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quinta-feira, 13 de outubro de 2022

Pontes em Portugal.

Citação

«Sem dúvida que em muitos aspectos a história da construção de pontes é a história da civilização. Através dela podemos medir uma parte importante do progresso de um povo.»

Franklin D. Roosevelt 18 de Outubro de 1931



Ponte é uma construção que permite interligar ao mesmo nível pontos não acessíveis separados por rios, vales, ou outros obstáculos naturais ou artificiais.

As pontes são construídas para permitirem a passagem sobre o obstáculo a transpor, de pessoas, automóveis, comboios, canalizações ou condutas de água (aquedutos).

Quando é construída sobre um curso de água, o seu tabuleiro é frequentemente situado a altura calculada de forma a possibilitar a passagem de embarcações com segurança sob a sua estrutura. Quando construída sobre um meio seco costuma-se chamar as pontes de viadutos, como uma forma de apelidar pontes em meios urbanos. Do contrário não pode ser usado, já que um viaduto é uma ponte que visa não interromper o fluxo rodoviário ou ferroviário, mantendo a continuidade da via de comunicação quando esta se depara e têm que transpor um obstáculo natural constituído por depressão do terreno (estradas, ruas, acidentes geográficos, etc.), cruzamentos e outros sem que este seja obstruído.

Viadutos são muito comuns em grandes metrópoles, onde o intenso tráfego de veículos normalmente de grandes avenidas ou vias expressas não podem ser ligeiramente interrompidos. Além de cidades que possuem muitos acidentes geográficos, onde o viaduto serve para ligar dois pontos mais altos de uma determinada região e relevo.

A palavra Ponte provém do latim Pons que por sua vez descende do Etrusco Pont, que significa "estrada" ]Em grego πόντος (Póntos), derive talvez da raiz Pent que significa uma acção de caminhar.


As pontes na foto acima

  1. A Ponte D. Luís I (ou Ponte Luiz I, na grafia original nela inscrita), é uma ponte em estrutura metálica com dois tabuleiros, construída entre os anos 1881
  2. A Ponte 25 de Abril é uma ponte suspensa rodoferroviária sobre o rio Tejo que liga a cidade de Lisboa (margem norte) à cidade de Almada (margem sul), …Altura máxima: 70 m Término da construção: 1966
  3. A Ponte da Arrábida é uma ponte em arco sobre o Rio Douro que liga o Porto (pela zona da Arrábida) a Vila Nova de Gaia (pelo nó do Candal), em Portugal. Início da construção: Março de 1957  Comprimento total: 493,2 m Término da construção: Maio de 1963
  4. A Ponte Vasco da Gama é uma ponte atirantada sobre o estuário do rio Tejo, na área da Grande Lisboa, ligando o concelho de Alcochete a Lisboa e Sacavém, .Início da construção: Fevereiro de 1995, Comprimento total: 12 345 m Término da construção: Março de 1998 e  Maior pilar: 148 m
  5. A Ponte de D. Maria Pia é uma infra-estrutura ferroviária, que transportava a Linha do Norte sobre o Rio Douro, entre as cidades do Porto e Vila Nova de Gaia …Início da construção: 5 de Janeiro de 1876, Altura: 61 metros Término da construção: 8 de Outubro de 1877 Engenheiro: Gustave Eiffel
  6. A Ponte Infante Dom Henrique, também conhecida como Ponte do Infante, é uma ponte rodoviária que liga Vila Nova de Gaia ao Porto, sobre o rio Douro, Altura máxima: 75 m Data de abertura: 30 de Março de 2003
  7. Ponte Medieval de Barcelos … É uma edificação gótica em pedra do início do século XIV, entre 1325 e 1330, mandada construir pelo Conde D. Pedro.
  8. A Ponte Rodo-Ferroviária de Viana do Castelo, mais conhecida como Ponte Eiffel, é uma estrutura que transporta a Linha do Minho e a Estrada Nacional 13 Término da construção: Maio de 1878 Data de abertura: 1 de Julho de 1878 Início da construção: Março de 1877
  9. A ponte móvel de Leça situa-se no porto de Leixões, e tem como objectivo ligar duas margens do porto, mais concretamente Matosinhos a Leça da Palmeira, .Tipo de ponte: Basculante, Inauguração: 30 de Julho de 2007. A Ponte Móvel de Leixões é a quarta maior ponte basculante do mundo. Tem um vão de 92 metros, incorpora 1.300 toneladas de aço e foi inaugurada em 30 de Julho de 2007.
  10. A Ponte Pedro e Inês é uma ponte pedonal e de ciclovia sobre o rio Mondego, no Parque Verde do Mondego da cidade de Coimbra, a montante da Ponte de Santa …O Comprimento total: 274,5 metros Nome oficial: Ponte D. Pedro I e D. Inês de Castro .Data de abertura: 2007
  11. A ponte 516 Arouca é a maior ponte pedonal (paga-se para visitar) suspensa do mundo e está localizada em Arouca, no distrito de Aveiro, Portugal. Com 516 metros de comprimento e uma elevação de 175 metros, faz a ligação entre as margens do Rio Paiva. Enquanto percorre a ponte, terá uma vista deslumbrante sobre a Garganta do Paiva e a Cascata das Aguieiras, ambos geossítios do território UNESCO Arouca Geopark.A Ponte 516 Arouca está localizada em Arouca, junto aos famosos Passadiços do Paiva. Maio de 2021.
  12. A Ponte Internacional do Guadiana é uma ponte construída em 1991 por um consórcio luso-espanhol sobre o Rio Guadiana, e que permite a ligação entre Portugal …Altura máxima: 20 m Data de abertura: 22 de Agosto de 1991 Término da construção: 1991 Maior pilar: 100 m
  13. A Ponte do Freixo é uma ponte rodoviária que liga Vila Nova de Gaia ao Porto, sobre o rio Douro, em Portugal. Das pontes que ligam o Porto a Vila Nova de Gaia, a Ponte do Freixo é a que está mais a montante do rio Douro. Trata-se, na verdade, de duas pontes construídas em pórtico lado a lado e afastadas 10 cm uma da outra. A ponte tem oito vãos, sendo o principal de 150 m. comprimento total: 705 m Maior vão livre: 150 m É uma ponte rodoviária com oito vias de trânsito(quatro em cada lado), mas com um tabuleiro a cotas muitos inferiores à de todas as restantes pontes que ligam o Porto a Gaia. A Ponte do Freixo foi inaugurada em Setembro de 1995 pela então Junta Autónoma das Estradas.
  14. A Ponte Rainha D. Amélia, também conhecida por Ponte D. Amélia, é uma antiga ponte ferroviária portuguesa, que foi convertida para uso rodoviário. Término da construção: Finais de 1903. Comprimento total: 840 metros. A Ponte Rainha D. Amélia é considerada uma obra de engenharia notável, que foi inaugurada a 14 de Janeiro de 1904 pelo Rei D. Carlos.
  15. A Ponte de São João é uma infra-estrutura ferroviária que transporta a Linha do Norte sobre o Rio Douro, junto à cidade do Porto, em Portugal.Término da construção: 1991 Comprimento total: 1140 metros Data de abertura: 24 de Junho de 1991 Estilo arquitectónico: Ponte ferroviária
  16. A Ponte de Fão, ou Ponte Metálica de Fão sobre o Rio Cávado, localiza-se sobre o rio Cávado, entre a freguesia de Apúlia e Fão e a freguesia de Esposende, Término da construção: 1892 Início da construção: 1889
  17. A Ponte de Cavez localiza-se sobre o rio Tâmega, na freguesia de Cavez, município de Cabeceiras de Basto, distrito de Braga, em Portugal. Encontra-se classificada como Monumento Nacional desde 1910.  Endereço: N206, Mesão Frio Comprimento total: 95 m Localização: Braga
  18. Ponte Internacional do Baixo Guadiana é uma ponte sobre o rio Chança, com um comprimento de aproximadamente 150 m e uma largura de 11 m, localizada na fronteira entre Portugal e a Espanha, ligando a região portuguesa do Alentejo à região espanhola da Andaluzia.El Granado, Huelva, Espanha Comprimento total: 140 m Inauguração: 26 de Fevereiro de 2009 Província: Huelva Localização: Portugal-Spain border, Chanza Largura: 11 m
  19. A Ponte da Lezíria é uma ponte portuguesa sobre o rio Tejo e o rio Sorraia. Situa-se na A10, ligando o Carregado, concelho de Alenquer, na margem norte do rio Tejo, a Benavente, na margem sul, numa extensão de cerca de 12 km.  A10, Carregado Comp  total: 12 000 m Inauguração: Julho de 2007 Localização: Carregado, Benavente Início da construção: 2005   Ponte viga-caixão Maior vão livre: 972 m
  20. A Ponte da Mizarela, Ponte da Misarela ou Ponte dos Frades, localiza-se sobre o rio Rabagão, a cerca de um quilómetro da sua foz no rio Cávado, ligando as freguesias de Ruivães e Campos, no município de Vieira do Minho, e Ferral, no município de Montalegre.A Ponte do Diabo, como é conhecida a Ponte da Misarel. é sustentada por um único arco com cerca de 13 metros de vão. Erguida na Idade Média e construída no início do século XIX, encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público desde de 30 de Novembro de 1993.

