quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Seis gráficos que explicam a riqueza dos políticos

Há dois anos que o Ministério Público não detecta problemas nas 328 declarações de rendimentos e património de governantes, autarcas e deputados, mas a SÁBADO encontrou centenas de falhas e omissões, incluindo declarações nunca entregues e a estranha prática do Tribunal Constitucional de rasurar o nome das mulheres dos ministros.

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Mais presidentes de câmara, menos ministros e secretários de Estado. Quando em 2018 a SÁBADO fez pela primeira vez um ranking da riqueza dos políticos com base nas declarações entregues pelos próprios no Tribunal Constitucional (TC), no top 30 estavam apenas quatro autarcas. Cinco anos depois, quase duplicaram: são agora sete, espalhados por todo o País. Em sentido contrário, o Governo passou a ser composto por pessoas menos abonadas. Em 2018, um terço do top 30 (seis secretários de Estado e quatro ministros) vinha do Governo. Hoje, esse peso caiu para metade. O primeiro ministro é o mesmo, António Costa.

Nestas contas está Pedro Nuno Santos, que deixou de ser ministro durante a produção deste artigo, e de quem somámos uma riqueza pessoal de €393.070, ainda que não tivesse sido possível apurar o valor patrimonial (que não deverá ser de monta) dos 50% que possui de um imóvel rústico. Não são tidos em conta também os valores dos seus dois automóveis (um Land Rover Defender, de 2020, e um BMW 325, de 1987), bem como da sua mota Ducati, de 2018. Ainda assim, de notar que Pedro Nuno Santos deverá reassumir o seu lugar de deputado no parlamento.
Pela mesma razão, também está ainda nestas contas o seu secretário de Estado Hugo Santos Mendes, que se demitiu igualmente e que tem um património de €376.180. Pelo contrário, não está incluída Alexandra Reis, Ex-secretária de Estado do Tesouro, que não tinha entregado no TC a sua declaração – tomou posse a 2 de Dezembro e tinha 60 dias para o fazer. Na declaração, que ainda terá de entregar (os políticos são obrigados a preencher a declaração quando entram e quando saem de funções), Alexandra Reis tem de incluir os €500 mil da polémica indemnização da TAP que motivou a sua queda, bem como a de Pedro Nuno Santos e de Hugo Santos Mendes.

Regressando ao top 30, referência ainda para os deputados, que continuam a ter a mesma proporção de há cinco anos (50%) e a pertencer aos mesmos partidos (PS e PSD), com excepção de um elemento da Iniciativa Liberal (tal como em 2018 havia um do CDS).
No total, foi possível apurar uma riqueza de €76.708.895 nos 328 políticos analisados (governantes, deputados, presidentes dos governos regionais e autarcas das principais cidades do País). Em média, cada um tem €255 mil de riqueza, que se pode traduzir em imóveis, participações sociais, depósitos ou activos financeiros.
Destes 328 políticos, há 21 cuja riqueza é zero, ou seja, não têm casas em seu nome, não têm acções ou empresas, nem aplicações financeiras e contas à ordem que ultrapassem os limites de saldo obrigatórios para declaração – até 50 salários mínimos nacionais (€32.250). Entre estes 21 há deputados do PSD, PS, Chega, IL e PCP, além de Isabel Almeida Rodrigues, secretária de Estado da Igualdade e Migrações. No campo oposto, há 11 políticos com mais de 1 milhão de euros em património.
Por diversas razões, este valor global de €76,7 milhões de euros é apenas um ponto de partida para se ter uma ideia da riqueza dos políticos portugueses. Nestas contas não é considerado o valor comercial actual dos carros, motas, aeronaves e barcos, que também têm de ser declarados ao TC.
Por outro lado, os políticos não são obrigados a declarar contas à ordem com saldo inferior aos já referidos 50 salários mínimos nacionais, embora alguns o façam. Também não são obrigados a declarar os activos das empresas de que são sócios, bem como os recheios das suas casas, nomeadamente as obras de arte – a não ser que se considere que tais bens estão incluídos na rubrica da declaração chamada “Outros Elementos do Ativo Patrimonial”, que ninguém preenche (com uma exceção, como veremos mais à frente neste artigo).
Sobretudo, os políticos não têm de declarar quanto valem as casas e terrenos que possuem. Apenas alguns indicam o valor patrimonial tributário. Para este artigo, esse foi o principal assunto dos 244 emails que a SÁBADO enviou para tentar preencher lacunas de informação. À maior parte deles não recebemos resposta.
Em resultado (sobretudo) dessa falta de indicação de valores patrimoniais, houve 91 declarações que considerámos incompletas, ou seja, não foi possível apurar a totalidade da riqueza do político em causa. A estes devem somar-se as 29 declarações em que não foi possível apurar qualquer valor, de todo, por falta de informação.
Um exemplo das 91 declarações incompletas é a do primeiro-ministro, cujos valores patrimoniais de três apartamentos não foi possível apurar. Refira-se que António Costa, que vive numa casa arrendada na freguesia de Benfica, em Lisboa, prepara-se para se mudar para o apartamento que comprou a poucas centenas de metros, no condomínio Fábrica 1921, ainda em fase de acabamento. Costa declarou ao tribunal que o T1 lhe custou €276.050 em planta, tendo adiantado, a título de sinal, €248.445.
Marcelo Rebelo de Sousa, que também vive, há largos anos, numa casa arrendada, não tem imóveis em seu nome. O Presidente da República declarou apenas €140.311 em contas e aplicações financeiras, bem como um Mercedes.
Augusto Santos Silva, segunda figura do Estado, presidente da Assembleia da República, tem um património de €148.626, sendo a maior parte referente a imobiliário com a mulher. Em produtos bancários declarou €42.411, além de três automóveis (Opel Corsa, Toyota Corolla e Toyota Yaris).
Luís Montenegro, líder do PSD desde maio, não é político em funções, não tem declaração recente entregue. A declaração do seu antecessor, Rui Rio, que abandonou a política, não foi considerada para este artigo. Ao contrário da de Jerónimo de Sousa, que saiu da liderança do PCP e do parlamento há poucas semanas, no fim de novembro. O comunista é um dos 21 políticos com património zero.

No Bloco de Esquerda, Catarina Martins tem um património de €12.200, sem contar com o valor dos seus três imóveis – não respondeu ao email da SÁBADO sobre essa dúvida. A deputada bloquista, que é dona de um Skoda Fabia Break, de 2011, devia €74.825 à CGD. André Ventura, do Chega, tem apenas declarado um depósito à ordem com €72.462. Rui Tavares, do Livre, tem €36.002 de valor patrimonial tributário da sua casa, além de um Citroën C3, de 2007. E deve €193.683 aos bancos. Inês Sousa Real, do PAN, tem uma riqueza declarada de €82.011, que se resume à copropriedade de dois imóveis. Em contraste, tem €256.651 em passivo bancário. A deputada declarou que o marido tem participação em três empresas – Inês Sousa Real já foi sócia em duas delas, de produção de frutos vermelhos, o que motivou polémica em 2021 devido às alegadas práticas de cultura intensiva dessas empresas.
Nenhum destes líderes partidários chega perto do da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, que é o 18º mais rico, com um património apurável de €809.861, ainda que deva €791.095 aos bancos. Cotrim, que está demissionário da IL, tem três automóveis declarados (Mercedes, Ford e BMW). Rui Rocha, candidato a suceder-lhe, tem um património de €238.630 (e um Audi A3) – deve €81.847 aos bancos. Carla Castro, também candidata, tem €167.140 de património pessoal e €332.587 de dívidas bancárias.

Maridos e mulher apagados

Cinco anos depois de a SÁBADO ter feito pela primeira vez este levantamento dos rendimentos e património que os políticos declaram ao Tribunal Constitucional (TC), tudo se mantém igual quanto ao preenchimento das declarações e ao seus acesso público. Os políticos continuam a poder preencher os formulários à mão, por vezes com caligrafia cerrada, ou em letra miudinha, ou de forma tão ténue que parecem escritos a lápis.
O acesso às declarações só pode ser feito presencialmente na sede do tribunal, em Lisboa, mediante um pedido prévio e após marcação para data possível dentro da agenda do TC, tendo o interessado acesso apenas a fotocópias dos originais (o que dificulta ainda mais a leitura de algumas declarações) expurgadas à mão pelos funcionários do Tribunal dos dados pessoais dos políticos.
Esse expurgo de dados pessoais pode ir ao limite de serem rasurados os nomes dos cônjuges. Por exemplo, quem for ao TC consultar a declaração de Fernando Medina de 29 de julho de 2022 não consegue saber quem é a sua mulher, porque o nome está rasurado. Academicamente, se não se souber o nome da mulher de um ministro (ou de um presidente de câmara) não se consegue saber, por exemplo, se é sócia de alguma empresa, que por sua vez pode ser contemplada com a adjudicação de um contrato pelo ministério (ou pela câmara) do marido, o que pode ser uma clara violação da lei (no caso a 52/2019, que regula o exercício de funções por titulares de cargos políticos e altos cargos públicos).
Também estão rasurados pelo TC os cônjuges dos ministros António Costa Silva, Elvira Fortunato, Catarina Sarmento e Castro, João Cravinho, João Costa e Helena Carreiras.
A SÁBADO pediu uma justificação ao TC, que respondeu que está a “aplicar a Lei 52/2019, nomeadamente a alínea a) do nº2 do artigo 17º”. Esta alínea diz que “não são objeto de consulta ou acesso público os seguintes elementos da declaração: a) Dados pessoais sensíveis como a morada, números de identificação civil e fiscal, números de telemóvel e telefone, e endereço eletrónico”. Ou seja, além dos exemplos dados na lei, o Tribunal Constitucional engloba ainda na expressão “dados sensíveis” o nome dos cônjuges dos ministros.
Outra questão prende-se com a filosofia do preenchimento, que é autodeclarativo (ou seja, os políticos declaram o que querem, sem necessidade de fazer prova com documentos). E a fiscalização apresenta falhas – por exemplo, é possível que um autarca, um ano depois de passado o prazo legal, ainda não tivesse apresentado a sua declaração e apenas o tivesse feito depois de a SÁBADO perguntar o que se estava a passar.
Aconteceu com Isilda Gomes, que a 26 de setembro de 2021 foi eleita para o seu terceiro mandato em Portimão. Tendo 60 dias, por lei, para apresentar a sua declaração de rendimentos, património, interesses, incompatibilidades e impedimentos, não o fez. Em outubro de 2022, quando a SÁBADO pediu pela primeira vez ao TC a sua declaração mais recente, foi-nos entregue uma que datava de 2017.
Após vários emails de insistência, a autarca ligou-nos para justificar o lapso, prometendo que enviaria dias depois por escrito, por email, o que aconteceu. Assim fez, no dia 19 de dezembro de 2022: “A declaração já se encontra no Tribunal Constitucional, tendo sido preenchida online. Quanto às razões que me levaram a não a apresentar, prende-se com o facto de no mês seguinte à minha tomada de posse termos vendido uma moradia, por força da morte do meu marido. Acontece que como perdi o meu filho mais velho, o herdeiro é o meu neto, que é menor. Isso obriga a pedir uma autorização ao tribunal para se poder efetivar a venda. O pedido deu entrada no tribunal em dezembro de 2021. Como esperava que o processo fosse rápido, faria a declaração com a informação correta. Fui aguardando e o facto é que a partir de uma determinada altura, acabei por me esquecer.”

