domingo, 10 de novembro de 2019

A História de Portugal em banda desenhada, animada.

Muito interessante:

https://www.facebook.com/100001454532782/videos/2363725630352565/?t=129

Um almoço com Pedro Passos Coelho.

Achei Pedro Passos Coelho um homem provavelmente justo e evidentemente decente. Mesmo as pessoas que obviamente despreza são por ele desprezadas com decência, e ridicularizadas com adjectivos justos.

Na quinta-feira, almocei com Pedro Passos Coelho. Nunca tinha falado com ele, o que talvez seja inacreditável para os avençados do PS. Os avençados do PS, que recebem favores ou salário para difamar terceiros, não compreendem que se elogie, estime ou admire um político apenas porque o julgamos merecedor do elogio, da estima ou da admiração. Há muito que, com ocasionais e no fundo ligeiras ressalvas, Pedro Passos Coelho me merece tudo isso, caso raríssimo numa pessoa do seu ofício. Claro que Pedro Passos Coelho dispensa os meus encómios, já que as suas virtudes foram e continuam a ser melhor exaltadas pela intensidade do ódio, ou medo, que lhe dedicam e pelo carácter dos que exibem esse ódio. Ou esse medo. No desolador meio da política, e no miserável meio da política nacional, Pedro Passos Coelho não é um homem comum.

Pedro Passos Coelho pareceu-me um homem comum, embora muito mais educado e muito mais sereno e muito mais resistente do que os homens comuns. Durante anos, os anos em que governou, aconteceu-me imaginar o modo como ele sentiria a fúria organizada e injusta que lhe dedicavam. Após duas ou três horas de conversa, sou capaz de apostar numa resignação suave e, logo a seguir, na indiferença. Estas coisas parecem estranhas à época em que um primeiro-ministro reage às críticas de transeuntes oferecendo-lhes porrada.

Até sob padrões menos radicalmente boçais, Pedro Passos Coelho é diferente: quando alguns dos portugueses lhe confiaram um país em ruínas, e alguns dos portugueses restantes fizeram o possível por manter as condições que determinaram as ruínas, Pedro Passos Coelho fez o impossível e, simples e genuinamente, não ligou aos insultos e às ameaças. Entre sucessivas sabotagens, seguiu o caminho que entendeu adequado à salvação de um pardieiro que não agradece salvamentos. Das vezes em que hesitou no caminho, ou em que mudou de direcção, ou em que falhou claramente, nenhuma terá sido por receio dos bonecos amestrados que berravam a “Grândola” onde calhava.

Sempre suspeitei e agora estou certo de que Pedro Passos Coelho possui o arcaboiço – ou o dom – necessário para conviver em sincera paz com a impopularidade, ainda que uma impopularidade fabricada. Em democracia, e para cúmulo uma democracia minada contra ele, não é uma proeza insignificante: é a matéria de que se compõem os estadistas a sério, por cá, e não só por cá, uma espécie próxima da extinção. Com ele, o exercício do poder não se confunde com a troca de cuecas na praia ou com visitas programadas a reboque do sentimentalismo canalha. Além disso, ao contrário de Sá Carneiro, que conheci em criança, Pedro Passos Coelho não transmite “carisma”. Ao contrário de Soares e Cavaco, que entrevistei há séculos, Pedro Passos Coelho não emana sobranceria nem rigidez, respectivamente. Ao contrário de quase todos os outros, Pedro Passos Coelho não inspira desconfiança, repulsa, depressão ou vergonha. O que se sente em Pedro Passos Coelho é calma.

Num dos erros mais espectaculares da minha infalível carreira de cronista, a princípio não tive qualquer esperança em Pedro Passos Coelho. Comecei o almoço por aí, pela asneira de ter tomado a calma, e a paciência e a polidez dele por tolerância para com os desastres do “eng.” Sócrates. O tempo deu-lhe razão e embaraçou-me devidamente. Também é verdade que a sua paciência com o “eng.” Sócrates não foi infinita, mas essa nem um santo a teria. Pedro Passos Coelho não é um santo, ou um asceta. Achei-o um sujeito com graça, que conta histórias com invulgar clareza e cuja técnica de demolir adversários implica apartes subtis e venenosos, embalados por um sorriso discreto. Achei-o, igualmente, um sujeito sem pingo de rancor. Mesmo as pessoas que obviamente despreza são por ele desprezadas com decência, e ridicularizadas com adjectivos justos. Achei Pedro Passos Coelho um homem provavelmente justo e evidentemente decente.

É plausível, se formos optimistas, que Pedro Passos Coelho não seja o único homem justo e decente da política nacional. É, sem dúvida, o único com estatuto suficiente para devolver um simulacro de civilidade a um regime afundado por brutos ou salteadores (isto se não acumularem). Não é uma mera opinião: é um facto atestado pelo ressentimento que desperta entre os pares que, hoje, claramente não tem. Na política e nas suas metástases, consegue-se criar uma escala da pulhice em que o grau aumenta de forma directamente proporcional à aversão a Pedro Passos Coelho. Sucede que ele dispensa a aversão dos pulhas para se distinguir.

Não lhe perguntei se tencionava regressar (e se perguntasse não diria aqui a resposta). Não sei se a progressiva degradação da nossa vida pública permitirá sequer o seu regresso. Com azar, imenso azar, a dignidade de Pedro Passos Coelho será um dia lembrada enquanto o último, e invulgar, vestígio de um mundo que entretanto se afundou. Aliás, está a afundar-se.

