segunda-feira, 25 de março de 2019

E SE FOSSEM SUBSTITUÍDOS OS RECLUSOS POR IDOSOS?

 

E SE FOSSEM SUBSTITUÍDOS OS RECLUSOS POR IDOSOS?

UMA IDEIA A EXPLORAR?...


Colocar os nossos idosos nas cadeias, e os delinquentes fechados nas casas dos velhos

 


Desta maneira, os idosos teriam todos os dias acesso a um duche, lazer, passeios.
Não teriam necessidade de fazer comida, fazer compras, lavar a loiça, arrumar a casa, lavar roupa etc.

Teriam medicamentos e assistência médica regular e gratuita.
Estariam permanentemente acompanhados.
Teriam refeições quentes, e a horas.
Não teriam que pagar renda pelo seu alojamento.

Teriam direito a vigilância permanente por vídeo, pelo que receberiam assistência imediata em caso de acidente ou emergência, totalmente gratuita.
As suas camas seriam mudadas duas vezes por semana, e a roupa lavada e passada com regularidade.

Um guarda visitá-los-ia a cada 20 minutos e levar-lhes-ia o correio directamente em mão.
Teriam um local para receberem a família ou outras visitas.
Teriam acesso a uma biblioteca, sala de exercícios e terapia física/espiritual.
Seriam encorajados a arranjar terapias ocupacionais adequadas, com formador instalações e equipamento gratuitos.

Ser-lhes-ia fornecido gratuitamente roupa e produtos de higiene pessoal.
Teriam assistência jurídica gratuita.
Viveriam numa habitação privada e segura, com um pátio
para convívio e exercícios.
Acesso a leitura, computador, televisão, rádio e chamadas telefónicas na rede fixa.

Teriam um secretariado de apoio, e ainda Psicólogos, Assistentes Sociais, Políticos, Televisões, Amnistia Internacional, etc., disponíveis para escutarem as suas queixas.
O secretariado e os guardas seriam obrigados a respeitar um rigoroso código de conduta, sob pena de serem duramente penalizados.

Ser-lhes-iam reconhecidos todos os direitos humanos internacionalmente convencionados e subscritos por Portugal.

 



Por outro lado, nas casas dos idosos:

Os delinquentes viveriam com € 200 numa pequena habitação com obras feitas há mais de 50 anos.
Teriam que confeccionar a sua comida e comê-la muitas vezes fria e fora de horas.
Teriam que tratar da sua roupa.
Viveriam sós e sem vigilância.

Esquecer-se-iam de comer e de tomar os medicamentos e não teriam ninguém que os ajudasse.
De vez em quando seriam vigarizados, assaltados ou até violados.
Se morressem, poderiam ficar anos, até alguém os encontrar.

As instituições e os políticos não lhes ligariam qualquer importância.
Morreriam após anos à espera de uma consulta médica ou de uma operação cirúrgica.

Não teriam ninguém a quem se queixar.
Tomariam um banho de 15 em 15 dias, sujeitando-se a não haver água quente ou a caírem na banheira velha,
Passariam frio no Inverno porque a pensão de € 200 não chegaria para o aquecimento.

O entretenimento diário consistiria em ver telenovelas, a Fátima, o Goucha, a Júlia Pinheiro e afins na televisão.


Digam lá se desta forma não haveria mais justiça para todos? E os contribuintes agradeceriam!

FAÇAM CIRCULAR, se assim o entenderem.



Sem vírus. www.avast.com

sábado, 23 de março de 2019

Factorbankpt

O Banco de Portugal (BdP) alertou ontem para uma nova entidade que actua sob a designação comercial Factorbankpt”, que não está habilitada a exercer em Portugal qualquer actividade financeira, nomeadamente a concessão, intermediação e consultoria de crédito. Desde o início do ano o regulador já fez cinco alertas com o mesmo objectivo, que podem ser consultadas no seu site. O BdP pretende evitar que os particulares, aliciados com a promessa de empréstimos rápidos, resposta súbita e sem burocracias, recorram a estas entidades e sejam vítimas de uma actividade que se tem revelado “extremamente lesiva” dos seus interesses.

sexta-feira, 22 de março de 2019

A construção do nada


Fingir que a União Europeia é democrática, com aquele patético Parlamento e estas eleições, ou é inútil, ou é prejudicial.