O mesmo aconteceu com o presidente da câmara de Viana do Castelo, mas neste caso parece não haver desfecho ainda. A última declaração de Luís Nobre é de 2017, informa-nos o Tribunal Constitucional, das várias vezes que perguntámos nos últimos meses. Ou seja, falta a de 2021 (recorde-se que, como os políticos só têm de apresentar declarações quando cessam funções e tomam posse, os autarcas só o fazem de quatro em quatro anos).
Enviámos um email no dia 9 de dezembro a Luís Nobre, de que não houve resposta. No dia 19, depois de termos confirmado de novo junto do TC que nada havia atualizado, ligámos para a câmara e insistimos. Na tarde desse dia, a secretária respondeu por email: “O senhor presidente encarrega-me de informar que até ao presente, tem as declarações todas submetidas, não se encontrando nada em falta.” Em resumo, o autarca diz que entregou no Tribunal Constitucional, mas este garante que nada recebeu.

As declarações que não existem
Estas situações estendem-se aos deputados, que tomaram posse a 29 de março de 2022 e tinham até fim de maio para declarar os seus rendimentos, interesses e património. Por exemplo, Graça Reis, do PS, não tem declaração entregue desde 2019, informou-nos o TC.
Também não tem endereço de email no site do parlamento, pelo que alertámos o líder da bancada socialista, Eurico Brilhante Dias, e pedimos que lhe reenviasse o nosso email. “Essas questões devem ser enviadas à Comissão de Transparência [da Assembleia da República]. Eles podem esclarecer”, disse-nos o deputado de volta, a 28 de novembro. Respondemos-lhe que a responsabilidade da declaração era dos próprios deputados e pedimos de novo que reencaminhasse o email. Não sabemos se o fez, nem obtivemos qualquer esclarecimento de Graça Reis. O TC referiu-nos que foi notificada da falta.
Tal como foi Tatiana Homem de Gouveia, deputada do PS, sem declaração entregue. Pedimos ao líder parlamentar que lhe reencaminhasse o nosso email. Sem resposta. Outro exemplo, a deputada socialista Rosa Isabel Cruz, também sem endereço eletrónico atribuído. A 30 de novembro pedimos a Eurico Brilhante Dias que reencaminhasse as nossas questões à deputada, que declarou contas bancárias sem referência a qualquer montante, bem como 2.240 ações, mas nenhuma referência ao seu valor de mercado, assim como quatro imóveis sem valor patrimonial. Não obtivemos resposta. Outro caso na bancada do PS: Martina Jesus. Declarou 10 imóveis, mas não está referido em que cidade e qual o seu valor patrimonial. Sem email, pedimos a Brilhante Dias que fizesse a ponte. Sem resposta. A assessoria de imprensa do grupo parlamentar do PS não conseguiu em tempo útil esclarecer os casos.
Os barcos e os terrenos-mistério
Devido a estas omissões, Martina Jesus e Rosa Isabel Cruz fazem parte das 91 declarações que considerámos incompletas. Luís Nobre, Tatiana Homem de Gouveia e Graça Reis pertencem a outra categoria, a das declarações inexistentes.A dificuldade em obter este tipo de dados não é extensível a todos. No Governo, por exemplo, vários ministros e secretários de Estado prontificaram-se a esclarecer à SÁBADO dúvidas com os seus apartamentos (onde ficam e o respetivo valor patrimonial). E não só. Pedro Nuno Teixeira, secretário de Estado do Ensino Superior, declarou 278 mil ações de várias empresas cotadas (cujo nome é rasurado pelo TC), mas sem valor atribuído. “O valor a 25/11/2022 era de €139.712,96”, respondeu-nos.
Pedro Nuno Teixeira tinha ainda uma singularidade: foi o único entre 328 políticos a identificar no património um valor em obras de arte (€65.000) e em livros (€45.000). Perguntámos-lhe o que era e porque o fez. Respondeu o gabinete: “Foi meramente uma preocupação de transparência. Os livros foram comprados ou oferecidos ao longo de muitos anos. A maioria relaciona-se com a atividade de docente universitário e investigador (desde 1995). Os demais são literatura e ensaio em várias áreas. Nenhum deles tem individualmente um valor monetário significativo e o Secretário de Estado não possui livros raros ou com valor significativo no mercado bibliófilo. Quanto às obras de arte, foram compradas ou oferecidas ao longo dos anos. Não possui nenhuma obra de valor particularmente elevado, sendo a maioria serigrafias ou gravuras, cujo valor monetário individual é pouco significativo. Incluem-se ainda alguns quadros e duas tapeçarias.”

Outro exemplo, Bernardo Ivo Cruz. O secretário de Estado da Internacionalização declarou uma “embarcação de recreio”. Pedimos ao seu gabinete que nos esclarecesse, porque a referência era vaga e tanto poderia ser um iate de luxo ancorado em Monte Carlo, ou outra coisa. Era outra coisa: “Trata-se de um veleiro de 8 metros de 1973, comprado em segunda mão em 2007 e de momento atracado na doca seca do Seixal.”
De referir que, além do governante, só dois políticos declaram possuir barcos, ambos deputados do PSD: João Moura e Rui Cristina.
Menos claro, apesar das várias insistências, foi o presidente da câmara municipal de Sintra, Basílio Horta, cujo património, como se pode ver nos rankings, se destaca dos demais. Na globalidade, o autarca é o mais rico dos políticos portugueses e na tabela específica do património imobiliário apenas é ultrapassado, por pouco, pela deputada Mónica Quintela. Mas se Basílio Horta esclarecesse um pormenor, estaria também aí em primeiro. Trata-se de um “prédio urbano” no Algarve (Albufeira) e “três terrenos urbanos” num dos concelhos mais caros e ricos do País (Cascais), todos detidos em copropriedade com a mulher. Quanto valem? Basílio Horta não o revelou na declaração ao TC, ao contrário do que fez relativamente aos outros imóveis que possui.
Numa troca de emails com a SÁBADO, começou por responder: “Relativamente a estes imóveis [prédio e terrenos] foi apresentada, oportunamente, contestação aos valores patrimoniais, estando em curso a respetiva tramitação no âmbito da autoridade tributária.” Porque o fez? “Decorreu da desadequação da solução então preconizada pela administração tributária.” Concluímos então que o senhor presidente não quer revelar os valores dos terrenos e do prédio? “A vossa conclusão não é correta, pois eu não posso indicar um valor que ainda não está fixado.” Como é que o senhor presidente contesta o que não está fixado? Não houve mais respostas.