Alberto Gonçalves - Colunista do Observador

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A intolerância dos “tolerantes”

Foi uma vergonha a virulência dos ataques à volta do artigo de opinião de um miúdo de 17 anos. Mas foi também um sinal de alarme: o espaço público está doente, mais intolerante e muito menos livre.

Algo está mal no espaço público quando este fica preenchido por discussões à volta de um artigo de opinião de um miúdo de 17 anos. E algo está ainda pior quando, a propósito desse artigo de opinião, o rapaz de 17 anos que o escreveu se vê alvo de sucessivas tentativas de humilhação, chacota, difamações (a si e à sua família), agressões verbais e bullying nas redes sociais. Foi o que aconteceu a Manuel Bourbon Ribeiro que, numa carta aberta ao país, partilhou a sua opinião sobre os desafios sociais e políticos do momento. Problema? É loiro, tem dois apelidos, parece um “beto” e defendeu o que, no jargão político, se chamaria de “visão conservadora” – algo que, no mundo enviesado do comentário político e das redes sociais, o faz ascender a caricatura da direita conservadora, uma heresia punível com ódio e apedrejamento virtual. Assim, sem perceber como, um miúdo de 17 anos pousou os dois pés num combate político radicalizado – e foi convertido em saco de pancada, não só por “anónimos” mas também por políticos, jornalistas ou humoristas.

Não creio que valha a pena discutir o conteúdo do artigo de opinião em causa. Por maior maturidade que tenha para a sua idade, um artigo de um miúdo de 17 anos estará inevitavelmente repleto de certezas, de generalizações, de frases feitas e de uma certa ingenuidade – e, por isso, acertará numas coisas e errará noutras (faz parte e é mesmo assim). Do mesmo modo, seria contraproducente rebater as violentas acusações de que o autor e a sua família foram alvo – e eu, que até sou amigo da família, sei o quão absurdo foi o teor desses ataques. Ora, pondo tudo isso de parte, o episódio tem algo na sua raiz que justifica uma reflexão sobre o estado do nosso espaço público: a discordância de opinião (e logo com a de um miúdo de 17 anos) justifica o que aconteceu – achincalhamento, agressões verbais, ostracização social? Obviamente que não. Mas, infelizmente, este caso tem cada vez menos algo de especial: o bullying virtual e a agressividade vigente nas redes sociais são a nova realidade, seja no dia-a-dia dos mais novos ou no próprio debate político.

Eis, portanto, o contributo do artigo de Manuel Bourbon Ribeiro. Fazer-nos constatar (novamente) que o espaço público está a ser corroído pelo mau uso das redes sociais, onde as discussões e trocas de opinião foram substituídas por intolerância à diferença e por pessoalização dos ataques. Lembrar-nos do perigo do desaparecimento do diálogo, na medida em que esse vazio abala o pressuposto de ter na discussão e na argumentação os instrumentos nobres para a obtenção das melhores soluções para a comunidade – é, de resto, precisamente essa a vocação de um parlamento: representar as várias visões presentes numa sociedade e pô-las em diálogo. Mostrar que uma sociedade assim, envenenada pelo tribalismo identitário, se fragmenta em grupos radicalizados onde o número faz a força das tiranias de uns que oprimem a liberdade de outros. E, por fim, revelar que esta intolerância tem origem, frequentemente, nos grupos sociais que se dizem mais “tolerantes” mas que, na prática, se alimentam da intimidação e do silenciamento daqueles que de si discordam. Repare-se: mais do que ao conteúdo do artigo, as críticas foram apontadas ao autor – ao seu nome, ao seu aspecto, à sua condição social, ao seu alegado privilégio – e vieram precisamente dos que, à esquerda e em nome de maior justiça social, censuram a perseguição das minorias sociais, rejeitam as avaliações baseadas em preconceitos sociais e pretendem abolir o predomínio da classe na ascensão social. Contra este miúdo de 17 anos, foi tudo isso que fizeram: a mais odiosa rejeição do “outro” surgiu destes “tolerantes”.

Houve um tempo (e não foi assim há tanto tempo) em que, argumentos trocados, se procuravam pontos comuns ou, no limite, acordava-se em discordar. Não é esse o ar deste novo tempo dominado pela imediatez das redes sociais. Já não se ouve o que os outros dizem, fala-se por cima. Já não se argumenta, ataca-se pessoalmente o adversário. Já não se recorre a factos, especula-se através do preconceito. Já não se forjam entendimentos, queimam-se pontes. Já não se formam debates, geram-se fóruns de humilhação. Já não se faz do discurso um nobre instrumento democrático, lançam-se acusações. Eis um espaço público propício à mentira e desinteressado da verdade, que vai aceleradamente corroendo os pilares de uma sociedade livre.

Portanto, após os milhares de cliques, leituras e partilhas do artigo, o que mais importa reter é isto. Sim, foi uma vergonha lamentável a virulência dos ataques à volta do artigo de opinião de um miúdo de 17 anos – ainda mais quando esses ataques foram personalizados no rapaz e vieram de políticos e jornalistas, pessoas que na sua vida profissional têm o dever de cuidar do debate público. Mas foi também um retracto do nosso tempo e um sinal de alarme que faríamos bem em escutar: o espaço público está doente, mais intolerante e muito menos livre.

Alexandre Homem Cristo

Para que serve a escola?

A escola não é uma indústria. Considerando a forma como as crianças pensam, não é justo para a escola que se crie a ideia que, hoje, se aprende cada vez mais cedo, mais depressa e… melhor.

