terça-feira, 14 de julho de 2020

“Marroquinos” que, só por um acaso, não falam francês…

Em 16 de Junho de 2020. Os 22 migrantes, que alegam ser de origem marroquina,

Tenho de rectificar um comentário que fiz.Disse achar estranho uma embarcação costeira, atrever-se em alto-mar, no Atlântico, com um motor de 50 CV.

Depois de analisar as imagens, constatei que:A embarcação é de pesca costeira, em madeira, pesa mais de 1 tonelada (1000kg).

Não é de alto-mar.

Depois, disse (presumi) que tinha atravessado o Estreito de Gibraltar.

Falso.

Agora sei que partiu da costa Atlântica de Marrocos.

Agora, vamos fazer contas.

Ora só o casco pesa no mínimo 1000kg, agora temos 22 manfias, como passageiros (vamos calcular cerca de 70kg, cada um), temos mais 1600kg. Acrescentar o peso do motor, o combustível e outros, vamos apontar 600 kg. Já vamos em 3200kg.

Agora expliquem lá, como é que um motor de 18 CV (e não 50CV), faz cerca de 300km, (isto em linha recta) em alto mar, sem terra à vista, sem mapas, sem bússola, sem GPS, sem nenhum sistema de orientação?

Expliquem-me também, como estes “marroquinos”, não sabem uma palavra de Francês?

Não têm documentos (deve ser efeito da guerra em Marrocos), mas têm telemóveis e sapatos da Nike.

Se isto não é, mais um caso de invasão do Espaço Shengem, não sei que dizer.

Muito mal a actuação da Marinha Portuguesa, das Forças da Nato, da Policia Marítima e da Defesa Nacional.

Teve de ser um pescador a “acordar” as Autoridades e dar o alerta.

Pelo jeito, estavam todos a dormir no quartel e ninguém se dignou, olhar para o radar.

É mais que evidente, que esta embarcação, veio a reboque de outra e que foram largados a poucas milhas da costa.

Quem foi?

Mistério!

Não se sabe.

Pudera, os gajos que deviam estar a olhar para o radar, estavam a dormir.

Depois do alerta, pânico geral no quartel.

Intercepção no mar.

Que fizeram?

Mandaram-os sair das nossas aguas (com umas boas coimas, em cima)?

NÃO.

Escoltaram-os até terra, fizeram-lhes testes (que eu nunca fiz), deram-lhes, roupa, comida, refrigerantes, transporte e puseram-os num hotel.

Desconhecido

PS: eu como muitos já vimos filmes de como se faz esta emigração…

UM DIA ISTO TINHA QUE ACONTECER

Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.

Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.

A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.

Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.

Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos…), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1.º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.

Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, … A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.

Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.

Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.

São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não".

É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.

Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou.

Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.

Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum.

Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.

Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.

Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.

Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.

Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.

Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?

Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!

Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retracto colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).

Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja! que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.

Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.

Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.

A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.

Haverá mais triste prova do nosso falhanço?

Mia Couto

segunda-feira, 13 de julho de 2020

O AVENTAL DA AVÓ


O primeiro fim do avental da avó foi proteger a roupa de baixo.

Depois… serviu como luva para tirar a panela do fogão…

Foi maravilhoso para secar as lágrimas dos netos e também para limpar as suas caras sujas.

Do galinheiro, o avental foi usado para transportar os ovos e, às vezes, os pintainhos.

Quando os visitantes chegavam, o avental servia para proteger as crianças tímidas.

Quando fazia frio, à avó servia de agasalho.

Esse velho avental era um fole agitado, para avivar o lume da lareira.

Era nele que levava as batatas e a madeira seca para a cozinha.

Da horta, servia como um cesto para muitos legumes, depois de apanhadas as ervilhas, era a vez de arrecadar nabos e couves.

E, pela chegada do Outono, usava-o para apanhar as maçãs caídas.

Quando os visitantes apareciam, inesperadamente, era surpreendente ver quão rápido esse velho avental podia limpar o pó.

Quando era a hora da refeição, da varanda, a avó sacudia o avental e os homens, a trabalhar no campo, sabiam, imediatamente, que  tinham

que ir para a mesa.

A avó também o usou para tirar a tarte de maçã do forno e colocá-la na janela para arrefecer.

Passarão muitos anos, até que alguma outra invenção ou objecto possa substituir esse velho avental da minha Avó.

Em memória das nossas avós, enviei esta história para aqueles que achei que a apreciarão.


(Tradução e adaptação livre de um texto, em Castelhano, em CITAS LITERÁRIAS).

terça-feira, 7 de julho de 2020

*IRLANDÊS: OS ESCRAVOS BRANCOS ESQUECIDOS*

Eles vieram como escravos: carga humana transportada em navios britânicos com destino às Américas. Eles foram enviados por centenas de milhares e incluíam homens, mulheres e até as crianças mais novas.

Sempre que se rebelavam ou mesmo desobedeciam a uma ordem, eram punidos da maneira mais severa. Os proprietários de escravos pendurariam suas propriedades humanas pelas mãos e incendiariam as mãos ou os pés como uma forma de punição. Alguns foram queimados vivos e tiveram suas cabeças colocadas em lanças no mercado como um aviso para outros cativos.

Nós realmente não precisamos passar por todos os detalhes sangrentos, precisamos? Conhecemos muito bem as atrocidades do tráfico de escravos na África.

Mas estamos falando sobre a escravidão africana? O rei James VI e Charles I também lideraram um esforço contínuo para escravizar os irlandeses. Oliver Cromwell, da Grã-Bretanha, aprimorou essa prática de desumanizar o vizinho do lado.

O comércio de escravos irlandês começou quando James VI vendeu 30.000 prisioneiros irlandeses como escravos para o Novo Mundo. Sua Proclamação de 1625 exigia que prisioneiros políticos irlandeses fossem enviados ao exterior e vendidos a colonos ingleses nas Índias Ocidentais.

Em meados dos anos 1600, os irlandeses eram os principais escravos vendidos para Antígua e Montserrat. Naquela época, 70% da população total de Montserrat eram escravos irlandeses.

A Irlanda rapidamente se tornou a maior fonte de gado humano para os comerciantes ingleses. A maioria dos primeiros escravos do Novo Mundo era na verdade branca.

De 1641 a 1652, mais de 500.000 irlandeses foram mortos pelos ingleses e outros 300.000 foram vendidos como escravos. A população da Irlanda caiu de cerca de 1.500.000 para 600.000 em uma única década.

As famílias foram destruídas porque os britânicos não permitiram que os pais irlandeses levassem suas esposas e filhos através do Atlântico. Isso levou a uma população desamparada de mulheres e crianças sem-tecto. A solução da Grã-Bretanha foi leiloá-los também.

Durante a década de 1650, mais de 100.000 crianças irlandesas entre 10 e 14 anos foram retiradas de seus pais e vendidas como escravas nas Índias Ocidentais, Virgínia e Nova Inglaterra. Nesta década, 52.000 irlandeses (principalmente mulheres e crianças) foram vendidos para Barbados e Virgínia.

