segunda-feira, 20 de maio de 2019
Contos Proibidos - Memórias de um PS desconhecido
Rui Fernando Pereira Mateus (Covilhã, 16 de Abril de 1944), foi um político português, actualmente retirado da política, lecciona nos EUA. Em 1996, na sequência do caso do Fax de Macau e do processo judicial relativo, publicou o livro Contos Proibidos - Memórias de um PS desconhecido (ISBN 972-20-1316-5), Publicações Dom Quixote, Lisboa.
Oferta para leitores interessados.
https://drive.google.com/file/d/1s3m1M8sdnbcTiQyyeW0-ROmc80pCU8UQ/view?usp=sharing
domingo, 19 de maio de 2019
Cena da Taberna
Fernando Pessoa
Doutor Fausto?
FAUSTO:
Sim.
— O Doutor Fausto?
FAUSTO:
O Doutor Fausto, sim: o que há em sê-lo?
— Nada, confesso-o a rir e acreditara-o
Pois o não vira, mas de vós diziam
Serdes versado em artes e matérias
Do mágico e (…) horror (…)
A rir o digo que vos vejo aqui
Entre nós e bebendo como nós.
FAUSTO:
Sim, assim é; quem como eu vivia
Aparte logra sempre a negra fama
De bruxo… Há em mim cousa que mostre
Conhecimento d'artes vis e negras
Ou sacerdócio escuro de Satan?
— Nada; olhando bem em vós só vejo
Algo de triste que não é tristeza
No vosso rosto e no vosso olhar
Há uma causa a menos ou a mais
Que em outro... Isto vejo, ou me parece.
Perguntastes-me e rindo respondi.
FAUSTO:
Agradeço-vos; traçastes-me retrato
Tão completo de bruxo
Que começo a ter medo de mim mesmo.
— Canta, oh Frederico
Aquela canção doida de beber
Chamada «O Bebedor» ou coisa assim.
FRED:
A do «Bom Bebedor».
OUTRO:
É essa mesmo.
TODOS:
Venha, venha a canção.
FRED:
Lá vai amigos
(e depois)
E oxalá que, ao cantá-la, esquecer possa
Ou antes, não lembrar onde a aprendi.
Criança então era feliz. Lá vai:
Bom bebedor, bebe-me bem
Bebe-me, bom bebedor.
Só uma cousa boa esta vida tem
É o vinho: mira-lh’ a cor!
CORO
A vida é um dia e a morte um horror
Bebe-me, bebe-me, bom bebedor.
Que morra de fome mulher e mãe
Haja vinho, que é o melhor!
CORO
A vida é um dia e a morte um horror
Bebe-me, bebe-me bom bebedor.
Deixe a guela o vinho lá quando vem
Em lugar dele o estertor.
CORO
A vida é um dia e a morte um horror
Bebe-me, bebe-me bom bebedor.
A vida sem vinho é um triste horror
Bebe-me, bebe-me bom bebedor.
O, leite, da parra é melhor que o amor
Bebe-me, bebe-me bom bebedor
CORO
Bom bebedor bebe-lhe bem
Bebe-lhe bom bebedor
Que faz que a mulher ande à gandaia
E a filha seja pior
E a puta da neta levante a saia
Até ao quintal do prior?
O vinho é o mesmo e da mesma cor
Bebe-lhe, bebe-lhe, bom bebedor
CORO
Bom bebedor, bebe-lhe bem
Bebe-lhe bom bebedor.
Bom bebedor, bebe-lhe rijo
Bom bebedor, bebe-lhe bem;
O vinho que dá? Alegria e mijo,
E a vida não vale melhor
E se a vida é isto e a cova um horror
Bebe-lhe, bebe-lhe, bom bebedor.
TODOS:
Bravo! Bravo!
FAUSTO:(saudando)
A quem escreveu essa canção.
Não foi o camarada?
FRED:
Versos, eu?
Nada aprendi-a, e há o tempo. É pouca coisa,
Uma maneira qualquer de berrar.
FAUSTO:
Eu sinto-me irrequieto.
FRED:
Isso é do vinho!
FAUSTO:
Do vinho?
FRED:
Olá se é. A uns dá-lhe assim
A outros doutra maneira. Isso é confuso.
Um velho tio meu que não fazia
Senão beber...
OUTRO:
Fazia bem...
FRED:
Pois esse
Dizia ser indício de saúde
Dar o vinho p'ra bulhas e contendas
«Estar irrequieto» como este lhe chama.
s.d.
Fausto - Tragédia Subjectiva. Fernando Pessoa. (Texto estabelecido por Teresa Sobral Cunha. Prefácio de Eduardo Lourenço.) Lisboa: Presença, 1988. - 139.
sexta-feira, 17 de maio de 2019
Um cheirinho a antigamente.
