sábado, 23 de fevereiro de 2019

Militares

Pela primeira vez, um contracto de alienação de património nas Forças Armadas vai prever direitos especiais para os militares.

O ministério tutelado por Gomes Cravinho está a negociar um protocolo de cedência do edifício do antigo Hospital Militar de Belém para ser transformado numa unidade de cuidados continuados em que os ex-combatentes terão  condições únicas de acesso. Um exemplo a seguir noutras operações?

Carros eléctricos longe, T-Roc reforçado

O VW Sharan e o Seat Alhambra vão continuar a ser fabricados em Palmela, mas em menor número.

A aposta chama-se T-Roc. E os carros eléctricos ainda vêm longe.

A Autoeuropa fica de fora do lote de fábricas que vão iniciar a transição da produção da Volkswagen de carros eléctricos. Isso significa que o plano de reestruturação, que será necessariamente profundo e acabará por afectar todo o grupo, não se vai aplicar, por agora, em Palmela, onde trabalham 5800 pessoas.

A coutado do PS–Portugal em 2019

A imagem pode conter: 13 pessoas, pessoas a sorrir, texto

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

VW avisa que reforço na Autoeuropa depende de ‘estabilidade’ no país.

“Estivemos perto de mandar 6000 pessoas para casa” Andreas Tostmann Supervisiona as fábricas da Volkswagen no mundo, incluindo a Autoeuropa. Descontente com a demora na resolução da greve em Setúbal, revela ao PÚBLICO a estratégia do grupo para recuperar terreno: maior foco na produção, menos trabalhadores. Por agora, não haverá saídas em Palmela.

Não ficámos muito contentes [com greve nos portos] porque isso afectou fortemente a nossa distribuição Se as coisas chegam a uma ruptura tão grande, então também temos de pensar no investimento futuro, no que temos de fazer e onde o iremos fazer.

Enfermeiros podem tomar “medidas mais drásticas” pois “já não têm nada a perder”

Eu acho que sim, e devem rever as suas posições, já não tanto do ponto de vista legal, mas ético.

Novo local do Espaço de Raio Xis

Por razões desconhecidas, e por mim bem questionadas, o meu blogue, do mesmo nome, no wordpress, foi suspenso!
Por esse facto, voltei a esta casa onde fiz o meu 2º blogue, que se chamava o "menir da belhoa", onde estive bastantes anos, até que também foi suspenso. O 1º foi no yahoo, já lá vão quase vinte anos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O que diz o polémico relatório da OCDE sobre Portugal.

O Negócios faz-lhe um resumo do que consta da versão final do relatório polémico da OCDE sobre Portugal. A corrupção consta do texto, mas não tem destaque especial.

A OCDE divulgou esta segunda-feira, 18 de Fevereiro, o relatório bianual dedicado à economia portuguesa. Este ano a Organização decidiu que um dos temas principais seria a corrupção, o que causou reacções acesas do Governo português por causa do retracto que constava das versão preliminares. O texto final - que se divide entre um capítulo geral, um segundo sobre exportações e um terceiro sobre a justiça - não dá destaque especial à corrupção.

No centro da polémica está Álvaro Santos Pereira, ex-ministro da Economia do Governo PSD/CDS, que é o director do departamentos de estudos específicos por país da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico desde Abril de 2014. O ex-governante quis dar especial ênfase ao tema da corrupção, mas esbarrou na crítica do Governo português que se opôs à divulgação de análises que considerava não terem base factual, segundo avançou o Expresso no início de Janeiro. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, admitiu que Portugal poderia vir a "protestar".

Uns dias depois, o Observador avançava alguns pormenores que constavam da versão preliminar do relatório: em causa estavam casos mediáticos de corrupção na política e nos negócios, nomeadamente o caso do ex-primeiro-ministro José Sócrates, e a forma como Portugal sai mal visto quando comparado com outros países da OCDE nos indicadores sobre percepção da corrupção - ambas as referências não constam do relatório final.
Contudo, a OCDE manteve no texto a necessidade de haver mais recursos para a investigação aos crimes económicos e financeiros, a recomendação de se criar um tribunal especializado em corrupção, de mudar o sistema de recurso para "evitar abusos" e a criação de um registo electrónico dos interesses dos políticos e dos altos responsáveis da administração pública.
Mas o relatório vai além da justiça. A OCDE dá a receita para que as exportações continuem a ser a "estrela" da recuperação económica em Portugal, alerta para a necessidade de melhorar o bem-estar económico dos portugueses e avisa para o impacto negativo dos custos decorrentes do envelhecimento na dívida pública.


Eficiência da justiça e combate à corrupção podem ser melhoradas
A OCDE elogia a melhoria registada nos processos judiciais, mas continua a achar que são "morosos". Exemplo disso é que o tempo médio necessário para resolver processos civis e comerciais, na primeira instância, é de cerca 300 dias. Na União Europeia, Portugal é apenas superado pela justiça grega, italiana e francesa. Além disso, Portugal regista o mais elevado prazo médio de pagamentos, "reflectindo em parte fragilidade na execução dos contractos".
O relatório conclui que "as reformas recentes reduziram o número de processos pendentes, mas os tribunais continuam muito congestionados". A Organização atribui isso aos "estrangulamentos significativos" que continuam a existir em alguns tribunais. Para combater isso, a recomendação é de que os tribunais devem ter mais autonomia para distribuir os recursos de forma mais eficaz.
A OCDE recomenda também que os magistrados do Ministério Público continuem a receber formação "especializada" para combater a criminalidade económica e financeira, "incluindo a corrupção". "As autoridades têm realizado um esforço contínuo de combate à corrupção e ao suborno no sector público e privado, e esta prioridade deve ser mantida", assinala.

Para tal, pede que se assegure "recursos [financeiros] adequados". A Organização propõe ainda que seja criado um registo electrónico de interesses para todos os membros do Governo e altos funcionários da administração pública que deve ser actualizado regularmente.


Economia cresce, mas bem-estar continua abaixo da média
O crescimento económico de Portugal - que superou em 2018 o anterior pico do PIB, recuperando o que perdeu durante a crise - está "bem consolidado", mas a OCDE alerta para a necessidade de "melhorar o bem-estar" dos portugueses.
Neste relatório, a Organização mantém a previsão de crescimento de 2,1% para 2019, o que a concretizar-se seria a mesma variação registada em 2018. Ao confirmar em Fevereiro esta previsão neste relatório, a OCDE torna-se a entidade internacional mais optimista quanto ao crescimento deste ano. Mais optimista só o Governo que prevê uma variação de 2,2%.
Com o PIB a continuar a crescer, o mercado de trabalho também deverá melhorar, depois de registar "uma das maiores melhorias entre os países da OCDE na última década". A OCDE prevê que a taxa de desemprego baixa de 7,1% em 2018 para 6,4% em 2019, apesar de a taxa de desemprego de longa duração continua "ainda muito elevada".
Contudo, a Organização alerta que a convergência com a média dos países que fazem parte da OCDE tem sido "limitada". Como mostra o gráfico da OCDE, o PIB per capita - indicador utilizado para, em parte, atestar o bem-estar económico - de Portugal não chega a representar 75% da média. Apesar da recuperação desde a crise, ainda não se recuperou os níveis anteriores.

O fraco desempenho desse indicador reflecte-se na má classificação (face à média) que Portugal regista em vários vertentes da qualidade de vida, especialmente no bem-estar subjectivo, no emprego e remuneração e no estado de saúde.