Outros 30.000 homens e mulheres irlandeses também foram transportados e vendidos pelo maior lance. Em 1656, Cromwell ordenou que 2.000 crianças irlandesas fossem levadas para a Jamaica e vendidas como escravas para colonos ingleses.

Hoje, muitas pessoas evitarão chamar os escravos irlandeses do que realmente eram: escravos. Eles apresentarão termos como "Servidores contratados" para descrever o que ocorreu aos irlandeses. No entanto, na maioria dos casos dos séculos XVII e XVIII, os escravos irlandeses nada mais eram do que gado humano.

Como exemplo, o comércio de escravos na África estava apenas começando nesse mesmo período. É bem registrado que os escravos africanos, não contaminados pela mancha da odiada teologia católica e mais caros para comprar, eram frequentemente tratados muito melhor do que seus colegas irlandeses.

Os escravos africanos eram muito caros durante o final dos anos 1600 (£ 50 Sterling). Os escravos irlandeses eram baratos (não mais que 5 libras esterlinas). Se um fazendeiro chicoteava, marca ou espancava um escravo irlandês até a morte, nunca era um crime. A morte foi um revés monetário, mas muito mais barato do que matar um africano mais caro.

Os mestres ingleses rapidamente começaram a criar as irlandesas tanto para seu próprio prazer pessoal quanto para obter maiores lucros. Os filhos de escravos eram eles próprios, o que aumentava o tamanho da força de trabalho livre do mestre.

Mesmo que uma irlandesa conseguisse sua liberdade, seus filhos continuariam escravos de seu mestre. Assim, as mães irlandesas, mesmo com essa nova emancipação encontrada, raramente abandonam seus filhos e permanecem em servidão.

Com o tempo, os ingleses pensaram em uma maneira melhor de usar essas mulheres para aumentar sua participação no mercado: os colonos começaram a criar mulheres e meninas irlandesas (até os 12 anos) com homens africanos para produzir escravos com uma aparência distinta. Esses novos escravos “mulatos” trouxeram um preço mais alto que o gado irlandês e, da mesma forma, permitiram aos colonos economizar dinheiro ao invés de comprar novos escravos africanos.

Essa prática de cruzar fêmeas irlandesas com homens africanos continuou por várias décadas e foi tão difundida que, em 1681, foi aprovada uma legislação "proibindo a prática de acasalar mulheres escravas irlandesas a homens escravos africanos com o objetivo de produzir escravos para venda". Em suma, foi interrompido apenas porque interferiu nos lucros de uma grande empresa de transporte de escravos.

A Inglaterra continuou a enviar dezenas de milhares de escravos irlandeses por mais de um século. Registros afirmam que, após a Rebelião Irlandesa de 1798, milhares de escravos irlandeses foram vendidos para a América e a Austrália. Houve abusos horríveis de cativos africanos e irlandeses. Um navio britânico até jogou 1.302 escravos no Oceano Atlântico, para que a tripulação tivesse comida suficiente para comer.

Há pouca dúvida de que os irlandeses experimentaram os horrores da escravidão tanto (se não mais no século XVII) quanto os africanos. Também há pouca dúvida de que aqueles rostos bronzeados e bronzeados que você testemunha em suas viagens às Índias Ocidentais são provavelmente uma combinação de ascendência africana e irlandesa.

Em 1839, a Grã-Bretanha finalmente decidiu por si mesma encerrar sua participação e parou de transportar escravos. Embora a decisão deles não impedisse os piratas de fazer o que desejavam, a nova lei concluiu lentamente este capítulo da miséria irlandesa.

Mas, se alguém, preto ou branco, acredita que a escravidão era apenas uma experiência africana, eles entenderam completamente errado. A escravidão irlandesa é um assunto que vale a pena lembrar, não apagando de nossas memórias.

Mas, por que isso é tão raramente discutido? As lembranças de centenas de milhares de vítimas irlandesas não merecem mais que uma menção de um escritor desconhecido?

Ou a história deles é a que seus mestres ingleses pretendiam: desaparecer completamente como se nunca tivesse acontecido.

Nenhuma das vítimas irlandesas voltou a sua terra natal para descrever sua provação. Estes são os escravos perdidos; aqueles que o tempo e os livros de história tendenciosos esqueceram convenientemente.

Nota histórica interessante: a última pessoa morta nos Julgamentos das Bruxas de Salem foi Ann Glover. Ela e o marido foram enviados para Barbados como escravos na década de 1650. O marido dela foi morto por se recusar a renunciar ao catolicismo.

Nos anos 1680, ela trabalhava como empregada doméstica em Salem. Depois que algumas das crianças que ela cuidava ficaram doentes, ela foi acusada de ser uma bruxa.

No julgamento eles exigiram que ela dissesse a Oração do Senhor. Ela fez isso, mas em gaélico, porque não sabia inglês. Ela foi enforcada.

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( via Monique Ray / Curiosidades históricas)

sexta-feira, 3 de julho de 2020

O Fim do “Milagre Português” e o declínio da mentira!

Num silêncio aparente por parte do vírus, parecia que a situação estava circunscrita e controlada, levando à euforia do “Milagre Português”, como se de uma predestinação divina se tratasse. Pior era Impossível! Entre as muitas pressões por um lado, das associações empresariais e dos sindicatos por outro, ao abrigo da urgência de não se matar a economia traçou-se o destino de uma crónica de uma morte anunciada.

Durante o período da Segunda Guerra Mundial, os Aliados mapearam os buracos das balas nos aviões que foram atingidos pelo fogo Nazi, procurando dessa forma reforçar os aviões nas áreas fortemente fustigadas pela artilharia inimiga para que estes pudessem resistir mais à dureza desses confrontos.

O pensamento imediato foi reconstruir e reforçar as áreas dos aviões que tinham mais pontos vermelhos assinalados (que tinham sido mais atingidos). Teoricamente era uma dedução “lógica”, afinal estas foram as áreas mais afectadas. Mas Abraham Wald, um matemático da altura, chegou a uma conclusão completamente diferente: os pontos vermelhos representavam apenas os danos nos aviões que conseguiam voltar às suas bases.

As áreas que realmente deveriam ser reforçadas deviam ser as zonas onde não havia pontos vermelhos, pois essas eram justamente aquelas onde o avião uma vez atingindo não sobreviveria. Este fenómeno ficou conhecido como Viés de Sobrevivência (distorção na maneira de observar, avaliar e agir em relação à realidade dos factos). Dá-se quando olhamos para as coisas que sobreviveram, quando devíamos concentrar-nos nas que não. E é aqui, que o “Milagre Português” caiu por terra!

Qualquer que fosse o partido que estivesse no actual exercício de funções de governação, nunca estaria suficientemente preparado para uma hecatombe destas e disso são exemplo, as mais variadas abordagens a esta Pandemia, consequência do vírus Covid-19, nos mais diversos Países e suas consequências. E em Portugal, não fugimos à regra passámos por uma abordagem inicial de sensibilização bem conseguida, junto de um comportamento exemplar por parte da maioria dos Portugueses, apreendendo com o que se estava a passar em tempo real nos outros Países, contando internamente com o apoio dos Partidos da coligação que suportam o actual governo, passando pelos partidos da oposição, nomeadamente o PSD, que teve sempre uma atitude responsável, construtiva e de cooperação frente a esta situação difícil em que o Pais mergulhou.

