sexta-feira, 2 de julho de 2021
Já cá canta o dinheirinho (outra vez)
A mediocridade do regime inclina mesmo agora uma boa parte da população a olhar para o lado, quanto mais não seja abstendo-se de ir votar. Com mais um fracasso em cima, será ainda pior.
24 jun 2021, Dr. Paulo Tunhas, ‘Observador’
“Meus senhores e minhas ricas senhoras, como sabem, já cá canta o dinheirinho. É com legítimo alvoroço e a maior vocação universalista, que me apresso a confirmar tão importante nova, e bem me apetecia ser um cronista vivaço, sinuoso e espadachim, para lhe puxar com subtileza pelas implicações íntimas. De qualquer maneira, parece que temos certo o prolongamento da presente estação democrática, pluralista e ocasionalmente socializante, por um mínimo de dezoito apetitosos meses. Os altos responsáveis da governação só não cabriolam aí de puro optimismo porque nada na história ou natureza das sociedades humanas pode exceder o optimismo com que esperaram pelo dito dinheirinho ou excederá o optimismo com que o vão gastar. Isto em política o que é preciso é fé.”
O parágrafo que acabaram de ler é da autoria de Vasco Pulido Valente na sua coluna de opinião do Diário de Notícias de 1 de Julho de 1977, e depois republicada no volume O País das Maravilhas, de 1979 (um livro que nunca foi reeditado, o que é lamentável, já que nos dá, pela pena de um espírito privilegiado, a mais viva das imagens do Portugal da segunda metade dos anos setenta). Eu sei que tenho citado muito Vasco Pulido Valente por estes dias, mas a culpa não é minha: é dele. Ninguém como ele nos deu a ver a constância da nossa história recente e a permanente repetição das crises e do tipo de reacções dos nossos governos às crises. O que ele escrevia em 1977 aplica-se tal e qual aos dias de hoje, resumidos nas já célebres palavras, naquele inglês que é uma espécie de baixo-latim dos tempos presentes, endereçadas por António Costa – o “pedinte pândego”, como lhe chamou aqui Helena Matos – a Ursula von der Leyen, quando esta lhe entregou o documento com a aprovação do “Plano de Recuperação e Resiliência” português, cujo dinheiro deve começar a chegar em Julho: Now I can go to the bank?
Terão notado a data do artigo de Pulido Valente: 1 de Julho de 1977. O dinheirinho que “já cá canta” é aquele que nos chegou do FMI, aquando da sua primeira intervenção em Portugal, a pedido do I Governo Constitucional de Portugal, chefiado por Mário Soares. Foi, como se sabe, a primeira das três vezes em que tivemos de recorrer ao FMI. A segunda foi poucos anos depois, em 1983, no IX Governo Constitucional (o do “Bloco Central”), também presidido por Mário Soares. E a terceira, como toda a gente se lembra, foi em 2011, no segundo governo de José Sócrates (o XVIII Governo Constitucional). Desta vez não veio o FMI, veio aquilo que António Costa chama a “bazuca”, que também chega acompanhada de um caderno de encargos, coisa que Ursula von der Leyen, de resto, fez questão de notar a um Costa que pensava já noutra coisa: “Agora tem muito trabalho pela frente”.
Não confundo, é claro, as ocasiões da chegada do dinheirinho nem as situações que motivaram a sua urgência. E menos ainda as personalidades dos primeiros-ministros associados à sua vinda. Sobretudo, não confundo Mário Soares com os dois outros. Soares, com todos os seus defeitos, não era louco, como Sócrates, nem cínico, como Costa. Mas, deixando de lado a questão desta curiosa evolução da loucura para o cinismo, traços de personalidade com os quais a população aparenta em geral dar-se bem, convém lembrar que, para pensar o que quer que seja, não basta estar atento às diferenças: é preciso também detectar as semelhanças.
E a principal semelhança entre estas quatro situações é a maneira como tradicionalmente nos inocentamos de qualquer culpa, como se as desgraças surgissem do nada e nos caíssem em cima por diabólica magia. Respondendo à comissária europeia (e socialista) Elisa Ferreira, que afirmou que “é penoso ver que Portugal, com estes anos todos de apoio [cerca de 150 mil milhões de euros em fundos de coesão nos últimos 35 anos, como lembrou no Público João Miguel Tavares], ainda está entre os países atrasados”, António Costa declarou taxativamente: “Temos um historial de que nos devemos orgulhar e não ser motivo de flagelação relativamente à utilização dos fundos”. Ora aí está um cavalheiro que sabe exprimir bem o sentimento nacional! Somos óptimos, excelentíssimos, mas os azares são os azares… De facto, António Costa é a última pessoa do mundo que eu imaginaria a autoflagelar-se e a pôr sequer em questão as imensas virtudes do seu pessoal “historial”. Para que não sobrassem dúvidas, pelo sim, pelo não, acrescentou depois que, com este Plano de Recuperação e Resiliência, é a altura de parar de “chover no molhado” e seguir em frente à velocidade máxima. “Isto em política o que é preciso é fé”, como ironizava Vasco Pulido Valente. Esperou-se com optimismo pelo dinheirinho, e com optimismo ele será gasto, em larga medida pelo Estado e em benefício, directo ou indirecto, do poder.