O que é feito da Entidade?
Em 2019, a criação da Entidade para a Transparência – que é “um órgão independente que funciona junto do TC e tem como atribuição a apreciação e fiscalização da declaração única de rendimentos, património e interesses dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos” – poderia ajudar a esclarecer estes problemas e dúvidas. Nunca saiu do papel.
Porquê? “Porque o Tribunal Constitucional nunca fez finca-pé ao parlamento”, diz à SÁBADO Paulo de Morais, presidente da Associação Frente Cívica. A sua tese é que “a Entidade para a Transparência tem o problema de estar sob a ilharga do TC”: “Grande parte dos seus juízes são nomeados pelo parlamento e por isso o Tribunal é reverente. A maior parte dos deputados não querem que a Entidade para a Transparência funcione e o Tribunal não quer fiscalizar quem os nomeia.” Paulo de Morais diz que a Entidade é “um nado-morto, foi feita em ano de eleições [2019], e para não funcionar”.
Um dos motivos para que a Entidade nunca tenha saído do papel é a sede. “O Governo inscreveu no Orçamento despesa para a En- tidade, mas o Tribunal Constitucional andou a escolher um sítio que tinha de ser digno – porque tinha de ser digno, não podia ser num prédio normal”, diz à SÁBADO Nuno Cunha Rolo, presidente da associação Transparência e Integridade. “O Tribunal sempre achou inadequadas as várias propostas vindas do Governo. Só que a Entidade para a Transparência é um órgão administrativo, não é um órgão de soberania. Porque é que não pode ser num prédio?” Paulo de Morais, por sua vez, acha que tudo “não passa de uma desculpa, porque o Estado tem milhares de edifícios”.
A 8 de novembro o TC terá dado início ao processo. Em comunicado, anunciou que o plenário de juízes “aprovou a possibilidade de instalação provisória da Entidade para a Transparência em espaço a arrendar na cidade de Coimbra”. O TC garantiu também que “até ao final do corrente ano” iria “proceder à nomeação da Direção da Entidade”. O que não aconteceu. Questionado no dia 28 de dezembro, o Constitucional respondeu à SÁBADO que “estão em curso as diligências necessárias para que, em breve, sejam conhecidos os detalhes relativos ao funcionamento da Entidade da Transparência – tanto no que toca às instalações como à composição da sua direção”.
Outro motivo para o atraso foi o salário do presidente. Segundo noticiou o
Observador em outubro de 2022, o presidente do TC, João Caupers, enviou uma carta em junho de 2021 ao presidente da Assembleia da República (Ferro Rodrigues na altura) onde dizia que seria “apropriado” que a Entidade fosse presidida “por um magistrado” e que tal era a condição para lhe dar “indispensável independência”. Problema: os estatutos da Entidade não preveem que o presidente possa ter a remuneração de origem. “Consideradas as diferenças remuneratórias em causa, isto vale por dizer que nenhum magistrado aceitará, previsivelmente, exercer ali funções” escreveu Caupers na carta, reproduzida pelo jornal. O presidente do Constitucional sugeria a Ferro Rodrigues, a quem tratava na carta por “estimado amigo”, que a lei fosse alterada, o que não aconteceu.
A este propósito Nuno Cunha Rolo realça que a lei não diz que o presidente tem de ser um juiz e não entende esta judicialização de certas funções. “Colocar um juiz como gestor… Noutros países não vemos juízes a dirigir estas entidades. Um juiz é um técnico, decide sobre aquilo que lhe entregam. Ou então temos a sorte de ser escolhido alguém com conhecimentos da administração pública, com liderança, com mundividência.”
Paulo de Morais faz uma crítica semelhante, mas relativa à Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados, que é composta por deputados, que assim se autofiscalizam. “A comissão devia ser composta por pessoas de fora do parlamento, ou mista, como acontece em Inglaterra. Ou como acontece nas comissões de ética das universidades.”
MP: zero problemas em 2020 e 2021

Enquanto a Entidade para a Transparência não nasce, quem dentro do TC faz a fiscalização das declarações são os magistrados do Ministério Público (MP) ali alocados. No artigo de 2018 da SÁBADO eram citados os relatórios-síntese do MP, que discriminavam certo tipo de ações tomadas. Por exemplo, em 2017 foram pedidos “304 esclarecimentos” aos políticos sobre as suas declarações. Mais importante: “Há a registar a participação, através do envio da respetiva certidão, de 24 ocorrências: 14 relativas à cessação de funções, 6 relativas a início e cessação de funções e 1 relativa a início de funções. Em resultado (…) foram julgadas pelos tribunais administrativos, com decisão transitada em julgado, um total de 20 ações: 19 procedentes (16 inibições para o exercício de cargo, 2 perdas de mandato e 1 inibição) e 1 improcedente.”
No relatório mais recente do MP, de 2021, esta segunda parte não existe. Nem no de 2020. O gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República esclareceu à SÁBADO a razão: “Nos anos 2020 e 2021 não foram propostas quaisquer ações. Com efeito, tem-se verificado por parte dos titulares de cargos políticos um cumprimento mais rigoroso das obrigações declarativas bem como tempestividade no suprimento de deficiências ou esclarecimento de dúvidas suscitadas pelas declarações.”
Por todo o exposto, não é surpresa que o GRECO (Grupo de Estados Contra a Corrupção, estrutura do Conselho da Europa), continue a avaliar negativamente a forma como Portugal previne e combate a corrupção em relação a deputados, juízes e procuradores.
No último relatório, de 2021, saudou a criação em 2019 da Entidade para a Transparência (que não funciona ainda), bem como do Código de Conduta dos Deputados, que regula por exemplo que ofertas podem receber, embora o GRECO realce que “o âmbito dos contactos permitidos entre os deputados e terceiros não foi devidamente abordado”. Mais: “Nem o Código nem o Estatuto dos Deputados estabelecem sanções para atos indevidos, o que põe em dúvida a eficácia do mecanismo de fiscalização.”

Marco Alves Com Diogo Machado, Íris Fernandes e Raquel Lito



Soma do património imobiliário, das participações sociais em empresas e de contas e ativos financeiros. Valores de 2021, exceto autarcas (2020) e presidentes de governos regionais (2019).


https://www.sabado.pt/sabado-interactivo/detalhe/seis-graficos-que-explicam-a-riqueza-dos-politicos

Catarina e a beleza de calar fascistas

Em nome da suprema protecção da vida humana e do bem-estar social, as democracias tornam-se menos democráticas.

Vocês conhecem-me: nunca resisto a escarafunchar uma boa ferida. Vamos falar outra vez da invasão do Capitólio e dos edifícios dos Três Poderes? Houve uma reacção quase unânime ao meu último artigo, seja de gente que habitualmente discorda de mim, seja de gente que costuma concordar. A esmagadora maioria dos leitores considerou bárbara e abstrusa a minha proposta de que num sistema democrático a polícia deve ter a possibilidade de usar força letal para suster a invasão das sedes do poder executivo, legislativo ou judicial, como ameaça tornar-se moda.

A regra dos leitores é esta: se a multidão está desarmada, a polícia não pode disparar. Ou seja, se na próxima manifestação nas escadarias da Assembleia da República a polícia se mostrar incapaz de controlar a multidão com bastões e gás lacrimogéneo, aconselha a suprema defesa da vida humana que as autoridades se afastem e aguardem reforços enquanto o Palácio de São Bento é saqueado e vandalizado. O mesmo em relação ao Palácio de Belém: após garantida a segurança do Presidente da República, a polícia deve sacar não das pistolas mas dos telemóveis, esperar que a invasão se desvaneça, e depois fazer como no Brasil: analisar a urina e as fezes deixadas no local para identificar os criminosos.

Há um lado de radicalismo humanista nesta tese que é bonito de ver – sem ironias. São pessoas que embora odeiem bolsonaristas defendem que é preferível deixar destruir o Palácio da Alvorada de cima a baixo e atirar pela janela o mobiliário dos Niemeyer do que perder uma só vida humana – mesmo que seja a vida de um “fascista”. Adoraria subscrever essa tese, não fosse o meu duplo receio acerca das ameaças que recaem sobre os sistemas democráticos.

Receio 1: a ultrapassagem das linhas vermelhas. Foi o tema do último artigo e não me vou repetir. Noto apenas que a legítima defesa está prevista na lei, tanto para proteger as pessoas como o património. Essa legítima defesa necessita de ser proporcional, e o ponto é mesmo esse: pelos vistos, ninguém atribui importância vital – é mais uma constatação do que uma crítica – à defesa dos símbolos da democracia, ainda que na invasão do Capitólio tenham morrido cinco pessoas, incluindo um polícia e uma manifestante baleada pelas autoridades.

Receio 2: a limitação progressiva das liberdades políticas em nome da defesa da vida humana. Sendo as invasões inaceitáveis, como podem elas no futuro ser impedidas, para evitar a violência e o risco de derramamento de sangue? Não falta gente a dar a receita. A priori, colocando cercas ou até ilegalizando tudo o que cheira a direita radical, com o argumento de travar a ascensão de novos Trumps e Bolsonaros. A posteriori, permitindo que o poder executivo alargue as suas competências e autoridade para averiguar não só quem invadiu edifícios, mas todos os seus financiadores e colaboradores, numa vasta investigação aos “terroristas” e seus cúmplices.

Tantas tentações perigosas. Em nome da suprema protecção da vida humana e do bem-estar social, as democracias tornam-se menos democráticas, já que toda a dissensão mais vocal e todas as ideias que nos repugnam passam facilmente a ameaças intoleráveis. Para evitar pegar em armas contra o “povo”, colocamos os “deploráveis” e as suas tristes ideias atrás da cerca sanitária, amarrando as suas bocas para proteger os seus corpos. Vivos, mas caladinhos. Como dizia o outro, duas vezes sequestrado por manifestantes, é uma coisa que me chateia, pá.

joão Miguel Tavares

O autor é colunista do PÚBLICO

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Mosteiro de São Vicente de Fora

1 – Coração e Vísceras dos Reis debaixo do chão

A partir do reinado de D. Pedro II, institucionalizou-se a prática de embalsamamento dos corpos dos monarcas, que visava preservar o corpo após a morte e implicava o retirar dos órgãos internos. Por uma questão de respeito aos monarcas falecidos, evitava-se o descarte dos órgãos. Em vez disso, o coração e as vísceras de alguns reis e consortes da dinastia de Bragança foram guardados em vasos de porcelana chinesa e enterrados no chão da Capela dos Meninos de Palhavã, onde ainda hoje se encontram. As análises realizadas aos intestinos de D. João VI, revelaram que o rei morreu envenenado por arsénico.

@Mosteiro de São Vicente de Fora

2 – Santo António estudou no Mosteiro de São Vicente de Fora

Antes de ser monge franciscano, Santo António de Lisboa foi um Cónego Regrante de Santo Agostinho, ordem monástica que habitou o Mosteiro de São Vicente de Fora. Nascido em frente à Sé de Lisboa, onde iniciou os seus estudos, Fernando de Bulhões, futuro Santo António, foi para São Vicente de Fora para se dedicar a uma vida de oração. Contudo, a proximidade da família e dos amigos levaram a que o Santo fosse para Coimbra, para ter menos distrações. Hoje, no Mosteiro, encontra-se a Capela de Santo António que está a marcar o lugar onde se pensa ter sido a sua cela.