Para além disso, a simbiose era quase perfeita entre o Presidente da República e o Primeiro-ministro. Aparentemente estavam reunidas condições únicas para se fazer um excelente trabalho político, diferente da “politiquice” aproveitando a janela de oportunidades que estas crises abrem. A difícil tarefa de compreender o óbvio! Na gestão deste tipo de crises, importa saber se o somatório das partes é inferior, igual ou superior ao todo, ou seja, se temos o controlo de todas as variáveis e neste caso, era óbvio que não!

Sabia-se que o vírus teria vários picos como qualquer mutante, que estava a apreender esta nova realidade e seria ele, que mais tarde ou mais cedo marcaria o ritmo das nossas vidas, enquanto não se descobrir algo que o neutralize. E é aqui, que entramos na gestão das expectativas! Entre aquilo que as pessoas querem ver, ouvir e a realidade concreta, vai uma grande diferença! A verdade pode ser dura, mas não deixa de ser a verdade.

Num silêncio aparente por parte do vírus, parecia que a situação estava circunscrita e controlada, levando à euforia do “Milagre Português”, como se de uma predestinação divina se tratasse. Pior era Impossível! Entre as muitas pressões por um lado, das associações empresariais e dos sindicatos por outro, ao abrigo da urgência de não se matar a economia traçou-se o destino de uma crónica de uma morte anunciada.

O erro foi partir-se de uma perspectiva ou falta dela, de que a economia existe por vontade própria e está para lá da dimensão do serviço em prol do bem-estar humano, esquecendo-se de que se não houver pessoas ela não existe. Se a tudo isto juntarmos a falta de perspectiva e compreensão da verdadeira dimensão e escala desta mudança de Paradigma que esta em andamento, facilmente se cai no cúmulo do erro - que é aplicar sistematicamente as mesmas fórmulas à espera de resultados diferentes.

Os sinais tinham de ser dados no sentido de restituir alguma confiança e esperança junto da população, dos mais variados quadrantes da sociedade e foram dados, como foi o caso do soundbite - “O Novo Normal”! Comemorações, Celebrações, Espectáculos, Manifestações descontextualizadas começaram a acontecer um pouco por todo o lado, sem uma justificação plausível passaram a ser excepção, violando as regras que foram impostas a todos a bem da contenção da propagação do vírus, como se houvesse cidadãos de primeira e de segunda. Toda esta embrulhada, conjuntamente com a negação da realidade, só veio confundir ainda mais e dividir a opinião pública que já se encontrava saturada e à beira de um ataque de nervos em consequência do confinamento.

Quando os sinais de quem de direito vêm tortos, tarde ou nunca se endireitam! Passámos de “Bestiais a Bestas” rapidamente, esvaziando-se assim, todas as expectativas milagrosas confrontadas com a dura realidade de quem não sabia da missa a metade e que ainda a procissão vai no adro! Tal como na Segunda Guerra Mundial, o fenómeno - Viés de Sobrevivência (distorção na maneira de observar, avaliar e agir em relação à realidade dos factos) que se dá, quando olhamos para as coisas que sobreviveram, quando devíamos concentrar-nos nas que não. Pergunto-lhe a si, que está a viver a actual crise, como é que está a observar as coisas?

VÍTOR NAVALHO

Psicólogo e Presidente da GRACI – Grémio das Artes e Ciência

quinta-feira, 2 de julho de 2020

COMPRE JORNAIS

O jornal impresso em papel, como sempre o conhecemos, realmente não poderá nunca ser substituído pela internet.

A seguir, alguns dos importantes usos do jornal:

    Uso doméstico:

     Cobrir bananas ou abacate para amadurecer.

     Recolher lixo.

     Limpar vidros.

     Dobradinho, serve para alinhar os pés da mesa.

     Embrulhar louças numa mudança.

     Recolher a caca do cachorro.

     Forrar a gaiola do passarinho.

     Cobrir os móveis e o chão antes de pintar a casa.

     Evitar que entre água por baixo da porta.

     Proteger o chão da garagem quando o carro está a pingar óleo.

     Embrulhar o tacho do arroz para o manter quente.

     Fazer palmilhas para os sapatos para os dias frios e chuvosos.

     Matar moscas, baratas e demais insectos.

     Na época da crise económica, usá-lo como papel higiénico, mesmo que seja um pouco duro.

     Uso educativo:

     Bater no focinho do cão quando faz xixi dentro de casa.

     Fazer barquinhos de papel.

     Arrancar um pedacinho em branco para anotar um número de telefone.

    Usos comerciais:

     Alargar os sapatos.

     Encher carteiras de senhora para conservar a forma.

     Embrulhar peixes.

     Embrulhar pregos na loja de produtos para construção.

     Fazer um chapeuzinho para o pintor.

     Cortar moldes para o alfaiate ou para a costureira.

     Embrulhar quadros.

     Embrulhar flores.

    Embrulhar as castanhas assadas

     Uso festivo:

     Acender a churrasqueira ou a lareira.

     Rechear a caixa do presente-surpresa.

     Outros Usos:

     Fazer bolinhas para atirar aos companheiros de classe.

     Fazer uma capinha para o machado ou foice.

     Nos filmes, para os bandidos esconderem o revólver.

     Para te esconderes atrás dele quando não queres que te vejam.

     Ah, … e por último: para ler as notícias !

     Alguém consegue fazer isto tudo com o computador?

    Usar molhado, para misturar com gesso, para formas

Afinal o Infarmed mudou mas foi para Enfardamed.

Aqui há tempos foi notícia que o governo de António Costa pretendia mudar o Infarmed para o Porto. Naquele que terá sido um, creio que singular, caso de incumprimento de uma promessa governativa, o Infarmed permaneceu bem quietinho em Lisboa. Entretanto, na semana passada, constatámos que, afinal, houve efectivamente uma mudança na Autoridade Nacional do Medicamento. Só que não se tratou de uma mudança de localização, mas antes de uma mudança de designação. Depois de, na última reunião semanal sobre a Covid-19 lá realizada, António Costa ter chegado a roupa ao pêlo da Ministra da Saúde, o Infarmed passou a ser conhecido como Enfardamed.

Sobre este incidente, a ministra Marta Temido afirmou que “se o Primeiro-Ministro puxou as orelhas à Ministra da Saúde teria certamente razão”. Portanto, a ver se percebi. Marta Temido não tem a certeza de ter sido vilipendiada pelo Primeiro-Ministro mas, na dúvida, e caso tenha de facto enfardado, considera que foi justíssimo. E mesmo que desta vez não tenha feito nada de mal, não importa. O correctivo aplicado por António Costa fica já em carteira, por conta de patacoadas vindouras. É incrível como, mesmo numa polémica em que calha os dois membros do Governo envolvidos não serem familiares, continua a parecer que estamos perante um típico caso de violência doméstica.

