terça-feira, 9 de abril de 2024

Aviões...

Weaponizing Anthropology - Armando a antropologia

Uma crítica à rápida transformação das ciências sociais americanas num apêndice do Estado de Segurança Nacional

Por David Price

 

Descrição

A batalha em curso pelos corações e mentes no Iraque e no Afeganistão é uma estratégia militar inspirada originalmente nos esforços de controlo social interno e de contra-insurgência nos Estados Unidos.  Armando a antropologia  documenta como o conhecimento antropológico e os métodos etnográficos são aproveitados pelas agências militares e de inteligência na América pós-11 de setembro para aplacar populações estrangeiras hostis. David H. Price descreve as implicações éticas da apropriação deste discurso acadêmico tradicional para uso por equipes de pesquisa militarizadas e incorporadas.

Publicado por CounterPunch e AK Press 2011. 219 páginas.

 

 

https://www.counterpunch.org/product/weaponizing-anthropology/

 

Derrama Municipal 2023 – qual o valor a pagar em cada concelho?

Derrama Municipal 2023 – qual o valor a pagar em cada concelho?

O Portal das Finanças divulga o valor da derrama municipal 2023 a pagar durante o ano de 2024, revelando que em 105 dos 308 concelhos do país será aplicada a taxa máxima permitida por lei de 1,5% (sobre a matéria coletável das empresas sedeadas nos respetivos municípios). Ao todo são 184 os concelhos a cobrar […]

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terça-feira, 2 de abril de 2024

Grave altercado en Cartaya con un Campeón de la Champions League

Ver para creer. Sérgio Conceição, actual entrenador del Oporto y campeón de la Champions League, entre otros títulos, ha participado en un grave incidente de orden público en Cartaya durante la celebración de la final de la Gañafote Cup, un torneo de fútbol base, entre el FC Porto y el Sevilla FC. El afamado preparador luso llegó incluso a enfrentarse al alcalde Manuel Barroso, en un tumulto al que se sumaron más personas y que obligó a la intervención de la Policía Local y la Guardia Civil.


Grave altercado en Cartaya con un Campeón de la Champions League
https://www.diariodehuelva.es/articulo/deportes/campeon-europa-provoca-grave-altercado-cartaya/20240325101510314890.html

tour




Controlo das baixas médicas fica mais apertado a partir de segunda-feira.

Para quando a publicação das baixas médicas, na função publica?

Convocatórias podem ser feitas por SMS ou email.

As baixas por doença passam a poder ser verificadas a qualquer momento pela Segurança Social, segundo o decreto-lei que entra em vigor a 1 de abril.

A novas regras, publicadas em Diário da República em janeiro passado, pretendem tornar o sistema de verificação de incapacidades mais eficiente e criterioso.

Além das fiscalizações a qualquer momento, as convocatórias passam a poder ser feitas através de SMS ou email, uma semana depois do início da baixa médica e as avaliações e os exames médicos poderão ser feitos por videochamada.

Confira aqui tudo o que o decreto-lei prevê




Novo Governo vai revogar exames de aferição e digitais.

Novo Governo vai revogar exames de aferição e digitais — https://sol.sapo.pt/2024/03/29/novo-governo-vai-revogar-exames-de-afericao-e-digitais/

Costa deixa seis metas do PRR para Montenegro concluir. Quinto cheque depende delas

Quando António Costa reconhece o estado, dos assuntos pendentes, como se pode ver na lista abaixo, significa, pelo seu passado que é muito pior, do que o apresentado. Nada que não seja habitual em António Costa e no seu ídolo José Sócrates.

Evidenciando as mentiras de Mariana Vieira da Silva,

Pedido de pagamento do quinto cheque do PRR está dependente do cumprimento de 42 metas e marcos. Governo diz que dois aguardam desenvolvimentos e quatro estão "em decisão política".

