segunda-feira, 20 de junho de 2022

Por que é que alguns homens inteligentes têm cão (ao invés de esposa?)

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1.  Quanto mais atrasado chegares, mais feliz o teu cão fica quanto te vê.

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2.  O cão não liga se o chamas pelo nome de outro cão.

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3.  O cão gosta que deixes coisas espalhadas pelo chão.

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4. A mãe do cão nunca te visita.

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5. O cão aceita que aumentes a voz para argumentar.

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6. Nunca precisas esperar por um cão; ele está pronto para sair 24 horas por dia.

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7. O cão acha engraçado quando estás bêbado.

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8. O cão gosta de sair para pescar e de ficar ao teu lado enquanto assistes ao futebol.

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9. Um cão nunca te acorda de madrugada para perguntar: "Se eu morrer, vais ter outro cachorro?"

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10. Se o cão tem filhos, podes anunciar no jornal e doá-los para outros.

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11. O cão vai deixar-te colocar uma coleira nele sem te chamar de pervertido.

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12. Se o cão sente o cheiro de outro cão em ti, ele não faz dramas nem escândalos. Ele acha interessante.

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13. O cão gosta de passear no banco de trás do carro.

E por último, mas certamente não menos importante:

14. Se um cão se vai embora, ele não leva a metade das tuas coisas.

Para confirmar que tudo o que foi dito é verdade, faz o seguinte teste:

Tranca a mulher e o cão na bagageira do carro.

Meia hora depois abre-a e vê quem está feliz por te ver!

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Cinco diabos à solta.

Depois de seis anos de governos de António Costa e depois de seis anos de governos de José Sócrates, o estado da Nação dificilmente poderia ser pior e os diabos previstos chegar, chegaram, ainda que a retórica governamental e partidária da maioria absoluta faça o possível para não os ver. Aliás, a negação da realidade é a forma privilegiada do PS e do Governo fugirem a procurar soluções sustentáveis para o país, seja porque não sabem, seja porque isso faz parte da indolência característica do Partido Socialista. Com a maioria absoluta é mesmo possível que os diferentes diabos sejam escondidos nas profundezas da comunicação social. Têm quatro anos para o fazer e tentar iludir a realidade.

O Presidente da República concorda em não se preocupar com a realidade desagradável. Nas recentes comemorações do 10 de Junho, à falta de melhor tema para festejar, Marcelo não poderia fazer melhor do que festejar todos os portugueses. Segundo ele, todos nós, sem excepção, somos o máximo e se o país se atrasa, se ficamos mais pobres, se alguns morrem antes de tempo, nada justifica que se procurem as razões, isso deverá ser devido à roleta da sorte e do azar, que todos sabemos existe, pelo menos depois dos fogos de 2017. Nos outros dias, que não são de festa, o Presidente comenta os jogos de futebol, a guerra da Ucrânia e justifica sem parança todas as trapalhadas diárias do Governo. Foge quanto pode a falar dos diabos que por aí andam à solta, por mais aguçados que sejam os seus dentes. Marcelo Rebelo de Sousa prossegue a linha de um seu famoso antecessor, Américo Tomás, que foi o criador da figura do avô em luta pelo amor do bom povo. Só que os diabos andam por aí.

Primeiro Diabo, a inflação – o bom povo começou por acreditar em não ser esta matéria de grande preocupação, que o tal Diabo pudesse chegar, depois, quando chegou, seria de curta duração e agora que se instalou seja o que Deus quiser. Como disse o Presidente da República, os portugueses são resilientes e, como em tempo disse um banqueiro, aguentam, aguentam. Desde António Guterres que o PS anda a tentar dar uma casa a cada português, mas casa paga pelos bancos, e isso tornou-se numa bomba-relógio cuja espoleta, agora chamada inflação, pode detonar a qualquer momento. O bom Estado português tem casas vazias um pouco por todo o país e as promessas de casas fornecidas pelo Estado a baixo custo, Estado central e autarquias, são uma constante dos períodos eleitorais, muitos prédios a precisar de reforma até já têm letreiros a dizer que são destinados às famílias jovens. Todavia, casas a baixo custo não há e quem as comprou que descubra agora a forma de as pagar com os juros a subir. Como habitualmente, os proprietários especuladores são os culpados preferidos do Governo, que, todavia, ainda não conseguiu obrigar os proprietários a investir quando eles não querem. Finalmente, agora que a “geringonça” está fora, os salários dos trabalhadores da função pública que lidem com a chegada do diabo e quanto aos privados a ideia são aumentos de 20% em quatro anos por decreto governamental. Boa sorte.