A nova fome da Alemanha por carvão condena uma pequena vila.

O corte no fornecimento de gás russo para a Europa levou a Alemanha a intensificar o uso de carvão, apesar de seu objectivo de eliminá-lo até 2030.


LÜTZERATH, Alemanha - Durante meses, activistas ambientais obstinados acamparam nos campos e ocuparam as árvores nesta pequena vila agrícola no oeste da Alemanha, esperando que pessoas com ideias semelhantes de todo o país chegassem e ajudassem a impedir a expansão de um mina de carvão a céu aberto que ameaçava engolir a vila e suas fazendas.

Eles tinham motivos para serem optimistas. Protestos em massa levaram o governo alemão a intervir e salvar uma floresta antiga da expansão do carvão há apenas dois anos. E o Partido Verde teve seu melhor desempenho nas eleições do ano passado, um sinal de como o combate às mudanças climáticas se tornou uma questão política vencedora na maior economia da Europa.

“Se houvesse 50.000 na rua, os políticos teriam que fazer alguma coisa”, disse Eckardt Heukamp, ​​58, o último agricultor remanescente em Lützerath, que hospedou alguns dos manifestantes em apartamentos em sua propriedade. Outros construíram casas nas árvores, armaram barracas ou se mudaram para casas abandonadas na aldeia.

Mas o esperado aumento de manifestantes nunca se materializou. E na semana passada, o governo efectivamente selou o destino de Lützerath ao anunciar que a RWE, a maior empresa de energia da Alemanha, precisava do carvão sob a vila – para compensar o gás que havia parado de fluir da Rússia.

A guerra na Ucrânia e a perspectiva iminente de um Inverno sem combustível russo barato esfriou o entusiasmo na Alemanha por políticas mais verdes, pelo menos por enquanto. Numa nação que prometeu se livrar totalmente do carvão até 2030, foi um recuo abrupto – e para alguns, difícil.

Crédito...Ingmar Nolting para o New York Times

“A guerra de agressão de Putin está nos forçando a fazer maior uso temporário de linhita para economizar gás na geração de electricidade”, disse Robert Habeck, ministro da Economia alemão e Ex-líder do Partido Verde, referindo-se ao carvão de baixo teor sob a Vila. “Isso é doloroso, mas necessário em vista da escassez de gás.”

A Rússia já forneceu mais da metade das importações de gás da Alemanha – uma importante fonte de combustível para aquecimento. Depois que a invasão russa da Ucrânia desencadeou uma reacção em cadeia de sanções europeias e contramedidas russas, esse fluxo foi interrompido. Desde o início da guerra, o governo alemão sabia que teria que lutar por combustível para sobreviver ao Inverno que se aproximava.

Em Junho, Habeck anunciou a reabertura de algumas fábricas de carvão - uma pílula amarga após o sucesso dos Verdes, apenas alguns meses antes, em conseguir que o novo governo acelerasse sua saída do carvão em oito anos. Quando uma seca neste Verão agravou o nervosismo de energia ao retardar o transporte de carvão nos rios, o governo deu aos trens de carga que transportam carvão e outros combustíveis prioridade sobre os de passageiros.

E, no entanto, até agora, houve pouca reacção pública.

Uma pesquisa realizada neste Verão descobriu que 56% dos alemães eram a favor de reactivar as fábricas de carvão, com apenas 36% contra. Isso se compara aos 73% da população que apoiaram o fim do uso de carvão “o mais rápido possível” numa pesquisa de 2019.

Parte do motivo da falta de manifestantes em Lützerath pode ter sido a cautela entre muitos em enfrentar uma batalha perdida.

Crédito...Ingmar Nolting para o New York Times

"Estamos ouvindo de muitos que eles simplesmente não conseguem enfrentar isso", disse Cornelia Senne, uma teóloga que recentemente liderou um culto nocturno na igreja do lado de fora da porta da frente de Heukamp. “Com tudo o que está acontecendo, algumas pessoas não suportam assistir a outra catástrofe se desenrolar.”

Embora dezenas de milhares de activistas climáticos tenham marchado em cidades de toda a Alemanha no final de Setembro, eles concentraram suas demandas principalmente em questões como justiça climática para países em desenvolvimento e transporte público acessível – não o fim do carvão na Alemanha.

Desde o início da crise, a Alemanha viu um aumento de quase 5% na electricidade gerada a carvão. Actualmente, o carvão é responsável por quase um terço de toda a electricidade produzida na Alemanha.

Grande parte desse carvão vem de lugares como a mina Garzweiler perto de Lützerath, que é propriedade da RWE e onde algumas das maiores máquinas de escavação do mundo trabalham continuamente no poço de 12 milhas quadradas.

Durante décadas, quando o carvão era um modo de vida em grande parte da Alemanha, os moradores de comunidades como Lützerath aceitaram a inevitabilidade da mineração de carvão, incluindo uma exigência legal de se mudar e abrir caminho quando os governos estaduais fechavam acordos com empresas de energia como a RWE. Desde a Segunda Guerra Mundial, cerca de 300 aldeias alemãs foram arrasadas pelo carvão abaixo delas.

Mas os activistas esperavam traçar o limite em Lützerath, que já foi uma vila de cerca de 90 pessoas, e fazer da luta para salvá-la uma causa célebre. Mesmo que fracassassem, parecia que a cidade poderia ser a última aldeia alemã a ser exterminada pela mineração de carvão.

Mesmo muitos activistas climáticos admitem que a Alemanha precisará usar mais carvão “duro” neste Inverno. Mas eles insistem que isso não justifica a demolição de Lützerath, que fica acima de depósitos de linhita, a variedade mais poluente e suave.

“Estamos numa situação esquizofrénica: estamos indo para uma saída em 2030, mas ainda estamos permitindo que a RWE vá para o lignite em Lützerath”, disse Karsten Smid, activista alemão de clima e energia do Greenpeace. “Se você está fazendo isso pela crise de energia, não precisa do carvão de Lützerath.”