Custos com envelhecimento põe em causa redução da dívida a longo prazo
A Organização elogia a tendência de descida do rácio da dívida pública, mas alerta que o nível continua elevado e que os custos decorrentes do envelhecimento terão um impacto negativo no endividamento.
Num exercício teórico, a OCDE antecipa que, se Portugal abrandar o esforço de consolidação e não compensar os custos decorrentes do envelhecimento, a dívida pública poderá ser superior a 140% em 2050. O rácio só baixa no cenário em que continua o esforço de consolidação e são compensados os custos decorrentes do envelhecimento, atingindo um valor inferior a 80% em 2050.

Uma das sugestões da Organização para aumentar as receitas públicas, que já tem vindo a ser feita em relatórios anteriores, é a eliminação de algumas isenções e taxas reduzidas de IVA (o imposto que mais receita arrecada). As receitas potenciais podem atingir 0,5% das receitas que efectivamente são cobradas actualmente.
Além disso, a OCDE defende a mesma posição do Governo de que é necessário aumentar os impostos sobre o gasóleo e aumentar a tributação energética do carvão e do gás natural.


Banca está melhor, mas há margem de melhoria
A OCDE considera que houve melhorias na rendibilidade e no crédito malparado dos bancos, mas ambas as variáveis continuam a comparar mal em termos europeus. Daí que a Organização proponha melhorias na lei de insolvência de pessoas singulares - que considera ser "bastante restritiva" - e a criação de um mecanismo extrajudicial que facilite a liquidação de empresas inviáveis dado que os processos judiciais "podem ser muito morosos".


OCDE dá a receita para continuar a expandir as exportações
O relatório elogia largamente o desempenho das exportações portuguesas desde 2007 que, tal como mostra o gráfico, excederam nesse período o crescimento das vendas ao exterior de outros países europeus. O destaque vai para o turismo, o sector que deu o maior contributo (+17 pontos percentuais) para a expansão das exportações.

No entanto, tal como já tinha demonstrado um estudo do Banco de Portugal, a Organização argumenta que a economia portuguesa "poderá orientar-se ainda mais para o exterior". Esta conclusão surge da análise do peso das exportações no PIB, que ainda está aquém de países como a Hungria, a República Checa e a Bélgica.

Contudo, Portugal tem um constrangimento: a maioria das empresas "não tem dimensão suficiente para serem exportadoras importantes" uma vez que a maioria (cerca de 95%) têm dez ou menos trabalhadores. Além disso, a economia portuguesa é, entre as europeias, das que mais exporta com base em trabalho pouco qualificado.


Ainda assim, a OCDE deixa recomendações para que Portugal continue a aumentar as exportações. A primeira passa por "simplificar" o sistema fiscal, "reduzindo a utilização de disposições especiais e as ambiguidade na terminologia fiscal. A segunda passa pelo investimento em infra-estruturas, nomeadamente nos portos.
A terceira passa pela qualificação dos trabalhadores ao longo da vida, especialmente os pouco qualificados, o que é relevante dado que esse é o maior obstáculo ao emprego identificado pelo relatório. A Organização considera Portugal tem de "alargar os programas de formação profissional bem concebidos (i.e. «Aprendizagem» e «Cursos de Educação e Formação de Adultos.


https://www.jornaldenegocios.pt/economia/conjuntura/detalhe/o-que-diz-o-polemico-relatorio-da-ocde-sobre-portugal

Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

'Project Blue Book' é baseado em uma verdadeira história de Ovnis. Aqui está.

    Por Ralph Blumenthal e Leslie Kean

    • 15 de Janeiro de 2019

      • Apresentando um assassinato de espião russo, uma auto-imolação, bandidos do governo armados com armas e outros dispositivos de enredo fantasiosos, "Projecto Blue Book", da História nova popular série sobre o programa da Força Aérea para investigar e desmascarar Ovnis, não é o Projecto Blue Book do seu historiador .

        Vimos os primeiros seis episódios do ponto de vista de escritores que trabalharam por muito tempo no lado sério dos Ovnis. Rompemos a exclusividade do New York Times de Dezembro de 2017 sobre um programa secreto do Pentágono investigando o fenómeno, com nossa colega Helene Cooper. Leslie Kean escreveu o best-seller do Times 2010 "UFOs: Generals, Pilots and Government Officials Go On the Record." Ralph Blumenthal escreveu sobre Ovnis para a Vanity Fair e também sobre o The Times .

        Assim, apesar dos enfeites, interessou-nos descobrir paralelos entre a versão televisiva e a realidade histórica e actual.

        [ Leia o relatório do Times de 2017 sobre o programa secreto de Ovnis do Pentágono. ]

        A série História previsivelmente sensacionalista e dramatiza as investigações de casos e as figuras históricas envolvidas, adicionando muitos elementos da história que simplesmente nunca aconteceram. Já é difícil o suficiente para aqueles que estão tentando entender a verdade sobre o envolvimento do governo com Ovnis sem misturar fato e ficção.

        No entanto, melodrama à parte, a verdadeira história está aí:

        Projecto Blue Book era o codinome de um programa da Força Aérea estabelecido em 1952, após inúmeros avistamentos de Ovnis durante a era da Guerra Fria, para explicar ou desmascarar tantos relatos quanto possível a fim de mitigar possível pânico e proteger o público de problema de segurança nacional: um fenómeno aparentemente tecnológico que estava além do controle humano e não era russo, mas representava uma ameaça potencial insondável.

        O personagem central da série de TV, o proeminente astrónomo J. Allen Hynek, interpretado por Aidan Gillen, foi recrutado como consultor científico do Blue Book e estava de fato inicialmente empenhado em explicar os discos voadores como fenómenos naturais ou identificações erradas. Mas ele gradualmente percebeu que os objectos bizarros eram reais e precisavam de mais atenção científica. (Embora ele nunca tenha visto uma suposta criatura alienígena flutuando em um tanque ou caindo em um avião enquanto recriava uma alegada luta de cães Ovnis, conforme retractado na série.)

        Enquanto Hynek estava envolvido, o Blue Book compilou relatórios de 12.618 avistamentos de objectos voadores não identificados, dos quais 701 permanecem inexplicados até hoje.

        Mas o que é mais importante estudar durante essa época é o que ocorreu fora do Projecto Blue Book, na medida em que foi revelado. Quando informamos sobre o Programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais do Pentágono, iniciado em 2007, oferecemos um vislumbre de um cenário semelhante hoje: casos militares sendo investigados e filmados sem o conhecimento público. Desta vez, no entanto, não havia órgão público para acomodar relatos de incidentes, mesmo quando centenas de testemunhas estavam envolvidas.

        O personagem central da série de TV, o proeminente astrónomo J. Allen Hynek, interpretado por Aidan Gillen, foi recrutado como consultor científico do Blue Book e estava de fato inicialmente empenhado em explicar os discos voadores como fenómenos naturais ou identificações erradas. Mas ele gradualmente percebeu que os objectos bizarros eram reais e precisavam de mais atenção científica. (Embora ele nunca tenha visto uma suposta criatura alienígena flutuando em um tanque ou caindo em um avião enquanto recriava uma alegada luta de cães Ovnis, conforme retractado na série.)

        Enquanto Hynek estava envolvido, o Blue Book compilou relatórios de 12.618 avistamentos de objectos voadores não identificados, dos quais 701 permanecem inexplicados até hoje.