Segundo Diabo, o SNS – O Serviço Nacional de Saúde é a jóia da coroa dos governos socialistas e não há meio termo na sua defesa contra os hereges. Entretanto, os portugueses que não queiram morrer à espera de serem tratados no SNS, ou simplesmente atendidos, recorrem em números crescentes aos privados e as companhias de seguro não se queixam do negócio. Os médicos e os enfermeiros, fartos da desorganização do sistema e de ver a ministra a sonhar alto, fazem as suas opções e tornaram-se no factor escasso do SNS, apesar das horas extraordinárias e dos tarefeiros desequilibrarem as finanças dos hospitais e centros de saúde. Os jornais relatam casos de mortes, esta semana de um recém-nascido, por falta de assistência, as listas de espera para cirurgias aumentam e o Governo nem sequer se dá conta que, em termos internacionais, temos um número de enfermeiros muito baixo relativamente ao número de médicos, o que encarece o sistema e torna mais dramática a falta de médicos. No SNS todos sabem que o sistema está falido por ausência de gestão e excesso de desorganização, mas nada acontece, agora nem a ADSE escapa.

Terceiro Diabo, a economia – Portugal vive há vinte e dois anos com uma economia estagnada que não cresce, sem que o Governo, menos ainda o Presidente da República, façam a mínima ideia das razões. Nem mesmo se dão conta do que tem sido feito pela Irlanda, ou pelos outros países cujas economias crescem mais do que a nossa, no caso da Irlanda muito mais. E a situação só não é pior porque no tempo dos governos de Cavaco Silva foram criadas as condições para o crescimento das exportações, o que tem sido a tábua de salvação dos últimos anos, apesar da pandemia e, presentemente, da guerra. E apesar do PS e do Governo não gostarem das empresas e de as crivarem de impostos, taxas, burocracia e de não se darem conta da dualidade económica existente, 90% das empresas portuguesas continuam muito pequenas e dificilmente alguma vez poderão concorrer no mercado internacional, com o resultado da deterioração da balança de pagamentos. De facto, este Governo nem sabe da dualidade da economia, o que se não for corrigido rapidamente torna o nosso problema económico insolúvel.

Quarto Diabo, dívida pública – o ministro das Finanças está assustado com este diabo e tem boas razões para isso. É que não são apenas os portugueses que têm um problema sério com a subida dos juros das suas casas e dos preços do consumo, o Governo tem um problema com a subida dos juros da dívida pública e sabendo todos nós qual é o ponto de partida não sabemos qual é o ponto da chegada. Depois da “Troika” e da recuperação levada a cabo pelo Governo de Passos Coelho, a partir do desastre provocado pelos governos de José Sócrates, António Costa teve a oportunidade de tratar da dívida, só que isso não estava no horizonte da “geringonça” e assim o problema foi deixado crescer, na ilusão dos juros baixos e do bom coração do Banco Central Europeu. Vamos agora assistir nos próximos anos aos estragos provocados pela inércia existente há anos na questão da dívida pública, que, reconhecemos, tem sido tecnicamente bem gerida, mas isso agora não basta.

Quinto Diabo, o Governo – de facto, o diabo principal não vai chegar porque já cá anda há seis anos e é o próprio Governo. Incapaz de fazer reformas, de ter uma estratégia para a Educação, para a Justiça, para a energia, para os transportes e para o desenvolvimento económico, vive de forma atrabiliária dos fundos comunitários e das idas ao banco. O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) representa o sonho de uma noite de Verão criado por um sonhador feito ministro, com objectivos tão diversos e tão inconsequentes que os resultados, profetizo, farão o ministro fugir antes de tempo. O texto recente de Cavaco Silva mostrou de forma clara as razões porque o PS afunda a economia portuguesa, seja porque não aprendeu nada com a estagnação dos últimos vinte e dois anos, seja, porque desconhece o exemplo dos países que nos passam à frente, seja porque também não tem gente capaz de perceber o que está errado na gestão da grande família socialista. Estão sentados à mesa do Orçamento e isso basta.

