terça-feira, 15 de outubro de 2024

Jogadores da Nigéria são mantidos reféns no aeroporto e ficam sem comida e água antes do confronto na Líbia

Anfitriões são acusados ​​de sabotagem em resposta a supostos maus-tratos recebidos quando as equipes se enfrentaram em Uyo na semana passada.

O meio-campista do Leicester City, Wilfred Ndidi, afirma que ele e seus companheiros de equipe da Nigéria estão sendo "mantidos como reféns" em um aeroporto da Líbia depois que uma tempestuosa partida pelas eliminatórias da Copa das Nações Africanas se transformou em um incidente diplomático.

A Líbia reclamou que recebeu tratamento ruim quando os times se encontraram na Nigéria na sexta-feira passada, onde o time da casa venceu por 1 a 0. Agora, a Líbia está sendo acusada de retaliar sabotando deliberadamente os arranjos de viagem da Nigéria antes da partida de volta programada para terça-feira à noite.

A Nigéria disse que seu voo fretado deveria pousar em Benghazi, mas foi desviado pelo governo líbio para o Aeroporto Al Abraq. Ao pousar, os jogadores disseram que foram impedidos de deixar o aeroporto, que fica a quatro horas de distância de seu destino original, e foram privados de comida e de um lugar para dormir.

Os jogadores da Nigéria usaram as redes sociais para expressar seu desgosto e disseram que se recusarão a jogar na partida de terça-feira em protesto.

"Isso não é futebol. Muito embaraçoso. Refém de uma seleção nacional. Uma vergonha", disse Ndidi.

O atacante Victor Osimhen, que não faz parte do elenco, pediu à Confederação Africana de Futebol (CAF) que tome medidas enérgicas contra a Líbia por sua conduta "desumana".

'Contra o espírito esportivo'

"Estou decepcionado com o tratamento injusto que meus irmãos e treinadores estão enfrentando no aeroporto da Líbia", disse Osimhen no Instagram.

"Ações como essa vão contra o espírito esportivo. Meu apoio está com meu time, e sei que eles permanecerão fortes apesar desses obstáculos.

"Peço à CAF que intervenha, pois meus companheiros de equipe e oficiais ainda estão presos no aeroporto da Líbia.

"Isso é desnecessário e desumano. Estamos juntos, mais fortes do que nunca."

O capitão William Troost-Ekong pediu aos políticos de seu país que ajudassem os jogadores de futebol antes de anunciar que o time finalmente deixaria o aeroporto após reabastecer o avião.

"Pedimos que o nosso Governo Nigeriano intervenha e nos resgate. Como capitão, juntamente com a equipe, decidimos que NÃO jogaremos este jogo. A CAF deve analisar o relatório e o que está acontecendo aqui.

"Mesmo que decidam permitir esse tipo de comportamento, deixe-os ficar com os pontos."

Mais tarde, ele postou no X: "Poder das mídias sociais. Aparentemente, nosso avião está sendo abastecido enquanto falamos e devemos partir para a Nigéria em breve. Obrigado pelo apoio de todos!

"REITERO: NUNCA trataríamos uma nação convidada para um jogo dessa forma. Erros acontecem, atrasos acontecem. Mas nunca de propósito!"….

 

https://www.telegraph.co.uk/football/2024/10/14/nigeria-players-hostage-airport-food-water-libya-clash/

 

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Procuraram os fugitivos na Festa do Avante?

Tiago Dores, no Observador.

É só uma pergunta, mais ou menos inocente. Afinal, o festejo tão concorrido de uma ideologia responsável por tamanhos crimes podia ter deixado os cinco criminosos com uma curiosidade incontrolável.

Hoje é 11 de Setembro de 2024, vigésimo terceiro aniversário do atentado ao World Trade Center, em Nova Iorque. Um acto criminoso perpetrado por fãs de uma ideologia que despreza os valores fundamentais do ocidente e pretende impor uma nova ordem totalitária. Já que falo nisso, ainda há escassos dias assinalou-se, também, a não-sei-quantésima edição da Festa do Avante.