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3 – Erros históricos no painel de azulejos da Conquista de Lisboa aos Mouros

A sala da Portaria do Mosteiro ostenta uma magnífica coleção de azulejos da autoria do mestre Manuel dos Santos. O painel mais impressionante e detalhado retrata a conquista da cidade de Lisboa aos Mouros por D. Afonso Henriques no ano de 1147. No entanto, Manuel dos Santos, que fez os azulejos no século XVIII, desconhecia como era a realidade no tempo do primeiro rei de Portugal e acabou por cometer uma série de erros: pintou a Sé de Lisboa, quando ela ainda não existia, e galeões a transportar cruzados. Para além de tudo, D. Afonso Henriques surge trajado como cavaleiro da Época Moderna, segurando um escudo com o brasão de armas de Portugal…antes deste existir. No tempo de D. Afonso Henriques, o símbolo de Portugal não era ainda o escudo, mas sim uma cruz azul sobre fundo branco.

@Mosteiro de São Vicente de Fora

4 – Túmulos descobertos por debaixo do chão da Sacristia

O soalho da Sacristia do Mosteiro é extremamente frágil, isto porque assenta sobre um antigo cemitério medieval.Foram descobertos túmulos antropomórficos esculpidos em pedra e virados a nascente, conforme a tradição. Pensa-se que terão pertencido aos cruzados que auxiliaram D. Afonso Henriques na conquista da cidade de Lisboa aos mouros.

@Mosteiro de São Vicente de Fora

5 – Uma protecção muito especial contra terramotos

O Mosteiro de São Vicente de Fora não sofreu muitos danos com o terramoto de 1755. O teto da Sacristia foi das poucas coisas que ruiu, na sequência da queda de uma cúpula no cimo da igreja. Por esta sala ter sido das poucas partes afetadas, quando foi re-decorada recebeu uma pintura muito especial. Trata-se da pintura “A Virgem com o Menino e os Santos” da autoria de André Gonçalves. O santo em maior destaque que se encontra a oferecer uma coroa à Virgem, é São Francisco de Borja, o santo que em Portugal é o protetor contra terremotos. Foi pintado propositadamente para proteger a Sacristia contra catástrofes futuras.

@Mosteiro de São Vicente de Fora

6 – O Liceu Gil Vicente foi fundado no Mosteiro

Depois da extinção das ordens religiosas em 1834, o Mosteiro, já sem monges, teve vários usos, desde serviços administrativos até arquivos municipais. Em 1915 foi aqui fundado o primeiro liceu da República portuguesa: o Liceu Central de Gil Vicente, um dos mais prestigiados de Lisboa, que só iria abandonar o Mosteiro em 1949, quando mudou de instalações.

@Mosteiro de São Vicente de Fora

7 – A maior coleção de azulejos barrocos do país

O Mosteiro de São Vicente de Fora alberga a maior coleção de azulejos barrocos de Portugal e a segunda maior do mundo.São azulejos in situ, isto é, no seu local original, e correspondem às várias fases da azulejaria barroca portuguesa, desde o século XVII ao século XIX. O primeiro inventário foi feito em 1912 e contava com 120 mil azulejos, estimando-se que já cerca de 20 mil se teriam perdido ao longo dos tempos. Hoje desconhece-se o seu número exacto, mas estima-se que sejam mais de 100 mil.

@Mosteiro de São Vicente de Fora

8 – O lugar original das Fábulas de La Fontaine

Entre os muitos azulejos do Mosteiro, destaca-se a coleção permanente das Fábulas de La Fontaine: trata-se de 38 painéis de azulejos, cada um contendo uma fábula do autor francês do século XVIII. Muitos visitantes questionam sobre a proveniência dos painéis expostos. A verdade é que os claustros dos Mosteiro de São Vicente de Fora já foram fechados no passado. A revestir a parede interior encontravam-se os painéis com as fábulas de La Fontaine. São 38 painéis pois os claustros contam com 40 arcos, sendo que dois estavam abertos para circulação das pessoas, e os outros 38 estavam então fechados e revestidos no interior com estes painéis.

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9 – D. Maria I e D. Pedro IV não estão no Panteão Real dos Bragança

O Mosteiro de São Vicente de Fora alberga o Panteão Real dos Bragança, última dinastia reinante em Portugal. Desde o fundador da dinastia, D. João IV, ao último rei de Portugal, D. Manuel II, passando por várias consortes, infantas e infantes, os únicos monarcas desta dinastia que não se encontram aqui sepultados são D. Maria I, que se encontra na Basílica da Estrela, mandada erguer por ela mesma, e D. Pedro IV, cujos restos mortais repousam em São Paulo, no Brasil.

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10 – De fora das muralhas de Lisboa

O nome completo do mosteiro, Mosteiro de São Vicente de Fora, suscita sempre curiosidade. Porquê “de Fora”? Esta expressão remete-nos para a fundação do próprio mosteiro, há 873 anos atrás. Após conquistar a cidade de Lisboa aos mouros no ano de 1147, D. Afonso Henriques mandou erguer este mosteiro para cumprir a promessa que havia feito antes da tomada da cidade. A escolha do lugar para a construção da igreja e mosteiro recaiu sobre onde havia sido montado o acampamento de cruzados germânicos que auxiliaram o primeiro rei de Portugal. Por ficar do lado de fora das muralhas da cidade, o mosteiro recebeu a expressão “de Fora” no seu nome, que perdurou até aos nossos dias.

These 40+ American Companies Are No Longer American


Essas mais de 40 empresas americanas já não são mais americanas


https://za.investing.com/magazine/american-companies-that-are-no-longer-american-2/article/47062

Caldo Verde


Não resisto a este artigo surpreendente. Quem diria que uma receita de culinária tão nossa, tão portuguesa, tivesse este efeito.

Por favor divulguem aos vossos amigos, conhecidos, inimigos e também àqueles que não conhecem de lado nenhum…


O CALDO VERDE EVITA O CANCRO!
Por Manuel Luciano da Silva, Médico
Muita gente sabe que o caldo verde é uma sopa de couve portuguesa,  tipicamente  do norte de Portugal Continental,  mas  muito divulgada por todo o país.
Couve é o  nome genérico que se usa para  descrever uma   grande família  de hortaliça  caracterizada  por folhas largas, esverdeadas e  muito ricas em nervuras, fibra e vitaminas.

Existe uma variedade de couves:   couve galega, couve lombarda, couve crespa, couve penca,  couve tronchuda,  couve bastarda, couve repolho, couve brócolo roxo, couve brócolo branco e até couve flor!

Mas a couve preferida para se fazer o caldo verde,  como deve ser,  é a couve chamada galega, muito cultivada na Província do Minho em Portugal.
Na Nova Inglaterra os nossos emigrantes cultivam nos seus quintais a couve galega,d depois de usar vários truques para passarem, contra a lei,  na alfândega as sementes desta  couve preferida.

Na América há uma couve semelhante à galega  que  tem o nome de: "collards".
Devido  às  temperaturas  negativas as couves galegas não se aguentam ao relento durante os meses de Inverno e assim a nossa gente usa um tipo de couve crispada chamada "kale". Mas o caldo feito de "Kale" não é genuinamente caldo verde.

Perde a sua característica,  não pelo tipo diferente de couve, mas sim pelos ingredientes que as cozinheiras  imigrantes lhe adicionam e que não devem fazer parte da receita do caldo verde.
Sucede que a composição da "kale soup" é muito complexa: além da couve ou "kale", leva carne de vaca, carne de porco, chouriço, ou linguiça, feijão, batata, cenoura, água, sal  e mais não sei quê.

Gostosa? Sim, senhor, mas é tão concentrada, é tão forte que até faz lembrar cimento armado ou entulho!...
Em contrapartida  a receita do caldo verde é muito simples: água, sal,  batata ralada, couves cortadas  às tiras fininhas, azeite português  e mais nada!
No entanto há muitas donas de casa que não sabem cozinhar  o caldo verde como deve ser.

Não fazem caldo verde para os seus familiares  por que dá muita maçada a cortar as couves às tiras muito fininhas… Mas talvez a razão principal seja por  as cozinheiras portuguesas  na América pensarem que o caldo verde por ter tantas couves não  tem  nenhum valor nutritivo, não presta para nada!   

Como estais enganadas,  minhas senhoras!
Se vos disser que de todos os cozinhados tipicamente portugueses o caldo verde é o melhor para a  nossa saúde?!

Que pensais se vos disser,   como médico,  que o caldo verde evita o cancro?! E se vos disser  que o caldo verde evita os ataques do coração por reduzir no sangue o colesterol, pensais que é fantasia!?  E se vos disser mais: que o caldo verde evita as pedras na vesícula  e evita as hemorróidas?!

É caso para perguntardes: se isso é verdade, porque é que levou tanto tempo a descobrir que o caldo verde é tão milagroso?!

DOUTOR BURKITT

Na década de setenta o famoso médico inglês Burkitt chefiou um grupo de médicos da Grã Bretanha que foram para a África  Central estudar as diferenças entre as doenças que existem na selva e na zona metropolitana de Londres.