Fiel às suas convicções, António Costa e o Governo desconhecerão estes diabos e farão coro com o Presidente da República de que tudo vai bem no reino do bom povo português. Sabemos isso por experiência, a negação da realidade desagradável é a imagem de marca dos nossos governantes e a sua capacidade de previsão é próxima do zero. Suponho, contudo, que a realidade protagonizada por estes cinco diabos não os deixará continuar a dormir descansados nos próximos quatro anos.

Henrique Neto

https://jornaldiabo.com/

terça-feira, 14 de junho de 2022

O Galambarrasco, por José Diogo Quintela.









GENTE FINA’ É OUTRA COISA

Sobre João Galamba (Secretário de Estado do Ambiente e da Energia):

Aquilo na orelha de Galamba não é um estiloso brinco, mas sim uma útil etiqueta identificadora de gado. O seu estilo de conversa é próprio duma pocilga.

Comentário Pessoal:

Não sou eu que o digo.

É o autor do texto anexo (que por isso, merece fotografia).


O Galambarrasco

Pelos vistos, não é só na Educação que os sonsos do Governo optam pelo privado. Também é na má educação.


Na semana passada, o Governo anunciou a centralização da comunicação. A partir de agora, há um Director de Comunicação que gere a informação que sai do Governo. Pelos vistos, o controle da informação por parte do Governo é uma espécie de casamento gay: há 20 anos não era permitido, agora a sociedade portuguesa já está preparada para aceitar. É que foi uma coisa que Santana Lopes quis fazer em 2004, mas Jorge Sampaio não permitiu. O que foi uma pena. Assistir às decisões de Santana já era giro, imaginem se viessem acompanhadas de explicações sobre elas. Enfim, é esperar que Marcelo Rebelo de Sousa não caia no mesmo erro e nos deixe assistir às performances da Central de Comunicação do Governo e do seu director, João Cepeda. Até há 15 dias, Cepeda era o responsável pelo Time Out Market, no Mercado da Ribeira. Daí fazer todo o sentido que esteja à frente da comunicação do Governo, que às vezes parece feita por peixeiras.

Na semana passada, João Galamba, Secretário de Estado da Energia, numa troca de impressões com o utilizador do twitter Applehead, usou termos como “vai para a puta que te pariu” e “vai para o caralho”. Pelos vistos, aquilo na orelha de Galamba não é um estiloso brinco, mas sim uma útil etiqueta identificadora de gado. Este é o tipo de conversa que se tem na pocilga. Se calhar, o nome completo do Secretário de Estado é João Galambarrasco.

Segundo os especialistas do twitter, há atenuante pelo facto de a mensagem ter sido por DM. Ao contrário do que o leitor pode pensar, não significa “por doença mental”, é “por direct message” e quer dizer que foi em privado. Pelos vistos, não é só na Educação que os sonsos do Governo optam pelo privado. Também é na má educação.

Mesmo assim, Galamba foi criticado. E bem. Não pelo tipo de linguagem usada – afinal, trata-se de Galamba, uma espécie de carroceiro com MBA – mas pela falta de consideração. Mandar para o caralho e também para a puta que o pariu? Mas Galamba tem noção do preço a que está o gasóleo? É óbvio que não. O que é grave, se pensarmos que é Secretário de Estado da Energia e não tem noção das dificuldades que as famílias portuguesas enfrentam face aos custos crescentes dos combustíveis.

Como se não bastasse a falta de cobertura da rede de transportes públicos, que não tem carreiras directas nem para o caralho, nem para a puta que o pariu (fui verificar), os poucos comboios que poderiam servir essas localidades estão parados devido às greves da CP. E, se calha tratar-se de um caralho fora do espaço Schengen, ainda há que penar horas no controlo de passaportes. Cá está: o novo director de comunicação do Governo teria ajudado Galamba a coordenar as suas indicações com o colega dos Transportes, poupando-o a estes embaraços.

