sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Wuhan, a cidade chinesa onde surgiu surto de coronavírus e que foi isolada.

Ela pode não ser uma megalópole tão conhecida, como Pequim ou Xangai, mas é a sétima maior cidade da China e a número 42 do mundo. Mas agora, Wuhan ganhou fama: é a origem de um novo tipo de coronavírus, que já infectou mais de 830 pessoas no país e matou pelo menos 25.

Vista aérea de Wuhuan durante o dia, onde se vê uma ponte, prédios e um portal tradicional chinês Wuhan, na região central da China, é a sétima maior cidade do país — e entrou definitivamente no mapa mundial por ter sido origem de novo coronavírus

O vírus já se espalhou para outros oito países — Arábia Saudita, Singapura, Coreia do Sul, Estados Unidos, Japão, Tailândia, Taiwan e Vietnam. Não há registro de casos confirmados no Brasil.

Suspeitas chegaram a ser informadas por quatro Estados (Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul) e pelo Distrito Federal, mas o Ministério da Saúde descartou que sejam casos do novo coronavírus, porque os pacientes não atendiam aos critérios clínicos (febre e mais algum sintoma respiratório) e epidemiológicos (ter viajado para Wuhan, ter tido contacto com um paciente suspeito ou confirmado) estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde para a identificação de possíveis casos.

Em Wuhan, capital da província de Hubei, autoridades locais admitem que estão em um "estágio crítico" de prevenção e controle. Na quarta-feira, foi anunciado que todo o transporte da cidade chinesa seria interrompido, e a cidade parcialmente "fechada", ou seja, pessoas "sem motivos especiais" não poderiam deixar a cidade, com o objectivo de barrar a propagação do vírus.

As medidas drásticas vêm pouco antes do início das comemorações do Ano Novo Chinês, época de maior movimento de pessoas no país e no mundo.


Ponto estratégico nacional

Segundo dados das Nações Unidas para 2018, a população desta cidade é de 8,9 milhões de pessoas — mas outras fontes falam em até 11 milhões.

Ela é conhecida coloquialmente como a "panela da China" por suas altas temperaturas, sobretudo no Verão.

É também cenário para capítulos importantes na história do país. Resultado da união de três localidades, Wuchang, Hanyang e Hankou, foi ali que começou a revolução que deu fim à China imperial, a revolta de Wuchang, em 1911.

O enclave é um importante ponto de conexão da rede de transporte do país: fica a poucas horas de trem das cidades mais importantes, o que o torna estratégico para a infra-estrutura ferroviária de alta velocidade.

Família com máscaras e malas caminha em estação Autoridades locais admitem que estão em um "estágio crítico" de prevenção e controle em Wuhan

Construída no curso intermediário do rio Yang Tsé — que, com quase 6,4 mil quilómetros, é o maior rio da Ásia e o terceiro do mundo — também tem um importante porto, com navios que se conectam a Xangai, no leste, ou à Chongqing, no oeste.

Justamente o tamanho e a importância económica de Wuhan explicam em parte por que o vírus viajou tão rapidamente no sudeste da Ásia e até chegou aos Estados Unidos.

Em resumo: o vírus se espalhou assim porque muitas pessoas entram e saem de Wuhan, carregando o vírus.

As autoridades chinesas estão aconselhando as pessoas a não viajarem para lá; aos seus habitantes, recomendam que evitem multidões e minimizem reuniões com mais pessoas.

"Basicamente, não vá para Wuhan. E para aqueles em Wuhan, por favor, não deixem a cidade", disse Li Bin, vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde da China.

Além disso, ele avisou que nesta quinta-feira as autoridades suspenderiam o "transporte público urbano — metrô, balsa e transporte de passageiros de longa distância".

Mapa de Wuhan 

O aeroporto e as estações de trem seriam "temporariamente fechados".

O vírus já está em pelo menos 13 províncias chinesas, além das regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau, que confirmaram seus primeiros casos na quarta-feira, informou a agência EFE.


Conexões internacionais

Além disso, a cidade tem um aeroporto que a conecta com todas as regiões do mundo, directa ou indirectamente.

O Aeroporto Internacional de Wuhan transportou 20 milhões de passageiros em 2016 e oferece voos directos para Londres, Paris, Dubai ou Nova York, entre outros.

A cidade, de acordo com seu site, é "a base tanto das indústrias de alta tecnologia como as tradicionais".

Wuhan tem várias zonas industriais, 52 instituições de ensino superior e mais de 700 mil estudantes.

Cerca de 230 das 500 maiores empresas do mundo (classificadas pela lista da Fortune Global) já investiram ali.

Os mais notáveis ​​são da França, que possuía uma "concessão estrangeira" (território arrendado) em Hankou, hoje Wuhan, entre 1886 e 1943. Há investimentos de mais de 100 empresas francesas, incluindo a Peugeot-Citroen, que tem ali um consórcio chinês.

Wuhan também serve como porta de entrada para as Três Gargantas, uma região turística e sede da enorme hidroléctrica homónima.


'Imagine fechar Londres antes do Natal'

James Gallagher, repórter de assuntos de saúde da BBC

Wuhan está começando a se parecer muito com uma cidade em quarentena.

As autoridades já avisaram aos moradores para não deixarem a cidade e pediram aos visitantes em potencial que desistissem do plano.

Agora, a interrupção do transporte público, incluindo voos, bloqueia muitas das conexões de e para a cidade.

É uma tentativa notável de impedir a propagação deste novo vírus, que sabemos agora poder ser transmitido de pessoa para pessoa.

A limitação do transporte reduzirá a possibilidade do vírus chegar a outras cidades da China e a outros países do mundo.

Tudo isso ocorre quando milhões de pessoas estão viajando por todo o país para as festas do Ano Novo chinês.

Para colocar em perspectiva: imagine fechar Londres na semana anterior ao Natal.

A grande questão que resta agora são as estradas: será que alguns dos milhões de habitantes de Wuhan conseguirão deixar a cidade com seu veículo?

Possível origem do vírus

Pedestre com máscara passa ao lado de mercado popular com lojas fechadas

Acredita-se que o novo tipo de vírus tenha se originado em um dos 'mercados molhados' de Wuhan, onde são vendidos animais vivos.

Embora a China não tenha confirmado a origem exacta do vírus, agora conhecido como 2019-nCoV, as autoridades acreditam que o surto se originou em um mercado de Wuhan.

"Este é um dos chamados 'mercados molhados', muito comuns na Ásia", explica Howard Zhang, editor do serviço chinês da BBC.

"São mercados onde animais vivos são vendidos. Você pode ver galinhas vivas e peixes nadando em tanques de água."