A passagem de pastas de António Costa para Luís Montenegro, nesta tarde de quarta-feira, inclui um ponto de situação do Plano de Recuperação e Resiliência. Para que o novo chefe de Governo possa pedir o quinto cheque da bazuca, que ascende a 2,77 mil milhões de euros líquidos, ainda terá de concluir cinco reformas e um investimento, isto se não quiser ter verbas retidas por Bruxelas.

De acordo com o balanço do Executivo, o mais atrasado é o barragem do Crato e a entrada em funcionamento do Sistema de Depósito e Reembolso, ambos previstos para julho deste ano, quando tinham como prazo limite o quarto trimestre de 2023.

O pedido de pagamento do quinto cheque do PRR está dependente do cumprimento de 42 metas e marcos e de acordo com a contabilidade do Executivo dois aguardam desenvolvimentos e quatro estão "em decisão política". Qualquer Estado-membro pode fazer dois pedidos por ano, inclusivamente em simultâneo, como aconteceu com Portugal o ano passado, não havendo um prazo legal para o fazer.

A barragem do Crato é o investimento com mais nuances. Ao nível da infraestrutura primária, o concurso público para a empreitada foi lançado em agosto do ano passado, sendo que o prazo para apresentação de pedidos de esclarecimentos era 10 de setembro. "Devido ao número e pertinência dos pedidos recebidos, e após análise ao procedimento e parecer do gabinete Abreu Advogados, a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA) deparou-se com a necessidade prorrogar o prazo de apresentação das propostas", justifica o Governo.

"Esta prorrogação implica a abertura de propostas em maio de 2024, adiando a sua análise, visto do Tribunal de Contas e Auto de Consignação da obra, para o segundo semestre de 2024", avança o Executivo.

Já ao nível das infraestruturas secundárias, o lançamento da empreitada para a rede de rega só terá lugar no segundo trimestre deste ano. "Estão a ser feitos reajustamentos ao projeto de execução das infraestruturas secundárias, em estreita articulação com a Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no sentido de garantir o cumprimento do não prejudicar significativamente (DNSH, na sigla em inglês) e posterior submissão do Relatório de Conformidade Ambiental (RECAPE)", lê-se no ponto de situação preparado.

O aproveitamento hidráulico de fins múltiplos do Crato tem ainda prevista a construção de uma central fotovoltaica. "O projeto de execução da central fotovoltaica está concluído. Aguarda-se autorização da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) para terminar projeto de execução da ligação da rede à linha elétrica e posterior submissão do RECAPE", lê-se no documento. "A SEEnC e a REN mostraram-se disponíveis para retomar a possibilidade de ligação da central fotovoltaica do Pisão à rede elétrica a uma distância de seis quilómetros", avança ainda o Governo.

Já no que diz respeito ao fornecimento de água à Estação de Tratamento de Águas de Póvoa e Meadas "é necessário elaborar um plano com medidas compensatórias das alterações do habitat da espécie Rato-de-Cabrera (Microtus cabrerae)". E como a construção da barragem implica que a Aldeia do Pisão fique submersa é necessário reinstalar a nova aldeia. "Está a decorrer o processo de suspensão do PDM bem como os processos de expropriação dos terrenos. Está também em preparação o concurso para elaboração do Plano de Pormenor e Projeto de Execução da Nova Aldeia do Pisão", conclui o documento, apontando como "data prevista de conclusão", a partir de julho deste ano.

Com a mesma data prevista de conclusão surge a entrada em funcionamento do Sistema de Depósito e Reembolso que já foi publicado em Diário da República este ano, mas "a APA identifica um prazo mínimo de três meses para concluir o procedimento de atribuição da licença".

António Costa, na conferência de imprensa do último Conselho de Ministros, já tinha anunciado que dois diplomas relativos à orgânica da Administração Pública – um que regula a organização da administração direta do Estado e o outro que aprova as orgânicas da Secretaria-Geral do Governo e do Centro de Serviços Comuns – e uma proposta de lei, relativa aos incentivos ao funcionamento do mercado de capitais, referentes ao quinto cheque do PRR, iriam ficar para o próximo Executivo, no primeiro caso, por uma questão curial para não o condicionar, no segundo, porque o Parlamento ainda não estava em funções.