O problema não é “caralho”, é “vai para”. “Caralho” é uma questão de falta de maneiras, “vai para” é uma demonstração do elitismo que nos governa e do afastamento entre políticos e povo. Galamba está a leste dos problemas das pessoas. É normal: com o seu motorista, é-lhe fácil deslocar-se para o caralho, para a puta que o pariu e, se lhe apetecer, para a merda, para o raio que o parta e para a cona da mãe dele, tudo sem tirar o rabinho do carro oficial. E ainda chega a casa a tempo do jantar.

Só essa falta de empatia explica que Galamba se tenha dado ao trabalho de especificar que o interlocutor deveria dirigir-se não apenas “à puta”, mas “à puta que o pariu”. É a diferença entre mandar alguém para Vila Franca (pode-se optar pela que dá mais jeito, eu escolheria Vila Franca de Xira, que é perto de Lisboa) ou mandar especificamente para Vila Franca de Lampaças, em Bragança. É a forma que Galamba tem de nos mandar comer brioches. Sem ser pela boca.

Não é a primeira vez que as mensagens de João Galamba são motivo de notícia. Há uns anos, Galamba foi apanhado a enviar SMS a José Sócrates, avisando-o de que estava a ser investigado. É curioso: agora manda pessoas para o caralho, daquela vez quis impedir uma pessoa de ir para o caralho. Ainda estamos para saber se conseguiu, ou se Sócrates sempre vai preso.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Estudo conclui que novos PHEV “mentem” (ainda) mais que os antigos.

Estudo alemão conclui que os veículos equipados com mecânicas híbridas plug-in consomem três vezes mais do que anunciam. Os novos são piores que os antigos e os piores mesmo são os carros de serviço.

Já aqui chamámos a atenção para o facto de os modelos equipados com mecânicas híbridas plug-in (PHEV) anunciarem consumos impossíveis de atingir. Um estudo alemão realizado pelo Fraunhofer Institute for System and Innovation Research (ISI), de Karlsruhe, confirmou isto mesmo, concluindo que, em condições reais de utilização, consomem três vezes mais do que anunciam. Mas este desvio em relação à realidade pode ser ainda maior, em determinadas ocasiões.

Os especialistas no ISI analisaram os dados de 9000 veículos espalhados um pouco por toda a Europa, tanto de viaturas particulares conduzidas pelos seus donos, como carros de serviço, atribuídos a certos funcionários das empresas como parte das suas regalias, em virtude do cargo que desempenham. Isto levou um dos coordenadores do estudo, Patrick Plötz, a concluir que os PHEV conduzidos pelos seus proprietários, que declaram oficialmente consumos entre 1,6 e 1,7 litros/100 km segundo o método europeu WLTP, na realidade gastam em média entre 4,0 e 4,4 litros/100 km. Isto significa que os consumos declarados pelos fabricantes e medidos em laboratório, sobre um banco de rolos, têm um desvio em relação à realidade entre 250% e 259%.

Mas esta situação dos PHEV particulares é apenas a “menos má”, uma vez que nos dados relativos aos modelos similares propriedade de empresas, em que os condutores tradicionalmente não têm de suportar (total ou parcialmente) os custos do combustível, os elementos recolhidos pelo ISI são ainda mais prejudiciais em relação aos PHEV, afastando-os dos consumos anunciados. Afirma Plötz que os PHEV de serviço registam em condições reais entre 7,6 e 8,4 litros/100 km, o que representa um desvio em relação ao declarado entre 475% e 494%. Ou seja, consumos praticamente cinco vezes mais elevados, porque recarregam a bateria menos frequentemente ou, a avaliar pelos valores encontrados, raramente. E a tecnologia que suporta os PHEV vê a sua eficiência depender da recarga regular e diária da bateria.