Nos tempos modernos, a construção do Estado é a primeira realidade deste tipo: organização deliberada de um aparelho institucional capaz de enquadrar populações e culturas, dinastias ou comunidades.

Sítios houve em que se construiu o império. Os condimentos e os métodos eram simples. Uma ideia, uma doutrina, objectivos e valores. O monarca ou o Estado central e os seus exércitos eram os obreiros da construção. O método era sobretudo o da força. Os valores eram os da grandeza dos que mandavam.

Já houve tempos em que se construía a democracia. Ou a República. Foram processos morosos, duraram séculos, com dificuldades, avanços e recuos. Havia princípios, valores, doutrinas e objectivos. Nem sempre claros, raras vezes bem definidos, muitas vezes difusos e geralmente próprios de elites políticas. Mas a construção avançava. E os povos, identificando-se com os ideais, iam aderindo. E sabia-se ao que se vinha. Os protagonistas eram os povos. Os métodos incluíam a democracia, os parlamentos e o voto. Os exemplos, bem diferentes uns dos outros, podem ser os da Grã-Bretanha, dos Estados Unidos da América e da França.

Depois, começou a construir-se o socialismo. A sociedade sem classes. O comunismo. A força dos valores era enorme, a ponto de permitir que se recrutassem, para a luta, milhares e milhões de pessoas. Fizeram-se revoluções. Na mente dos povos, estava mais o melhoramento das condições de vida, mas nos espíritos dos militantes, as ideias, os sonhos e os objectivos estavam bem presentes. Da democracia avançada passar-se-ia à construção do socialismo, terminada esta seguir-se-ia a construção do comunismo, este sim objectivo último e definitivo, a sociedade sem classes. O agente desta construção era o partido da vanguarda, em nome da classe proletária. O método era o da ditadura do proletariado. Os melhores exemplos são os da União Soviética e da China.

Hoje, constrói-se nada! Isto é, a Europa! A Europa é uma abstração. Depois de umas décadas em que teve sentido e significado, desde a paz à defesa da liberdade e da democracia ao desenvolvimento, tem cada vez menos doutrina e ideia. E muito menos identificação popular. Hoje, a Europa faz-se porque se faz. Continua porque é. Para seu êxito, a Europa necessita de varrer a história e a geografia. Hoje tenta-se apagar a ideia de que a democracia tem uma geografia, as liberdades individuais têm uma história. Os meus direitos, o meu voto, a minha liberdade e a minha parte na decisão colectiva exercem-se numa comunidade, num local, numa área com limites e história. Podem ser fronteiras físicas, culturais ou lendárias. Mas só há direitos se houver geografia. Até porque quero saber onde vou protestar, onde vou exigir que respeitem os meus direitos, onde vou reclamar que a minha liberdade seja protegida. Se não há identidade nem geografia, a quem me dirijo? Ao mundo? Às Nações Unidas? Às Igrejas universais?

Construir a Europa, tal como se está fazendo, significa construir nada, construir uma abstração de gestão e regulamentos, uma terra de ninguém, um não-país e uma não-sociedade. Sem geografia e sem identidade, as sociedades e os regimes políticos caminham para o totalitarismo burocrático e despótico, onde todos poderão ser iguais, mas ninguém tem personalidade. Onde ninguém é responsável, porque a responsabilidade exige nome.

A ideia Europa (isto é, uma das ideias Europa) é ainda uma das hipóteses mais interessantes do planeta. Mas, como todas as grandes ideias, é suscetível de degradação e perversão. A actual União, na sua forma presente, desde Maastricht e de Nice, com o acrescento do Tratado Constitucional e da Estratégia de Lisboa, corresponde a esse aviltamento.

A criação de uma entidade não democrática faz parte dessa corrupção política. A União não é democrática por impossibilidade. Não é. Não pode ser. Nem deve ser. Democráticos são os Estados, as sociedades e os Parlamentos. Assim como as instituições nacionais, regionais e locais. Fingir que a União é democrática, com aquele patético Parlamento e estas eleições, ou é inútil, ou é prejudicial, pois corrói as instituições nacionais democráticas e cria uma ideia falsa, um biombo de ilusões.

