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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

A lenda da geração mais bem preparada

 Não nego que possa haver alguns jovens licenciados com melhor formação do que no passado, mas, de acordo com a minha experiência, devem ser os que emigram. Porque em relação aos restantes tenho todas as razões para pensar o contrário, a começar pelas empresas que é o sector que conheço melhor. O número de falências das empresas cresce, em particular das pequenas e médias que são mais de 90% do total, o que não revela grande melhoria na qualidade da gestão. Quanto às grandes empresas, do panorama geral aceito que exista melhor formação entre os jovens que ali consigam empregos e que não são muitos, porque se trata de um sector da economia, nomeadamente a indústria, em estagnação.

Entretanto, vejo sinais preocupantes em geral, na economia e na sociedade, de que os jovens que chegam ao mercado de trabalho têm enormes deficiências de formação e estão longe da tão apregoada geração mais bem preparada. Desde logo a grande quantidade de jovens a que o Partido Socialista e o Governo têm dado empregos, porque, apesar de geralmente bem pagos, os resultados da sua formação não são brilhantes e tem resultado em serem paus mandados dos menos jovens que chegaram antes deles, sem ideias diferentes e com uma enorme tentação de transformar as fantasias governativas em realidade virtual. Além de trazerem para a vida política e económica a falta de exigência existente no sistema de ensino.
Também na minha experiência resultante do contacto com o Estado, com os bancos, empresas de telecomunicações, hospitais e clínicas, serviços em geral, só vejo desorganização, péssimo serviço aos clientes e aos cidadãos, arrogância despropositada e um grave desconhecimento das normais regras da boa educação. Nomeadamente os velhos como eu são tratados como incapazes e inúteis e basta telefonar para uma empresa de telecomunicações para tentar resolver um qualquer problema, ou ir a uma das suas lojas, para se perceber do que estou a falar.
Pessoalmente não vou aos jogos de futebol, mas vejo televisão e não poucas vezes dou comigo a ver hordas de jovens e outros menos jovens, certamente muitos deles licenciados, a caminharem encurralados como animais entre a polícia e a comportarem-se nas mais diversas ocasiões como selvagens analfabetos, sem culpa para os que realmente o são por nascimento. Não sei contar quantos destes jovens pertencem à geração mais bem formada dos últimos anos, mas alguns serão.
Vou frequentemente a cafés, pastelarias, restaurantes, supermercados, bem como a repartições públicas, e vejo alguns jovens entre os funcionários, que tento evitar porque, por experiência, prefiro o conhecimento e a atenção dos mais velhos relativamente à ignorância demonstrada por muitos jovens.
Penso, apesar de tudo, não ser um velho rabugento que não gosta da juventude; tenho netos que adoro e convivo com jovens a quem tento explicar os problemas da nossa sociedade. Não poucas vezes, quando me pedem uma opinião sobre como encontrar uma futura carreira profissional, aconselho aos jovens e às suas famílias sempre a mesma receita: façam uma licenciatura numa boa universidade portuguesa da área da vossa escolha e depois prossigam, se puderem pagar, o mestrado numa escola da especialidade escolhida no estrangeiro, porque se forem pelo menos alunos razoáveis os empregos chegarão até vós, bem pagos e sem grandes problemas. Trata-se, em princípio, de passar a ter uma melhor qualidade de vida, melhor salário, melhor sistema de segurança social, reforma certa e filhos integrados em sociedades mais avançadas e mais justas.
Sempre gostei muito de Portugal, na minha juventude e na vida adulta lutei modestamente pela democracia e pela justiça social, dei algum contributo para o desenvolvimento da economia, adoro os cantos e recantos do nosso país, mas não sou estúpido e vejo com clareza cristalina que a governação de grande parte dos últimos trinta anos nos condenou à pobreza e ao atraso no contexto da União Europeia. Causa de muitos jovens, que também não são estúpidos, emigrarem.
Hoje a única contribuição que dou ao meu país são os meus escritos, onde há muitos anos defendo um sistema de educação que privilegie as creches e o pré-escolar de qualidade com alimentação e transporte, com o objectivo de todas as crianças chegarem ao ensino oficial aos seis/sete anos com níveis de desenvolvimento semelhantes. Depois, é a pedagogia da exigência e do trabalho, a meias com os conhecimentos, os comportamentos e as competências que todo o sistema de ensino deve garantir, já que na maioria das famílias mais pobres e mais ignorantes isso não é provável. Não será culpa minha que os nossos governantes não compreendam nada dessa estratégia e prefiram a fantasia da geração mais bem preparada de sempre. ■
Nota: O ministro da Educação disse recentemente, na Assembleia da República, que os problemas da educação são antigos. É obra que passados oito anos da governação de António Costa apenas a antiguidade dos problemas tenha crescido. 
Henrique Neto
O diabo

Orçamento Assustador (2024)