Nos atos jurídicos por concretizar em termos de reorganização do modelo de funcionamento do Estado estava incluído "a centralização de serviços comuns e partilhados; o combate à dispersão e redundância nos serviços da administração central; a especialização adequada por domínios das entidades da Administração Pública direta e indireta setoriais; a especialização no âmbito de funções críticas de apoio à atividade governativa e a concentração dos gabinetes do Governo num único espaço físico; bem como a promoção de auditoria e avaliação comparativa internas; a promoção da eficiência dos processos; a melhoria contínua e a disseminação das melhores práticas de gestão nas entidades da Administração Pública".

Chutado para abril ficou também a conclusão da implementação de alguns serviços de pré-preenchimento na declaração relativa ao imposto do selo. "No âmbito da validação do descrito no Acordo Operacional, decorrem discussões sobre o possível ajuste do Mecanismo de Verificação, dado que atualmente solicita-se o relatório de implementação para todas as transações de imóveis e transferência de veículos, quando o solicitado seria aplicá-lo apenas a transmissões gratuitas de bens relativas a sucessões por morte. Dessa forma, o executado até ao momento incide apenas sobre as transmissões, pelo que se considera esta meta como não concluída", explica o Governo no passar de pasta.

E, só a partir de junho, o Governo prevê ser possível implementar um modelo de Espaço Cidadão Energia. Foram assinados os quatro protocolos dos Espaços Cidadão Energia (pela ADENE) que "preveem o envolvimento das entidades em causa no exercício design thinking". "Este exercício permitirá especificar a governação e estrutura de financiamento dos Espaços Cidadão Energia, conforme indicado na CID". O lançamento do procedimento de consulta prévia para os serviços de design thinking estava previsto para esta segunda-feira.

https://eco.sapo.pt/2024/03/27/costa-deixa-seis-metas-do-prr-para-montenegro-concluir-quinto-cheque-depende-delas/



segunda-feira, 25 de março de 2024

Hoje

Em 1957, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo, Holanda e Alemanha Ocidental assinavam o Tratado de Roma, que instituía a Comunidade Económica Europeia. Entraria em vigor a 1 de janeiro do ano seguinte e é, ainda hoje, juntamente com o de Maastricht, o mais importante Tratado e base legal da União Europeia.

sexta-feira, 22 de março de 2024

Vai haver um TGV no ‘PORTUGALZINHO’?

Um TGV neste nosso 'PORTUGALZINHO'?!?

A sério???????!!!!!!!!!!!??????????

Já alguém pensou nos custos da sua manutenção para não haver nenhum 'desastre'?

E a que preços terão de ser os 'bilhetes' para não termos mais uma TAP?

Nota (egoísta): Não é que me preocupe…não tenciono ir ao Porto…ah ah ah

A F P

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Vai haver um TGV no 'PORTUGALZINHO'?

Neste mesmo 'Portugalzinho', onde sucedem desastres mortais por falta de peças, equipamentos e cumprimento de regulamentos, acham que cabe e tem sustentabilidade/viabilidade/segurança uma linha TGV?

 

JOSÉ LUCENA GAIA - 18/03/2024 

Engenheiro Civil (IST), de que uma das Especializações é Transportes (IST)

Neste mesmo Portugalzinho, onde sucedem desastres mortais por falta de peças, equipamentos e cumprimento de regulamentos, acham que cabe e tem sustentabilidade/viabilidade/segurança uma linha TGV?