O certo é que, a juntar àquele episódio na campanha para as Legislativas em que António Costa quis agredir um idoso, desta feita o Primeiro-Ministro fustigou a Ministra da Saúde. Ou seja, tanto para ministras que desejem permanecer à frente da pasta da Saúde, como para os velhinhos, António Costa é uma ameaça muito mais aterradora que a própria pandemia de coronavírus. Aliás, nos futuros compêndios de História de Portugal figurará, não a ministra Marta Temido, mas sim o implacável chefe de governo António Costa, O Temido. E receio bem que, como para a Covid-19, também para esta outra maleita estejamos bastante longe de descobrir a vacina.

Embora dê razão ao Primeiro-Ministro quando se queixa da falta de clareza dos dados que os técnicos de saúde lhe têm fornecido. Então se António Costa, que tem de dominar toda a sorte de informação de molde a tomar decisões sobre a vida de milhões de pessoas, ainda não foi sequer informado pelos técnicos de saúde que os antibióticos não servem para matar vírus, como é que querem que ele tome boas decisões? Primeiro deixem o homem completar a lição introdutória do manual “Covid-19 para Totós” e, então sim, exijam-lhe medidas que façam sentido.

E foi precisamente à conta de toda uma miríade de decisões parvas que, neste momento, Portugal possui o segundo pior rácio de contágio da Europa. Resultado, os únicos turistas que vamos receber este Verão são mesmo os planteis das equipas que vêm disputar a Liga dos Campeões. Agora, é óbvio que há inúmeros países europeus a manipular os números de contágios para nos roubarem turistas. Felizmente, qual António Costa e Silva gizando planos para 10 anos em 2 dias, também eu idealizei um estratagema para resolver o problema do turismo português, mas em escassos 17 segundos. A solução é muito simples: demitir a directora da DGS e a Ministra da Saúde e trocá-las por dois taxistas, daqueles que fazem serviço no Aeroporto de Lisboa. Se lá fora andam a aldrabar nos números para nos prejudicar, levavam logo com os novos governantes-fogareiros: com a criatividade deste meninos ao nível do manuseamento do taxímetro, aí sim, também nós manipulávamos números para roubar turistas, mas à séria.

Tiago Dores

https://observador.pt/opiniao/afinal-o-infarmed-mudou-mas-foi-para-enfardamed/

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Um muçulmano é um árabe? Não

Um árabe não é um muçulmano, islâmico não é o mesmo que um islamita, nem um jihadista. Entenda onde é que estes termos se afastam e aproximam.

Os atentados terroristas que mataram 129 pessoas em França (em 2015) reacenderam a discussão sobre as relações entre o Ocidente e o mundo árabe. É dele que chegam palavras que são facilmente confundidas: porque um árabe não é necessariamente um muçulmano e dizer “islâmico” não é o mesmo que dizer “islâmica”. Eis as diferenças entre estes e outros termos.

O mundo árabe

Por norma, quando utilizamos a palavra “árabe” não fazemos a diferenciação entre a origem geográfica e a origem linguística do termo. O que acontece é que chamamos árabes a todos os que residem num dos 10 países da Península Arábica e aos países onde, embora não estejam inseridos nesse território, a maioria da população fala árabe. Em suma, são 21 países que têm maioria muçulmana. Em conjunto com o Estado Palestino compõem a Liga Árabe.

O termo “árabe” não tem carácter religioso, mas sim cultural: refere-se a todos os que partilham algum costume ou ritual relacionado com o idioma árabe, que nasceu na Península Arábica. O árabe é o idioma oficial dos países que compõem essa península, assim como de mais alguns países de maioria muçulmana, mas não todos. É também a língua oficial do Islamismo, a religião que se rege pelo Corão.

Árabes da península da Arábia

Aqui existem sete países – Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Qatar e Iémen -, todos geograficamente incluídos na península da Arábia e tendo o árabe como língua oficial. Todos eles são também países muçulmanos.

Árabes que não pertencem à península da Arábia

Há mais 14 países em que o árabe é a principal língua oficial e ficam fora da península arábica: Mauritânia, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Egipto, Sudão, Djibouti, Somália, Jordânia, Líbano, Síria e Iraque, para além da Autoridade Palestiniana. Nem todos os que nasceram ou vivem nesses países podem ser considerados árabes – há, por exemplo, importantes comunidades berberes em Marrocos e na Argélia, aguerridas minorias curdas na Síria e no Iraque, para além dos drusos do Líbano e da Síria. Também não são todos muçulmanos, podendo existir importantes comunidades cristãs (como os coptas no Egipto ou os maronitas no Líbano), ou ainda influentes elites judaicas (caso de Marrocos). Por fim há também uma importante minoria árabe que vive em Israel.

Países muçulmanos que não são árabes

Os países de maioria muçulmana não-árabes são em maior número que os árabes e, sobretudo, são muito maiores em população. Espalham-se pela África sub-sariana, pela Europa (Albânia e Bósnia-Herzegovina), pela antiga União Soviética e pela Ásia, onde se localizam os três países muçulmanos com mais população: a Indonésia, o Bangladesh e o Paquistão.

Países com minoria muçulmana considerável

Assume-se que os países com minoria muçulmana considerável são aqueles em que mais de 20% da população é muçulmana. Apesar de a população muçulmana na Índia ser inferior em percentagem a esse valor, este país está incluído na lista porque tem quase 175 milhões de muçulmanos (segundo os dados de 2004 da CIA World Fact Book), o que faria dele o segundo país muçulmano mais populoso do mundo, logo a seguir à Indonésia.

O mundo muçulmano

Muçulmano é todo aquele que se rege pelo Islamismo, a religião cujo profeta é Maomé e tem como livro sagrado o Corão. A palavra muçulmano deriva do termo árabe “aslama”, que significa “submetido a Deus”. O muçulmano está para o Islamismo como o cristão está para o Cristianismo.

E assim como este último está dividido por vários ramos (católicos, protestantes, ortodoxos), também os muçulmanos podem pertencer a uma vertente específica do Islamismo, dividindo-se em dois grandes ramos, os sunitas e os xiitas. Dentro destes ramos existem ainda outras variantes mais específicas e localizadas.

Ser muçulmano e ser árabe não é pois sinónimo. Dentro dos países árabes há quem não siga o Islamismo e, portanto, não seja muçulmano. Há, por exemplo, árabes cristãos: no Líbano chamam-se maronitas e no Egipto coptas ortodoxos.

Em África, os países muçulmanos não árabes – e com costumes tipicamente africanos – são 18: Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa de Marfim, Gabão, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Togo e Uganda. Alguns destes países têm constituições laicas, mas neles os residentes muçulmanos têm uma voz muito activa.

Mesmo dentro dos países árabes, nem todos são muçulmanos: os berberes e os curdos são dois exemplos. Os berberes são maioritariamente muçulmanos mas não se assumem como tal e designam-se de “imazighen”, que significa “homem livre”. Por sua vez, os curdos, com origem no Curdistão, região que inclui territórios do Iraque, Irão, Síria, Turquia, Geórgia e Arménia, a maioria é sunita e 1/3 da população yazdanita, religião monoteísta praticada sobretudo antes da islamização na Idade Média.