A maratona da discussão e aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano de 2024 começou já há duas semanas, tendo-se realizado o debate parlamentar da discussão e aprovação na generalidade, nas segunda e terças-feiras, dias 30 e 31 de Outubro.
À hora que escrevo esta crónica não sei ainda qual o desfecho da votação. Porém, com um Governo do Partido Socialista, suportado por uma maioria absoluta de deputados (embora conseguida por apenas 41% dos votos), quase todos pouco exigentes senão mesmo acefalamente palmistas – como faz de forma brilhante todos os dias o seu líder parlamentar – fácil será de prever a aprovação na generalidade deste Orçamento.
Curiosamente, a data não poderia ser mais adequada, pois este é mesmo um Orçamento perfeitamente “halloweenesco”. Só não se trata de nenhuma brincadeira carnavalesca, nem tampouco de uma mentirinha inócua que apenas assusta, sem fazer mal. Pelo contrário, este Orçamento “Halloween” para 2024 é absolutamente sinistro e fatal para o país.
Assim, temos um ministro das Finanças que não se apresenta mascarado de Michael Myers, mas, antes, é, ele próprio, uma arrepiante encarnação portuguesa do conhecido vilão. Aqui, “Medina Myers”, numa estranha versão de um sociopata económico. Alguém que desenvolveu de forma fulminante um transtorno de personalidade anti-económico-social muito grave. Que pretende liquidar, irreversivelmente, a economia portuguesa, bem como resgatar não apenas a página – dita virada – da austeridade, como imprimir na acção política do Governo todo um manual com vários capítulos de um severo neo-austeritarismo que vai impor com o beneplácito do mestre do ilusionismo político e primeiro de todos os ministros, António Costa.
Um impiedoso regime austerizante que nem Vítor Gaspar – naqueles aflitivos e obscurantistas momentos em que não havia dinheiro para mandar cantar um cego e nem sequer para pagar salários aos funcionários públicos, em virtude da inesquecível bancarrota “socratina” de 2011 – alguma vez conseguiu idealizar e ponderar pôr em prática...
O diabo



 

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Um fracasso em toda a linha

 Em 2016, com muita pompa, Costa prometeu a universalização do pré-escolar até 2020. Em 2023, continuam milhares de crianças sem vaga. Pior: os números revelam que muito pouco se alterou nestes 7 anos.

«As crianças têm de estar todos os dias no centro das nossas preocupações. E a sua educação tem de ser a primeira das nossas prioridades, enquanto famílias e enquanto sociedade. (…) Sabemos que as crianças que frequentam o ensino pré-escolar têm maior sucesso escolar. (…) É por acreditarmos profundamente que o conhecimento é a chave para o nosso futuro, que fixámos como objectivo fundamental generalizar o ensino pré-escolar a todas as crianças a partir dos 3 anos de idade. (…)

Não queremos que ninguém fique para trás. (…) É este o caminho que temos de prosseguir, continuando a formar as diversas gerações, melhorando os mecanismos de transferência do conhecimento para as empresas. E a melhor forma de o fazer é aumentando os empregos de qualidade, que ofereçam confiança no futuro à geração mais qualificada que Portugal já formou, e que nunca mais queremos que seja forçada a emigrar. Queremos e precisamos destes jovens. (…)» Mensagem de Natal do Primeiro-Ministro António Costa, 2016

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 As promessas na política servem para eleger um candidato, mas servem também para o julgar após a eleição. São compromissos, rumos e ideias de futuro a que se pode aderir, tal como são metas e objectivos fixados cujo cumprimento compete aos cidadãos avaliar, quando a hora chegar. Em Dezembro de 2016, após um ano de improvável geringonça, António Costa escolheu o conhecimento e a educação como prioridades políticas na sua comunicação ao país, proferida a partir de um jardim-de-infância. À beira de se passarem sete anos sobre esta sua mensagem, é oportuno proceder à avaliação, não do que foi dito, mas do que foi feito.

2No arranque deste ano lectivo 2023/2024, existem ainda crianças sem vaga no pré-escolar. Como a idade é um critério de prioridade, o problema coloca-se sobretudo ao nível das crianças de 3 anos de idade. Quantas crianças estão sem vaga? O Ministério da Educação não esclarece — serão vários milhares de crianças. O compromisso do governo de universalizar o acesso ao pré-escolar às crianças a partir dos 3 anos de idade tinha previsto uma implementação gradual e uma meta temporal: até 2019, o final da legislatura do primeiro governo liderado por António Costa, teria de existir resposta prevista para todas as crianças e, em 2020, a universalização seria uma realidade. Três anos após esse prazo, ainda hoje se está longe de poder assegurar vagas para todas as crianças no pré-escolar.

3Alega o governo que, mesmo não tendo alcançado o objectivo, está-se hoje mais perto de o atingir. Infelizmente, os números contam uma história menos optimista. Usando por referência os dados publicados no último relatório estatístico do Conselho Nacional de Educação, a taxa de escolarização (percentagem de crianças em idade de pré-escolar que frequentam o pré-escolar) pouco se alterou nestes anos: era de 90,8% em 2016/2017; foi de 90,4% em 2020/2021. Os dados do CNE são úteis porque estratificam por idade: em 2020/2021, 78,3% das crianças de 3 anos frequentava o pré-escolar, um valor um pouco inferior a 2016/2017, mas idêntico (78,4%) ao de 2011/2012. Mesmo reconhecendo que a pandemia teve um impacto negativo de cerca de 2 pontos percentuais nestes dados de 2021, e que por isso em 2022 os dados serão ligeiramente superiores, a situação global parece estar relativamente estagnada — e longe da prometida universalização do pré-escolar a partir dos 3 anos de idade.

