domingo, 21 de abril de 2019

NBU - Novos Bimbos Urbanos

São urbanos. São entre os 30 e os 45 anos. Têm cursos superiores. São já tendencialmente dependentes dos smartphones e i-phones e das Redes Sociais. Vivendo num constante vazio, para se sentirem integrados nesta sociedade que se quer global, aderem a modas fáceis, em busca de felicidade efémera que se desfaz como o fumo.

São conhecidos como os NBU ou os Novos Bimbos Urbanos.

10 modas:

Gin, Sushi, SWAG, Selfie sticks, etc.

Vivemos num mundo de modas e de gostos influenciados pelos media. Sempre assim foi, agora é ainda mais devido à velocidade e visibilidade que a Internet veio dar a todas as novas tendências. Vamos lá então falar das modas que andam por aí.


Gin

Sim, aquela bebida que era a dos nossos pais e que era servida com água tónica e, nos sítios mais finos, com uma rodela de limão. Essa bebida que ninguém gostava e que era azeda, está na moda. Nas prateleiras dos hipermercados, onde outrora havia apenas uma marca, a mais rasca,

estão agora uma enormidade de diferentes marcas e estilos. A moda do Gin apareceu do nada, mas planeada, e encostou as caipirinhas e os mojitos a um canto. Sim, é bom, eu bebo e já dei uma vez 14€ por um gin. Sou estúpido. Um palerma, mesmo. Não há bebida que valha esse

dinheiro a não ser pelo marketing, branding e impinging que nos fazem. Fazer um gin não é arte, meus amigos. É misturar cenas lá para dentro e logo se vê. "Ai, o copo tem que estar gelado, tem que se passar as folhinhas de menta nas bordas para aromatizar, meter a tónica numa colher em espiral para não quebrar as bolhinhas frágeis da menina.". Menos, se faz favor. Não estou para estar cinco minutos à espera de um gin, para no fim saber igual aos outros todos, especialmente se for o quinto da noite. Tomem juízo. Assim ainda me fazem perder o engate. O gin conseguiu vencer a barreira da mariquice que muitos homens não se sentem confortáveis em ultrapassar. Antigamente, qualquer bebida doce com fruta lá dentro era para gaja ou designers de interiores. Hoje, uma bebida com bagas e folhinhas é de homem.


Kizomba

A Kizomba sempre esteve na moda onde eu vivo, Buraca. Sempre ouvi Kizomba, à força, nas festas das escola e atráves dos carros que passam na minha rua ao som da sua batida característica. Não tenho nada contra, confesso que não é o meu estilo de música, mas até sou capaz de não trocar de estação e até, na loucura, de ouvir com gosto num carro cheio de amigos a caminho da praia. Mas há limites, caraças! A rubrica da RFM "10 músicas seguidas sem parar", deveria chamar-se "5 músicas seguidas intercaladas por 5 Kizombas". Não há paciência, especialmente, porque a Kizomba que nos chega é, na sua maioria, má. É a comercial, que de africana tem muito pouco e é feita só para vender. É engraçado é que não se pode dizer mal da Kizomba sem se ser acusado de racismo. Eu também digo mal do Pimba e isso não faz de mim xenófobo contra os portugueses. Não gosto, acho que as pessoas papam porque dá na rádio e porque não têm paciência para letras que as façam pensar. Não tenho problemas que um Anselmo Ralph encha um MEO Arena, só tenho é pena que não haja tanto público a querer ouvir um Jorge Palma ou um Sérgio Godinho. Se calhar têm que se adaptar e fazer novas versões: Jorge Palma ao piano, com batida Kizomba por trás, a cantar "Agora não mete mais a mão no queixo...". Ou o Sr. Godinho a cantar "Bo tem um brilhozinho nos olhos...".

Selfie Sticks

Os famosos paus de selfie. Pau de selfie faz lembrar uma espécie de condimento para comida ou um brinquedo sexual para auxiliar a masturbação, mas não! É aquele cabo para as pessoas tirarem fotos a elas próprias. No meu tempo, pedia-se a alguém que fosse a passar para tirar uma fotografia e dizia-se "Carregue aqui neste botão".

Aquele botão igual em todas as máquinas, mas que nós sentimos sempre necessidade de dizer, não vá a pessoa carregar no flash ou no botão que ejecta a bateria. Devo dizer que reconheço a utilidade dos paus de selfie, acho que até criam um efeito giro e são práticos de utilizar em várias situações. Isso não quer dizer que não sejam ridículos. São. Andar com o telemóvel preso na ponta de uma moleta é só estúpido. Mas o pior não é isso, o pior é que as pessoas andam muito obcecadas com elas próprias.

Eu, quando vou a algum lado, estou mais interessado em tirar fotografias às paisagens, aos monumentos, às pessoas na rua e a momentos únicos, do que a mim. Parecem a Cristina Ferreira que tem que aparecer sempre na capa da sua revista. Se querem tirar uma foto do pôr do sol em Belém, para que é que a vão estragar com o vosso focinho?


Sushi

Não gosto. Sim, já experimentei mais que uma vez. Sim, já experimentei diferentes restaurantes. Sim, já me disseram que é uma questão de hábito. Não gosto e não quero experimentar mais, pode ser? Há sempre um amigo que nos tenta convencer que sushi é a melhor comida do mundo! Que nós só não gostamos porque ainda não experimentámos com os planetas alinhados e vestidos todos de ganga. Metam na cabeça que há pessoas que não gostam de peixe cru! Não devia ser assim algo tão estranho, o estranho é gostar. Antes, a norma era não se gostar, mas agora anda tudo maluquinho com o sushi. É uma falta de respeito para com os nossos antepassados que inventaram o fogo. Não percebo como é que se insiste em comer algo que não se gosta. Se não estivesse na moda, ninguém experimentava dez vezes até gostar. Experimentavam uma, ou duas, como eu, e pronto, não gostam, nunca mais lá vão. Mas, como é fixe comer sushi e dá boas fotos para o Instagram, o pessoal obriga-se a comer até gostar.

Dêem lá 50€ por um sushi que eu, com isso, janto a semana toda no Zé Manel, na minha praceta, onde gostei logo à primeira.


Fast-food gourmet

Se a moda do gourmet já é parva que chegue, como já aqui escrevi, então o Fast food gourmet é o pináculo do disparate. No fundo, adicionar a palavra gourmet, não é mais do que dizer que é um hambúrguer na mesma, só que no prato e mais caro. Ele é cachorros gourmet, francesinhas gourmet, alheira com ovo gourmet, é tudo gourmet! Um bitoque é um bitoque e nunca pode ser gourmet!

O mesmo com tantas outras comidas que são boas porque não são sofisticadas. Tasca gourmet? Não faz sentido, são conceitos que não ligam. Aliás, a palavra gourmet está tão na moda que eu aposto que já alguma rapariga disse a um namorado o seguinte: "Oh amor, não é nada pequeno, é gourmet. Se fosses Adão até podias tapar isso só com uma folhinha de rúcula.".