Há quem considere a Festa do Avante um momento lamentável de celebração de uma ideologia que provocou morte e destruição como nenhuma outra no século XX. É gente limitada. É gente que não vê que a Festa do Avante é, também, um momento lamentável de celebração de má música. Além de ser, igualmente, aquele momento anual que recorda algo de lamentável e que a maior parte de nós prefere ignorar: que, bem ao contrário do que adoramos fantasiar, o ser humano não aprecia nada ser livre. Quer é ter quem tome conta de si. Então se for uma ideologia que promete tratar da vidinha toda, do berço à cova, perfeito. Entra o comunismo, a Festa do Avante e as significativas multidões que a ele e a ela ainda aderem.

Outros seres humanos há que, devendo estar confinados, fazem muita questão de estar livres. Vide os cinco reclusos que fugiram da prisão de Vale de Judeus. Fuga que me levanta, desde logo, uma questão. Como é que havemos de conseguir reter gente qualificada nas empresas do país, se nem conseguimos reter gente desqualificada nas cadeias do país? E não me digam que o problema é as cadeias, como a de Vale de Judeus, não terem condições. Como ficou provado sábado passado, se apetecesse aos reclusos saírem todos de Vale de Judeus, saiam. Se as condições fossem assim tão más, já só lá estavam dois detidos: um paraplégico e outro portador de climacofobia (eu também pensava que era fobia ao Eládio Clímaco, mas não, é fobia de subir e descer escadas)

O problema pode estar, isso sim, na gestão das nossas cadeias. E não será tanto o problema das saídas precárias, mas mais estas saídas claramente definitivas. Saídas definitivas que fazem das entradas, essas sim, precárias. Já para não mencionar que três dos cinco fugitivos são estrangeiros. Ou seja, isto são criminosos que vêm lá de foram roubar o lugar na cadeira aos nossos criminosos. Que os temos, tantos e tão bons, e igualmente merecedores de cama (de pedra), tecto (todo cheio de humidades) e roupa lavada (com sabão azul e branco, em dias de visita).

Entretanto, dos fugitivos nem rasto. São mestres das escondidas, estes meliantes, hein. Como é que, em escassas três horas, tiveram tempo para se esconder das autoridades? Está certo que as autoridades contaram, não até aos habituais dez, como é costume no jogo das escondidas, mas até vinte e nove milhões, seiscentos e cinquenta e três mil, oitocentos e quarenta e sete vírgula noventa e um, mas ainda assim é preciso ser mestre da camuflagem.

Por curiosidade. Procuraram-nos na Festa do Avante? É só uma pergunta, mais ou menos inocente. Afinal, o festejo tão concorrido de uma ideologia responsável por tamanhos crimes podia ter deixado os cinco criminosos com uma curiosidade incontrolável. Além de que, segundo julgo saber, nenhum dos fugitivos é judeu. Se fosse, jamais o apanhavam na Festa do Avante, onde havia tanta bandeira da Palestina que já chegaram ao PCP encomendas de material vindas da Faixa de Gaza.

Coloco a questão também por me ter parecido curiosa a coincidência dos presidiários terem fugido galgado um muro, e logo depois o líder do PCP, Paulo Raimundo, ter referido esse mesmo tipo de infra-estrutra para avisar o PS, a propósito do Orçamento do Estado, que "não se pode ficar em cima do muro". Hum… Só mesmo por não ser a Margarida Rebelo Pinto é que fico convencido de se tratar de uma coincidência.

Sendo que, para o PCP, uma coisa é garantida. A culpa de qualquer problema que tenha existido, exista, ou venha a existir, na cadeia de Vale de Judeus, não será nunca da cadeia em si, nem sequer do Vale, e muito menos do de. A culpa será sempre dos judeus.

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Esta novela do Orçamento é uma Vila Feia.

Tiago Dores, no Observador

Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos andam num bate-boca feio à conta do Orçamento do Estado. O que vale é sabermos que isso não lhes tira tempo a alguma tarefa que realmente transforme este vilarejo.

A semana passada já não fui a tempo de comentar a operação militar israelita que fez explodir milhares de pagers de terroristas do Hezbollah. Mas ainda venho a tempo de informar que, neste momento, as comunicações do Hezbollah estão de tal modo comprometidas que a artista com mais downloads de Spotify no Líbano é a Lara Li: a malta do Hezbollaz está mesmo desesperada para perceber como funciona a telepatia. Piada que funcionará bastante melhor para quem está familiarizado com pagers, lá está.