Muçulmanos na Europa

O país europeu (se assim o podemos designar) com maior percentagem populacional muçulmana é a Turquia: dos quase 75 milhões de habitantes, 99% segue o Islamismo. Ainda assim, este país declarou-se oficialmente laico. Mas é nos Balcãs que estão os restantes países muçulmanos da Europa: na Albânia, no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina, cerca de metade da população é muçulmana e a outra metade é cristã.

O mundo islâmico… ou islamita?

É importante desde já esclarecer um aspecto: os termos “islâmico” e “islamita” não significam o mesmo. Diz-se “islâmico” tudo o que está relacionado com o islamismo. É, portanto, um termo relacionado com esta religião, cujo profeta e identidade máxima é Maomé e os seus ensinamentos.

Por outro lado, diz-se islamita todo aquele que assume uma visão integralista do Islão, fazendo uma leitura ortodoxa e literal dos textos sagrados e pretendendo impor a toda a vida social, cultural, política e económica aos ensinamentos religiosos e o quadro legal da sharia.

Muitos islamitas defendem os seus princípios de forma pacífica, mesmo que por vezes de forma opressiva, como sucede, por exemplo, na Arábia Saudita. Não devem, portanto, ser confundidos com os jihadistas. Essa palavra, que vem do árabe, significa “aquele que se empenha” e designa os combatentes violentos das facções mais fundamentalistas e radicais do Islamismo.

Ser muçulmano e ser árabe não é pois sinónimo. Dentro dos países árabes há quem não siga o Islamismo e, portanto, não seja muçulmano. Há, por exemplo, árabes cristãos: no Líbano chamam-se maronitas e no Egipto coptas ortodoxos.

Em África, os países muçulmanos não árabes – e com costumes tipicamente africanos – são 18: Benin, Burkina Faso, Camarões, Chade, Costa de Marfim, Gabão, Gâmbia, Guiné-Bissau, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Somália, Sudão, Togo e Uganda. Alguns destes países têm constituições laicas, mas neles os residentes muçulmanos têm uma voz muito activa.

Mesmo dentro dos países árabes, nem todos são muçulmanos: os berberes e os curdos são dois exemplos. Os berberes são maioritariamente muçulmanos mas não se assumem como tal e designam-se de “imazighen”, que significa “homem livre”. Por sua vez, os curdos, com origem no Curdistão, região que inclui territórios do Iraque, Irão, Síria, Turquia, Geórgia e Arménia, a maioria é sunita e 1/3 da população yazdanita, religião monoteísta praticada sobretudo antes da islamização na Idade Média.

Muçulmanos na Europa

O país europeu (se assim o podemos designar) com maior percentagem populacional muçulmana é a Turquia: dos quase 75 milhões de habitantes, 99% segue o Islamismo. Ainda assim, este país declarou-se oficialmente laico. Mas é nos Balcãs que estão os restantes países muçulmanos da Europa: na Albânia, no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina, cerca de metade da população é muçulmana e a outra metade é cristã.

O mundo islâmico… ou islamita?

É importante desde já esclarecer um aspecto: os termos “islâmico” e “islamita” não significam o mesmo. Diz-se “islâmico” tudo o que está relacionado com o islamismo. É, portanto, um termo relacionado com esta religião, cujo profeta e identidade máxima é Maomé e os seus ensinamentos.

Por outro lado, diz-se islamita todo aquele que assume uma visão integralista do Islão, fazendo uma leitura ortodoxa e literal dos textos sagrados e pretendendo impor a toda a vida social, cultural, política e económica aos ensinamentos religiosos e o quadro legal da sharia.

Muitos islamitas defendem os seus princípios de forma pacífica, mesmo que por vezes de forma opressiva, como sucede, por exemplo, na Arábia Saudita. Não devem, portanto, ser confundidos com os jihadistas. Essa palavra, que vem do árabe, significa “aquele que se empenha” e designa os combatentes violentos das facções mais fundamentalistas e radicais do Islamismo.


Marta Leite Ferreira

17 nov 2015,

https://observador.pt/2015/11/17/glossario-um-muculmano-nao-um-arabe/

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Monarquia no PS: D. Costa e Príncipes Herdeiros

Urgem reformas em Portugal que nos elevem para o topo europeu em vez de nos levarem para o fundo do mundo. Tem de haver uma lei a sério, com efeitos imediatos contra o nepotismo.

Na escadaria dos Paços do Concelho de Lisboa há uma escultura a celebrar a república portuguesa e a educação. Em oito anos a vê-la diariamente, Dom António Costa e a sua corte na actual direcção do PS não aprenderam nada sobre serem republicanos e laicos; preferem ser monárquicos e fundamentalistas.

Nesta república semelhante à de Bolsonaro e filhos, Costa sénior para pôr Costa júnior a presidente de junta, trocou esse lugar pelo de deputado com Pedro Cegonho. Não houve um único voto envolvido nestas transacções do regime apodrecido. Tal como ninguém escolheu o rei D. Carlos, nenhum eleitor escolheu quer Dom Pedro Cegonho para deputado da assembleia da república quer Dom Pedro Costa para presidente da junta de freguesia de Campo de Ourique. Para integrar a lista geral de deputados por Lisboa do PS, Cegonho não foi escolhido sequer pelos militantes socialistas que já não contam para nada. Cegonho só foi eleito especificamente pela população para presidente da junta. Costa júnior não foi eleito presidente. Dava era jeito lá em casa do pai Costa o filho ser presidente da junta. Num país falido porque governado há décadas por estes métodos da corte política, de que há de viver o real primogénito sem ser do Estado?

Claro que houve “eleições” como havia no MPLA de José Eduardo dos Santos que também ajudava a filha devido á “competência” dela. Alguns Lisboetas militantes do PS tiveram de pôr a cruz na lista única de candidatos a deputados por Lisboa do PS escolhida por Costa onde Cegonho estava incluído. Isso foi só encenação pois o voto dos militantes só conta quando agrada ao chefe. Por exemplo na Distrital de Braga os militantes votaram por larga maioria para incluírem candidatos de valor na lista de deputados do PS por aquele círculo. No entanto, Costa, removeu da lista de candidatos os que tinham valor e tinham sido eleitos pelos militantes. Não davam jeito a D. Costa: Eram republicanos éticos e podiam não compactuar com arranjos familiares ou caros negócios na TAP, Lítio, BES, SIRESP e Kamov. Assim, como podemos combater o conflito de interesses e lobbies?

Quanto à população, em nenhum círculo eleitoral do país, pode escolher unipessoalmente o seu deputado do PS. Nós portugueses tivemos de votar por atacado em listas distritais gerais de nomes sancionados todos por D. Costa, sem escolher nem saber que deputado nos representa especificamente, como aconteceria numa democracia avançada. Não representando a população, como combateremos a abstenção que põem em causa a democracia?