4Se em termos relativos a situação aparenta estar estagnada, em termos absolutos (número de vagas/crianças) os dados são elucidativos do que efectivamente (não) aconteceu. Ao longo dos últimos anos, o governo tem anunciado a abertura de novas vagas em pré-escolar, dando a entender que tem aumentado a capacidade instalada para receber as crianças. No entanto, o número de crianças matriculadas no pré-escolar em 2016 (259.850 crianças) é praticamente idêntico ao de 2022 (259.030 crianças) — dados retirados do Pordata. E, se recuarmos mais no tempo, constatamos que estes números são inferiores aos de anos anteriores: por exemplo, em 2012, o número de crianças no pré-escolar superou os 272 mil. Ou seja, os números revelam uma dupla falha de gestão. Por um lado, a criação de novas vagas na rede pública (menos de 3 mil) não trouxe mais crianças para o pré-escolar (apenas as transferiu da rede privada), visto que o número total de matriculados em 2022 é igual ao de 2016. Por outro lado, nos últimos 10 anos desapareceram vagas na soma das redes pública e privada, uma vez que em 2012 havia resposta no pré-escolar para muitas mais crianças e esta capacidade instalada, caso se tivesse mantido, seria agora eventualmente suficiente para que nenhuma criança ficasse de fora (porque, analisando a demografia, nasceram desde então menos crianças).

5Em 2016, com muita pompa, António Costa prometeu a universalização do acesso ao pré-escolar até 2020. Em 2023, continuam milhares de crianças sem vaga. Pior: os números revelam que muito pouco se alterou nestes 7 anos. O fracasso é em toda a linha. E, assim, o governo falhou todas as suas metas numa política que o próprio definiu como prioritária. Revela incapacidade, pois claro. Mas revela também como as promessas são lançadas à população de forma inconsequente, gerando expectativas em relação às quais não se observa real compromisso político. Aliás, a universalização do pré-escolar a partir dos 3 anos poderia ter sido atingida se existisse vontade política (nomeadamente, em disponibilização de verbas para o efeito). Não haja dúvidas: a educação serve de chavão útil para decorar discursos, mas não ascende a verdadeira prioridade política.

6Recuar à mensagem de Natal do primeiro-ministro em 2016 tem, pois, este interesse de nos introduzir a uma realidade paralela: um país cor-de-rosa, assente em promessas que não se cumpriram e numa visão para Portugal que não se concretizou. Voltar à realidade pode ser doloroso. Perante este fracasso, as famílias que não conseguirem vaga no pré-escolar ficarão perante o dilema de adiar a entrada dos filhos no pré-escolar (penalizando as suas probabilidades de sucesso escolar), ou de pagar (se o conseguirem) a frequência num estabelecimento privado (cerca de 300 euros mensais). Enquanto as intrigas palacianas animam o debate político, a vida real de milhares de famílias em dificuldades continua sem acesso ao prometido pré-escolar e ao primeiro patamar do elevador social.


Observador
Alexandre Homem Cristo

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Às vezes, as teorias da conspiração são verdadeiras.

