segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Colonoscopia sem anestesia

João Vieira Pereira – Expresso


Peço desde já desculpa pelo título, que pode impressionar alguns. A dureza das palavras é infinitamente menor que o desconforto provocado pelo acto médico, ao estilo medieval, que me foi relatado via médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Já se sabe que a pandemia serviu como adubo para as listas de espera de consultas e cirurgias.

Para salvar uns condenaram outros.

Aos sortudos são oferecidos maus serviços, os azarados ficam esquecidos entre milhares de outros nomes. O relato vindo de dentro do SNS não podia ser mais rude. Hoje, depois de milhões de euros gastos em equipamentos e tecnologia, os meios de diagnóstico e tratamento permitem milagres.

Desde, claro, que exista quem os saiba usar. Garantem-me que há 20 anos, com menor capacidade científica, tratava-se melhor os doentes. A causa está na crónica falta de médicos.

No caso concreto, de médicos anestesistas, que sejam capazes de drogar um paciente para que se possa fazer em segurança e sem dor um acto médico. A única solução é oferecer ao paciente a tal colonoscopia sem anestesia. Não estamos a falar entre escolher fazer (o mesmo que escolher o desconforto e a dor) ou não fazer. Em causa pode estar a escolha entre a vida e a morte.

Quem tem dinheiro vai ao privado e engrossa as estatísticas que mostram que somos um dos países da Europa onde as famílias mais pagam do próprio bolso para terem acesso a cuidados de saúde. Neste indicador estamos bem acima da tabela, gastando mais do dobro da média europeia. A falta de oferta no SNS aumenta gravemente as desigualdades, principalmente num país com dois milhões de pessoas em situação ou risco de pobreza.

Mas porque faltam médicos para este tipo de actos? A explicação mais fácil é a de que os médicos fugiram para o sector privado, que oferece condições financeiras bastante mais atractivas.

Este argumento financeiro não é falso, mas é absolutamente redutor.

Primeiro porque também no privado há falta de médicos, nomeadamente em algumas especialidades, pelo que não pode ser a única explicação para as carências no SNS.

Ao contrário do que defende a Ordem dos Médicos, há falta de médicos em Portugal. E haverá sempre falta enquanto as vagas que forem abertas no SNS para a contratação de médicos ficarem por preencher. Neste ponto concordo com o Governo na necessidade de restringir, drasticamente, alguns dos poderes das ordens profissionais, que preferem funcionar como centros de lóbi para garantir restrições no acesso à profissão e assim aumentarem os benefícios dos seus associados.

As ordens não são eleitas por sufrágio universal, por isso a sua actuação não pode condicionar o cidadão.Mas há mais causas para o caos no SNS. Desde logo a forma como são geridos os hospitais. Um hospital recebe do Estado fundos de acordo com actos médicos, por exemplo consultas.

Mas não recebe dinheiro por meios complementares de diagnóstico. A dita colonoscopia pedida ao paciente é apenas custo para o hospital, logo não existe qualquer tipo de incentivo por parte da administração hospitalar em fazê-la ou sequer ter recursos suficientes para que sejam feitas com todas as condições. Aliás, se o paciente a for fazer noutro sítio, no privado, por exemplo, o hospital na prática até poupa dinheiro.

E por fim existe uma coisa de funcionamento sombrio que se chama Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC). Que nasceu como uma excelente ideia para tentar limpar as infindáveis listas de cirurgia mas que se tornou um monstro dentro do monstro. É reconhecido por vários médicos e administradores hospitalares que os médicos preferem operar ao abrigo do SIGIC em vez de fazerem operações em dias normais de trabalho, pelo simples facto de no primeiro caso receberem um extra pelo procedimento. Existirá sempre um incentivo para colocar o maior número de cirurgias neste regime, o que pode implicar fazer menos do que as que deviam ser feitas.

Isto leva ao último ponto. Os salários dos médicos no SNS são ridiculamente baixos. Por isso, os médicos — peço desculpa se a generalização é injusta — usam todos os procedimentos que conseguem para ganhar mais algum. Resolver este problema não é fácil. É preciso coragem para enfrentar o lóbi de uma classe poderosa, é preciso aprender a gerir hospitais sem estar preocupado com as pressões desse lóbi, de sindicatos e ordens profissionais, é preciso aumentar drasticamente as vagas para a formação de médicos e com isso baixar as médias de entrada nas universidades, é preciso aumentar e ajustar as vagas para a entrada nas especialidades, é preciso olhar para o sector privado como um aliado. E, claro, é preciso dinheiro.

Numa altura em que se discute mais um Orçamento do Estado que tem tudo, na melhor das hipóteses, para ser mais uma oportunidade perdida, e no pior caso mais um passo em direcção a uma economia totalmente dependente da (má) despesa do Estado, talvez fosse altura de perguntar o que preferem pensionistas e funcionários públicos. Aumentos miseráveis para fingir que se está a dar alguma coisa ou colonoscopias com anestesia?