Com uma pessoa assim, dotada de tamanho espírito crítico e que tão bem aprende com os erros passados, um ser humano normal pergunta-se se o PRR não será, ao fim e ao cabo, um PFF: Plano de Fraqueza e Fragilidade… Há mesmo vários sinais que apontam nesse sentido e muita gente teme o pior no que respeita à maneira como a tal “bazuca” será utilizada. Os exemplos passados não aconselham, em geral, grande confiança e o que se prepara por aí corre o risco de obedecer a um padrão de preferências e de negociatas que conhecemos bem demais.
Se assim for, como é provável que seja, será difícil olhar à nossa volta. Já o é, de resto.
A mediocridade do regime inclina mesmo agora uma boa parte da população a olhar para o lado, quanto mais não seja abstendo-se de ir votar. Com mais um fracasso em cima, será ainda pior.
A única coisa ao nosso alcance é continuar a fazer o nosso trabalho o melhor que sabemos e podemos, procurando não nos deixar distrair (e deprimir) pelo ruído ambiente e pelo optimismo de fancaria que o cinismo reinante inventa dia após dia. Não é fácil. Falo do que sei.
quinta-feira, 1 de julho de 2021
Filme dos acontecimentos - -Eduardo Cabrita e a morte de um trabalhador, na A6.
18 de Junho
O carro em que seguia Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, sofreu um acidente de viação que provocou a morte de um homem de 43 anos. O homem, que morreu atropelado na auto-estrada A6, é um trabalhador que fazia a manutenção da via, revelaram as autoridades. A viatura era conduzida por um motorista do ministério e o acidente aconteceu por volta das 13h, ao quilómetro 77 na auto-estrada, que liga Marateca à fronteira do Caia, em Elvas (distrito de Portalegre). A GNR anunciou de imediato que as circunstâncias em torno deste acidente seriam averiguadas pelo Núcleo de Investigação Criminal de Acidentes de Viação do Destacamento de Trânsito de Évora.
19 de Junho
O Ministério da Administração Interna esclareceu num comunicado que o trabalhador atropelado estava a atravessar a faixa de rodagem e que não houve qualquer despiste. Além disso, acrescentou “não havia qualquer sinalização que alertasse os condutores para a existência de trabalhos de limpeza em curso”.
20 Junho
A empresa do trabalhador que morreu atropelado por carro de Eduardo Cabrita, a Arquijardim, revelou que iria pagar as despesas do funeral. As cerimónias fúnebres não contaram com a presença de nenhum membro do Governo, que apenas enviou uma coroa de flores e uma carta de condolências.
22 de Junho
O Ministério Público anunciou que abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte do trabalhador atropelado pelo carro que transportava o ministro.
24 de Junho
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) anunciou ter aberto um inquérito interno sobre as circunstâncias em que foi prestado o socorro no acidente que envolveu o carro que transportava o ministro da Administração Interna. Em causa está o trajecto efectuado pelo veículo de emergência médica e o tempo que levou a viatura a chegar ao local do acidente.
26 de Junho
A viúva do trabalhador que foi mortalmente atropelado queixou-se, em declarações ao Correio da Manhã, de apenas ter recebido “uma carta” com as condolências, mas que ninguém lhe perguntou “se precisava de ajuda”. Disse ainda temer pelo futuro das filhas de 15 e 19 anos.
28 de Junho
Em conferência de imprensa, o presidente do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, exigiu saber a que velocidade seguia a viatura que transportava o ministro da Administração Interna.
29 de Junho
Responsáveis da Brisa desmentem parte do primeiro comunicado do MAI, afirmando que as obras na auto-estrada estavam devidamente sinalizadas e que os trabalhos se realizavam na berma da estrada. Ao PÚBLICO, fonte do MAI recusou comentar as versões contraditórias, afirmando que nada mais havia a acrescentar ao comunicado e lembrando que decorria ainda o inquérito aberto pelo Ministério Público.
30 de Junho
Numa cerimónia pública, em que esteve acompanhado pelo Presidente da República, Eduardo Cabrita recusou fazer qualquer comentário sobre o acidente. Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ser essencial apurar a matéria de facto sobre acidente. O grupo parlamentar do CDS-PP e o deputado do Chega pediram explicações ao Ministério da Administração Interna sobre o acidente com o carro em que seguia o ministro, questionando se mantém que os trabalhos naquela auto-estrada não estavam assinalados.
Publico
sexta-feira, 25 de junho de 2021
GLOSSÁRIO DE SURFISTA
O surf está na moda. Basta olhar para o mar num dia de boas ondas para ver como estão cheias as praias portuguesas. De desporto de poucos
e estigmatizado pela sociedade há 30 anos, o surf tornou-se hoje um cartão de visita para o país.