Todos concordamos que a escola se transformou numa “indústria” e parece assumir-se como uma “linha de montagem” de “produtos normalizados” ou de “jovens tecnocratas de sucesso”. Mas ninguém parece exigir que se pergunte o que é que queremos das crianças e para que serve a escola*. E até que ponto, ao funcionar assim, ela não estará a comprometer competências e recursos. E não estraga, por vezes, as crianças. Mais do que devia.

Todos concordamos que — seja por causa dos rankings, dos indicadores internacionais de sucesso educativo, dos quadros de honra, de mérito, de excelência ou de valor — a escola se transformou numa “feira de vaidades”. Onde os melhores alunos merecem mais cuidados (na forma como se organizam as turmas, se escolhem os professores ou se acarinham desempenhos) que os alunos com “necessidades educativas especiais”. Mas ninguém parece ter a coragem de questionar as equipas de explicadores a trabalhar para as notas das crianças, e os quadros de honra e os rankings dos exames como elementos de um marketing de consumo rápido que limita a escola, mais do que a favorece. Enquanto isso, fala-se na atenção que as retenções devem merecer e fica claro que elas deviam deixar de existir. Por mais que não se esclareça como. E por mais que, desde há muito, a formação dos professores não seja um preocupação da própria escola. E que os serviços de psicologia não correspondam, na opinião dos pais e dos professores*, aquilo que eles deviam ser.

Toda concordamos que as escolas têm, hoje, mais autonomia. Mas ninguém parece falar da forma como as metas curriculares, os programas e os conteúdos e a forma como a escola se burocratizou não poderão representar, no seu conjunto, uma forma de dar a autonomia, como uma mão, e de a tirar, com a outra.

Todos concordamos que as crianças passam tempo demais na escola* e tempo demais na sala de aula. Mas, quando confrontados com isso, os pais consideram que o tempo em que as crianças estão na escola adequado*. A desculpa passa por se considerar a escola um sítio seguro e que essa é uma alternativa equilibrada aos riscos das crianças ficarem na rua. Por mais que o espaço das escolas não estique e elas não tenham recreios adequados, pessoal auxiliar em número aceitável, e muitos utensílios desportivos estejam enferrujados, com falta de condições e a fazer parte da “arqueologia escolar”. Mas ninguém parece querer falar da forma como precisamos de encontrar alternativas para que não se exija  à escola aquilo que são compromissos dos pais e aquilo que deviam ser os compromissos do país para com os cidadãos que, trabalhando, não desistem de ser pais.

Todos concordamos que as crianças trabalham demais. Que, regra geral — entre aulas, actividades extra-curriculares, ateliers de tempos livres e explicações — trabalham das 8 às 8. E que, na maioria das vezes, têm recreios de 5 ou de 10 minutos. Quando não ficam, de castigo, muitas vezes, sem eles. Mas, ainda assim, 90% dos professores passa trabalhos de casa várias vezes por semana ou todos os dias*. E pais e professores entendam — mesmo com estas condicionantes — que eles são um complemento importante ao sucesso da aprendizagem*. Mas ninguém parece sentir necessidade que se defina uma linha que separa a “escola como direito indispensável” da “escola como trabalho infantil”.

Todos concordamos que a percentagem de alunos com explicações no ensino secundário (60%)* obrigaria a escola a perguntar se estará a cumprir a sua missão. E obrigaria a perguntar-se se as explicações servirão para colmatar lacunas educativas ou para “alavancar” resultados escolares. Mas ninguém parece  perguntar se a escola, esbate ou acentua desigualdades sociais e desigualdades de oportunidades. E era urgente que isso se fizesse.

Todos concordamos que a escola se preocupa mais com as notas exames do que com as aprendizagens*. E que, ao contrário do que devia ser, considera as notas nos exames como a sua “imagem de marca”. E parece ir aceitando, ao contrário do que devia, que a escolaridade obrigatória serve para entrar na universidade. Mas ninguém parece preocupar-se com aquilo que se passa com os estudantes depois de lá entrarem. Com a taxa de reprovação nos primeiros anos dos seus cursos. Com as muitas mudanças de cursos e com a percentagem inquietante de abandono de estudos. E com a verdade das taxas de empregabilidade e com o sucesso formativo que a universidade lhes oferece.

Aquilo que, hoje, se estranha não é tanto que a escola ainda conheça mal os nossos filhos e os imagine a aprender todos “do zero”, à mesma velocidade e da mesma maneira. É que ela se deslumbre com os tablets e com as novas tecnologias, e não se questione acerca da função do contar pelos dedos, do desenhar as letras e dos livros físicos como experiências materiais indispensáveis que facilitam o conhecimento e a capacidade de aprender.

Aquilo que, hoje, se estranha não é tanto que a missão da escola vista pelos pais e pelos professores seja diferente*. Afinal, promover o conhecimento — como os pais acham que ela, sobretudo, serve — e a formação cívica — como privilegiam os professores para a escola — não serão pontos de vista tão incompatíveis e tão inconciliáveis. Aquilo que se estranha é que não acordem sobre a missão da escola. E, em função disso, que não se acertem acerca do tempo mínimo indispensável para que as crianças estejam na escola com o propósito de aprenderem; sobre o tempo razoável de uma aula expositiva; sobre o tempo de um recreio para que ele promova o sucesso educativo; do número das actividades extra-curriculares para que elas representem um ganho para a aprendizagem e não a comprometam; sobre a “linha” que separa a sensatez de uma explicação e a sua “toxicidade”; e sobre as formas como o direito à escola e o direito à infância não são inconciliáveis. Sendo certo que, para que as crianças cresçam amigas da escola, precisam de brincar, livremente, duas horas; todos os dias.