Cavaco Silva lança alerta vermelho

Ex-Presidente faz duros avisos sobre economia e PRR. Ataca Governos PS mas também a oposição, que diz “débil e sem rumo” Em artigo de opinião, Cavaco Silva culpa os socialistas “pelo empobrecimento” do país nas últimas duas décadas e acusa a oposição, “débil e sem rumo”, de ajudar ao “silenciamento” da situação. Sobre o PRR, diz que não vai “inverter a decadência relativa”. E acusa António Costa de se guiar “por meros interesses eleitorais”, deixando o país numa “democracia amordaçada…Expresso

A tiragem do pipo

Felizmente a prepotência tem limites. Senão, estaríamos todos tramados. Em Portugal é fácil uma pessoa ir-se enchendo de pompa e importância até ficar tão inchada que a única maneira de não explodir de bazófia é algum agente da arraia-miúda lhe fazer o favor de lhe tirar o pipo.

Os portugueses são pródigos na prestação deste serviço: quanto mais inaccionada a auto-estima, mais profunda é a alfinetada. Dantes chamava-se “tirar o pipo”, mas também se dizia “ligar à terra”, uma metáfora bem achada, porque a chamada à realidade é feita para impedir a autodestruição do aparelho vaidoso.

A melhor história de todas foi contada em 1987 pelo senador Al Gore, com o senador Bill Bradley sentado ao lado dele, com cara de poucos amigos, adivinhando talvez que aquela história iria para sempre ser associada ao nome dele.

Ou então era bruxo e sabia que no ano 2000 iria disputar com Gore a nomeação para candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA — e perder.

Gore e Bradley estavam num banquete onde Bradley ia fazer o discurso de honra.

Vendo que um empregado estava a distribuir doses de manteiga, Bradley pediu-lhe mais uma. O empregado respondeu: “Desculpe, mas é uma dose de manteiga por pessoa.”

Mas eu preferia ter duas, se não se importa”, disse Bradley. O empregado, taxativo, insistiu: “Lamento, mas é só uma dose por pessoa.” Aí, Bradley mudou de estratégia: “Se calhar, não está a ver quem eu sou: sou Bill Bradley, fui jogador profissional de básquete, fui campeão mundial e agora sou senador do estado de New Jersey.

O empregado: “Se calhar, o senhor também não sabe quem eu sou.” Bradley mostrou-se interessado: “Pois não, não estou a ver — quem é o senhor?” E o empregado respondeu “Sou o gajo que manda na manteiga.”

Miguel Esteves Cardoso – Publico

domingo, 10 de outubro de 2021

Um apetite insaciável

Os últimos anos da legislatura parecem ficar marcados pela vontade socialista de alargar o Estado, de aumentar o poder do Governo sobre a sociedade, de consolidar a autoridade das instituições políticas sobre a sociedade civil e de reforçar a presença do sector público na vida privada, seja na economia, na educação, na saúde, na habitação ou na cultura.

A ascensão das esquerdas socialistas dentro do partido é uma das causas. A existência de vastíssimos recursos financeiros europeus disponíveis para o investimento público é outra. A necessidade de aprofundar as alianças com os partidos ou os eleitores das esquerdas radicais é também uma realidade. O despertar do corporativismo republicano sempre dormente também conta. A volúpia de tantos dirigentes e activistas, descontentes com notícias sobre a ganância dos seus rivais da direita, também pesa neste novo estado de espírito e da nação.

Finalmente, para acolher estas circunstâncias, a velha crença tão socialista e tão republicana no primado do Estado e no papel do sector público como motor do desenvolvimento.


Há já alguns meses que assistimos às primeiras iniciativas ditas do PRR, Plano de Recuperação e Resiliência. Já se pode confirmar que se trata do maior plano de despesa da história do país. E já foi possível verificar que aqueles fundos ou são gastos directamente pelo Governo, ou investidos de acordo com os planos do Governo, ou distribuídos pelo Governo. A decisão, a iniciativa e a acção pertencem ao Governo.

Como se sabe que o Estado não tem actualmente competência técnica e científica suficiente, vai necessitar dos contributos empenhados e muito bem pagos de empresas nacionais e estrangeiras, de faculdades e universidades, de laboratórios e organizações, que, no conjunto, ficarão dependentes do Governo. O sector público e o Estado crescem com este plano. Os sectores privados, civis e académicos, científicos e culturais ficarão muito mais dependentes do Governo. A convicção de que um membro do Governo, um director da Administração, um funcionário público ou um encarregado de missão das autoridades, só por

serem do sector público, são mais competentes, mais leais, mais sérios, mais produtivos, mais responsáveis e mais honestos, é eterna no PS. A certeza de que os funcionários públicos e os organismos do Estado, assim como os membros do Governo, são mais capazes de criar emprego, investir, produzir, gerir e organizar, é inabalável.