Da União sem comunidade nem cidadãos poderá resultar uma Europa despótica, feita de androides maravilhosamente iguais. Ou então, terá como consequência a reacção de populismos irracionais e nacionalistas. Ambos serão capazes de demolir a União e destruir a liberdade.

Democráticos, na Europa, podem ser os Estados e os Parlamentos nacionais. O Parlamento Europeu serviu sobretudo para extinguir os Parlamentos nacionais e outras instituições. Ora, a democracia exige identidade e reconhecimento. Exige geografia e comunidade. De modo a que eu seja capaz de fazer valer os meus direitos como homem concreto, não apenas como ser humano abstracto.

Se a União continua o seu caminho, com o que sabemos hoje, os destinos poderão ser dois ou três. Primeiro: avivar a pulsão nacional, excitar todos os populismos identitários e despertar os reflexos condicionados nacionalistas. Poderá ser um fim com ruptura e desordem. Segundo: chegar a um beco sem saída, provocar a sua lenta destruição e estimular os sucessivos abandonos, o que significa o definhamento. Um término tristonho, o fim do prazo de validade. Terceiro: obrigar a repensar e exigir a refundação. Esta terceira hipótese poderá salvar a Europa, estimular a economia e dar novo sentido à democracia. Mas é sabido que são enormes as dificuldades em repensar, reformar e reorganizar o que quer que seja. Em geral, os dilemas fatais têm mais sorte: ou tudo ou nada, ou continuar ou morrer! Ora, morte é mesmo o grande perigo diante da União.

Repensar significaria dar nova vida às instituições nacionais, a começar pelos parlamentos. Implicaria retirar à União grande número das suas competências furtivamente transferidas nos últimos anos para entidades longínquas, a fazer pensar nos conselhos e nas comissões das utopias de ficção científica, a começar pelo Senado Galáctico do Star Wars. Exigiria afastar do horizonte constitucional europeu qualquer ideia de federação, de super Estado, de super governo ou de Estados Unidos da Europa. Obrigaria a trazer para os Estados nacionais as suas competências sociais, económicas, políticas, judiciais e culturais, privilegiando todos os caminhos da coordenação voluntária e da articulação de políticas entre Estados. Forçaria a Europa a adoptar regras de comportamento que consagrassem a flexibilidade, a diversidade cultural e a subsidiariedade, isto é, o princípio de que tudo deve ser decidido ao mais baixo nível possível, ou seja, mais próximo das instituições locais.


António Barreto

Público, 17.03.2019

www.publico.pt/2019/03/17/opiniao/opiniao/construcao-nada-1865578

quarta-feira, 20 de março de 2019

As fábricas de farinha de peixe chinesas deixam os pescadores da Gâmbia confusos.

Cientistas e activistas alertam que as fábricas em vilas costeiras estão causando estragos ambientais e económicos.







Antes da chegada das fábricas de farinha de peixe à Gâmbia, Musa Duboe pescava pargo e barracuda para serem vendidos no mercado local. Mas sua receita começou a diminuir devido ao esgotamento dos estoques.

Então, em 2016, a fábrica de farinha de peixe de propriedade chinesa Golden Lead começou a operar na cidade costeira de Gunjur, aumentando a demanda por peixes para exportação para a aquicultura no exterior.

“Agora o trabalho está crescendo novamente, já que podemos vender nossas capturas tanto para a fábrica quanto para os locais”, explica Duboe, 33, aproveitando uma rara mancha de sombra entre as canoas pintadas à mão usadas pelos pescadores artesanais.

“Nossa rede captura todos os tipos de peixes. Às vezes, atendemos a demanda com apenas uma pescaria - outras vezes, precisamos de cinco pescarias, com uma pescaria de até 400 tigelas. Meu trabalho é muito mais lucrativo e posso sustentar totalmente minha família, porque a fábrica compra mais peixe do que eu poderia vender anteriormente no mercado local. ”

Embora Duboe e outros pescadores que fornecem predominantemente as plantas de farinha de peixe possam estar desfrutando de ganhos de curto prazo, a previsão para a indústria pesqueira de Gâmbia e a comunidade que atende é menos otimista.

Embora Duboe e outros pescadores que fornecem predominantemente as plantas de farinha de peixe possam estar desfrutando de ganhos de curto prazo, a previsão para a indústria pesqueira de Gâmbia e a comunidade que atende é menos otimista.