        Mas o que é mais importante estudar durante essa época é o que ocorreu fora do Projecto Blue Book, na medida em que foi revelado. Quando informamos sobre o Programa de Identificação Avançada de Ameaças Aeroespaciais do Pentágono, iniciado em 2007, oferecemos um vislumbre de um cenário semelhante hoje: casos militares sendo investigados e filmados sem o conhecimento público. Desta vez, no entanto, não havia órgão público para acomodar relatos de incidentes, mesmo quando centenas de testemunhas estavam envolvidas.

        Tudo começou em 1947. O Tenente General Nathan Twining, comandante do Comando de Material Aéreo, enviou um memorando secreto sobre “Discos Voadores” ao general comandante das Forças Aéreas do Exército no Pentágono. Twining afirmou que “o fenómeno relatado é algo real e não visionário ou fictício”. Os objectos silenciosos e semelhantes a discos demonstraram "taxas extremas de subida, capacidade de manobra (particularmente em roll) e movimento que devem ser considerados evasivos quando avistados ou contactados por aeronaves e radares aliados".

        Um novo projecto, com o codinome “Sign”, baseado em Wright Field (agora Wright-Patterson Air Force Base) fora de Dayton, Ohio, recebeu o mandato de colectar relatórios de Ovnis e avaliar se o fenómeno era uma ameaça à segurança nacional. Com a Rússia descartada como fonte, a equipe escreveu uma "Estimativa da situação" ultra-secreta, concluindo que, com base nas evidências, os Ovnis provavelmente tiveram uma origem interplanetária.

        De acordo com funcionários do governo na época, a estimativa foi rejeitada pelo general Hoyt Vandenberg, chefe do Estado-Maior da Força Aérea. A partir de então, os proponentes da hipótese de fora do planeta perderam terreno, com Vandenberg e outros insistindo que explicações convencionais fossem encontradas.

        O Projecto Sign acabou evoluindo para o Projecto Blue Book, com o objectivo de convencer o público de que discos voadores poderiam ser explicados.

        Ainda assim, nos bastidores, as autoridades lutaram com algo preocupante: encontros de Ovnis bem documentados envolveram múltiplos observadores treinados, dados de radar, fotografias, marcas no solo e efeitos físicos em aviões.

        Em 1952, o escritório do major-general John Samford, director de inteligência da Força Aérea, informou o FBI, dizendo que "não era inteiramente impossível que os objectos avistados pudessem ser naves de outro planeta como Marte", segundo o governo documentos. A Inteligência Aérea descartou amplamente uma fonte terrestre, relatou o memorando do FBI.

        As preocupações com a defesa nacional também aumentavam. Depois que aviões da Força Aérea se empenharam para interceptar objectos brilhantes vistos e captados no radar sobre Washington em 1952, Samford convocou uma entrevista colectiva para acalmar o país.

        Ele anunciou que entre 1.000 e 2.000 relatórios foram analisados ​​e que a maioria foi explicada. “No entanto”, ele admitiu, uma certa percentagem “foi obtida por observadores confiáveis ​​de coisas relativamente incríveis. É esse grupo de observações que agora estamos tentando resolver ”.

        Ele disse que nenhuma conclusão foi tirada, mas minimizou qualquer "ameaça concebível" para os Estados Unidos.

        Mais tarde naquele ano, entretanto, H. Marshall Chadwell, o director assistente de inteligência científica da CIA, concluiu em um memorando ao director da CIA, Walter Bedell Smith, que “avistamentos de objectos inexplicáveis ​​em grandes altitudes e viajando em alta velocidade no As vizinhanças das principais instalações de defesa dos EUA são de tal natureza que não podem ser atribuídas a fenómenos naturais ou tipos conhecidos de veículos aéreos. ”

        Em 1953, as autoridades estavam preocupadas que os canais de comunicação estivessem ficando perigosamente obstruídos por centenas de relatos de Ovnis. Mesmo alarmes falsos podem ser perigosos, preocupam as agências de defesa, já que os soviéticos podem tirar vantagem da situação simulando ou encenando uma onda de Ovnis e depois atacando.

        Documentos mostram que a CIA então elaborou um plano para uma “política nacional”, como “o que deve ser dito ao público sobre o fenómeno, a fim de minimizar o risco de pânico”.

        Após uma sessão a portas fechadas com um painel consultivo científico presidido por HP Robertson do Califórnia Institute o Technology, a CIA emitiu um relatório secreto recomendando um amplo programa educacional para todas as agências de inteligência, com o objectivo de “treinar e desmascarar”.

        O treinamento significou mais educação pública sobre como identificar objectos conhecidos no céu. “O uso de casos verdadeiros mostrando primeiro o 'mistério' e depois a 'explicação' seria contundente”, disse o relatório. Desmascarar "seria realizado por meios de comunicação de massa, como televisão, filmes e artigos populares."

        Esse plano envolvia o uso de psicólogos, especialistas em publicidade, astrónomos amadores e até desenhos animados da Disney para criar propaganda para reduzir o interesse público. E grupos de Ovnis civis devem ser “vigiados”, afirmou o relatório, por causa de sua “grande influência no pensamento em massa se avistamentos generalizados ocorrerem”.

        O Relatório do Painel Robertson foi classificado até 1975, cinco anos após o fecho do Blue Book. Mas o seu legado perdura na aura de ridículo em torno dos relatos de Ovnis, inibindo o progresso científico.

        “A implicação no Relatório do Painel era que os Ovnis eram uma questão sem sentido (não científica), a ser desmascarada a todo custo”, escreveu Hynek. “Isso tornou o assunto dos Ovnis cientificamente irrespeitável”.

        Hynek , o Ex-céptico sobre Ovnis, finalmente concluiu que eles eram um fenómeno real que precisava urgentemente de atenção científica, com centenas de casos nos arquivos do Livro Azul ainda inexplicados. Mesmo muitos dos casos “encerrados” foram resolvidos com explicações ridículas, muitas vezes irritantes, às vezes pelo próprio Hynek.

        “Toda a operação do Livro Azul foi uma bagunça baseada na premissa categórica de que as coisas incríveis relatadas não poderiam ter qualquer base em fatos”, escreveu ele na década de 1970, quando finalmente estava livre para falar a verdade.

        Quando o Blue Book foi fechado no final de 1969, a Força Aérea mentiu categoricamente ao povo americano, publicando um informativo afirmando que nenhum OVNI jamais havia sido uma ameaça à segurança nacional; que os Ovnis não representavam “desenvolvimentos ou princípios tecnológicos além do alcance do conhecimento científico actual”; e que não havia evidências de que eles eram "veículos extraterrestres".

        (Apenas alguns anos antes, em 1967, um objecto oval vermelho brilhante pairou sobre a Base da Força Aérea de Malmstrom em Montana, e todos os 10 mísseis nucleares subterrâneos da instalação foram desactivados quase simultaneamente enquanto o OVNI estava presente, de acordo com entrevistas com testemunhas e relatórios oficiais do governo. Os técnicos não conseguiram encontrar uma explicação convencional.)

        Mas seja o que for que a Força Aérea disse ao público, ela não parou de investigar os Ovnis. Um memorando outrora classificado, emitido secretamente em Outubro de 1969, alguns meses antes do encerramento do Livro Azul, revelou que os regulamentos já estavam em vigor para investigar relatos de Ovnis que “não faziam parte do sistema do Livro Azul”. O memorando, escrito por Carroll H. Bolender, um general de brigada da Força Aérea, prosseguia dizendo que "relatos de Ovnis que poderiam afectar a segurança nacional continuariam a ser tratados por meio dos procedimentos padrão da Força Aérea designados para esse fim".

