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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

EFACEC (e a venda aos alemães)

 Actualização de 02-nov-2023

https://eco.sapo.pt/opiniao/e-urgente-uma-comissao-de-inquerito-a-efacec/

Afinal – segundo o artigo que anexo de António Costa (não, não é o ‘poucochinho’, mas sim o ‘publisher’ do ECO) – o total que nos custou a Efacec nos últimos tempos, foi perto de 400 milhões de euros!

Leiam o artigo, leiam.

No entanto há um ponto onde não concordo com o ‘publisher’ do ECO.

 Ele diz que o negócio feito com a Efacec é mais grave que o que foi feito com a TAP.

Ora, demos perto de 400 milhões de euros à Efacec por causa de 2.500 postos de trabalho e 3.200 milhões de euros à TAP por causa de uns 10.000 postos de trabalho.

Conclusão: Os nossos ‘obrigados’ ao ministro da economia porque a Efacec só nos custou – em termos relativos – metade do ‘negócio’ da TAP.

E ficarei surpreendido se a TAP for vendida. Com a opinião pública e os demais partidos políticos alertados, parece não ser possível fazer uma ‘negociata confidencial, qual segredo de estado’, como no tempo do ‘FreePort’a menos que isto ainda esteja mais podre do que já parece!

Acho, pois, que a TAP vai ficar NOSSA! QUE BOM!

A F P

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O NEGÓCIO DO ANOpara o comprador da Efacec

INACREDITÁVEL?!   NÃO.

A ‘negociata’ com a TAPse acontecer – vai ser pior.

Uma imagem com desenho, esboço, ilustração, desenhos de criança

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Eu nem vos digo a língua utilizada…nem o que ele está a dizer!

A F P                               01-11-2023

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Estado injeta mais 160 milhões de euros na Efacec mesmo após a privatização

 

Novos acionistas ficam com 100% da empresa.

 

João Reis Alves

Efacec

FOTO: CMTV

O Governo oficializou esta quarta-feira a venda da Efacec ao fundo de investimento alemão Mutares, mas anunciou que ainda vai colocar mais 160 milhões de euros na empresa, além de libertar uma garantia de 72 milhões de euros relacionada com financiamentos da banca.         

Os novos acionistas ficam com 100% da empresa, onde vão colocar 15 milhões de euros e dar uma garantia de 60 milhões de euros, com a escolha justificada pelo ministro da Economia com o "plano industrial que a Mutares tem para a Efacec".

É urgente uma Comissão de Inquérito à Efacec

02 Nov 2023

·         "Hoje é um dia feliz para a economia portuguesa", afirma, cândidamente, um ministro da Economia que usou 390 milhões de fundos públicos para dar à Efacec.

·         É um dia trágico para os contribuintes.

O ministro da economia, António Costa Silva, prestou-se a um triste papel, o de enganar os portugueses para justificar o injustificável.

O ministro da Economia António Costa Silva anunciou, candidamente, que a “venda” da Efacec ao fundo alemão Mutares foi “um dia feliz para a economia portuguesa”. Tendo em conta que o Estado vai pagar 390 milhões de euros para fazer este negócio, enquanto o privado ‘paga’ 15 milhões (já lá vamos), este é, antes, um dia trágico para os contribuintes e ofensivo para um tecido empresarial português sob pressão que é esquecido, orçamento após orçamento, e que não beneficia dos favores do Governo.

Não há outra forma de o dizer: O negócio da Efacec é um escândalo financeiro, inaceitável, incompreensível, e está quase tudo por explicar. O que sabemos é que o Governo assumiu já perdas de 200 milhões de euros e vai injetar, de várias formas, mais 190 milhões, nomeadamente usando fundos do PRR e o Banco de Fomento. E como reconhecia o secretário de Estado João Nuno Mendes, com a honestidade intelectual que Costa Silva não demonstrou, não é um depósito a prazo. Poderia ter dito que é mesmo um investimento com o mesmo risco das critptomoedas. Mais: Do ponto de vista relativo, este negócio é mais grave, sob todos os aspetos, do que o que foi feito com a injeção de 3.2 mil milhões na TAP.