Em paralelo, foi aprovada legislação abrindo as portas à censura da informação e da expressão por vias digitais e outras, a exercer por intermédio de instituições públicas em parceria com organismos privados transformados em controladores morais e supervisores da verdade.

Reclamados por alguns académicos e intelectuais, sugeridos por academias, apoiados pela União Europeia e pelo Governo, foram criados mecanismos de monitorização do pensamento e da expressão. Depois do salazarismo e dos dois anos do período dito do “gonçalvismo comunista”, foram estas as piores iniciativas tomadas em Portugal no sentido do controlo do pensamento e da censura da expressão.


Recentemente, a questão das Forças Armadas e da reorganização dos comandos superiores foi outro exemplo do apetite socialista. É verdade que foram os problemas da exoneração e da substituição do chefe de Estado-maior da Armada que ocuparam a atenção de todos. E com razão, dada a infâmia que o Governo preparou. Mas o que realmente sobrou e estava em causa era a tutela do Governo sobre as Forças Armadas. Por outras palavras, a governamentalização das Forças Armadas. Isto é, a certeza de que estas últimas servem em primeira mão e principal instância o Governo do dia. As estruturas dos comandos superiores foram de tal modo redesenhadas, que parecia defender-se apenas uma concentração de poderes no chefe de Estado-maior General. A verdade é que esta era e é uma real camuflagem para uma dependência superior do Ministério e do ministro e para a obediência ao Governo.

A última questão a surgir com fragor no espaço público foi a da revisão do regime de criação e funcionamento das associações profissionais. Isto é, da lei das Ordens (médicos, engenheiros, advogados, farmacêuticos, economistas, arquitectos, biólogos, contabilistas, despachantes, enfermeiros, dentistas, veterinários, solicitadores, revisores oficiais, notários, psicólogos e nutricionistas). É possível que muitos aspectos da nova legislação mereçam atenção e constituam uma actualização necessária dos termos e dos processos de reconhecimento e de exercício de uma profissão.

Como é possível que haja capacidades excessivas de defesa corporativa dos interesses de uma dada profissão? Há seguramente, neste domínio tão impregnado de reminiscências medievais e de mecanismos de “closed shop” ou de “numerus clausus”, situações a corrigir. Mas tenhamos consciência de que o essencial desta legislação, que tresanda a salazarismo e a corporativismo, consiste numa revisão das competências de auto-regulação, de autodisciplina e de parceria entre público e privado, sempre a favor do Estado e do Governo. A inclusão de pessoas de fora da Ordem e da profissão favorece evidentemente as instituições públicas, o Governo em última análise. A inclusão de um novo órgão de supervisão parcialmente composto por pessoas exteriores à Ordem e à profissão tem o mesmo objectivo, o de aumentar as possibilidades de dependência e tutela por parte do Governo. Bem pode o projecto de lei escudar-se atrás da União Europeia, que seria, segundo o próprio texto, quem exigiria estas alterações ao regime legal. Mas só uma pequena parte se explica por essa exigência. O essencial é uma invenção do Governo e do Partido Socialista.


O que mais acontecerá?

Depois da economia, das Forças Armadas, da informação, da cultura e da organização das profissões? Haverá ainda quem esteja interessado em fazer parte de uma sociedade de cidadãos, de homens e mulheres livres e de instituições independentes?

Combinam tão bem a retórica “liberal” da direita e o palavreado “anticorporativo” da esquerda!

Modernização, investimento, desenvolvimento, educação e cultura: sempre o Estado. Na dúvida, a favor do Governo.

António Barreto – Sociólogo

Publico

SNS. Absentismo no Hospital de São João do Porto aumentou 33%

Nunca assisti a uma situação de cansaço como esta.” Absentismo aumentou 33% no Hospital de São João.

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70% Quando se olha para o grupo dos enfermeiros verifica-se que o acréscimo do absentismo por doenças chegou a este valor.

Público • Sábado, 9 de Outubro de 2021

Comboio europeu cruza 26 países sem despertar o interesse dos cidadãos

20 mil quilómetros e 35 dias depois, o Connecting Europe Express terminou uma viagem histórica entre Lisboa e Paris. Mas até ao final da década há muito a fazer para que haja uma união ferroviária na Europa.

No ano europeu do Transporte Ferroviário, a Comissão Europeia pôs a circular um comboio durante 35 dias para tentar mostrar o potencial das viagens sobre carris no Velho Continente. A viagem experimental começou em Lisboa e terminou em Paris, na passada quinta- feira, depois de ter percorrido 26 países. A falta de um regulamento comum para homologar a circulação dos comboios em toda a região e os diferentes sistemas de sinalização e de segurança, foram os problemas que mais saltaram à vista nesta viagem que cruzou os diferentes Estados-membros da União Europeia (UE).

