quarta-feira, 15 de julho de 2020

Está preparado para a crise que aí vem? Siga estes 5 passos

Uma sugestão interessante  de:  Catarina Melo, no ECO de  13-07-2020.

Portugal prepara-se para mergulhar naquela que será a mais profunda recessão económica dos últimos 100 anos, em resultado da pandemia. Apesar das medidas de apoio por parte do Estado e da União Europeia, são muitas as famílias que enfrentam perdas de rendimento daí resultantes, enquanto outras estão já mesmo no desemprego.

E as perspectivas vão no sentido de a situação de muitas famílias se degradar ainda mais perante a incerteza em torno da evolução da doença e as consequências daí resultantes. Face a esse cenário, esta será a ocasião de as famílias fazerem um check-up às suas finanças pessoais e levar a cabo alguns acertos com vista a preparar a uma espécie de “bóia de salvação” para enfrentar a tempestade que se avizinha. Fique a par de cinco passos que devem ser dados para melhor se preparar.

1. Preparar um “pé-de-meia”

Ter um “pé-de-meia” para fazer face a imprevistos que possam surgir é muito importante, independentemente da ocasião. Mas no atua contexto de imprevisibilidade face ao futuro rumo da economia na crise que se avizinha, tornou-se ainda mais importante.

E esta será uma das altura do ano mais favoráveis à constituição desta reserva financeira. Com muitas famílias a receberem na conta o reembolso do IRS enquanto outras já viram também ser-lhes creditado o subsídio de férias (ou preparam-se para isso), as que disponham de margem para isso devem aproveitar para constituir esse fundo de emergência.

Não há uma medida certa para o que colocar de parte, sendo que a Deco recomenda o equivalente a seis vezes o rendimento mensal. Mas o que é importante é que este fundo de emergência seja facilmente convertível em liquidez de modo a poder ser utilizado para fazer face a despesas imprevistas ou em situações de quebra de rendimentos ou mesmo de desemprego.

2. Rentabilizar poupanças

Dinheiro parado não rende. Mesmo no atual quadro de incerteza, quem disponha de poupanças deve tentar rentabilizá-las, procurando preservar o capital e também a fácil mobilização, sobretudo quando as quantias possam vir a ser necessárias. Neste quadro sobressaem duas classes de ativos: os depósitos a prazo e os certificados de aforro.

No caso dos depósitos, evite os não mobilizáveis, especialmente de prazos longos pois, em caso de emergência, não poderá aceder ao capital. Em termos de retornos, face ao quadro de juros historicamente baixos, mesmo as melhores propostas dos bancos não serão muito aliciantes, mas sempre será melhor que deixar o dinheiro parado na conta à ordem. Os últimos dados disponíveis, relativos a abril, apontavam para uma taxa de juro média de 0,07% oferecida pelos bancos nas novas aplicações até um ano. Mas há bancos a oferecer retornos mais atrativos nesse prazo sendo que na melhor das hipóteses podem chegar a 1%.

Já os certificados de aforro, oferecem um retorno superior face à média dos juros dos depósitos a prazo. Vão até um máximo de dez anos de aplicação, sendo que os juros capitalizam trimestralmente a uma taxa calculada em função da Euribor a 3 meses. Em julho, a taxa base é de 0,611%. A partir do segundo ano, ao valor da taxa, acresce ainda um prémio de permanência.

Os certificados de aforro apenas não têm liquidez nos primeiros três meses. Após esse período, pode resgatar em qualquer altura. O mínimo de subscrição são 100 euros.

3. Cortar e renegociar custos de serviços

Esta poderá ser ainda a altura ideal para rever o seu quadro de despesas e procurar reduzir algumas. O exemplo mais flagrante são as telecomunicações, mas não é o único. Também pode tentar renegociar a fatura da energia ou até o crédito da casa. Noutros casos, mudar de prestador também pode gerar uma boa poupança.

Nas telecoms, por exemplo, desde que esteja fora do período de fidelização, ou caso este esteja a aproximar-se, tente baixar a fatura a pagar. Nesse caso, a melhor altura para o fazer é cerca de um mês antes de acabar o vínculo contratual.

Seguindo a lógica das telecomunicações, também é recomendável fazer um check-up às suas despesas com energia, nomeadamente eletricidade e gás. Sonde as empresas concorrentes em busca de ofertas mais vantajosas. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) pode ser uma ajuda. O regulador disponibiliza ao público um conjunto de simuladores com “todas as ofertas do mercado liberalizado em Portugal continental”, tanto para eletricidade como para gás natural e até para a modalidade dual.

Quem está a pagar o crédito da casa também pode ter espaço para poupanças. E, aqui, tem duas vias: a renegociação do spread com o banco ou mesmo a transferência do crédito para outra instituição. Clientes, podem assim procurar tirar partido da quebra dos spreads que se tem observado de forma transversal na banca. Alguns bancos dispõem-se ainda a custear os encargos da transferência, caso seja esta a opção do cliente.

4. Travão ao endividamento

Após a aceleração do recurso ao crédito por parte das famílias nos anos mais recentes, o quadro atual recomenda contenção. As famílias devem assim evitar assumir compromissos com novos créditos que não sejam essenciais, de modo a evitar cair na armadilha do endividamento e em consequência no incumprimento.

Esta missão não será seguramente fácil por duas razões. Não só porque os juros se encontram em torno de mínimos históricos, servindo de convite ao crédito, como os próprios bancos têm apostado em muitas campanhas de promoção das suas soluções de financiamento, sobretudo para consumo.

5. Proteger desemprego com seguros

A crise ditada pela pandemia coloca muitas reticências às famílias portuguesas sobre a manutenção dos seus postos de trabalho. Caso percam o emprego, muitas vão ter dificuldade em conseguir cumprir os seus compromissos financeiros ou mesmo garantir a sobrevivência dos respetivos agregados.

Há, contudo, forma de minimizar esses receios, através de soluções financeiras disponibilizadas pelas seguradoras. Estas permitem, em concreto, a quem possa vir a ficar sem emprego no futuro, garantir o pagamento de parte do salário. Estão em causa Planos de Proteção de Pagamentos que surgem com diferentes designações específicas consoante as seguradoras.

Por exemplo, a Ocidental disponibiliza o Plano de Proteção Vencimento que indemniza 30% (para trabalhadores por conta de outrem) ou 40% (para trabalhadores por conta própria) do vencimento líquido da pessoa segura, desde que tenha conta domiciliada no Millennium bcp, até ao limite de 700 euros se a pessoa segura se encontrar em situação de desemprego involuntário, incapacitada temporariamente por doença ou acidente, hospitalização, morte ou invalidez permanente. A GNB é outra seguradoras que disponibiliza um produto com estas características — o seguro “proteção Salário” — que indemniza 55% do valor da remuneração mensal bruta.

As seguradoras têm ainda ofertas para quem queira garantir o pagamento das prestações da casa caso fique sem emprego. É o caso da Fidelidade, por exemplo, que disponibiliza um produto que garante o pagamento da prestação da casa, em caso de doença ou desemprego.

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