, assassinato de criança e acidente com camião: sai um directo, com jornalista aprendiz a falar como se estivesse no meio da guerra civil, a fim de dar emoção e fazer humano.

 

Jornalistas em directo gaguejam palavreado sobre qualquer assunto: importante e humano é o directo, não editado, não pensado, não trabalhado, inculto, mal dito, mal soletrado, mal organizado, inútil, vago e vazio, mas sempre dito de um só fôlego para dar emoção! Repetem-se quilómetros de filme e horas de conversa tosca sobre incêndios de florestas e futebol. É o reino da preguiça e da estupidez.

 

É absoluto o desprezo por tudo quanto é estrangeiro, a não ser que haja muitos mortos e algum terrorismo pelo caminho. As questões políticas internacionais quase não existem ou são despejadas no fim. Outras, incluindo científicas e artísticas, são esquecidas. Quase não há comentadores isentos, ou especialistas competentes, mas há partidários fixos e políticos no activo, autarcas, deputados, o que for, incluindo políticos na reserva, políticos na espera e candidatos a qualquer coisa! Cultura? Será o ministro da dita. Ciência? Vai ser o secretário de Estado respectivo. Arte? Um director-geral chega.

Repetem-se as cenas pungentes, com lágrima de mãe, choro de criança, esgares de pai e tremores de voz de toda a gente. Não há respeito pela privacidade. Não há decoro nem pudor. Tudo em nome da informação em directo. Tudo supostamente por uma informação humanizada, quando o que se faz é puramente selvagem e predador. Assassinatos de familiares, raptos de crianças e mulheres, infanticídios, uxoricídios e outros homicídios ocupam horas de serviços.

 

A falta de critério profissional, inteligente e culto é proverbial. Qualquer tema importante, assunto de relevo ou notícia interessante pode ser interrompido por um treinador que fala, um jogador que chega, um futebolista que rosna ou um adepto que divaga.

 

Procuram-se presidentes e ministros nos corredores dos palácios, à entrada de tascas, à saída de reuniões e à porta de inaugurações. Dá-se a palavra passivamente a tudo quanto parece ter poder, ministro de preferência, responsável partidário a seguir. Os partidos fazem as notícias, quase as lêem e comentam-nas. Um pequeno partido de menos de 10% comanda canais e serviços de notícias.

 

A concepção do pluralismo é de uma total indigência: se uma notícia for comentada por cinco ou seis representantes dos partidos, há pluralismo! O mesmo pode repetir-se três ou quatro vezes no mesmo serviço de notícias! É o pluralismo dos *papagaios no seu melhor!

 

Uma consolação: nisto, governos e partidos parecem-se uns com os outros. Como os canais de televisão.

 

*Papagaios não, chilreada de periquitos sim!*"

 

António Barreto

19.4.2025

 



Comentário pessoal: 

Mais outro que perdeu a paciência para a mediocridade generalizada e a ausência de honestidade e ética profissional 'para ganhar mais algum'...


sexta-feira, 11 de abril de 2025

Shen Yun

A principal companhia de dança clássica chinesa do mundo , Shen Yun, está trazendo à vida uma cultura perdida por meio de uma bela arte.
O que é o Shen Yun, exatamente? É mais do que uma simples apresentação — é um renascimento da beleza e da bondade da China antes do comunismo. Com histórias e lendas, figurinos e cenários vibrantes, música original e algumas surpresas divertidas — é uma experiência que encantará seus sentidos, inspirará seu coração e fará você se sentir incrível.

Estamos sediados em Nova York e nossos artistas vêm do mundo todo. 

Esta apresentação significa muito para nós e nos dedicamos ao máximo. Mal podemos esperar para compartilhá-la com vocês.