O surf tem uma gíria própria que para quem está de fora pode parecer quase um código. Aqui ficam algumas definições para descodificar o que estamos a falar:
Crowd Surfistas dentro de água
Inside Zona mais perto da praia, onde as ondas já rebentaram
Local Surfista “nativo” de um pico, que por morar perto surfa muitas vezes no mesmo sítio
Outside Zona depois de passar a rebentação
Pico Zona dentro de água onde está a “dar ondas”
Spot Zona habitual de surf
Swell Ondulação
Take off Manobra base, levantar-se em cima da prancha
Tubo Manobra em que surfista consegue encaixar-se no interior da onda, ficando coberto por uma cortina de água.
QUANTO CUSTA IR SURFAR?
Aulas de grupo 15 a 35 euros (depende da zona)
Fato 150 euros (depende das características e marca)
Prancha 300 a 500 euros (marcas portuguesas)
Wax 3 euros (cera aplicada nas pranchas para não escorregar)
Leash 30 a 40 euros (corda que prende a prancha ao pé do surfista)
Se morar longe da praia deve ainda considerar o valor das deslocações e eventuais portagens e parquímetros.
SABIA QUE...
O surf terá surgido há pelo menos três mil anos na Polinésia? Acredita-se que começou por ser um meio de transporte de pescadores para se deslocarem entre os barcos e a costa.
O primeiro relato escrito sobre o surf a chegar à Europa data de 1778? James Cook, um navegador britânico, descreveu no seu diário o “supremo prazer” com que os havaianos cortavam as ondas com pranchas de madeira.
Os primeiros relatos de surf em Portugal datam de 1920? Alguns atletas aventuravam-se com pranchas rudimentares em Leça da Palmeira.
Expresso 18-6-2021
COMO CÃO, SÓ PROBLEMAS SÉRIOS, ACIMA DE CÃO, ME OCUPAM. COMO A SUSTENTABILIDADE DO PLANETA.
DESDE QUE DECIDI SER CÃO, COM O PATROCÍNIO DO PAN, OS PROBLEMAS COMEZINHOS NÃO ME AFETAM. PARECE QUE MOSCOVO É AMIGA DA CML…
O charivari que por aí vai, só por enviarem uns nomes de uns opositores de Putin para a embaixada russa, como se toda a gente não soubesse que eles apagam logo esses nomes, seja pelo método do envenenamento, seja pelo da queda de um sétimo andar, não me incomoda. Nem mesmo o facto de terem feito o mesmo a bons e vegans monges tibetanos que insistem em que aquela parte montanhosa da China deve ser independente (em Pequim apagam-nos com um tiro na nuca), ou a patriotas democratas, para a Venezuela (em Caracas, enganam-se e apagam um golpe em marcha no Peru), não me diz respeito.
Podereis pensar que a expressão ‘abaixo de cão’ é fortuita, mas foi o grande pensador francês (‘caniche’) Dartacão que o formulou na sua língua natal — a bas de chien para designar o tipo de problemas e questões com que não se devem ocupar os cães e outros animais sencientes e dignos do SNS Animal.
Como sabem, este serviço, embora útil e barato (soube que um ortopedista canídeo leva €80 por consulta, o que não é muito se pensarmos nas dificuldades em desempenhar funções básicas fisiológicas que um cão pode ter, por uma simples pata estar em mau estado), este serviço, como dizia não está, infelizmente, ainda disponível para o gastrópode, o molusco e a mosca-da-fruta, para não falar de toda a gama de animais — sencientes, insisto! — que constituem a classe dos archaea e das bactérias, que assim são discriminados em relação aos eukariotas, de que fazem parte os animais de mais de uma célula, as plantas multicelulares e até o musgo, sendo que estes últimos não têm protecção social de espécie nenhuma.
Dedicado a estas questões magnas, pus-me a pensar no problema da nossa casa comum: a Terra. E as conclusões a que cheguei são, simultaneamente, aterradoras e simples
Comecemos pelas aterradoras: os mares estão cheios de plástico; a atmosfera está carregada de CO2 (não sei o que aconteceria se fosse ao contrário); os campos estão repletos de organismos geneticamente modificados; os rios parecem esgotos; as fontes secaram e a desertificação avança; o gelo derrete-se nas calotes (sendo que os calotes são cada vez maiores). Enfim: é tudo uma desgraça. Mas não basta dizer que se vai limpar. Especialistas canídeos, cetáceos e de outras espécies — sem qualquer racismo ou especismo o digo — que são um pouco mais inteligentes do que as outras, chegaram à conclusão, para lá de qualquer dúvida, de que há um e só um responsável pelo estado calamitoso das coisas, que impede o salmão de desovar onde deve e o pardal de fazer o ninho onde sempre fez, só para dar dois exemplos bem conhecidos.