Alexandre Cockburn
Ao contrário dos franceses ou dos italianos, para quem as conspirações são parte integrante da actividade governamental, reconhecida por todos, os americanos têm sido temperamentalmente propensos a desconsiderá-las. Refletindo o seu público, a imprensa segue o exemplo. Editores e repórteres gostam de se apresentar como cínicos endurecidos, seguindo a velha máxima “Nunca acredite em nada até que seja oficialmente […]
Ao contrário dos franceses ou dos italianos, para quem as conspirações são parte integrante da actividade governamental, reconhecida por todos, os americanos têm sido temperamentalmente propensos a desconsiderá-las. Refletindo o seu público, a imprensa segue o exemplo. Editores e repórteres gostam de se apresentar como cínicos endurecidos, seguindo a velha máxima “Nunca acredite em nada até que seja oficialmente negado”, mas na verdade, eles são comoventemente crédulos, sempre inclinados a confiar na versão oficial, pelo menos até que haja evidências irrefutáveis ​​– digamos , o fracasso na descoberta de uma única ADM no Iraque – obriga-os finalmente a uma visão mais sombria.
Uma ou duas vezes por década, algum engano oficial simplesmente não pode ser contornado com calma. Mesmo na década de 1950, quando a tampa do sigilo governamental foi fechada com mais firmeza, as graves consequências para a saúde dos testes atmosféricos de armas nucleares no Pacífico Sul, Utah e Nevada finalmente vieram à tona. No final da década de 1960, foi a vez da CIA, algumas das suas atividades expostas pela primeira vez em publicações relativamente marginais como The Nation e Ramparts , e finalmente tendo uma circulação mais ampla.
Mesmo nessa altura, a grande imprensa exibiu extrema apreensão ao publicar qualquer história que pretendesse desacreditar as credenciais morais do governo dos EUA. Considere o assassinato como um instrumento de política nacional. Nestes dias pós-11 de Setembro, quando Dennis Blair, o director da inteligência nacional, declara publicamente, como fez perante o Comité de Inteligência da Câmara, que o governo tem o direito de matar americanos no estrangeiro, é fácil esquecer que nada foi usado suscitar mais rapidamente negações furiosas por parte da CIA do que alegações sobre os seus esforços, que remontam ao final da década de 1940, para matar líderes estrangeiros inconvenientes. As acusações feitas pelos cubanos durante a década de 1960 e início da década de 1970 sobre as tentativas em série da Agência de assassinar Fidel Castro foram rotineiramente ignoradas, até que finalmente as audiências no Senado conduzidas em 1976 pelo Sen.
Na verdade, houve um breve período no início dos anos 70, entre a repulsa pela Guerra do Vietname e a excitação das audiências de Watergate, quando a imprensa exibiu uma certa bravata inusitada, em parte porque as comissões de investigação do Congresso, animadas por Watergate, fizeram bons negócios. uso do poder de intimação e imunidade contra ameaças de difamação. Daí as famosas audiências de suborno da Lockheed.
O decoro logo retornou, porém, em meio a severas advertências da falecida Katharine Graham, presidente da Washington Post Company. “A imprensa hoje em dia deveria... ter bastante cuidado com o seu papel”, disse ela à Associação de Editores de Revistas. “É melhor não cedermos à tentação de continuar a lutar novamente na próxima guerra e ver conspiração e encobrimento onde eles não existem.” Os funcionários da Sra. Graham prestaram atenção. A “conspiração” pode ser uma acusação mortal dirigida a um repórter ou a um editor.
Pouco mais de 20 anos depois, em 1996, o Washington Post lançou uma série de seis partes, inventada com a ajuda de professores de Harvard, enfeitada com tristes manchetes de primeira página como “Na América, a perda de confiança se infiltra nas instituições”. Cortando a vegetação rasteira de gráficos e tabelas de fatias de pizza, encontramos algo simples: é como se PT Barnum atravessasse o país para ver se alguém estava nascendo a cada minuto, chegasse ao limite do Meio-Oeste, olhasse em volta e então murmurasse para si mesmo, tristemente: "Sem otários!" postagemA mensagem sincera do governo foi que a desconfiança é má e que é melhor para a estabilidade social e o contentamento confiar no governo, como nos dourados anos 50, que, a multidão mais velha deve lembrar-se, foi uma época em que o governo disse aos soldados que era seguro marchar em locais de testes atômicos e quando médicos apoiados pelo governo ofereceram aveia radioativa para crianças retardadas sem o conhecimento dos pais.
A grande imprensa – o que resta dela – considera um dever importante fomentar a confiança nas instituições públicas. Em 6 de maio, logo após a divulgação das negociações duplas do Goldman Sachs, ocorreu a queda e o aumento no mercado de ações que, por um breve momento, cortou 998 pontos do Dow, provocando sérias perdas para pequenos investidores que haviam colocado ordens de stop-loss em ações individuais. ações. No Comedy Central, Jon Stewart mostrou uma série de âncoras de notícias caracterizando tudo, desde o resgate da GM até a crise das hipotecas e o resgate da AIG, como causado por uma “tempestade perfeita”. Stewart disse: “Estou começando a pensar que estas não são tempestades perfeitas. Estou começando a pensar que são tempestades normais e que temos um... barco. Mas a grande imprensa evitou zelosamente as sugestões de que os manipuladores do mercado pudessem ter arquitetado uma matança.
A integração dos jornalistas no aparelho político de Washington, com a sua luxuriante selva de lojas de lobby mal disfarçadas de organizações sem fins lucrativos, com os seus seminários, “académicos residentes” e bolsas de estudo, levou a uma tendência decorosa para ignorar a sujeira da política ao nível da sociedade. corrupção, chantagem e suborno – em sua maioria inacessíveis de qualquer maneira sem o poder de intimação. Há um gênero interessante de livros, alguns escritos por fixadores políticos após a exposição ou encarceramento – Wheeling and Dealing , de Bobby Baker , é um bom exemplo – que descrevem a sujeira de maneira útil, mas raramente são revisados ​​em periódicos respeitáveis.
Às vezes, surge um encobrimento, lançado à luz do dia por um jornalista tenaz. Depois, há o contra-ataque indignado. Você está sugerindo, senhor, que a CIA foi conivente com o contrabando de cocaína para os centros das cidades da América? A carreira de Gary Webb no San Jose Mercury News foi destruída de forma eficiente. Aqueles que se deram ao trabalho de ler o subsequente relatório completo do Inspetor Geral da CIA, Fred Hitz, encontraram corroboração das acusações de Webb. Mas a essa altura a caravana já havia seguido em frente. Um júri emitiu seu veredicto, mas a cabine de imprensa estava vazia.
Talvez agora o declínio do poder da imprensa corporativa estabelecida, a maior disponibilidade de versões dissidentes da política e da história, e a exposição dos métodos utilizados para coagir o apoio público ao ataque ao Iraque tenham gerado um maior sentido de realismo por parte dos cidadãos. Americanos sobre o que seu governo pode fazer. Talvez a imprensa seja mais receptiva a histórias desconcertantes sobre o que Washington é capaz de fazer na prossecução daquilo que considera ser o interesse nacional. Esperemos que, neste solo mais fértil, a pertinacidade de Syd Schanberg seja finalmente justificada, e aqueles que ainda estão activos na política e que foram coniventes com este abandono serão forçados a prestar contas. 