Cálculos de especialistas em energia publicados em Agosto sugeriram que o carvão sob Lützerath não é realmente necessário, mesmo com um aumento de curto prazo na demanda neste Inverno.

Autoridades alemãs, no entanto, sugerem que qualquer aumento nas emissões de carvão será compensado pelo fato de a RWE ter concordado com o prazo de 2030 para o fim do uso de carvão.

Embora as emissões do carvão provavelmente aumentem neste Inverno, Andrzej Ancygier, analista da Climate Analytics em Berlim, diz que é muito cedo para saber em quanto.

"Neste momento, analisar os números ainda não faz sentido, porque existem muitos factores", disse Ancygier, citando as condições climáticas e a questão de quando a França poderá reactivar sua enorme frota de fábricas nucleares e começar a exportar a electricidade que geram para a Alemanha.

Ancygier disse que as mudanças nas regras sobre a queima de carvão não afectarão o progresso de longo prazo da Alemanha em energia renovável, que ele prevê que continuará a constituir uma parcela cada vez maior do mix de energia da Alemanha. Os legisladores alemães concordaram com um novo conjunto de regras em Julho para promover as energias renováveis, tornando-as mais lucrativas para produtores menores.

Mas as pequenas e médias empresas temem que enfrentem a falência antes que possam chegar a um clima mais quente, e as famílias estão se preparando para quedas de energia se o Inverno for excepcionalmente frio.

Os manifestantes em Lützerath – activistas ambientais vestidos com balaclava, moradores de classe média de cidades próximas e uma comunidade religiosa que recentemente carregou uma cruz pela vila – dizem que estão exaustos por seus esforços, mas planejam continuar lutando.

Um activista, que se recusou a tirar a cobertura branca do rosto ou dar seu nome verdadeiro por medo de represálias legais, mora numa casa na árvore em Lützerath desde a Primavera e disse estar preparado para um confronto com a polícia quando as escavadoras finalmente venha.

Mesmo com o som das máquinas de mineração à distância, Heukamp recusou-se teimosamente a ceder, plantando colheitas na Primavera e colhendo no Verão e Outono. Ele colheu o último trigo desta temporada em Agosto.

Mas no início deste mês, Heukamp finalmente desistiu, empacotando seu equipamento e abandonando a fazenda da sua família.

Culpando a política estadual pela decisão de prosseguir com a destruição de sua fazenda, ele disse: “Se eles quisessem salvar esta vila, poderiam ter feito isso”.

A RWE não disse quando as escavadoras se moverão para nivelar a fazenda que Heukamp deixou para trás.

Crédito...Ingmar Nolting para o New York Times

Por Christopher F. Schuetze e Erika Solomon

https://www.nytimes.com/2022/10/13/world/europe/germany-coal-energy-climate.html

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

La gestión del agua

https://elpais.com/diario/1993/11/12/madrid/753107087_850215.html

SANTIAGO MARTÍN BARAJAS

12 NOV 1993

En la Comunidad de Madrid se consumen alrededor de 600 hectómetros cúbicos anuales, lo que significa que gastamos a razón de más de 300 litros por habitante y día, lo que nos coloca entre las personas que más agua consumen de Europa y entre los primeros del mundo. Además, salvo este año, el nivel de consumo se incrementa progresivamente.Para satisfacer esta demanda existen 13 embalses, con una capacidad superior a 900 hectómetros cúbicos, por lo que, en un año normal, el agua almacenada es bastante superior a las demandas de la población, vertiéndose, por tanto, agua de los embalses. Sin embargo, en algunos años secos, el volumen de agua obtenido es inferior a la demanda, siendo estos años en los que los promotores de embalses y otras grandes infraestructuras presionan para la construcción de otros nuevos. Éstos producen, en general, un enorme impacto ambiental, al destruir valles completos, con su vegetación y su fauna, así como un enorme impacto social, al destruir pueblos y amplias extensiones de tierras de cultivos. Si las carreteras y autovías hubiese que dimensionarlas para los días y horas punta, deberían tener cada una 20 carriles o más. Igual de absurdo es diseñar un sistema de embalses de cara a los años o meses más secos del siglo…

Outros artigos

- https://elpais.com/diario/1992/06/22/espana/709164019_850215.html

- https://elpais.com/diario/1992/05/11/madrid/705583463_850215.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/reutilizacion-aguas-residuales-depuradas-oportunidades-riesgos_129_9290842.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/aguas-subterraneas-ignoradas-maltratadas-abandonadas_129_9218873.html

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- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/construyen-embalses-innecesarios_129_8992214.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/descontrol-gestion-agua-espana-continua_129_8849182.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/gestion-agua-espana-sigue-desarrollista-e-insostenible_129_8711970.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/incidencia-ambiental-social-macrogranjas_129_8663423.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/vuelta-naturaleza-ciudades-traves-rios_129_8381682.html

- https://www.eldiario.es/opinion/zona-critica/hay-fomentar-consumo-agua-grifo_129_8190898.html

- https://www.eldiario.es/opinion/tribuna-abierta/inutilidad-grandes-embalses_129_2149603.html

O exemplo do golfe, em Espanha

Quando se fala em escassez de água e do uso e abuso deste recurso é inevitável recorrer a um exemplo elucidativo que vem de Andaluzia onde estão instalados 109 campos de golfe que representam um quarto do total nacional.

Um metro quadrado de espaço arrelvado num campo de golfe consome entre 1500 a 2000 litros de água por ano em regiões secas como a Andaluzia. De tal forma que um campo de golfe de 18 buracos consome o equivalente a uma população entre 10.000 e 15.000 habitantes, segundo o cálculo oferecido por Santiago Martín Barajas, engenheiro agrónomo e ambientalista andaluz.

Os 109 campos de golfe “gastam o mesmo que uma população de mais de um milhão de pessoas por ano” realça. O relatório dos Planos Hidrológicos espanhóis 2022-2027, revela que o golfe consome cerca de 2% do consumo total de água na Andaluzia na “mais importante concentração de campos de golfe do mundo”, diz ainda o documento.

https://www.publico.pt/2022/09/20/azul/noticia/chegou-outono-guerra-agua-espanha-vista-2021191

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Tenho cancro terminal. Uma planta está a ajudar-me a enfrentar a morte.

Regar o bambu, por mais simples que fosse, conectou-me com uma parte nuclear da minha antiga identidade e mostrou-me que ainda podia ser um cuidador.

David Meyers

19 de Setembro de 2022,

Eu e a minha esposa não costumamos ter plantas em casa. Tudo o que está dentro de vasos acaba por ser regado a mais ou a menos. Depois de ter sido diagnosticado com um glioblastoma — um cancro terminal no cérebro, com um prognóstico de pouco mais de um ano de vida — adorei a ideia de ter algo verde e vivo connosco.

Quando o meu amigo Mitch me ofereceu um bambu da sorte enfiado num vaso verde-escuro e com três ramos do tamanho de lápis entrelaçados, decidimos colocá-lo na janela da sala de estar, junto ao sofá onde costumo passar a maior parte do meu dia.

Sorri quando olhei pelo aro da chávena de café que a Hannah me traz todas as manhãs. Disse-lhe que queria ser eu a tomar conta da planta. Quando as folhas não se tornaram imediatamente castanhas ou amarelas, fiquei agradavelmente surpreendido.

Cuidar da planta deu-me um sentido de concretização numa altura em que, por vezes, me sentia inútil. O glioblastoma limitou a minha capacidade de andar e o tratamento deixou-me fatigado, dificultando a realização de tarefas quotidianas.