A Efacec, lamentavelmente, está em perda há anos, receitas a caírem e prejuízos a subirem, não é de agora, nem sequer do momento da nacionalização. Ainda nem se conhecem os resultados dos primeiros seis meses deste ano (e só pode ser por vergonha e falta de transparência). Se fosse a empresa que nos querem ainda hoje vender para justificar este desastre, teriam aparecido muitos interessados para comprar a Efacec no momento em que Isabel dos Santos foi apanhada pelo ‘Luanda Leaks’. Passados estes anos de gestão pública, a Efacec passou a viver da injeção de mais ou menos 10 milhões de euros por mês por parte do Estado, via Parpública, para pagar salários e despesa corrente. O negócio caiu a pique e quem está no mercado sabe que a Efacec já perdeu os melhores quadros.

António Costa Silva prestou-se a um triste papel, o de enganar os portugueses para justificar o injustificável. O que Costa Silva patrocinou foi uma ajuda de Estado, com dinheiro dos contribuintes, a um fundo alemão, para salvar o Governo do ponto de vista político. Não salvou a Efacec, nem a tecnologia portuguesa, salvou o Governo com dinheiro público, deu um bilhete de lotaria ao fundo Mutares. Uma das perguntas a que tem de responder quando for ao Parlamento é mesmo se este negócio tem alguma coisa de parecido com a proposta que foi apresentada pela Mutares na chamada BAFO (Best and Final Offer), a última proposta vinculativa e que tinha como concorrente um consórcio industrial português que se propunha injetar 70 milhões na Efacec. E que acabou por ser a escolhida.

O Estado, obviamente, não vai receber um euro do que está agora a injetar na Efacec, a Mutares vai gerir a empresa de acordo com os seus interesses (e bem), para garantir que vai capturar os quase 400 milhões de fundos dos contribuintes. Vai reestruturar a Efacec, despedir os trabalhadores que não estão nas áreas mais relevantes, integrar no grupo o que valer a pena e definir uma comissão de gestão que vai ser a forma de remuneração encapotada para tirar o dinheiro público para o próprio fundo. O que é que aconteceu com o novobanco e o fundo Lone Star? Ao menos, era um banco, com depositantes e risco sistémico para o sistema bancário.

Este acordo é ofensivo, inaceitável, e deveria estar a justificar uma onda de indignação do setor empresarial português, das associações empresariais, das milhares de empresas que lutam pela conquista de mercado, que não têm acesso a fundos públicos e que mesmo quando têm, o Estado tarda anos a reembolsá-las (lembram-se das notícias recentes do ECO sobre o IAPMEI?). E também dos trabalhadores de empresas em dificuldade que não beneficiam deste subsídio absurdo por trabalhador. Sim, ficaria mais barato ao Estado pagar as indemnizações, acima do que determina a lei, e liquidar a empresa. E seria sobretudo uma decisão moralmente aceitável.

Quando o ministro da Economia argumenta que foi necessário manter a Efacec por causa das empresas fornecedoras — argumento semelhante ao que foi usado na TAP –, nem se dá conta da falácia em que incorre, ou dá, e está a enganar-nos de forma deliberada.

Felizmente, muitos dos fornecedores da Efacec já tinham procurado alternativas, não poderiam viver dependentes de uma empresa em risco de parar a atividade, e se o seu futuro só dependia da salvação da companhia industrial, provavelmente já fariam parte daquele grupo de empresas ‘zombie’ que se arrasta no mercado.

Comparar a Efacec à refinaria da Galp em Matosinhos e a uma decisão estratégica de uma grande empresa portuguesa é, no mínimo, outra ‘preciosidade’.

Sinceramente, o que estão à espera os partidos da oposição para avançarem com uma Comissão Parlamentar de Inquérito à Efacec?

 

Presidência da República custa o dobro da Casa Real espanhola. Regresso ao tema 6 anos depois... mantém-se tudo, para pior.

 O Chefe do Estado Português continua a sair mais caro aos portugueses do que Felipe VI aos espanhóis. Nos últimos anos, a Casa Real espanhola aplicou um programa interno de austeridade que reduziu as suas despesas, enquanto a Presidência portuguesa conseguiu aumentar ainda mais os custos de manutenção. A comparação negativa não se aplica só a Espanha: o nosso Presidente é mais dispendioso para os cofres públicos do que muitos dos monarcas europeus.