Esta corte monárquica de Ex jotas partidários, que nenhum eleitor pode escolher unipessoalmente para a assembleia da república ou governo, acumulam cargos e respectivos salários como se fossem super gestores. Isto apesar de não terem experiencia profissional relevante fora da política. Cegonho acumulou ser deputado da nação e presidente de junta. Há outros presidentes de juntas de Lisboa que são deputados nacionais e acumulam vários cargos subsidiados pelo estado claro. Esta fidalguia tem uma ganância tão grande por dinheiro do estado que quer lá saber de ter tempo para gerir bem. Desprezam os milhões de cidadãos que deveriam servir e os milhares de portugueses qualificados que poderiam fazer a tempo inteiro cada um dos múltiplos cargos que cada um destes fidalgo tem. Como se não bastassem estes vícios cumulativos no activo político, até os políticos reformados acumulam reforma com subvenção vitalícia. Na corte acreditam mesmo que há 2 pesos e 2 medidas: uma para a plebe outra para eles. Estes filhos de algo – ou quem os puser avante no poder – até podem fazer festas numa pandemia enquanto a população não pode. Que exemplo de democracia, qualificação, dedicação e resultados dá tal classe política?

O nepotismo está conotado com países que são pobres precisamente por não terem os melhores a governar, mas familiares de governantes a terem todos os cargos e privilégios sem saber gerir nada. Pode-se argumentar que num país rico como a América actual há também nepotismo com Trump a orientar a filha e o genro lá na Casa Branca. Isso é condenável, como outras coisas em Trump, mas Trump e a família já eram ricos antes da política. Nem a filha nem o genro auferem salários do estado. Por contraste, devido à política, na corte de Costa ascenderam socialmente, vivendo bem acima da média salarial portuguesa. Vários amigos de Costa nos negócios custam-nos milhares de milhões. Tudo o que seja parente e sobrinha de Carlos César está no governo nacional ou regional e empresas do estado independentemente do mérito ou qualificações (curiosamente na História já Cícero nos tinha alertado que depois do César original, Júlio, seria destruída a república e os imperadores passariam todos a ser familiares de César). Os irmãos Mendes têm a chefia do parlamento e a responsabilidade máxima pelos nossos impostos, sem qualquer qualificação ou experiencia profissional fenomenal em, por exemplo, políticas fiscais para atrair investimento internacional que gere riqueza. Uma orgia de monarquia e nepotismo maior e mais dispendiosa per capita que a de Trump apesar do país ser mais pobre. Os Portugueses ganham metade do que os Americanos ganham e são taxados o dobro. Enquanto os perdões fiscais vão para a Energia, os portugueses de classe média sofrem perseguições fiscais ou cartas atrasadas para as multas serem inevitáveis. Tudo contado, no final do mês um Americano médio pode ficar com um salário líquido até quatro vezes maior que o de um Português. Boa governação cá e defeitos só lá fora?

Houve um retrocesso civilizacional em Portugal. O PS de D. António Costa Bolsonaro dos Santos Trump, de novo rei de Portugal e dos Algarves, tornou-se numa espécie de monarquia de sangue não azul, mas onde o sangue de meia dúzia de famílias com garante sempre um bom cargo no estado, no governo, no parlamento, numa autarquia ou numa empresa pública sem qualquer eleição ou avaliação imparcial de resultados. Vieira da Silva pôs a filha a ministra e a mulher a deputada. Ana Paula Vitorino pôs o marido a ministro. Os deputados e governantes Ex jotas partidários já de meia idade põem as mulheres na TAP, na câmara de Lisboa ou no governo. Tanto lhes dá desde que o contribuinte pague tudo e muito. Não são capazes de fundar empresas ou esforçarem-se a trabalhar no privado que não viva do estado. Costa tem uma visão tão limitada para a família (quanto mais para a nação!) que nunca se lembrou de ensinar ao filho “vai qualificar-te, trabalhar no privado ou lá para fora para aprenderes como os outros países ficam ricos.” O plano foi sempre viverem do estado. Isto é ainda pior que a monarquia antiga porque essa preocupava-se em educar os príncipes para governarem. Nem a Rainha de Inglaterra tem o descaramento de orientar a família tanto no estado, sem exigir qualificações e profissões, como no actual PS fazem. Não há portugueses mais qualificados que esta meia dúzia de famílias governantes por direito monárquico?

Urgem reformas em Portugal que nos propelem finalmente para o topo europeu. É necessária uma lei séria e muito mais abrangente que a que existe, contra o nepotismo. A cunha e o favoritismo em Portugal é um problema bem mais grave e com mais danosas consequências para a vida dos cidadãos que noutros países. O país é mais pobre que a França (que legislou forte em 2017 contra o nepotismo) logo a população paga muito mais os efeitos de ser governada por uma monarquia degenerada. As contratações para os cargos de maior responsabilidade têm de ser não por nomeação monárquica de amigos ou familiares de políticos, mas por avaliação criteriosa de currículos, capacidades, méritos e resultados passados. Façam-se contratações da mesma maneira que a Fundação para a Ciência e Tecnologia já faz para atribuir bolsas de investigação, desde o saudoso e grande socialista democrático inteligente Mariano Gago. O grande Gago não escolhia a família e amigos como o pequenino Costa, exigia os melhores e para isso instituía um júri de mérito, internacional e imparcial. A riqueza da democracia faz os países ricos. Se não fizermos reformas assim como eliminaremos os vícios políticos que perpetuam a nossa pobreza?

Para transparência total, o autor destas linhas é há quase 2 décadas um profissional qualificado da indústria farmacêutica internacional que nunca viveu da política. No entanto, é militante do PS desde 1988 por admirar os fundadores heróis laicos e republicanos. Antes do exilio no estrangeiro foi eleito coordenador da secção do PS de Sesimbra e membro de comissão nacional do PS. Com um grupo íntegro e honesto já ganhamos a distrital de Setúbal no passado. Já no exilio, conseguimos montar uma oposição interna em Setúbal a Costa e seus fidalgos locais, os barões Mendes (os cavaleiros da ordem de Santiago, que tem a sua espada inscrita nos símbolos dos concelhos do distrito de Setúbal, devem estar às voltas na campa, por verem tão fraca fidalguia). Agora, mesmo que este autor ou outro/a que não fossem da linha de Costa ganhassem a presidência da distrital de Setúbal e fossem eleitos pelos militantes para integrarem a lista de deputados do PS por Setúbal, como não há democracia no PS monárquico, Costa nunca permitiria a eleição para o parlamento de alguém contra o nepotismo e que exigisse reformas, mérito e resultados. Isto como Costa riscou a lápis azul outros no distrito de Braga e pelo país. Como risca a Ana Gomes de candidata à presidência. Com gente de bem riscada, como não há de a política repugnar a população?