Enquanto médico, estava habituado a ser quem providenciava tratamento, e não quem o recebia. Desde o meu diagnóstico, em Agosto de 2018, muitas vezes parecia que tinha que depender da ajuda de outras pessoas. Esta enorme mudança fez-me sentir à deriva e inquieto. Regar o bambu, por mais simples que fosse, conectou-me com uma parte nuclear da minha antiga identidade e mostrou-me que ainda podia ser um cuidador. Que as plantas e as pessoas ainda podiam depender de mim.

Durante os meses seguintes, recuperei de uma cirurgia, completei os tratamentos por radiação e a primeira ronda de quimioterapia. Mesmo depois de voltar ao trabalho, continuei a cuidar da planta. Rapidamente duplicou de tamanho e as folhas ficaram brilhantes e abundantes. Tanto a planta como eu estávamos a prosperar.

Depois, misteriosamente, começou a mostrar sinais de stress. Aumentei a rega e depois diminuí. Juntei borras de café à terra. Dei-lhe fertilizante. E, independentemente do que fizesse, as folhas continuavam a cair no chão. Fiquei cada vez mais frustrado e inquieto. “Não consigo sequer cuidar de uma simples planta”, gritei. “Estou a falhar!”

A Hannah relembrou-me que já tínhamos testemunhado a morte de outras plantas. Perguntou-me o que me estava a perturbar tanto desta vez. “Se o meu bambu da sorte morrer”, desabafei, “talvez eu morra também”.

Não conseguia despir-me do sentimento de que aquela planta se tinha tornado num símbolo da minha precária saúde.

Use as ferramentas de partilha que encontra na página de artigo.

Identificar-me com aquela planta verde e em crescimento tinha-me oferecido consolo. Agora que a árvore estava decadente, senti-me cada vez com mais medo. As folhas murchas, temi, podem significar a reincidência do meu tumor cerebral.

Percebi que tinha, erradamente, conectado o meu atento cuidado em relação à planta — algo sobre o qual tinha pelo menos algum controlo — à minha própria sobrevivência — algo sobre o qual não tinha qualquer controlo.

Quando o meu tumor inevitavelmente voltasse, não seria por qualquer falhanço meu — não seria porque não pulverizei óleos essenciais no meu escritório, não seria porque ocasionalmente comi açúcar e certamente não seria porque não consegui manter esta planta viva.

À medida que a minha ansiedade diminuiu, comecei a ver tutoriais que me ajudassem a tomar conta do meu bambu. Seguindo as instruções, transplantei a planta para um vaso maior, desentrelacei as raízes para que tivessem espaço para crescer. Quando voltou à janela solarenga, ambos voltamos a prosperar.

Sempre que olho para a planta, com os seus três ramos entrelaçados, penso no Mitch e nas outras pessoas que cuidaram de mim e me apoiaram. Se o bambu da sorte viver mais do que eu, espero que conforte a Hannah e que a lembre de que a nossa grande comunidade vai continuar a cuidar dela depois de eu desaparecer.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

https://www.publico.pt/2022/09/19/p3/noticia/cancro-terminal-planta-ajudarme-enfrentar-morte-2020258

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

"Aveleda Acompanha"

Um dos maiores tesouros do rio Tejo (que poucos conhecem).

Isabel Saldanha é a embaixadora do projecto "Aveleda Acompanha", uma crónica que o leva a conhecer vários recantos do País.

Apaixonada por gastronomia, fotografia e por ter os melhores vinhos à mesa, Isabel Saldanha é a viajante do projecto “Aveleda Acompanha“, um roteiro que lhe mostra alguns dos melhores segredos de Portugal. Depois das viagens por Tavira e Costa Vicentina, desta vez a influencer esteve entre a Beira Baixa e o Alto Alentejo para revelar algumas surpresas inesperadas.

A distância em linha reta entre Vila Velha de Rodão (Castelo Branco) e Nisa (Portalegre) é de 15,30 quilómetros. Começamos a nossa viagem nesta vila Raiana. Que raiana é nome do que raia a fronteira, quase que a toca, quase que é Espanha, mas este pedaço de história, feita vila pequena é nossa, toda nossa, deste encantador Alentejo, deste nosso Portugal.

Avancemos então, sem pressas na calçada vermelha desta terra famosa pelos queijos. Calquemos esta ruazinha em serpentina sobre o chão de olaria pedrada, deixem-se levar até encontrar a fonte. Onde se enche de água estes potes de artesão, que agora seguram flores e fazem de luz nas paredes.

Recordemos as histórias dos que cá moraram porque na rua há sempre alguém com um raminho de coentros e hortelã, disposto a contar a história das gentes, ao lado das fotografias que decoram as paredes.

E para ver Espanha e olival é subir ao castelo, olhar de lado a igreja, as casas coladas, os telhados escaldados do sol e o campo que parece que nunca acaba de se desenhar. Ao descer pode aviar uns queijos premiados, conhecer os artesãos, comprar pão quente para os trilhos e para os passeios de barco.

Seguir daqui para a Vila Velha de Ródão para ver o rio Tejo fintar montanhas e os grifos a fazer ninho nas escarpas, sobrevoando os barcos que passam numa coreografia em espiral. E levar um vinho fresquinho, porque aqui faz calor e o passeio não demora tanto, como a vontade que temos que se prolongue.

Sou fã de passeios de barco, não sou messias, mas o que adoro sobrevoar as águas. Rendo-me em absoluto aos piqueniques nas margens do rio, e aqui o Tejo é verde escuro e tem ilhas de pescadores e fontes de virtudes.

Enquanto passeia, vê o comboio a atravessar a ponte, os grifos a voar e uma imensa colónia de aves (são 116 espécies) e fica com inveja, porque lá de cima deve ser uma vertigem espetacular. À sua direita fica a torre do castelo visigodo do Rei Wamba, lendas e lendas e outra história de amor.

As margens também falam em arte rupestre e são mais de 20 mil gravuras em espólio. Se isto não merece um brinde? Encha o copo, se faz favor.

Quando acaba o passeio, dá-lhe a fome. Aproveite e vá para Portalegre, pelas nacionais, que estas estradas do alto Alentejo, são uma perdição, pasto para o gado e para os olhos.

Chegados a Portalegre, o buffet gastronómico é vasto, avancemos para o Tomba Lombos, com uns pezinhos de coentrada com pão frito, e depois umas costeletas de cabrito, uma corvina e todas as sobremesas que o Apolónio conseguir trazer (o preço varia entre os 20€ e os 40€).

Nessa noite, vai dormir de barriga para cima a ouvir Cantares Alentejanos e a sonhar que atravessa um rio feito de açorda de pão e coentros com ilhas de ovos escalfados.

Pernoite de novo na vila velha de Rodão, há silêncio por todo o lado, respire p Tejo outra vez e quando acordar regalado, arranque para outras portas, que aqui a casa não foi feita só de janelas para arejar.

Vá até às Portas do Almourão para fazer um trilho na foz do cobrão. A água desce, o sol sobe, a sede também. Mergulhe no penedo dos cágados. Continuo surpreendida com a singularidade de cada um destes lugares. Como é bonita esta pedra maciça no meio do rio.

Tudo acaba na Sertã, no restaurante da Ponte Romana, a comer chanfana e maranhos, com doses gigantes de batatas fritas caseiras e agradecer à gastronomia local por não fazerem da sazonalidade uma salada. Neste caso, o intervalo de preços vai de 6€ a 10€.

E a partir daqui, é consigo: subir, descer ou deixar-se ficar na horizontal. O mal da vida moderna é o pouco que tem para se contemplar.