        Claramente, as agências governamentais continuaram a ter algum nível de envolvimento nas investigações de Ovnis nas décadas seguintes - e até o presente. Apesar das declarações do governo em contrário, os documentos oficiais antes secretos incluem relatórios detalhados de dramáticos eventos Ovnis no exterior. Muitos casos em casa não foram investigados, incluindo um evento de 2006 em que um objecto em forma de disco pairou sobre o aeroporto O'Hare por mais de cinco minutos e disparou através das nuvens a uma velocidade incrível.

        Nossos relatórios em 2017, que levaram a briefings para membros de comités do Congresso, mostraram que não mudou muito desde o fechamento do Projecto Livro Azul.

        Os cientistas podem saber mais sobre o comportamento e as características dos Ovnis e estar mais perto de compreender a física de como a tecnologia opera, de acordo com documentos e entrevistas da AATIP. Mas o governo ainda faz todos os esforços para manter em segredo as investigações e conclusões, ao mesmo tempo que nega qualquer envolvimento a cidadãos americanos.

        Aidan Gillen como o astrônomo J. Allen Hynek no & ldquo; Project Blue Book & rdquo; na história. A série dramatiza, com algum embelezamento flagrante, um programa real da Força Aérea projetado para investigar e desmascarar OVNIs

        Aidan Gillen como o astrónomo J. Allen Hynek no “Projecto Livro Azul” de História. A série dramatiza, com algum embelezamento flagrante, um programa real da Força Aérea projectado para investigar e desmascarar o UFO Crédito … Eduardo Araquel / História


        Luzes fotografadas em 1952 sobre uma estação aérea da Guarda Costeira em Salem, Massachusetts, parte do arquivo do Livro Azul.

        Luzes fotografadas em 1952 sobre uma estação aérea da Guarda Costeira em Salem, Massachusetts, parte do arquivo do Livro Azul. Crédito ... Shell R. Alpert / US Coast Guard

        O verdadeiro Hynek, o consultor científico do Livro Azul, em um de seus observatórios na década de 1960. Antes um cético em relação aos OVNIs, ele se tornou um crente.

        O verdadeiro Hynek, o consultor científico do Livro Azul, em um de seus observatórios na década de 1960. Antes um cético em relação aos OVNIs, ele se tornou um crente. Crédito ... Northwestern University

        Gillen como Hynek em “Project Blue Book”, que previsivelmente sensacionaliza a história.

        Gillen como Hynek em “Project Blue Book”, que previsivelmente sensacionaliza a história. Crédito ... Eduardo Araquel / História


        Uma foto famosa dos arquivos do Livro Azul, tirada por um fazendeiro, foi amplamente analisada, mas nunca explicada.

        Uma foto famosa dos arquivos do Livro Azul, tirada por um fazendeiro, foi amplamente analisada, mas nunca explicada. Crédito ... Bettmann / Getty Images

        https://youtu.be/4-MbGYAv7Cg

        Declaração de 1952 do Major Gen. Samford sobre "discos voadores". Crédito ... Crédito Arquivos Nacionais dos EUA


        Uma versão deste artigo foi publicada em 17 de Janeiro de 2019 , Seção C , página 1 da edição de Nova York com o título: This Is It .


        https://www.nytimes.com/2019/01/15/arts/television/project-blue-book-history-true-story.html

      quinta-feira, 8 de novembro de 2018

      ¿Cuántos españoles hay en el 'Club de los 1.000 millones'?

      La 30ª edición de la lista Forbes, publicada en el mes de marzo con los 2.043 millonarios más ricos del planeta incluye una relación de 25 españoles que pasan por ser, según la revista norteamericana, las mayores fortunas del país.

      Sin embargo, la ausencia en este selecto Club de los 1.000 millones de apellidos como March, Entrecanales, Riberas, Grifols, Masaveu, Serra Farré, Gómez-Trénor, Gallardo, Mahou, así como los descendientes de Emilio Botín e Isidoro Álvarez, todos ellos con patrimonios en torno a los 2.000 millones, pone en discusión la utilidad del influyente ránking para identificar con fidelidad a la élite local que domina la economía española.

      Forbes se cura en salud aduciendo que se trata de una relación de individuos "más que de sagas familiares que comparten grandes fortunas", aunque reconoce que incluye aquellas donde "la riqueza pertenece a la esposa del multimillonario y los hijos, si esa persona es el fundador de la fortuna". Pero lo cierto es que medir el patrimonio de los ricos españoles por individuos en lugar de por familias deja de contabilizar más de 32.450 millones de euros en poder de los que realmente ocupan las 25 primeras plazas.

      España es un país de empresas familiares. El 85% lo son. Salvo los dos mayores patrimonios del país, Amancio Ortega y Juan Roig, la gran mayoría de las sagas que dominan la economía española arrancaron en los años 40 y 50 y se encuentran a caballo entre la segunda generación o migrando a la tercera. En su mayor parte, los herederos que regentan o controlan los grandes pagos familiares lo hacen con un pacto o protocolo por delante.

      A primera vista, la cultura empresarial de Estados Unidos invita a medir las fortunas de forma individual. Bill Gates, Warren Buffett, Jeff Bezos, Marck Zuckerberg o Larry Ellison son emprendedores, han construido sus fortunas en las últimas décadas.

      Sin embargo, la clasificación de Forbes obvia que la mayor fortuna del país la reúne la familia Walton, propietaria de más de la mitad de las acciones de los almacenes Wal-Mart. Según los cálculos de la revista de Jersey, los siete Walton suman un patrimonio de 129.000 millones de dólares. A su vez, el segundo puesto recaería sobre los hermanos David y Charles Koch, con 96.600 millones. Dueños de un conglomerado con intereses en petróleo, papeleras y el sector químico, los Koch son los más beneficiados del ascenso al poder de Donald Trump.

      Curiosamente, es el propio presidente de los Estados Unidos, número 544 de la lista este año, con 3.500 millones de dólares atribuidos, el primer crítico con la medición que Forbes hace de su fortuna. "Tratan de volverme lo más pobre posible. Todo lo que puedo decir es que Forbes es una revista quebrada que no sabe de qué habla", dijo en marzo del año pasado. "Con 10.000 millones me veo mejor", añadió.

      March y Riberas

      En España, la ausencia más acusada es la de la familia March, los grandes banqueros españoles. El año pasado, el grupo que controlan al 100% los cuatro hermanos mallorquines reconocía un patrimonio neto de 4.468 millones de euros, según se ha sabido esta semana. A sus empresas, los March añaden varias de las fincas más extensas del país y la fundación cultural más prestigiosa.

      Otra de las calvas de la lista Forbes son los dos hermanos Riberas, que están a punto de sacar a Bolsa la multinacional Gestamp, un fabricante de piezas de automóvil. Jon y Francisco Riberas son a la industria lo que los March a la banca. Las útimas valoraciones del grupo -que controlan en un 86%- se sitúan en torno a los 4.000 millones. A Gestamp añaden Gonvarri, la segunda metalúrgica más grande del país y la más saneada, una inmobiliaria y una envidiable finca en el centro de la meseta.