Os interesses comerciais no exterior e os preços globais atraentes para a farinha de peixe estão impulsionando a demanda por espécies como a sardinela e, como resultado, estão tirando uma fonte crucial de proteína dos pratos dos gambianos mais pobres, deixando grande parte da comunidade sem trabalho.

O negócio de farinha de peixe está causando estragos no meio ambiente, no emprego local, na segurança alimentar e na economia do turismo, alertaram cientistas, ativistas gambianos e habitantes locais.

Na linha de frente dessas perdas estão as processadoras locais de peixes que compram dos pescadores artesanais e fumam o peixe ou vendem fresco no mercado local. Também abastecem uma rede de terceiros que transportam o pescado da costa para os mercados do interior ou para exportação para países como o Mali ou a Costa do Marfim.

Mas com as fábricas levando a maior parte das capturas, o comércio despencou para essas mulheres e outras pessoas que trabalham na cadeia de abastecimento.

Matilda Jobe é uma vendedora de peixe de 29 anos que trabalha na praia de Gunjur, um dos maiores locais de desembarque de peixes ao longo da costa atlântica de 80 km da Gâmbia.

Jobe, uma viúva e mãe solteira, tem lutado para alimentar seus filhos desde o lançamento do Golden Lead. Com a demanda elevando os preços, o pescado está muito caro, ou se as capturas forem pequenas, as fábricas de farinha de peixe terão prioridade.

“Às vezes vamos de mãos vazias, mas continuamos lutando por nossos filhos”, diz ela. “Meu marido morreu há alguns anos e eu preciso cuidar deles. Eles precisam de uma boa educação para que possam se sair melhor do que nós. ”

Os habitantes locais que antes gostavam de peixe como parte de sua dieta diária agora estão lutando para comprá-lo. Vastas quantidades de peixes pequenos desviados do mercado para consumo humano estão, em vez disso, sendo processados ​​para alimentar animais e peixes de criação.

A farinha de peixe constitui cerca de 68% da ração usada para peixes de viveiro, com 5kg de peixe fresco necessários para fazer 1kg de farinha de peixe, de acordo com a Coalition for Fair Fisheries Arrangements .

Golden Lead é uma das três fábricas de farinha de peixe de propriedade chinesa atualmente operando fora da Gâmbia. Duas outras - a fábrica JXYG em Kartong e a empresa de farinha de peixe Nassim em Sanyang - reabriram nos últimos meses após fechamentos temporários após reclamações sobre seus métodos de descarte de resíduos.

Membros da comunidade relataram ao Ministério das Pescas em maio do ano passado que a indústria do turismo ecológico em Kartong estava sob ameaça devido ao despejo de lixo tóxico. A fábrica da JXYG, que nega despejar resíduos em Kartong, foi solicitada a encerrar as operações pela Agência Nacional do Meio Ambiente, mas fontes locais dizem que recebeu luz verde para continuar a produção após um acordo extrajudicial.

Os proprietários das fábricas prometeram trazer empregos para a Gâmbia, mas como o processamento de peixe para farinha de peixe é uma operação simples - o peixe é fervido e picado antes de ser seco - a fábrica média não emprega mais de 30 pessoas.

Dawda Saine, bióloga marinha e chefe da Agência de Desenvolvimento da Pesca Artesanal da Gâmbia, afirma: “É muito difícil obter qualquer informação das fábricas sobre a quantidade de peixe que estão usando ou a farinha de peixe que produzem. Eles não estão fornecendo nenhum dado ”.

Um trabalhador que atende a fábrica em Kartong diz que a fábrica processa uma capacidade máxima de 500 toneladas de peixe fresco por dia. Falando anonimamente, ele diz: “Meu trabalho é polvilhar o restante do peixe que não pode ser processado pela máquina”.

Ele trabalha na fábrica desde que foi inaugurada em 2017 e ganha cerca de 3.000 dalasi gambianos (£ 45) por mês, mas nunca assinou um contrato. Há sete trabalhadores chineses realizando trabalhos qualificados na fábrica, enquanto os trabalhadores locais são empregados como seguranças e transportadores de peixes, explicou ele.

Especialistas alertam que a produção de farinha de peixe não só está enfraquecendo a segurança alimentar no noroeste da África, mas também contribui para as pressões existentes de sobrepesca na região.