“Temos de dar um salto gigante na interoperabilidade até 2030, com investimentos e legislação que obrigue os Estados a investirem seriamente na ferrovia.” —HERALD RUIJTERS Diretor de Transporte Sustentável da CE

Depois de ter partido de Lisboa com seis carruagens só com lugares sentados, tudo mudou assim que o comboio europeu passou a fronteira entre Espanha e França.

A partir de Hendaia e até ao final da viagem, mais de 60 locomotivas rebocaram seis composições: a carruagem- conferência da francesa SNCF; a carruagem de segunda classe com espaço para sete bicicletas da alemã DB; a carruagem panorâmica usada pelos suíços da SBB; a carruagem-bar dos italianos da FS; e ainda a carruagem-cama dos austríacos da OBB.

A meio da viagem, circulou ainda o terceiro comboio, entre Estónia e Lituânia. A automotora diesel foi cedida pela transportadora da Lituânia (LTG).

A carruagem panorâmica foi sempre a mais concorrida e mostrou a falta de interesse dos cidadãos no comboio europeu: era quase sempre a única composição ocupada.

A própria comissária europeia dos Transportes, Adina Valean, só deveria fazer a viagem no último dia, entre Estrasburgo e Paris, mas, à última hora, desmarcou. Está muito dito sobre o desinteresse…

VAR ainda um trabalho em andamento, então espere mais controvérsia e fúria ocasional

As primeiras semanas da temporada foram relativamente tranquilas, mas os percalços subsequentes mostram que a controvérsia do VAR ainda não vai embora.

O VAR ainda é um trabalho em andamento, então espere mais controvérsias e fúrias ocasionais | Árbitros assistentes de vídeo (VARs) | O Guardião (theguardian.com)

Próxima Geração 2021: 60 dos melhores jovens talentos do futebol mundial. TRÊS Portugueses…

O The Guardian publicou uma lista com os 60 melhores jogadores nascidos no ano de 2004.

Do 'próximo Alphonso Davies' ao Moukoko do Dortmund, escolhemos 60 dos jogadores mais talentosos nascidos em 2004.

Gonçalo Esteves (lateral do Sporting), Hugo Félix (médio do Benfica) e André Gomes (guarda redes do Benfica) são os portugueses incluídos na lista.

Próxima Geração 2021: 60 dos melhores jovens talentos do futebol mundial | | de futebol O Guardião (theguardian.com)

José Manuel Constantino CRITICA Marcelo Rebelo de Sousa

José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), voltou a chamar a atenção de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, por ainda não ter condecorado os atletas olímpicos medalhados em Tóquio’ 2020, ao contrário do que fez com a Selecção Nacional de futsal, chamada um dia depois de conquistar o título mundial. “Uma atitude que contrasta com a que houve relativamente à missão olímpica”, disse, na apresentação do livro “Alfredo Quintana – Um Guerreiro extraordinário” na sede do COP.

Quando a creche custa o dobro do que a hipoteca.

A legislação de política social do presidente Biden visa resolver um problema que pesa sobre muitas famílias — e os professores e creches que os atendem.

GREENSBORO, N.C. — Para entender os problemas que os democratas esperam resolver com seu plano superdimensionado para tornar a assistência infantil melhor e mais acessível, considere esta pequena cidade do sul onde muitos pais gastam mais para cuidar do que para hipotecas, mas os professores são pagos como trabalhadores de fast food e centros não podem contratar funcionários suficientes.

Com seus pilares brancos e campanário, a Igreja Batista da Avenida Amigável evoca um passado ilusória quando os pais saíram para o trabalho, as mães ficaram em casa para a mãe, e a educação começou quando as crianças completaram cinco anos. Mas sua pré-escola procurada ilumina os dilemas da vida familiar moderna.

Até que seu filho mais velho começou o jardim de infância neste outono, Jessica e Matt Lolley pagaram quase US$ 2.000 por mês pelos cuidados de seus dois filhos - cerca de um terço de sua renda e muito mais do que seus pagamentos em sua casa de três quartos. Mas uma das professoras que viu os meninos ganhar tão pouco - US $ 10 por hora - que ela passa metade do seu tempo trabalhando no Starbucks, onde o salário é 50% maior e inclui seguro de saúde.

O diretor do centro quer aumentar os salários, mas tem pouco espaço para repassar custos aos pais que já estão esticados. Ela tenta desde fevereiro substituir um professor que se demitiu sem aviso prévio; quatro candidatos aceitaram o trabalho, por sua vez, mas nenhum apareceu.