terça-feira, 8 de agosto de 2023

O Estado: essa ficção onde, na realidade, uns poucos roubam os demais.

 Muitos consideram Frédéric Bastiat, um destacado economista francês do século XIX, como aquele que mais brilhantemente definiu o Estado: “A grande ficção através da qual todos se esforçam para viver às custas de todos os outros”.
Apesar de praticamente não ver televisão, recentemente deparei-me com um programa sobre Economia na RTP3. O programa contava com a presença do Ministro das Finanças, Fernando Medina, e mais dois excelsos economistas. Embora tenha assistido apenas a três minutos, uma pergunta do moderador chamou a minha atenção. Era mais ou menos assim: “Sr. Ministro!, que medidas irá tomar para ajudar os portugueses, nomeadamente os mais débeis?

Essas palavras deixam qualquer pessoa incrédula; é como se um bandido, após assaltar a vítima, com a máxima violência e extorquindo-lhe quase tudo, lhe dissesse: “Diz-me o que necessitas, eu sou teu amigo, estou aqui para ajudar-te!”.

É hilariante: um Estado que confiscou 106 mil milhões de Euros à população portuguesa em 2022, algo em torno de 10 mil euros por português, incluindo idosos e crianças, tem o seu principal canal de propaganda a questionar o organizador do assalto sobre como irá “ajudar” as vítimas!

Como chegámos até aqui? Ao longo da História, o número de parasitas no período feudal e na Monarquia Absoluta era relativamente pequeno; no entanto, não hesitavam em extorquir todo o rendimento da vítima, deixando-a, na maioria das vezes, com recursos insuficientes até para a própria sobrevivência.

A Revolução Francesa e o advento das “democracias liberais” e do “Estado Social” mudaram por completo esta realidade. Agora, qualquer um aspira a fazer parte do grupo que parasita os demais. Hoje, esse grupo é muito alargado e vasto; inclui políticos, supervisores, bancos , integrando-se aqui os Bancos Centrais, funcionários públicos, artistas do regimeempresários amigos e muitos mais. A lista é infindável. Para alimentar tantas bocas, as vítimas têm agora de produzir muito mais do que no tempo dos regimes feudais.

Nada escapa à voracidade desta moderna casta parasitária: seja o fruto do trabalho, com o pesado e progressivo IRS – assaltar os “ricos” proporciona um maior butim –, seja a propriedade afectada pelos impostos IMI, IMT e imposto de selo, ou até o consumo sobrecarregado pelo IVA; ou ainda os ganhos de capital (mais-valias), os lucros tributados em sede de IRC, e, até mesmo, os donativos sujeitos ao imposto de selo. Mesmo na morte, não escapamos aos salteadores.

Os consumos quotidianos também não escapam ao pesado fardo tributário. Seja o consumo de electricidade, combustíveis – sob o pretexto das “alterações climáticas” –, água ou comunicações, tudo é taxado e tributado sem qualquer pudor.

Neste contexto, importa ter presente o que hoje passa um empresário para construir uma casa, um verdadeiro calvário burocrático. Primeiro, é necessário consultar o PDM (Plano Director Municipal), elaborado pela principal casta parasitária: os políticos. Em seguida, vem o pedido do PIP (Pedido de Informação Prévia) à Câmara; esse processo envolve o pagamento de taxas e uma longa espera pela resposta.

Após obter o deferimento, deve submeter um projecto de arquitectura, mais uma vez pagando taxas e aguardando a aprovação. Se tudo correr bem, deve seguir com um projecto de especialidade, que, novamente, envolve pagamentos e espera por aprovação. Somente após esse passo, a obra pode finalmente começar, mas não sem antes ter de solicitar um alvará de construção, sujeito, obviamente, a mais taxas e espera.

Durante a execução da obra, ainda há uma série de obstáculos a enfrentar. O empresário necessita de obter certificados, como o energético, o acústico e passar por inspecções das instalações de água, luz e gás. Novamente, cada etapa exige mais pagamentos e tempo de espera na aprovação.

Quando a obra está concluída, devem ser solicitadas as telas finais, um conjunto de fotografias que comprovam que tudo foi realizado de acordo com o plano enviado aos parasitas burocráticos; contudo, ainda falta obter a licença de utilização, mais uma vez sujeita a taxas e longa espera. E, para completar o processo, é necessária uma certidão de infra-estruturas, resultando em mais pagamentos e espera.