Acompanhem-me devagarinho, depois de acordar.

Carregue na galeria para conhecer mais alguns detalhes sobre este roteiro “Aveleda Acompanha“, preparado por Isabel Saldanha.

Ilha de Ré. Nesta paradisíaca ilha as ondas são quadradas e o mar parece um tabuleiro de xadrez.

É um dos raros locais no mundo onde é possível observar este incrível e pouco conhecido fenómeno. É belo, mas muito perigoso.

Um passeio de bicicleta, uma refeição tranquila com ostras na mesa, um dia de compras e, para terminar, observar um incrível pôr do sol. É assim que pode passar um dia neste paraíso a cerca de 160 quilómetros de Nantes, em França.

Com apenas 30 quilómetros de comprimento e cinco de largura, a Ilha de Ré não é um dos destinos mais conhecidos dos turistas, mas nem por isso deixa de ser um local de eleição para quem gosta de umas férias simples e sem grandes luxos. Quando lá chegar, vai perceber de imediato que há algo diferente no mar: as ondas são quadradas. Sim, leu bem. Isto significa que, ao entrar no mar, em vez de levar com uma onda, pode levar logo com duas.

Na Ilha de Ré, as ondas que se formam na costa fazem lembrar um tabuleiro de xadrez. Um fenómeno estranho que é, na verdade, bastante simples de explicar. Acontece quando as ondas de dois mares se cruzam a alta velocidade e colidem com força. A ilha francesa é um dos poucos locais no mundo onde é possível assistir a este fenómeno, que é bastante raro.

Não há dúvida de que é um cenário idílico que atrai milhares de curiosos, mas é preciso ter muito cuidado. Estas ondas quadradas são, na verdade, correntes de água que podem ser perigosas para qualquer barco ou banhista.

O melhor lugar para admirar este curioso efeito é no Farol de las Ballenas (Farol das Baleiras). Depois de subir os 250 degraus, vai deparar-se com um horizonte impressionante onde poderá observar as famosas ondas quadradas e, se tiver sorte, baleias. Daí o nome do farol.

A quarta maior ilha de França tem 50 quilómetros de praia, muitas delas enormes e de areia fina e clara. Entre as mais conhecidas estão a praia de Trousse-Chemise, mais tranquila e familiar, La Conche, uma das mais extensas e junto ao farol, e as praias de Gremettes ou La Pergola, onda encontra as melhores ondas. Todas elas estão ligadas por um caminho que, contornando dunas, percorre grande parte do território.

Este incrível destino não é feito só de praias: também existe uma dezena de cidades para visitar. Saint-Martin-de-Ré, por exemplo, é conhecida pelo seu magnífico porto e é um ponto de paragem obrigatório. Como a ilha é praticamente plana, dá perfeitamente para conhecê-la através de um passeio de bicicleta, até porque existem mais de 100 quilómetros de ciclovias a ligar as 10 localidades desta região insular: Rivedoux Plage, Sainte-Marie de Ré, La Flotte, Saint-Martin de Ré, Le Bois Plage en Ré, Loix, La Couarde sur Mer, Ars en Ré, Les Portes en Ré e Saint-Cément des Baleines.

Como chegar

Como fica apenas a 160 quilómetros de Nantes, a melhor opção é apanhar um avião até esta cidade francesa. Se reservar com antecedência, consegue encontrar voos baratos. De Lisboa, por exemplo, há bilhetes de ida desde 46€. Quando chegar a Nantes, terá que apanhar um comboio até La Rochelle. A viagem dura cerca de 2h40.

A Ilha de Ré está ligada à cidade de La Rochelle através de uma ponta de três quilómetros e há vários autocarros que fazem esse percurso. É só apanhar um deles até lá.

Carregue na galeria para ficar a conhecer melhor o este destino, onde pode assistir a um dos fenómenos mais raros do mundo: as ondas quadradas.

https://www.nit.pt/fora-de-casa/viagens/nesta-paradisiaca-ilha-as-ondas-sao-quadradas-e-o-mar-parece-um-tabuleiro-de-xadrez


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Lítio

Mas afinal, quais são – na óptica dos ambientalistas – os impactos associados à exploração de Lítio? Os opositores à extracção alegam os seguintes problemas:


Visuais –
O desmonte a céu aberto vai levar à descaracterização da paisagem e provocar impactos visuais pelo contraste entre a área explorada e o meio envolvente;


Na morfologia do terreno –
o desmonte altera a morfologia com a abertura das cortas;


Alteração do da ocupação e uso do solo –
que era agrícola e florestal e que passará a ter uso extractivo;


Sociais –
decorrentes da alteração das actividades económicas existentes (agricultura, floresta);

Contaminação dos solos por derrames de combustíveis e óleos lubrificantes devido à circulação de equipamentos;

Mas a lista de problemas detectados pelos ambientalistas não termina aqui. Falam ainda em malefícios como:

A deposição de resíduos (baterias, pneus, óleos usados) colocados indiscriminadamente no terreno;


Hidrologia de Superfície –
alterações nas linhas de água pelas depressões associadas à exploração do minério. A escavação altera o normal escoamento das linhas de água;

Depósitos de terras colocados na envolvente das linhas de água podem provocar a sua obstrução pela erosão, levando à deposição dos sedimentos nos vales;


Hidrologia subterrânea –
interferência nos circuitos hidráulicos subsuperficiais e rebaixamento de poços e captações;

Qualidade das águas afectada pela infiltração e percolação de derrames de combustíveis e óleos;

Acumulação de resíduos industriais;

As escombreiras atravessadas pelas águas da chuva podem provocar contaminação física com o aumento das partículas em suspensão.

https://jornaldiabo.com/destaque/litio-divide-ambientalistas-e-empresas/

terça-feira, 12 de julho de 2022

Truques simples para arrefecer uma casa sem AC durante a onda de calor.

Portugal vai enfrentar temperaturas elevadas nos próximos dias. Onde a maioria das casas não tem ar condicionado, como proteger-se dentro de casa?

Nos próximos três dias, Portugal vai enfrentar uma onda de calor com temperaturas máximas a rondar os 40ºC (prevê-se para Évora e Castelo Branco uma máxima de 44ºC, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera) e com mínimas sempre acima dos 20ºC. A Direcção-Geral de Saúde (DGS) emitiu vários conselhos à população, em particular aos mais vulneráveis, para que se protejam das temperaturas perigosas.