"Sou administrador há 30 anos e nunca vi nada assim", disse o diretor, Sandy Johnson. "Os diretores estão no ponto em que estão dispostos a contratar qualquer um que entre pela porta. As crianças merecem muito mais do que isso, e as famílias merecem muito mais do que isso."

Os democratas descrevem o problema como uma falha fundamental do mercado - simplesmente custa mais para fornecer cuidados do que muitas famílias podem pagar - e estão empurrando um plano extraordinariamente ambicioso para preencher a lacuna com subsídios federais.

O enorme projeto de lei de política social que está sendo pressionado pelo presidente Biden limitaria as despesas de cuidados infantis das famílias em 7% de sua renda, ofereceria grandes subsídios às creches e exigiria que os centros aumentassem os salários na esperança de melhorar a qualidade dos professores. Uma versão antes da Câmara custaria US$ 250 bilhões em uma década e aumentaria os gastos anuais cinco vezes ou mais em poucos anos. Mais US$ 200 bilhões forneceriam pré-jardim de infância universal.

"Esse seria o maior investimento na história da assistência à criança", disse Stephanie Schmit, especialista em cuidados infantis do Centro de Direito e Política Social, grupo de pesquisa que apoia a medida. "Por muito tempo, os pais tiveram que lutar com o alto custo de atendimento, enquanto os prestadores de cuidados infantis têm sido incrivelmente desvalorizados e mal pagos. Esta é uma oportunidade única em uma geração de fazer o certo para todos."

As perspectivas permanecem incertas para o projeto de lei mais amplo, que inclui novos subsídios educacionais, de saúde e de educação infantil. Alguns democratas rejeitaram o pedido do Sr. Biden de US$ 3,5 trilhões em 10 anos e propuseram um valor próximo a US$ 2 trilhões.

Os republicanos se opõem fortemente à expansão da rede de segurança, dizendo que ela é inacessível e bate no socialismo, e alguns conservadores alertam que as provisões para cuidados infantis inflariam custos, imporiam regulamentos pesados e penalizariam os pais que preferem cuidados informais.

Como os democratas descrevem, a assistência à criança é uma questão não apenas de finanças familiares, mas de macroeconomia (os pais precisam dele para ingressar na força de trabalho); desenvolvimento cerebral (muito do que acontece antes das crianças começarem a escola); e equidade racial (a força de trabalho de baixa remuneração é desproporcionalmente composta por minorias).

Em Greensboro, os pais sabem pouco sobre o plano dos democratas, mas muito sobre os custos de cuidados com as crianças, o que pode fazê-los reconfigurar as horas de trabalho, adiar a compra de carros e eletrodomésticos, ou ter menos filhos do que eles desejam.

"Não tínhamos ideia de que cuidar de crianças custaria tanto'', disse Lolley, que trabalha em recursos humanos para o sistema público de ensino e cujo marido vende equipamentos de encanamento na Lowe's. Não há nenhuma maneira que poderíamos dar ao luxo de ter outro filho.

Greensboro tem sido um centro de defesa da assistência à criança desde pelo menos o início da década de 1990, quando os organizadores locais ajudaram a liderar uma campanha nacional chamada Worthy Wages, que buscava aumentar os salários e melhorar as condições de trabalho. O governo estadual também é conhecido como um líder. Oferece bolsas de estudo para trabalhadores de cuidados infantis que querem mais educação e executa dois programas de subsídio salarial, que juntos alcançam cerca de um em cada oito trabalhadores de cuidados infantis e fornecem bônus médios de cerca de US $ 2.400 por ano.

Ainda assim, os problemas de altos custos e baixos salários permanecem.

"Muito do que a Carolina do Norte fez é fantástico, mas será preciso os recursos do governo federal para fazer mudanças na escala que precisamos", disse Rosemarie Vardell, professora aposentada que ajudou a liderar a campanha Worthy Wages.

O Departamento do Tesouro informou no mês passado que o custo médio dos cuidados é de cerca de US $ 10.000 por ano por criança e consome cerca de 13% da renda familiar, quase o dobro do que o governo considera acessível. Ao mesmo tempo, observou que o professor médio ganha cerca de US$ 24.000 por ano, muitos vivem na pobreza e quase metade recebe alguma assistência pública.

"Está entre as mais mal pagas de todas as ocupações", disse Lea J.E. Austin, do Centro para o Estudo do Emprego em Cuidados Infantis. "As pessoas têm dificuldade em ver que isso é um trabalho complexo e especializado."

A pandemia coronavírus piorou o problema. Empregadores concorrentes aumentaram os salários, e alguns professores têm medo de supervisionar crianças que não podem ser vacinadas ou mascaradas. Nacionalmente, a força de trabalho diminuiu cerca de 12% em níveis pré-pênicos.

"Todos que conheço aumentaram significativamente os salários de entrada, e não estamos perto de poder preencher cargos", disse Johnson, diretora da Friendly Avenue, em uma recente ligação com outros administradores de Greensboro.