Mais surpreendente foi o facto de o ISI ter concluído que os PHEV novos estão ainda mais longe dos valores declarados do que os antigos. Comparando os modelos mais recentes, homologados segundo o protocolo WLTP, mais recente e rigoroso, o ISI constatou que os consumos anunciados estão ainda mais longe da realidade do que acontece com os antigos PHEV, cujos valores de consumo e emissões eram certificados de acordo com o ultrapassado sistema NEDC, substituído em 2017 por o legislador considerar que estava muito longe da realidade. Mais grave do que isso é que o co-autor do estudo Georg Bieker, com base nos dados recolhidos, verificou que o desvio entre o valor anunciado e o consumo real é cada vez maior e tende a aumentar entre 0,1 e 0,2 litros por ano.

De acordo com Bieker, o ISI provou que os utilizadores de PHEV particulares utilizam os seus PHEV em modo eléctrico entre 45% e 49% da distância percorrida anualmente. Como os dados anteriores já tinham antecipado, os utilizadores de modelos PHEV de serviço são bastante menos dados a ligarem o veículo a um ponto de carga. Daí que apenas percorram entre 11% e 15% em modo eléctrico, valores baixos e compatíveis com uma utilização exclusiva em modo híbrido, uma vez que mesmo que não se recarregue a bateria, a energia gerada durante as desacelerações e travagens é suficiente para assegurar uma pequena percentagem de utilização em modo eléctrico.

Estudo efectuado pelos alemães do ISI demonstra que a maioria dos PHEV não recarrega a bateria com a frequência que deveria, para poupar a carteira e o ambiente. Os modelos mais recentes são piores e os carros de serviço também

Para tentar evitar esta situação em que parece que os construtores estão a mentir aos seus clientes, sendo que os fabricantes não são responsáveis pela má utilização da tecnologia, o ISI e o Conselho Internacional de Transporte Limpo (International Council on Clean Transportation – ICCT) avançam com algumas propostas para evitar que os países ofereçam ajudas financeiras aos PHEV que não contribuem para a redução do consumo e emissões. ISI e ICCT defendem que “os incentivos fiscais à aquisição e nos impostos deverão estar associados à demonstração de uma percentagem de utilização em modo eléctrico de 80%, ou a um consumo de combustíveis fósseis inferior a 2 litros/100 km”, com ambos os valores a necessitarem de confirmação em condições reais de utilização, o que é fácil de acontecer uma vez que todos os veículos novos vendidos depois de Janeiro de 2021 estão equipados com um dispositivo que regista todos os consumos, recargas, distâncias percorridas e modos de utilização.

Os modelos com mecânicas PHEV são mais complexos e caros de produzir. Usufruem de vantagens fiscais graças aos menores consumos e emissões que podem conseguir, caso sejam recarregados diariamente, o que nem sempre acontece, como prova o estudo do ISI

Este estudo do ISI é apenas mais um que expõe o facto de os modelos PHEV não assegurarem as vantagens ambientais que justificam os benefícios fiscais que lhes são concedidos pelos diferentes países. Tanto mais que, na maioria dos casos, nem sequer são utilizados motores térmicos concebidos propositadamente para serem eficientes (segundo o ciclo Miller ou Atkinson) mas apenas motores normais de combustão, já utilizados noutras versões sem assistência eléctrica.

Bruxelas pretende anunciar um novo protocolo em 2025, com o lançamento da norma Euro 7, que deverá prever a utilização dos dados recolhidos pelo on-board fuel consumption meter (OBFCM), que regista tudo o que se passa a bordo dos carros fabricados desde 2021.

https://observador.pt/2022/06/11/estudo-conclui-que-novos-phev-mentem-ainda-mais-que-os-antigos/

Turma de ilustres. Quando eles eram todos colegas.

Durão Barroso, Santana Lopes, Joana Marques Vidal, Lucília Gago, Manuela Moura Guedes, Fernando Seara e muitos outros entraram em 1973 para a turma-maravilha que viria a marcar os últimos 40 anos do País. Houve política, pancada e amor.