"Isso ocorre porque as pessoas querem produtos frescos. Então, por exemplo, diante de um comprador de frango, o vendedor sacrifica e corta o animal no estande. Todas as sobras ficam espalhadas, com pouca higiene e cuidado com a saúde, o que facilita a propagação de doenças", explica Zhang.

"Suspeita-se que o vírus tenha se originado em um desses mercados", acrescenta.

Como observado por Gao Fu, director do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, é provável que o vírus tenha sido originalmente transmitido de um animal para um humano.

As autoridades proibiram a venda de animais vivos em Wuhan, e há relatos de que a polícia está realizando inspecções para garantir que a determinação seja seguida.

Propagação

Segundo especialistas, embora o vírus tenha se originado em um mercado local, é o fluxo de pessoas que entra e sai de Wuhan que causou sua rápida disseminação.

O paciente infectado identificado nos Estados Unidos, por exemplo, visitou Wuhan recentemente, assim como duas pessoas infectadas no Japão. Além disso, um paciente na Coreia morava lá e o caso na Tailândia é de um turista chinês de Wuhan.

O que preocupa as autoridades agora é que esse fluxo pode aumentar à medida que o Ano Novo chinês se aproxima, e milhões de pessoas circulam para comemorar.

As celebrações oficiais começam nesta sexta-feira, dia 25, embora as viagens já tenham começado e geralmente durem até o final das festas. Esse período é conhecido como a maior "migração interna" do mundo, na qual milhões de pessoas se deslocam anualmente.

Portanto, protocolos de saúde já foram impostos em aeroportos e estações de trem com conexão com a cidade.

Mas, embora o vírus possa continuar a se espalhar rapidamente, as autoridades chinesas estão melhor preparadas agora, opina Howard Zhang.

"Após a emergência de saúde pública do vírus da Síndrome Respiratória Aguda Grave (conhecida pela sigla em inglês Sars) em 2002, que também era um coronavírus originado na China e que matou quase 800 pessoas no mundo, as autoridades de saúde chinesas aprenderam muito sobre esse tipo de situação", diz o editor.

"Naquele tempo, as autoridades levaram semanas para identificar o problema e, quando era algo conhecido no resto do mundo, já havia milhares de pessoas infectadas".

"Agora, pelo menos, já há uma infra-estrutura para enfrentar o problema e esta parece estar agindo rapidamente — tanto na identificação da infecção, na confirmação dos casos e no controle de acesso à cidade", acrescenta.

Uso de máscaras pode conter disseminação de doenças?

    Estou convicto de que as autoridades chineses não dizem a verdade – toda – e/ou as autoridades mundiais da saude nos estão a esconder algo!


    Uma das imagens mais comuns no surgimento de surtos e epidemias é a de pessoas usando máscaras cirúrgicas.

    Woman wearing a surgical mask Cientistas mantêm ceticismo em relação à eficácia do uso de máscaras para evitar a propagação de vírus.

    A prática de usá-la a fim de prevenir infecções é popular em diversos países do mundo, mais recentemente na China em meio à actual disseminação de um novo tipo de coronavírus, além de visar a protecção contra altos níveis de poluição.

    Virologistas, entretanto, são céticos em relação à real eficácia dessas máscaras contra vírus e bactérias que circulam no ar.

    Mas há algumas evidências que sugerem que esse tipo de equipamento pode ajudar a prevenir as transmissões de micro-organismos das mãos para a boca.

    Das salas de cirurgia às ruas

    Máscaras cirúrgicas começaram a ser adotadas em hospitais no fim do século 18, mas só passaram a ser usadas pelo grande público na epidemia da gripe espanhola em 1919, que matou mais de 50 milhões de pessoas.

    David Carrington, professor da Universidade de Londres, afirmou à BBC News que esse tipo de máscara não é eficaz contra vírus e bactérias que circulam no ar porque elas são muito frouxas, não têm filtro de ar e deixam os olhos expostos.

    Elas, no entanto, podem ser úteis para minimizar o risco de contrair um vírus por meio de respingos de espirros ou tosses, além de evitar a contaminação mão-boca.

    Um estudo britânico de 2016 indica que as pessoas tocam seus rostos cerca de 23 vezes por hora.

    A crowd wearing surgical masks in China Máscaras do tipo cirúrgico ajudam a proteger de respingos de espirros e tosses, mas não evitam completamente a contaminação área.

    Jonathan Ball, professor de virologia molecular da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, afirmou que "em um estudo bem controlado num hospital, as máscaras de rosto do tipo respirador são boas para prevenir infecções por influenza do tipo.

    Respiradores, que tendem a proporcionar uma filtragem acurada do ar, são desenhados para proteção contra partículas aéreas com potencial perigoso.

    "No entanto, quando você analisa os estudos que tratam da eficácia de máscaras na população em geral, os resultados são menos animadores. É um grande desafio, por exemplo, manter uma máscara no rosto por um tempo prolongado", disse Ball.

    Higiene das mãos é mais eficaz, dizem especialistas

    Connor Bamford, do Instituto Wellcome-Wolfson para Medicina Experimental, na Irlanda do Norte, afirmou que "a adoção de medidas simples de higiene são muito mais eficientes".

    "Cobrir a boca enquanto espirra, lavar as mãos e não colocar as mãos na boca antes de lavá-las podem ajudar a limitar o risco de contrair qualquer vírus respiratório."

    O NHS (serviço de saúde pública do Reino Unido) recomenda que a melhor maneira de contrair vírus como o da gripe é:

    • lavar as mãos regularmente com água morna e sabão

    • evitar tocar os olhos e o nariz sempre que possível

    • manter um estilo de vida saudável

      Jake Dunning, chefe de zoonoses e infecções do serviço público de saúde inglês, disse que o uso de máscaras cirúrgicas pelo grande público tende a reduzir o cuidado pessoal com higiene, por exemplo.

      "As pessoas mantêm mais o foco na higiene das mãos quanto estão preocupadas."

      O que se sabe sobre o novo surto que começou na China?

      Um vírus desconhecido pela ciência até há pouco vem causando uma doença pulmonar grave em centenas de pessoas na China, e já foi detectado nos Estados Unidos, Taiwan, Tailândia, Japão, Coreia do Sul e Macau.

      Ao menos 17 pessoas morreram em decorrência do vírus, que surgiu em dezembro passado na cidade chinesa de Wuhan. Ele infectou 440 pessoas, segundo registros oficiais.

      Amostras do 2019-nCoV, como é chamado, foram coletadas de pacientes e analisadas em laboratório, e autoridades da China e da OMS concluíram que a infecção é um coronavírus.

      O vírus causa febre, tosse, falta de ar e dificuldade em respirar.