Todo o processo implica milhares e milhares de euros, tornando-se uma verdadeira roubalheira para aqueles que desejam apenas produzir algo. Essa excessiva burocracia e carga tributária são o exemplo dos tempos que vivemos, onde se passam horas a discutir o perigo da “extrema-direita”.

O processo de licenciamento kafkiano, anteriormente descrito, não ocorre apenas para a construção; tem lugar em todos os sectores de actividade económica, servindo exclusivamente para eliminar qualquer concorrente, mas também, e principalmente, para encher os bolsos dos parasitas. No fundo, a hiper-regulação funciona como uma contrapartida às ofertas dos empresários estabelecidos, garantindo que qualquer aspirante a empreendedor seja sufocado desde o início.

Para dar a aparência de um “combate” incansável aos gigantes do mercado, são aplicadas multas multimilionárias, perfeitamente pagáveis por estes, mas que apenas servem para promover a propaganda de que o Estado está “atento” em relação aos infractores. Todavia, é importante notar que essas acções são, muitas vezes, um simulacro de perseguição aos grandes nomes, já que a verdadeira intenção é sufocar a concorrência e favorecer os interesses dos empresários já estabelecidos.

Se o concorrente não é eliminado logo à partida, assegura-se que seja sufocado posteriormente. Nada como uma regulação impraticável, por forma a criar um cenário em que os supervisores conduzem inspecções, processos de instrução, julgamentos e aplicam as respectivas multas. É um três em um: investigadores, julgadores e aplicadores de coimas.

O recurso aos tribunais acaba apenas por servir para confirmar a sentença, pois os juízes, na maioria das vezes, simplesmente não compreendem a complexa legislação; para eles, os companheiros de Estado devem ter toda a razão!

O exemplo disto é a legislação ESG (Environmental, Social & Governance), que se aproxima, e que visa garantir que a maioria dos pequenos negócios seja destruída. Não tem painéis solares? Não tem suficientes homossexuais nos quadros? Não tem órgãos sociais paritários (homens vs. mulheres)? Não tem suficientes relatórios demonstrativos da sua transparência? Então, aqui vai a multa para colocar-se no seu lugar ou fechar de vez as portas.

Neste futuro grandioso, a propriedade privada deixará de ter qualquer significado. Quem lá põe o dinheiro não manda; no seu lugar, terá a directora de cumprimento normativo ou os múltiplos inspectores, que nunca lá colocaram um tostão ou têm quaisquer responsabilidades.

Neste Estado parasitário em grande escala, as eleições vencem-se sempre a prometer assaltar uma minoria para “dar” à maioria. Não consegue pagar a renda da casa? Não se preocupe: vamos assaltar os “ricos” e dar-lhe-emos uma “esmola”, obviamente com uma lista infindável de requisitos por forma a gerar muita propaganda e pouca despesa.

Desta forma, garante-se que o saque tem poucas fugas. O alvo é sempre a minoria produtiva, tornada escrava e a pagar os milhões de subvencionados e dependentes do Estado – os que garantem as vitórias eleitorais dos parasitas. Este futuro será um misto dos regimes fascistas dos anos 30 do século transacto e do feudalismo, onde a propriedade privada apenas existe no papel.

Este plano deverá ter em conta que no passado o assalto fiscal foi sempre insuficiente, os parasitas tiveram sempre de recorrer ao roubo mais silencioso de todos: a inflação. Durante décadas, mas em especial durante a putativa pandemia, os Bancos Centrais dedicaram-se a imprimir dinheiro sem fim, multiplicado várias vezes pela prática de reservas fraccionadas. Reparem: nenhum político discute esta fraude, que não é mais que um atentado à propriedade privada, limitando-se a insultos e umas tiradas grandiloquentes, mas sempre ocultando a origem do problema: a prática de reservas fraccionadas e o Banco Central.

Anos a fio, o Banco Central Europeu manteve os juros em níveis baixos, chegando até mesmo a taxas negativas, gerando-se quase exclusivamente crédito por meio da emissão de dinheiro. Esse processo, naturalmente, gerou uma bolha sem precedentes nos activos imobiliários e financeiros. Desta forma, é notável que ninguém questione a subida exponencial dos preços das casas – nunca pensaram que é o dinheiro que vale menos e não as casas que valem mais?

Curiosamente, os políticos culpam agora a Sra. Lagarde por essa situação, ignorando hipocritamente que esta garantiu as suas vitórias eleitorais durante a putativa pandemia, onde o dinheiro impresso para aquisição de dívida pública foi usado para comprar a submissão da população à tirania. Presentemente, a simples elevação dos juros para 5% ou 6% poderá significar a ruína daqueles que compraram casa há dois anos, enganados pelas políticas monetárias da Sra. Lagarde, que os levará a entregar as casas ao Estado com a corda ao pescoço.

Durante este período, os desmandos da casta parasitária não tiveram limite; os privilegiados e próximos do poder encheram os bolsos com esta inflação canalizada para a compra de dívida pública, como é caso das farmacêuticas – milhares de milhões de vacinas inúteis –, das farmácias, dos laboratórios de análises clínicas e dos médicos oportunistas, como são os nossos conhecidos Dr. Froes e Dr. Guimarães.