Os dedos ficam pretos ao avançar pelos arquivos. As cadernetas dos estudantes acumulam mais de quarenta anos de pó. Nesses ficheiros estão os registos académicos dos alunos que entraram para a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 1973. José Manuel Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, Joana Marques Vidal, Lucília Gago, Fernando Seara e Manuela Moura Guedes estão todos lá. Todos caloiros no ano lectivo que seria interrompido pela revolução. Todos testemunhas e protagonistas de uma época em que a Faculdade era conhecida como a República Popular de Direito e as discussões políticas acabavam muitas vezes com cadeiras partidas e barricadas nos corredores da Universidade.

Terá sido por acaso que tantos dos alunos desse ano acabaram por ser figuras com projecção nacional? Teresa Almeida, hoje juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, diz que o período da revolução foi "uma escola super-rápida e concentrada de resiliência e capacidade de iniciativa". E essa pode ser parte da explicação. "Havia RGA (Reuniões Gerais de Alunos) e assembleias-gerais na reitoria dia sim, dia não. Isso acabou por nos dar um sentido de justiça, uma necessidade de participação", diz.

Muitos outros que por lá andaram concordam. "Foram tempos muito marcantes, que apelavam à participação pública activa. Cada um de nós tinha a ideia de que tudo era possível e que podíamos fazer parte da mudança do mundo", acrescenta outra antiga aluna.

Os gorilas e o medo

Há um antes e um depois do 25 de Abril de 1974. O ambiente na Faculdade era pesado. O Ministério da Educação tinha contratado antigos militares da Guerra Colonial para conter os focos de contestação estudantil, que se tinham intensificado depois da crise académica de 1969. Estes "seguranças" eram conhecidos como "os gorilas" e temidos pelos estudantes.

"Lembro-me de os professores terem um botão debaixo da mesa, nos anfiteatros. Carregavam, discretamente, e gorilas apareciam e era aterrorizador. Abriam-se as portas e eles pescavam a pessoa que queriam", conta Manuela Moura Guedes, que aos 17 anos tinha saído de Torres Vedras para estudar em Lisboa e vivia numa casa de freiras na Fontes Pereira de Mello.

À entrada da faculdade, os "gorilas" faziam revista a quem entrava e intimidavam os estudantes. "Eram asquerosos para as mulheres. Diziam-nos obscenidades quando passávamos", relata Moura Guedes. Em alguns casos, recorriam à humilhação para controlar os mais subversivos. Um dos muitos alunos desse ano com quem a SÁBADO falou conta que chegou a ser levado para uma sala na cave, despido e humilhado por ter sido apanhado com um panfleto contra a Guerra Colonial, escondido entre as páginas do Código Civil.

A guerra do Ultramar estava, aliás, muito presente. Um dos caloiros de 1973 lembra-se de ter um colega que se atirava para o chão de cada vez que ouvia um avião a sobrevoar a Cidade Universitária. "Tinha estado na Guiné e o barulho lembrava os disparos." Todos os rapazes tinham medo de ser enviados para África.

Nesse ambiente de ditadura, o professor de Economia Política Soares Martínez era o mais odiado pela proximidade ao regime e pelo terror que impunha aos alunos. "Fazia exames com perguntas sobre as notas de rodapé", lembra outra aluna da época. Teresa Almeida recorda-se de, ainda antes da revolução, as aulas de Martínez começarem com o barulho dos alunos a bater com os assentos de madeira do anfiteatro, em protesto. "Ele começava a sussurrar e as pessoas iam parando."

Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Braga de Macedo eram os assistentes de Soares Martínez. Dois jovens, que se destacavam do cinzentismo reinante. "Marcelo dava Economia quase numa perspectiva marxista. Braga de Macedo vinha com os neokeynesianos e tinha um tipo de génio louco a escrever fórmulas no quadro", descreve Teresa Almeida.

A grande mudança desse ambiente cinzento e opressivo aconteceu a 25 de Abril. Manuela Moura Guedes acordou às 7h da manhã e apercebeu-se de que não tinha na mesa de cabeceira a telefonia em que ouvia as notícias. Alguém a tinha levado. "Andavam a ouvir o que se passava, mas a telefonia estava quase sem pilhas." Uma das freiras, a irmã Van Zeller, ia mandando as raparigas sair das janelas de onde se tinham pendurado para ver as movimentações. Manuela saiu à socapa e correu as ruas desertas à procura de pilhas. Nesse dia, tinha marcada uma frequência de Direito Civil, que já não aconteceu. "Foi um alívio." Mas não se livrou do sermão quando voltou da aventura.