      Em casos mais graves, pode evoluir para pneumonia e síndrome respiratória aguda grave ou causar insuficiência renal.

      Os casos têm sido associados ao mercado público de frutos do mar em Wuhan.

      Autoridades chinesas afirmam que há casos de transmissão do vírus de uma pessoa para outra, envolvendo inclusive profissionais de saúde que foram infectados durante o tratamento de pacientes com a mesma doença.

      Há uma grande preocupação em torno de novos vírus que infectam pulmões, já que tosses e espirros são meios altamente eficazes de alastramento de uma doença.

      https://www.bbc.com/portuguese/geral-51219194

      quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

      1984 - Orwell, George

      “No creo que la sociedad que he descrito en 1984 necesariamente llegue a ser una realidad, pero sí creo que puede llegar a existir algo parecido», escribía Orwell después de publicar su novela. Corría el año 1948, y la realidad se ha encargado de convertir esa pieza ?entonces de ciencia ficción? en un manifiesto de la realidad.

      En el año 1984 Londres es una ciudad lúgubre en la que la Policía del Pensamiento controla de forma asfixiante la vida de los ciudadanos. Winston Smith es un peón de este engranaje perverso y su cometido es reescribir la historia para adaptarla a lo que el Partido considera la versión oficial de los hechos. Hasta que decide replantearse la verdad del sistema que los gobierna y somete.”

      A origem do nome de Moçambique…

      A história de Moçambique encontra-se documentada pelo menos a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi descreveu uma importante actividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os “Zanj” (os negros) do “Bilad as Sofala”, que incluía grande parte da costa centro-norte do actual Moçambique.

      Um emir árabe muçulmano de nome Mussa ibn Bique foi o primeiro governante conhecido de Moçambique antes da invasão portuguesa da região, durante a década de 1550 e no período que antecedeu à conquista colonial de grande parte da África.

      Quando Vasco da Gama chegou pela primeira vez a Moçambique, em 1497, já existiam entrepostos comerciais árabes e uma grande parte da população tinha aderido ao Islão.

      Porém de onde veio o nome Moçambique? Conta-se que ao fazer o primeiro aportamento nas terras moçambicanas, os portugueses a chamaram de ” Terras de Mussa ibn Bique” em homenagem ao seu governante, mas ao passar dos anos, como aconteceram em outras regiões do mundo colonizadas por europeus lusitanos, o nome da terra começou a ser simplificado para facilitar a pronuncia, então de Terras de Mussa ibn Bique, o lugar passou a se chamar apenas de Moçambique.

      EUA: Salazar rejeitou mil milhões de dólares em troca da independência das colónias.

      As autoridades norte-americanas esbarraram na inflexibilidade de Salazar

      O Dr. António Oliveira Salazar rejeitou uma proposta dos Estados Unidos para a independência das Ex-colónias portuguesas a troco de mil milhões de dólares (782 milhões de euros), porque "Portugal não estava à venda", revela um Ex-responsável norte-americano no seu livro "Engaging Africa: Washington and the Fall o Portugal's Colonial Empire".

      Segundo o secretário de Estado adjunto para os Assuntos Africanos durante a administração Clinton, Witney Schneider, o Ex-presidente do Conselho rejeitou a proposta americana em 1963, durante um encontro com um enviado da Casa Branca.

      O livro detalha minuciosamente, com base em documentos oficiais e entrevistas com personalidades norte-americanas e portuguesas, as relações dos Estados Unidos com Portugal e com os movimentos independentistas das Ex-colónias portuguesas, em particular Angola e Moçambique, desde o início dos anos 60 até à independência de Angola, em 1975.

      De acordo com o autor, em 1962, o assistente do director adjunto de planeamento da CIA, Paul Sakwa, elaborou um plano denominado "Commonwealth Plan", que visava convencer as autoridades portuguesas a aceitar o que a CIA considerava ser a inevitabilidade da independência das colónias portuguesas.

      O plano previa que Portugal concedesse a auto-determinação a Angola e Moçambique após um período de transição de oito anos. Enquanto isso, seria organizado um referendo nas duas colónias para se determinar que tipo de relacionamento seria mantido entre os dois territórios e Portugal após a independência.

      Durante esse período, os dirigentes nacionalistas angolano Holden Roberto e moçambicano Eduardo Mondlane receberiam "o estatuto de consultores assalariados" e seriam preparados para a liderança dos novos países.

      "Para ajudar Salazar a engolir a pílula amarga da descolonização, Sakwa propôs [ainda em 1962] que a NATO oferecesse a Portugal 500 milhões de dólares [391 milhões de euros] para modernizar a sua economia", escreve Schneider.

      Um ano depois a proposta daquele funcionário da CIA foi ampliada pelo diplomata Chester Bowles, que duplicou a ajuda a oferecer a Portugal, propondo que os Estados Unidos concedessem mais 500 milhões de dólares durante um período de cinco anos, ou seja um total de mil milhões de dólares durante o período de transição.

      Documentos oficiais mostram que Bowles argumentou que seria "um bom negócio diplomático" se os esforços norte-americanos conseguissem resolver "o feio dilema" de Portugal a um custo de cem milhões de dólares (78 milhões de euros) por ano.

      O plano dos Estados Unidos esbarrou, contudo, na inflexibilidade de Salazar.

      "Portugal não está a venda", foi a resposta do ditador português quando a proposta lhe foi apresentada, em Agosto de 1963 – ainda durante a administração Kennedy - pelo secretário de Estado adjunto norte-americano, George Ball.

      Franco Nogueira considerou a proposta americana uma "idiotice.

      O autor diz ainda que o então ministro dos Negócios Estrangeiros português, Franco Nogueira, considerou a proposta americana uma "idiotice", porque revelava que Washington acreditava poder determinar ou garantir acontecimentos a longo prazo.

      Segundo Nogueira, o plano dos Estados Unidos seria o primeiro passo para a inevitabilidade do caos nas colónias portuguesas em África.

      Um dos aspectos mais curiosos do livro é a exactidão com que a CIA e vários diplomatas norte-americanos fazem, com muitos anos de antecedência e em documentos oficiais, a previsão da derrota militar portuguesa em África e o derrube da ditadura.

      "A derrota militar portuguesa é uma conclusão inevitável se se permitir que a revolta em Angola ganhe volume e continuidade", adverte o documento da CIA que acompanhava a proposta inicial elaborada por Paul Sakwa, pouco depois do começo da guerra em Angola.

      Sakwa questiona-se mesmo se os Estados Unidos poderiam permitir que Portugal "cometesse suicídio, arrastando os seus amigos na mesma via".