Fotografar comida

O gourmet e o sushi deram origem a outro flagelo, o de fotografar a comida. O Instagram e o Facebook foram invadidos por fotografias daquele prato decorado na perfeição. Tenho a certeza que esta moda levou a que muitos restaurantes dessem mais importância à aparência do prato do que ao seu sabor. As pessoas, por seu lado, passaram a dar mais importância ao filtro que aplicam na foto do que ao tempero. Esta comida está insonsa mas eu compenso com um Nashville. Está uma pessoa a tentar fazer dieta e tem o mural que parece um catálogo de receitas para gordos que querem manter as curvas. As únicas pessoas que deviam tirar fotos à comida são as crianças subnutridas de África, porque seria uma recordação de algo que elas não sabem quando, e se, vão voltar a ver.


Twerking

Abanar o rabo de forma sexual e com os calções mais curtos do mercado, dois números abaixo, com a desculpa que é uma dança. Por mim, venham mais modas destas! O twerk está para os homens, como abanar o saco dos biscoitos está para os cães salivarem. A moda ainda não está muito disseminada por Portugal, que já se sabe que as portuguesas são todas meninas de respeito. Por isso e porque, talvez, não tenham jeito para abanar o pacote, já que o nosso sangue latino anda muito arrefecido pela austeridade. Quando é bem feito, o twerk e as meninas que o fazem, é sem dúvida hipnotizante. Nós, homens, conseguimos estar horas a ver um rabo jeitoso a rebolar-se todo. É genético e diz que faz bem à circulação. No entanto, é uma moda parva, especialmente quando é feito em nome da não objectificação do corpo da mulher. Ridículo, mas continuem a fazê-lo, se faz favor.


SWAG

O SWAG é o que a malta jovem chama ao estilo. Implica ter bonés com autocolantes de origem, camisolas de alças, calções curtos a mostrar a esquina do cu, óculos escuros e fumar para a foto. Cores berrantes, gorros com pompons no pico do Verão e leggins com padrões à Joana Vasconcelos. O que mais me irrita no SWAG é quem adere a esse estilo dizer que tem SWAG. É a palavra em si que me irrita. O estilo, em si, não me faz grande confusão, sempre houve modas parvas e cada um veste o que quer, mesmo que pareça que foi vestido por um estilista autista e daltónico. É lá com eles. Metam a calça no fundo do cu a mostrar os boxers e vistam roupa artística à vontade. Vocês vestem o que quiserem e eu digo o que me apetecer. Digo, por exemplo, que esse cenário que vocês pensam que bate bué, é pausa que vos faz parecer pintassilgos vestidos de palhaços.


Running

Toda a gente corre, mas já ninguém diz que corre. É muito mais fino dizer "Hoje não vou poder ir ao teu jantar, porque tenho que ir fazer running". Aliás, aqui na Buraca, efectuam-se manobras de fuga em running! Muito mais fino que dizer que se fugiu a correr dos bandidos. "Ontem  fiz mais cinco quilómetros em 53 minutos", partilha-se amiúde no Facebook. Mas quem é que quer saber? O que é que a mim me interessa qual a distância que vocês percorreram a pé, enquanto eu estava sentado ao computador a comer donuts?! Correram? Efectuaram um running gostoso? Epá, que bom para vocês! Levaram o iPhone no braço e foram vestidos com roupa de marca que vos custou cem euros? Epá, bom para vocês! Não, não me interessa a marca dos vossos ténis. Eu não vos chateio com os meus feitos, pois não? Aliás, no outro dia também fiz 6km. De carro. Para ir buscar três pizzas. Não me viram a vangloriar-me disso, pois não?


Sumos detox

Nunca experimentei nenhum, mas até sou gajo para o fazer um dia destes. Um sumo detox no fundo é uma sopa fria. Uma espécie de gaspacho mas com "super-alimentos", que são também eles, por si só, uma moda parva. As mulheres acham que beber sumo detox as vai fazer expelir pelo ânus toda a porcaria que comem durante o dia. "Bem, vou comer dois Big Macs, que mais logo bebo um sumo com chia, brócolos e sementes de girassol tresmalhado do Zimbabwe, mando isto tudo cá para fora". Os homens bebem às escondidas, tendo medo de ser rotulados como quem tem um piquinho a azedo, como tem a maioria desses sumos. Mais uma vez, nada contra, bebem à vontade, até fazem bem à saúde. O que mais me irrita é o orgulho com que gritam aos sete ventos que acabaram de beber um sumo.


Estágios não remunerados

Para o fim, a moda mais parva de todas. A moda das empresas que acham que ter trabalho de borla é bom. Aquelas empresas que contratam estagiários e que já sabem que não vão ficar com eles. Que sabem que eles vão dar o máximo e trazer ideias frescas para a empresa, mas que são dispensáveis a partir do momento em que tenham que lhes dar ordenado.

"Procura-se colaborador, recém-licenciado, que saiba falar cinco línguas, saiba fazer mortais encarpados à rectaguarda, saiba cozinhar comida asiática e mediterrânica, tirar cafés, com conhecimentos sólidos das ferramentas office e grande capacidade de sacrifício, de lidar com o stress e que tenha um espírito de equipa fantástico, para se juntar à nossa, já fantástica, equipa. Oportunidade imperdível para aprender e crescer profissionalmente. Salário fixo de 0€. Não é negociável."



Quais

destas

modas

pratica?


sexta-feira, 19 de abril de 2019

Relatório de Mueller incapaz de limpar Trump da obstrução da justiça.

Do tão aguardado relatório de Robert Mueller, ele detalha "múltiplos contactos" entre a campanha de Trump e funcionários do governo russo e estabelece 10 "episódios", em que Donald Trump possivelmente obstruiu a justiça.

Mueller disse que ele não fez um "julgamento da acusação tradicional" sobre se Trump obstruiu a justiça e acrescenta que as provas obtidas sobre "as acções e intenção do Presidente " vomitou "questões difíceis".

terça-feira, 16 de abril de 2019

Alho

Ingerir alho pode prevenir o esquecimento, sobretudo em pacientes com Alzheimer ou Parkinson. O benefício vem do sulfeto alílico.

O consumo de alho ajuda a neutralizar as mudanças relacionadas à idade nas bactérias intestinais associadas a problemas de memória, segundo um estudo recente, realizado em cobaias. O benefício vem do sulfeto alílico, um composto presente no alho e conhecido pelos seus benefícios para a saúde.

“A nossa descoberta sugere que a administração dietética de alho, contendo sulfeto alílico, pode ajudar a manter microrganismos intestinais saudáveis e melhorar a saúde cognitiva em idosos”, afirmou Jyotirmaya Behera, líder da equipa de cientistas da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos.

Na prática, este composto restaura triliões de microrganismos, também conhecidos como microbiota, no intestino. Pesquisas anteriores já haviam sublinhado a importância da microbiota intestinal para a saúde humana, mas poucos estudos haviam explorado o bem-estar do intestino e as doenças neurológicas normalmente associadas ao envelhecimento.