Parece que a operação militar israelita em curso no Líbano, que se iniciou com a tal Missão Arrebenta Partes Baixas, teve como objectivo prevenir uma invasão do norte de Israel, que estaria a ser preparada pelo Hezbollah para o próximo 7 de outubro. Terá esse objectivo sido alcançado? Tenho as minhas dúvidas, porque estes terroristas são manhosos. Eu se fosse Israel, dia 7 de outubro estaria preparado para uma invasão de um comando do Hezbollah, ao pé coxinho, ao som de "Allahu Akbar" gritado em falsete.

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A propósito de eventuais cagufas, se é verdade que Israel deve temer o Hezbollah, já Nicolás Maduro não tem qualquer motivo para recear o nosso Partido Socialista. Isto porque, há dias, o Parlamento Europeu reconheceu Edmundo González Urrutia como presidente legítimo e democraticamente eleito da Venezuela, tendo a cabeça de lista do PS, Marta Temido, votado contra. Donde se conclui não haver razão para o PS ser Temido por Maduro, como eu queria demonstrar.

Mas se Marta Temido é toda pelo Maduro (pois pudera, deve ser daquele bigode todo sensualão), verdade seja dita que outros eurodeputados do PS votaram a favor do reconhecimento de Edmundo González Urrutia como presidente da Venezuela. Foi o caso de Francisco Assis que, ao ter nova atitude decente, pregou mais um prego no caixão do eventual sonho de voos mais altos no partido. Aliás, são já tanto os pregos que o mais simpático que se pode dizer de Assis é que está mais próximo de secção de quinquilharia do Leroy Merlin do que da liderança do Partido Socialista. E isso é prestígio.

Liderança do Partido Socialista, essa, que continua entregue ao líder do Bloco de Esquerda, Pedro Nuno Santos. E que bem entregue ela está, como tem ficado claro nos últimos dias com as polémicas sobre a marcação de uma conversa com vista ao agendamento de uma reunião para definir um encontro que propicie um diálogo com Luís Montenegro acerca do Orçamento do Estado para 2024. Enfim, o encontro será na sexta-feira, mas foi mais difícil de marcar que um date entre terroristas do Hezbollah por pager.

E, em princípio, o date não dará em nada. Arrisco que nem chochinho haverá, que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos andam num bate-boca feio há dias. O que traz os comentadores políticos muito indignados, com as acusações de infantilidade para um lado e as reuniões secretas para o outro. Eu, confesso, acho esta uma óptima maneira de os nossos lideres políticos ocuparem o seu tempo. Diverte e é menos vagar que lhes sobra para fazerem coisas. "Ah e tal, este tipos deviam era estar a trabalhar em vez de perderem tempo nestas palhaçadas!" A sério? Mas quê, do que temos visto, o fruto desse trabalho tem sido mesmo muito bom? Queremos mais desse trabalho, é? Em tempos, o Benfica teve um número seis, Michael Thomas, que corporizava, na perfeição, esta ideia: quanto menos se mexer, melhor.

A propósito, prepare-se para se mexer um bocado mais nos próximos dias, que pode ser necessário fugir do anunciado rio atmosférico. Que soaria a dilúvio de proporções bíblicas, não fossemos nós contemporâneos dos pagers e não soubéssemos que significa só que é outono e vai chover.


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sábado, 28 de setembro de 2024

A desforra de Estaline.

Os golpes de Xi Jinping podem ser, não os caprichos de um autocrata narcisista, mas tentativas desesperadas de manter o poder nas mãos de um partido totalitário numa sociedade do século XXI.

27 set. 2024, João César das Neves, 'Observador'

Professor da Católica Lisbon School of Business & Economics

O mundo vive hoje assombrado pela decadência de uma das maiores realizações económicas de sempre, em derrapagem para um dos grandes pesadelos do passado. Para entender o drama é preciso recuar 300 anos.