A escola não é uma indústria. Não pode ser. Ao contrário daquilo que vamos aceitando, de forma passiva, todos precisamos de tempo — de muito tempo! — para crescer. Considerando a forma como as crianças pensam, não é justo para a escola que se crie a ideia que, hoje, se aprende cada vez mais cedo, mais depressa e… melhor. Mesmo quando as crianças não reúnem os recursos que as leve a compreender aquilo que reproduzem e que repetem. E quando continuamos a insistir que elas, hoje, são mais inteligentes e mais precoces! Fazer da escola um lugar onde se ensina todas as crianças a serem singulares, e a saberem, cada uma por si, pensar pela sua cabeça será, ontem como hoje, o desafio da escola. Ensinando-as a aprender juntas e umas com as outras. A conhecer, a pensar, a discorrer em abstracto, a simbolizar, a escrever e a falar. Logo, de cada vez que ela produz “crianças de aviário”, devia “fechar”. Para reflexão e para balanço. E, a bem da verdade, para se reinventar. Para o bem de todos.

* Estudo da Universidade Católica / ESCOLA AMIGA DA CRIANÇA para a Leya/Educação e a CONFAP sobre A MISSÃO DA ESCOLA. Confira em escolaamiga.pt

Eduardo Sá

terça-feira, 5 de novembro de 2019

Fábula muito actual.

"Então foi assim que tudo aconteceu:
Um dia fui jogar golfe e quando estava a escolher o taco, notei que havia uma rã perto de mim.
Para meu espanto a rã disse-me:
- Croc-croc! Taco de ferro, número nove!
Eu achei graça e resolvi provar que a rã estava errada.
Peguei no taco que ela sugeriu e bati na bola. Para minha surpresa a bola parou a um metro do buraco!
- Boa!! - gritei eu, virando-me para a rã - Se calhar és  a minha rã da sorte!
E resolvi levá-la comigo até ao próximo buraco.
- O que é que achas, rã da sorte?
- Croc-croc! Taco de madeira, número três!
Peguei no taco 3 e bati. Bum! Directa ao buraco!
Dali em diante, acertei todas as tacadas e acabei por fazer a melhor pontuação da minha vida! Resolvi levar a rã para casa mas no caminho, ela voltou a falar:
- Croc-croc! Las Vegas !
Nem hesitei! Fui directo para o aeroporto, comprei um bilhete para Las Vegas e nem avisei ninguém!
Chegados a Las Vegas a rã disse:
- Croc-croc! Casino, roleta!
Evidentemente obedeci à rã que logo sugeriu:
- Croc-croc! 10 mil dólares, preto 21, três vezes seguidas.
Era uma loucura fazer aquela aposta, mas não hesitei.A rã já tinha ganho toda a credibilidade.
Coloquei todas as minhas fichas no 21 três vezes seguidas e ganhei milhões!
Peguei naquela massa toda e fui para a recepção do hotel, onde exigi uma suite presidencial.
Tirei a rã do bolso, coloquei-a sobre os lençóis de cetim e disse:
- Rãzinha querida!  Não sei como te pagar todos estes favores! Fizeste-me ganhar tanto dinheiro que vou ser-te grato para sempre!
E a rã:
- Croc-croc! Dê-me um beijo! Mas tem que ser na boca!
Tive um pouco de nojo, mas pensei em tudo o que ela me tinha dado e acabei por lhe dar o beijo na boca!
No momento em que a beijei,  a rã transformou-se numa linda ninfa de 21 anos, completamente nua, sentada na minha cama que me foi empurrando, devagarinho, para a banheira de espuma. Mas não vou contar agora mais pormenores sobre esta parte…
E juro que foi assim que consegui toda a minha fortuna!”

Declarações de José Sócrates ao Juiz de Instrução no Processo Marquês.

Nevou em Beja!

Texto de um autor desconhecido que espero vir a poder identificar de tão bem que ele retracta a sociedade que temos hoje. Tal e qual.

Para reflectir.

8:00 horas : fiz um boneco de neve…

8:15 Uma feminista passou e perguntou-me porque não fiz uma mulher de neve.

8:20 Fiz uma mulher de neve…

8:25 A minha vizinha feminista reclamou pelo perfil voluptuoso da mulher de neve, dizendo que ela ofende as mulheres da em todos os lugares.

8:30 O casal gay que mora nas proximidades, teve um ataque de raiva e protestou porque poderiam ter sido dois homens de neve.

8:35 Um transgénero da outra rua perguntou-me porque não fazia um boneco com partes removíveis.

8:40 Os vegans no final da rua queixaram-se do nariz de cenoura, já que os vegetais são comida e não bonecos para decorar.

8:45 O cavalheiro muçulmano do outro lado da rua exige aos berros que a mulher da neve use uma burca.

8:50 A polícia chega dizendo que há uma denúncia anónima contra mim, de alguém que foi ofendido pelo meu racismo e discriminação, porque "os bonecos" são totalmente brancos.

8:55 A vizinha feminista reclamou novamente que a vassoura da mulher da neve deveria ser removida porque ela representa as mulheres num papel doméstico de submissão.

9:00 Um procurador chegou e ameaçou processar-me se eu não pedir desculpas públicas, pelo maldito boneco de neve.

9:05 Uma equipa de jornalismo da TV apareceu. Perguntaram-me se sabia a diferença entre bonecos de neve e mulheres de neve. Respondi "as bolas de neve" e agora chamam-me sexista.

9:10 Estou no noticiário como um suspeito, terrorista, racista, delinquente, com tendências homofóbicas, determinado a causar problemas durante o mau tempo. Estou a passar por tudo isso por causa dos malditos bonecos de neve!