10.05.2019
Confesso grande surpresa pela condenação de João Araújo, um homem cujas capacidades olfactivas são notoriamente pobres: é importante lembrar que a história de José Sócrates e do amigo que lhe emprestava dinheiro nunca lhe cheirou a esturro. Condená-lo por isto é como castigar um cego por não ver bem.
O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa condenou um cidadão por delito de opinião olfactiva. O delinquente é João Araújo, o advogado de José Sócrates, e a vítima é uma jornalista do Correio da Manhã. Há quatro anos, o advogado disse à jornalista que ela devia tomar mais banho, porque cheirava mal, e o tribunal considerou agora que aquele conselho era criminoso e punível com uma multa que, tudo somado, chega a 12 mil e 600 euros. Há uma fase do crescimento das crianças em que elas adquirem uma súbita relutância em entrar no duche e nós temos de lhes fazer repetidamente a mesma sugestão que Araújo fez à jornalista, pelo que me congratulo com o facto de os tribunais não terem tido conhecimento da conduta criminosa em que incorri há uns anos, caso contrário não teria dinheiro suficiente para indemnizar as minhas filhas.
Muito ignorante em matérias de Direito, não sei como é que se decide um caso destes. Para poder ajuizar correctamente, talvez o tribunal devesse começar por cheirar a jornalista. Feita essa diligência, o juiz teria duas hipóteses: ou considerar que o arguido era mal-educado, embora dissesse a verdade, ou decretar que era simplesmente mentiroso. Em todo o caso, os cheiros costumam ser entendidos como matéria subjectiva, e por isso há que ser sensível ao facto de certos odores serem agradáveis para umas pessoas e nauseantes para outras. Neste caso, confesso grande surpresa pela condenação de João Araújo, um homem cujas capacidades olfactivas são notoriamente pobres: é importante lembrar que a história de José Sócrates e do amigo que lhe emprestava dinheiro nunca lhe cheirou a esturro. Condená-lo por isto é como castigar um cego por não ver bem.
O caso levanta ainda outras questões: até que ponto podemos expender sobre os outros opiniões baseadas no que os nossos sentidos captam? Por exemplo, em vez do olfacto, João Araújo poderia ter usado o tacto: “a senhora é áspera, devia usar mais hidratante”. Haveria lugar a indemnização?
A sentença é uma vitória (mais uma) para aqueles novos activistas que acham que as pessoas são obrigadas a respeitarem-se umas às outras. Eu, que não tenho respeito nenhum por tanta gente, fico bastante preocupado. Antigamente, a boa educação era facultativa. Agora, ser malcriado é um delito punido em tribunal. Resumindo: estou tramado.
(Crónica publicada na VISÃO 1365 de 2 de maio)
Casas de banho escolares – estará a saúde dos nossos filhos comprometida?
Com base num estudo feito pela Unilever.
Os números indicam que as condições de higiene nas casas de banho das escolas públicas não são as melhores. Na higiene e na saúde, descortinamos agora potenciais consequências do mau uso destes espaços.
Quando se fala de casas de banho públicas, a tendência passa por associar os espaços a uma limpeza insuficiente, local degradado e más condições generalizadas. Na escola, o cenário é mais controlado, graças à intervenção dos funcionários que asseguram, com mais ou menos regularidade, os essenciais de limpeza e conservação destes espaços.
Ainda assim, o estudo "Escolas Públicas – Condições de Saneamento e Conservação" dá o alerta: em média, mais de metade dos alunos evitam usar o WC em período escolar. As casas de banho são, aliás, a zona que mais recorrentemente aparece como "zona deficitária", com 32% dos inquiridos a assinalá-la.
Risco de infecções nas casas de banho
A propósito do estudo, quisemos perceber junto de um especialista de medicina geral e familiar quais são, afinal, os riscos de infecção quando se utilizam as casas de banho públicas, nomeadamente em contexto escolar.
O Dr. Viriato Horta é assertivo na sua análise: "É verdade que as sanitas podem propagar doenças, mas também é verdade que o piso à volta delas, as bancadas, os lavatórios (sobretudo os sifões do sistema de escoamento da água), os puxadores das portas e os manípulos das torneiras são locais igualmente perigosos." Admite que o assento das sanitas "é a superfície da casa de banho que mais tempo está em contacto com a pele" e que, por isso, é aqui que se devem centrar os maiores cuidados: "Não basta uma limpeza simples com papel, nem uma lavagem com detergente, sendo necessário o uso de produtos desinfectantes (o que pode ser feito de forma automática por mecanismos Non-Touch)".