Para Portugal ter um Presidente como Chefe do Estado, os contribuintes vão ter de desembolsar quase 16 milhões de euros este ano – mais do dobro dos 7,7 milhões que a Coroa espanhola custa a ‘nuestros vecinos’. Quando o custo é considerado tendo em conta a população ou o PIB, então conclui-se que o Presidente da República Portuguesa se encontra entre os Chefes de Estado mais dispendiosos da Europa, superando inclusive muitas das cabeças coroadas dos países ricos do velho continente.

Esta é uma realidade que já vem a ser abordada, nomeadamente por este jornal, desde o tempo em que Juan Carlos e Cavaco Silva, respectivamente, ocupavam os cargos de Rei de Espanha e Presidente da República Portuguesa. Desde então, a situação só piorou, razão provável para Marcelo Rebelo de Sousa, actual detentor do cargo, ter pedido uma auditoria às despesas da Presidência, conseguindo com isso obter uma poupança de meio milhão de euros.

Ainda assim, o que a Presidência portuguesa ultimamente reduziu em gastos de funcionamento corresponde apenas a metade das poupanças de um milhão de euros que a Coroa espanhola conseguiu em 2016, isto após ter reduzido o seu orçamento de 8,2 milhões em 2012 para 7,7 milhões em 2016. Em 2012, o orçamento da Presidência da República portuguesa era de 15 milhões, em 2016 superou os 16 milhões.

O problema parece residir na “corte” republicana do Presidente, visto que, na verdade, muito pouco desta larga fortuna é gasta na figura do próprio Chefe do Estado. Para todos os efeitos, Marcelo Rebelo de Sousa é dos líderes mais “pobres” da Europa: apenas aufere 6.700 euros mensais, muito menos do que outros estadistas europeus. Até mesmo Alexis Tsipras recebe mais por ano do que o nosso Presidente, que apenas tem um ordenado maior do que o de alguns líderes de países do Leste. O mesmo se passa com o primeiro-ministro de Portugal, que também recebe muito pouco em comparação com outros líderes.

A maior fatia da despesa recai, assim, sobre os gastos de pessoal. A pequena “corte” de 155 funcionários já é uma redução dos 200 que Belém empregava em 2009, mas ainda representa 72 por cento dos gastos da Presidência da República, o equivalente a 11 milhões de euros. Em comparação, na Casa Real espanhola, a rubrica dos funcionários apenas representa 49 por cento das despesas. E a Casa Real britânica, que serve uma população seis vezes maior do que a nossa e cumpre deveres protocolares de Estado incomparáveis com os da Presidência portuguesa, apenas emprega 400 funcionários.

Note-se que, do Orçamento de Belém, também são pagos os gabinetes dos antigos Chefes do Estado, bem como todas as despesas associadas aos mesmos: os ex-Presidentes (actualmente três) também têm direito ao uso de automóvel do Estado com motorista. Cada antigo Presidente custa, em média, 300 mil euros anuais ao erário público. Em comparação, Juan Carlos (que, por razões excepcionais, abdicou do Trono em favor de seu filho, o actual Rei Felipe VI) custa aproximadamente 200 mil euros – embora, pela própria natureza da instituição monárquica, não seja comum haver Reis aposentados.

Mas não é só o Rei de Espanha que é menos dispendioso do que a Presidência portuguesa. As Casas Reais da Dinamarca e Suécia, países consideravelmente mais ricos, somente custam 13 milhões de euros anuais aos seus contribuintes. Outras Casas Reais, como a belga, norueguesa e holandesa, são mais dispendiosas em termos nominais, mas também reinam sobre países consideravelmente mais ricos do que Portugal, tendo a Noruega uma economia com o dobro do valor da nossa, apesar de apenas ter metade da população. A Monarquia, nesses países, continua a reunir elevados níveis de apoio, enquanto a Presidência portuguesa só recentemente tem sido vista com alguma simpatia – não pela instituição em si, mas pela personalidade característica de Marcelo Rebelo de Sousa.