Uma nova pesquisa mostra que os estoques de sardinela redonda, uma espécie que migra ao longo da costa atlântica entre a Gâmbia e o Marrocos, despencaram devido à sobrepesca.

“A principal causa desse esforço maior é o desenvolvimento de uma indústria de farinha de peixe na região”, explica Ad Corten, biólogo marinho que criou o grupo de trabalho da Organização para Alimentos e Agricultura sobre pequenos peixes pelágicos no noroeste da África.

Às vezes, os desembarques são tão grandes que nem mesmo as fábricas de farinha de peixe conseguem suportá-los e, como resultado, quantidades consideráveis ​​de peixes podem ser despejadas no mar ou em terra.

Imagens enviadas ao YouTube mostram pescadores gambianos da cidade de Tanji protestando contra o descarte de sardinela recusado por uma das fábricas chinesas.

Moradores relataram que pescadores senegaleses estavam tentando pescar em uma fábrica de farinha de peixe na Gâmbia, mas a carga foi rejeitada. Em vez disso, os frutos de seu trabalho foram deixados para apodrecer. Às vezes são descartados no mar, mas nesta ocasião foram enviados para a fábrica de caminhão e, depois de rejeitados, foram abandonados no mato.

“Estamos vendo peixes mortos serem jogados de volta ao mar, causando poluição ambiental maciça”, disse Sulayman Bojang, um pequeno empresário e ativista local do Movimento Juvenil Gunjur.

“As praias que antes eram queridas pelos turistas estão cobertas de carcaças fedorentas de peixes. A água tóxica chega à agricultura local e as colheitas vão para o lixo. Queremos acabar com a exploração nas mãos das fábricas de farinha de peixe; mas sendo a Gâmbia um dos países mais pobres do mundo, não temos chance contra as corporações chinesas. ”

Aqueles que se manifestam contra as fábricas chinesas dizem que correm o risco de ser intimidados ou perseguidos pelas autoridades, e Bojang está entre os vários manifestantes que foram presos.

Environment Concern Group Gunjur tem coletado evidências de poluição ambiental.

Em 2017, grupos ambientais entraram em contato com a autoridade local para reclamar que os caminhões que estavam sendo rejeitados da fábrica estavam despejando peixes, com carcaças apodrecendo espalhadas pela estrada, praias e mato.

Eles também documentaram que os trabalhadores manuais pagos para coletar os peixes quando eles desembarcam e os levam para a fábrica reclamam de irritações na pele e nos olhos - e as crianças locais estão sofrendo de tosse e infecções no peito.

Depois que os resíduos foram despejados em uma lagoa local, tornando a água vermelha - e com pássaros e caranguejos mortos encontrados no local - a Agência Nacional do Meio Ambiente entrou com uma ação contra o Golden Lead. Mas em julho de 2017, um acordo extrajudicial foi feito.

Ahmed Manjang é um microbiologista gambiano residente na Arábia Saudita, mas faz visitas regulares a sua casa para trabalhar com ativistas locais em Gunjur. De acordo com Manjang, o ministro do Comércio da época havia alertado que processar a fábrica poderia impedir o potencial investimento estrangeiro na área.

Insatisfeita com o acordo que a empresa havia feito como parte do acordo, a comunidade entrou com uma ação judicial no dia 17 de agosto de 2017 , mas houve apenas uma audiência do processo, que permanece suspensa.

Enquanto isso, os relatos anedóticos de vida marinha morta têm aumentado. “Recentemente, vimos um aumento no número de tartarugas mortas que surgiram em nossas praias e golfinhos mortos avistados flutuando no mar”, diz Manjang.

Em 21 de novembro, um filhote de baleia foi encontrado morto na praia em frente à fábrica.

Manjang diz: “Cientificamente, não podemos vincular as mortes de vida marinha à fábrica, mas esses são fenómenos incomuns e achamos que a culpa é da poluição”.

O efeito sobre o turismo também foi devastador, diz ele. “Investimos bastante em turismo ecológico em torno de Kartong, mas as pessoas não querem ficar lá por causa do mau cheiro. Essas empresas estão envolvidas no processo ”.