O projeto comunista de criar uma economia planeada, sem ganância e incompetência privadas, é um dos mais magníficos empreendimentos da humanidade. Idealizado no século XVIII, e prometendo acabar com a miséria, desigualdade e exploração numa economia ordenada, justa e dinâmica, o modelo só se viria a concretizar na URSS, a qual, após os inevitáveis percalços iniciais de Lenine, de 1917 a 1924, atingiu o sucesso no consulado de Estaline, de 1928 a 1953, sobretudo com a vitória na "grande guerra patriótica" de 1941 a 1945. Na época em que o sistema capitalista, com a depressão e a guerra, mostrava a sua decadência, este êxito soviético espalhou o comunismo por todo o mundo.

Todos sabem que, após esse episódio triunfante, o modelo estalinista desabou vergonhosamente em 1989, após décadas de terrível incompetência, opressão e apatia. Para muitos, a derrocada provou irremediavelmente o falhanço do comunismo; só que, quando aconteceu, estava já em curso a variante que traria novo fôlego ao sistema coletivista, recolocando-o no centro da dinâmica mundial.

Deng Xiaoping chegou a líder do Comitê Central do Partido Comunista a 8 de março de 1978, lançando uma drástica reforma. A nova orientação baseava-se em dois pilares: no campo político, estabelecia-se uma rotação de dez anos na direção do partido e do país, evitando o esclerosamento da governação; no campo produtivo era dada liberdade de iniciativa empresarial, primeiro em Zonas Económicas Especiais, depois em todo o país.

O resultado, como todos também sabem, foi espantoso. Nos 45 anos seguintes, a China transformou-se numa superpotência, com influência global. O produto decuplicou nessas décadas, sendo, em paridades de poder de compra, já o maior do mundo. Em termos diplomáticos, o país assumiu-se como uma referência central do planeta, desafiando as hegemonias anteriores. Mais importante, este sucesso, tão ou mais retumbante que o de Estaline em 1945, provou definitivamente que uma economia comunista pode funcionar bem e crescer a sério.

Só que agora são crescentemente visíveis os sintomas do velho estalinismo. Xi Jinping, líder do Comitê Central do Partido Comunista desde 15 de novembro de 2012, tem desmantelado as reformas do seu brilhante antecessor. Primeiro, violando a regra governativa, fez-se reeleger em outubro de 2022 para um terceiro mandato à frente do partido, algo igualado apenas pelo fundador Mao Zedong. O atual culto da personalidade e a concentração de poder só têm paralelo no maoismo dos anos 1960, como no estalinismo dos anos 1940.

Além disso, as interferências sobre a liberdade económica são crescentemente intensas e danosas. Sucessivos pacotes, como as "três linhas vermelhas", "prosperidade comum", "iniciativa do cinturão e rota", "Made in China 2025", etc., traduziram-se num controle cada vez mais apertado das empresas públicas e privadas. Em particular, a intervenção pessoal do líder em 2020 contra o Ant Group e outros negócios digitais, destruiu a vantagem tecnológica chinesa que então assustava o mundo. Hoje, fortes suspeitas de manipulação estatística e informativa, bem como o medo da excessiva e caprichosa regulação, afastou muito do investimento nacional e estrangeiro. Naturalmente que o ritmo de crescimento se tem vindo a ressentir (o Vietname, o único outro caso de sucesso económico coletivista, apesar das diferenças, segue trajetória paralela).

Esta decadência da economia e sociedade chinesas será muito mais influente que a queda soviética há 35 anos. A dimensão económica, mas também política, diplomática e até demográfica, são muito superiores à da Rússia de então. Ninguém sabe o que acontecerá, e a China, uma das civilizações mais antigas e ricas da humanidade, tem repetidamente surpreendido o mundo com as suas glórias e misérias. Aquilo que já sabemos é que poucos terão algo a ganhar com um colapso chinês. A maior ameaça da China para o mundo está, não no seu apogeu, mas na sua derrocada.

Mais interessante é saber os motivos deste recuo na solução Deng. Pode dizer-se que ela sempre foi frágil, refém de um qualquer Estaline embriagado de poder. Mas existe uma explicação mais perturbadora: a China em 1978 estava ainda numa fase embrionária da industrialização. O modelo Deng funcionou bem num país pobre e rural. Depois do estrondoso e inesperado sucesso, a atual sociedade chinesa, ainda com um nível médio semelhante à América Latina, é muito complexa, com zonas e classes ricas e sofisticadas, ansiando por uma vida diferente.