9:15 Quem mandou fazer a merda dos bonecos de neve ?... Estão a perguntar se tenho um cúmplice ou se alguma organização me incentivou a fazer os bonecos, nas redes sociais.

9:20 Os manifestantes da extrema-esquerda e da extrema-direita, ofendidos por tudo, estão a marchar pelas ruas exigindo que me decapitem.

9:25 Os comunistas marcham em frente à minha casa acusando-me de ser neonazi.

9:30 As feministas insultam-me e escrevem na fachada da minha casa a palavra “machista”.

9:45 Organizações ambientalistas acusam-me de poluir a neve.

Moral da história :
Não há ! É apenas o mundo em que vivemos hoje - e vai piorar.

O que foi aqui narrado pode ocorrer, e muitas destas coisas já estão acontecendo.

De tudo isso, a coisa mais difícil de acontecer é nevar em Beja."

Quando se gera legitima desconfiança nos cidadãos abrem-se (escancaradas)portas aos "Bolsonaros"....

António Lobo Antunes

Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos.

Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.

Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.

O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal.

Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.

Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro

- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima

- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo

que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores, que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente, indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!

Loureiro para o Panteão já!

Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!

Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia.

Para a Batalha. Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram. Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.

Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.

Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.

Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar do D.José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos. Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.

Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.

Agradeçam a Linha Branca.

Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.

Abaixo o Bem-Estar.Vocês falam em crise mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.

Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.

Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os Ex-ministros a tomarem conta disto.

Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes.António Lobo Antunes

A Terra Inabitável.

Como vão ser os incêndios  no pós-aquecimento global da Terra.

A Terra Inabitável, do jornalista norte-americano David Wallace-Wells, chega hoje às livrarias numa tradução  para português da editora Lua de Papel.

E o que é que vem aí? Muito mais fogo,  e com muito mais frequência, e a queimar muito  mais terra.

Ikea planeia nova loja na margem Sul, mas ainda pensa em Lisboa.

Grupo de mobiliário quer ter “tão cedo quanto possível” uma loja na margem  Sul do Tejo. Terrenos que a Fidelidade comprou em Entrecampos ainda podem vir a ter a marca Ikea numa unidade.

“Acredito que dentro de dez anos podemos perfeitamente duplicar o volume de negócios [em Portugal] e alcançar mil milhões de euros” Helen Duphorn Directora-geral da Ikea Portugal

“Estamos interessados em explorar possibilidades para pontos de contacto de menor dimensão em Lisboa” Helen Duphorn Directora-geral da Ikea Portugal

números:

478 milhões de euros foi o valor das vendas realizadas pela Ikea Portugal, do grupo Ingka, no último ano fiscal, terminado em Agosto, uma subida de 4,5%

100% é a ambição de crescimento, em vendas, para a próxima década da Ikea em Portugal, atingindo mil milhões de euros, na estimativa de Helen Duphorn

7000 é o número médio de refeições diárias que a Ikea serve nas suas cinco lojas em Portugal. No último ano, foram servidos 13 milhões de almôndegas

69  GWh foi a electricidade gerada por energia renovável (parque eólico de Pisco) pela Ingka em Portugal, no último ano, equivalente a fornecer 19.017 lares

0% é o valor da diferença salarial entre mulheres e homens com as mesmas funções na empresa. Na gestão, a distribuição por género tem que ser  50%-50%

PERGUNTAS E RESPOSTAS a Helen Duphorn Directora-geral da Ikea Portugal

Na cidade de Lisboa — não na área metropolitana —  não têm nenhuma loja, porque ela situa-se na Amadora. Houve, recentemente, uma cimeira  em Copenhaga, em que o presidente da Câmara de Lisboa se encontrou com representantes do grupo Ikea. Estão a debater abrir uma loja na cidade de Lisboa? E tem essa possibilidade alguma coisa que ver com os terrenos de Entrecampos? Porque a Fidelidade comprou os terrenos, mas é desconhecido se têm algum acordo convosco para lá ter uma unidade Ikea menor. 

- Não temos nenhum acordo [com a Fidelidade]. Estamos interessados em explorar possibilidades para pontos de contacto de menor dimensão em Lisboa. Não discutimos isso recentemente, especificamente. Pelo menos, não sob um tema específico com o gabinete do presidente da câmara. Mas tentamos manter um bom fluxo de comunicação com o gabinete do presidente da Câmara [de Lisboa] e temos com eles relações muito boas. Sobre o local que menciona, não estou a excluir que possa ser interessante para nós ter algum tipo…

Ainda?

- Sim, não uma loja Ikea necessariamente, mas algum tipo de ponto de contacto. Isto está ainda numa fase muito inicial para nós, porque tem levado algum tempo a materializar o que irá acontecer nesses terrenos. Mas esta é uma localização interessante, claro. Mas há outras localizações igualmente interessantes. Temos também outros tópicos — não só com o presidente da câmara, como com outros parceiros na sociedade: estamos muito entusiasmados com Lisboa ser a Capital Verde Europeia no próximo ano. A Ikea tomou medidas muito significativas  para ser energeticamente neutra. O próximo passo é
trabalhar sobre a nossa pegada de carbono. Somos um dos poucos países em todo o mundo Ikea que têm tomado passos significativos no que toca a investimento solar e parques eólicos. Os nossos parques eólicos a norte estão a produzir energia equivalente ao que a Ikea consome em Portugal e Espanha — achamos isso engraçado.

Ao tema da energia em Portugal é dedicado um capítulo no seu relatório anual. É lá  mencionado que no último ano fiscal adquiriram um parque eólico – é o do Pisco? O que fazem com a energia?