De acordo com um estudo do site idealista publicado em Julho de 2021, só 21% das casas para comprar ou arrendar em Portugal tinham sistema de ar condicionado, apontado como uma das principais ferramentas para lidar com o aumento das temperaturas. Numa casa sem essa instalação, como lidar com o calor?
No seu site, a DECO dá várias dicas, como a de abrir as janelas de manhã cedo e ao final do dia para refrescar a casa. Caso a essas alturas do dia as temperaturas ainda se mantenham elevadas, pode fazê-lo à noite.
Durante o dia, quando bate o sol, os estores, persianas e cortinados devem ser mantidos fechados.
As plantas altas colocadas ao pé das janelas também ajudam a criar sombra.
Quando quiser refrescar a casa à noite, deve abrir duas janelas em lados opostos da casa para criar correntes de ar. Ao arrefecer as paredes, faz com que a casa resista melhor às altas temperaturas durante o dia.
Outra forma de maximizar o uso das cortinas é borrifar água num lençol e cobrir a abertura da janela com ele: a brisa passará entre o tecido e a humidade do lençol ajuda a arrefecer a sala.
Segundo a DECO, "o ideal é combinar arejamento intensivo periódico com técnicas de ventilação": "O ar deve entrar através das divisões principais (quartos e salas) e sair pelas de serviço (cozinha e casa de banho)."
Já o site da Avail, um software de gestão de propriedades para senhorios, indica outras ideias, como assegurar que as janelas estão bem fechadas e tapadas, porque "76% da luz solar que entra em casa se transforma em calor".
Para tapar as janelas, cita o Departamento de Energia dos EUA, que sugere cortinados com cores neutras e forro de plástico branco para reduzir o calor ou cortinados blackout.
Além disso, aconselha que se evitem duches quentes: com água mais fresca, a temperatura do corpo vai reduzir-se e evita-se maior calor em casa.
As portas devem ser fechadas e isoladas. Ao fechar algumas divisões da casa, concentra o ar mais fresco num só lugar.
O uso de eletrodomésticos no geral deve ser evitado, porque criam calor. Desligue os que puder desligar e não use o forno. Caso seja mesmo necessário, deve só ocorrer à noite e com a janela aberta.
Outra opção passa pela troca de lâmpadas: as incandescentes produzem muito calor, ao contrário das lâmpadas fluorescentes compactas ou LED's.
As ventoinhas podem ser boas aliadas, apesar de só movimentarem o ar em vez de o refrescarem. Mas aqui vai uma sugestão: coloque uma taça cheia de gelo à frente da ventoinha, o que vai libertar ar mais fresco.
O ideal é, caso tenha mais que uma ventoinha, criar uma corrente de ar entre ambas. Coloque uma delas na zona mais fresca da casa, em direção à mais quente: o ar mais frio obrigará à saída do mais quente (mais leve).
O site da Reader's Digest sugere que, se tiver uma ventoinha de tecto, as pás devem rodar no sentido contrário aos ponteiros do relógio, para criar uma corrente de ar em direção ao chão.
Em casas húmidas, considere comprar um desumidificador, para tornar a casa mais confortável em vez de ter que lidar com o calor húmido.
Segundo o site Real Homes, a colocação de recipientes com água pela casa pode ajudar a refrescar a área.

Sábado

Leonor Riso

sexta-feira, 8 de julho de 2022

Exportação portuguesa vai ficar refém dos comboios espanhóis

 O “Manifesto – Portugal uma ilha ferroviária”, publicado no ‘Expresso’ por um conjunto de cidadãos subscritores, coloca frontalmente em causa as políticas seguidas por vários governos no passado, de privilégio da mobilidade rodoviária, o abandono da ferrovia e, igualmente, as opções do Governo de António Costa neste domínio.

De facto, não lembraria ao diabo gastar dois mil milhões de euros na chamada modernização das centenárias linhas ferroviárias portuguesas em bitola ibérica, quando a vizinha Espanha está a levar a cabo a mudança de todo o seu sistema ferroviário para bitola europeia, privilegiando compreensivelmente as ligações à Europa, quer a Sul a partir de Barcelona, quer a norte atravessando os Pirenéus, em grande parte através de túneis. Ou seja, o Governo do PS planeia transformar Portugal numa ilha ferroviária, um caso de estudo mundial pelas piores razões, através da aposta num modelo ferroviário único na Europa.

Neste contexto, o Governo do PS foge à verdade, o que já vem sendo hábito, ao considerar publicamente que a ferrovia portuguesa “praticamente toda em bitola ibérica, concordante com a utilizada em Espanha, país com quem Portugal tem, naturalmente, maior relacionamento neste modo de transporte”. Maior relacionamento e único, a partir do momento em que entreguemos às plataformas logísticas espanholas das regiões de Badajoz, Salamanca e Vigo o encargo de levar as exportações portuguesas por via ferroviária para a Europa.

HENRIQUE NETO

jornal O Diabo, em 07-08-2017

Por

Carta da Aldeia (tal&qual)

Cresce em Portugal, desde há uns anos, uma nova tribo urbana: a dos autodenominados ciclistas. Evidentemente, não me refiro aos ciclistas-ciclistas mesmo, aos rapazes do Penedo, de Lousa, de Manteigas, que trepam as madrugadas da serra, à força de perna e pulmão, longe do lixo e do ruído, entrelaçados na mãe-natura, por puro gozo, ou às mocinhas que devaneiam suas pasteleiras por veredas de flores e bosques encantados, pedalando entre sonhos, alfazemas e silvados de amoras. Não: refiro-me à tribo folclórica dos maduros citadinos que se tornaram clientes compulsivos da “fileira da bicicleta”, rendosíssimo negócio.

Dir-me-ão que é simples e autêntica a sua afeição às duas rodas. Mas ao olhar para o espalhafato e a artilharia de que se rodeiam, à fantochada com que se mascaram e à peça de teatro que montam sempre que fingem montar uma bicicleta, não consigo acreditar nestes bravos do pelotão.

Dir-me-ão que é verdadeiro o seu apego à velha máxima de Juvenal, mens sana in corpore sano. Mas olhando para as suas exuberantes licras, verdadeiros sacos de plástico com que se vestem e dentro dos quais fermentam velhos eflúvios em decomposição, combinando secreções pútridas com excreções fétidas, tenho dificuldade em acreditar nestes bandos de pardais à solta.

Dir-me-ão ainda que eles buscam os grandes espaços ecológicos, o diálogo supremo com o perfeito ambiente. Mas ao ver como insistem em encafuar-se no meio do trânsito compacto dos fins de semana e nos passeios dos tristes, pelas estradas mais movimentadas das metrópoles, entre filas ondeantes de carros, competindo com nuvens de ar poluído e buzinas impacientes, compreender-se-á o meu cepticismo sobre o seu apregoado amor à natureza.

Perdoem-me a franqueza: do que eles gostam, mesmo, é do estardalhaço em que se pintam, do desaforo tribal em que se envolvem, do pequeno poder de que se sentem donos quando saem à rua em suas licras para licrar o mundo com sua licrante e alicraminosa omnipresença. Chiça penico!

Já os tenho apanhado por aí, na estrada, pequenos tiranetes obrigando toda a gente a andar a dez à hora e a formar penosas filas atrás do pelotão. A sensação de superioridade deve ser enorme, para se disporem a receber em troca os gases dos tubos de escape das muitas pessoas que molestam. ¿E que dizer daquele risinho sardónico com que nos deixam finalmente passar, ao cabo de quilómetros e quilómetros de sadismo rodoviário?

Nada tenho contra o desporto do pedal e das duas rodas. Bem pelo contrário: considero-me um ciclista razoável, praticante de seis décadas com uns tantos joelhos e cotovelos esfolados no cadastro. Mas nunca me passou pela cabeça que o genuíno prazer da bicicleta, que eu conheço de calções de caqui, camisa aberta e cabelos ao vento, por montes e valados, pudesse vir um dia a transformar-se na palhaçada que é o autodenominado ciclismo desta tribo urbana. 

Pude há dias observar de perto um grupo destes maduros e aperceber-me da parafernália de que precisam para fingir que andam a praticar um desporto saudável: sapatilhas de pitons, soquetes com calcanhar de bisel, calções e camisola em plástico viscoso, pernitos e manguitos, mochila, luvas aderentes, creme hidratante e cantil de água energizada, câmaras de ar suplentes, conta-quilómetros, velocímetro, GPS, óculos-mosca e capacete em forma de cabeça de abóbora. Vistos assim, completos em todos os seus atavios, pareciam extraterrestres que tivessem vindo ao carnaval de Torres – fora de época!

