segunda-feira, 19 de maio de 2025

Um caso que já enjoa

O Parlamento tem dias.

O caso já enjoa. Ainda assim, quando questionado, Pedro Nuno Santos
garantiu há dias que não há qualquer passo atrás na ideia de avançar com
uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso da empresa da família do
primeiro-ministro, a Spinumviva. A declaração foi feita à saída de um
almoço, em Lisboa, com dirigentes da Confederação Empresarial de Portugal.
Mas será mesmo assim?
O secretário-geral do PS assegura que «nada mudou» em relação à comissão
de inquérito ao caso Spinumviva. Explica que o que tinha dito antes era
que «se todos os esclarecimentos fossem dados até ao final das eleições,
podia deixar de ser necessário». Contudo, não acredita que isso vá
acontecer, sendo uma hipótese «meramente teórica».
Uma trapalhada. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, diz que a
hipótese de deixar cair a comissão de inquérito a Luís Montenegro é
«meramente teórica». O socialista considera que o primeiro-ministro não
tem vontade de fazer esclarecimentos sobre a empresa de família.
Questionado sobre as declarações relativamente à comissão de inquérito
ao caso Spinumviva e às acusações feitas pelo líder da IL, Rui Rocha, de
que Pedro Nuno Santos estaria a "recuar", o líder socialista assegura
que "nada mudou" e que a comissão de inquérito se mantém se o
primeiro-ministro continuar a "fugir" aos esclarecimentos. "Eu não mudei
a minha posição em nenhum momento e não há nenhuma contradição porque a
comissão parlamentar de inquérito foi por nós anunciada porque Luís
Montenegro não dava as respostas. Como nada mudou até agora...".
De acordo com o secretário-geral do PS, a "realização da comissão
parlamentar de inquérito depende, sobretudo, de Luís Montenegro e de
mais ninguém. Não vejo nenhuma vontade do ainda primeiro-ministro fazer
os esclarecimentos. Esclarecimentos que eu estive disponível para fazer,
e fiz em público. Infelizmente, não vi o meu principal adversário com
essa disponibilidade", critica. Com esta ausência de esclarecimentos,
segundo o líder do PS, «o pior que aconteceria a Portugal» era haver um
«Governo liderado por alguém que continua a fugir às perguntas».
As declarações do secretário-geral do PS foram proferidas num contexto
em que disse querer ver clarificada o quanto antes a questão da
averiguação preventiva do Ministério Público sobre a compra, feita por
ele mesmo, Pedro Nuno, de duas casas. Se possível, disse, «antes de os
portugueses serem chamados às urnas». Mas sabe perfeitamente que essa é
uma hipótese mais do que remota.
«Era correto, não tanto por mim, mas pelos portugueses que vão fazer uma
escolha no dia 18 de maio e têm de saber se têm algum motivo de
preocupação com quem têm à sua frente», defendeu o líder do PS, dizendo
esperar que esta situação não o prejudique, e assegurando que fez tudo
«aquilo que podia» com as explicações que
deu, colocando toda a informação pública como diz que lhe competia.
«Tivesse o meu adversário feito o mesmo se calhar nós não estávamos na
situação em que estamos. Por mais desagradável que possa ser fazer um
'striptease' da sua vida, esse é o custo da decisão» que tomou de estar
na vida política, reiterando que o primeiro-ministro deveria também
prestar todos os esclarecimentos sobre as situações que o envolvem.
E é aqui que, questionado pelo jornalista do ECO, António Costa, sobre o
caso da Spinumviva, Pedro Nuno Santos disse já saber «o suficiente para
fazer um juízo negativo da seriedade do ainda primeiro-ministro», Luís
Montenegro. Sobre a comissão parlamentar de inquérito que o PS propôs no
Parlamento, o líder socialista voltou a dizer que espera que "não seja
necessário" recorrer a este instrumento na próxima legislatura por ter a
expectativa de, até ao final da campanha, ser possível esclarecer o que
considera estar em falta.
Mas, como se sabe, a política é para duros, principalmente nos partidos
de poder.
Montenegro ou Pedro Nuno sabem que quem perder as eleições vai
seguramente perder a liderança do seu partido. Ninguém suporta líderes
que perdem. É esse o exato momento em que deixam de ser líderes.
Ficam à espera do próximo Congresso para voltarem à sua vida.
A última semana de campanha eleitoral trouxe-nos mais do mesmo. Os
partidos maiores, AD e PS, num desesperado apelo ao voto útil. Os
partidos menores, numa recorrente garantia da sua superioridade moral.
Domingo está ao virar da esquina, e os eleitores logo escolhem.
Tudo indica que uma solução duradora é pouco provável.
O aviso foi deixado por Marques Mendes. O candidato presidencial
classificou a estabilidade como uma questão vital para o país e advogou
que a campanha eleitoral para as legislativas não foi esclarecedora. ■
Eva Cabral - Diabo

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