      O então embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Burke Elbrick, considerado em Washington como um simpatizante das autoridades portuguesas, enviou um telegrama às autoridades norte-americanas em 1963 em que dizia que Portugal estava "debaixo da espada de Dâmocles", pois não era "nem suficientemente grande nem suficientemente rico" para fazer frente a uma guerra de guerrilha em três frentes.

      As guerras em África poderiam significar "o fim do império lusitano" e do regime de Salazar, escreveu ainda o diplomata, advertindo que o fim do regime poderia resultar na subida ao poder de um Governo "consideravelmente mais esquerdista ou neutral".

      Em 1964 - dez anos antes da revolução do 25 de Abril -, a CIA advertiu que as guerras em África levariam ao aumento do descontentamento interno e que esse "aumento do descontentamento poderá convencer os militares da necessidade de substituírem Salazar".

      Nesse mesmo ano, o Conselho de Segurança Nacional advertiu o Presidente Lyndon B. Johnson - que sucedeu a John F. Kennedy - de que as perspectivas de Portugal em África eram péssimas.

      "Já não se trata de uma questão de saber se Angola se tornará independente ou não, pois a única questão é saber quando e como, tal como aconteceu na Argélia. Do mesmo modo, é uma certeza que quanto mais a luta durar, mais violenta, racista e infiltrada pelos comunistas se tornará, mais grave será a crise final a que os Estados Unidos terão de fazer face e mais caótica, radical e anti-ocidental será uma Angola independente", diz o documento.

      Durante os anos 60, e face a estes avisos, muitos funcionários norte-americanos deram conta em documentos do seu desespero face à inflexibilidade do Governo de Salazar em mudar a política colonial. Paul Sakwa, o funcionário da CIA que elaborou o "Commonwealth Plan", desesperado com a inflexibilidade de Salazar, terá chegado, ironicamente, a manifestar dúvidas de que o ditador português pudesse aceitar o plano americano "sem o benefício de uma lobotomia".

      Para o secretário de Estado adjunto de então, George Ball, Salazar elaborava a política externa de Portugal "como se o Infante D. Henrique, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães fossem os seus conselheiros mais próximos".

      Review

      A saída de Portugal de África, e o papel que os Estados Unidos desempenharam neste processo, é um episódio extraordinariamente importante e trágico da era da Guerra Fria. Baseando-se em volumosos documentos oficiais desclassificados, combinados com entrevistas com praticamente todos os principais formuladores de políticas da época, Witney Schneidman escreveu uma excelente história diplomática sobre a elaboração da política dos EUA em relação à África. Ele também conta uma história fascinante. (Gerald J. Bender, Professor de Relações Internacionais da Universidade do Sul da Califórnia) Envolver a África é uma história convincente.

      Para aqueles interessados na história da política dos EUA em relação à África, este livro é uma leitura essencial. (Susan E. Rice, Ex-Secretária de Estado Adjunta para Assuntos Africanos).

      Esta é uma narrativa diplomática soberba dos interesses nacionais concorrentes que moldam a política dos EUA em relação a Portugal e ao seu império colonial em África, quando os "ventos de mudança" sopravam por todo o continente africano. Schneidman fornece uma descrição vívida das manobras por trás dos debates políticos e insights coloridos das personalidades envolvidas durante este importante, muitas vezes esquecido, momento na história. (Embaixador Paul Hare, Representante Especial dos EUA no Processo de Paz angolano, 1993-1998).

      Este é o melhor estudo das relações dos EUA com Portugal e a África Portuguesa de Kennedy através da Ford, os anos difíceis em que os decisores políticos dos EUA tiveram de decidir a melhor forma de responder aos esforços de Lisboa para manter o império português em África. (Piero Gleijeses, Professor de Política Externa Americana, Universidade Johns Hopkins, autor de Missões Conflitantes: Havana, Washington e África, 1).

      Este livro, uma leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada em descolonização ou diplomacia da Guerra Fria, é a história diplomática definitiva das relações EUA-Portugal nas 1960 e 1970, no contexto da revolução de Portugal de 1974 e do fim do seu império africano. (Nicholas Van De Walle Relações Exteriores)

      África portuguesa e Portugal são uma história dramática, única nos anais da história. Witney Schneidman prestou um grande serviço, assumindo um conto negligenciado e dizendo-o muito bem. . . . A descrição de Portugal pós-revolucionário é tão precisa como qualquer outra que eu tenha visto. (Frank C. Carlucci, III, Ex-embaixador dos EUA em Portugal).

      O livro de Schneidman acrescenta seu peso ao argumento em desenvolvimento e desafia os historiadores a continuar a se aprofundar mais nos problemas na política de descolonização dos Estados Unidos que ajudaram a moldar o mundo pós-colonial em que vivemos hoje. (Daniel Byrne, Universidade de Evansville H-Net: Humanidades e Ciências Sociais Opiniões Online).

      Este excelente trabalho reflecte suas origens académicas através de extensa pesquisa de arquivo e uma visão privilegiada de mudanças políticas e confrontos de personalidade.

      Resumindo: RECOMENDADO. Graduados da divisão superior e acima. (C.W. Hartwig, Escolha da universidade de estado de Arkansas)

      About the Author

      Witney W. Schneidman is President, Schneidman and Associates International, an Africa-focused, Washington, D.C. trade and investment consulting firm. He also served as Deputy Assistant Secretary of State for African Affairs in the Clinton Administration.

      Detalhes do produto, na Amazon

      • Paperback: 312 páginas
      • Editora: University Press Of America (29 de janeiro de 2004)
      • Idioma: English
      • ISBN-10: 0761828125
      • ISBN-13: 978-0761828129

      terça-feira, 21 de janeiro de 2020

      Mário Centeno

      O ministro das Finanças disse ontem não estar “minimamente preocupado” com as injecções no Novo Banco, referindo-se ao seu impacto na estratégia orçamental do Governo, a propósito de uma notícia do PÚBLICO sobre o facto de o Governo ter em cima da mesa uma injecção final de 1400 milhões de euros no banco. Centeno não está preocupado, mas os portugueses estão e como é o dinheiro deles que alimenta o NB, o ministro devia estar preocupado. Não é de somenos.

      Ministro diz que os apoios “são injecções temporárias e não fazem parte da trajectória orçamental”  que o “país tem seguido”

      “Temos vindo  a cumprir  [os objectivos orçamentais] ao longo dos anos, não vai ser 2020 que vai ser novidade nesse aspecto”

      Mário Centeno  Ministro das Finanças

      Carole Cadwalladr. Facebook’s role in brexit - and the threat to democracy-

      No dia após o referendo do Brexit, em Junho de , quando o Reino Unido acordou com o choque ao descobrir que íamos sair da União Europeia, o meu editor do jornal "Observer" do Reino Unido pediu-me para eu voltar ao sul do País de Gales, — onde eu cresci — e para escrever um relatório. Então, eu fui a uma cidade chamada Ebbw Vale.