Esse responsável é o homem! É certo que pode haver quem pretenda que seja o homem branco, ocidental, capitalista, mas a cães, golfinhos, baleias, suínos, gatos e cavalos não enganam tão facilmente. Um bago de arroz tem um código genético mais complicado do que um ser humano, o que significa que se o arroz falasse diria coisas muito importantes. Infelizmente, o arroz deixa-se estar. Mas nós, os eukariotas com poder de comunicação, não seremos assim. Sabemos bem que embora o capitalista, branco, judaico-cristão, ocidental e tudo isso tenha feito muita porcaria, não menos fez o chinês, o indiano e o africano. Se eximimos os índios é só porque eles foram exterminados antes de poderem deitar abaixo a Amazónia.
Ora, se olhardes para Vénus, para Marte, para Júpiter, vereis que não estão em risco. O nosso planeta está, por culpa dos homens. Eis a razão por que decidimos apelar à extinção em massa da humanidade, como se fez com a formiga marabunta, a mosca tsé-tsé, e outras espécies que não me ocorrem.
Matando os homens, a Terra não mais estaria ameaçada e poderia ser um emblema da diversidade de espécies (as que estão em risco deixariam de estar), como Marte (segundo alguns eruditos, o planeta a que erradamente chamamos vermelho, tem, na realidade, cores exuberantes que os homens das grandes potências escondem para se manterem como senhores absolutos de um conhecimento que, felizmente, saltou para a internet e daí para as mãos de um divulgador).
Claro que eu, nesta parte, não me meto, até porque como cão sou bastante daltónico e tendo a não ver as cores em todo o seu esplendor. Mas acredito porque, como cão, sou também um crente. Como sabem, nós, cada vez que o dono chega a casa cumprimentamo-lo como se o não víssemos há seis meses. E que tem isto a ver com o resto? Olhem, sei lá! Não exijam de mais a um cão, seus fascistas!
COMENDADOR MARQUES DE CORREIA
Eu criei 'Os Arquivos X'. Aqui está o porquê de eu ser céptico em relação ao novo relatório de Ovnis.
Por Chris Carter
Quando estávamos preparando o set original para o escritório do Agente Mulder em “Arquivo X”, eu vim com o pôster com um OVNI escrito “I Want To Believe”. E eu acho que é aí que a maioria das pessoas descem em todo o negócio extraterrestre. Ainda não chegou lá, mas estou esperando por um sinal. O universo é vasto demais para ficarmos sozinhos nele. Carl Jung queria acreditar, assim como Carl Sagan. Ambos escreveram livros sobre o assunto. Agora, vídeos de aeronaves da Marinha rastreando fenômenos aéreos não identificados (como foram renomeados) sugerem que talvez os tenhamos visto . Com base em parte nos vídeos, um muito aguardado estudo do governo sobre o assunto deve chegar ao Congresso na sexta-feira. As respostas são prometidas. Mas as respostas são sempre prometidas.
Nunca vi um OVNI ou um alienígena, tanto quanto gostaria. Mas, como resultado de “Arquivo X”, conheci muitas pessoas que afirmam que sim. Já vi vídeos granulados de alienígenas cinzentos no pátio dos fundos de alguém. Eu conheço um diretor de cinema premiado que me disse que tinha visto um OVNI quando estava na faculdade. Annie Jacobsen, autora do excelente livro “Área 51”, apresentou-me a um homem que trabalhou na instalação ultrassecreta por muitos anos e viu aeronaves estranhas entrando e saindo da base aérea. Por uma década, tornei-me um ímã para essas coisas.
A trama de “Arquivo X” foi construída sobre uma teoria da conspiração: O governo está mentindo para você sobre a existência de OVNIs e extraterrestres. Eu acredito que o governo mente para nós? Absolutamente. Sou filho de Watergate. Eu acredito em conspirações? Certamente. Acredito, por exemplo, que alguém esteja atacando agentes da CIA e funcionários da Casa Branca com radiação de microondas, a chamada síndrome de Havana , e seu governo negou.
O novo relatório, ou qualquer relatório do governo, nos dará respostas claras? Estou tão cético agora como sempre.
Em 1996, fui convidado para a clínica do psiquiatra de Harvard John Mack para testemunhar a hipnose de regressão de uma abduzida alienígena autoproclamada. Conheci o Dr. Mack, que estudou e, no final das contas, acreditava em abdução alienígena, quando ele veio ao Fox Studios para discutir seu trabalho. Eu usei uma pesquisa Roper na qual ele estava envolvido (uma pesquisa com 6.000 americanos sobre sua crença na existência de extraterrestres) para vender "Arquivo X" como um programa de TV em 1992, e depois li seu livro, "Abdução". Então eu sabia algo sobre o que veria. Entrei em dúvida, despreparado para o drama de uma mulher sentada ao meu lado em lágrimas e de terror pelo encontro com os alienígenas que ela descreveu, numa praia no México. A experiência revelou-se poderosa e nada perturbadora.
