segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Portugal e a CE

Portugal, que tem, infelizmente, a presidência da União Europeia neste período historicamente difícil, vai ter um papel relevante no processo político e administrativo de aplicação do Plano de Resiliência e Retoma europeu. Aliás, a execução europeia deste plano vai mesmo ditar a avaliação da presidência portuguesa.

Estes dois fatores vão ficar claros nos primeiros seis meses do ano, e vão condicionar como é que vai ser o ano de 2021.

O contexto político em que Portugal está não ajuda: O Governo vai gerir uma negociação difícil com o PCP -- e  vai tentar recuperar o BE para a geringonça -- e isso impede qualquer medida relevante para acelerar a recuperação económica que, segundo algumas previsões, só vai recuperar para os níveis de 2019 só em 2024 ou 2025. A manutenção da capacidade instalada, nos próximos meses, e o incentivo ao investimento e a atração de investimento estrangeiro logo a seguir, são fatores críticos para chegarmos a 2022 noutras circunstâncias.

Ha dois pontos positivos do ponto de vista internacional que podem ajudar países como Portugal: Por um lado, a eleição de Joe Biden e o regresso a uma normalidade geopolítica internacional, com programas económicas e o Green Deal, por outro lado, a União Europeia acelerou um acordo de investimento com a China, o que pressiona a outro, semelhante, com os EUA. Masd também há um ponto muito negativo: Depois da saída do Reino Unido, vai sair Angela Merkel no segundo semestre e isso abre um vazio de liderança europeia (que poderá ser substituído, ironicamente, por outra alemã, Ursula van der Leyen).

Na melhor das hipóteses, a economia portuguesa vai recuperar parcialmente da recessão profunda de 2020, mas não vai mudar nada de estrutural. Dificilmente haverá crise política em 2021, Marcelo Rebelo de Sousa, o mais do que provável 'novo' Presidente, já disse que tudo fará para a evitar, e desde logo porque se houvesse eleições, provavelmente os resultados seriam os mesmos de 2019 (com a diferença do Chega): O PS ganharia sem maioria absoluta, a esquerda teria mais votos e a direita, mais fragmentada, teria um PSD fragilizado e um Chega fortalecido, os liberais consistentes e o CDS a desaparecer. Portanto, os problemas de produtividade, de competitividade, de inovação, estão para ficar, ou para piorar. Vamos continuar a ter a TAP e o Novo Banco a dominar a agenda mediática, política e económica, vamos ter as autárquicas em outubro, e assim se vai passar o 2021.

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