quarta-feira, 23 de junho de 2021

FESTA DO S. JOÃO… mas qual deles?

dia 24 de Junho…

COMO HOJE É A NOITE DE S. JOAO, TOMO A LIBERDADE DE ENVIAR A HISTORIA DO S. JOAO QUE ME FOI ENVIADA POR UM AMIGO MEU HISTORIADOR.

COM VOTOS DE UM BOM “xinhor joão carago””

É que existem três.

Pensamos que deverão ser poucos aqueles que sabem, que existiram 3 S. Joãos. O S. João do Porto, o evangelista (além de Mateus, Marcos e Lucas) e o primo de Jesus Cristo, S. João Batista. Vamos falar um pouco deles, sobretudo do 1ª, o mais desconhecido.


1 - S. JOÃO do Porto

O S. João nascido na cidade do Porto, no séc. IX, que que viveu uma vida de eremita na região de Tuy, do outro lado do Rio Minho, hoje, Espanha e na altura, tal como nós, estávamos no Reino de Leão,

Aí faleceu, sendo sepultado no local onde hoje fica a IGREXA MONACAL CONVENTUAL DE SANTO DOMINGO DE TUI. “La primitiva iglesia era más pequeña, encajada entre el convento y la iglesia románica de SAN XOÁN DE PORTO (desaparecida completamente en 1730”.

Noto que a cidade de Tuy era sede da respectiva diocese a que pertencia o Condado Portucalense. Tuy, passou a ser espanhola depois de D. Afonso Henriques ter sido convencido a passar o Rio Mondego e do seu desastre na tentativa de conquista da cidade de Badajoz (Espanha)

Diz a tradição, que a cabeça de S. João do Porto, foi trazida de Tuy pela Rainha Mafalda (mulher do 1º rei de Portugal, D. Afonso Henriques), no séc. XII, para a Igreja de São Salvador da Gandra (Penafiel), que passou a ser conhecida por Igreja de S. Salvador da CABEÇA SANTA. No séc. XVII ainda aí se conservavam as suas relíquias, objecto de grande veneração entre os fiéis, que acreditavam que S. João os salvaria das febres.


2 - S. JOÃO, o evangelista

Um dos quatro evangelistas, além de Mateus, Marcos e Lucas


3 - S. JOÃO BAPTISTA

Foi o primo de Jesus Cristo, um dos santos mais populares da Igreja Católica.

Com o aparecimento do Cristianismo, passou a haver todo o interesse em que o povo abandonasse esses hábitos antigos que tinham herdado dos Celtas. O Solstício do Verão, era uma das 8 mais importantes festas desse povo. O Cristianismo foi cobrindo cada uma delas com as suas próprias celebrações.

Mas com a celebração celta, do Solstício de Verão (19 a 23 de Junho), o Cristianismo teve um problema, não conseguiam uma data para lhe dar um sentido religioso. A solução encontrada foi comemorar-se o uma das grandes e mais populares figuras da Igreja, o primo do próprio Jesus Cristo, S. João Baptista. Mas… passaram a comemorar-se o NASCIMENTO de S. João, quando a Igreja tem por hábito comemorar os falecimentos dos santos, como acontece, por exemplo, com os outros sanos populares, S. António e S. Pedro.

Citando as palavras desse grande historiador Germano Silva: “O S. João (festejado na cidade do Porto, a festa brejeira e generosa, em que todo o povo é igual, é uma bem-sucedida operação de marketing do Cristianismo, que a usurpou e lhe meteu lá dentro um santo”

Também as antigas homenagens que se faziam à Natureza, foram substituídas pelas populares e folclóricas festas joaninas. Por isto e contrariamente ao que muita gente pensa, o S. João nunca foi uma festa católica, continua a ser entendida como uma celebração pagã, ligada ao culto da fecundidade.


CELEBRAÇÕES

– Quando começaram?

A mais antiga referência conhecida, é numa crónica de Fernão Lopes, do século XIV, do tempo do reinado de D. Fernando. “O cronista chegou ao Porto no dia em que estava a festejar-se determinado acontecimento com um entusiasmo desabrido”. Era o São João.

DIA DE S. JOÃO, DIA DE TOMADA DE DECISÕES

Maior importância do que a festa era o facto, desde tempos muito antigos, a importância dada a este dia para tomada de decisões. Nas vésperas do dia do santo (que não é o padroeiro da cidade, mas sim a Srª da Vandoma), a Câmara reunia excepcionalmente para tomar as resoluções mais importantes para a cidade do Porto, convidando os cidadãos a participarem na reunião.

Exemplos de inaugurações na cidade do Porto, nas vésperas ou no dia de S. João?

O Hospital de São João (1959), o mesmo acontecendo com o Mercado do Bom Sucesso, a Ponte da Arrábida e o actual edifício dos Paços do Concelho, etc..


SARDINHAS ASSADAS

É uma moda importada de Lisboa. Este costume começou a aparecer no Porto na década de 1940, com a realização da primeira Feira Popular, no Palácio de Cristal.

Até aí, a tradição da véspera de São João era outra. Numa cidade burguesa era hábito comer torradas à meia-noite e beber café com leite. No dia seguinte, ia à mesa o anho assado com batatas, em assadeira de barro.


MARCHAS POPULARES

O Porto e arredores nunca tiveram desfile de marchas populares. As marchas são uma invenção do Estado Novo que contaminaram o País… Porto incluído. Lisboa e o Porto tinham, as rusgas, “grupos do povo com tocatas que se deslocavam aos lugares de festa”. Na cidade do Porto, deslocavam-se até às Fontainhas.


FESTA RELIGIOSA OU PAGÃ?

O S. João é uma festa pagã, sem qualquer dúvida. Também para o historiador Hélder Pacheco, trata-se mesmo da “maior festa pagã”. Os velhos rituais pagãos, sobreviveram todos: as fogueiras, os banhos, as orvalhadas, as plantas, o ver o nascer do sol no próprio dia, etc..

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