Depois de estudos muito apurados o Dr. Burkitt veio a descobrir  que existe no continente africano um tipo de cancro  diferente  que é causado por um vírus. Esta descoberta foi sensacional porque  provou-se, pela primeira vez, que certos tipos de cancro podem ser causados por vírus.
Em honra desta descoberta  o mundo médico mundial  passou a chamar a este tipo de cancro:  Linfoma não-Hodgkin de Burkitt.
Revelo esta informação médica  a respeito do Dr. Burkitt para os leitores melhor  apreciarem  o calibre das observações que a equipa do Dr. Burkitt veio a registar  no que diz respeito às diferenças  que existem  entre a dieta dos nativos  africanos e a dieta do povo londrino.
Primeiro os médicos ingleses verificaram  que os nativos nunca tinham prisão de ventre, não contraiam cancro do recto, não tinham ataques do coração, não sofriam de hemorróidas, nem  apendicite aguda!
Surpreendidos com estes factos os médicos britânicos constataram  que os nativos africanos defecavam ou obravam, durante 24 horas, um volume, QUATRO VEZES  maior do que qualquer cidadão inglês!
Admirados com este achado, os mesmos médicos prosseguindo com as suas pesquisas concluíram que a diferença dramática de saúde entre o povo inglês e os nativos em África se devia ao facto dos africanos comerem NOVENTA POR CENTO   de ALIMENTOS RICOS  em FIBRAS VEGETAIS,  que não chegam a ser absorvidos no intestino e  saem nas fezes praticamente intactos, aumentando assim o volume fecal, evitando  portanto a prisão de ventre!
Nos últimos anos mais de mil especialistas em todo o mundo  têm publicado artigos em jornais e revistas médicas  sobre  as observações da equipa médica do Dr. Burkitt, CONFIRMANDO que os alimentos melhores para a nossa saúde são aqueles que têm mais fibras vegetais  não-reabsorvíveis e que  nos obrigam a visitar mais vezes a retrete….
  Eu tive oportunidade de ouvir uma conferência sobre este assunto pelo Dr. Burkitt,  há vários anos,  no Hospital de Roger Williams,  em  Providence,  Rhode Island,  na qual o famoso médico  usou esta frase bombástica:
"É MAIS IMPORTANTE SABERMOS O VOLUME DA MERDA DIÁRIA DUMA PESSOA DO QUE O VALOR DO SEU AÇÚCAR OU DO SEU COLESTEROL!"

BENEFÍCIOS  DO CALDO VERDE

Para apreciarmos as maravilhosas qualidades do caldo verde temos que primeiro  analisar o nosso aparelho  digestivo. Qual é o comprimento  do nosso tubo digestivo?  Qual é a distância que vai da boca até ao ânus?

Resposta: O comprimento do nosso tubo digestivo é quase SETE vezes a altura de cada pessoa! Deste modo se um homem tem de altura um metro e meio, o seu tubo digestivo possui DEZ METROS de comprimento!  É igual à mangueira de regar o quintal!...                                    
Agora compreendemos melhor porque é que a Natureza  exige que a nossa alimentação contenha 90 por cento  de alimentos com fibras vegetais que não sejam reabsorvidas.

É  preciso que a nossa alimentação contenha substâncias que não desapareçam, que não sejam reabsorvidas, no percurso do tubo  digestivo, porque de contrário não  chegará nada ao fim do canal que tem em média mais de dez metros de comprimento…
Analisemos agora  o conteúdo do caldo verde:

COUVES -  As couves são a parte mais importante do caldo verde porque são muito ricas em fibras não-reabsorvíveis.  Além disso as couves são muito ricas em vitamina A  e  complexos B (tiamina, riboflavina e niacina). Possuem  também cálcio, ferro, fósforo, potássio,  mas  têm poucas calorias.
AZEITE -- O azeite deve ser português porque é muito rico em ácidos não-saturados que fazem baixar o colesterol mau.
BATATA --  serve para amaciar, tornar  mais homogéneo o sabor do caldo verde e o seu valor calórico não está fora de ordem.
ÁGUA QUENTE -- A água quente do caldo verde é muito importante, porque  faz funcionar muito melhor  os sucos digestivos e os fermentos ou enzimas do aparelho digestivo.   A água quente faz descontrair os esfíncteres ou válvulas do aparelho digestivo, estimula a contracção normal da  vesícula biliar e relaxa o estômago  e os  intestinos  delgado e grosso, tornando a nossa digestão agradável e saudável.

SAL-- Não deve ser exagerado.Só o preciso! e usar apenas o SAL MARINHO  Integral de 1ª. - SAL das salinas.

CHOURIÇO --  O chouriço - para ser cortado às rodelas e pôr no caldo verde -- deve ser cozido à parte para se  deitar fora a água porque  esta contem  os produtos cancerígenos do  chouriço  devido ao processo de ter sido   defumado.
BROA -- A broa deve ser à moda portuguesa feita com o farelo  e  farinha  de milho  como se coze na  nossa terra.
Quem comer uma malga de caldo verde todos os dias não tem prisão de ventre!
Quem não tem prisão de ventre não tem hemorróidas! Por outro lado  uma pessoa fazendo as suas necessidades diariamente, o fígado é obrigado a produzir mais bílis e a  vesícula a expelir mais sais biliares  para untar a tripa por dentro para que os alimentos deslizem melhor.
Deste modo saindo mais bílis (rica em colesterol)  para o exterior  através  das fezes, dá-se uma baixa de colesterol no sangue, diminuindo os riscos de ataques cardíacos e de pedras da vesícula (compostas por colesterol)! O caldo verde faz também  com que a pessoa emagreça e se torne mais saudável e mais feliz.

CANCRO DO CÓLON

Tem-se verificado uma relação directa entre a prisão de ventre e o cancro do cólon ou do intestino grosso. Porquê?  Porque quando há prisão de ventre as fezes ficam paradas no intestino grosso, ou cólon e assim  os produtos tóxicos  contidos nas FEZES RETIDAS bombardeiam as células da mucosa intestinal de tal maneira  que com a  REPETIÇÃO  deste processo  desencadeia-se  o princípio do cancro do cólon ou do intestino grosso que é uma doença terrível!

Como contra prova dos estudos que a  equipa do Dr. Burkitt  observou   em África,   deram-se  aos nativos africanos   dietas  iguais  à que os ingleses e americanos usam com McDonalds, "ice cream" ou sorvetes, pizzas, lasanhas, batatas fritas, etc. Inverteu-se a dieta: em vez de 90 % de dieta com vegetais os nativos africanos  passaram a ter uma dieta de SÓ DEZ  por cento de vegetais. 
Resultados: Os nativos começaram a engordar, o colesterol começou a subir, passaram a ter prisão de ventre e a desenvolver hemorróidas como os ingleses e os americanos!
Parece incrível, mas é verdade! No fim do século XX são os povos primitivos a ensinar ao homem civilizado, ao homem dos produtos sintéticos e das pastilhas qual é a alimentação mais saudável!
Há mais de 40 anos visitei as Termas de Melgaço no Norte de Portugal. Estas termas são especialmente dedicadas a  doentes diabéticos,  cardíacos e renais.
Observei então que fazia parte do tratamento obrigatório, a todas as refeições diárias,  um grande prato de caldo verde.
E todo o doente que quisesse  comer fora das três  refeições só podia  comer mais  outro prato de caldo verde!  O certo é que todos os doentes melhoravam das suas enfermidades!
Ainda hoje em Coimbra quando os estudantes fazem uma farra ou há uma reunião de curso e se come e  se bebe exageradamente… depois duma bela  guitarrada,  à meia noite,  serve-se sempre um caldo verde -- bem quente --  para "limpar e acalmar as entranhas"...
Quando tiver uma festa grande em sua casa faça o mesmo: ofereça aos seus convidados um caldo verde para   despedida e para terem boa viajem!...


RECEITA DO CALDO VERDE À MODA  DE VALENÇA DO MINHO

Dois  litros de água; 4 colheres de sopa de azeite português; 750 gramas de batatas; 1 ou 2 couves galegas conforme o tamanho; sal; 1 chouriço (cozido à parte); broa.

TÉCNICA:  Deita-se a água numa panela com o azeite e as batatas descascadas cortadas em 4 pedaços.  Põe-se sal quanto baste e deixa-se ferver. Quando as batatas estiverem cozidas, tiram-se e passam-se por um passador.  Voltam à panela para apurar. Entretanto cortam-se as couves  em tiras o mais fino possível. Lavam-se e deitam-se na panela QUINZE minutos antes da sopa  ser servida, deixando a panela ferver DESTAPADA.
Serve-se o caldo verde em  tigelas de barro, com uma rodela de chouriço e um bocadinho de broa.
Como  já se encontram  à venda na Nova Inglaterra as deliciosas sardinhas portuguesas congeladas, pode ser que algum dia algum comerciante se lembre de fazer  coisa semelhante  e nos mande  as couves galegas já cortadas às tirinhas em caixinhas congeladas, prontas a meter na panela,  para saborearmos,  mesmo durante o Inverno severo na  América,  o nosso  genuíno caldo verde!
INTERESSANTE!!!!!

AS RATAZANAS POLÍTICAS

São muito mais perigosas que os roedores de 4 patas


Diga o que disser a Constituição

Telmo Azevedo Fernandes


Em Portugal não existem processos de impeachment a presidentes da República pelo manifesto e grosseiro incumprimento das suas funções. Por isso Marcelo continuará impávido no Palácio de Belém. Quanto ao primeiro-ministro, os tiques de brutamontes político e falta de escrúpulos para se manter no poder são bem conhecidos e, portanto, não há nenhuma expectativa de um acto de contrição e muito menos de demissão.

Mas depois do contundente raspanete dos tribunais, as ratazanas políticas entendem que numa futura emergência sanitária “é preciso ter tudo bem certinho” e por isso querem fazer uma revisão da Constituição para tornar constitucional tudo o que se passou, ou seja, em vez de conformar as leis e a prática política ao cumprimento da Constituição, altera-se a Constituição existente para dar suporte legal aos actos governativos e administrativos que forem convenientes a quem está no poder.  Por isso o bastonário da Ordem dos Advogados alertou que se trata de uma “deriva muito preocupante” e o Presidente do Tribunal Constitucional uma “situação comatosa” do Estado de direito.

Tal como todos os partidos abriram no Parlamento a porta para a reinstalação da censura por via legal com a aprovação da «carta dos direitos digitais», também agora PSD e PS estão mancomunados para subverter a Constituição, garantindo salvo-conduto a intromissões dos governos na liberdade das pessoas, desconsiderando direitos e garantias dos cidadãos contra abusos do Estado e conferindo enquadramento legal à possibilidade de permanente governação em estado de excepção a pretexto de emergências sanitárias. Prevê-se que o estado de emergência passe a ser declarado por burocratas ou técnicos, sem controlo e vigilância democráticas dos órgãos de soberania, quando antes era necessária uma proposta do Presidente da República, uma autorização da Assembleia da República, consulta ao Governo, e tinha duração máxima de quinze dias. A possibilidade de decreto de estado de excepção constitucional servia até agora precisamente para que o Estado não pudesse reclamar poderes que extrapolassem o âmbito de um regime democrático.