      Acertadamente, entre los 25 españoles de la lista no se encuentra este año Esther Koplowitz. Ni el valenciano Enrique Bañuelos. Sí incluye a tres Del Pino, -Rafael, presidente de Ferrovial, María y Leopoldo Del Pino-, dejando fuera a sus otros dos hermanos. Es llamativo también el puesto (4), que ocupa el mallorquín Miguel Fluxá, dueño de Iberostar y socio de ACS, que realmente comparte su patrimonio con otras dos ramas familiares, dueñas también de las firmas Camper y Lotusse.

      Demetrio Carceller, el magnate catalán, nieto de un ministro franquista, figura como ciudadano de Portugal.

      Así, en rigor, se puede decir que en la relación de la revista norteamericana ni se encuentra a los españoles más ricos ni están todos los que deberían. El monográfico anual Las 200 mayores fortunas españolas que publica EL MUNDO desde el año 2006 suma en su última edición (febrero 2017) un total de 48 fortunas que superan los 1.000 millones de euros. Quizá la explicación a la larga lista de ausencias sea que, entre la lista de colaboradores de su lista mundial -al menos los enumerados en su edición web-, ninguno trabaja sobre el terreno en España.

      Más ausencias en Francia y Reino Unido

      La vara de medir de Forbes se adapta bien tampoco a Francia. Entre los 38 ricos que incluye del país vecino no se encuentra a la familia Mulliez, dueña del Grupo Auchan, o a Alex Dumas y la familia Hermes, propietarios de Hermes International, tercera y cuarta fortuna del país, familias que, según la revista Challenge, amasan 26.000 y 22.300 millones de patrimonio respetivamente. O a los bodegueros Castel, octava más rica, con 8.000 millones. El semanario elabora su propia lista anual con las 500 mayores fortunas del país.

      Forbes tampoco va a misa en el Reino Unido, donde omite a la tercera familia más adinerada del ránking que elabora The Sunday Times desde hace tres décadas, los hermanos Galen y George Weston, dueños nada menos que de Primark y Associated British Foods, que en España es dueña de Azucarera Española. Y al sexto Duque de Westminster, Gerald Cavendish Grosvenor -quinto en la misma lista-, el aristócrata cuya familia es propietaria de una vasta extensión del suelo sobre el que se levanta Londres, desde hace más de 400 años.

      José F. Leal

      03 ABR 2017

      sexta-feira, 2 de novembro de 2018

      O Sistema de Informação da Organização do Estado (SIOE)

      Passos Coelho, entendendo a falta de informação (inacreditável) existente na função publica, criou este serviço SIOE. O tal serviço que Mário Centeno (com os seus complexos de menoridade) querem alterar, por promessa que fizeram em 2016, mas ainda não aconteceu. Servirá de desculpa, este atraso, para o autentico “asilamento” na função publica de amigos e familiares dos partidos da Troika governante com especial enfoque no PS.

      “A presente lei aplica-se a todos os serviços integrados, serviços e fundos autónomos, regiões autónomas, autarquias locais, outras entidades que integrem o universo das administrações públicas em contas nacionais, às empresas do sector empresarial do Estado e dos sectores empresariais regionais, intermunicipais e municipais, bem como às demais pessoas colectivas públicas e outras entidades públicas”

      O Sistema de Informação da Organização do Estado (SIOE), instituído pela Lei n.º 57/2011, de 28 de Novembro, alterada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de Dezembro (LOE 2013) [LINK], é uma base de dados de caracterização de entidades públicas e dos respectivos recursos humanos, com vista a habilitar os órgãos de governo próprios com a informação indispensável para definição das políticas de organização do Estado e da gestão dos respectivos recursos humanos.

      Constam do SIOE todos os serviços integrados, serviços e fundos autónomos, regiões autónomas, autarquias locais, outras entidades que integrem o universo das administrações públicas em contas nacionais, empresas do sector empresarial do Estado e dos sectores empresariais regionais, intermunicipais e municipais, bem como as demais pessoas colectivas públicas e outras entidades públicas.

      A Direcção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) é a entidade gestora e detentora do SIOE. A informação que consta do SIOE encontra-se em permanente actualização sendo da responsabilidade das entidades a que respeita, sem prejuízo da responsabilidade da DGAEP.

      A caraterização das entidades comporta diversos aspectos, designadamente dados de identificação, regimes jurídicos aplicáveis, dados de recursos humanos e outros. Uma das classificações utilizadas respeita ao subsector em contas nacionais. Com a entrada em vigor do Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais (SEC 2010) as entidades passaram a estar classificadas de acordo com a nova metodologia no SIOE, a partir de 30-09-2014. Para mais informações sobre o SEC 2010, por favor consulte www.ine.pt.

      O SIOE funciona também como um diretório, onde se podem encontrar os contactos de todas as entidades públicas referidas.

      Podem ser feitos diversos tipos de pesquisa, simples ou conjugados, de livre acesso à informação. Para mais esclarecimentos consulte a área de Documentação, no lado direito desta página.

      Para actualização dos respectivos dados ou de inserção de dados de recursos humanos as entidades necessitam de credenciação (username/password).

      https://www.sioe.dgaep.gov.pt/Default.aspx

      segunda-feira, 1 de outubro de 2018

      Estado não sabe com rigor quantos funcionários tem. Nova base de dados foi prometida pelo Governo em 2016.

      Auditoria da Inspecção-Geral de Finanças conclui que o sistema de informação existente não permite caracterizar os recursos humanos do Estado de forma adequada. Nova base de dados foi prometida pelo Governo em 2016.

      O que será que estão a fazer, isto é se vão ao local de trabalho, no ministério, os funcionários públicos encarregues deste assunto, que não sabem quantos são, onde estão, etc.?

      Os dados recolhidos trimestralmente pelo Sistema de Informação da Organização do Estado (SIOE) têm insuficiências e não permitem “caracterizar adequadamente os recursos humanos da Administração Pública”, em particular o número de funcionários públicos existentes, as suas remunerações, as avaliações e qualificações, as horas trabalhadas e a distribuição nas carreiras. A conclusão é de uma auditoria levada a cabo pela Inspecção-Geral de Finanças (IGF) ao funcionamento do sistema e cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Negócios.

      A auditoria concentra-se no ano de 2015 e foi realizada com o objectivo de confirmar se o SIOE, gerido pela Direcção-Geral da Administração e Emprego Público (DGAEP) “assegura a integridade e fiabilidade dos dados que lhe são transmitidos e garante o seu adequado tratamento”. A conclusão é que o SIOE tem “insuficiências”, há um “deficiente controlo sobre o carregamento e actualização da informação” e essa mesma informação “suscita reservas quanto à sua fiabilidade”.

      O resumo do relatório foi publicado esta semana no site da IGF, quase um ano depois de ter sido homologado pelo ministro das Finanças em 21 de Novembro de 2017.

      A insuficiência dos dados recolhidos no SIOE já tinha sido sinalizada pelo ministro das Finanças, Mário Centeno, no início da legislatura. Esta base de dados foi criada em 2011 e é alimentada pelos serviços e organismo públicos, disponibilizando informação sobre o número de trabalhadores de cada organismo público, a carreira em que estão inseridos, o género, a escolaridade, a idade, o número de portadores de deficiência, o salário auferido e os fluxos de entradas e saídas. No Orçamento do Estado para 2016, o Governo prometeu aperfeiçoar o sistema.