Isto pode acontecer através do contacto do vestuário, calçado e mãos sujas com as superfícies, da eliminação de aerossóis de gotículas contaminadas (oriundas dos olhos, da boca e das vias aéreas) quando tossem ou espirram, ou mesmo da eliminação de urina e de fezes. Sobre estes últimos, destaca que, por definição, "as fezes são sempre contaminadas e a urina é estéril, mas pode estar contaminada se houver infecções génito-urinárias". Todos estes factores criam condições para infecções cruzadas.
Nas casas de banho, podem encontrar-se muitos micróbios: bactérias, vírus, fungos e parasitas parecem encontrar nestes espaços o sítio perfeito para se alojarem. Mas então…
Como fugir destas infecções?
Em tom de brincadeira, mas a falar muito a sério, o Dr. Viriato prossegue: "Perante este panorama, parece impossível que uma ida à casa de banho não seja seguida obrigatoriamente por uma visita ao médico para tratar tal variedade de infecções. Porém, se as casas de banho forem devidamente limpas, se as nossas práticas de higiene pessoal forem exemplares (lavagem e secagem adequadas das mãos, minimização dos contactos da pele com as superfícies contaminadas) e o nosso sistema imunitário for competente, será pouco provável ser afectado por infecções cruzadas".
Numa espécie de conselhos para o utilizador, o Dr. Viriato Horta destaca a utilização das sanitas e dos urinóis: "Está provado que os micro-organismos aí presentes são transportados à distância (até cerca de 1 metro e meio) nos salpicos de água (efeito nebulizador ou aerossol) quando o autoclismo é descarregado e disseminam-se pelo assento e pelo tampo da sanita e pelo piso à sua volta, pelas paredes e porta da casa de banho e até pelo bidé, bancada e lavatório, se não houver separação física do cubículo sanitário. Por esta razão, aconselha-se vivamente que nunca se descarregue o autoclismo enquanto ainda se está sentado na sanita ou ainda não se vestiu a roupa, que se feche a tampa da sanita antes da descarga (quando existe tampo) ou que se saia do cubículo imediatamente após o início da descarga, porque a maior força da aerossolização ocorre na parte final da descarga quando quase toda a água já passou o sifão."
Em jeito de conclusão, o médico resume que "o acesso a uma casa de banho limpa, segura e privada é um direito e não um privilégio, mas ainda existem quase 2.500 milhões de pessoas sem conseguir usufruir desse direito, 1.000 milhões das quais ainda defecam ao ar livre. Como vivemos numa época ‘esquizofrénica’, existem mais pessoas com telemóvel do que com sanita, e morrem quase 3 milhões de pessoas anualmente por falta de saneamento, entre as quais se contam 700.000 crianças devido a diarreia".
Para que se consiga resolver este verdadeiro flagelo, a Organização das Nações Unidas reconheceu oficialmente o dia 19 de Novembro como o Dia Mundial da Casa de Banho, também conhecido como o Dia Mundial da Sanita, reforçando o trabalho de outras iniciativas semelhantes que decorrem ao longo do ano com vista a consciencializar a opinião pública para a necessidade de melhores níveis sanitários.
A marca Domestos tenta, também, ser parte das soluções para casas de banho limpas e para boas práticas de higiene. Depois de contribuir para o programa de saneamento da Unicef, doando parte do valor de cada embalagem vendida, foca-se agora em Portugal e nos problemas do território nacional. O passatempo Domestos nas Escolas vai ajudar uma escola pública na melhoria de condições de um WC. Pais, alunos e funcionários: não faltem à chamada para ajudar a vossa escola!
Pode obter aqui o documento da unilever. : Casas de banho escolares
Bombeiros voluntários passam a ter bonificações de serviço para a reforma.
“Os bombeiros voluntários que tenham pelo menos 15 anos de serviço no quadro activo ou de comando vão ter direito a uma bonificação de 15% para efeitos de reforma, segundo um diploma hoje publicado em Diário da República.”
“Este decreto-lei, que entra em vigor na sexta-feira, atribui novos benefícios sociais e incentivos aos bombeiros voluntários, como apoios nas despesas com creches e infantários.”
Com tanta excepção, justa ou não e mesmo assim sempre discutível, em tantos sectores ligados ao Estado, para que serve uma lei geral, se esta já é uma manta de retalhos? É para aplicar a todos aqueles cidadãos que não pertencem a quaisquer corporações que os ajudem? O Estado vai assim criando - se é que duvidas ainda houvesse - que quer portugueses de 1ª, 2ª e mesmo de 3ª categoria, pois na 1ª são o funcionalismo publico e os Estado-dependentes, seguem-se os abrangidos por sindicatos fortes e reivindicativos, que faz cidadãos de 2ª classe e depois todo o resto da população, que são a 3ª classe, e a mais marginalizada, quer pelo governo quer por todos os outros.