Até tivemos a bancarroteira nacional a assaltar-nos em 3,5 mil milhões de Euros, em nome do interesse estratégico nacional, que não foi mais que um pretexto para perpetuar sinecuras douradas dos apaniguados do regime e para proporcionar negócios fantásticos a empresários “patriotas”.

Qual será o futuro deste grandioso esquema de assalto? A maioria dos estados ocidentais irá entregar a sua soberania a instituições globalistas, centralizando-se todo o poder num governo mundial. Deixarão de existir lugares na Terra onde será possível a fuga à tirania; todos irão assaltar de forma concertada e até à última gota do nosso sangue.

Podemos destacar a FATF, que servirá para garantir que qualquer Estado dissidente não permita qualquer fuga ou concorrência fiscal, o acordo internacional de assalto mínimo às empresas, a identidade digital, onde cada cidadão terá os seus dados biométricos numa base de dados acessível por este governo mundial. A cereja no topo do bolo deste radiante futuro serão as Moedas Digitais dos Bancos Centrais. Estas últimas são o perfeito instrumento de repressão e controlo sonhado há séculos por qualquer tirano.

Enfim, nos tempos que correm, a definição do Estado de Frédéric Bastiat deveria merecer apenas um pequeno ajuste: “A grande ficção através da qual todos se esforçam para viver às custas de todos os outros recorrendo à tirania”.

Lus Gomes é gestor (Faculdade de Economia de Coimbra) e empresário


N.D. Os textos de opinião expressam apenas as posições dos seus autores, e podem até estar, em alguns casos, nos antípodas das análises, pensamentos e avaliações do director do PÁGINA UM.
https://paginaum.pt/2023/07/31/o-estado-essa-ficcao-onde-na-realidade-uns-poucos-roubam-os-demais/

Não seja tão exigente quanto a um emprego, dizem os graduados da faculdade na China

Sob pressão de Pequim, as escolas chinesas foram instruídas a fazer mais para garantir empregos para os alunos, que enfrentam perspectivas sombrias.

Na cerimónia de formatura deste ano da Faculdade Metropolitana de Ciência e Tecnologia de Chongqing, no sudoeste da China, a turma de formandos não recebeu a habitual mensagem elevada de perseguir seus sonhos. Em vez disso, eles receberam uma dura dose de realidade.

“Você não deve almejar muito alto ou ser exigente com o trabalho”, disse Huang Zongming , o presidente da faculdade, para mais de 9.000 formandos em junho. “As oportunidades são passageiras.”

Um número recorde de graduados chineses está entrando no mercado de trabalho, agravando as perspectivas de emprego já sombrias para os jovens do país. A confluência está aprofundando uma das questões mais intratáveis ​​que impedem que a segunda maior economia do mundo recupere sua vitalidade.

A taxa de desemprego da China para jovens de 16 a 24 anos em áreas urbanas atingiu um recorde de 21,3% em junho. Espera-se que os números de julho sejam ainda maiores, pois a próxima onda de graduados passa oficialmente de estudantes para candidatos a emprego.

Os formuladores de políticas do governo que lutam para resolver o problema agora estão contando com as faculdades para fazer mais para encontrar empregos para os graduados. O desempenho profissional dos administradores escolares já estava vinculado à porcentagem de seus alunos que encontram emprego após a formatura. Agora, os principais funcionários das escolas estão sendo incentivados a visitar as empresas para descobrir oportunidades. Em alguns casos, o escrutínio é tão intenso que os alunos recorrem a forjar ofertas de emprego para aplacar os funcionários da escola.

Nas últimas três décadas, à medida que a economia da China crescia aos trancos e barrancos, mais pessoas frequentavam a faculdade, vendo-a como um caminho para carreiras promissoras. O número de alunos matriculados em faculdades e universidades aumentou para 10,1 milhões em 2022, de 754.000 em 1992, de acordo com o National Bureau of Statistics.

Espera-se que a turma de formandos deste ano de 11,6 milhões de alunos seja a maior de todos os tempos, e espera-se que as turmas futuras sejam ainda maiores. Ao mesmo tempo, a economia não está crescendo como antes .

O problema do desemprego juvenil pode demorar uma década, trazendo ramificações potencialmente maiores para a liderança do país, disse um relatório de junho do China Macroeconomy Forum, um think tank da Universidade Renmin da China.

“Se não for tratado adequadamente, causará outros problemas sociais além da economia e pode até acender o pavio de problemas políticos”, disse o relatório.

A taxa de desemprego juvenil da China dobrou nos últimos quatro anos, um período de volatilidade econômica induzida pelas medidas “zero Covid” de Pequim que deixaram as empresas cautelosas em contratar.

Além disso, as medidas repressivas do governo e a supervisão mais rígida subjugaram setores outrora vibrantes, como educação on-line, tecnologia e imóveis - campos aos quais os jovens se reuniam em busca de empregos.