De fininho, em Junho de 2021, o Governo constituiu uma comissão técnica para mascarar a tramóia e, sem escrúpulos, arregimentou para o cambalacho da elaboração do anteprojecto da Lei de Emergência as entidades que deveriam fiscalizar as iniciativas legislativas (como a Provedoria de Justiça e a Procuradoria-geral da República). Esta nova lei de emergência sanitária para a qual se procura agora dar enquadramento constitucional, consegue, por exemplo, a proeza de justificar a prisão arbitrária de pessoas desde que esteja administrativamente regulada.

Para contornar a ilegalidade de todas as medidas políticas adoptadas com argumentário sanitário desde 2020, o PSD e o PS estão articulados para

Durante mais de dois anos e meio, a pretexto de um vírus respiratório oriundo da China, muita gente com relevância e notoriedade públicas manteve-se asquerosa e cobardemente muda perante os mais canalhas atentados à liberdade a que assistimos nas últimas décadas.

Esses mesmos que procuram agora voltar a uma sã convivência social, disfarçando a sua condição de alucinados egoístas borrados de medo que os fez condescender com políticas medievais e uma vertigem sádica a pender para o fascismo sanitário.

Quase todos os políticos, dirigentes e especialistas que orgulhosamente se autoproclamaram «agentes de saúde pública» e que manipularam a população com base num pervertido método dito «científico» para um execrável caminho de segregação, condicionamento psicológico e controlo comportamental, estão hoje a ensaiar um revisionismo da história das suas responsabilidades e culpas pela desgraça social e a calamidade do excesso de mortalidade que as suas decisões provocaram e conselhos apoiaram.

Entretanto, são já mais de duas dezenas os acórdãos do Tribunal Constitucional que esclareceram que as medidas tomadas pelo Governo, autoridades regionais, Direcção-Geral de Saúde e promulgadas pelo Presidente da República a coberto do suposto «combate» à epidemia sars-cov-2 atropelaram direitos fundamentais dos portugueses e competências da Assembleia da República. Os juízes afirmaram mesmo que constituíram uma forma de privação da liberdade total inadmissível num Estado de Direito e que essas normas podem considerar-se mais gravosas até do que o encarceramento prisional.

Já poucos se lembram que em Abril de 2020, quando o primeiro-ministro foi questionado sobre a legalidade das medidas tomadas pelo governo, António Costa disse de forma bruta e típica de um tiranete: “Eu também sou jurista e sei a capacidade enorme que os juristas têm de inventar problemas. Felizmente, a realidade da vida é muitíssimo mais prática”; “Diga o que disser a Constituição”. Na mesma altura disse com o seu habitual sorriso cínico “respeitar muito as dúvidas dos constitucionalistas” e passou a bola para Marcelo.

Contudo, apesar de Marcelo ser professor de Direito e Constitucionalista e enquanto Presidente da República ser sua principal função zelar pelo cumprimento da Constituição do país, não só não cumpriu os seus deveres, como foi conivente com uma flagrante ilegalidade, incentivando, na prática, a manutenção de uma inconstitucionalidade.

Porém, o Tribunal Constitucional deixou finalmente claro que essas decisões foram um abuso desprovido de qualquer controlo ou sensatez.

consagrar que possa ser o Governo a declarar uma emergência de saúde pública de modo unilateral, passando apenas por uma resolução do Conselho de Ministros. Isso permitiria adoptar, sob a capa de uma legalidade contrafeita, as medidas que mereceram total repúdio do Tribunal Constitucional como isolamentos, quarentenas, testagem generalizada e confinamentos preventivos baseados em conceitos vagos e falíveis de «risco», «necessidade» e «ameaça iminente» que radicariam em pareceres especulativos e preditivos de uma futura «Comissão Científica» a ser nomeada para o efeito pelo próprio Primeiro-Ministro. É um pouco como escolher o carrasco de um condenado à morte para seu advogado de defesa.

De uma assentada, a revisão constitucional que se quer fazer ilibará de responsabilidades políticas e até criminais os protagonistas de todas as decisões anteriores.

Pior ainda: a Constituição deixa de ser uma defesa do cidadão perante os abusos do Estado e dos governos e passa a ser uma justificação para a sonegação dessa protecção legal de acordo com os estados de alma de quem está no poder.

Democracia e Liberdade são conceitos diferentes. Não são os políticos que garantem a Liberdade, nem são as leis que tornam uma sociedade livre. Apenas as nossas atitudes pessoais nos podem proteger das intromissões ilícitas do Estado que corrompem o espaço privado e violam direitos naturais.

Assim sendo, devemos apelar à consciência de cada um dos 230 deputados eleitos e exigir que se comportem como gente adulta decente e digna, recusando dar o seu voto a uma revisão constitucional perversa, furando a disciplina de voto dos seus partidos se necessário for.

Nota editorial: Os pontos de vistas expressos pelos autores dos artigos publicados nesta coluna poderão não ser subscritos na íntegra pela totalidade dos membros da Oficina da Liberdade e não reflectem necessariamente uma posição da Oficina da Liberdade sobre os temas tratados. Apesar de terem uma maneira comum de ver o Estado, que querem pequeno, e o mundo, que querem livre, os membros da Oficina da Liberdade e os seus autores convidados nem sempre concordam, porém, na melhor forma de lá chegar.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo

O caminho para o socialismo

O SOCIALISMO É A FILOSOFIA DO FRACASSO, A CRENÇA NA IGNORÂNCIA, A PREGAÇÃO DA INVEJA. O SEU DEFEITO INERENTE É A DISTRIBUIÇÃO IGUALITÁRIA DA MISÉRIA.

Winston Churchill

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Os exemplos negativos concretos em Portugal (veja-se o artigo anexo) são tantos e tão variados que não consigo dar nota positiva ao nível de inteligência dos que aplaudem entusiásticamente o percurso que estamos a percorrer – a menos que seja para lucro próprio!

Mas isso exige terem um conceito de honestidade diferente do meu.

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Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo

impertinencias.blogspot.com


Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Tardou, mas não faltou. Depois de várias semanas com os casos, mais de polícia do que de justiça, a saltarem no lume dos mídia (os coitados dos jornalistas amigos viram-se impotentes para filtrar a escandaleira), finalmente, deu à luz a «cabala», modalidade socialista das teorias da conspiração. Desta vez sob a forma de «dilúvio acusatório», na versão pós-moderna costista.

Não perderemos pela demora. O PS vai certamente adoptar as devidas medidas e incrementar a nomeação das pessoas certas no aparelho judicial e em todo o lado, incluindo as entidades de regulação, como já vem fazendo.

É claro que mesmo as pessoas certas no lugar certo não podem resolver tudo e o Dr. Costa não deve distrair-se e confirmar por SMS um telefonema ao governador do BdP sobre a Dr.ª Isabel dos Santos, que diz não ter acontecido. Nem podia ter dito ao mesmo governador, que não era um governador amigo, como no passado o Dr. Constâncio e no presente o Dr. Centeno, que ele tinha um «preconceito» em relação a nomear militantes do PS.

Ter as pessoas certas no lugar certo

Um exemplo prático de como é importante ter as pessoas certas no lugar certo, além do caso do ex-governador do BdeP que está a embaraçar o Dr. Costa, é o Tribunal de Contas que uma vez mais avalia criticamente as medidas do governo, neste caso na resposta à pandemia, a que, diz, falta "rigor", "transparência" e “escrutínio”.

Take Another Plan. São os melhores a ficar em terra e a deixar ficar em terra

Como condição para autorizar as “ajudas” à TAP a Comissão Europeia obrigou o governo accionista a libertar alguns slots (faixas horárias para aterrar e levantar) para a easyJet. Agora a TAP queixou-se que depois disso a easyJet utilizou mais mangas em proporção do número de voos. Qual a razão? A ANA explicou que isso acontece porque os aviões da TAP ficam duas vezes e meia mais tempo em terra do que os da easyJet que não segue o modelo da TAP de «deitar dinheiro para a sanita».

A TAP não deixa apenas em terra os seus aviões, deixa também em terra os seus passageiros e atrasa o pagamento de 122 milhões de reembolsos devidos pelos voos cancelados, prática que levou a autoridade americana dos transportes a aplicar uma coima de 550 mil euros.

Portugueses no topo da Óropa

Graças ao Estado sucial ocupado pelos novos situacionistas, que sucedeu ao Estado Novo ocupado pelos velhos situacionistas, o Portugal dos Pequeninos está à cabeça da Óropa em matéria de emigração: 20% da população residente. A diferença entre o Estado sucial e o Estado Novo é que no primeiro emigrava-se principalmente para França, Luxemburgo e Alemanha e no segundo a preferência está a voltar-se para o norte da Óropa.

Boa Nova. Um governo que não consegue planear a 6 meses faz plano para 30 anos

O Dr. Pedro Nuno, o apparatchik enfatuado que faria tremer as perninhas dos banqueiros alemães e torrou mais de 3 mil milhões do dinheiro dos contribuintes para nacionalizar uma TAP que agora pretende privatizar, apresentou um plano ferroviário para os próximos 30 anos.

Computadores para a escolas, um case study do socialismo em acção
Em retrospectiva, em Abril de 2020 foi anunciada a compra de 1.200.000 computadores, só autorizada em Julho. Em Janeiro do ano passado, tinham sido entregues 100 mil. Em Março do ano passado foi anunciado pela terceira ou quarta vez a aquisição de mais 350 mil. O Tribunal de Contas concluiu em Julho seguinte no seu relatório que 60% dos computadores anunciados só estariam disponíveis no próximo ano lectivo 2021-2022. Em Agosto deste ano, mais de dois anos depois, uma auditoria do TdC constatou que não foram distribuídos 350 mil computadores e que foram pagos 1,3 milhões de euros por acesso não utilizado à internet. A semana passada, o jornal Público noticiou que ainda há 200 mil portáteis pagos pelo PRR encaixotados nas escolas.