“Não se pode pensar em virtude sem se pensar num estado e num impulso contrários aos de virtude e num persistente esforço da vontade. Para me desenhar um homem virtuoso tenho que dar relevo principal ao que nele é voluntário. “ Agostinho Silva
vo·lun·tá·ri·o
adjectivo
1. Que se faz de boa vontade e sem constrangimento.
2. Amigo de fazer a sua vontade; caprichoso.
3. Que faz parte de uma corporação por mera vontade e sem interesse.
substantivo masculino
4. Mancebo que assenta praça e que serve voluntariamente.
5. Estudante que se matricula numa aula oficial em condições diferentes das dos alunos ordinários.
"voluntário", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/volunt%C3%A1rio [consultado em 17-05-2019].
quinta-feira, 16 de maio de 2019
A cidade romana, no Alentejo, de Ammaia.
https://www.youtube.com/watch?v=z9TgMQbP5C8
"A cidade romana de Ammaia, ficou perdida no vale da Aramanha, no Alentejo e só foi redescoberta no século passado. Desde então está a ser escavada e investigada por cientistas de todo o mundo.
Entre a população local os vestígios romanos são conhecidos desde sempre, mas só no princípio do século passado se começou a perceber que aquilo que estava enterrado no Vale da Aramanha era uma cidade Romana.
Construída de raiz no século I DC alcançou o seu esplendor nos trezentos anos seguintes. A partir do século IX desaparecem as referências à cidade como urbe habitada. As suas pedras serviram para construir outros lugares e monumentos.
Da antiga cidade sobrava um mito, até que no princípio do século XX surgiram indícios fortes que indiciavam a existência de uma cidade de grande dimensão naquela zona. A meio do século concretizaram-se as primeiras escavações e na última década intensificaram-se os trabalhos que recorrem também a novas tecnologias.
Os arqueólogos conhecem hoje o desenho e a arquitetura de Ammaia, graças a uma tecnologia que permitiu radiografar toda a área.
Os trabalhos de exploração, geridos por uma fundação privada, prometem trazer mais revelações sobre esta cidade que conta a história do poder romano e da sua decadência na Península Ibérica." O comentário está em inglês.
Corrupção nas auto-estradas. Testemunho de Almerindo Marques implica ex-ministros.
Ministério Público quer constituir como arguidos, no âmbito do inquérito às Parcerias Público-Privadas nas auto-estradas adjudicadas pelo Governo de José Sócrates, cinco ex-membros daquele Executivo.
Ministério Público (MP) quer constituir como arguidos, no âmbito do inquérito às Parcerias Público-Privadas nas auto-estradas adjudicadas pelo Governo de José Sócrates, cinco ex-membros daquele Executivo: Mário Lino e António Mendonça, ex-ministros das Obras Públicas, Fernando Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças e atual presidente executivo do banco EuroBic, Paulo Campos e Carlos Costa Pina, ex-secretários de Estado das Obras Públicas (este último atual administrador executivo da Galp Energia). Esta informação consta de um despacho assinado pela procuradora Ligia Salbany, datado de 4 de março, e é avançada esta quinta-feira pela revista “Sábado”.
Salbany considera que existem indícios de que o Estado foi prejudicado nas renegociações de 2010 das concessões SCUT em cerca de 466 milhões de euros e nas renegociação dos contratos de subconcessões ocorrida entre 2009 e 2011 num valor de cerca de 3,1 mil milhões de euros. No entender do MP, a opção pelos contratos PPP tinha como principal objetivo não agravar a fatura do Estado com a construção de auto-estradas.
Para fundamentar esta tese, terá sido essencial o testemunho de Almerindo Marques, ex-presidente das Estradas de Portugal entre 2007 e 2011. O antigo responsável defendeu que o Governo terá cometido erros básicos na negociação dos contratos das PPP que fez com que a posição negocial do Estado fosse seriamente prejudicada.
Almerindo revelou também que participou em reuniões com elementos do Tribunal de Contas e membros do Governo de Sócrates para encontrar uma solução para a recusa de visto daquele tribunal aos contratos das subconcessões do Governo Sócrates.
De acordo com a “Sábado”, o ex-presidente das Estradas de Portugal garantiu que os documentos referentes ao esquema financeiro para pagar às empresas concessionárias chegou às Estradas de Portugal já “pré-feito”.
José Manuel Rodrigues Berardo, mais conhecido por Joe Berardo
Para quem estiver interessado em penalizar o Sr. José Manuel Rodrigues Berardo, mais conhecido por Joe Berardo, tem aqui a lista dos vinhos produzidos, e comercializados, pelas suas empresas.
Bacalhoa - Aliança Vinhos de Portugal
https://www.bacalhoa.pt/vinhos.html