Cabeçadas e cadeiras partidas

A revolução chegou rapidamente à Faculdade. Durante meses, não houve aulas. E, a 22 de Junho de 1974, os alunos decidiram em RGA abolir os exames. Foram instituídas as passagens administrativas, que só acabariam em 1977.

Havia pressa de mudar o mundo. "Começámos a usar ponchos. Eu andava com um amarelo. Tinha um ar mais revolucionário", brinca Manuela Moura Guedes. Por esses dias, a Faculdade dividiu-se entre a UEC (União de Estudantes Comunistas), onde estavam José Magalhães ou António Cluny, e o MRPP, por onde andavam Maria José Morgado, Ana Gomes e Saldanha Sanches.

Durão Barroso, que há muito frequentava as manifestações antirregime foi puxado para o MRPP por Maria José Morgado. Nunca se filiou, mas tornou-se líder da facção maoista da Faculdade. Era o melhor aluno do seu ano e tinha dotes de orador. Além disso, não lhe faltava a coragem física para as lutas que dividiam comunistas e maoistas.

"Havia violência", admite José Magalhães, que numa dessas refregas acabaria com a cabeça a sangrar, depois de uma luta feita com cadeiras partidas. Corria pela Faculdade que tinha sido Durão a dar-lhe uma cabeçada, mas Magalhães diz que "foi o Pedro Santana Lopes". Santana estava na altura no Movimento Independente de Direito, que era visto como de extrema-direita, mas que se aliava tacticamente ao MRPP.
Na linguagem da época, os comunistas eram os "social-fascistas". A ideia era, como explica uma Ex-aluna, que "os comunistas eram reformistas, não eram verdadeiramente revolucionários". Para o MRPP, o modelo era a China de Mao e não a URSS, que era encarada como um regime opressivo da classe operária.

Durão: do maoismo ao PPD

"Éramos todos contra o PCP", justifica Santana Lopes, que acabou por se aproximar de Durão Barroso. "No último ano do curso vivi em casa dele em Almada, na Cova da Piedade." Acabariam por se formar no mesmo dia, com a cadeira de Direito Processual Penal, Santana com um 16 e Durão com um 18.

Nessa altura, em 1978, José Manuel Durão Barroso já não estava ligado ao MRPP há um ano e tinha mesmo aproveitado a lei de 1977 para ir a exame a todas as cadeiras às quais tinha tido uma passagem administrativa. O dirigente associativo maoista que conquistou a Associação de Estudantes ao PCP com a defesa do fim dos exames e das notas de 0 a 20, acabaria o curso com uma impressionante média de 17 valores.

Quem o conheceu na época conta que a morte do pai, em 1977, contribuiu para isso. Durão vinha de uma família conservadora da burguesia do Douro e, numa viagem a Londres para acompanhar os tratamentos do pai, as ideias revolucionárias desvaneceram-se. "Visto à distância, Portugal parecia um caos ingovernável", conta uma fonte próxima do Ex-presidente da Comissão Europeia. Começou a aproximar-se do PPD-PSD e abandonou o maoismo.

Para trás tinham ficado os tempos em que namorava Teresa Almeida, "uma morena de olhos verdes", descrita por muitos como uma das raparigas mais bonitas da Faculdade, mas também das mais aguerridas politicamente. Manuela Moura Guedes lembra-se de ver Teresa e José Manuel "de alpergatas, calças chino e camisas de flanela" e sacas de pano a tiracolo, sempre muito juntos. Tinham começado a relação no liceu, em Almada, uma cidade onde Teresa já dava nas vistas. "Foi uma paixão total", garante quem os conheceu.

O momento era, aliás, de grandes paixões. "Era tudo muito intenso, muito politizado", admite Teresa Almeida que, entretanto, nunca mais falou com Durão.