      Em entrevista ao PÚBLICO, Mário Centeno anunciou que o concurso para a escolha da empresa que vai desenhar a nova base de dados já foi concluído. “A expectativa que eu tenho é que seja até ao fim deste ano. O objectivo é que, durante o ano de 2019, nós alinhemos a recolha de informação nesta base de dados com o relatório único que o Ministério do Trabalho recolhe no sector privado”, anunciou.

      Entretanto, e tal como o PÚBLICO noticiou, o Governo reformulou o diploma que cria o SIOE, mas as mudanças mereceram reservas da Comissão Nacional de Protecção de Dados.

      O PÚBLICO questionou o Ministério das Finanças sobre os resultados da auditoria e sobre o ponto de situação do novo sistema de informação, mas ainda não teve resposta.

      sexta-feira, 17 de agosto de 2018

      Ronaldo entra para a Juventus e todos ganham.

      De Rory Smith

      Massimo Pinca / Reuters

      A chegada de Cristiano Ronaldo à Juventus pode ser uma vitória comercial, financeira e estrutural da Serie A italiana. O mundo inteiro está assistindo.

        17 de Agosto de 2018

      FLORENÇA, Itália - Assim que a última vaga de estacionamento for ocupada na tarde de sábado, muito antes do início do jogo, as estradas ao redor do Estádio Bentegodi de Verona serão bloqueadas.

      Unidades de contraterrorismo de crack - assim como a polícia regular da Itália e os carabinieri (polícia militar) - patrulharão as ruas próximas ao estádio. É uma medida de segurança sem precedentes para uma cidade cujos dois times de futebol, Hellas e Chievo, costumam trabalhar em uma mediocridade silenciosa.

      Estes, porém, são tempos incomuns. As autoridades de Verona esperam cerca de 30.000 torcedores no Bentegodi, uma caminhada rápida de 30 minutos do centro histórico da cidade.

      Não se arrisca um evento que, segundo Angelo Sidoti, vice-prefeito de Verona, “assumiu um significado mundial”.

      Parece que já faz uma eternidade desde que a Serie A se viu sob essa luz. Por quase duas décadas, a divisão principal da Itália teve um ar de grandeza desbotada, de declínio inevitável. Sua reputação foi manchada pela corrupção e sua imagem danificada por estádios vazios e em ruínas.

      A Série A parece uma liga intimidada pela memória do que costumava ser, incapaz de viver de acordo com os fantasmas dourados de seu passado. De repente, agora, parece o centro do universo novamente, como se não fossem apenas os 30.000 no Bentegodi neste sábado, mas o mundo inteiro, que estará assistindo o Chievo enfrentar a Juventus, que chegará com o homem quem mudou tudo: Cristiano Ronaldo.

      Nesta Primavera, quando os directores da Juventus concordaram em comprometer cerca de US $ 387 milhões para contratar Ronaldo, o actual jogador mundial do ano - uma taxa de transferência de US $ 133 milhões para o Real Madrid e, aproximadamente, US $ 254 milhões em salários e impostos nas próximas quatro temporadas - eles fizeram não o faça para aumentar a auto-estima da Série A.

      Fizeram isso, em parte, porque Ronaldo, de 33 anos, representava a melhor chance do clube de encerrar sua longa e agonizante espera pela conquista do terceiro título da Liga dos Campeões. A Juventus perdeu duas das últimas quatro finais, para o Barcelona em 2015 e para o Real Madrid, e Ronaldo, em 2017. Apesar de sete títulos consecutivos da Série A sob sua gestão, para Andrea Agnelli, presidente da Juventus, que dá um passo adiante na Europa agora está classificado como algo entre uma missão e uma obsessão.

      Neste Verão, o clube abandonou sua política de longa data de crescimento lento e constante em favor do sucesso imediato: Agnelli trouxe Leonardo Bonucci, o zagueiro da Itália, de volta a Turim depois de uma temporada no AC Milan e, mais importante, trabalhou com Jorge Mendes, o agente de Ronaldo , para completar o que foi chamado de il colpo del secolo: o negócio do século. Ronaldo ganhou três Champions League consecutivas e cinco ao todo. Ele é o maior artilheiro de todos os tempos da competição. Se alguém pode entregar a dominação europeia, é ele.

      Na idade de Ronaldo, porém, até a Juventus poderia ter recusado o custo da mudança - e em particular aquele contracto de quatro anos; quando terminar, Ronaldo terá 37 anos - se não fosse pelos benefícios comerciais e financeiros que um jogador com seu perfil único pode trazer para o seu clube.

      Isso começou a se manifestar antes mesmo de o negócio ser anunciado: o preço das acções da Juventus disparou com os primeiros rumores de que uma mudança poderia ser iminente. Embora os relatos de que a Juventus vendeu 500 mil camisetas nas seis semanas desde sua chegada estejam incorrectos - isso seria “impossível”, de acordo com um executivo do clube - ela já vendeu mais camisetas neste Verão do que em toda a temporada passada. O clube também vendeu 29.300 ingressos para a temporada, apesar dos aumentos substanciais de preços em relação ao ano passado.

      No entanto, o impacto nas redes sociais foi mais impressionante. Ronaldo tem quase 335 milhões de seguidores no Facebook, Twitter e Instagram; como a Juventus esperava, uma fracção deles migrou para as contas do clube com sua nova contratação. O clube adicionou quatro milhões de novos seguidores no Instagram nas semanas desde que Ronaldo assinou, e mais dois milhões de curtidas no Facebook (curiosamente, houve um aumento muito menos dramático no Twitter: apenas outros 150.000 seguidores). A Juventus teve mais visualizações no YouTube do que qualquer clube de futebol do mundo em Julho. Tudo isso tem um impacto real; tudo isso pode ser monetizado de forma tangível, com a venda de acesso a essas contas a patrocinadores.

      De acordo com um relatório da firma de contabilidade KPMG, o clube pode esperar um aumento de cerca de € 75 a € 100 milhões (até $ 114 milhões) na receita comercial durante os primeiros três anos do contracto de Ronaldo, em grande parte graças ao aumento de oportunidades na Ásia, onde a marca de Ronaldo é consideravelmente mais apelativa do que a do clube.

      Os rivais da Juventus, à primeira vista, devem temer esse impacto económico. Afinal, este é um clube que já superou todos os adversários nacionais dentro e fora de campo, uma equipe tão segura em sua primazia que pode se dar ao luxo de focar quase exclusivamente no sucesso europeu.

      Amparada pela contratação mais atraente de uma equipe italiana desde que a Inter de Milão contratou o brasileiro Ronaldo em 1998, a Juventus deve consolidar seu domínio na Série A. Depois da corrida pelo título mais emocionante da temporada passada, é difícil imaginar um desafio sustentado nos próximos meses. Como disse Ciro Immobile, da Lazio, o maior artilheiro da liga na temporada passada: “É uma sorte eu estar no topo da tabela de pontuação a tempo”.

      Isso, porém, não é o que a maior parte da Itália vê. “Isso adiciona mais sal e pimenta”, disse Aurelio De Laurentiis, o presidente do Napoli, o time que terminou em segundo lugar atrás da Juventus na temporada passada. James Pallotta, o dono da Roma, descreveu a chegada de Ronaldo como "positiva para a Série A;" ele insistiu que não via isso como algo negativo para seu clube, um suposto adversário, de forma alguma.

      É claro que é um orgulho, quase uma validação, ter o actual jogador mundial do ano escolhido a Serie A. Desde 1995, quando Hristo Stoitchkov trocou o Barcelona pelo Parma, o titular da Bola de Ouro não se mudou para a Itália. E também há esperança de que a decisão de Ronaldo possa ser o prenúncio de um retorno a uma era de paz.