Mesmo em termos republicanos, a nossa Presidência é dispendiosa. O Presidente alemão, Chefe de Estado do país mais rico da Europa, tem apenas um custo de 25 milhões de euros para o contribuinte. O Presidente de França, embora sendo mais dispendioso do que o nosso (é o mais caro dos líderes republicanos europeus), tem responsabilidades executivas (quando dispõe de uma maioria parlamentar) que o Presidente português nunca teve. Mas se contabilizarmos o custo de ambas as Presidências por cidadão, então concluiremos que os 16 milhões de euros da Presidência portuguesa saem mais caros aos 10 milhões de portugueses do que os mais de 100 milhões de euros da Presidência de França saem aos 67 milhões de franceses.

Nunca foi dado aos portugueses a oportunidade de votarem democraticamente sobre se preferem continuar a eleger Presidentes ou se desejam aclamar popularmente (conforme a tradição nacional) o Rei de Portugal. Números como os que atrás referimos mostram que talvez seja o momento de se fazer esse debate.


Orçamento Assustador (2024)

A maratona da discussão e aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano de 2024 começou já há duas semanas, tendo-se realizado o debate parlamentar da discussão e aprovação na generalidade, nas segunda e terças-feiras, dias 30 e 31 de Outubro.
À hora que escrevo esta crónica não sei ainda qual o desfecho da votação. Porém, com um Governo do Partido Socialista, suportado por uma maioria absoluta de deputados (embora conseguida por apenas 41% dos votos), quase todos pouco exigentes senão mesmo acefalamente palmistas – como faz de forma brilhante todos os dias o seu líder parlamentar – fácil será de prever a aprovação na generalidade deste Orçamento.
Curiosamente, a data não poderia ser mais adequada, pois este é mesmo um Orçamento perfeitamente “halloweenesco”. Só não se trata de nenhuma brincadeira carnavalesca, nem tampouco de uma mentirinha inócua que apenas assusta, sem fazer mal. Pelo contrário, este Orçamento “Halloween” para 2024 é absolutamente sinistro e fatal para o país.
Assim, temos um ministro das Finanças que não se apresenta mascarado de Michael Myers, mas, antes, é, ele próprio, uma arrepiante encarnação portuguesa do conhecido vilão. Aqui, “Medina Myers”, numa estranha versão de um sociopata económico. Alguém que desenvolveu de forma fulminante um transtorno de personalidade anti-económico-social muito grave. Que pretende liquidar, irreversivelmente, a economia portuguesa, bem como resgatar não apenas a página – dita virada – da austeridade, como imprimir na acção política do Governo todo um manual com vários capítulos de um severo neo-austeritarismo que vai impor com o beneplácito do mestre do ilusionismo político e primeiro de todos os ministros, António Costa.
Um impiedoso regime austerizante que nem Vítor Gaspar – naqueles aflitivos e obscurantistas momentos em que não havia dinheiro para mandar cantar um cego e nem sequer para pagar salários aos funcionários públicos, em virtude da inesquecível bancarrota “socratina” de 2011 – alguma vez conseguiu idealizar e ponderar pôr em prática...
O diabo



 

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Mozilla: “Até os brinquedos sexuais oferecem melhor proteção de dados do que os carros”

 

Por: SØREN KRAGBALLE

Mozilla: “Até os brinquedos sexuais oferecem melhor proteção de dados do que os carros”




Os carros modernos são os piores infratores quando se trata de transmissão de dados confidenciais e privados.

Os proprietários de automóveis modernos praticamente não têm qualquer controlo sobre os dados pessoais que os fabricantes de automóveis recolhem e potencialmente transmitem a terceiros.

“Os carros são oficialmente a pior categoria de produtos quando se trata de proteção de dados privados”, afirma um novo relatório da Mozilla Foundation, uma organização global sem fins lucrativos.

Todas as 25 marcas de automóveis testadas pela organização não cumpriram os padrões mínimos de proteção de dados da Mozilla. Isso inclui marcas como Ford, Toyota, VW, BMW e Tesla.

Ao longo de vários anos, a Mozilla testou e avaliou vários produtos para o processamento dos dados coletados, e a indústria automotiva oferece a menor proteção de todas, escreve The Verge .