Um governo que não consegue planear a 6 meses, nem distribuir computadores, quer promover o hidrogénio verde
Em 2019, o Dr. Galamba, outro apparatchik enfatuado que foi um peão de brega do socratismo, na qualidade de SE da Energia «abraçou o hidrogénio como bandeira de uma matriz energética limpa». Decorridos três anos e uma investigação judicial encalhada algures numa repartição, «os projetos de hidrogénio verde estão a multiplicar-se como cogumelos. Mas são ainda pouquíssimos os que já saíram do papel.» Não saíram nem sairão do papel enquanto a tecnologia do hidrogénio verde não estiver tecnologicamente madura, maturação que só por milagre acontecerá num país em que a investigação e a ciência aplicada são uma treta e a indústria de alta tecnologia é uma ficção.
Finalmente foi encontrada uma serventia para o ministro da Ecoanomia
Serventia que foi fazer de comité de recepção à dúzia de jovens patetas radicais do Movimento Fim ao Fóssil – Ocupa! que exigia a sua demissão. Pela boca de um deles, o grupo declarou à SIC Notícias que estava contra o plano do ministro e perguntado pela jornalista o que não concordava nesse plano confessou que não o conhecia.
Vantagens de não sair do papel: (1) contas certas e (2) pode ser anunciado várias vezes
Do pacote “Energia para Avançar” de 1,4 mil milhões de apoio às empresas, mais de metade «ainda não saiu do papel» dois meses depois de ter sido anunciado com pompa e circunstância.

«Torrar dinheiro em coisas que não valem pevide»
A boutade em título aplicada por João Serrenho da CIN ao Banco de Fomento poderia ser aplicada com a mesma propriedade à Portugal Ventures, a sociedade de capital de risco do Estado sucial, que assinou um acordo de intenções com o PhD Ricardo Mourinho, o empresário que recebeu 300 mil euros de rendas adiantadas de um «pavilhão transfronteiriço» em Caminha que também não saiu do papel.
De volta ao velho normal
Lembram-se dos défices gémeos (da balança comercial e do orçamento) que assolaram o Estado sucial durante a maior parte dos anos desde a demolição do Estado Novo? Com as medidas do resgate pela troika, o défice melhorou e a balança comercial quase se equilibrou no final do governo PSD-CDS. Desde então tem vindo a deteriorar-se, como se vê no gráfico seguinte.



É o caminho para aumentar o défice externo, isto é o défice conjunto das balanças correntes de capital, que em Setembro atingiu 2,2 mil milhões contra 1,0 mil milhões no mesmo mês do ano passado. Lembram-se o que aconteceu da última vez nos idos de 2008-2011 e do que se seguiu?

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Computadores para a escolas, um case study do socialismo em acção

Computadores para a escolas, um case study do socialismo em acção

EXEMPLO PORTUGUÊS DO SOCIALISMO EM ACÇÃO

Em retrospectiva, em Abril de 2020 foi anunciada a compra de 1.200.000 computadores, só autorizada em Julho.

Em Janeiro do ano passado, tinham sido entregues 100 mil.

Em Março do ano passado foi anunciado pela terceira ou quarta vez a aquisição de mais 350 mil.

O Tribunal de Contas concluiu em Julho seguinte no seu relatório que 60% dos computadores anunciados só estariam disponíveis no próximo ano lectivo 2021-2022.

Em Agosto deste ano, mais de dois anos depois, uma auditoria do TdC constatou que não foram distribuídos 350 mil computadores e que foram pagos 1,3 milhões de euros por acesso não utilizado à internet.

A semana passada, o jornal Público noticiou que ainda há 200 mil portáteis pagos pelo PRR encaixotados nas escolas.

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1,3 milhões de euros que ‘eu paguei’ por acesso – não utilizado – à internet!!!!!!!!!!

200.000 computadores portáteis ainda não distribuídos porque … ‘ninguém os quer’!!!!!!!

É o ‘socialismo à portuguesa’

PORCA MISERIA

No triclinium

A defunta Madre Teresa, o Papa Benedito, o sempre bem disposto Dalai-Lama, o senhor António da garagem, você, o seu vizinho do terceiro, eu próprio - todos temos maus hábitos. Uns mais do que outros, alguns até ao exagero, e esses são os que se apressam a apontar o dedo.

Entre os meus, na verdade poucos, dizem-me que um dos que mais irritam é o de que pareço incapaz de responder séria e laconicamente, quando me contam um caso ou pedem uma opinião. Segundo os que me acusam, em vez de dizer sim ou não, começo por contar uma história que, na opinião deles, raro tem a ver com o assunto.

Dias atrás falava-se de um casal desavindo e dos argumentos com que cada um procurava demonstrar a sua razão. Quando quiseram saber de mim o que decidiria, eu, mau Salomão, repliquei com a história que, em casos semelhantes, é a minha favorita.


Foi em Roma, na era de César. Um poderoso, rico e muito elegante senador convidou os seus melhores amigos para jantar. Antes, porém, de fazerem as abluções e passarem ao triclinium – a sala de jantar com os clássicos três leitos - não querendo perturbar os convivas durante a refeição, anunciou logo ali que se ia divorciar.

Pasmo geral. Como podia acontecer semelhante coisa? Então não era a sua esposa uma das mulheres mais ilustres do Império? Das mais inteligentes? Haveria outra que a igualasse em beleza ou elegância? Tinha ele entontecido?

O senador ouviu-os em silêncio. Finalmente, chamando um escravo, ordenou que lhe desapertasse uma sandália e, com um gesto teatral, mostrou-a aos amigos, pedindo que lhe dissessem o que pensavam dela. E eles que sim, claro, não havia sandália mais elegante, de cabedal mais fino, melhor forma ou mais belos enfeites.

- De facto, meus amigos, de facto! Bela. Bonita. Nova. De excelente qualidade. Mas digam, onde é que ela me magoa?

Autor : J. Rentes de Carvalho (blog ‘Tempo Contado’)

Afinal, o que foi que aconteceu em CUBA em 1959?

A primeira nação da América Latina que utilizou máquinas e barcos a vapor foi Cuba, em 1829.

A primeira nação da América Latina e a terceira no mundo (atrás da Inglaterra e dos EUA), a ter uma ferrovia foi Cuba, em 1837.

Foi um cubano quem primeiro aplicou anestesia com éter na América Latina em 1847.

A primeira demonstração, a nível mundial, de uma indústria movida a electricidade foi em Havana, em 1877.

Em 1881, foi um médico cubano, Carlos J. Finlay, que descobriu o agente transmissor da febre-amarela e definiu a sua prevenção e tratamento.

O primeiro sistema eléctrico de iluminação em toda a América Latina e Espanha foi instalado em Cuba, em 1889.

Entre 1825 e 1897, 60 a 75% de toda a renda bruta que a Espanha recebeu do exterior veio de Cuba.

Antes do final do Século XVIII Cuba aboliu as touradas por considerá-las "impopulares, sanguinárias e abusivas com os animais".

O primeiro “carro eléctrico” que circulou na América Latina foi em Havana em 1900.

Também em 1900, antes de em qualquer outro país na América Latina, foi a Havana que chegou o primeiro automóvel.

A primeira cidade do mundo a ter telefones com ligação directa (sem necessidade de telefonista) foi Havana, em 1906.

Em 1907, foi estreado em Havana o primeiro aparelho de Raios-X de toda a América Latina.

Em 19 Maio de 1913 quem primeiro realizou um voo em toda a América Latina foram os cubanos Agustin Parla e Rosillo Domingo, entre Cuba e Key West, que durou uma hora e quarenta minutos.

O primeiro país da América Latina a conceder o divórcio foi Cuba, em 1918.

O primeiro latino-americano a ganhar um campeonato mundial de xadrez foi o cubano José Raúl Capablanca. Ele venceu todos os campeonatos mundiais de 1921-1927.

Em 1922, Cuba foi o segundo país no mundo a abrir uma estação de rádio e o primeiro país do mundo a transmitir um concerto de música e a fazer noticiários radiofónicos.

A primeira locutora de rádio do mundo foi uma cubana: Esther Perea de la Torre. Em 1928, Cuba tinha e 61 estações de rádio, 43 delas em Havana, ocupando o quarto lugar no mundo, perdendo apenas para os EUA, Canadá e União Soviética. Cuba foi o primeiro no mundo em número de estações por população e área territorial.

Em 1937, Cuba foi o primeiro país de toda a América Latina a decretar a jornada de trabalho de 8 horas, o salário mínimo e a autonomia universitária.

Em 1940, Cuba foi o primeiro país da América Latina a ter um presidente da raça negra, eleito por sufrágio universal, por maioria absoluta, quando a maioria da população era branca. Adiantou-se pois em 68 anos aos Estados Unidos.

Em 1940, Cuba aprovou uma das mais avançadas Constituições do mundo. Na América Latina foi o primeiro país a conceder o direito de voto às mulheres, igualdade de direitos entre os sexos e raças, bem como o direito das mulheres ao trabalho.

O movimento feminista na América Latina apareceu pela primeira vez no final dos anos trinta em Cuba. Ela se antecipou à Espanha em 36 anos, que só vai conceder às mulheres espanholas o direito de voto, a posse de seus filhos, bem como poder tirar passaporte ou ter o direito de abrir uma conta bancária sem autorização do marido, depois de 1976.

Em 1942, um cubano tornou-se o primeiro director musical latino-americano duma produção cinematográfica mundial e também o primeiro a receber indicação para o Óscar. Seu nome: Ernesto Lecuona.