Apesar de uma proibição temporária imposta à empresa local de farinha de peixe Nassim, as operações foram retomadas recentemente, em face da forte oposição daqueles que trabalham na indústria do turismo. Entre eles estão donos de restaurantes locais que afirmam que os clientes deixam a comida na mesa quando a fábrica funciona, devido ao fedor.

O governo está protegendo as fábricas, diz Manjang, pesquisador sênior do King Fahad Medical Center, em Riade.

“Ela teme que, se começarmos a processar os chineses, eles retirem o investimento do país. Eles já injetam muito dinheiro em eventos culturais locais na comunidade ”.

Ele acrescenta: “As fábricas estão acabando com o negócio de processamento das mulheres e elas não podem pagar as taxas escolares de seus filhos. Não estamos aqui para estragar oportunidades. Precisamos educar as pessoas e lutar contra o que a longo prazo afetará a todos ”.

A fábrica da JXYG em Kartong, que emprega 35 pessoas, negou operar de forma que prejudicasse a comunidade pesqueira local e causasse poluição na área.

Ela disse que tinha uma nova planta para tratar os resíduos e que não houve reclamações desde sua reabertura, após um fechamento temporário de quatro meses. Segundo a agência, os resíduos tratados serão bombeados de volta ao mar por meio de novas tubulações que ainda não foram instaladas.

O Guardian contactou o governo gambiano para um comentário, incluindo o Ministério das Pescas e o Ministério do Comércio, mas não obteve resposta. O gerente da fábrica da Nassim Fishmeal Company em Sanyang não quis comentar.

Golden Lead nega competir com os vendedores de peixe locais e diz que tem uma abordagem de tolerância zero à poluição. Jojo Huang, o diretor da fábrica de farinha de peixe, afirmou anteriormente que a fábrica não é de forma alguma responsável pelo despejo de peixes na área local. Ela disse que a fábrica não bombeia produtos químicos para o mar e segue as orientações da Agência Nacional do Meio Ambiente sobre o gerenciamento de resíduos.

Relatórios adicionais: Mustapha Manneh

https://www.theguardian.com/global-development/2019/mar/20/chinese-fishmeal-plants-leave-fishermen-gambia-all-at-sea

terça-feira, 19 de março de 2019

Carta de Egas Moniz a D.Afonso Henriques


Meu querido Afonso,

Ou Afonsinho, como eu te chamava no tempo em que te educava junto às margens do rio Douro, quando foi do milagre. Eras tão pequenino e enfezadinho.

Afonsinho, em que estavas a pensar quando mais tarde te zangaste com o teu Tio e fundaste Portugal?

Olha só no que deu essa tua travessura:

· No exame final de 12º ano, és apanhado a copiar, chumbas o ano; o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa, mandou por fax e é engenheiro.

· Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto, mas não pode pôr um "piercing" (um prego nas trombas, mas em inglês diz-se assim)

· Um jovem de 18 anos recebe 200 € do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 € depois de toda uma vida do trabalho.

· Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco. O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.

· Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2.000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias.

· Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa é das causas sociais.

· O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Fórum Montijo, o WC da Pizza Hut fica a 100mts e não tem local para lavar as mãos.

· O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos).

· Nas prisões, são distribuídas gratuitamente seringas por causa do HIV, mas é proibido consumir droga nas prisões!

· Um jovem de 14 anos mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal. Um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica!

· A uma família a quem a casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra, o estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme pode. 6 presos que mataram e violaram idosos vivem numa cela de 4 e sem wc privado, não estão a viver condignamente e aí aassociação de direitos humanos faz queixa ao tribunal europeu.

· A militares que combateram em África a mando do governo da época na defesa do território nacional não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, mas o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa das Pátrias DO KOSOVO, AFEGANISTÃO E IRAQUE, não da Pátria que fundaste.

· Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem; não pagas às finanças a tempo e horas, passado um dia, já estás a pagar juros.

· Fechas a janela da tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal. Constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.

· Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões a trabalhar contigo num ofício respeitável, é exploração de trabalho infantil. Se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe!

· Numa farmácia pagas 0.50€ por uma seringa que se usa para dar um medicamento a uma criança. Se fosses drogado, não pagavas nada!