"Ditto!", Disse Donna Danzy, que dirige dois centros altamente classificados. "Há um número reduzido de pessoas interessadas em fazer esse tipo de trabalho. Eles não estão vendo a alegria.

"Há realmente grandes centros que tiveram que fechar", disse outro diretor, Devon Walton. "Temos uma lista de espera de uma milha de comprimento."

Enquanto os diretores dizem que não podem contratar, os professores dizem que não podem pagar suas contas. Ganhando $10 por hora na Academia de Aprendizagem de Pequenos Líderes, Uvika Joseph, uma mãe solteira, tem vale-alimentação e Medicaid para seus três filhos. Ela acabou de sair para se tornar assistente nas escolas públicas, onde espera ganhar quase o dobro e receberá seguro de saúde.

"A única razão pela qual estou saindo é o pagamento", disse ela. "Eu amo as crianças."

Para sobreviver, Rashelle Myers, que é graduada em educação infantil, divide uma semana de trabalho de 60 horas entre o centro da Friendly Avenue e o Starbucks. Ela chamou o plano dos democratas de aumentar os salários de "incrível" e atrasado.

"Ganho US$ 10 por hora para moldar o futuro das crianças, mas ganho US$ 15 por hora para dar a alguém uma xícara de café", disse ela. "Isso não faz sentido."

Os baixos salários levam a um alto volume de negócios, que o Departamento do Tesouro disse ser de pelo menos 26% ao ano. April Harden Crocker, professora da Friendly Avenue, leciona há quase três décadas - "é minha paixão, é meu coração, eu só tenho que fazer isso" - mas ela alertou que a rotatividade de funcionários prejudica o cuidado.

"Bebês não gostam de rostos de estranhos — se você continuar trazendo novas pessoas, eles ficam muito chateados", disse ela. "Se o salário fosse melhor, teríamos pessoas mais dedicadas."

A creche é cara porque é trabalhosa. Muitos centros gastam metade ou mais de seu orçamento com salários,então aumentar os salários tem um grande impacto financeiro. De acordo com o plano dos democratas, o governo federal cobriria todos os novos custos para os primeiros três anos, mas os Estados pagariam 10%.

O quanto os democratas aumentariam os salários ainda não está claro. O projeto de lei da Câmara diz que os trabalhadores da creche devem receber um "salário mínimo", que não define, mas também diz que eles devem ser pagos da mesma forma que os educadores elementares com as mesmas credenciais, um padrão diferente.

Outras incertezas permanecem. Biden propôs subsídios para cerca de três quartos das famílias,excluindo as mais ricas. Mas a versão da Câmara abrange todos.

Além dos detalhes legislativos, os progressistas buscam uma mudança de paradigma. Eles veem a atenção infantil muito parecida com a educação pública: um serviço do qual a sociedade depende e, portanto, deve garantir.

"É um bem público e deve ser tratado dessa forma", disse Julie Kashen, bolsista sênior da Century Foundation. "A participação compartilhada em ver as crianças prosperarem de repente não começa quando elas fazem cinco anos."

Mas os conservadores temem a intromissão do governo no reino da família. Rachel Greszler, analista da Heritage Foundation, alertou recentemente o Congresso de que a medida aumentaria os custos e tiraria pequenos centros do negócio, especialmente aqueles baseados em casas e igrejas. Ela também disse que a política penalizaria os pais que ficam em casa, tributando-os a expandir os cuidados baseados no centro e ignorando o "tremendo valor pessoal e social" da criação de crianças em tempo integral.

A Srta. Lolley disse que pensou em ficar em casa depois de ter um segundo filho, mas precisava do seguro de saúde que vinha com seu trabalho.

"Meu Deus, foi terrível", disse ela sobre o custo, mais de US$ 20.000 por ano, de ter dois filhos sob cuidados. Ela aguentou com a ajuda significativa de seus pais, sabendo que "não teríamos um filho na creche para sempre". A maioria dos pais de Greensboro, perguntados sobre o projeto de lei, concordaram que o problema que enfrenta são sérios, mas suas opiniões sobre a ajuda federal variaram.

"Eu adoraria que isso fosse aprovado", disse Melissa Robertson, corretora de fretes, depois de ouvir um resumo da legislação. Ela e sua esposa disseram que seus dois filhos estão prosperando no Wishview Children's Center, mas custa o dobro de sua hipoteca, e a falta de cuidados infantis faz com que a Sra. Robertson trabalhe em casa vários dias por semana.

"Pode ser meio difícil quando você tem um bebê gritando ao fundo", disse ela. "Às vezes, os clientes dizem: 'Oh, você não pode colocá-los em cuidados infantis?'" Com dois pais que trabalham a norma, ela disse: "Devemos ser capazes de cuidar das crianças."