- Sim, é. Revendemos ao mercado [a energia produzida]. Estamos a produzir muito mais energia renovável do que a que estamos a consumir. Na realidade, cobre o uso médio de 30 lojas Ikea [o grupo tem cinco em Portugal]. E o nosso próximo grande tema é a pegada carbónica, sob diversos aspectos — e veremos como é que podemos apoiar Lisboa a corresponder às expectativas no próximo ano. E avançar. No grupo Ikea, temos um compromisso de avançar no que toca a “last mile services” [entrega] — de serem veículos eléctricos até 2025. E isso é onde nós, como país de retalho, poderemos ter o maior impacto positivo. Estamos há muito tempo a trabalhar na eficiência sustentável da nossa operação.  Mas uma grande oportunidade que temos é trabalhar com o transporte em Portugal. O que requer colaboração com parceiros de transporte.  Na energia renovável, prevê mais alguns investimentos na energia eólica em Portugal? E na floresta?   Na energia eólica não sei, mas não está na agenda neste momento. Não há nenhuma razão pela qual não o faríamos, se fosse adequado e desejado. A Ikea, internamente, está hoje a produzir mais energia renovável do que a que usamos. Penso que não há nenhuma razão por que não o faríamos se houvesse necessidade. 

E floresta?

- Sendo muito franca, desconheço. 

Porquê fazer uma joint-venture com o Lidl [para ter um supermercado junto da loja Ikea de Loures]?

- Não é uma joint-venture, é uma parceria de negócios. Não estamos a integrá-los na loja. Eles arrendam um espaço e achamos que é bom para ambos e que é prático para os nossos clientes, que podem, claro, comprar nos dois sítios, ao mesmo tempo. É uma boa companhia para termos como inquilino, e vemos que os clientes estão apreciar. 

E vêem [a parceria] ser replicada noutras lojas?

- Ainda não temos planos para isso. Mas não há absolutamente nada que nos possa parar — nós temos o espaço, eles têm a vontade. Achámos que era uma boa combinação. Vemos que os clientes circulam entre os dois. 

Têm actualmente 2.500 trabalhadores, como é que o número evoluiu no último ano? 

- É mais ou menos o mesmo. Com as novas unidades, iremos, claro, empregar mais pessoas. Quer sejam pontos de planificação ou entrega... se conseguirmos abrir uma loja na margem Sul, aí veremos uma subida no número [de trabalhadores em Portugal]. Mas de certeza que iremos empregar mais pessoas com o tempo.

A bandeira da Web Summit

Não vale a pena pensar que uma feira de ideias e ponto de encontro de investidores e criadores é uma qualquer solução mágica para resolver os problemas do empreendedorismo. Mesmo que muitos responsáveis políticos nos tenham tentado dar essa ideia, proclamando a vitória da modernidade debaixo das luzes da Web Summit, a verdade é que as fragilidades intrínsecas do tecido económico nacional continuam a manter esse sonho a voar baixinho. A realidade ainda é mais feita de atrasos e adiamentos, como é simbolicamente o do Hub do Beato, do que de unicórnios cintilantes a conquistar o universo digital. Mesmo que seja compreensível o encantamento e empenho num evento desta dimensão — Paddy Cosgrave salienta em entrevista como isso foi determinante para ficar por cá —, a verdade é que quem aposta na permanência desta montra por mais dez anos tem de ter algum produto para exibir. Mas no “ecossistema” do empreendedorismo nacional continua a faltar a seiva essencial: capital. Sim, é claro que somos pobres, que tivemos cá a troika, que a dívida continua a pesar. Mas é indigesto pensar que, depois do esforço que foi preciso fazer para a resgatar, a banca está tão longe de cumprir o seu papel de animador da economia, emprestando, investindo, arriscando. Como avisava Ricardo Cabral na semana passada, só falta mesmo vê-los, sentados em cima do cofre do dinheiro como o Tio Patinhas, a alterarem a base do seu negócio, da concessão de crédito para a cobrança de comissões. E quando os privados não arriscam, maiores responsabilidades caem sobre o sector público. Num país de bancos amorfos, sem bolsa de valores, sobra o investimento público para fazer diferença e inverter o marasmo. Investimento com políticas e com capital, como, apontava ontem Teresa de Sousa, acontece em França, que, graças à tenacidade de Emmanuel Macron, cresce, enquanto a Alemanha, que se recusa a investir o seu excedente orçamental, definha. Contas certas é bom, mas ter acrescentado Transição Digital ao nome do Ministério da Economia, sem uma política activa de reanimação da economia, é nada. Basta ver o que resta das promessas do “banco de fomento”, a Instituição de Desenvolvimento Financeiro, que é suposto ser investidor de risco do Estado, para perceber que não vale de muito acreditar nas promessas em português que sejam feitas na Web Summit. A revolução digital continua, como se verá por estes dias, mas em Portugal falta quem pegue na bandeira. david.pontes@publico.p

A CML prometeu “uma das maiores incubadoras da Europa”, mas o Hub Criativo do Beato está atrasado. Três anos!

A (in)competência de Fernando Medina! O tal que pode vir a ser Ministro das Finanças!

A CML prometeu “uma das maiores incubadoras da Europa”, mas o Hub Criativo do Beato está atrasado.