      Aqui está ela. Fica nos vales do sul do País de Gales, é um lugar muito especial que sempre teve uma espécie de cultura muito fértil da classe trabalhadora. e é famoso pelos seus coros masculinos gauleses, pelo râguebi e pelo carvão. Mas quando eu era adolescente, as minas de carvão e as siderúrgicas fecharam, e toda a área ficou devastada. Eu fui lá porque era uma das zonas do país com maior proporção de votos para "Sair". % das pessoas aqui votaram para sair da União Europeia.

      E eu queria saber porquê. Quando lá cheguei fiquei um bocado chocada, porque da última vez que estive em Ebbw Vale, era assim.

      E agora é assim. Esta é uma unidade de ensino contínuo de  milhões de libras, que foi financiada em grande parte pela União Europeia. E este é o novo centro desportivo, que está no centro de um projecto de recuperação de  milhões de libras que está a ser financiado pela União Europeia. Este é o novo projecto de melhoramento rodoviário de  milhões de libras, e há uma nova linha de comboios e uma nova estação, tudo financiado pela UE. Nada disto é exactamente um segredo, porque há placas enormes como esta, por toda a parte. [Financiado pela UE: Investimento no País de Gales]

      Eu tive uma sensação estranha de irrealidade ao andar pela cidade que culminou quando encontrei um jovem, em frente ao centro desportivo e ele me disse que tinha votado "Sair", porque a União Europeia não tinha feito nada por ele.

      Ele estava farto disso. E por toda a cidade, as pessoas diziam-me a mesma coisa. Diziam que queriam recuperar o controlo, o que é um dos "slogans" da campanha.

      Disseram-me que o que os saturava mais eram os imigrantes e os refugiados.

      Já estavam fartos. O que era estranho porque, ao andar pela cidade, não encontrei um só refugiado ou imigrante. Encontrei uma polaca que me disse ser praticamente a única estrangeira na cidade.

      Quando fui ver os dados, descobri que Ebbw Vale, na realidade, tem um dos índices mais baixos de imigração do país. Então, fiquei um bocado chocada, porque não conseguia perceber onde as pessoas iam buscar estas informações.

      Foram os jornais da extrema-direita que imprimiram as histórias sobre a imigração, e esta zona é praticamente um bastião da esquerda trabalhista. Mas mais tarde, depois de o artigo sair, uma mulher entrou em contacto comigo.

      Era de Ebbw Vale, e contou-me coisas que tinha visto no Facebook. E eu: "Que coisas?" Ela disse que eram coisas assustadoras sobre imigração, especialmente sobre a Turquia. Então, eu tentei encontrá-las, mas não havia lá nada. Porque não há nenhum arquivo para anúncios que as pessoas tenham visto ou que tenham sido publicadas na sua página do Facebook. Não há rasto de nada, tudo desapareceu por completo.

      E este referendo, que vai ter um profundo impacto para sempre na Grã-Bretanha:

      — aliás já teve um profundo impacto: as fábricas automóveis japonesas que vieram para a região para substituir os empregos nas minas já estão a sair por causa do Brexit.

      Todo este referendo ocorreu na escuridão, porque ocorreu no Facebook. E o que acontece no Facebook, fica no Facebook, porque só nós vemos a nossa página e depois ela desaparece. É impossível pesquisar o que quer que seja.

      Não fazemos ideia de quem viu tais anúncios nem que impacto tiveram. nem que informações foram usadas para escolher o público alvo. Nem sequer quem pôs esses anúncios, nem quanto dinheiro foi gasto, nem de que nacionalidade era. Mas o Facebook sabe.

      O Facebook tem as respostas e recusou-se a dar-nos essas informações. O nosso parlamento pediu a Mark Zuckerberg várias vezes para vir à Grã-Bretanha e dar-nos essas respostas. E de todas as vezes, ele recusou. Temos de perguntar porquê. Porque o que eu e outros jornalistas descobrimos é que foram praticados vários crimes durante o referendo.

      E ocorreram no Facebook. Porque na Grã-Bretanha, limitamos a quantidade de dinheiro que pode ser gasta nas eleições. Isto porque, no século XIX, as pessoas andavam, literalmente, com carrinhos de mão, cheios de dinheiro para comprar votos. Então, aprovámos leis para impedir que isso aconteça. Mas essas leis já não funcionam. Este referendo ocorreu, maioritariamente, "online". Pode-se gastar qualquer quantia de dinheiro em anúncios, no Facebook, no Google ou no Youtube e ninguém vai saber, porque são tudo caixas negras. Foi isto que aconteceu. Na realidade, não fazemos ideia da extensão disto. Mas sabemos que, nos últimos dias antes do voto no Brexit,, a campanha para "Sair" "lavou" quase  mil libras através de outra entidade da campanha. que a nossa comissão eleitoral já declarou ilegal e foi referenciado à polícia. Com este dinheiro ilegal, a campanha para votar "Sair" lançou uma montanha de informações falsas. Anúncios como este. [ milhões de turcos juntam-se à UE] Isto é completamente mentira. A Turquia não se vai juntar à União Europeia. Nem sequer há a discussão de a Turquia se juntar à UE. A maioria de nós nunca viu estes anúncios, porque não fomos alvo deles. A campanha "Sair" identificou uma pequena quantidade de pessoas como sendo influenciáveis e elas viram-nos.

      A única razão por que estamos a ver isto agora. é porque o parlamento obrigou o Facebook a entregar estes anúncios. Talvez vocês pensem: "Bem, foi só algum dinheiro mal gasto, "são umas pequenas mentiras."

      Mas isto foi a maior fraude eleitoral na Grã-Bretanha, em  anos. Numa eleição única para esta geração que se decidiu por apenas % dos votos. Este foi apenas um dos crimes que ocorreram durante o referendo. Houve outro grupo, que foi liderado por este homem, Nigel Farage, à direita de Trump.

      O grupo dele, "Leave.EU", também violou a lei. Violou as leis eleitorais britânicas e as leis de dados britânicas.

      E também está a ser referenciado à polícia. Este homem, Arron Banks, financiou esta campanha. E, num caso totalmente separado, foi referenciado à National Crime Agency — o equivalente britânico do FBI — porque a comissão eleitoral concluiu que não se sabe qual a origem do seu dinheiro. nem mesmo se é britânico. Nem sequer vou começar com as mentiras que Arron Banks contou sobre a sua relação encoberta com o governo russo. Ou com as estranhas reuniões entre Nigel Farage, Julian Assange e com o amigo do Trump, Roger Stone, agora indiciado, imediatamente antes da divulgação de duas grandes WikiLeaks, que, por coincidência, beneficiaram Trump. Mas vou contar-vos que o Brexit e Trump estão intimamente relacionados. Este homem disse-me que o Brexit foi uma experiência para Trump. Sabemos que são as mesmas pessoas, as mesmas empresas, a mesma informação, as mesmas técnicas, o mesmo uso do ódio e do medo.