84 por cento das marcas de automóveis testadas partilham os dados pessoais dos utilizadores dos automóveis com outras pessoas. Incluindo empresas que revendem dados, bem como potenciais negócios duvidosos.

76 por cento afirmam mesmo ter o direito de revender dados pessoais e 56 por cento. das marcas estão dispostas a compartilhar as informações do usuário com as autoridades e a polícia, se solicitado.

Assim, a protecção de dados das fábricas de automóveis é pior do que com aplicações que têm a ver com saúde mental e fabricantes de brinquedos sexuais – dois grupos que são notoriamente conhecidos pela fraca protecção de dados.

Como adendo ao relatório, a Mozilla também publicou uma visão geral explicando como as montadoras coletam e compartilham dados dos usuários.

Ele pode incluir tudo, desde o nome, endereço, número de telefone e endereço de e-mail do usuário até dados mais íntimos, como fotos, informações de calendário e até detalhes sobre a raça do motorista, informações genéticas e status de imigração.

A Mozilla afirma que as montadoras não cumpriram os padrões mínimos de segurança da organização para criptografia de dados e proteção antirroubo. 

Na verdade, a Mozilla afirma que os aplicativos de namoro normalmente fornecem informações de segurança de dados mais detalhadas sobre seus produtos do que os carros. 

https://finans.dk/erhverv/ECE16415948/mozilla-selv-sexlegetoej-giver-bedre-databeskyttelse-end-biler/?st=1


Um fracasso em toda a linha

 Em 2016, com muita pompa, Costa prometeu a universalização do pré-escolar até 2020. Em 2023, continuam milhares de crianças sem vaga. Pior: os números revelam que muito pouco se alterou nestes 7 anos.

«As crianças têm de estar todos os dias no centro das nossas preocupações. E a sua educação tem de ser a primeira das nossas prioridades, enquanto famílias e enquanto sociedade. (…) Sabemos que as crianças que frequentam o ensino pré-escolar têm maior sucesso escolar. (…) É por acreditarmos profundamente que o conhecimento é a chave para o nosso futuro, que fixámos como objectivo fundamental generalizar o ensino pré-escolar a todas as crianças a partir dos 3 anos de idade. (…)

Não queremos que ninguém fique para trás. (…) É este o caminho que temos de prosseguir, continuando a formar as diversas gerações, melhorando os mecanismos de transferência do conhecimento para as empresas. E a melhor forma de o fazer é aumentando os empregos de qualidade, que ofereçam confiança no futuro à geração mais qualificada que Portugal já formou, e que nunca mais queremos que seja forçada a emigrar. Queremos e precisamos destes jovens. (…)» Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro António Costa, 2016

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 As promessas na política servem para eleger um candidato, mas servem também para o julgar após a eleição. São compromissos, rumos e ideias de futuro a que se pode aderir, tal como são metas e objectivos fixados cujo cumprimento compete aos cidadãos avaliar, quando a hora chegar. Em Dezembro de 2016, após um ano de improvável geringonça, António Costa escolheu o conhecimento e a educação como prioridades políticas na sua comunicação ao país, proferida a partir de um jardim-de-infância. À beira de se passarem sete anos sobre esta sua mensagem, é oportuno proceder à avaliação, não do que foi dito, mas do que foi feito.

2No arranque deste ano lectivo 2023/2024, existem ainda crianças sem vaga no pré-escolar. Como a idade é um critério de prioridade, o problema coloca-se sobretudo ao nível das crianças de 3 anos de idade. Quantas crianças estão sem vaga? O Ministério da Educação não esclarece — serão vários milhares de crianças. O compromisso do governo de universalizar o acesso ao pré-escolar às crianças a partir dos 3 anos de idade tinha previsto uma implementação gradual e uma meta temporal: até 2019, o final da legislatura do primeiro governo liderado por António Costa, teria de existir resposta prevista para todas as crianças e, em 2020, a universalização seria uma realidade. Três anos após esse prazo, ainda hoje se está longe de poder assegurar vagas para todas as crianças no pré-escolar.