Isso significa que os golpes de Xi podem ser, não os caprichos de um autocrata narcisista, mas tentativas desesperadas de manter o poder nas mãos de um partido totalitário numa sociedade do século XXI. Isso pode dizer-nos que, afinal, o estalinismo não é um erro de ditador, mas uma fase inevitável do sistema comunista.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Dezenas de milhares de imigrantes ilegais com condenações por agressão sexual e assassinato vagam pelas ruas dos EUA: dados do ICE

 



https://www.foxnews.com/politics/tens-thousands-illegal-immigrants-sexual-assault-homicide-convictions-roaming-us-streets


A epidemia de criminalidade crescente na Suécia alarma os seus vizinhos.

Tiroteios cometidos por gangues suecas em outros países aumentam a pressão sobre o governo em Estocolmo.

MOSS, Noruega — Christer Nersund estava em sua casa à beira do lago, nos limites da cidade norueguesa de Moss, numa noite do inverno passado, quando ouviu os tiros. 

Nersund, um gerente de publicidade de 38 anos, pensou que fosse um acidente de carro a princípio. Mas, quando viu veículos de emergência correndo em direção a um ginásio e parque esportivos próximos, percebeu que era algo mais sério. 

Do outro lado do mar, gangsters suecos rastrearam um rival e tentaram matá-lo, sugerem relatórios policias.

Enquanto as crianças praticavam handebol a poucos metros de distância, o homem foi deixado sangrando na neve. Ele foi levado de helicóptero para um hospital e, finalmente, sobreviveu. Três homens foram presos na Suécia em conexão com o ataque e foram extraditados para a Noruega, onde permanecem sob custódia. 

“Não me assusto facilmente”, disse Nersund. “Mas o que aconteceu naquela noite abalou as pessoas aqui.”

O crime de gangues é o maior desafio político que o governo sueco enfrenta hoje. Cerca de 195 tiroteios e 72 atentados tiraram 30 vidas somente neste ano e minaram a sensação de segurança dos cidadãos suecos em todo o país. O tiroteio em Moss foi um sinal precoce de que a crise doméstica da Suécia está se espalhando para os estados vizinhos. 

Na Noruega, a ex-ministra da Justiça Sylvi Listhaug apelou ao seu país para que se mantivesse vigilante contra uma tendência para o que ela chamou de “condições suecas”.

Consternação nórdica

A polícia norueguesa suspeita que um atentado a bomba na cidade vizinha de Drøbak também foi obra de membros de gangues suecas. Eles acreditam que gangues de drogas suecas agora estão operando em todos os 12 distritos policiais da Noruega após expandir as operações recentemente. 

Enquanto isso, as autoridades dinamarquesas relataram um fluxo crescente de criminosos suecos para a vizinha Dinamarca, que observam que muitos dos recrutas são muito jovens. 

No início de setembro, a polícia dinamarquesa  acusou  dois adolescentes suecos de tentativa de homicídio, dizendo que eles foram contratados por gangues cooperativas do crime organizado sueco e dinamarquês. A polícia disse que está atualmente trabalhando em cerca de 25 casos semelhantes.


“Crianças-soldados estão sendo recrutadas por gangues para atacar umas às outras”, disse o Ministro da Justiça dinamarquês Peter Hummelgaard aos repórteres recentemente. “O que está acontecendo do outro lado de Øresund?”, ele disse, referindo-se ao estreito que separa a Dinamarca e a Suécia. 

Ser chamado pelos vizinhos escandinavos é um desenvolvimento chocante e humilhante para a Suécia, um país há muito visto como um bastião europeu de estabilidade social. A situação de segurança da Suécia corre o risco de minar a reputação do país em casa e no exterior, dizem os observadores. 

“Isso é embaraçoso para a Suécia e parece terrível”,  disse Fredrik Furtenbach , um comentarista político da rádio nacional sueca SR, em agosto passado. 

O dinamarquês Hummelgaard chamou o ministro da Justiça da Suécia, Gunnar Strömmer, a Copenhague para conversas de emergência sobre o assunto no final de agosto. 