      Publicaram isto no Facebook. Nem quero chamar a isto uma mentira, [Imigração sem assimilação é invasão] porque isto parece-me sobretudo um crime de ódio. [... a liberdade de trânsito dos turcos ["aumentará a mobilidade de criminosos e terroristas" na UE"]

      Não preciso de dizer que o ódio e o medo estão a ser espalhados "online", por todo o mundo. Não só nos EUA ou na Grã-Bretanha, mas em França, na Hungria no Brasil, em Myanmar e na Nova Zelândia. Nós sabemos que existe esta maré sombria que nos une globalmente e que se está a propagar lentamente pelas plataformas tecnológicas. Mas só vemos uma pequena parte do que se passa na superfície.

      Eu só descobri alguma coisa sobre isto porque comecei a investigar a relação de Trump com Farage, e com uma empresa chamada Cambridge Analytica.

      Passei meses à procura de um ex-funcionário, Christopher Wiley. Ele contou-me como esta empresa, que tinha trabalhado para Trump e para o Brexit, tinha feito um perfil político das pessoas de forma a compreender os seus medos individuais, para os atingir com anúncios no Facebook e fizeram isso, recolhendo ilegalmente informações do perfil do Facebook de  milhões de pessoas. Foi preciso um ano inteiro de trabalho para conseguir falar com Christpher. Tive de passar de escritora convidada a repórter de investigação para o fazer. Ele foi extraordinariamente corajoso, porque a empresa é de Robert Mercer, o multimilionário que financiou Trump. Ele ameaçou processar-nos várias vezes, para nos impedir de publicar. Mas finalmente chegámos lá, faltava um dia para a publicação.

      Recebemos outra ameaça legal. Desta vez, não era da Cambridge Analytica, mas do Facebook. Disseram que, se publicássemos, processar-nos-iam. Nós publicámos mesmo assim. (Aplausos) Facebook, vocês estavam do lado errado da história. Estavam do lado errado da história nisto, por se recusarem a dar-nos as respostas de que precisamos.

      É por isso que estou aqui, para me dirigir a vocês diretamente. os deuses do Silicon Valley. (Aplausos) Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg e Larry Page e Sergey Brin e Jack Dorsey e os vossos empregados e os vossos investidores também. Porque há  anos, o maior perigo nas minas no sul do País de Gales era o gás. Silencioso, mortal e invisível.

      Por isso mandavam os canários primeiro, para verificar o ar. E nesta enorme e global experiência "online" em que vivemos, nós na Grã-Bretanha nós somos os canários. Nós somos o que acontece a uma democracia ocidental quando uma centena de anos de leis eleitorais são violadas pela tecnologia. A nossa democracia está corrompida, as nossas leis já não funcionam.

      Não fui eu quem disse isto, foi o nosso parlamento, que publicou um relatório a dizer isto. A tecnologia que vocês criaram tem sido fantástica. Mas agora é a cena de um crime. E vocês têm as provas. Não basta dizer que vão fazer melhor no futuro.

      Porque para termos esperança de impedir que isto aconteça novamente, temos de saber a verdade. Talvez vocês pensem: "Foram só uns anúncios, "As pessoas são mais espertas que isso, certo?" Ao que responderia, "Boa sorte com isso."

      Porque o que o referendo do Brexit mostrou foi que a democracia liberal está viciada. Foram vocês que a viciaram. Isto não é democracia, espalhar mentiras na escuridão, cheias de ódio e financiadas com dinheiro ilegal, sabe Deus de onde. Isto é subversão, e vocês são cúmplices disso. (Aplausos) O nosso parlamento foi o primeiro no mundo a tentar responsabilizar-vos mas não conseguiu. Vocês estão literalmente, fora do alcance da lei britância. Não só da lei britânica. Há nove parlamentos. Nove países representados aqui, a quem Mark Zuckerberg recusou receber e fornecer provas.

      O que parece que não percebem é que isto é maior que vocês.

      É maior que qualquer um de nós. Não se trata de esquerda ou de direita, sobre "Sair" ou "Ficar", sobre Trump ou não. Trata-se se, de facto, é possível voltarmos a ter eleições livres e justas. Porque como as coisas estão agora, acho que não é possível. Então, a minha pergunta para vocês é: É isto que vocês querem? É assim que querem ficar na história? Como os lacaios do autoritarismo que está a crescer por todo o mundo? Porque vocês surgiram para interligar as pessoas e recusam-se a reconhecer que essa tecnologia nos está a dividir. A minha pergunta para toda a gente é:

      É isto que queremos? Deixá-los sair impunes?

      Sentarmo-nos a brincar com os nosso telemóveis à medida que a escuridão aumenta? A história dos vales do sul do País de Gales é de luta pelos direitos. Isto não é uma simulação, é um ponto de inflexão. A democracia não está garantida, e não é inevitável. Nós temos de lutar e temos de ganhar. Não podemos deixar estas empresas terem este poder incontrolável.. Depende de nós, de você, de mim e de todos nós.

      Somos nós que temos de recuperar o controlo.

      (Aplausos)

      https://www.ted.com/talks/carole_cadwalladr_facebook_s_role_in_brexit_and_the_threat_to_democracy/transcript


      Num CONDOMÍNIO imaginário!

      Desconheço a autoria, mas sendo tão interessante, aqui o coloco.

      Um (humorístico) RETRATO dos (nossos) partidos políticos com (actual) assento na Assembleia da República!