A partir de 2020, o Alibaba, uma das maiores empresas de tecnologia da China, foi alvo de escrutínio do governo. No ano passado, a empresa reduziu seu número de funcionários em cerca de 11.700, ou cerca de 5% de sua força de trabalho, de acordo com um relatório divulgado pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, um órgão que trabalha sob o Conselho de Estado da China.

E à medida que mais jovens buscavam o ensino superior, houve uma incompatibilidade entre os empregos que eles desejam e o que está disponível. A economia da China não criou o suficiente dos empregos de colarinho branco com altos salários que muitos recém-formados estão procurando, intensificando a competição pelos cargos mais atraentes.

Depois que o crescimento econômico desacelerou significativamente no segundo trimestre, Pequim divulgou um pacote de 31 pontos de iniciativas políticas e medidas de apoio em julho, incentivando empresas privadas a criar empregos.

Em um relatório de maio sobre o desemprego juvenil na China, o Goldman Sachs disse que os jovens são especialmente vulneráveis ​​a perder seus empregos ou não serem contratados em crises econômicas porque têm menos experiência de trabalho.

Em junho, o Ministério da Educação da China disse às escolas e autoridades locais que ajudassem os graduados a encontrar empregos “com senso de dever e urgência”, citando a preocupação do Partido Comunista e dos principais líderes do governo.

O ministério também disse aos funcionários do Partido Comunista e aos administradores escolares que deveriam visitar as empresas para procurar vagas de emprego para estudantes em cursos com baixas taxas de emprego. Na província de Hunan, o departamento de educação emitiu recentemente um aviso exigindo que as escolas apresentem uma explicação se mais de 20% dos graduados encontrarem trabalho de meio período ou autônomo em vez de um emprego de período integral. A província de Sichuan disse que suas faculdades considerariam o cancelamento de cursos com baixa taxa de emprego por dois anos consecutivos.

Cada vez mais, a mensagem transmitida aos jovens é que eles não devem ser muito seletivos ao escolher um emprego e que suportar tempos difíceis constrói o caráter. Xi Jinping, o principal líder do país, disse que os jovens devem se esforçar para trabalhar em áreas difíceis e remotas e aprender a “ comer amargura ”, uma expressão chinesa que significa suportar dificuldades. Mas até mesmo se tornar um funcionário público iniciante é mais desafiador hoje em dia, com muito mais pessoas prestando vestibular do que empregos disponíveis.

Os administradores da faculdade estão sentindo a pressão para cumprir os mandatos de emprego do governo.

Os superiores pressionam as escolas e as escolas apenas pressionam os funcionários”, disse Emma Zhu, conselheira de carreira de uma faculdade na província de Zhejiang.

Stella Xu, que trabalha como conselheira de carreira em uma faculdade na província de Hubei, disse que seu chefe distribuiu classificações das taxas de emprego de cada conselheiro e pediu que eles fornecessem atualizações sobre vagas de emprego em todas as reuniões mensais.

Você coloca uma pressão invisível sobre si mesmo”, disse Xu, que disse ter uma taxa de emprego “muito boa” depois de aconselhar mais de 250 graduados este ano. “Ficaria mal se você estivesse muito atrás dos outros.”

A Sra. Xu disse que quando visitava as empresas, ela tentava persuadir os empregadores a receber mais graduados do que eles procuravam. Ela disse que estimulou seus alunos a garantir ofertas de emprego rapidamente e disse-lhes que deveriam entregar os acordos de oferta de emprego à escola até o dia da formatura.

“Estou muito preocupada todos os dias sobre o motivo pelo qual alguns alunos não foram empregados”, disse ela.

À medida que a campanha de pressão sobre as faculdades se intensifica, estudantes e administradores estão adotando medidas extremas.

Por US$ 17 no Taobao, um site de comércio eletrônico chinês, um fornecedor está vendendo ofertas de emprego forjadas de uma empresa de manufatura com o selo da empresa e o número de registro. Além de fornecer o documento, o fornecedor também responderá às ligações de confirmação da escola ou do departamento de educação local.

Jessamine Wang, 23, que se formou em administração financeira em uma universidade em Chengdu, no sudoeste da China, decidiu fazer o concurso público depois de se candidatar, sem sucesso, a mais de 100 empregos. Seu conselheiro de carreira a incentivou a entregar uma oferta de emprego falsa de uma empresa de qualquer maneira e ameaçou minar suas perspectivas de emprego no governo se ela não o fizesse. A Sra. Wang disse que recusou.

Lucia Xu, 22, deu a seu conselheiro de carreira uma oferta de emprego falsa em uma construtora onde trabalhava um amigo da família. Ela está planeando fazer os exames de pós-graduação neste inverno e não vai procurar emprego enquanto estiver estudando para os testes.

“Se você não assinar um, eles o incomodarão cada vez mais. Quanto mais se aproxima da formatura, mais eles pressionam”, disse Xu


Claire Fu

 cobre notícias na China continental para o The New York Times em Seul. Mais sobre Claire Fu

Daisuke Wakabayashi é correspondente de negócios na Ásia para o The Times, baseado em Seul. Mais sobre Daisuke Wakabayashi