Na corte de Costa além de não serem republicanos também não são laicos. São fundamentalistas religiosos. Como o filosofo-ministro Luc Ferry explicou “as religiões providenciam ilusões exigindo que abandonemos a razão e paguemos o preço de não podermos pensar livremente.” Na direcção actual do PS, incluindo os nascidos nos anos 1970s e mais novos, exigem obediência total à ilusão do divino poder deles invocando até fazerem “milagres” nas finanças e na saúde. A Europa não acredita em tais milagreiros fundamentalistas, fechando-nos as portas dos aeroportos na cara devido ao Covid-19 e exige-nos impostos em troca de ajuda humanitária. Há pobres almas que se não rastejarem perante a corte monárquica e religiosa do PS actual e não abdicarem dos princípios que estiveram na base da fundação PS, perdem empregos. Ora sabemos que no país mal gerido por Costa e seus há décadas, há poucos bons empregos, raros como água no deserto. Por isso que alternativas tem alguns se não serem lacaios cobardes da corte falando só grosso contra quem não tiver poder?

Poder-se-ia argumentar que, no passado, familiares de Soares no PS também tiveram destaque. No entanto, a família Soares já tinha a sua empresa educacional credível e fonte de riqueza fora da política. Era e é dum magnifico calibre intelectual mais próximo da nobreza de alma dos irmãos Kennedy do que da pequenez da obsessão doentia pela cunha e fidalguia de Costa. O Autoconfiante Soares adorava e promovia o debate de ideias diferentes dentro e fora do partido, combateu o comunismo e fez-nos entrar na Europa, galvanizando a nossa qualidade de vida. O inseguro Costa tem pavor da diferença de opinião, aproxima-nos do comunismo e afasta-nos dos padrões éticos e financeiros da Europa. Costa promoveu a expulsão de centenas de militantes do PS. Militantes há décadas no PS não puderam ser candidatos a presidentes das suas câmaras, mesmo tendo sido eleitos pelas concelhias locais do partido. O delito de opinião deles foi terem apoiado Seguro e serem condenados a ter de concorrer nas autarquias fora do PS. Valerá ainda a pena ser militante do PS e acreditar que, depois da tragédia de D. Costa e seus príncipes herdeiros jotas partidários, é possível recuperar no partido socialista a ética laica e republicana e respectiva liberdade de discussão que construa reformas e uma visão estratégica da nação no topo da Europa?

Com Costa igual a Dos Santos ou Bolsonaro, minguou assim para poucochinho o outrora grande PS de Soares, Sottomayor Cardia ou Tito de Morais. O partido já foi republicano e laico, moderado ao centro esquerda e pro-europeísta, combatendo corajosamente quer os ditadores de esquerda quer os de direita. Agora afastou-se dos antigos altos padrões europeus, republicanos e laicos. Tornou-se numa caricatura dos regimes que antes combatia, misto do pior da monarquia com o pior da extrema esquerda e da extrema direita. Afastou do poder os militantes mais pensantes e questionadores, expulsou os mais mobilizadores da população, tirou por completo o poder às bases, reduzindo a militância à insignificância. Costa promoveu à liderança actual uma reduzida e consanguínea monarquia de governantes Ex jotas já de meia idade mais ainda sem profissão a não ser viverem da política. Esta fidalguia tem tiques, censura e resultados económicos parecidos com repúblicas tropicais das bananas quer de esquerda chavista quer de direita pinochetiana. Pode já não haver salvação para tamanha corrupção. Estes nobres sem nobreza só se mantem no poder por aquilo que Noam Chomsky explicou sobre controlo dos media: “se a população não souber que há melhores alternativas não pode votar nelas e pensa que está sozinha no seu desespero e abstenção”. Por quanto mais tempo estes monárquicos do PS não terão oposição externa e calarão na TV e jornais impressos tradicionais lisboetas a oposição interna republicana e reformista?

Pedro Caetano é MPH (Harvard), PgDip (Oxford), PC (London), MS (Michigan), PharmD (Ohio State), MBA (ESSEC), MBA (Mannheim), PhD (Michigan), AA (Cincinnati), Lic. (Lisboa); Ex-Professor de Farmacologia e Epidemiologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Atual Director Global na Industria Farmacêutica baseado no condado de Oxford, Reino Unido.


(Artigo alterado às 11h24 a pedido do autor)

Pedro Caetano, no Observador.

Eu não sabia mãe.

Eu não sabia mãe, mas afinal nós é que temos a culpa. Toda a culpa.

Eu não sabia mãe que fazemos filas à porta dos serviços de registo e notariado para obter passaporte ou cartão do cidadão porque, como tão bem esclareceu a senhora secretária de Estado da Justiça, vamos para lá cedo demais e entupimos os serviços antes mesmo de eles abrirem.

Eu não sabia mãe, mas as florestas ardem por causa dos autarcas pouco diligentes, como explicou o senhor primeiro-ministro.

Eu não sabia mãe, mas se não há médicos nos hospitais é porque a Ordem dos mesmos não quer alargar o quadro de formação dos estudantes, como explicou a senhora ministra da Saúde em Março passado.

Eu não sabia mãe, mas se os enfermeiros fazem greve é porque estão em luta contra as medidas do Governo anterior (de Passos Coelho), como explicou o senhor primeiro-ministro. Este Governo só teve quatro anos para alterar essas medidas e por isso ainda não teve tempo.

Eu não sabia mãe, mas o SIRESP falhou por causa da PT, como disse o senhor primeiro-ministro.

Eu não sabia mãe, mas os professores fazem greve porque o Governo anterior (de Passos Coelho) os colocou numa situação de austeridade tão forte, tão forte, tão forte, que nem este Governo consegue repor os rendimentos e a contagem do tempo.

Eu não sabia mãe, mas afinal todas as greves decretadas durante este mandato foram o resultado das decisões do Governo anterior (de Passos Coelho), como explicou o senhor primeiro-ministro em Março passado.

Eu não sabia mãe, mas a falta de comboios ou de barcos é culpa dos trabalhadores que fazem greve às horas extraordinárias, como defendeu o senhor ministro do Ambiente em Junho passado, pois este Governo ao ver que o anterior (de Passos Coelho) tinha cortado no investimento público só agora conseguiu perceber, quatro anos depois, que devia encomendar material circulante.

Eu não sabia mãe, mas se o combustível nos faltar em Agosto é porque não atestámos o carro nem enchemos o número suficiente de jerricãs com carburante para atravessarmos a greve sem sobressaltos, como sabiamente recomendou o senhor ministro das Infra-estruturas e da Habitação.

Ainda bem mãe que há pessoas que nós elegemos para nos recordarem que a culpa é nossa e só nossa. Se não fossem estas pessoas mãe, eu continuaria ignorante pois tu, afinal, não sabes nada nem percebes nada e não conseguiste ensinar-me nada.

Quando eu era pequenino dizias-me que só seria um adulto quando assumisse as responsabilidades.

Ainda há adultos, mãe? (aqui o JD plagiou-me mas eu perdoo)


João Duque – Expresso

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Apenas Sensatez e Clareza (Covid - 19)

Parecem-me bons conselhos.