Anos depois, participei de uma conferência em San Mateo, Califórnia, que se concentrou num suposto programa de governo clandestino. Os participantes acreditaram que este programa usou, entre outras coisas, a tecnologia de engenharia reversa de OVNIs capturados para armamento do espaço. Pela aparência externa, eram profissionais respeitáveis e talentosos, incluindo ex-funcionários do governo e advogados. Alguns deles também acreditam que os militares têm bases ocultas no lado escuro da lua e se encontram secretamente lá com alienígenas reptilianos.
Este elemento radical tem atormentado “ufologistas” nobres por décadas e colorido as percepções do público sobre o fenômeno. Muitas pessoas têm medo de admitir que acreditam, por medo real de serem ridicularizadas. (O medo em si pode ser a razão pela qual alguns de nós nos recusamos a acreditar que alienígenas existam.)
Estamos vivendo em tempos de incerteza, onde a verdade pode ser desconhecida. Não preciso dizer que isso gerou um universo de teorias de conspiração galopantes. Do documentário de conspiração de Covid “ Plandemic ” à ideia de que estamos vivendo num buraco negro criado pelo Large Hadron Collider do CERN quando descobrimos o bóson de Higgs. Darin Morgan, um escritor de “Arquivo X”, chama isso de “Era Pós-Conspiração”. PoCo - a industrialização das teorias da conspiração. Ciência e cientistas rigorosos são castigados e vilipendiados. O jornalismo rigoroso é considerado notícia falsa.
“The Truth Is Out There”, “Trust No One”, “Deny Everything” eram os bordões provocativos de “Arquivo X”, mas isso foi nos anos 90, quando tínhamos uma realidade relativamente compartilhada. Os slogans agora são um fato da vida.
Além dos vídeos da Marinha, o motivo pelo qual os OVNIs estão tendo seu grande momento é devido a um bombástico de artigo 2017 neste jornal. A peça expôs um programa secreto dentro do Departamento de Defesa em busca da verdade sobre os OVNIs. As evidências combinadas geraram o relatório iminente do governo.
Mas para mim, o relatório sobre OVNIs já é DOA Advance palavra é que o relatório, ordenado por um grupo bipartidário de legisladores durante a administração Trump, não revelará nada conclusivo sobre OVNIs ou suas origens extraterrestres. E as porções que permanecem classificadas apenas irão alimentar mais teorias da conspiração.
Este é o território dos Arquivos X, se é que alguma vez existiu. Mas também é motivo para algumas questões importantes.
Como o Departamento de Defesa manteve um projeto orçado - patrocinado principalmente pelo senador Harry Reid em 2007 - em segredo por 10 anos? Por que, quando o Sr. Reid buscou segurança ainda maior - e pediu para ver evidências físicas de OVNIs - ele foi negado? E por que apenas um orçamento de US $ 22 milhões ao procurar respostas sobre a vida senciente que nos visita de mundos distantes? (Esse é aproximadamente o custo de três episódios da série “Stranger Things” da Netflix.)
Incrédulos ardentes explicaram os vídeos mais recentes da Marinha como truques da vista - embora os pilotos de caça descrevam o UAP em grande detalhe como sem superfícies de vôo, sem plumas de escapamento, com a capacidade de realizar manobras impossíveis em velocidades hipersônicas. Essa oposição, científica ou não, data da década de 1940, quando o piloto Kenneth Arnold viu nove “discos voadores” sobre o Monte Rainier.
Mas a acusação levanta uma boa questão: Onde está a Garganta Profunda do mundo OVNI? Por que nenhuma confissão confiável no leito de morte? Como o Nobelista Enrico Fermi famoso paradoxo do perguntou , se alienígenas estão por aí, por que não os vimos? O governo poderia realmente estar dizendo a verdade? Que realmente não sabe o que fazer com os fenômenos? Ou a verdade está acima do segredo?
Curiosamente, Barack Obama, que antes brincava sarcasticamente sobre OVNIs na TV tarde da noite, agora está admitindo que há objetos no céu que não podem ser explicados. Até Donald Trump, sob cuja égide o último estudo foi elaborado, admite que pode haver algo nisso.
Eu acho que com toda a probabilidade este relatório virá e irá, e com ele a conversa principal sobre OVNIs, até que a prova definitiva seja exposta. Um planeta que não consegue se unir devido à mudança climática ou a uma pandemia global pode não prestar muita atenção, mesmo se destroços ou um cadáver alienígena forem descobertos. As guerras culturais por si só podem eclipsá-lo, de forma raivosa que estamos em suas garras.
Mas e se tivéssemos contato direto? Com seres alienígenas reais de um exoplaneta que viajou anos-luz para nos procurar? Quem tem respostas para todas as perguntas que já fizemos?
O resultado mudaria inquestionavelmente o curso da humanidade. Mas isso nos mudaria?
Eu quero acreditar.
Chris Carter é um guionista e diretor que criou a série de TV “The X-Files”.
Esclarecimento do proprietário, da administração e da direcção do Jornal i
“Ao longo dos anos têm sido recorrentes as tentativas para fechar o Sol ou tomá-lo de assalto, o que mostra como nos tornámos incómodos para certos interesses ou grupos políticos.