Não sei que mais deplorar em tudo isto: hesito entre o grotesco da mascarada, a confusão da nuvem com Juno e a escravização da tribo no altar do negócio. O esforço, o tempo e o dinheiro gastos no exercício seriam bem melhor usados num belo passeio de pasteleira, corpo livre campos fora, longe do lixo e do ruído.

Tenham juízo, rapazes: façam ciclismo, sim, mas de verdade. E deixem de infernizar a vida às pessoas.


quarta-feira, 6 de julho de 2022

Claude Grison: "Desenvolvi mais de 50 plantas para a recuperação de solos degradados".

É a inventora da ecocatálise, processo que usa plantas para recuperar solos afectados por actividades de mineração ou industriais, e que permite aproveitar os metais extraídos na indústria farmacêutica ou da cosmética. A investigadora venceu o prémio Inventor Europeu.

Claude Grison é a inventora da ecocatálise, o processo que permite usar substâncias acumuladas por plantas que limpam solos e águas contaminados em indústrias como a farmacêutica e a cosmética. A invenção valeu-lhe o prémio Inventor Europeu na categoria de Investigação, atribuído pelo Instituto Europeu de Patentes. As plantas não só recuperam solos danificados pela actividade mineira e águas afectadas por poluição de fábricas, como os metais que acumulam podem ser reaproveitados para uso humano.

Vinda da química, como é que começou a trabalhar com ecologia?
Interessei-me pela primeira vez pela interface ecologia-química depois de falar com quatro jovens estudantes do liceu Joffre em 2008. Foi para ajudá-los numa competição que decidi mudar os assuntos que estudava e criar um novo tema, nesta interface entre a química e ecologia. Dois destes alunos tornaram-se engenheiros agrónomos, outro é veterinário e o último é químico. 

A sua invenção limpa os solos e a água ao mesmo tempo que fornece metais e moléculas a muitas indústrias. Como funciona?
O primeiro passo foca-se na reabilitação ecológica de locais alvo de exploração mineira através da fitoextração [extração de substâncias através das raízes das plantas], tratamento de efluentes industriais através de fitotecnologias curativas, chamados rizofiltração e bioabsorção. Para conseguir criar uma saída económica viável para estes programas de restauro ecológico, transformei biomassa rica em metais em ferramentas úteis para uma nova química sustentável. Ao aproveitar a vantagem da capacidade notável de certas plantas em concentrar metais nos rebentos ou raízes, explorei o uso direto de metais derivados de resíduos de plantas contaminadas como catalisadores [substâncias que aumentam a velocidade das reações químicas]. Chamam-se ecocatalisadores. Podem ser usados em fármacos, biocosméticos e agentes de biocontrolo.

Que metais podem ser extraídos através de ecocatalisadores?
Estas fitotecnologias flexíveis e robustas podem ser aplicadas em diferentes contextos: na captação de metais estratégicos como paládio e ródio, que são raros e cujos preços estão a explodir; na recuperação de metais primários como zinco, manganésio, níquel, cobre e cobalto, cujo esgotamento global é preocupante ou na acumulação em plantas de elementos tóxicos (arsénio, cádmio ou chumbo).

E como são reaproveitados estes elementos?
As partes aéreas de plantas hiperacumuladoras [que se adaptam ao stress causado pela concentração de metais no seu próprio ambiente] e de pó de plantas que absorveram metal foram consideradas fontes naturais destes catalisadores metálicos. As folhas, as raízes e o pó de plantas enriquecido com elementos metálicos são transformados em catalisadores metálicos, chamados ecocatalisadores, para uso na química orgânica.

Em Portugal, a prospeção de lítio originou protestos das populações que seriam afetadas pelas minas. Estes ecocatalisadores podem proporcionar uma mineração "limpa"?
Um ecocatalisador rico em lítio seria interessante em química verde. Porém, o primeiro passo é o desenvolvimento de uma biotecnologia capaz de concentrar lítio. Estamos agora a estudar esta possibilidade. É um grande desafio.

Que plantas são usadas para recuperar solos contaminados pela mineração?
A recuperação baseia-se na capacidade das plantas hiperacumuladoras, que são específicas. Estudei e desenvolvi mais de 50 plantas para a recuperação de solos degradados ou contaminados, que são capazes de absorver zinco, manganésio, níquel e cobre.

E para recuperar ecossistemas aquáticos?
Eu usei duas tecnologias: rizofiltração e bioabsorção. A primeira baseou-se no uso de plantas aquáticas abundantes e específicas que têm uma capacidade excecional para concentrar poluentes nas raízes. Como exemplos, posso dar a hortelã-da-água (M. aquatica), a tábua-larga (T. latifolia), a pistia (P. stratiotes) e o nenúfar-branco (Nymphaea alba L.). As suas raízes exibem uma estrutura química ideal naturalmente rica em carboxilatos, que são elementos metálicos complexos. Tal deve-se a uma acumulação passiva, não ativa. Por isso, desenvolvi um método para usar raízes em pó em vez das plantas vivas para a bioabsorção de poluentes metálicos. O pó de raízes foi usado como um filtro de plantas para limpar águas poluídas por indústrias ou atividades de exploração mineira, agrícola ou de pedreiras. A bioabsorção e a rizofiltração apresentaram uma eficácia semelhante, sendo que a primeira tem a vantagem de usar um biomaterial não-vivo, armazenável e disponível.

As plantas usadas para limpar os solos onde foi feita mineração têm uma esperança de vida mais pequena?
Os fenómenos de adaptação natural de certas plantas e micro-organismos associados são comuns. As poucas plantas que se desenvolvem nestes solos adaptaram-se à poluição de metais. A fitoextração ajuda a estabilizar e a descontaminar gradualmente o solo através do sistema de raízes, a limitar o impacto dos depósitos de partículas de metal ao formar uma cobertura natural no solo e a proteger a sua camada superficial. Sete locais no sul de França e na Nova Caledónia foram lugares de teste únicos. São exemplos para outros que incluem Cuba, Grécia, Espanha, Portugal, República Democrática do Congo, Gabão, Estados Unidos e por aí além. A recuperação de locais degradados e/ou contaminados por atividades de mineração é para ser levada a cabo a longo termo. O estado dos locais, o planeamento sustentável e sábio das operações, o crescimento das plantas em solos afetados, o respeito pela biodiversidade local, a monitorização dos transplantes, a taxa de acumulação devem ser considerados. Neste contexto, é claro que a recuperação económica dos solos é essencial para apoiar esses esforços ao longo do tempo. Tal envolve uma garantia de sustentabilidade e assim sendo, o sucesso.

É verdade que foi extraída uma substância que é usada para tratar o cancro?
Diferentes ecocatalisadores foram utilizados como novos catalisadores na reação de Biginelli, que cria dihidropirimidinonas e tem uma importância crescente na química medicinal. As dihidropirimidinonas têm sido objeto de interesse porque exibem traços biológicos entusiasmantes como a modulação de canais de cálcio, ao inibir seletivamente o adrenoreceptor α1a e ao atingir a maquinaria da mitose (fase de divisão das células).

Tem duas start-ups operacionais. O que faz cada uma?
A Bioinspir produz ingredientes através da ecocatálise e vende os seus produtos em diferentes empresas francesas da área dos cosméticos e química fina (aplicada à farmacêutica, biofarmacêutica e agroquímica). Os Bioprotection Laboratories são os criadores de um repelente de mosquitos eficaz e 100% natural.

Quantas patentes já foram registadas?
A patente inicial da ecocatálise já levou ao registo de mais de 30 patentes nos últimos anos.