      “Ele dá brilho a todo o campeonato”, disse Gianpiero Gasperini, técnico da Atalanta. “Um retorno ao passado, quando grandes jogadores chegaram.” Luciano Spalletti, o homólogo de Gasperini no Inter de Milão, sugeriu que a contratação deu à Serie A “o ar de um grande futebol”.

      Mas a empolgação não está apenas enraizada na nostalgia e no anseio, na emoção intangível e na esperança sem raízes: há também uma sensação de oportunidade económica. Como disse Christoph Winterling, o director comercial e de marketing da Bologna, para a Série A, “Ronaldo é uma virada de jogo”.

      Parte de seu impacto, para o resto da liga, é de curto prazo e óbvio. Assim como na França, onde o Paris St.-Germain de Neymar costuma lotar estádios na estrada, clubes como o Chievo esperam que a presença de Ronaldo venda mais ingressos e a preços mais altos. “As equipes também podem vender publicidade virtual para esses jogos, especialmente fora da Itália, porque haverá um grande interesse em jogos contra a Juventus”, disse Winterling.

      É o efeito mais duradouro, no entanto, que poderia ser mais significativo. Como disse Winterling, a mera presença de Ronaldo “dá confiança” à Série A: de torcedores que presumem que se vale o tempo de Ronaldo, vale a pena, e de jogadores que são mais propensos a serem tentados a ir para a Itália se souberem um jogador de sua magnitude está lá. “É uma chance de reconstruir nosso crédito em nível internacional”, disse Stefano Campoccia, vice-presidente da Udinese.

      Se isso soa como um indicador intangível e não quantificável, não é: pode ter um impacto financeiro directo na saúde do futebol italiano.

      Embora a Serie A tenha vendido seus direitos televisivos domésticos nos três anos seguintes antes do anúncio da mudança de Ronaldo - "Foi acordado uma semana antes do noticiário", disse Campoccia, um tanto pesaroso - uma cláusula do contracto determina que os 20 clubes da liga podem ganhar um extra de € 150 milhões por ano (cerca de US $ 170 milhões) se a Sky Itália, sua principal emissora, atrair uma determinada quantidade de novos assinantes.

      Internacionalmente, Ronaldo deve ser ainda mais importante. A Serie A espera atrair um patrocinador para seus direitos no exterior nos próximos meses; sua marca é poderosa o suficiente para ajudar.

      Enquanto isso, em Agosto, a ESPN concordou em transmitir mais de 300 jogos da Serie A nesta temporada nos Estados Unidos, começando com a Juventus no Chievo amanhã, uma ocasião que a rede vem promovendo em seus canais há semanas. Foi uma grande vitória estratégica para o campeonato. “Foi uma parte crucial do plano encontrarmos um parceiro de transmissão que tivesse o alcance para aumentar a base de fãs”, disse Campoccia, especialista em direitos televisivos de seu clube.

      O objectivo até 2021, quando o próximo conjunto de licitações de direitos chegar ao mercado, é ter um “produto que seja muito mais apetitoso internacionalmente”, segundo Campoccia. Um canal específico da liga já está em discussão (a Juventus, neste Verão, lançou seu próprio serviço de streaming mundial).

      Apresentar Ronaldo é uma grande tarefa para cumprir essa ambição, é claro, mas o resto da liga também tem um papel a cumprir. “Esperamos uma alta do nível técnico, já que os clubes realizam investimentos maiores do que os das outras ligas”, disse Campoccia. O Verão tem sido animador nesse sentido: o AC Milan conta agora com Gonzalo Higuaín, o atacante argentino colocado à disposição pela Juventus para reduzir sua folha salarial, em consequência directa da chegada de Ronaldo; O Inter esperava atrair Luka Modric, outra jóia da coroa do Real, à Itália para tentar manter o ritmo.

      “Essa actividade do mercado ajuda a elevar o nível não apenas na Série A, mas melhora nosso desempenho na Europa”, disse Winterling. “Isso ajuda em futuros acordos de televisão, mas a outra grande vantagem é que a Itália está aberta a investidores internacionais: melhores desempenhos aumentam a atractividade da liga.”

      Já existem vários - Bolonha, como Roma e Milão, está em mãos americanas; Inter e Parma são apoiados por proprietários chineses - mas Winterling acredita que mais por vir, uma força modernizadora para uma liga atolada por muito tempo em estagnação. “Os investidores internacionais trariam uma mentalidade diferente, mais profissionalismo”, disse ele.

      Ninguém tem a ilusão de que Ronaldo é uma panaceia para todos os males do futebol italiano. Winterling destaca a “falta de infra-estrutura” e a ausência de uma estrutura de gestão profissional supervisionando a Série A. Campoccia, também, sugeriu que “deve haver uma renovação eficiente de nossos estádios nos próximos três anos, para tornar a liga atraente audiovisual . ”

      O que Ronaldo pode ser é um estímulo para dar o pontapé inicial - enfim - todas aquelas mudanças que foram tão necessárias por tanto tempo. Novos investimentos e novas ideias podem seguir seu rastro, ajudando a diminuir a diferença com a Premier League da Inglaterra, para recapturar um pouco da época de ouro da Série A. Mesmo Ronaldo não consegue recuperar o prestígio de uma liga inteira sozinho. Ele poderia, no entanto, ser o começo de algo, o homem que faria a Série A se sentir como se tivesse um significado mundial mais uma vez.

      Siga Rory Smith no Twitter: @RorySmith .

      sexta-feira, 1 de junho de 2018

      Um documentário móvel pergunta: E se Martin Luther King, Eartha Kitt e outros estivessem no Facebook em 1968?

      31 de maio de 2018 / Karen Frances Eng

      Na série inovadora do jornalista Mikhail Zygar, você pode assistir aos eventos daquele ano importante que chegam à vida vibrante em seu telefone em episódios semanais.

      Imagine a tela do seu telefone sendo sequestrada pela de outra pessoa — e é o telefone pertencente ao astronauta Neil Armstrong. De repente, você começa a receber mensagens urgentes do presidente Lyndon B. Johnson pedindo que você chegue à Lua à frente do astronauta soviético Yuri Gagarin.

      Soa alarmante? Emocionante? Agora você pode experimentar este cenário por si mesmo, graças ao jornalista russo Mikhail Zygar e seu Future History Lab. Eles estão trazendo o drama, a transformação e a turbulência de um ano crucial da história mundial para nossos telefones com sua série documental móvel 1968.Digital.

      A série conta histórias de 1968 como se tivessem acontecido nas mídias sociais do século 21 e outros aplicativos. Projetados para serem vistos no smartphone, os 40 episódios — cada um com cerca de 10 minutos de duração — exploram 1968 através de 40 personalidades e eventos globais importantes. (A série pode ser assistida em um computador, também.) "Eu sempre quis não apenas trazer o público de volta à história, mas pegar as figuras históricas e trazê-las para o presente - para torná-las vivas para que pudessem realmente se comunicar conosco", diz Zygar, jornalista, autor, cineasta, TED Fellow e fundador do único canal de TV independente da Rússia, Dozhd. A série estreou no final de abril, e a partir de hoje, sete episódios estão online na Rússia, França, América do Norte, Reino Unido e Austrália. (Nos últimos três, a série é executada sob o título "História do Futuro 1968" e é distribuída pelo BuzzFeed News.) Um novo episódio será carregado a cada semana até 29 de dezembro.