Em oito anos , o actual Partido Socialista , na sua política de regresso ao marxismo e repúdio da social democracia pelo nepotista e incompetente Carlos César , com sobejas provas deixadas nos Açores , onde um Mário Soares já velho e desgastado por derrotas na União Europeia , e dessas derrotas raivosamente vingativo contra a ala social-democrata do P.S. , onde, dizia, foi buscar para o Continente um Carlos César que com António Costa, ambos com provas suficientemente dadas das suas incompetências , nesses oito anos, este Partido Socialista à semelhança de outras áreas como o Serviço Nacional de Saúde , desmantelou a já frágil pasta do ensino e cultura . A máxima desta incompetência, é a mesma que subsiste há milénios desde que as sociedades se organizaram em grupos, em tribos , em nações e que tiveram a aplicação máxima com José Estaline , com Hitler e com Mao tsé Tung para além de muitos outros , Máxima essa que é ser sempre mais fácil conduzir e enganar um grupo de ignorantes que aqueles com mais cultura que os que detêm o poder . Vejam-se os ministros da Educação e da Cultura escolhidos nos regimes de António Costa, e em particular o jornalista que ultimamente não desempenha esse lugar da Cultura, mas que o ocupa.

Para os mais ignorantes destas realidades à António Costa num beijinho ao Bloco de Esquerda em geringonça , e logo em 2017, lembro a anulação de exames intercalares a Matemática, vergonhosamente anunciada por António Costa em plena Assembleia da República sem qualquer reacção contrária de qualquer deputado , e um silêncio alarmante por parte da comunicação social como fomos sempre habituados desde que esse licenciado em Direito, sem qualquer formação para gestão do que quer que seja ou fosse ocupou o cargo de 1º Ministro.

Ao longo dos seus oito anos, a Europa aponta a Portugal um decréscimo desastroso na cultura dos alunos, desastre esse alarmante nas áreas das Línguas, Matemática e Ciências. Resultados desastrosos no âmbito das nossas Escolas , dos nossos Liceus , do nosso futuro próximo: Os nossos jovens mais e melhor qualificados, esses jovens são captados pelas empresas estrangeiras ou constituem o tronco mais denso do êxodo da nossa juventude para o estrangeiro. Para equilibrar essa falta alarmante de profissionais qualificados, o Partido Socialista e Bloco de Esquerda, abrem escancaradas sem qualquer triagem as portas do país a uma inundação por estrangeiros sem a menor qualificação escolar primária nem qualquer formação profissional, e muitos sem saberem sequer o Português mais rudimentar.

Em paralelo, recordo o repto que na Ordem dos Engenheiros lancei há poucos anos ao ministro então aí presente de António Costa, para apresentarem os custos de Manutenção de uma linha TGV Lisboa-Porto, o que continua sem resposta.

Nenhum Partido nos desfiles eleitorais tipo Carnaval Brasileiro, nem entrevistas pela chamada comunicação social parece interessado em parar a ilusão paranóica do nacional parolismo em sermos grandes, gigantescos, em termos também um TGV como a Alemanha, como a França ou o Japão.

Mas deixem-me dar uma ajuda, recuando a 1964. Isso mesmo, a 1964!

Quando à linha do Norte de Portugal faltavam mais de 10 anos para a sua eletrificação, o Japão, como infraestrutura para as suas primeiras Olimpíadas, revolucionou os transportes com o 1º TGV : O Comboio Bala, afirmando-se desde então como os World Railway Masters, a que a própria "Deutch Bahn" tem recorrido precisamente para assuntos da ferrovia de Alta Velocidade.

 E são estes Mestres da Ferrovia que regulamentam como fundamentos primários para o funcionamento eficaz e em segurança de um TGV que o mesmo funcione :

1º- Nunca abaixo dos 450 kms entre partida-paragem

2º- Que cada 2.500 horas de funcionamento as composições TGV sejam integralmente desmontadas e remontadas, para a radiografia integral de chassis, bogies e rodas, em detecção da mais pequena fissura de material que obrigará à sua substituição do componente por nova peça. Esqueçam qualquer reaproveitamento para TGV!

É esta operação que cíclica e eficientemente a "Japan Rail" executa nas suas gigantescas oficinas em Nagoya.

Conseguem imaginar os custos desta operação?