A instalação do Hub Criativo do Beato na zona sul da antiga Manutenção Militar foi anunciada em Junho de 2016, a poucos meses de Lisboa receber a primeira edição da Web Summit. Três anos depois, o vasto complexo fabril ainda está longe de ser “uma das maiores incubadoras da Europa”, como a Câmara Municipal de Lisboa então prometeu. É certo que as obras de reabilitação de alguns edifícios decorrem há vários meses e que os primeiros ocupantes devem chegar em breve, mas a expectativa da autarquia era que as coisas tivessem andado mais rápido. O presidente da câmara, Fernando Medina, estimava, em 2016, que o “processo fundamental de desenvolvimento” do hub se realizasse nos três anos seguintes, coincidindo precisamente com o número inicial de edições que a Web Summit teria em Lisboa. O objectivo era, e ainda é, aproveitar a feira tecnológica para cativar potenciais investidores. “A capacidade de atrairmos dezenas de milhares de empreendedores, dirigentes, quadros de empresas tecnológicas está a ter impacto na criação de oportunidades de emprego para os nossos jovens, para os jovens qualificadas”, disse Fernando Medina na semana passada a propósito da Web Summit. “São hoje muitas as empresas que se estão a instalar em Lisboa. No Hub do Beato estão a acabar as obras para a instalação da Mercedes”, exemplificou. A marca automóvel alemã é uma das quatro empresas que estão garantidas no espaço. O Super Bock Group, através da marca Browers, será responsável pela reabilitação e gestão da antiga central eléctrica, onde nascerá uma zona de restauração e de produção de cerveja. Também os escritórios lisboetas da Web Summit vão ali instalar-se, mas é à alemã Factory, uma incubadora de startups, que ficará entregue, para já, a maior área do recinto: 11 mil metros quadrados. A Startup Lisboa, entidade a quem a câmara entregou a gestão do hub, lançou há meses um concurso para a construção de residências temporárias, que devem estar a funcionar no fim do próximo ano. Há algumas semanas, na apresentação do orçamento municipal para 2020, o vice-presidente da câmara, João Paulo Saraiva, disse que tinham surgido alguns obstáculos que atrasaram os trabalhos no hub, mas garantiu que eles estavam ultrapassados. À cerimónia de lançamento em 2016 seguiu-se outra, um ano depois, que revelou as primeiras empresas interessadas no espaço e marcou para o fim de 2018 a inauguração do hub. Agora, a expectativa é que o recinto ganhe vida no fim deste ano ou então no início do próximo.

No orçamento para 2019, o município reservou 20,3 milhões de euros para este equipamento e, nas contas de 2020, recentemente apresentadas, o investimento sobe para os 22 milhões. Para lá dos planos já conhecidos para os 35 mil metros quadrados da zona sul da Manutenção Militar, que a autarquia recebeu do Estado por sete milhões de euros e durante 50 anos, Fernando Medina tem em vista o desenvolvimento da zona norte, onde podem instalar-se mais empresas e onde já existem alguns equipamentos, como um teatro e uma creche. O autarca tem mesmo a ambição de criar uma estação ferroviária nova, na Linha do Norte, junto a esse local.

joao.pincha@publico.pt

Telefonema para a NOS Se uma qualquer GRANDE EMPRESA o incomoda com telefonemas

Muito boa ideia!

https://www.facebook.com/watch/?v=1063448210442614

A INSUSTENTABILIDADE DA SEGURANÇA SOCIAL

A Segurança Social nasceu da fusão (nacionalização) de praticamente todas as Caixas de Previdência existentes, feita pelos comunistas e socialistas, depois do 25 de Abril de 1974.

As contribuições que entravam nessas Caixas eram das empresas Privadas (23,75%) e dos seus Empregados (11%).

O Estado nunca lá pôs 1 centavo.

Nacionalizando aquilo que aos privados pertencia, o Estado apropriou-se do que não era seu.

Com o muito, mas muito dinheiro que lá existia, o Estado passou a ser um "mãos largas"!

Começou por atribuir pensões a todos os Não Contributivos (domésticas, agrícolas e pescadores).

Ao longo do tempo foi distribuindo subsídios para tudo e para todos.

Como se tal não bastasse, o 1º Governo de Guterres (1995/99) criou ainda outro subsídio (Rendimento Mínimo Garantido) em 1997, hoje chamado RSI, ONDE MUITOS  “SEM TEREM CONTRIBUIDO” RECEBEM VALORES SUPERIORES A MUITOS QUE TRABALHARAM E DESCONTARAM DURANTE UMA VIDA INTEIRA.

E tudo isto, apenas e só, à custa dos fundos existentes nas Ex-Caixas de Previdência dos privados.

Os Governos não criaram rubricas específicas nos Orçamentos de Estado, para contemplar estas necessidades.

Optaram, isso sim, pelo "assalto" àqueles Fundos.

Cabe aqui recordar que os Governos do Doutor Salazar, também a esses Fundos várias vezes recorreram.

Só que de outra forma: pedia-se emprestado e sempre se pagou. É a diferença entre o 'ditador' e os democratas da 'ética republicana' !!

Em 1996/97 o 1º Governo Guterres nomeou uma Comissão, com vários especialistas, entre os quais os Profs. Correia de Campos e Boaventura de Sousa Santos, que em 1998, publicam o "Livro Branco da Segurança Social".

Uma das conclusões, que para este efeito importa salientar, diz respeito ao Montante que o Estado já devia à Segurança Social, Ex-Caixas de Previdência, dos Privados, pelos "saques" que foi fazendo desde 1975.

Pois, esse montante apurado até 31 de Dezembro de 1996 era já de 7.300 Milhões de Contos, na moeda de hoje, cerca de 36.500 Milhões !!

De 1996 até hoje, os Governos continuaram a "sacar" e a dar benesses, a quem nunca para lá tinha contribuído, e tudo isto à custa dos privados.