      Zygar escolheu as mídias sociais como um dispositivo de contar histórias porque é como as pessoas transmitem informações agora. "Se eu quiser que meus livros sejam lidos pelo público americano, eu os traduzo para o inglês", diz ele. "Se eu quiser contar a história para o público contemporâneo, devo traduzi-la para a linguagem contemporânea para engajar aqueles que de outra forma não se importariam com a história, mas adorariam o formato, as tramas, a ideia, a experiência ousada."

      Antes de abordar 1968, Zygar combinou pela primeira vez as mídias sociais e a história com o site Project1917. Este projeto, lançado em novembro de 2016 para marcar o centenário da Revolução Russa, explorou naquele ano através das vozes de figuras conhecidas e cidadãos comuns — baseando-se em centenas de fontes históricas primárias que Zygar encontrou enquanto pesquisava seu livro O Império Deve Morrer: O Colapso Revolucionário da Rússia 1900-1917. "Comecei a ler os diários das pessoas que viveram há 100 anos. Como jornalista, eu queria me familiarizar com eles, então eu estava 'entrevistando' eles através de seus diários, suas memórias", diz ele. "Eles pareciam ter sido escritos hoje, e seriam totalmente compreensíveis para o público de hoje — porque todos os seus problemas são os problemas de hoje. Decidi transformar essa informação em um formato de mídia social."

      Com a ajuda de 20 editores, zygar pegou mais de 3.000 documentos de arquivo e os transformou em um feed diário do Facebook que se desdobrou ao longo de um ano inteiro. "A ideia era mostrar a qualquer usuário em qualquer dia de 2017 o que estava acontecendo exatamente 100 anos antes", diz ele. "Então, se a data fosse 11 de abril de 2017, você veria um feed do Facebook para 11 de abril de 1917, com citações de vários caracteres." Além de compartilhar a história em um formato envolvente, "queríamos mostrar que a Revolução não era composta de vermelhos desconhecidos, sem nome e sem rosto contra os brancos. Eram pessoas reais e comuns como nós, que usavam a mesma linguagem e que tentavam resolver os problemas da democracia ou da ditadura. É como se eles estivessem discutindo seus problemas ao lado, e nós estávamos lá com eles.

      Após o Projeto1917, Zygar estava ansioso para abordar um tema de interesse mais amplo. " Foi muito importante para mim abordar um assunto mais universal em seguida", diz. "Embora 1917 tenha sido uma era importante para cobrir a Rússia, era principalmente de interesse do público russo. Queríamos usar as habilidades e técnicas que desenvolvemos para fazer um projeto de arte ainda mais ambicioso, cobrindo uma história mais relevante globalmente."

      1968.O formato de narrativa da digital coloca o drama da história na palma da mão das pessoas. Em contraste com as atualizações diárias do Projeto 1917, 1968.Digital constrói episódios em torno de personagens-chave e os eventos ao seu redor. A narrativa se desenrola apenas através das ferramentas de comunicação e aplicativos que se tornaram parte de nossas vidas diárias. "A ideia principal é fazer com que o espectador sinta que está envolvido, que está envolvido com o drama que está sendo revelado", diz Zygar.

      O resultado é uma experiência tão rápida e imersiva quanto sua atividade diária nas redes sociais. Para criar os documentários, Zygar e sua equipe — que inclui o co-fundador da História do Futuro Karén Shainyan e o produtor Timur Bekmambetov, que criaram o formato vertical "vida na tela" que rola como um feed de notícias — reuniram memórias, entrevistas, clipes documentais e imagens de arquivo e as trabalharam em material para que seus personagens se comunicassem através de seus iPhones. "Queríamos fazer isso especificamente para assistir em uma tela de telefone - não um desktop ou TV", diz Zygar. "Estamos seguindo os personagens através das lentes de seus smartphones." Os 40 episódios cobrirão uma ampla faixa de mudanças políticas e culturais de 1968, abrangendo os EUA, a URSS, o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Tchecoslováquia, o Vietnã, a China, o Japão, Israel, Palestina, México, Brasil e Cuba.

      Ao criar o projeto, Zygar percebeu que cada país tinha sua própria visão única e estereótipos por volta de 1968. Os americanos, por exemplo, podem pensar nos assassinatos de Martin Luther King Jr. e RFK, os protestos estudantis contra a Guerra do Vietnã, e manifestações pelos direitos civis. "Os europeus ocidentais lembram-se de 1968 como agitado para a França, por causa de sua revolta estudantil", diz Zygar. "Na Europa Oriental, a maioria das pessoas diria que o ano era sobre a Primavera de Praga. Na Rússia, foi o ano do movimento dissidente soviético. Foi também o último ano que a URSS era ideologicamente poderosa, porque após a Primavera de Praga, perdeu popularidade entre as elites culturais europeias. Na China, 1968 é lembrado como o auge da Revolução Cultural."

      Enquanto os episódios do Future 1968.Digital se aprofundam nesses eventos políticos específicos, eles também cobrem as mudanças culturais que ocorrem. "As coisas mais importantes sobre 1968 foram culturais — particularmente a ideia de direitos humanos, que se tornou um conceito mainstream como resultado daquele ano", diz Zygar. "Foi também o ano mais importante da revolução sexual, do feminismo de segunda onda e dos direitos das mulheres." Os episódios são dedicados à ativista feminista Betty Friedan, ao ícone da moda Yves Saint Laurent, ao boxeador Muhammed Ali e ao artista Andy Warhol, bem como ao surgimento de contraceptivos e à revolução sexual.

      Por que as pessoas se importam com 1968 hoje? O ano é significativo não só porque estamos marcando seu aniversário de 50 anos. No que diz respeito a Zygar, foi um momento de revolta política e cultural que nos deu o mundo como o conhecemos agora - por isso carrega a mineração para obter insights e conectar os pontos. "A história é apenas um ensaio do que está acontecendo agora", diz Zygar, que está ocupado completando a série e também criando o The Russian History Map, um jogo baseado em história voltado para jovens. "Há uma nova Guerra Fria; Black Lives Matter é semelhante à campanha de 1968 pelos direitos civis; e #MeToo é a nova onda de protesto feminista."

      Nossa conectividade constante acelerou algumas das inovações que começaram naquela época." Em 1968, o primeiro programa de TV de propaganda na televisão soviética foi estabelecido", diz Zygar. "Ainda existe, mas naquela época, era a única peça de propaganda soviética. Aqueles que querem influenciar o público são mais avançados tecnologicamente do que costumavam ser, e o número de métodos e alavancagems é muito mais diversificado."

      Considerando 1968 e quão longe chegamos — ou não — podemos obter alguma perspectiva de longo prazo sobre onde estamos e como podemos proceder. "Se tomarmos a história como pretexto, podemos pensar mais claramente sobre possíveis cenários futuros", diz Zygar. "Se vemos que ainda temos problemas semelhantes como há 50 anos, devemos aprender com os sucessos e fracassos de nossos antecessores."

      SOBRE O AUTOR

      Karen Frances Eng é uma escritora colaboradora do TED.com, dedicada a cobrir os feitos dos maravilhosos Companheiros TED. Sua plataforma de lançamento está localizada em Cambridge, Reino Unido.

      https://ideas.ted.com/a-mobile-documentary-asks-what-if-martin-luther-king-eartha-kitt-and-others-were-on-facebook-in-1968/