· Afonsinho, de novo te pergunto e por favor responde-me: em que estavas a pensar quando fundaste Portugal? Carago, foi uma diarreia mental que tiveste, confessa lá que foi. Agora todos estão desiludidos. Já te falarei um dia na corrupção. O Gonçalo Mendes da Maia que tu tanto criticavas por querer tudo, era um ingénuo, não era nada ao lado desta gangada, nossos descendentes.

Se vires a senhora tua Mãe, dá-lhe recados.

Um beijo do teu servidor sempre fiel,

Egas Moniz

segunda-feira, 18 de março de 2019

O medo do Montepio e dos devedores do Novo Banco

Na última semana ficámos a saber que a Associação Mutualista Montepio Geral consegue obrigar o Governo a mudar leis. E que não se enfrentam devedores do Novo Banco por medo.

Muita coisa pode ter mudado na supervisão dos bancos. Regras mais apertadas, maiores exigências de capital, uma actuação mais baseada em regras e menos influenciada pela rede de amigos porque feita a partir Frankfurt. A margem de manobra para se fazerem asneiras neste momento reduziu-se. Só uma cosia não parece ter mudado: a protecção de antigos devedores e responsáveis, com um poder difícil de compreender. Uma revelação implícita no que disseram os dois membros da Comissão de Acompanhamento feita na semana passada. Uma semana em que também se soube que no Montepio Associação Mutualista as leis, as regras e os governos são para desprezar.

Comecemos por este último tema. Por motivos insondáveis, assistimos à incapacidade ou falta de vontade do Governo de avaliar a idoneidade de António Tomás Correia para se manter à frente dos destinos do Montepio Geral Associação Mutualista. De tal maneira que fez uma clarificação da lei à pressa, rapidamente promulgada pelo Presidente da República, para atirar a batata quente para a Autoridade de Seguros e Fundo de Pensões (ASF).

Não deixa de ser interessante ver o Governo, que tantas vezes se imiscui nas competências das autoridades de regulação e supervisão atirar para cima do supervisor uma competência que, sem a lei “clarificada”, seria sua: a de avaliar se António Tomás Correia tem condições para se manter à frente da maior associação mutualista do país. Como pode ser revelador também o facto de ter sido mais fácil tirar Ricardo Salgado, conhecido como o Dono Disto Tudo, do BES do que retirar Tomás Correia da associação mutualista do Montepio.

O centro do poder percebe-se em parte pelo que disse o Padre Vítor Melícias e foi reportado pelo Observador. “Não é um secretariozeco ou um qualquer ministro que vai afastar uns órgãos sociais democraticamente eleitos”, disse o Padre Vítor Melícias, conforme se pode ler aqui no Observador num relato do Conselho Geral da associação que decorreu na terça-feira dia 12 de Março.

O Governo não se sentiu insultado por isso, nem nenhum outro órgão democraticamente eleito, permitindo-se que os órgãos sociais de associações possam dizer e actuar como se tivessem maior legitimidade democrática e autoridade do que os governos e o parlamento. Mais: o Governo assim insultado resolveu rapidamente retirar de cima de si a competência de supervisão que lhe dava poder para demitir Tomás Correia e entregá-la ao supervisor dos seguros. O Padre Vítor Melícias poderá agora substituir “secretariozeco” e “ministro” por “supervisorzeco” e dizer a mesma coisa. Nessa altura não estranharemos se virmos o Governo a colocar-se contra o supervisor.

A tudo isto assistimos como se fosse normal. Há de facto poderes que a razão desconhece. Mas este não é único. Há outros.

A equipa da Comissão de avaliação dos ativos problemáticos do Novo Banco foi ouvida no Parlamento. O seu presidente José Rodrigues Jesus não podia ter sido mais frontal nem podia ter fornecido mais dados aos deputados para resolverem o problema, se é que o querem resolver. Disse José Rodrigues Jesus que é preciso “muita coragem” para resolver casos de crédito malparado no Novo Banco que “são muito maus”. E é preciso “coragem” por causa dos “nomes de estimação” que são os que “aparecem nos jornais”. E que estão presentes no famoso trio: CGD, BES/Novo Banco e BCP

Na prática estamos a falar de empresas e nomes que datam do tempo da troika e estão mais do que identificados. Um dos primeiros retratos foi concluído em Janeiro de 2014 no ETRICC (Exercício transversal de revisão das imparidades dos créditos concedidos a certos grupos económicos que foi publicado pela primeira vez no livro que escrevi “A vida e a morte dos nossos bancos” )

Só para identificar os grandes montantes, estamos a falar da Promovalor de Luís Filipe Vieira do Benfica que em Janeiro de 2014 era responsável pela segunda maior dívida de grandes grupos ao BES – a primeira era o próprio grupo Espírito Santo. O Novo Banco reestruturou essa dívida há um ano vendendo activos à Capital Criativo de Nuno Gaioso Ribeiro.

