Mobílias doadas às vítimas dos incêndios devolvidas a França. Câmaras não as quiseram
Mais de 250 mil euros em mobílias novas doadas por empresas para as vítimas dos incêndios em Portugal estão a ganhar pó em armazéns e deverão ser devolvidas a França, de onde vieram, porque as Câmaras de Pedrógão Grande e de Castanheira de Pêra recusaram-nas.
Estes dados foram apurados numa investigação da jornalista Ana Leal divulgada no Jornal das 8 da TVI. Segundo esta reportagem, “31 toneladas de material novo, entre cómodas, camas, cadeiras, mobílias completas”, angariados por uma Organização Não Governamental (ONG) francesa, estão ainda embaladas em armazéns, depois de terem sido doadas por empresas para as vítimas dos incêndios em Portugal.
Estes donativos avaliados em mais de 250 mil euros chegaram a Portugal há cerca de um ano e meio e deverão ser devolvidos a França, porque as Câmaras Municipais de Pedrógão Grande e de Castanheira de Pêra recusaram-nos.
A TVI destaca que a ONG francesa queria firmar um protocolo com as autarquias para controlar o destino que teriam os donativos. Assim, pretendia obrigar as Câmaras a cederem uma listagem das famílias a quem se destinariam, com as moradas das habitações reconstruídas, obtendo ainda a sua colaboração activa para aferir as reais necessidades da população afectada.
Contudo, as autarquias de Pedrógão Grande e de Castanheira de Pêra, lideradas por Valdemar Alves e Alda Carvalho, rejeitaram assinar esse protocolo, avança a TVI.
Desta forma, a mobília está nos armazéns há ano e meio e deverá voltar para França, enquanto continua a haver casas de habitação completamente vazias, a precisarem de mobílias.
Entretanto, a TVI destaca que um cheque no valor de 100 mil euros, angariado por um grupo de empresários luso-canadianos e que foi entregue a Valdemar Alves numa cerimónia oficial na Câmara de Pedrógão, nunca chegou às vítimas. Os empresários queriam saber onde seria usado o dinheiro, mas não obtiveram garantias da autarquia de como seria aplicado e, deste modo, não cederam a verba.
A TVI avança também que já há 31 arguidos na investigação que está a ser feita às casas reconstruídas. Estão em causa as chamadas “Casas do Compadrio”, com 46 imóveis sob suspeita.
No âmbito da investigação aos donativos de Pedrógão, cuja distribuição está sob suspeita, a revista Visão avança que o presidente da Assembleia Municipal, Tomás Correia, que é também presidente da Associação Mutualista Montepio, bloqueou a criação da comissão independente que deveria averiguar o caso.
A acusação é feita pelo deputado municipal de Pedrógão Grande Luís Paulo Fernandes que garante que Tomás Correia tem “ignorado” o seu pedido para a criação desta comissão desde 10 de Setembro de 2018.
“Não conheço esse pedido”, destaca Tomás Correia à Visão que divulga actas e e-mails que apontam o pedido de criação dessa comissão desde há mais de meio ano.
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