Nos últimos dias foram publicadas noticias segundo as quais estaria em preparação um novo semanário, com o alegado título de «Sol». Esclarecemos os nossos leitores que esse projeto – a existir – nada tem que ver com o semanário fundado em 2006 por José António Saraiva, José António Lima, Mário Ramires, Vítor Rainho e Ana Paula Azevedo, e que continua hoje a publicar-se, como é público e notório, com o título Nascer do SOL.
Este semanário é desde 2015 propriedade da empresa Newsplex, de Mário Ramires, depois de – em fins desse ano – o empresário luso-angolano Álvaro Sobrinho ter decidido encerrá-lo.
Ao longo dos anos têm sido recorrentes as tentativas para fechar o Sol ou tomá-lo de assalto, o que mostra como nos tornámos incómodos para certos interesses ou grupos políticos. Esta será mais uma tentativa nesse sentido. Até hoje sempre ultrapassámos os obstáculos mantendo o rumo, fiéis ao projeto original de um jornalismo sério, independente e não submetido aos cânones de um pensamento único.”
Jornal i 25/06/2021 08:00
Fernando Medina como se fossemos estúpidos.
A ordem verbal pode ter sido: “Apanhem lá o Galamba no exercício entre 2009 e 2011”. Azar, a prática nesse período não era essa.
As novelas, como as narrativas políticas podem ser escritas e reescritas, a realidade não. E a realidade é só uma, os serviços da Câmara Municipal de Lisboa, sob a dependência de Fernando Medina, reencaminharam para os representantes de Putin em Portugal a comunicação do exercício do direito constitucional de manifestação, contendo, além da designação do promotor, os nomes dos vários organizadores, as profissões, as moradas, os contactos e outros dados. E parece que o fizeram repetidamente em 52 ocasiões desde 2011, altura em que, de forma populista e irresponsável, o governo PSD/CDS esquartejou os Governos Civis, cuja previsão legal persiste na Constituição, entregando as competências supramunicipais de administração interna aos municípios, mais focados nos interesses dos seus territórios.
Onde há um problema, há uma certa esquerda da incompetência e uma certa direita dos negócios competentes que procuram sempre escapulir às responsabilidades políticas, mobilizando para o feito o passado, as circunstâncias, o futuro ou o que estiver à mão. Tudo propósitos de “vale tudo” para sacudir a água do capote quando escasseiam os valores, os princípios e a seriedade política. Aliás, alguns dos protagonistas deveriam decidir se querem moldar a sua intervenção presente pelas justificações com o passado ou pela mobilização do futuro para justificar os disparates na gestão dos territórios, com intervenções desfasadas da realidade das pessoas, boa parte mais sintonizadas com nichos partidários e de interesses particulares.
Com o Regulamento Geral de Protecção de Dados (RGPD) em vigor, descoberta a entrega dos dados pessoais dos contestatários de Putin à Embaixada e ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa pela autarquia, começou o esforço de mitigação e escape da situação. A lei da manifestação de 1974 estava desajustada, a lei de 2011 para além de anacrónica era omissa sobre os procedimentos, a prática vinha de trás, dos tempos dos governos civis, num corrupio de narrativas para aligeirar a coisa, através da miríade de canais de comunicação ao dispor de quem ao longo de anos tem gasto muito dinheiro em meios e sustentado um dos principais pilares do poder interno no Partido Socialista, em especial, nas ausências do exercício do poder central.
E lá ordenaram uma auditoria interna aos procedimentos internos, pressupondo o aturado vasculho do arquivo do Governo Civil de Lisboa sobre a matéria, depositado em 2011 na órbita da Câmara Municipal de Lisboa, para sustentar o conforto da justificação do presente com o passado no reenvio das comunicações de manifestações dos promotores para os visados. A ordem verbal pode ter sido: “Apanhem lá o Galamba no exercício entre 2009 e 2011”. Azar, a prática nesse período não era essa, a do reenvio das comunicações com todos os dados dos promotores, a maioria organizações colectivas, mas apenas da informação essencial sobre os eventos (designação do promotor, dia e período horário), que não nasciam de geração espontânea, sem promotores. E sim eram enviados para o gabinete do primeiro-ministro, o ministério da administração interna, para as forças de segurança e para as embaixadas quando era o caso, por terem uma protecção legal própria, sendo territórios soberanos dos respectivos países. Ainda assim, como em 2002 parece que o modus operandi era o mesmo da atual gestão municipal, ainda que sem RGPD no horizonte, Fernando Medina não prescindiu de ensaiar a narrativa da desculpabilização com o passado e da ilibação do seu antecessor, António Costa, insatisfeito com a lei. Nas dinâmicas das instituições, há sempre quem tenha muito cuidado com a predisposição dos sucessores para a proteção do passado, uma espécie de compromisso de honra de não vasculho da memória e de proteção do acervo passado da ação. Constata-se a relevância da coisa.