      O PS é o quarentão do segundo andar, cheio de guita, que se divorciou o mês passado.
      .
      O PSD é o vizinho velho, que foi administrador e tem a mania que ainda manda.
      Ainda por cima, lá em casa ninguém se entende e tem altas cenas de violência doméstica.
      .
      O BE é aquela vizinha trintona, enxuta, que nunca casou.
      Está disposta a namorar com o quarentão do segundo andar, mas nada de casamento.
      Cada qual tem a sua casa.
      .
      O PCP também anda enrolado com o quarentão, mas ninguém pode saber.
      É a típica gaja que só lá vai para… e baza!
      .
      O CDS é o tio de bigode do Primeiro andar, que veste Pierre Cardin de 1997 e anda num Mercedes emprestado.
      A mulher bazou de casa para casar com outro, mas ele continua a dizer que ela foi de férias com uma prima…
      Há dois anos!
      .
      O PAN é aquele gajo que vive com sete cães, três gatos, duas galinhas, nove periquitos e uma tartaruga albina.
      Só come nabiças… e faz sexo tântrico com a mulher durante o fim de semana todo!
      .
      O CHEGA é a porteira que diz mal de tudo e todas.    Não gosta de nada nem de ninguém.
      A filha casou com um cigano e foi deserdada…
      .
      O INICIATIVA LIBERAL mudou-se esta semana para o terceiro andar, mas ainda ninguém o viu…
      .
      O LIVRE é aquele vizinho que nos bate à porta e passados dez minutos ainda não se percebeu uma palavra…

      Livre Aid

      Sendo o Livre um partido bonzinho, até a praticar uma sacanice se esforça por ser inclusivo: desta vez, é a mulher negra que faz porcaria e os brancos de classe média é que têm de ficar a limpar.

      José Diogo Quintela

      Podia ser o nome do Congresso do Livre, já que também é uma catástrofe que acaba por dar origem a um espectáculo emocionante.

      Joacine Katar Moreira anda com azar. Numa semana, na Assembleia da República, não a retiram de uma fotografia em que ela não gosta de se ver; noutra semana, no Congresso do Livre, querem apagá-la de uma fotografia em que ela faz questão de aparecer.

      Aquilo que se assistiu naquele Congresso foi estalinismo naïf. Trata-se de estalinismo, na medida em que há a purga de um dirigente caído em desgraça, só que é naïf, uma vez que Estaline teria tido a perspicácia de o eliminar antes de se pôr a brincar ao photoshop.

      É preciso dizer que a ignorância histórica não é apenas dos líderes do Livre. Joacine Katar Moreira também fugiu do guião deste tipo de julgamentos. Quando subiu ao púlpito, não confessou, nem fez a habitual auto-crítica. De facto, deve haver problemas de comunicação no Livre, se ninguém lhe disse que era isso que se esperava dela. Em vez disso, desatou aos berros. Parecia uma daquelas pessoas que, quando conversam com estrangeiros, continuam a falar na sua própria língua, mas aos gritos, a achar que assim vão ser entendidas. Como dessas vezes, não funcionou. Pelos vistos, com JKM, o Livre não é um partido verde no sentido da ecologia. É verde por causa da raiva. É menos Greta e mais Hulk. Joacine faz sempre questão de se referir a si mesma como “deputada única”. Só que, ao contrário do que se julgava, não é por ser a única deputada do Livre. É por ser uma deputada incomum, se pensarmos que, dos 230 representantes eleitos na AR, só ela proporciona aquele show.

      Entretanto, o Livre adiou a decisão sobre a retirada de confiança a Joacine. Ou seja, é gente que nem sequer tem confiança para decidir sobre se têm confiança ou não. Orgulham-se muito de ser paritários, mas depois vai-se a ver e é só coninhas. Era de esperar que, num Grupo de Contacto com 15 membros alguém se chegasse à frente com uma decisão.

      Os dirigentes do Partido não quiseram decidir o futuro de Joacine à frente das câmaras. Ora, isto levanta uma questão pertinente: se, para a apresentarem, não se importaram de aparecer a dançar naquele teledisco, em que tipo de performance artística de vanguarda é que a vão despedir, ao ponto de terem vergonha de o fazer o em público?

      Para alguém de fora, o que se está a passar no Livre, apesar de desagradável, parece normal: uma agremiação que deixa de se identificar com um dos seus representantes e, por isso, quer terminar a ligação. Sei bem o que isso é, sou sportinguista.

      Sucede que o Livre faz gala de ser diferente e agora está preso àquela grelha de interpretação que trouxe para a política portuguesa, que avalia qualquer interacção entre duas pessoas como um conflito entre opressor e oprimido. Portanto, para quem fez campanha para eleger a primeira cabeça de lista negra, o Livre não está só a terminar a ligação com alguém com quem deixou de se identificar. Nã, nã. O Livre está, obviamente, a expulsar uma mulher negra por ser mulher e negra. Andou tanto tempo a dizer que Portugal é racista e sexista e finalmente conseguiu prová-lo. Parabéns!

      Mas, sendo o Livre um partido bonzinho, até a praticar uma sacanice se esforça por ser inclusivo, invertendo aqui um estereótipo racial e de género: desta vez, é a mulher negra que faz porcaria e os brancos de classe média é que têm de ficar a limpar.

      Por outro lado, não conseguiram evitar uma torpe demonstração de racismo estrutural. A facilidade com que o Partido pôs Joacine Katar Moreira a correr dali para fora reforça o cliché de que os negros são bons em atletismo.

      segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

      Por um punhado de milhões de dólares.