Nessa época, Durão Barroso, que era conhecido como o líder da República Popular de Direito (pela forma como o maoismo dominava a Faculdade) era um orador inflamado, que arrebatava quem o ouvia. "O Durão era brilhante", garante Manuela Moura Guedes, que se lembra de ter dito em casa na altura que o maoista ainda ia chegar a primeiro-ministro. "Ninguém me ligou nenhuma", ri-se.

Enquanto líder estudantil, Durão Barroso era alvo de "operações de intelligence", como descreve José Magalhães, que conta que a UEC chegou a roubar uma pasta a Durão para apanhar os nomes de código que o MRPP usava mesmo depois da revolução.

A luta entre maoistas e comunistas era tão intensa que Otelo Saraiva de Carvalho emitiu mandados de captura que levaram à detenção de centenas de pessoas ligadas ao MRPP. Durão Barroso estava nessa lista e todos os dias dormia num sítio diferente para escapar à prisão. Mas, uma noite, foi apanhado em Alcântara e só não acabou em Caxias porque saltou do jipe em andamento, confiante de que os militares que o levaram não atirariam contra um homem de costas.

A primeira fila

Nem todos davam tantos nas vistas. Joana Marques Vidal ou Lucília Gago, por exemplo passavam mais despercebidas, mas eram ambas politizadas. Marques Vidal estava então à esquerda do PCP, embora sem militância, e Gago estava no MRPP. Mas as duas eram alunas discretas e Joana Marques Vidal acabaria por passar para o turno da noite, depois de começar a trabalhar em lojas durante o dia para se tornar independente do pai, magistrado.

Maria dos Prazeres Beleza, hoje juíza conselheira, sentava-se sempre na primeira fila, ao lado de Manuela Moura Guedes, e era das melhores aluna da turma, onde também estavam os agora procuradores Amadeu Guerra ou Natália Lima. "A Bebé [Maria dos Prazeres] e a Manuela eram muito bonitas e iam as duas pedir apontamentos ao Durão, que era o melhor da turma", conta um colega.

Além de Durão e de Bebé, Teresa Almeida estava entre as que mais se destacavam pelas boas notas. "Antes do 25 de Abril éramos excelentes alunos e estudávamos imenso. Até do ponto de vista da afirmação das ideias era importante sermos os melhores", frisa.

Maria dos Prazeres e Manuela conseguiram ficar à margem dos confrontos políticos, mas Moura Guedes ainda se lembra das tentativas da UEC para a recrutarem.

Todos se cruzavam no bar da Faculdade e nas RGA, que às vezes se prolongavam horas a fio sem que ninguém arredasse pé. A vida concentrava-se no debate político. E os alunos faziam parte da "Comissão de Gestão", que passou a decidir as cadeiras que eram leccionadas, os métodos de avaliação e até os professores que deviam ser saneados. "Era tudo decidido de braço no ar", explica Gonçalo Sampaio e Mello, o director do Arquivo da Faculdade de Direito, que também viveu esses tempos de "revolução cultural".

Nas RGA, chegava-se a debater "a moral revolucionária". E há quem recorde que até a relação amorosa entre uma aluna e um professor foi discutida numa dessas reuniões. "O MRPP era como uma seita", diz um antigo maoista. "Foi uma altura louca da vida de todos", resume Santana Lopes.

Entre a exigência académica dos primeiros meses antes da revolução e o confronto político constante depois do 25 de Abril, havia pouco tempo para vida social. "Não havia muita coisa. Havia um grupo dos cafés da Avenida de Roma e um grupo dos cafés da Estados Unidos da América. E ia-se para casa uns dos outros", diz Teresa Almeida, que também frequentava os cineclubes, onde, antes do 25 de Abril, era possível ver filmes proibidos pela censura.

Tantos anos passados, há quem nunca mais se tenha visto e quem faça questão de ir aos jantares de curso que se realizavam com alguma frequência antes da pandemia. Mas também há os que se cruzaram por força da profissão. Teresa Almeida, por exemplo, teve de ouvir Pedro Santana Lopes como testemunha quando era procuradora no Caso Bragaparques. Ultrapassadas as divergências do passado, não há ressentimentos.
"Vivemos a loucura da liberdade e o drama da divisão, mas ficámos todos a
dar-nos bem", garante um dos elementos da turma.
 

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