Não encontrado o adequado bode expiatório no passado, resolveram enxamear a comunicação social com dados e cópias de ofícios do Governo Civil de Lisboa de entre 2009 e 2011 que desmentiam a similitude das práticas com a gestão de Costa e Medina, porque não materializavam o envio de dados dos promotores além do essencial, não reencaminhavam as comunicações dos promotores com todos os dados e tinham subjacente o envio de informação para as tutelas, para quem operacionalização a proteção do direito de manifestação e da ordem pública ou para quem estaria sujeito a limitações de mobilidade, tendo proteção legal especial. Como é padrão em algumas formas de estar na vida pública, aduziram às conclusões concebidas, os convenientes bodes expiatórios na estrutura de subordinados e era suposto a situação levar o carimbo de “não assunto”, tantas vezes aposto com a anuência mediática e pública.
Deixei de ter responsabilidades políticas públicas há uma década, não tenho nenhuma intenção de voltar para o registo de “vale tudo”, de irresponsabilidade política e de falta de princípios em vigor, mas não aceito que um qualquer, só porque tem poder, recursos e rede de sustentação dos seus interesses possa esboçar o abocanhar do sentido de missão do desempenho das funções de Governador Civil de Lisboa. Lá por estarem na lama, por ação e omissão própria, não enlameiam quem nunca esteve e espera estar, depois de três décadas de intervenção política e pública ativas.
Lisboa tem bons autarcas no ativo, esperemos que as maçãs tocadas não contagiem as sãs, porque a alternativa a alguma esquerda incompetente, que também faz negócios, não é a direita dos interesses particulares, competente nos negócios.
O país precisa de mais, mas não tem, e o povo parece gostar. Comigo não!
21/06/2021 António Galamba opiniao@newsplex.pt
quinta-feira, 24 de junho de 2021
Fiscalização dos fundos
Presidente do Tribunal de Contas promete “recorrer às tecnologias de informação mais modernas” para fiscalizar aplicação dos fundos europeus.
TdC, presidido por José Tavares.
Lisboa sobe 23 lugares e torna-se a 83.ª cidade mais cara do mundo
CUSTO DE VIDA
A capital portuguesa fica a meio da tabela entre os 24 países que estão a disputar o Euro 2020.
Obrigado a António Costa e a todo o PS, no governo e em todas as áreas de influência, na sociedade.
Primeiro-Ministro
Período de governação:
2019-10-26 até à data actual
Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital
Período de governação:
2019-10-26 até à data actual
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros
Período de governação:
2019-10-26 até à data actual
Ministra de Estado e da Presidência
Período de governação:
2019-10-26 até à data actual
Ministro de Estado e das Finanças
Período de governação:
2020-06-15 até à data actual
Ministro da Defesa Nacional
Período de governação:
2019-10-26 até à data actual
Ministro da Administração Interna
Período de governação:
2019-10-26 até à data actual
Ministra da Justiça
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministro do Planeamento
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministra da Cultura
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministro da Educação
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministra da Saúde
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministro do Ambiente e da Ação Climática
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministro das Infraestruturas e da Habitação
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministra da Coesão Territorial
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministra da Agricultura
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Ministro do Mar
Período de governação:
2019-10-26 até à data atual
Crianças e jovens devem ser vacinados o mais depressa possível.
“Estamos perante um vírus que tem várias mutações, algumas já se mostraram mais transmissíveis e patogénicas do que outras, o que faz que, provavelmente, a percentagem de 70% de vacinados para a imunidade de grupo seja uma falácia.”
O imunologista Santos Rosa
“Já posso ir ao banco?”
Foi uma tentativa de fazer humor,
mas não teve graça. Nenhuma. A
frase, infeliz, despropositada e
inoportuna de António Costa
quando vê aprovado o Plano de Recuperação
e Resiliência merece uma análise
mais profunda, não tanto ao que foi dito,
mas mais ao que significa. (Noutros tempos,
a resposta poderia ter sido: “Qual é a
pressa?” Mas sabemos todos o que aconteceu
ao senhor que não tinha pressa em
convocar “directas” e depois um congresso.
Ele sabia que ia perder o partido e o poder.
Como veio a acontecer.)
Costa tem pressa em pôr a mão na massa.
Comportou-se, com aquela frase,
como alguém que acaba de ganhar o Euromilhões,
e a primeira pergunta que faz à
Santa Casa é quando é que pode ir ao banco.
Porque este dinheiro não “custou a ganhar”,
caiu dos céus de Bruxelas, uma espécie
de lotaria europeia. Faz falta, é necessário,
vai ajudar na recuperação depois
da segunda crise em menos de dez anos,
mas nunca há dinheiro grátis.
Costa, na sua tentativa de fazer humor,
mostrou-se o verdadeiro português. E
disso não nos podemos queixar. Estamos
a fazer o que, na prática, sempre fizemos
ao longo da nossa história: esfregar as
mãos e começar a gastar o dinheiro que
chega, venha de onde vier. Foi assim com
o ouro do Brasil, com as sedas e especiarias
do Oriente, com a árvore das patacas
de Macau, com as remessas de emigrantes
durante o Estado Novo, com a adesão
à CEE nos anos 1990, com o acesso a dinheiro
a “fundo perdido” nos últimos 30
anos, com os resgates das troikas que, por
três vezes, nos invadiram e, agora, com o
PRR. Tudo igual. Haja dinheiro e vamos
gastá-lo. Depressa.