“A diversidade da microbiota intestinal é diminuída em pessoas idosas, um estágio da vida em que as doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson, se desenvolvem, e as habilidades cognitivas e de memória podem diminuir”, disse Neetu Tyagi, cientista que fez parte da equipa responsável e co-autora deste estudo.

“Quisemos entender melhor como as alterações na microbiota intestinal estão relacionadas ao declínio cognitivo associado ao envelhecimento”, acrescentou, citada pelo Science Daily.

ABRUPTA E «À BRUTA»

Não é sobre o «à bruto» AO90. É sobre a mudança da hora-manequim de Verão-Inverno.

Estranho ouvir certas razões contra a manutenção da «mesma hora» (provavelmente a de Verão):ora pelo sacrifício e insegurança das crianças na ida para a escola, ora por o sol ter a desfaçatez de passar a levantar-se apenas às 9h, depois da maioria das pessoas. Quanto a este último problema (e a todos os problemas relacionados), pergunto se será possível que o sol se levante às 9h em Bragança, precisamente quando se levanta em Vigo às 10h. Pois é: parece que esquecemos que nós é que nos regulamos pelo ritmo solar, e não o sol pelos nossos relógios. Outra pergunta: será que os esquimós, lá mesmo no buraquinho polar, dormem 6 meses seguidos para trabalharem «à bruta» nos outros 6 meses? Ou só vão trabalhando à medida que a noite diminui? (Até que seria interessante esta alternativa…)

A meu ver, o problema está em se mudar «à bruta», com toda a força de uma lei, que certos especialistas apelidam de científica. Na verdade é devida a uma experiência pós-guerra com o fim de facilitar «a gestão do tempo-relógio» para rentabilização do trabalho sem a ajuda das actuais lâmpadas LED. Será que acham mais justo que toda a gente seja obrigada a experimentar os efeitos do «jetlag»? Se eu vou a Paris ver os coletes amarelos, aceito facilmente que saiam à rua pelas horas que são convenientes para Paris e não para Lisboa ou Atenas. Mas deitar-me às 23 horas em Aveiro para me levantar às 7h, e acordar na mesma cama e cidade no equivalente às 6h! Como se tivesse mudado de fuso! Não há direito!

Acho preferível tirar partido daquilo que mais nos diferencia dos outros animais: ser racional.

As razões da mudança perderam os seus fundamentos. E durante 24 horas, os transportes trans-fusos baralham os horários. Mas sobretudo aumenta-se a confusão durante vários dias e ocorrem perturbações no campo da saúde e da eficácia no trabalho.

Então que fazer? Os Espanhóis têm vindo a desejar o «nosso fuso» (na prática, confunde-se «fuso horário» com «hora legal»). Racionalmente, ou isso ou o mesmo fuso para Portugal e Galiza… Nós fomos atrás de Inglaterra quando «brexou» do «fuso europeu». Porquê?

Seguindo o parecer de entendidos, seria desejável que praticamente toda a Europa como que tivesse «o mesmo fuso» e mesma «hora legal». Apenas seria preciso achar normal que, por exemplo, as escolas abrissem às 8h em França, às 9h na Península Ibérica e às 7h na Grécia («grosso modo»). Tirava-se igual proveito da luz solar sem deixarmos de seguir a referência horária comum à UE. Aliás, até na mesma região, devia ser possível (se razoável!) que as lojas, escolas e a maioria dos serviços abrissem em horas diferentes, de acordo com as conveniências específicas de cada tipo de trabalho e com o bem-estar da população “em geral” (pensemos nas padarias, recolectores do lixo…). Cada serviço é que sabe o horário que é mais conveniente para todos. Bem basta que padeiros, pilotos, polícias, enfermeiros e médicos, só para dizer alguns, se vejam obrigados a «trocar os fusos» volta e meia …

E as crianças: será mais seguro, mais fácil e mais «afectivo», saírem para a escola com os pais, irmãos ou amigos, mal se faz sentir a aurora (depois de bem dormirem enquanto o sol dorme profundamente), ou terem que regressar já de noite, menos acompanhados e mais cansados?

Pertence às «comunidades no mesmo fuso» estabelecer os horários de modo racional, conjugando bem-estar no lazer e no trabalho – e sem deixar tirar proveito do nosso «irmão sol» (que até tem a coragem de se levantar 8 minutos «antes da hora»…)

O próprio problema do alojamento dos estudantes, que também se faz sentir no ensino secundário, só ganhava com a flexibilidade dos horários sob parecer de cada unidade escolar. É ofensivo impor aulas às 8h da manhã, em locais com deficientes meios de transporte.

Intelligenti pauca. Este latim condensa o nosso «para bom entendedor meia palavra basta» (os «velhos» dicionários traziam uma lista de frases estrangeiras, o que não cansa o cérebro, ao contrário do que escreve Malaca Casteleiro). Não é snobismo, é reconhecer que também devemos admirar, além do sol, o brilho com que se exprime o pensamento de outros povos ou grupos sociais, com um carinho especial pela linguagem-mãe da Europa. Por isso me limito a deixar estas reflexões que até fizeram o Sol cair mais depressa.


MANUEL ALTE DA VEIGA. Aveiro.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

RETRATO DO POLITICAMENTE CORRECTO E FAKE NEWS

Retrata bem o "politicamente correcto" dos dias de hoje!. É isto..

Nevou no Rio de Janeiro, pela primeira vez na história!!!

8:00 Eu fiz um boneco de neve.

8:10 Uma feminista passou e me perguntou porque eu não fiz uma boneca de neve.

8:15 Eu fiz uma boneca de neve.

8:17 Minha vizinha feminista reclamou do perfil voluptuoso da boneca e neve dizendo que ela ofende as bonecas da neve em todos os lugares.

8:20 O casal gay que mora nas proximidades teve um ataque de raiva e protestou, porque poderiam ter sido dois bonecos de neve.

8:22 Um transgénero da outra rua me perguntou por que não fazia um boneco com partes removíveis.

8:25 Os veganos no final da rua se queixaram do nariz de cenoura, já que os vegetais são comida e não para decorar bonecos da neve.

8:31 O cavalheiro muçulmano do outro lado da rua exige aos berros que a boneca da neve use uma burca.

8:40 A polícia chega dizendo que há uma denúncia anónima contra mim, de alguém que foi ofendido pelo meu racismo e discriminação, porque os bonecos são brancos.

8:42 A vizinha feminista reclamou novamente que a vassoura da boneca da neve deveria ser removida porque ela representa as mulheres em um papel doméstico de submissão.

8:43 Um promotor chegou e ameaçou me processar se eu não pedisse desculpas públicas pelo maldito boneco de neve.

8:45 A equipe de jornalismo da TV apareceu. Eles me perguntam se eu sei a diferença entre bonecos de neve e bonecas de neve. Eu respondo: as "bolas de neve" e agora elas me chamam de sexista.

9:00 Estou no noticiário como um suspeito, terrorista, racista, delinquente, com tendências homofóbicas, determinado a causar problemas durante o mau tempo. Estou passando por tudo isso por causa dos malditos bonecos de neve!!