Mas outro pai da Wishview, Jamie Pritchard, tinha reservas. Ela e o marido, Matt, que trabalham na mesma empresa de seguros, têm três filhos sob cuidados e pagam cerca de US$ 34 mil por ano. "Basicamente, meu salário vai pagar a creche", disse ela.

Ainda assim, ela alertou que os subsídios poderiam levar a impostos mais altos. "Se não estivéssemos financeiramente estáveis, seríamos todos para isso", disse ela. "Mas eu sempre acho que se estamos recebendo ajuda, o dinheiro tem que vir de algum lugar."

Lolley não sabia nada do plano até que um repórter o descreveu e reagiu com entusiasmo, cheio de preocupação. Ela elogiou o potencial alívio financeiro e a ajuda "maravilhosa" para os professores, a quem chamou de dedicados e "muito mal pagos".

Mas ela também observou que o dinheiro federal muitas vezes traz regras federais.

"Se isso piorar as coisas para a escola de alguma forma", ela disse, "Eu pessoalmente prefiro esticar para continuar pagando as contas."

Jason DeParle, um repórter do escritório de Washington, escreveu extensivamente sobre pobreza, classe e imigração. Ele é duas vezes finalista do Prêmio Pulitzer e autor de "Um Bom Provedor é Aquele Que Sai: Uma Família e Migração no Século XXI".
Uma versão deste artigo aparece impressa em 10 de outubro de 2021, Seção A, Página 1 da edição de Nova York com a manchete: The Child Care Paradox Democrats Aim to Fix. Reimpressas de ordem | | de Jornal de hoje

Andamos todos aos papéis

Quer saber a que velocidade seguia o carro do ministro Cabrita? Não pergunte mais ou acaba negacionista. Tem ADSE e já não pode ir ao seu médico? Ora, um paper por dia nem sabe o bem que lhe fazia!

Vá lá, vamos correr atrás dos ricos e dos poderosos. Veio aí mais um paper.

(Ai, é verdade, tinha ADSE e agora já não pode ir ao seu médico de sempre? Azar o seu que escolheu um médico que não obedece cegamente ao Estado. Agora nem no regime livre – aquele em que o utente paga para depois ser reembolsado – pode ir ao seu médico ou fazer os tratamentos que começou. Mas quem se vai preocupar com estas questões quando tem tanto paper para analisar? Corra atrás dos ricos que isso faz muito bem à saúde!)

Os últimos papers chamam-se Pandora. Bonito nome, não é? Sempre ficam mais apessoados com nome de mulher, para mais na versão mitológica, porque isto de ligar os papers a países pode lembrar-nos a nós, portugueses, que estamos à espera desde 2016, dos nomes dos políticos e jornalistas que recebiam pagamentos do saco azul do GES. Esses nomes constavam nos Panama Papers  mas continuamos sem os conhecer. Afinal, isto dos papers também tem os seus limites e as suas deontologias: divulgam-se nomes a trouxe mouxe mas só de alguns.

Seja como for, agora, em 2021, já não temos tempo a perder com essas minudências. Vêm aí os Pandora Papers!!! E mais uma vez lá vamos em corrida atrás dos ricos e poderosos. Correr atrás dos ricos é aliás o desporto mais praticado pelos povos que empobrecem. De Cuba à Venezuela, correr atrás dos ricos foi uma actividade de tal forma bem sucedida que no fim só sobraram pobres e, claro, um grupo muito restrito de ricos, a saber os líderes da corrida contra os ricos. Pôr o povo a correr contra os ricos é uma actividade de alta rentabilidade. Política e não só.

(A propósito de corridas, a que velocidade seguia o carro em que viajava o ministro Eduardo Cabrita quando a 18 de Junho atropelou mortalmente o operário Nuno Santos? Não haverá um paper que fale disto?)

A cada um destes papers tenho crescentes dúvidas sobre os bastidores deste tipo de jornalismo que vive de fugas de informação e experimento uma irritação crescente contra a amálgama populista entre quem enriqueceu com a sua actividade e quem roubou: basta ter dinheiro e procurar pagar menos impostos para se entrar na categoria de mediaticamente suspeito. Ora colocar no mesmo plano pessoas que sabemos como enriqueceram, como acontece com Julio Iglesias, que vendeu mais de 300 milhões de discos, ou Guardiola, que é treinador de futebol, com o de alguém que enriqueceu de forma ilícita não é aceitável. Ou só o será se o objectivo final de tudo isto for a criminalização da riqueza e da procura de pagar menos impostos, mesmo que dentro do que se entendeu ser legal. Como bem assinala Henrique Pereira dos SantosSe eu for um assassino, a lei e a sociedade reconhecem-me o direito de não me incriminar, ninguém me pode obrigar a confessar o meu crime ou a dizer o que quer que seja que possa ser usado contra mim, o direito a estar calado é reconhecido de forma absoluta. Quando chegamos aos impostos, este direito a não me incriminar não é reconhecido, pelo contrário, a lei estabelece, de forma imoral, que eu tenho a obrigação legal de me denunciar ao fisco.