Após a reunião, Strömmer reconheceu a validade das preocupações sobre a criminalidade de gangues suecas que afeta seus vizinhos, além de como a Suécia precisa fazer mais para acabar com o problema na origem. 

O governo de centro-direita da Suécia, que chegou ao poder em 2022 apoiado pelo partido de extrema direita Democratas Suecos, prometeu implementar o que chamou de "mudança de paradigma" na forma como lida com o crime. 

Aumentou as sentenças para delitos com armas e está buscando reduzir a idade em que criminosos podem ser responsabilizados por suas ações. Também lançou um novo  sistema  de zonas de parada e busca. 

Mas a repressão ainda não teve um impacto sério, e os tiroteios e ataques a bomba contra membros de gangues e suas famílias continuam na Suécia e no exterior.  

Nos últimos meses, gangsters suecos foram mortos a tiros por rivais na  Bósnia ,  Turquia  e  Iraque . 

Falando no início de setembro, a líder da oposição social-democrata da Suécia, Magdalena Andersson, disse que o governo "não tem um plano" para impedir que gangues recrutem novos membros. 

Sangue na neve

A polícia suspeita que o ataque de 28 de novembro em Moss começou com uma mensagem de texto horas antes do tiroteio contendo um horário (17:00) e um local de encontro (o ginásio esportivo da cidade, Mossehallen) enviada pelos suspeitos suecos à vítima, um homem sueco na faixa dos 30 anos que mora na cidade, de acordo com relatórios policiais citados pela emissora nacional norueguesa NRK. 

Os suspeitos também enviaram uma mensagem de texto informando o tipo de carro em que chegariam: um Peugeot 208. 

Essa cadeia de eventos está de acordo com um método usado regularmente por gangsters suecos, onde eles atraem um alvo pretendido fingindo estar propondo um acordo comercial ou retransmitindo uma mensagem de um contato.


Quando a vítima se aproximou do carro, estacionado perto da entrada de Mossehallen, uma saraivada de tiros foi disparada. O som de nove tiros foi capturado em uma gravação de CFTV às 16:52. 

Quando a polícia correu para o local, os suspeitos fugiram para uma rodovia próxima e para o sul, cruzando a fronteira com a Suécia, acredita a polícia. 

Nas semanas seguintes, a polícia sueca e norueguesa vasculhou câmeras de segurança e outros registros para rastrear o Peugeot até uma agência de aluguel na cidade de Vetlanda, na Suécia. 

No final de dezembro do ano passado, dois homens foram presos na cidade sueca de Gotemburgo em conexão com o caso. Acredita-se que um deles tenha alugado o carro. Um terceiro homem foi preso em Estocolmo depois que a polícia revistou seu telefone em relação a outro crime suspeito e encontrou ligações com o ataque em Moss, informou a NRK. 

Os cidadãos de Moss lembram-se claramente do tiroteio. 

“Temos criminosos aqui, não é como se fôssemos anjos”, disse um estudante de 16 anos da cidade, que teve seu anonimato garantido devido a preocupações com a segurança, que estava recentemente caminhando perto do local do tiroteio. “Mas esse tipo de violência é algo que realmente não temos — e não queremos”, disse ele.

Visitado em um dia de semana recente, Mossehallen parecia um lugar improvável para uma tentativa de assassinato. Grupos de crianças em idade escolar chegaram de ônibus carregando kits para aulas de esportes. Outros completaram exercícios escolares no parque adjacente, onde uma escultura de duas cadeiras de praia gigantes havia sido grafitada com as palavras "amor" e "fé".

Ao passear com seu cachorro pelo corredor, Nersund — o morador local — disse que era chocante que a violência brutal de gangues da Suécia tivesse se espalhado para seu bairro tranquilo. Ele acrescentou como os noruegueses assistiram por anos com preocupação enquanto os crimes de gangues na Suécia se espalhavam pelo país e se tornavam mais violentos.

Ele não esperava nenhuma solução rápida. 

“Os problemas na Suécia levaram muito tempo para chegar ao nível em que estão hoje e provavelmente levarão o mesmo tempo para serem resolvidos”, disse Nersund.


https://www.politico.eu/article/sweden-crime-gangs-shooting-youths-norway-denmark/