9:05 Quem mandou fazer a p… dos bonecos de neve?... Estão me perguntando se eu tenho um cúmplice. Ou se alguma organização me incentivou a fazer os bonecos, nas redes sociais.

9:29 Os manifestantes da extrema esquerda e da extrema direita, ofendidos por tudo, estão marchando pelas ruas exigindo que me decapitem.

9:32 Os neonazistas marcham em frente à minha casa acusando-me de ser comunista.

9:35 As feministas me xingam e pintam a fachada da minha casa com a palavra “machista”.

9:45 Os evangélicos me acusam de querer usurpar o lugar de Deus, por criar um homem e uma mulher de neve, e querem me exorcizar, dizendo que eu realizei um ritual pagão.

9:55 Organizações ambientais me acusam de poluir a neve.


Moral da história: NÃO HÁ.

É apenas o mundo em que vivemos hoje - e vai piorar.

O que foi aqui narrado pode ocorrer, e algumas coisas já estão acontecendo.

De tudo isso, a coisa mais difícil de acontecer é… neve no Rio de Janeiro.


Autor desconhecido

quinta-feira, 11 de abril de 2019

“O Pinhal de Leiria" - A culpa foi de D. Dinis

"Foi uma ideia original de D. Afonso III e de seu filho D. Dinis, plantador de naus a haver. Estúpidos e meio boçais, nunca apresentaram um Plano de Ordenamento e Gestão Florestal. Depois deles, o filho da mãe do D. Afonso IV não mandou fazer estudos topográficos e geodésicos. D. Manuel I, desmiolado, esqueceu-se de estudar os resíduos sólidos e os recursos faunísticos. D. João V, esse palerma, desprezou os avanços da bioclimatologia e da ecofisiologia das árvores.

  A maluca da D. Maria I não percebia nada de biologia vegetal e da diversidade das plantas. No fundo, era uma reaccionária.

O resultado de sete séculos de incúria está à vista: ardeu tudo.

Há-de ali nascer um novo pinhal, após rigorosos estudos académicos e científicos. Em vez do bolorento nome de Pinhal de El-Rei, irá decerto chamar-se Complexo Bio-Florestal 25 de Abril, com árvores de várias espécies para assegurar a pluralidade, esplanadas e bares, passadiços, zonas culturais — e uma ciclovia asfaltada da Marinha Grande a São Pedro de Moel.

Estou certo de que o projecto assentará numa "visão pós-moderna da natureza" e no "conhecimento da dinâmica dos sistemas vivos", além da “capacidade de análise e interpretação da paisagem como meio influenciador do homem”.

Bem vistas as coisas, tivemos muita sorte."


Bruno Santos

NOTA: O que me espanta é como foi possível. Tantas centenas de anos sem aviões para apagar fogos, sem SIRESP, sem carros de bombeiros, sem autoridade (?) da protecção civil e sem diversificação das espécies … e só agora (que já temos essa "merda" toda) é que ardeu !!!

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Ainda Sobre a Reconfiguração da Banca Em Portugal

De há muito que os problemas relacionados com a crise do sistema financeiro são motivo de preocupação e reflexão entre nós. A tal ponto que há cerca de três anos (Abril de 2016) um grupo de cidadãos decidiu subscrever um Documento de Reflexão sobre a “Reconfiguração da Banca em Portugal”, o qual teve ampla divulgação nos órgãos de comunicação social e esteve na origem de um conjunto de artigos semanais, publicados no Diário de Notícias, ao longo de vários meses. (Ver em www.reconfiguracaodabanca.com).

Já no documento inicial se enfatizava ser “público e manifesto o desagrado e preocupação com o modo como a questão (da reconfiguração da banca em Portugal) vinha sendo abordada e decidida, e com a evolução daí resultante”. Nomeadamente, “excessivo voluntarismo, pouca transparência, deficiente gestão estratégica, falta de liderança política, destruição de valor e custos significativos e prolongados, para a economia portuguesa”.

Apelava-se então, para “que em futuros casos, incluindo o do Novo Banco, a solução a adoptar (tivesse) em conta a dimensão estratégica (de longo prazo) do problema e não somente os aspectos fi nanceiros de curto prazo”. E acrescentava-se, “Impõe-se por isso que, no caso do Novo Banco, o momento e a forma escolhidos para a sua eventual concretização sejam clara e objectivamente discutidos. Uma extensão do prazo de venda, até Agosto de 2019, tal como a lei permite, poderá justifi car-se, tendo em vista o estudo de soluções alternativas…

É igualmente importante que a modalidade de venda escolhida permita que entidades portuguesas relevantes possam participar no processo.

Importa, assim, que o processo seja clarifi cado, tornado público e aberto a todos os potenciais interessados, em totais condições de igualdade, sendo inadmissível qualquer forma de escolha antecipada dos vencedores”.

Em face do que precede não podemos deixar de nos surpreender com a saga em que se transformou a venda do Novo Banco, e de sermos agora informados, através do Expresso, que a 2ª Auditoria anunciada para o Novo Banco, visa “escrutinar de que forma as decisões de concessão dos créditos (problemáticos do Novo Banco) foram tomadas”. Ficamos perplexos... a ponto de não podermos deixar de pensar que tal vise essencialmente escamotear a natureza dos problemas com que nos confrontamos...!! Não é já isso, no essencial, mais do que conhecido??!!

Pensa-se que a dita Auditoria deve visar o escrutínio do processo que conduziu à venda do Novo Banco à Lone Star e às razões que motivaram que essa venda não tenha integralmente respeitado as regras do Concurso, estabelecidas no Procedimento de Venda Estratégica do Novo Banco”, uma vez que ele estabelece que “o processo de venda será conduzido de forma transparente e não discriminatória”. Com efeito:

a) Encontra-se por esclarecer “o facto do Banco de Portugal ter concedido à Lone Star exclusividade nas negociações à data de 18 de Fevereiro de 2017, quando estava ainda em fase de negociação com o outro concorrente (a Apollo/Centerbridge) tendo em conta que lhe tinha dado a data de 24 de Fevereiro de 2017, como limite para a obtenção das informações necessárias para apresentação da sua proposta. Deste modo, não só os dois candidatos não dispuseram do mesmo prazo para apresentação das suas propostas, como b) Não receberam a mesma informação quanto a poderem comprar menos de 100% do Novo Banco, ou quanto a poderem solicitar garantias sobre os activos problemáticos (imparidades) que, ao contrário do inicialmente afi rmado pelo Governo, vieram a ser concedidas e estão agora a concretizar-se com elevados custos para os cidadãos.

c) Encontra-se igualmente por esclarecer a razão que levou o Banco de Portugal a impedir o Millennium BCP de concorrer à compra do Novo Banco, o que pretendia e só podia fazer a partir de 18 de de Fevereiro de 2017, data em que reembolsou as suas obrigações CoCos e estava em condições de apresentar a sua proposta de compra.

Em resumo, e no mínimo colocando dúvidas sérias à forma como foi gerido o processo de venda, este permanece envolto em grande obscuridade, levantando interrogações quanto à existência de um acordo prévio para a entrega do Banco à Lone Star.