Algumas coisas sobre nós que você talvez não perceba:
O Shen Yun tem sede em Nova York . Não somos da China. Também não podemos nos apresentar lá. Aliás, não se vê uma apresentação como essa na China.
Produzimos um programa totalmente novo todos os anos
Nossas peças de teatro contam com tecnologia patenteada
Apresentamos dança clássica chinesa em sua forma mais pura
Nossa orquestra é a primeira no mundo a combinar instrumentos clássicos chineses e ocidentais como membros permanentes
Muitos artistas do Shen Yun escaparam da perseguição constante na China.
Como nos tornamos a principal companhia de dança clássica chinesa do mundo?
Começos humildes
Em 2006, um pequeno grupo de artistas chineses de elite se reuniu em Nova York com a missão de reviver a cultura tradicional chinesa e compartilhá-la com o mundo. Eles criaram o Shen Yun. Como forma de arte, escolheram a dança clássica chinesa, tão expressiva que fala uma linguagem universal. Fundaram a Academia Fei Tian de Artes e o Colégio Fei Tian para treinar as gerações futuras e trouxeram coreógrafos e compositores internos.

É aqui, nas colinas ondulantes de Nova York, que o renascimento da cultura chinesa começou.

Contra todas as probabilidades
Muitos artistas do Shen Yun escaparam da perseguição na China, perpetrada por um regime totalitário em guerra com tradições passadas, religião e sua própria história. Entre esses artistas, encontram-se alguns dos melhores dançarinos de formação clássica e músicos premiados do mundo. O que eles construíram com o Shen Yun é considerado pelos críticos como inovador, primorosamente belo e uma demonstração de excelência.
Algumas pessoas podem se perguntar se a história que retratamos no palco é realmente verdadeira. Mas o que retratamos no palco é exatamente o que aconteceu comigo.
— O dançarino do Shen Yun Jiheng Zhao, sobre uma narrativa de dança dos praticantes do Falun Dafa na China hoje.
Desafios que enfrentamos
Mesmo com a atenção internacional que recebemos, o Partido Comunista Chinês não ficou parado. Além de tentar manchar nossa reputação, suas embaixadas e consulados tentaram pressionar teatros ao redor do mundo a cancelar nossos espetáculos, ordenaram que VIPs não comparecessem e tentaram nos impedir de diversas outras maneiras. No fim das contas, o que eles fazem geralmente se resume a propaganda gratuita. Mais sobre a interferência do PCC
Crescimento
Todos os anos, estreamos uma produção inédita e a apresentamos para milhões de pessoas ao redor do mundo. O Shen Yun está nos principais teatros do mundo, desde o Lincoln Center de Nova York e o Kennedy Center de Washington até o Burgtheatre de Viena e a Ópera de Tóquio. Também temos a Orquestra Sinfônica do Shen Yun, que se apresenta anualmente no Carnegie Hall e realiza sua própria turnê, e recentemente lançamos nossa nova plataforma de streaming sob demanda, o Shen Yun Zuo Pin , que oferece aos fãs acesso a conteúdo em vídeo exclusivo.
Hoje, uma sensação global

Ao deixar a apresentação, o público faz seus comentários, e muitos se pegam procurando palavras para descrever sua experiência. É possível ouvir de tudo, desde um alfabeto inteiro de superlativos até "simplesmente indescritível". Dizem que é algo que você precisa ver para crer.

http://media1.shenyun.com/video/2021/SY_Intro%202021_EN_720.mp4


https://www.shenyunperformingarts.org/what-is-shen-yun

quarta-feira, 9 de abril de 2025

Sondagens (ou palermices) no país da manipulação de massas

Pedro Almeida Vieira|

Quando se afirma que uma sondagem foi feita com "rigor científico", geralmente associada a uma reduzida margem de erro, espera-se, no mínimo, que esse rigor não se dissolva ao primeiro olhar sobre a ficha técnica. Mas o que o Público, a RTP e a Antena 1 aceitaram publicar por estes dias — com chancela 'científica' da Universidade Católica, via CESOP — não é uma sondagem: é uma palermice mascarada de estatística.