O segundo país do mundo a emitir uma transmissão pela TV foi Cuba em 1950. As maiores estrelas de toda a América foram para Havana para actuarem nos seus canais de televisão.

O primeiro hotel a ter ar condicionado em todo o mundo foi construído em Havana: o Hotel Riviera em 1951.

O primeiro prédio construído em betão armado em todo o mundo ficava em Havana: O Focsa, em 1952.

Em 1954, Cuba tinha uma cabeça de gado por habitante. O país ocupava a terceira posição na América Latina (depois de Argentina e Uruguai) no consumo de carne per capita.

Em 1955, Cuba é o segundo país na América Latina com a menor taxa de mortalidade infantil (33,4 por mil nascimentos).

Em 1956, a ONU reconheceu Cuba como o segundo país na América Latina com as menores taxas de analfabetismo (apenas 23,6%). As taxas do Haiti eram de 90% e as da Espanha, El Salvador, Bolívia, Venezuela, Brasil, Peru, Guatemala e República Dominicana eram de 50%.

Em 1957, a ONU reconheceu Cuba como o melhor país da América Latina em número de médicos por habitantes (1 por 957 habitantes), com o maior percentual de casas com energia eléctrica, depois do Uruguai, e com o maior número de calorias (2870) ingeridas per capita.

Em 1958, Cuba é o segundo país do mundo a emitir a cores uma transmissão de televisão.

Em 1958, Cuba era o país da América Latina com maior número de automóveis (160.000, um para cada 38 habitantes). Era o país com mais electrodomésticos por 1000 habitantes e o país com o maior número de quilómetros de ferrovias por Km2 e o segundo no número total de aparelhos de rádio.

Ao longo dos anos cinquenta, Cuba detinha o segundo e terceiro lugar em internamentos hospitalares per capita na América Latina, à frente da Itália e com mais que o dobro que a Espanha.

Em 1958, apesar da sua pequena extensão e possuindo apenas 6,5 milhões de habitantes, Cuba era a 29ª economia do mundo.

Em 1959, Havana era a cidade do mundo com o maior número de salas de cinema (358) batendo Nova York e Paris, segundo e terceiro lugares, respectivamente.

Afinal, o que foi que aconteceu em CUBA em 1959?

AFP

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

A MAIORIA DAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS INFLACCIONA AS NOTAS DOS ALUNOS

A notícia de 07-01-2023

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Olha que novidade! O outrora medíocre é actualmente suficiente, com tendência para bom. E o pior (para a vida) não é o aluno ‘não saber nada’… tem sempre tempo de aprender, ‘se e quando’ chegar à conclusão que não sabe o suficiente…

O pior é pensar que é bom (quando afinal é suficiente ou mesmo, medíocre)!

E – acima de tudo – nunca foi colocado numa situação em que a sua avaliação depende exclusivamente duma prova ou dum conjunto de provas feitas num curto espaço de tempo. E, nunca foi colocado numa avaliação ORAL (para averiguar se sabe raciocinar sob a pressão da realidade)! Porque na vida real é assim!

Termina o 12º ano da escolaridade obrigatória (com 18 anos, idade em que pode votar para escolher os governantes do país e é legalmente um adulto) sem nunca ter sido chamado a prestar provas orais a sério (de que poderão resultar a sua reprovação)!

E depois? Depois, já ‘Dr.’, concorre a uma posição da Comissão Europeia (em competição com outros ‘Drs.’ de outras nacionalidades) e… não tem sucesso… possivelmente porque ‘se foi abaixo’ nos exames que teve de fazer, por ‘não aguentar a pressão’. Nunca teve de raciocinar ao seu melhor nível, sob pressão

E – a culpa maior – não é dele! Foi ‘enganado’ pelo SISTEMA. O medíocre é BOM mas – atenção – isso só vale ‘cá por casa’…

Entretanto o próprio SISTEMA (finalmente consciente da desgraça a que o facilitismo progressivo e progressista conduziu umas gerações de adolescentes) está a tentar fazer com que um conjunto de 4 exames para o acesso às universidades e ao título de ‘Dr.’ valham pelo menos 50% da avaliação final.

Está ‘tudo aos gritos’ porque é DESUMANO!

No meu tempo de adolescente (com 17 anos) um conjunto de 6 exames feitos num período de umas 2 semanas, valiam 100% da avaliação para admissão à universidade!

DESUMANO? Não sei. Mas sei que actualmente os nossos jovens já estão em desvantagem perante os doutras nacionalidades.

PORCA MISERIA.

Costa vestiu a samarra de Vinhais. E agora finge que não

É impossível estar há quase 50 anos enfiado no aparelho socialista, como Costa está, e não fazer ideia do que é Vinhais ou desconhecer que Carla Alves é a esposa do homem que presidiu a câmara local.

Não façam de nós parvos. Não é aceitável que António Costa, sempre a encher a boca com os anos que já leva em funções executivas – e com razão: começou no século passado como secretário de Estado de Guterres –, venha agora armar-se em desmemoriado quando o nome de Carla Alves está em todas as manchetes. António Costa abordou o tema no Parlamento como se nunca tivesse ouvido falar da “senhora”. Ora, é impossível estar há quase 50 anos enfiado no aparelho socialista, como Costa está, e não fazer ideia do que é Vinhais ou desconhecer que Carla Alves é a esposa do homem que entre 2005 e 2017 presidiu à câmara local. Use as ferramentas de partilha que encontra na página de artigo.

O caso Carla Alves é muito mais grave do que o caso Alexandra Reis. A secretária de Estado só esteve no Governo 26 horas, mas as explicações de António Costa no Parlamento ficam para a eternidade – e são uma tristeza do princípio ao fim. O primeiro-ministro teve a suprema lata de dar lições de feminismo a Catarina Martins e de perguntar sonsamente: “Vou demitir a mulher de alguém só porque o marido é acusado?” A resposta é óbvia: claro que vai. Tal como se amanhã o Ministério Público descobrir centenas de milhares de euros suspeitos na conta da sua mulher, António Costa também terá de se demitir. É preciso explicar porquê?

Vinhais, onde o Ex-autarca socialista Américo Pereira está a braços com a justiça, não é uma vila qualquer. É socialista há tanto tempo quanto António Costa é governante. É a terra onde Armando Vara nasceu, cresceu e floresceu. Faz parte do núcleo do PS de Trás-os-Montes, que tem tido grande peso no partido desde o tempo de José Sócrates. Até a actual vice-presidência da Assembleia da República é ocupada por dois transmontanos: a socialista Edite Estrela e o social-democrata Adão Silva. Querem mesmo convencer-nos de que ninguém fazia ideia de quem era o marido de Carla Alves, excepto o Correio da Manhã?

António Costa visitou a Feira do Fumeiro de Vinhais em 2017. Foi recebido em festa por Américo Pereira, com Carla Alves a seu lado. Há vídeos e fotos. Elogiou “o contributo do autarca socialista para o desenvolvimento da sua terra”. Considerou-o “um bom sinal daquilo que é o novo papel dos autarcas”. Em troca, recebeu uma bela samarra, e foi o próprio Américo Pereira quem a colocou aos seus ombros. Essa samarra, à qual deu bom uso nos dias de frio (vimo-lo muitas vezes com ela), é uma excelente metáfora da posição em que o primeiro-ministro hoje se encontra: enrolado em mais um caso deplorável, por opção própria.

Em Maio de 2022, recebi um e-mail de um leitor de Vinhais. Alertava-me para a acusação contra Américo Pereira avançada pelo Jornal de Notícias. Explicou-me que tinham trabalhado de perto e que, por isso, era “um dia bom para aqueles", como ele, "que sofreram na pele as consequências de enfrentar o senhor presidente de câmara”. Ontem enviou-me um novo e-mail a destruir a tese do “não sabia”: “Não há erro de casting nenhum. Toda a gente no aparelho regional do PS sabe quem é Américo Pereira. E, já agora, a mulher.”

São mentiras, mentiras e mais mentiras. E enquanto o Governo se afunda sob o peso de tanta mentira, o Ministério da Agricultura responde à notícia do PÚBLICO – aquela em que se afirma que Carla Alves tinha informado a ministra das contas arrestadas – deste modo: “Maria do Céu Antunes não tinha conhecimento de qualquer envolvimento de Carla Alves em processos judiciais.” Eis a habilidade linguística a deslizar para a miséria moral. Até quando?

João Miguel Tavares

O autor é colunista do PÚBLICO

LEMBRAM-SE DA ‘IMUNIDADE’ DE GRUPO’?

Era um objectivo a atingir quando ‘quem mandava’ era a COVID.

O PS, terminados que foram esses tempos (de que se serviu para reduzir ao máximo a capacidade de raciocínio inteligente do eleitorado, e que culminou com a obtenção duma maioria absoluta), arrancou para objectivos mais altos e rentáveis, que já estão quase alcançados:

A ‘IMPUNIDADE’ DE GRUPO

Os exemplos são muitos e variados, já tendo sido estendida de membros do governo e familiares, a autarcas e administrações de empresas públicas (como a TAP) …

O objectivo final ‘TUDO PARA A MANADA’ está mais perto de ser uma realidade que o que muitos julgam.

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Comentário Pessoal:

Que ordens é que o Armando Vara não terá cumprido (possivelmente algo relacionado com a posição que lhe deram de vice-presidente do BCP Millennium) para já lhe terem aplicado 5 anos de prisão por tráfico de influências (no processo ‘Face Oculta’) e 2 anos por branqueamento duma pequena quantia de 2 milhões de euros (no processo ‘Operação Marquês’, para o que foi necessário extrair uma certidão para o julgarem à parte e rapidamente). E agora nunca mais lhe dizem quando é que ‘vai dentro’…parece que os juízes estão com dificuldades com a ‘aritmética’…

QUE SIRVA DE EXEMPLO!