Acresce que não é mais transparente nem clarifi cadora a actuação do Banco de Portugal, enquanto supervisor do Novo Banco e do Fundo de Resolução, no período pós-venda. Assim:

1. Que factos determinam os prejuízos na origem dos montantes pedidos ao Estado e ao Fundo de Resolução?

2. É ou não verdade que o Banco de Portugal tem posto pressão sobre o Novo Banco, tendo em vista a rápida alienação dos activos que se não integram no “core business” do Novo Banco?

3. Como se explicam as imparidades surgidas desde 2017 no Novo Banco, tendo em conta que no período 2014-2017 (i.e., após a resolução do BES em 2014), o banco esteve: a) sob gestão controlada pelo Banco de Portugal e pelo Fundo de Resolução; b) sujeito a auditoria por parte da empresa PwC; c) sujeito a um Conselho Fiscal designado pelo Banco de Portugal. O que revelam as mesmas sobre as práticas de gestão do banco?

Como pode, assim, o Banco de Portugal eximir-se de responsabilidades, uma vez que foi a entidade que directa, ou indirectamente, acompanhou e vigiou a qualidade da gestão do Novo Banco entre 2014 e 2017?

É tudo isto que importa esclarecer, de forma objectiva e imparcial, para que fi quem devidamente claras as correspondentes responsabilidades do Governo (nomeadamente do actual) e do Banco de Portugal em todo o processo, o qual irá custar aos portugueses mais de uma dezena de milhares de milhões de euros, ou seja, mais de mil euros a cada um de nós.

É pois possível concluir que apesar do sector bancário constituir um sector estratégico para a economia nacional, o Banco de Portugal e o Governo não mostraram considerar prioritário, ao que se sabe, acautelar devidamente a participação accionista portuguesa e os interesses nacionais, nomeadamente tendo em conta a nossa participação de 25% no Fundo de Resolução. É esta uma precaução que terá de ser tida em devida consideração, numa eventual venda defi nitiva e integral do Novo Banco.

Lisboa, 21 de Março de 2019

Afonso Pereira Inácio, Alberto Regueira, Alexandre Patrício Gouveia, Ângelo Correia, António Mocho, António Mendonça Pinto, Celeste Coimbra, Fernando Gomes da Silva, Henrique Neto, João Miranda, João Salgueiro, José António Girão, José Ribeiro e Castro, José Sales Henriques, Júlio Castro Caldas,

Manuel Ramalhete, Marco Belo Galinha e Pedro Ferraz da Costa

He Ain't Heavy, He's My Brother–Ele não é um peso, ele é meu irmão.

https://www.youtube.com/watch?v=9gTENtWiM5k

He Ain't Heavy, He's My Brother

Bill Medley


A história a que, segundo certa crença popular, se terá ficado a dever a gravação desta música já foi abandonada. Mas que importa isso se a mensagem que se pretendeu transmitir com ela é intemporal e encerra um altissimo valor afectivo e humano? Nada, não importa nada! O que importa, isso sim, e esse é verdadeiro porque a letra assim o demonstra, foi o espírito que levou aquele grupo de intérpretes a cantá-la. Portanto é imperdível, tanto mais que são reconhecíveis alguns desses intérpretes, os quais são nomes maiores da música.


“Conta-se que durante a guerra americana no Vietnã um jornalista viu um garoto de 10 anos carregando outro de uns 4 anos, nas costas, fugindo do bombardeio de aviões americanos. E ele perguntou se não era muito peso pra ele, já que estavam fugindo  de um bombardeio, e a resposta do garoto foi :

Ele não é um peso, é  meu irmão._


Daí nasceu essa musica...


Há quem diga que foi na américa e não sendo irmãos realmente, eram irmãos de rua..



The road is long

With many a winding turn

That leads us to who knows where

Who knows when

But I'm strong

Strong enough to carry him

He ain't heavy, he's my brother

So on we go

His welfare is of my concern

No burden is he to bear

We'll get there

For I know

He would not encumber me

He ain't heavy, he's my brother

If I'm laden at all

I'm laden with sadness

That everyone's heart

Isn't filled with the gladness

Of love for one another

It's a long, long road

From which there is no return

While we're on the way to there

Why not share

And the load

Doesn't weigh me down at all

He ain't heavy, he's my brother

He's my brother

He ain't heavy,

he's my brother...

Ele Não É Um Fardo, Ele É Meu Irmão

A estrada é longa

Com muitas curvas sinuosas

Que nos leva quem sabe onde

Quem sabe onde

Mas eu sou forte

Forte o bastante para carregá-lo

Ele não é um peso, ele é meu irmão

E assim continuamos

Seu bem-estar é a minha preocupação

Não é um fardo carregá-lo

Nós chegaremos lá

Pois eu sei

Ele não seria um estorvo para mim

Ele não é um fardo, ele é meu irmão

Se estou absolutamente sobre carregado

Estou sobrecarregado de tristeza

Que o coração de todos

Não está repleto de alegria

De amor, de uns pelos outros

Esta é uma longa longa estrada

Da qual não há retorno

E enquanto estamos a caminho dela

Por que não partilhar?

E a carga

Não vai me pesar absolutamente

Ele não é um fardo, ele é meu irmão

Ele é meu irmão

Ele não é um fardo

Ele é meu irmão

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Brexit - ATÉ 12 DE ABRIL AINDA TODAS AS OPÇÕES ESTÃO EM CIMA DA MESA

Já se sabe o que vai acontecer a 12 de Abril, para todos os efeitos a data do “Brexit”?

Por incrível que pareça, ainda não se sabe. A expectativa da União Europeia é que o Reino Unido consiga decidir até essa data se ainda pretende a separação e, nesse caso, qual é o seu plano para concretizar o divórcio. Isto é, os britânicos têm no máximo dez dias para comunicar a Bruxelas como pretendem desvincular-se da UE: se é num registo ordenado, como previsto pelo acordo de saída que está fechado desde o fim de Novembro e não será renegociado, ou se é de forma abrupta, fora do quadro desse acordo que já foi rejeitado por três vezes no Parlamento britânico. A outra hipótese, mais remota, seria os britânicos desistirem da ideia do “Brexit” e avançarem para a revogação do artigo 50.º do tratado europeu. Sabe-se pelo menos qual destas opções — deal ou no-deal — é a mais provável? Para os europeus, o cenário de uma saída abrupta e sem acordo torna-se mais provável a cada dia que passa sem uma solução para o impasse político em Londres. Ainda ontem, o negociador da UE para o “Brexit”, Michel Barnier, lembrou que se o tratado jurídico que fixa os termos do divórcio não for ratificado pelo Parlamento britânico antes do dia 12 de Abril, a mera aplicação da lei atirará o Reino Unido para o abismo do no-deal na data prevista, seja por acidente ou por escolha deliberada. Segundo o representante do Parlamento Europeu nas  negociações para o “Brexit”, Guy Verhofstadt, o no-deal é agora “praticamente inevitável”.

Mas o Parlamento britânico não votou já para excluir a hipótese de uma saída sem acordo?