Mas estamos também a falar da dívida de Joe Berardo, distribuída pelos três bancos, e que ascende no seu conjunto a quase mil milhões de euros e que ninguém manifesta vontade de resolver a sério – nem que seja ficando com a colecção Berardo e outros bens, como a quinta da Bacalhoa e os imóveis que se dá ao luxo de exibir.

O que é mais preocupante nas declarações da Comissão de avaliação dos ativos problemáticos do Novo Banco é perceber que mesmo depois de já se ter decidido injectar quase dois mil milhões de euros no Novo Banco, depois da sua venda à Lone Star, há devedores que continuam intocáveis.

É preciso dizer que esses devedores, que podem continuar a dever sem pagar e que podem continuar a ter o mesmo reconhecimento social, estão a beneficiar de dinheiro que é de todos nós. É preciso dizer que é incompreensível que o Governo revele ter medo de demitir o presidente de uma associação mutualista. Há casos que nunca se resolverão na banca com este medo de enfrentar os responsáveis pelos seus problemas. Por muito que a União Bancária torne a banca mais segura.

Helena Garrido – Observador

Veja quem andou a ‘bisbilhotar’ a sua conta de Facebook

Por esta altura já deve ser um utilizador do Facebook há alguns anos. Mas será que já sabe tudo sobre a rede social?


Ainda se lembra do tempo em que se juntou ao Facebook?

Provavelmente na altura havia menos funcionalidades, a plataforma resumia-se a publicar umas fotos e a distribuir alguns likes… mas esses tempos já lá vão. O Facebook evoluiu de tal forma que se transformou numa das mais completas plataformas sociais de que há memória. E isso ajuda a perceber por que razão mais de 2,2 mil milhões de pessoas em todo o mundo fazem questão de participar nesta rede social.

Mas há sempre algo novo para descobrir. Desta vez damos-lhe a conhecer cinco segredos do Facebook que vai querer conhecer – uns por serem mais práticos, outros por mera curiosidade.


Saber quem andou a ‘bisbilhotar’ a sua conta

Há uma forma simples de saber se alguém tem acesso à sua conta de Facebook. Basta ir às «Definições», escolher o separador «Segurança e Início de Sessão» e depois escolher a opção «Onde tens sessão iniciada». Aí é possível ver onde é que o seu perfil de Facebook tem sessões iniciadas, qual a tipologia do dispositivo e o último acesso feito.


Definir um contacto em caso de morte

Esta funcionalidade funciona como um ‘testamento digital’, na qual o utilizador escolhe uma pessoa que fica responsável pelo perfil em caso de morte. Se quiser ativar esta opção basta ir às «Definições», selecionar o primeiro separador de todos, o «Geral», clicar em editar no separador «Gerir conta» e depois escolher o contacto de legado.


Saber todos os pedidos de amizade que enviou

É muito simples: na página inicial do Facebook deve carregar na opção «Encontrar amigos» que está na parte superior direita. Na página seguinte vai encontrar um pequeno link com o nome «Ver Pedidos Enviados». É só clicar e fazer uma viagem no tempo.


Abrir a caixa de mensagens ‘secretas’

É provável que tenha algumas mensagens por ler no Facebook e de pessoas que não conhece. O sistema de filtragem da rede social faz com que algumas mensagens sejam encaminhadas para uma caixa secundária. Quando carrega no ícone do Messenger, escolha o separador «Pedidos de mensagem» e surpreenda-se com o que lá vai encontrar.


Guardar para ver mais tarde

Está a dar uma espreitadela rápida no Facebook, mas não tem tempo para ler aquela notícia ou ver aquele vídeo que lhe despertou a atenção? Então guarde para depois. Basta carregar nos três pontos que surgem do lado direito da publicação e escolher «Guardar publicação/ligação/vídeo».