Faltará criar agora outra Comissão para elaborar o "Livro NEGRO da Segurança Social", para, entre outras rubricas, se apurar também o montante actualizado, depois dos "saques" que continuaram de 1997 até hoje;

E ACABAR COM AS REFORMAS VITALÍCIAS DOS PRESIDENTES DA REPÚBLICA E DEPUTADOS QUE, SEM CARREIRA CONTRIBUTIVA DE NO MÍNIMO 36 ANOS, PODEM PASSAR À REFORMA!

Mais, desde 2005, o próprio Estado admite funcionários que descontam 11% para a Segurança Social e não para a CGA e ADSE. CRIANDO NESTAS ESTRUTURAS UM DEFICIT PARA AS CONSIDERAR INÚTEIS E SEM JUSTIFICAÇÃO DE EXISTIR!

(A TAL "PARIDADE CAMUFLADA" DE UMA POLÍTICA NEOLIBERAL DE DESTRUIÇÃO DO TECIDO SOCIAL)

Então e o Estado desconta, como qualquer Empresa Privada, 23,75% para a SS?

Claro que não!...

Outra questão se pode colocar ainda.

Se, desde 2005, os funcionários que o Estado admite, descontam para a Segurança Social, como e até quando irá sobreviver a CGA e a ADSE?

Há poucos meses, um conhecido economista, estimou que tal valor, incluindo juros nunca pagos pelo Estado, rondaria os 70.000 Milhões?!

Ou seja, pouco menos, do que o empréstimo da Troika!...

Ainda há dias falando com um advogado amigo, em Lisboa, ele me dizia que isto vai parar ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Há já um grupo de juristas a movimentar-se nesse sentido.

A síntese que fiz, é para que os mais jovens, que estão já a ser os mais penalizados com o desemprego, fiquem a saber o que se fez e faz também dos seus descontos e o quanto irão ser também prejudicados, quando chegar a altura de se reformarem!...

Falta falar da CGA dos funcionários públicos, assaltada por políticos sem escrúpulos que dela mamam reformas chorudas sem terem descontado e sem que o Estado tenha reposto os fundos do saque dos últimos 20 anos.

Quem pretender fazer um estudo mais técnico e completo, poderá recorrer ao Google e ao INE

OS FATOS HISTÓRICOS ESTÃO REGISTADOS !!!

Sabem que, na bancarrota do final do Século XIX, que se seguiu ao ultimato inglês de 1890, foram tomadas algumas medidas de redução das despesas que ainda não vi, nesta conjuntura, e que passo a citar:

A Casa Real reduziu as suas despesas em 20%; não vi a Presidência da República fazer algo de semelhante.

Os deputados ficaram sem vencimentos e tinham apenas direito a utilizar gratuitamente os transportes públicos do Estado (na época comboios e navios); também não vi ainda nada de semelhante na actual conjuntura nem nas anteriores do Século XX.


SEM COMENTÁRIOS.

Aqui vai a razão pela qual os países do norte da Europa estão a ficar cansados de subsidiar os países do Sul.

Governo Português:

3 Governos (continente e ilhas)

333 deputados (continente e ilhas)

308 câmaras

4259 freguesias

1770 vereadores

30.000 carros

40.000(?) Fundações, Observatórios e Associações

500 assessores em Belém

1284 serviços e institutos públicos

Para a Assembleia da República Portuguesa ter um número de deputados "per capita" equivalentes à Alemanha, teria de reduzir o seu número em mais de 50%

O POVO PORTUGUÊS NÃO TEM CAPACIDADE DE CRIAR RIQUEZA SUFICIENTE PARA ALIMENTAR ESTA CORJA DE SANGUESSUGAS!

É POR ESTAS E POR OUTRAS QUE PORTUGAL É O PAÍS DA EUROPA EM QUE SIMULTANEAMENTE SE VERIFICAM OS SALÁRIOS MAIS ALTOS A NÍVEL DE GESTORES/ADMINISTRADORES E O SALÁRIO MÍNIMO MAIS BAIXO PARA OS HABITUAIS ESPEZINHADOS.

ISTO É ABOMINÁVEL!

ACORDA, POVO! ESTAS, SIM, É QUE SÃO AS GORDURAS QUE TÊM DE SER ELIMINADAS.

Faz o que te compete: divulga e não te esqueças, a seguir vão-te aos depósitos e às tuas POUPANÇAS, entendes?

PARA AJUDAR A ESCLARECER:
1. Até 1974 NÃO EXISTIA a SEGURANÇA SOCIAL mas a PREVIDÊNCIA SOCIAL;
2. Fiz parte da 1ª e 2ª Comissões que em 1976/77 preparou a Reforma da Previdência criando a Segurança Social, o Centro Nacional de Pensões, os Centros Regionais das Segurança Social integrando-se nesses as caixas de Previdência;
3. A 2ª Comissão integrou, além de mim próprio, Maria de Belém Roseira, Leonor Guimarães, Fernando Maia e Madalena Martins;
4. NÃO HOUVE qualquer nacionalização e as próprias Casas do Povo e o regime dos rurais só em 1980 foram integradas na Segurança Social;
5. O ESTADO não tinha que meter dinheiro na Segurança Social pois o seu funcionamento foi e é assegurado pelas contribuições das entidades empregadoras e trabalhadores;
6. Outra coisa tem a ver com a CAIXA GERAL DE APOSENTAÇÕES pois a mesma foi financiada exclusivamente pelas contribuições dos agentes do Estado a quem os funcionários confiaram mês a mês os seus descontos igualzinho aquilo que acontece com a conta poupança que vai capitalizando ao longo do seu período de vigência;