Sim, os parlamentares votaram uma proposta para afastar o cenário do no-deal, mas esse foi um voto político para manifestar uma posição e pressionar o Governo que não teve consequência jurídica. Hoje, a Câmara dos Comuns vai apreciar uma nova proposta, que desta feita tem carácter legislativo, para impedir uma saída da UE sem acordo — se for aprovada, obrigará a primeira-ministra, Theresa May, a negociar com Bruxelas uma nova extensão do prazo do “Brexit”.

Portanto ainda há várias maneiras de evitar o desfecho mais prejudicial do no-deal?

Sim. A maneira mais “fácil”, como não se cansam de repetir os parceiros europeus, é a aprovação do acordo de saída, que estabelece os critérios da separação e prevê um período de transição até ao fim de 2020 para que os cidadãos e as empresas se possam organizar para a nova realidade. Os deputados chumbaram o acordo três vezes, mas a convocatória de um derradeiro meaningful vote na Câmara dos Comuns pode voltar a acontecer, se Theresa May acreditar que consegue uma maioria. De resto, a outra hipótese para travar um salto no desconhecido a 12 de Abril é solicitar à UE um novo adiamento do “Brexit”, aproveitando a abertura dos líderes europeus para mudar mais uma vez a data da saída em troca de um “plano credível” dos britânicos.

É para isso que o Conselho Europeu vai voltar a reunir-se na próxima semana em Bruxelas?

A cimeira da próxima semana será a última oportunidade de Theresa May para convencer os chefes de Estado e Governo da UE de que ainda existe uma maneira de concluir com sucesso o processo do “Brexit”, idealmente nos termos negociados há mais de cem dias. Foi nesse pressuposto que, há duas semanas, os líderes aceitaram conceder a primeira extensão técnica pedida por Theresa May, embora com condições: o Reino Unido tinha de aprovar o acordo de saída até ao fim desta semana, para poder deixar a UE a 22 de Maio, ou indicar um outro caminho até 12 de Abril. Essa data não é aleatória: nesse dia, termina o prazo para a apresentação das listas às eleições europeias, que o Reino Unido terá de organizar se permanecer na UE para além do dia da votação.

Os líderes europeus podem recusar a nova extensão do prazo que Theresa May vai pedir?

Existe essa possibilidade — o Presidente francês, Emmanuel Macron, tem insistido que a resposta dos 27 não é automática e defendido que só com um “plano concreto e credível” é que o Reino Unido deve ser autorizado a prolongar a sua permanência na UE. Como a decisão tem de ser unânime, basta um líder opor-se à proposta de Theresa May para esta ser rejeitada. E a proposta de outra extensão curta que a primeira-ministra formulou ontem bate de frente com as condições dos 27. Mas apesar da retórica mais inflamada de Macron, e do cepticismo crescente em muitas capitais com as manobras políticas de Theresa May, o mais provável é que os líderes europeus tentem compor uma nova solução de compromisso, impondo condições mais duras à primeira-ministra britânica em troca de mais tempo.

Rita Siza

quarta-feira, 3 de abril de 2019

UM CLUBE DE AMIGOS


(Miguel Sousa Tavares, in Expresso, 02/02/2019)


Miguel Sousa Tavares

Tenho muitas dúvidas sobre a justiça da condenação a cinco anos de prisão efectiva de Armando Vara, por crime de tráfico de influências. Certamente que uma caixa de robalos não chega como pagamento pelo crime e mesmo que os "25 quilómetros" referidos numa conversa escutada entre Manuel Godinho e Armando Vara sejam, como pretendia o Ministério Público e o tribunal aceitou reconhecer provado, 25 mil euros de pagamento por serviços de intermediação, a verdade é que Vara não exercia na altura qualquer cargo público. E se porventura terá posto o industrial de sucatas de Ovar em contacto com pessoas que lhe terão facilitado negócios, fazendo-o a troco de robalos ou de 25 mil euros, eu conheço quem o tenha feito e continue a fazer a troco de milhões, intermediando e facilitando negócios em que o Estado investe dezenas, centenas ou milhares de milhões. Aliás, conheço, todos conhecemos, quem faça disso profissão, disfarçada ou não sob o título de advogado ou outro, à vista de todos, com a maior aceitação social, pública e política. De tal forma, que chego a pensar se ser-se apanhado em crime de tráfico de influências não será apenas uma questão de interpretação, de sorte ou de azar. Ou pior.

Mas se a prisão de Vara não me incomoda por aí além é apenas porque acredito que, se não por este caso, outros há que a justificam. Estou a lembrar-me de um telefonema entre ele, na altura administrador do BCP e acabado de chegar da Caixa, e um camarada de partido, na altura secretário de Estado. Vara tentava arrolar o outro para convencer a Caixa-Geral de Depósitos, sua antiga casa, a ficar com um crédito incobrável que o BCP tinha sobre a empresa dona do Autódromo do Algarve. Se já é extraordinário que alguém possa imaginar ganhar dinheiro com um autódromo na Mexilhoeira Grande, e ainda mais extraordinário que haja um banco para financiar tal projecto, é verdadeiramente eloquente do espírito desta gente que alguém que tinha acabado de vir do banco público para um banco privado estivesse a tentar varrer o lixo deste para aquele. Mas era com este espírito que serviam a coisa pública estes "banqueiros", que viveram décadas a saltar de um lado para o outro, trocando de lugares uns com os outros, cobrindo-se uns aos outros, atribuindo-se prémios de gestão uns aos outros, mesmo quando no banco público e mesmo quando o que tinham para apresentar era prejuízos para os contribuintes pagarem. Para eles, para este clube de amigos, não tenho a menor dúvida de que lhes era absolutamente indiferente se o banco era público ou privado: tratava-se apenas de gerir as suas carreiras, de precaver as indemnizações sumptuosas em caso de saída antecipada e as reformas escandalosas no futuro. O problema com Armando Vara é que, por enquanto ele esteja sozinho na cadeia de Évora.

