terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

As explicações estrambólicas da geringonça.

Vítor Rainho

Os partidos que sustentaram a geringonça estão tão desorientados que ainda andam à procura da porta que diz saída, pois continuam em negação. Bem podem falar nas sondagens, no discurso de Costa a pedir uma maioria absoluta, no Chega, nos gatos e nos cães. Estão em negação e não perceberam ainda que as justificações e a pesporrência que demonstram, com o seu ar de superioridade moral, é que foram fatais. Mostraram e mostram a sua radicalidade e não conseguem entender que os portugueses, felizmente, na sua maioria não querem radicalismos.

É certo que alguns votam no BE, no PCP ou no Chega, mas a maioria disse claramente que quer tranquilidade. Só que as declarações das principais figuras do BE demonstram que o mundo está contra elas, e não elas contra o mundo. O olhar quase de ódio em relação aos seus oponentes faz lembrar, e muito, o guru do partido, Francisco Louçã. A coisa está tão engraçada que até Boaventura Sousa Santos já vem atacar a liderança do partido. Já o PCP mantém-se igual a si próprio, fazendo lembrar o célebre filme de Woody Allen, Os Dias da Rádio, onde um jogador de beisebol perde uma perna mas continua a jogar. Depois, após um acidente, fica sem um braço mas mantém-se firme e hirto no seu posto. Mesmo perdendo a visão, o homem continua em campo. Assim é o Partido Comunista Português e, por isso, Jerónimo de Sousa deverá manter-se no cargo. Se a luta antifascista do PCP fez todo o sentido, quase tudo o que fizeram a seguir demonstra que o seu modelo se aproxima de uma ditadura, onde a liberdade individual tem de ser sacrificada pela colectiva. Isto é: a democracia, pare eles, é uma aberração. Não quero dizer com isto que o PCP não faça falta ao país – é óbvio que muitos trabalhadores lhes devem muitas conquistas. Mas se algum dia conquistarem o poder, é melhor os democratas fugirem. E o BE é a mesma coisa. E, para que não fiquem dúvidas, o Chega, no campo oposto, também quer o mesmo. Submeter os outros à sua vontade. A verdade, por muito que doa aos radicais, é que o povo votou e escolheu o líder. E cada pessoa representou um voto, independentemente das sondagens, dos gatos, dos periquitos e da estratégia de António Costa. Que foi brilhante, atendendo aos resultados. Só isso.

Inevitável

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