Dou uma ajuda: 2.500 horas a 230 kms/hora (nem falo já em 300kms/h) equivalem a 575.000 kms percorridos. Isto será cerca de 1440 viagens Lisboa-Porto, o que resulta se cada composição TGV só fizer 3 trajectos diários, resulta uma cadência de desmontagem integral-inspecção-radiografia-substituição e remontagem para cada composição de 16 em 16 meses!

Neste nosso Portugalzinho, onde a bitola estreita das ferrovias seculares do nosso isolamento ferroviário, é a mesma bitola estreita das cabecinhas de tantos ditos governantes, quando do último desastre ferroviário, em Soure há menos de 4 anos, o sr. Pedro Nuno Santos, incompetentíssimo ministro de infraestruturas, em 24 horas apressou-se a correr aos microfones para atirar as culpas aos maquinistas das composições, quando nos dias seguintes ficaram provadas falha de equipamento, falta de manutenção, falta de equipamento de corte-segurança à ferrovia, num parêntesis: Culpa da Refer + seu ministro das infraestruturas.

Neste mesmo Portugalzinho, onde sucedem desastres mortais por falta de peças, equipamentos e cumprimento de regulamentos, acham que cabe e tem sustentabilidade/viabilidade/segurança uma linha TGV?

O 'Portugalzinho'

Autor:   Miguel Sousa Tavares 

  
 
Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa. Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o que vê:
- É sempre assim, esta auto-estrada?
- Assim, como?
- Deserta, magnífica, sem trânsito?
- É, é sempre assim.
- Todos os dias?
- Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.
- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram?
- Porque havia dinheiro para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento era isto.
- E têm mais auto-estradas destas?
- Várias e ainda temos outras em construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S. Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.
- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada nacional está cheia de camiões?
- Porque assim não pagam portagem.
- E porque são quase todos espanhóis?
- Vêm trazer-nos comida.
- Mas vocês não têm agricultura?
- Não: a Europa paga-nos para não ter. E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.
- Mas para os espanhóis é?
- Pelos vistos...
Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:
- Mas porque não investem antes no comboio?
- Investimos, mas não resultou.
- Não resultou, como?
- Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas não resultou.
- Mas porquê?
- Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não 'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os anos.
- E gastaram nisso uma fortuna?
- Gastámos. E a única coisa que se conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a viagem há cinquenta anos...
- Estás a brincar comigo!
- Não, estou a falar a sério!
- E o que fizeram a esses incompetentes?
- Nada. Ou melhor, agora vão dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV: Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de fazerem outro no Algarve e outro no Centro.
- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo?
- Do ponto mais a norte ao ponto mais a sul, 561 km.
Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.
- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto?
- Não, pára em várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.
- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois volta para trás e entra em Lisboa?
- Isso mesmo.
- E como entra em Lisboa?
- Por uma nova ponte que vão fazer.
- Uma ponte ferroviária?
- E rodoviária também: vai trazer mais uns vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.
- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!
- Pois é.
- E, então?
- Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.
Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.
- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a auto-estrada está deserta...
- Não, não vai ter.
- Não vai? Então, vai ser uma ruína!
- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo - porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros que cheguem para o justificar.
- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
- Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!
- E vocês não despedem o Governo?
- Talvez, mas não serve de muito: quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando era governo...
- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?
- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.
- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?
- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV.
- Como? Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de ter?
- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.
Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:
- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?
- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a uns 50 quilómetros de Lisboa.
- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro da cidade, e fazer um novo?
- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.
- Não me pareceu nada...
- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.
- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum disponível?
- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do Sul para a Europa: um sucesso garantido.
- E tu acreditas nisso?
- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes o que é aquilo?
- Um lago enorme! Extraordinário!
- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.
- Ena! Deve produzir energia para meio país!
- Praticamente zero.
- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!
- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.
- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para beber, serve para regar - ou nem isso?
- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora, porque há água a mais.
- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?
- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que é o que nós fazemos mais e melhor.
Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a ser pobres e enlouqueceremos de vez.
Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no assento. E suspirou:
- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!