Durante sete meses, o Banco de Portugal e a CGD calaram-se muito caladinhos sobre o relatório da Ernst & Young, pedido pelo Ministério das Finanças. É de crer que jamais teriam sequer revelado a sua existência, se uma fuga de informação o não tivesse feito. Aos deputados da CPI da Caixa recusaram-se inclusivamente a revelar a lista dos principais devedores, com o estafado e hipócrita argumento do sigilo bancário — depois e a coberto do inquérito aberto pelo MP, logo oportunamente acrescentado com o do segredo de justiça, esse manto protector que tanto jeito dá quando invocado em benefício de quem tem alguma coisa a esconder. Bem a propósito também, e segundo relata o jornal "Público", o Banco de Portugal terá já lembrado que as contra-ordenações motivadas por eventuais actos de gestão danosa praticadas na Caixa já prescreveram, decorridos os respectivos prazos. Um verdadeiro alívio — não apenas para os antigos gestores da Caixa, mas também para o governador e membros à época da administração do BdP, mais uma vez dispensados de explicar porque nada viram, ano após ano, nada estranharam, nada vigiaram. Também não admira: consultar os nomes constantes do relatório da E&Y é como folhear um álbum de família: o actual governador do BdP foi também administrador da Caixa e o actual presidente da Caixa, Paulo Macedo, foi vice-presidente da mesma com Carlos Santos Ferreira — o homem que, juntamente com Armando Vara, se aventuraria na mais inacreditável operação bancária de todos os tempos: o financiamento, pelo banco público, do assalto ao BCP, lançado por um grupo de mavericks do sector privado. A operação, garantida apenas pelas próprias acções adquiridas pelos "assaltantes" ao BCP, redundaria no maior desastre financeiro da Caixa até hoje. Entre esses "assaltantes", e como terceiro maior devedor actual da Caixa, está Manuel Fino, cliente do escritório de advogados Vieira de Almeida (VdA), também conhecido como o "EET" (Está Em Todas. Fino e outros dos seus companheiros de assalto foram assessorados pela VdA na tentativa falhada de conquista do BCP, cujos prejuízos gerados para a Caixa vão agora ser investigados, entre outras entidades e por dever de ofício (ou de sacrifício), pela própria Caixa. E quem é a autoridade externa que a Caixa escolheu para levar a cabo uma auditoria aos actos de gestão então praticados pelas anteriores administrações, entre as quais a que tão levianamente emprestou milhões a perder literalmente de vista ao cliente da VdA? Quem, quem foi? Pois, não se riam: foi a VdA, nem mais! É ou não é um clube de amigos? Dizem que foi por concurso e que a púdica VdA assinou uma declaração a jurar que não, nunca, jamais, olha como!, tem, teve ou terá nisto qualquer conflito de interesses. Como se houvesse concurso ou declaração alguma que pudesse disfarçar o que está para lá de tudo o que é admissível. Como se uma jura de insuspeitos cavalheiros, ou outro segredo bancário ou de justiça, ou até um véu islâmico, uma burqa, uma pele de tigre, pudesse disfarçar a indecente nudez deste rei nu na praça pública!

Não nos dêem hospitais miseráveis, bairros da Jamaica, comboios de Terceiro Mundo, quando chegamos a pagar 50% de impostos e o dinheiro vai para tapar os buracos cavados na banca por um grupo de gente deixada à solta a tratar de uma coisa da maior importância: o dinheiro dos outros

O que revolta em toda esta história e todas as demais a que já assistimos — o BES, o Novo Banco e a sua desastrosa Resolução (de que não convém falar muito, mas nos vai custar entre 10 mil a 12 mil milhões), o BPN, o Banif, a CGD, (e esperando que a coutada do senhor Tomás Correia não desabe para nós também no dia em que correr mal) — é saber que Portugal é o segundo país da Europa em que, em percentagem do PIB, os contribuintes mais dinheiro tiveram de investir a acorrer à banca, pública e privada.

Aprendemos todos na escola que os bancos existem para financiar a economia, mas em Portugal aprendemos à nossa custa que é ao contrário: a economia existe para financiar a banca. E o que resta é quase tudo para financiar o Estado: não admira que nunca mais nos livremos do nosso ancestral atraso. Todos viveríamos melhor se não tivéssemos de pagar os impostos que pagamos e se parte deles, parte substancial deles, não fosse usada para pagar os desmandos, as malfeitorias ou os crimes do nosso clube de amigos da banca. Para mim, que nunca fui jogador, é pior do que se me obrigassem a perder dinheiro no casino: ao menos sempre me divertia a jogar, em vez de ver os outros divertirem-se a jogar o meu dinheiro. Querem comprar o BCP? Paguem-no com o dinheiro deles! Querem um autódromo no Algarve? Paguem-no com o dinheiro deles! Querem inventar um negócio impossível em Vale do Lobo, depois de terem urbanizado e vendido cada metro quadrado disponível? Paguem-no com o dinheiro deles! Mas não nos dêem hospitais miseráveis, bairros da Jamaica, comboios de Terceiro Mundo, quando chegamos a pagar 50% de impostos, só de IRS, e o dinheiro, em vez de ir para hospitais, habitação social e transportes decentes, vai para tapar os buracos cavados na banca por um grupo de gente deixada à solta a tratar de uma coisa da maior importância: o dinheiro dos outros. Enquanto eles, depois, saboreiam em paz as sempre oportunas prescrições e as sempre generosas pensões de reforma.

Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia



Sem vírus. www.avast.com

Quando a ignorância critica, a sabedoria observa e sorri

Orson Welles disse que “muitas pessoas são educadas demais para falar com a boca cheia, mas não se preocupam em fazê-lo com a cabeça vazia”. O diretor

americano não foi o primeiro a se referir à ignorância e seus ataques.

O escritor espanhol Baltasar Gracián havia dito ” o primeiro passo da ignorância é presumir saber ” e Antonio Machado afirmou que ” tudo o que é ignorado é

desprezado “. A ignorância não é uma doença, mas podemos classificá-la como tal porque seus efeitos são tão incapacitantes que impedem a pessoa de crescer

enriquecendo-se com novas perspectivas. A armadilha da ignorância é que ela envolve a pessoa em uma gaiola de ouro, na qual ele está tão confortável que nem

percebe que está prisioneiro da rigidez de seu pensamento.

Como são pessoas ignorantes?

Ignorância não é propriedade exclusiva de pessoas que não tiveram acesso à educação. De fato, podemos encontrar pessoas que não têm estudos, mas são

profundamente sábias e de mente aberta, assim como podemos encontrar professores e cientistas que são profundamente ignorantes.

O filósofo inglês Karl Popper explica o porquê: “a ignorância não é a ausência de conhecimento, mas a recusa em adquiri-lo “. Isto é, a ignorância implica abraçar um

pensamento rígido, idéias preconcebidas e rejeitar o resto. Esse modo de entender a ignorância é um sinal de alerta que nos diz para permanecermos vigilantes

porque todos e cada um de nós podem adotar atitudes ignorantes.

Ignorância é rejeitar argumentos ou idéias das quais não sabemos nada ou sobre as quais não temos dados para chegar a conclusões lógicas. Nesse caso, em vez

de nos esforçarmos para captar e compreender todo o quadro, preferimos nos apegar ao pequeno fio de “verdade” que achamos que temos. Entrincheirados

nessa posição, não apenas atacamos os outros, mas também semeamos as sementes da intolerância, já que a ignorância sempre rejeita o que é diferente, o

que não compreende.

Ignorância emocional

Não é uma ignorância que faz ainda mais danos: a ignorância emocional das pessoas mais próximas que julgam e criticam-nos sem ter andado em nossos

sapatos ou saber todos os detalhes da situação de uma visão parcial da realidade.

Ignorância emocional

Há uma ignorância que causa ainda mais danos: a ignorância emocional das pessoas mais próximas a nós que nos julgam e criticam sem ter andado com

nossos sapatos ou nem conhece todos os detalhes da situação, a partir de uma visão parcial da realidade.

Essas pessoas não são capazes de se colocar no lugar do outro e nem sequer tentam conhecer sua história, necessidades e ilusões para entender o porquê de

seu comportamento. Essa ignorância dói muito mais e deixa feridas emocionais profundas, já que normalmente a opinião dessas pessoas é geralmente importante.