1. «Talvez tenhamos de conviver com a covid-19 por vários anos. Não vamos negar nem entrar em pânico. Não vamos tornar as nossas vidas inúteis. Vamos aprender a conviver com este facto.»

2. «Não podemos destruir o novo coronavírus, que penetra nas paredes das células, apenas com as habituais regras de higiene, como lavar constantemente as mãos. A única coisa que vamos passar a fazer é ir à casa de banho mais vezes.»

3. «Apesar disto, lavar as mãos e manter distância física de dois metros é o melhor método de proteção.»

4. «Se não tem um paciente covid-19 em casa, não há necessidade de desinfectar as superfícies do lar constantemente.»

5. «Embalagens, botijas de gás, carrinhos de compras e caixas multibanco não transmitem o vírus. Lave as mãos e viva a sua vida como sempre a viveu.»

6. «A covid-19 não é uma infecção que se transmita de forma alimentar. Está associada a gotas de infecção, tal como a gripe. Não há risco comprovado de que a doença seja transmitida em alimentos.»

7. «Pode perder o olfato com muitas alergias e infecções virais. A perda de olfato é um sintoma comum em muitas complicações, e não apenas da covid-19.»

8. «Uma vez em casa, não temos necessidade obrigatória de trocar de roupa e de ir tomar banho. A limpeza é uma virtude, não pode ser uma paranóia.»

9. «O coronavírus não está no ar. Trata-se de uma infecção respiratória transmitida por gotículas que só acontece com o contato próximo.»

10. «O ar está limpo. Podemos caminhar pelos jardins, mantendo, naturalmente, a distância física de proteção.»

11. «O sabão normal é suficiente para eliminar o vírus que provoca a covid-19. Sabão antibacteriano nada resove. O corona é um vírus, e não uma bactéria.»

12. «Não precisa de preocupar-se com as entregas de comida em casa, ou mesmo take-away. Mas caso sinta mais confiança, pode aquecer os alimentos no microondas.»

13. «As probabilidades de levar o coronavírus para casa nos sapatos são as mesmas das de sermos atingidos pelo mesmo raio duas vezes no mesmo dia. Trabalho contra vírus há 20 anos e as infecções não se espalham assim, desta forma.»

14. «Ninguém fica protegido do vírus se tomar vinagre, nem sumos, nem gengibre. Podem favorecer a imunidade, mas nunca uma cura.»

15. «Usar máscara por longos períodos interfere nos níveis de respiração e de oxigénio. Use-a apenas, mas necessariamente, quando o distanciamento social for impossível, principalmente em espaços confinados.»

16. «Usar luvas também é má ideia. O vírus pode acumular-se na luva e ser facilmente transmitido se tocarmos no rosto. O que fazer? Aquilo que nenhum virologista se cansará de aconselhar: lavar as mãos regularmente.»

17. «A imunidade é muito enfraquecida ao permanecermos em ambientes fechados. Mesmo se comermos alimentos que aumentam a imunidade. Saia regularmente de casa. Vá a parques, à praia, ao campo. A imunidade é aumentada pela exposição a agentes patogéneos e não por ficar em casa a consumir alimentos fritos, condimentados, açucarados ou bebidas gaseificadas.»”

SABE O QUE É VENTILAÇÃO ARTIFICIAL?

Falam de respiração ou ventilação artificial, mas há muita gente que não faz a mínima ideia do que se trata.

Não é uma máscara de oxigénio posta na boca enquanto se fica deitado "a pensar na vida".

A ventilação invasiva para o COVID-19 é uma entubação que é feita sob anestesia geral e que consiste em ficar 2 a 3 semanas sem se movimentar, muitas vezes de barriga para baixo (decubitus ventral) com um tubo enterrado na boca até à traqueia e que  permite respirar ao ritmo da máquina a que se está conectado.

Não se pode falar, nem comer, nem fazer nada de forma natural.

O incómodo e a dor que se sente precisam da administração de sedativos e analgésicos para garantir a tolerância ao tubo durante o tempo que o paciente precisar da máquina para respirar. Tudo isso durante um coma artificial.

Em 20 dias deste "tratamento suave", num paciente jovem a perda de massa muscular é de 40% e a reabilitação será de 6 a 12 meses, associado a traumatismos da boca ou até mesmo das cordas vocais.

É por isso que as pessoas idosas ou já frágeis não aguentam.

Então, cuidem-se!

Fiquem em casa.

Partilhem ao máximo esta informação.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

O que não poupávamos se Portugal tivesse mar

JOÃO QUADROS . NEGÓCIOS ONLINE

"Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) demonstram que o Pingo Doce (da Jerónimo Martins) e o Modelo Continente (do grupo Sonae) estão entre os maiores importadores portugueses".

     Porque é que estes dados não me causam admiração? Talvez porque, esta semana, tive a oportunidade de verificar que a zona de frescos dos supermercados parece uns Jogos Sem Fronteiras de pescado e marisco.

Uma ONU do ultra-congelado. Eu explico.

Por alto, vi: Camarão do Equador, Burrié da Irlanda, Perca Egípcia, Sapateira de Madagáscar, Polvo Marroquino, Berbigão das Fidji, Abrótea do Haiti?

Uma pessoa chega a sentir vergonha por haver marisco mais viajado que nós.

Eu não tenho vontade de comer uma Abrótea que veio do Haiti ou um Berbigão que veio das exóticas Fidji. Para mim, tudo o que fica a mais de 2.000 quilómetros de casa é exótico. Eu sou curioso, tenho vontade de falar com o Berbigão, tenho curiosidade de saber como é que é o país dele, se a água é quente, se tem irmãs, etc..

Vamos lá ver. Uma pessoa vai ao supermercado comprar duas cabeças de pescada, não tem de sentir que não conhece o mundo.

Não é saudável ter inveja de uma Gamba. Uma dona de casa vai fazer compras e fica a chorar junto do Linguado de Cuba, porque se lembra que foi tão feliz na lua-de-mel em Havana e agora já nem a Badajoz vai. Não se faz. E é desagradável constatar que o Tamboril (da Escócia) fez mais quilómetros para ali chegar que os que vamos fazer durante todo o ano.

Há quem acabe por levar Peixe-Espada do Quénia só para ter alguém interessante e viajado lá em casa. Eu vi Perca Egípcia em Telheiras.

Fica estranho. Perca Egípcia soa a Hercule Poirot e Morte no Nilo. A minha mãe olha para uma Perca Egípcia e esquece que está num supermercado e imagina-se no Museu do Cairo e esquece-se das compras. Fica ali a sonhar, no gelo, capaz de se constipar.

Deixei para o fim o Polvo Marroquino. É complicado pedir Polvo Marroquino, assim às claras. Eu não consigo perguntar: "tem Polvo Marroquino?", sem olhar à volta a ver se vem lá polícia. "Queria quinhentos de Polvo Marroquino" - tem de ser dito em voz mais baixa e rouca. Acabei por optar por Robalo de Chernobyl para o almoço. Não há nada como umas coxinhas de Robalo de Chernobyl.

Eu às vezes penso:

O que não poupávamos se Portugal tivesse mar.

22/6/2020