3Alega o governo que, mesmo não tendo alcançado o objectivo, está-se hoje mais perto de o atingir. Infelizmente, os números contam uma história menos optimista. Usando por referência os dados publicados no último relatório estatístico do Conselho Nacional de Educação, a taxa de escolarização (percentagem de crianças em idade de pré-escolar que frequentam o pré-escolar) pouco se alterou nestes anos: era de 90,8% em 2016/2017; foi de 90,4% em 2020/2021. Os dados do CNE são úteis porque estratificam por idade: em 2020/2021, 78,3% das crianças de 3 anos frequentava o pré-escolar, um valor um pouco inferior a 2016/2017, mas idêntico (78,4%) ao de 2011/2012. Mesmo reconhecendo que a pandemia teve um impacto negativo de cerca de 2 pontos percentuais nestes dados de 2021, e que por isso em 2022 os dados serão ligeiramente superiores, a situação global parece estar relativamente estagnada — e longe da prometida universalização do pré-escolar a partir dos 3 anos de idade.

4Se em termos relativos a situação aparenta estar estagnada, em termos absolutos (número de vagas/crianças) os dados são elucidativos do que efectivamente (não) aconteceu. Ao longo dos últimos anos, o governo tem anunciado a abertura de novas vagas em pré-escolar, dando a entender que tem aumentado a capacidade instalada para receber as crianças. No entanto, o número de crianças matriculadas no pré-escolar em 2016 (259.850 crianças) é praticamente idêntico ao de 2022 (259.030 crianças) — dados retirados do Pordata. E, se recuarmos mais no tempo, constatamos que estes números são inferiores aos de anos anteriores: por exemplo, em 2012, o número de crianças no pré-escolar superou os 272 mil. Ou seja, os números revelam uma dupla falha de gestão. Por um lado, a criação de novas vagas na rede pública (menos de 3 mil) não trouxe mais crianças para o pré-escolar (apenas as transferiu da rede privada), visto que o número total de matriculados em 2022 é igual ao de 2016. Por outro lado, nos últimos 10 anos desapareceram vagas na soma das redes pública e privada, uma vez que em 2012 havia resposta no pré-escolar para muitas mais crianças e esta capacidade instalada, caso se tivesse mantido, seria agora eventualmente suficiente para que nenhuma criança ficasse de fora (porque, analisando a demografia, nasceram desde então menos crianças).

5Em 2016, com muita pompa, António Costa prometeu a universalização do acesso ao pré-escolar até 2020. Em 2023, continuam milhares de crianças sem vaga. Pior: os números revelam que muito pouco se alterou nestes 7 anos. O fracasso é em toda a linha. E, assim, o governo falhou todas as suas metas numa política que o próprio definiu como prioritária. Revela incapacidade, pois claro. Mas revela também como as promessas são lançadas à população de forma inconsequente, gerando expectativas em relação às quais não se observa real compromisso político. Aliás, a universalização do pré-escolar a partir dos 3 anos poderia ter sido atingida se existisse vontade política (nomeadamente, em disponibilização de verbas para o efeito). Não haja dúvidas: a educação serve de chavão útil para decorar discursos, mas não ascende a verdadeira prioridade política.

6Recuar à mensagem de Natal do primeiro-ministro em 2016 tem, pois, este interesse de nos introduzir a uma realidade paralela: um país cor-de-rosa, assente em promessas que não se cumpriram e numa visão para Portugal que não se concretizou. Voltar à realidade pode ser doloroso. Perante este fracasso, as famílias que não conseguirem vaga no pré-escolar ficarão perante o dilema de adiar a entrada dos filhos no pré-escolar (penalizando as suas probabilidades de sucesso escolar), ou de pagar (se o conseguirem) a frequência num estabelecimento privado (cerca de 300 euros mensais). Enquanto as intrigas palacianas animam o debate político, a vida real de milhares de famílias em dificuldades continua sem acesso ao prometido pré-escolar e ao primeiro patamar do elevador social.


Observador
Alexandre Homem Cristo

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Os números do comércio da China caíram em julho, de acordo com dados do governo divulgados na terça-feira, um sinal de que a recuperação econômica do país está atrasada, apesar dos esforços das autoridades de Pequim para retomar o crescimento.

 
Os números do comércio da China caíram em julho, de acordo com dados do governo divulgados na terça-feira, um sinal de que a recuperação econômica do país está atrasada, apesar dos esforços das autoridades de Pequim para retomar o crescimento.