Em face da ignorância, é melhor agir com cautela

Um estudo muito interessante de PsychTests analisou como 3.600 pessoas responderam a críticas. Esses psicólogos descobriram que 70% admitem que se

sentem magoados quando recebem uma crítica e 20% a rejeitam com raiva.

Apenas 10% das pessoas refletem sobre críticas e deixam ir quando não contribuem com nada.

Também foi apreciado que as mulheres são duas vezes mais propensas a aceitar as críticas como algo pessoal e a assumi-las como uma demonstração de que elas

não são capazes de fazer algo certo. Pelo contrário, os homens tendem a pensar que a crítica está errada e a responder agressivamente.

No entanto, o mais interessante é que as pessoas que adotam uma atitude defensiva em relação às críticas são também aquelas que se sentem menos

felizes, têm baixa auto-estima e apresentam um desempenho pior no trabalho.

Aparentemente, quando as pessoas têm baixa auto-estima, elas bloqueiam a parte construtiva da crítica e se concentram apenas nos aspectos negativos. Por outro

lado, aqueles que se defendem das críticas muitas vezes sentem que estão perdendo o controle, o que afeta ainda mais sua autoconfiança.

Portanto, quando a crítica vem da ignorância, a coisa mais sábia é responder com calma.

Para palavras tolas, ouvidos inteligentes

Como a crítica ignorante pode causar muitos danos, é essencial não cair no seu jogo. As palavras nocivas, as críticas maliciosas e as opiniões infundadas não

devem encontrar um terreno fértil em nossa mente. Devemos lembrar que ninguém pode nos prejudicar sem o nosso consentimento. Portanto, o melhor é não dar

crédito a eles.

O problema das pessoas ignorantes é que elas não estão abertas para ouvir outras opiniões, portanto, qualquer tentativa de se defender ou fazê-las cair em seus

sentidos é muitas vezes deixada de lado. Isso nos fará desperdiçar energia inutilmente e é provável que no final ficaremos com raiva. É por isso que é quase

sempre melhor aprender a ignorá-los.

O sábio sabe que batalhas valem a pena lutar, ele não desperdiça sua energia. Ele também está ciente de que a crítica muitas vezes diz mais sobre quem critica do

que sobre quem é criticado, então ele assume uma atitude desinteressada, valoriza a verdade que a opinião contém e, se considerar irrelevante e prejudicial, não

permite que isso o afete.

E quando é necessário responder à ignorância, as pessoas sábias fazem isso com firmeza e respeito. A melhor maneira de superar a ignorância é provar a ele que ele

não tem poder sobre nós.

Artigo originalmente publicado em Rincón de la Pasicología

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Mobílias doadas às vítimas dos incêndios devolvidas a França. Câmaras não as quiseram

Mais de 250 mil euros em mobílias novas doadas por empresas para as vítimas dos incêndios em Portugal estão a ganhar pó em armazéns e deverão ser devolvidas a França, de onde vieram, porque as Câmaras de Pedrógão Grande e de Castanheira de Pêra recusaram-nas.

Estes dados foram apurados numa investigação da jornalista Ana Leal divulgada no Jornal das 8 da TVI. Segundo esta reportagem, “31 toneladas de material novo, entre cómodas, camas, cadeiras, mobílias completas”, angariados por uma Organização Não Governamental (ONG) francesa, estão ainda embaladas em armazéns, depois de terem sido doadas por empresas para as vítimas dos incêndios em Portugal.

Estes donativos avaliados em mais de 250 mil euros chegaram a Portugal há cerca de um ano e meio e deverão ser devolvidos a França, porque as Câmaras Municipais de Pedrógão Grande e de Castanheira de Pêra recusaram-nos.

A TVI destaca que a ONG francesa queria firmar um protocolo com as autarquias para controlar o destino que teriam os donativos. Assim, pretendia obrigar as Câmaras a cederem uma listagem das famílias a quem se destinariam, com as moradas das habitações reconstruídas, obtendo ainda a sua colaboração activa para aferir as reais necessidades da população afectada.

Contudo, as autarquias de Pedrógão Grande e de Castanheira de Pêra, lideradas por Valdemar Alves e Alda Carvalho, rejeitaram assinar esse protocolo, avança a TVI.

Desta forma, a mobília está nos armazéns há ano e meio e deverá voltar para França, enquanto continua a haver casas de habitação completamente vazias, a precisarem de mobílias.

Entretanto, a TVI destaca que um cheque no valor de 100 mil euros, angariado por um grupo de empresários luso-canadianos e que foi entregue a Valdemar Alves numa cerimónia oficial na Câmara de Pedrógão, nunca chegou às vítimas. Os empresários queriam saber onde seria usado o dinheiro, mas não obtiveram garantias da autarquia de como seria aplicado e, deste modo, não cederam a verba.

A TVI avança também que já há 31 arguidos na investigação que está a ser feita às casas reconstruídas. Estão em causa as chamadas “Casas do Compadrio”, com 46 imóveis sob suspeita.

No âmbito da investigação aos donativos de Pedrógão, cuja distribuição está sob suspeita, a revista Visão avança que o presidente da Assembleia Municipal, Tomás Correia, que é também presidente da Associação Mutualista Montepio, bloqueou a criação da comissão independente que deveria averiguar o caso.

A acusação é feita pelo deputado municipal de Pedrógão Grande Luís Paulo Fernandes que garante que Tomás Correia tem “ignorado” o seu pedido para a criação desta comissão desde 10 de Setembro de 2018.

“Não conheço esse pedido”, destaca Tomás Correia à Visão que divulga actas e e-mails que apontam o pedido de criação dessa comissão desde há mais de meio ano.

Dívida pública subiu em Fevereiro. Está nos 249,3 mil milhões

A divida pública subiu 1,2 mil milhões de euros em Fevereiro, anunciou o Banco de Portugal (BdP) esta segunda-feira.

Dívida pública subiu em fevereiro. Está nos 249,3 mil milhões

A dívida pública voltou a subir em fevereiro. De acordo com os dados divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), esta segunda-feira, o valor da dívida pública cresceu 1,2 mil milhões em fevereiro, situando-se nos 249,3 mil milhões de euros. Para este acréscimo contribuiu o aumento dos títulos de dívida.

"Em fevereiro de 2019, a dívida pública situou-se em 249,3 mil milhões de euros, aumentando 1,2 mil milhões de euros relativamente ao final de janeiro. Para este aumento contribuiu essencialmente o acréscimo dos títulos de dívida", pode ler-se no relatório do supervisor.

Como referência, a dívida pública em dezembro era de 244,9 mil milhões de euros, valor que representava 121,5% do produto interno bruto (PIB).

Segundo o supervisor, também os ativos em depósitos cresceram: "Os ativos em depósitos das administrações públicas aumentaram 1,0 mil milhões de euros, pelo que a dívida pública líquida de depósitos registou um acréscimo de 0,2 mil milhões de euros em relação ao mês anterior, totalizando 227,7 mil milhões de euros".