      Rui Tavares

      Historiador

      A massa de artigos para ler sobre o caso Luanda Leaks será apenas uma fracção dos 715 mil documentos que 120 jornalistas passaram oito meses a estudar no Expresso, Guardian, New York Times e outros. Mas num primeiro momento aquilo que me fez esfregar os olhos foi um número: 309. Sabendo-se que o caso se centra na empresa petrolífera angolana Sonangol, com uma facturação anual de 18 mil milhões de dólares em 2018, o cérebro vai preparado para encontrar números enormes. O artigo preparava-se para me explicar como a conta lisboeta da Sonangol no banco Eurobic tinha sido drenada em 38 milhões de dólares num só dia em Novembro de 2017. A Sonangol, pensava eu numa primeira leitura, tinha ficado com apenas 309 milhões de dólares na conta. Depois comecei a subtrair as parcelas no artigo, e descobri que as contas não batiam certo. Espera lá, pensei, parece que a Sonangol ficou só com 309 mil dólares na conta, grande rombo… mas ainda existência sistemática de sobrefacturação a favor de empresas ligadas a Isabel dos Santos. Entretanto há qualquer coisa a esclarecer do lado de cá, em Portugal: como podem ser feitas transferências sucessivas de uma conta deste tipo sem tal ser identificado e reenviado às autoridades competentes em lavagem de dinheiro? Em 2011 fiz parte da Comissão Especial do Parlamento Europeu contra a Criminalidade Organizada, a Corrupção e o Branqueamento de Capitais, e nessa altura tive oportunidade de visitar o DCIAP de Lisboa, onde fui interrogado no âmbito do processo do jornalista angolano Rafael Marques, e onde pude conversar sobre a aplicação da Directiva Europeia contra a Lavagem de Dinheiro (na época na sua terceira versão). Já então este tipo de transferências sucessivas, ligadas a contas de pessoas politicamente expostas, mesmo que elas estivessem disfarçadas por empresas-biombo, deveriam fazer soar os alarmes dos bancos e obrigá-los a comunicar às autoridades. Será que isso se passou aqui? Também ficou claro, da mesma conversa, que a plataforma giratória principal para o dinheiro angolano em Portugal era o Dubai. Com todo esse conhecimento já então disponível, e os mecanismos e bases legais para agir que então já existiam, já deveria ter sido possível agir. Ora hoje entrou já em vigor uma nova directiva europeia contra a lavagem de dinheiro e as obrigações de bancos — e também de bancos centrais — são acrescidas. Tem por isso toda a razão a Ex-eurodeputada Ana Gomes ao perguntar o que não fizeram em Novembro de 2017 o presidente do Eurobic Fernando Teixeira dos Santos — Ex-ministro das Finanças do Governo Sócrates — e o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. É conhecido que Isabel dos Santos é accionista do Eurobic. Mas isso não é razão — ou, pensando bem, se calhar até é, mas não é uma boa razão — para que 38 milhões saiam da conta num só dia sem que tal transferência tenha sido escrutinada de acordo com o que manda a legislação. Deixem-me voltar um pouco atrás e dar-lhes outro número, desta feita dos grandes. No ano de 2011 a ONG internacional Human Rights Watch perguntava o que era feito de 32 mil milhões de dólares que tinham desaparecido de fundos soberanos angolanos ligados à Sonangol. Trinta e dois mil milhões de dólares pagariam três vezes a despesa anual do Serviço Nacional de Saúde aqui em Portugal, só para dar uma ideia. Ao pé dessa drenagem de recursos, aquela transferência num só dia do Eurobic Lisboa é mil vezes menor. A questão é que muita gente em Luanda — ou pouca gente, muitas vezes — deve ter ido ao pote da Sonangol durante anos e anos. A questão é saber se a “reestruturação” de Isabel dos Santos à Sonangol não será apenas um biombo que esconde a continuação deste padrão. Uma coisa é certa: este é dinheiro que pertencia ao povo de Angola e que bancos e responsáveis portugueses ajudaram a passar de mãos em transferências que levantam suspeitas. E, segundo as notícias, entretanto Isabel dos Santos terá usado o seu passaporte russo para se tornar residente do — rufar de tambores — Dubai. Suponho que na sua conta bancária local vá encontrar mais de 309 dólares

      . Publico

      Devolução de garrafas de plástico arranca em Março.

      Governo desbloqueou mais de 1,6 milhões de euros  para projecto-piloto nos supermercados!

      É uma boa ideia, em principio, mas…

      Acredito que muitos irão devolver as garrafas sem qualquer preocupação de tirar dividendos de imediato, mas por questão de consciência colectiva.

      Mas, quem haja por principio serão muito poucos e, não será assim que serão atingidos os objectivos preconizados pelo governo.

      Se o governo quer atingir objectivos a que se propôs, talvez seja melhor incentivar com melhores medidas que esta de se devolverem as garrafas de plástico, os consumidores poderão receber, em troca, vales de descontos com valores entre dois cêntimos (no caso da devolução de garrafas entre 100 mililitros e até 0,5 litros) e cinco cêntimos (garrafas a partir de 0,5 litros e até dois litros). Os valores poderão ser revistos “em alta” durante o período do funcionamento deste incentivo “com vista ao cumprimento das metas previstas”, dizem do governo. Eu considero que em vez de dar os incentivos aos hipermercados para lá terem os equipamentos, os mesmos sejam dados as clientes, de forma a que por esse motivo se proponham a fazer a entrega das embalagens.

      Fazer comboios em Portugal!?

      Cinco meses depois da decisão, foram no dia 15, reabertas as oficinas de Guifões — onde serão recuperados veículos ferroviários para voltarem a circular —, que foram fechadas em 2011. Com a CP em défice de material circulante, a reabertura das oficinas é decisiva na mudança de política na ferrovia, que este Governo diz agora ser uma prioridade, e faz parte de um plano mais ambicioso que passa pelo fabrico de comboios e por pôr Portugal nos carris certos.

      Primeiro: estas instalações da CP, já tem décadas de existência!!!

      Segundo: estas instalações serviram para a construção do Metro do Porto, como estaleiro dos materiais permanentes, necessários e montagem de carruagens, etc.

      Terceiro: em Portugal já tivemos uma empresa que “construía” comboios. Essa empresa a Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, S. A. R. L., mais conhecida pelo acrónimo SOREFAME, fundada em 1943, mas só na década seguinte passou a construtor de material circulante ferroviário, em parceria com várias empresas internacionais, Para o fornecimento do novo material circulante a utilizar na Linha de Sintra, após a electrificação, foi formado um consórcio, denominado de Groupement d’Étude et d’Électrification de Chemin de Fer en Monophasé 50 Hz[1], e constituído pela SOREFAME, e pelas empresas AEG, Siemens-Schuckert, Alsthom, Brown Boveri Company, Jeumont, Schneider-Westinghouse, Oerlikon, e Schindler. Estes veículos, da Série 2000, começaram-se a fabricar ainda nos fins dos anos 50. Entre 1961 e 1964, entraram ao serviço as locomotivas da Série 1200. Fabricou carruagens para o inicio do Metropolitano de Lisboa, em Portugal. Chegou a vender algum material para a Boeing, para o Metro de Chicago. Convém esclarecer que não fabricava todos os componentes necessários, mas pequenos componentes e os restantes materiais necessários provinham do estrangeiro… tal como hoje com a Auto Europa.

      As convulsões sindicais constantes deterioraram-na a partir do 25 de Abril de 1974, o clima de instabilidade social e política, o que atingiu fortemente esta empresa; com efeito, os trabalhadores começaram a realizar diversas greves, motivadas principalmente pelos despedimentos executados aquando da sua recente reorganização. Nos anos 90 ainda retomou alguma actividade, mas em 2001 terminou coma venda a Bombardier Transportation.

      Portugal não teve know how, no seculo passado, nem neste, nem escala, para ser um construtor, além disso as necessidades deste material são a uma escala bastante reduzida para Portugal.

      Resumindo: O ministro Pedro Nuno Santos ou não percebe nada do que disse ou é a demagogia para “saloios”, típica destes governantes!

      Bancos cobram comissões elevadas para trocar moedas

      Em 2008 o Banco de Portugal emitiu uma carta-circular pedindo aos bancos para assegurarem gratuitamente operações como a troca de moedas por notas, serviço muito usado por pequenos comerciantes. As cartas-circulares não são vinculativas, mas são um meio utilizado pelo regulador, liderado por Carlos Costa, para dizer aos bancos o que fazer. Estes, contudo, fazem “tábua rasa” dessas orientações. Cobram e até há quem esteja a subir comissões.