Ontem, Costa veio garantir que as “irregularidades
e as fraudes”, segundo contas
da própria UE, são residuais e que se a Europa
olha para nós como “bem cotados”
em matéria de “fugas e desvios”, não devemos
ser nós a desconfiar de nós mesmos e
a achar que haverá, desta vez, “fraudes e irregularidades”
em barda. O governo garante
que não, que não haverá. O Presidente
da República já criou uma brigada
para fiscalizar a aplicação dos fundos e a
própria UE estará como polícia do dinheiro
para não deixar nenhum governo pôr o
pé em ramo verde.
Mesmo que as “irregularidades e fraudes”
venham a ser uma ínfima fracção,
dada, ainda assim, como perdida logo à
partida, a necessidade de Costa vir dizer
que, se os outros não olham de lado para
Portugal, não precisamos de nos preocupar,
tenta, desde logo, desfazer a percepção
de que o primeiro-ministro sabe que existe.
A percepção de que os fundos vão chegar
e vão ser gastos, e depressa. E, daqui a uns
anos, quando olharmos pa ra trás, estará
tudo, ou quase tudo, na mesma. Porque,
repito, esta é a lotaria europeia que saiu a
Portugal. Sem esforço, apenas como reforço
para ajudar – e não para solucionar – a
sair duma crise social, económica, financeira
e pandémica que nos assolou.
A segunda questão, é, então, que se já
podemos “ir ao banco” e se as “fraudes e
irregularidades” serão residuais, onde e
como vai ser gasto o dinheiro? Depois de
garantida a “boa aplicação”, convém saber
para onde irá esse dinheiro que está
“no banco”. E o plano é vagamente vago e
suficientemente palavroso para dar para
tudo. O “verde” e a “digitalização” estão no
topo das prioridades. E bem. Depois, segue
no plano o reforço do Estado, o aumento
do número de “funcionários”, a
gestão dos fundos nas mãos do mesmo
Estado e a nossa suspeita de que, feitas as
candidaturas, os programas e as ideias, o
dinheiro vai acabar sempre nas mãos dos
mesmos.
Na história dos países nunca há “últimas
oportunidades”. Há sempre mais
dias, depois de hoje vem amanhã, e assim
sucessivamente até ao fim dos tempos.
Por isso, não alinho em últimas oportunidades.
Mas esta, sem dúvida, chega numa
altura de mudança de paradigma. E, por
si só, merecia mais reflexão, mais partilha
de responsabilidades, maior transparência
e uma justa, equilibrada e, sobretudo,
reprodutiva distribuição dos tiros que serão
disparados pela “bazuca”.
“Já posso ir ao banco”?
Não. Só em Agosto.
Qual é a pressa?
Pedro Cruz - jornalista
A culpa é das redes.
Já reparou que são as pessoas que se dizem defensoras da liberdade de expressão que mais atacam os comentários das redes sociais?
As pessoas que escrevem comentários sempre existiram, muito antes — milénios antes — das redes sociais. É essa, aliás, a palavra curta pela qual são designadas: são pessoas.
As pessoas sempre tiveram opiniões. É horrível, não é? Mas é humano e não há nada a fazer. Eis a outra palavra curta que se costuma usar para falar delas: são os outros.
É horrível, mas os outros só raramente pensam como nós.
Aliás, teimam em pensar o contrário. E pior: não nos respeitam, já não aguentam as nossas opiniões, estão fartos de nos aturar.
Em podendo desabafar — veja-se só —, desabafam. Mas por que carga de água é que lhes puseram à frente aquela caixinha de comentários?
A ocasião não faz só o ladrão.
Também faz o chatarrão, o respondão, o diz-que-não e outras palavras acabadas em “ão”.
Tem graça que são os apologistas da tolerância que se têm revelado os mais intolerantes. Então porque é que nunca se riem, não é?
Se calhar, porque já lhes custa sair do estado de permanente, apopléctica e apocalíptica indignação em que mergulham para pescar os lugares-comuns.
Outra questão é saber como é que estes ilustres personagens vêm a saber das redes sociais e dos reles comentários que lá se fazem?
Como é que arranjam tempo no meio de tantas doutas leituras para conspurcar os olhos com as fétidas efusões do povoléu?
Ou será que perscrutam as redes sociais à procura de palavrinhas de apreço?
Ou será que, na demanda de uns recados sumarentos dos correligionários, de umas pancadinhas nas costas e de uns gritos espontâneos de “ah, leão!”, são rudemente interrompidos por envios que não lhes agradam?
Pobres diabos.
Miguel Esteves Cardoso
Público • Domingo, 20 de Junho de 2021