E pior: é uma palermice perigosa, porque serve para manipular a opinião pública sob o verniz da respeitabilidade académica. Com a bênção silenciosa da ERC, essa entidade reguladora que há muito perdeu a utilidade e hoje apenas funciona como um armazém de pareceres burocráticos, incapaz de defender os cidadãos contra a intoxicação informativa.

Comecemos pelo número mais escandaloso: a taxa de resposta desta suposta sondagem (que, como todas as outras nunca são validadas externamente) foi de 29%. Isto significa, de forma crua, que sete em cada dez pessoas recusaram participar na sondagem. Foram contactadas 4.177 pessoas, mas só 1.206 aceitaram responder. E, ainda assim, esses 1.206 são tratados como se representassem fielmente os mais de nove milhões de eleitores portugueses. Há aqui dois problemas gravíssimos que deviam invalidar qualquer pretensão de fiabilidade desta sondagem:

1. Auto-selecção dos inquiridos: quem responde não é uma amostra aleatória pura, mas sim quem quis responder. Esse grupo tende a ser mais politizado, mais disponível e, muitas vezes, mais alinhado com os meios de comunicação que encomendam a sondagem. Há uma diferença enorme entre uma amostra aleatória de 1.206 pessoas com alta taxa de resposta e uma amostra de 1.206 extraída de um universo onde 71% recusaram participar. A Universidade Católica sabe isso; os directores dos órgãos de comunicação social talvez -mas todos participam na farsa que alimentará notícias, comentários e entrevistas até à próxima fraude.

2. Distância entre método e realidade eleitoral: por mais que os 'produtores' destas 'sondagens' se defendam com "ponderações estatísticas", o facto é que não se pode corrigir um viés de auto-selecção se não se conhece sequer o perfil dos que não responderam. A ilusão de representatividade criada pelas chamadas ponderações é apenas isso: uma ilusão. Ou, se quisermos ser mais justos, um embuste.

Que uma universidade alimente este tipo de práticas já seria, por si só, um motivo de vergonha académica. Que meios de comunicação social com responsabilidades públicas, como a RTP, aceitem difundir os resultados como se fossem uma fotografia fiável do país — isso, sim, é escandaloso. E que a ERC assista e abençoe esta prática de manipulação de massas num regime democrático é uma prova da sua absoluta inutilidade e de uma indigência que mina a democracia. A ERC, que devia zelar pela integridade da informação difundida, transforma-se, com a sua cumplicidade, numa aliada objectiva da pura desinformação.

Aliás, esta não é uma falha isolada. Há muito que os chamados estudos de opinião servem mais para formar percepções do que para retratar realidades. O objectivo não é saber em quem os portugueses tencionam votar, mas sim condicionar o voto dos indecisos com o argumento da viabilidade e da "preferência nacional", construídas em cima de amostras frágeis e enviesadas.

Não basta publicar a margem de erro (aqui 2,8%, como se isso tivesse algum valor real com 71% de não respondentes). A verdadeira margem de erro é outra: a do bom senso que se perdeu.

Estamos perante um caso claro de abuso da credibilidade académica e jornalística para alimentar um ritual estatístico vazio. E, assim, quando o ritual substitui o rigor, a ciência cede o lugar à propaganda.

Se ainda há quem leve estas 'sondagens' a sério, só pode ser porque prefere viver numa realidade fabricada a aceitar a verdade nua: a maioria dos portugueses recusa participar nestes exercícios porque já percebe, por instinto, que são uma fraude. E essa é, por ironia, a única sondagem verdadeiramente representativa: a cada vez menor taxa de respostas em sondagens.

Há-de surgir o dia em que ninguém atenderá um telefone de uma empresa de sondagens – mas, lamentavelmente, serão sempre apresentados 'resultados' com rigor. Nem que se invente. Há gente para tudo, sobretudo quando a numeracia em Portugal ainda é pior do que a literacia.