E quais são os seus próximos objetivos e projetos?
Esta invenção é só um passo: a sua transferência para a esfera sócio-económica continua por conseguir. Trata-se de um projeto gigante!

https://www.sabado.pt/

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Secretário-Geral da ONU: 'Tempestade perfeita de crises globais aumentará a desigualdade mundial'

O fosso crescente entre Norte e Sul não é só 'moralmente inaceitável', mas também politicamente perigoso, alerta António Guterres

A humanidade está enfrentando uma 'tempestade perfeita' de crises que resultarão no aumento da desigualdade entre o Norte e o Sul, alerta o secretário-geral da ONU, António Guterres.

Ele vê não apenas as crescentes contradições como 'moralmente inaceitáveis', mas também como perigosas porque aumentam as ameaças à paz e à segurança em um mundo dominado por conflitos.

As crises globais de alimentos, energia e financeiras desencadeadas pela guerra na Ucrânia agora estão atingindo fortemente os países que já estavam lutando com as consequências da pandemia e da crise climática. O efeito geral é que agora se inverteu um período de crescente equalização entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, diz António Guterres.

"As desigualdades ainda estão crescendo internamente nos países, e agora estão crescendo de maneira moralmente inaceitável entre Norte e Sul - isso cria uma lacuna que pode ser muito perigosa do ponto de vista da paz e da segurança", disse ele.As crises globais de alimentos, energia e financeiras desencadeadas pela guerra na Ucrânia agora estão atingindo fortemente os países que já estavam lutando com as consequências da pandemia e da crise climática.  O efeito geral é que agora se inverteu um período de crescente equalização entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, diz António Guterres.

https://www.information.dk/udland/2022/07/fns-generalsekretaer-perfekt-storm-globale-kriser-oege-verdens-ulighed?lst_frnt

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Estudo conclui que novos PHEV “mentem” (ainda) mais que os antigos.

Estudo alemão conclui que os veículos equipados com mecânicas híbridas plug-in consomem três vezes mais do que anunciam. Os novos são piores que os antigos e os piores mesmo são os carros de serviço.

Já aqui chamámos a atenção para o facto de os modelos equipados com mecânicas híbridas plug-in (PHEV) anunciarem consumos impossíveis de atingir. Um estudo alemão realizado pelo Fraunhofer Institute for System and Innovation Research (ISI), de Karlsruhe, confirmou isto mesmo, concluindo que, em condições reais de utilização, consomem três vezes mais do que anunciam. Mas este desvio em relação à realidade pode ser ainda maior, em determinadas ocasiões.

Os especialistas no ISI analisaram os dados de 9000 veículos espalhados um pouco por toda a Europa, tanto de viaturas particulares conduzidas pelos seus donos, como carros de serviço, atribuídos a certos funcionários das empresas como parte das suas regalias, em virtude do cargo que desempenham. Isto levou um dos coordenadores do estudo, Patrick Plötz, a concluir que os PHEV conduzidos pelos seus proprietários, que declaram oficialmente consumos entre 1,6 e 1,7 litros/100 km segundo o método europeu WLTP, na realidade gastam em média entre 4,0 e 4,4 litros/100 km. Isto significa que os consumos declarados pelos fabricantes e medidos em laboratório, sobre um banco de rolos, têm um desvio em relação à realidade entre 250% e 259%.

Mas esta situação dos PHEV particulares é apenas a “menos má”, uma vez que nos dados relativos aos modelos similares propriedade de empresas, em que os condutores tradicionalmente não têm de suportar (total ou parcialmente) os custos do combustível, os elementos recolhidos pelo ISI são ainda mais prejudiciais em relação aos PHEV, afastando-os dos consumos anunciados. Afirma Plötz que os PHEV de serviço registam em condições reais entre 7,6 e 8,4 litros/100 km, o que representa um desvio em relação ao declarado entre 475% e 494%. Ou seja, consumos praticamente cinco vezes mais elevados, porque recarregam a bateria menos frequentemente ou, a avaliar pelos valores encontrados, raramente. E a tecnologia que suporta os PHEV vê a sua eficiência depender da recarga regular e diária da bateria.

Mais surpreendente foi o facto de o ISI ter concluído que os PHEV novos estão ainda mais longe dos valores declarados do que os antigos. Comparando os modelos mais recentes, homologados segundo o protocolo WLTP, mais recente e rigoroso, o ISI constatou que os consumos anunciados estão ainda mais longe da realidade do que acontece com os antigos PHEV, cujos valores de consumo e emissões eram certificados de acordo com o ultrapassado sistema NEDC, substituído em 2017 por o legislador considerar que estava muito longe da realidade. Mais grave do que isso é que o co-autor do estudo Georg Bieker, com base nos dados recolhidos, verificou que o desvio entre o valor anunciado e o consumo real é cada vez maior e tende a aumentar entre 0,1 e 0,2 litros por ano.

De acordo com Bieker, o ISI provou que os utilizadores de PHEV particulares utilizam os seus PHEV em modo eléctrico entre 45% e 49% da distância percorrida anualmente. Como os dados anteriores já tinham antecipado, os utilizadores de modelos PHEV de serviço são bastante menos dados a ligarem o veículo a um ponto de carga. Daí que apenas percorram entre 11% e 15% em modo eléctrico, valores baixos e compatíveis com uma utilização exclusiva em modo híbrido, uma vez que mesmo que não se recarregue a bateria, a energia gerada durante as desacelerações e travagens é suficiente para assegurar uma pequena percentagem de utilização em modo eléctrico.

Estudo efectuado pelos alemães do ISI demonstra que a maioria dos PHEV não recarrega a bateria com a frequência que deveria, para poupar a carteira e o ambiente. Os modelos mais recentes são piores e os carros de serviço também

Para tentar evitar esta situação em que parece que os construtores estão a mentir aos seus clientes, sendo que os fabricantes não são responsáveis pela má utilização da tecnologia, o ISI e o Conselho Internacional de Transporte Limpo (International Council on Clean Transportation – ICCT) avançam com algumas propostas para evitar que os países ofereçam ajudas financeiras aos PHEV que não contribuem para a redução do consumo e emissões. ISI e ICCT defendem que “os incentivos fiscais à aquisição e nos impostos deverão estar associados à demonstração de uma percentagem de utilização em modo eléctrico de 80%, ou a um consumo de combustíveis fósseis inferior a 2 litros/100 km”, com ambos os valores a necessitarem de confirmação em condições reais de utilização, o que é fácil de acontecer uma vez que todos os veículos novos vendidos depois de Janeiro de 2021 estão equipados com um dispositivo que regista todos os consumos, recargas, distâncias percorridas e modos de utilização.

Os modelos com mecânicas PHEV são mais complexos e caros de produzir. Usufruem de vantagens fiscais graças aos menores consumos e emissões que podem conseguir, caso sejam recarregados diariamente, o que nem sempre acontece, como prova o estudo do ISI

Este estudo do ISI é apenas mais um que expõe o facto de os modelos PHEV não assegurarem as vantagens ambientais que justificam os benefícios fiscais que lhes são concedidos pelos diferentes países. Tanto mais que, na maioria dos casos, nem sequer são utilizados motores térmicos concebidos propositadamente para serem eficientes (segundo o ciclo Miller ou Atkinson) mas apenas motores normais de combustão, já utilizados noutras versões sem assistência eléctrica.

Bruxelas pretende anunciar um novo protocolo em 2025, com o lançamento da norma Euro 7, que deverá prever a utilização dos dados recolhidos pelo on-board fuel consumption meter (OBFCM), que regista tudo o que se passa a bordo dos carros fabricados desde 2021.

https://observador.pt/2022/06/11/estudo-conclui-que-novos-phev-mentem-ainda-mais-que-os-antigos/