Como sabe qualquer português com rendimentos médios, boa parte da legislação e dos fantásticos procedimentos anunciados para controlar os muitos ricos e as fraudes acabam sim a complicar ainda mais a vida aos não ricos, quando não aos pobres: a fotografia de Joe Berardo devia estar afixada naquelas resmas de papéis que os bancos nos exigem para conseguirmos um empréstimo para uma empresa, pois se a Joe Berardo tivessem sido aplicados pelos bancos os critérios usados para os demais mortais não só não teria obtido crédito algum como duvido até que tivesse conseguido abrir uma simples conta bancária.

(Esta fixação nas offshore – a da Madeira também conta? – sucede à indignação com os lucros milionários das empresas. Jerónimo de Sousa alertava-nos com fervor contra esse flagelo. Valeu-nos o estado anémico das empresas portuguesas para que essa chaga dos lucros milionários tenha sido devidamente debelada).

Ao primeiro sinal de fraude, burla, crime… em Portugal não se procura perceber o que aconteceu ou como aconteceu. De imediato se decide que há que mudar a lei. Ora muito frequentemente a lei ou o procedimento adequado já existiam, simplesmente não foram aplicados. Veja-se o caso de João Rendeiro que usufruiu de um termo de identidade e residência em condições absolutamente insólitas, para não dizer mais. Não duvido de que se se mexer na lei, os cidadãos comuns que forem sujeitos a termo de identidade e residência terão a sua vida ainda mais complicada. Obviamente a severa legislação e os rigorosos procedimentos  continuarão a não ser aplicados àqueles por causa de quem se mudou a legislação.

(Uma dúvida profunda atormenta-me há dias: dado o unanimismo das redacções portuguesas na hora de apelidar Rui Fonseca e Castro como “juiz negacionista” vão passar a tratar como  juiz ou juiza “xoné” quem aceitou que João Rendeiro desse a morada da embaixada portuguesa em Londres como  local para ser contactado após viajar para Inglaterra?)

A voracidade fiscal de um poder político que esconde a compra de clientelas e de corporações através de um discurso de diabolização da riqueza levou à constituição de uma ditadura fiscal. O Estado português sabe o que compramos no supermercado, os restaurantes a que vamos e a que horas, os combustíveis que escolhemos. Nunca nenhuma polícia política teve tanta informação sobre os cidadãos – todos eles, note-se – quanto aquela que neste momento acumula a Autoridade Tributária. Pior, como aqui alertou António Gaspar Schwalbach, o “NIF substituiu, pura e simplesmente, os nossos nomes e quaisquer outros números de identificação” funcionando já como um número nacional único, apesar de a Constituição o proibir expressamente.

Como é óbvio tudo isto tem tornado os ricos muito mais cautelosos e reforçado a ditadura fiscal sobre as pessoas comuns. Mas se pudéssemos responder livremente o que diríamos quando confrontados com a seguinte pergunta: o que acha que devem fazer as pessoas que a partir do próximo OE podem ser sujeitas a uma taxa efectiva de imposto na ordem dos 50,5% a 53%?  Note-se que os megamilionários que em Portugal incorrem nessa taxa são pessoas que ganham mais de 80 mil euros por ano e consequentemente vão ser  objecto de englobamento obrigatório (o tal que era para não existir mas afinal vai acontecer) dos seus rendimentos classificados como “especulativos”.

Tenho três certezas: os verdadeiramente ricos devem rir com o nosso conceito de riqueza; o englobamento obrigatório vai ser alargado nos próximos orçamentos a outros escalões menos abonados, pois nunca haverá dinheiro qb para pagar o preço de o PS ser governo; “Portugal papers ou a história de como empobrecemos” é um belo título para aquilo que nos está a acontecer. Mas para tal não é necessário nenhuma fuga de informação nem nenhum consórcio internacional de jornalistas, basta olhar para Portugal.

Helena Matos

https://observador.pt/

sábado, 9 de outubro de 2021

O valentão e democrata António Costa

O senhor não me conhece de parte nenhuma e eu não o autorizo a fazer juízos morais a meu respeito


A especialidade do primeiro-ministro é ameaçar velhotes e pessoas de bem! Porque se respalda nas autoridades que o defenderão contra seja quem for, pois é quem lhes dá vantagens.

António Costa - Em resposta ao deputado do PSD André Coelho Lima

RONALDO PASSA HOJE A SER RECORDISTA EUROPEU DE JOGOS POR UMA SELEÇÃO

Com 181!

MALAIO SOH CHIN ANN É O LÍDER MUNDIAL (195).