sexta-feira, 25 de junho de 2021

COMO CÃO, SÓ PROBLEMAS SÉRIOS, ACIMA DE CÃO, ME OCUPAM. COMO A SUSTENTABILIDADE DO PLANETA.

DESDE QUE DECIDI SER CÃO, COM O PATROCÍNIO DO PAN, OS PROBLEMAS COMEZINHOS NÃO ME AFETAM. PARECE QUE MOSCOVO É AMIGA DA CML…

 

O charivari que por aí vai, só por enviarem uns nomes de uns opositores de Putin para a embaixada russa, como se toda a gente não soubesse que eles apagam logo esses nomes, seja pelo método do envenenamento, seja pelo da queda de um sétimo andar, não me incomoda. Nem mesmo o facto de terem feito o mesmo a bons e vegans monges tibetanos que insistem em que aquela parte montanhosa da China deve ser independente (em Pequim apagam-nos com um tiro na nuca), ou a patriotas democratas, para a Venezuela (em Caracas, enganam-se e apagam um golpe em marcha no Peru), não me diz respeito.

Podereis pensar que a expressão ‘abaixo de cão’ é fortuita, mas foi o grande pensador francês (‘caniche’) Dartacão que o formulou na sua língua natal — a bas de chien para designar o tipo de problemas e questões com que não se devem ocupar os cães e outros animais sencientes e dignos do SNS Animal.

Como sabem, este serviço, embora útil e barato (soube que um ortopedista canídeo leva €80 por consulta, o que não é muito se pensarmos nas dificuldades em desempenhar funções básicas fisiológicas que um cão pode ter, por uma simples pata estar em mau estado), este serviço, como dizia não está, infelizmente, ainda disponível para o gastrópode, o molusco e a mosca-da-fruta, para não falar de toda a gama de animais — sencientes, insisto! — que constituem a classe dos archaea e das bactérias, que assim são discriminados em relação aos eukariotas, de que fazem parte os animais de mais de uma célula, as plantas multicelulares e até o musgo, sendo que estes últimos não têm protecção social de espécie nenhuma.

Dedicado a estas questões magnas, pus-me a pensar no problema da nossa casa comum: a Terra. E as conclusões a que cheguei são, simultaneamente, aterradoras e simples

Comecemos pelas aterradoras: os mares estão cheios de plástico; a atmosfera está carregada de CO2 (não sei o que aconteceria se fosse ao contrário); os campos estão repletos de organismos geneticamente modificados; os rios parecem esgotos; as fontes secaram e a desertificação avança; o gelo derrete-se nas calotes (sendo que os calotes são cada vez maiores). Enfim: é tudo uma desgraça. Mas não basta dizer que se vai limpar. Especialistas canídeos, cetáceos e de outras espécies — sem qualquer racismo ou especismo o digo — que são um pouco mais inteligentes do que as outras, chegaram à conclusão, para lá de qualquer dúvida, de que há um e só um responsável pelo estado calamitoso das coisas, que impede o salmão de desovar onde deve e o pardal de fazer o ninho onde sempre fez, só para dar dois exemplos bem conhecidos.

Esse responsável é o homem! É certo que pode haver quem pretenda que seja o homem branco, ocidental, capitalista, mas a cães, golfinhos, baleias, suínos, gatos e cavalos não enganam tão facilmente. Um bago de arroz tem um código genético mais complicado do que um ser humano, o que significa que se o arroz falasse diria coisas muito importantes. Infelizmente, o arroz deixa-se estar. Mas nós, os eukariotas com poder de comunicação, não seremos assim. Sabemos bem que embora o capitalista, branco, judaico-cristão, ocidental e tudo isso tenha feito muita porcaria, não menos fez o chinês, o indiano e o africano. Se eximimos os índios é só porque eles foram exterminados antes de poderem deitar abaixo a Amazónia.

Ora, se olhardes para Vénus, para Marte, para Júpiter, vereis que não estão em risco. O nosso planeta está, por culpa dos homens. Eis a razão por que decidimos apelar à extinção em massa da humanidade, como se fez com a formiga marabunta, a mosca tsé-tsé, e outras espécies que não me ocorrem.

Matando os homens, a Terra não mais estaria ameaçada e poderia ser um emblema da diversidade de espécies (as que estão em risco deixariam de estar), como Marte (segundo alguns eruditos, o planeta a que erradamente chamamos vermelho, tem, na realidade, cores exuberantes que os homens das grandes potências escondem para se manterem como senhores absolutos de um conhecimento que, felizmente, saltou para a internet e daí para as mãos de um divulgador).

Claro que eu, nesta parte, não me meto, até porque como cão sou bastante daltónico e tendo a não ver as cores em todo o seu esplendor. Mas acredito porque, como cão, sou também um crente. Como sabem, nós, cada vez que o dono chega a casa cumprimentamo-lo como se o não víssemos há seis meses. E que tem isto a ver com o resto? Olhem, sei lá! Não exijam de mais a um cão, seus fascistas! 

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COMENDADOR MARQUES DE CORREIA

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