segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A QUALIDADE DA GESTÃO DA TAP



A notícia:

TAP gasta 20 milhões de euros a converter e reconverter avião

A TAP decidiu converter dois aviões de passageiros em cargueiros mas, um ano e meio depois, só um deles está a voar. O outro regressou ao hangar para voltar ‘à estaca zero’. Esta decisão terá custado aos cofres da TAP mais de 18 milhões de euros, aos quais acrescem os custos de estacionamento.

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Comentário Pessoal:

O lucro médio que um passageiro representa para uma companhia aérea é de 4 euros (não sabia, pois não?).

Portanto esta decisão da gestão da TAP foi equivalente a perder 4,5 milhões de passageiros!

Fixe os nomes dos ‘administradores executivos’ da TAP:

  • Chief Executive Officer: Christine Ourmières-Widener
  • Chief Financial Officer: João Weber Gameiro
  • Chief Operations Officer: Ramiro Sequeira
  • Chief Corporate Officer: Alexandra Reis
  • Chief Commercial Officer:  Sílvia Mosquera

Ah ah ah!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Descendem de portugueses estas 26 celebridades mundiais

Descendentes de corajosos emigrantes de sangue lusitano

Fique a conhecer algumas das celebridades mundiais de origem portuguesa, descendentes de corajosos emigrantes de sangue lusitano.

Apesar da excelente gastronomia, do clima, da história, das pessoas, Portugal viveu durante vários períodos da sua existência crises financeiras e vários portugueses viram-se forçados a procurar melhores condições de vida noutros pontos do globos.

Comecemos com uma rápida visita ao mundo musical:

  1. Glenn Alan Medeiros

    1. Nos anos 80, a música “Nothing’s Gonna Change My Love For You” fez sucesso mundial. O cantor deste êxito, Glenn Alan Medeiros, que nasceu no Havai, e que actualmente é professor de música nos Estados Unidos, é descendente de portugueses, mais especificamente de açorianos.

  2. Daniela Mercury

    1. Daniela Mercury é uma das mais populares cantoras brasileiras e seguramente uma das que mais vezes visita o nosso país. Diz sentir-se “em casa” quando se desloca e não é de estranhar: afinal tinha uma ligação forte com a sua avó paterna, que era portuguesa.

  3. Joe Perry

    1. O homem da guitarra dos AeroSmith, Joe Perry, também tem uma “costela” portuguesa. O seu avô madeirense, ao fixar-se nos Estados Unidos, decidiu mudar o seu apelido Pereira para Perry, de forma facilitar a sua integração na sociedade norte-americana.

  4. Kate Perry

    1. Kate Perry é seguramente um dos nomes mais surpreendentes neste artigo. A famosa cantora tem “sangue” português pela via materna. Sabe-se que desse lado tinha 3 trisavós naturais da Ilha do Faial (Açores).

  5. Nelly Furtado

    1. Os seus pais são oriundos da ilha açoriana de São Miguel. Cantora de sucessos como I’m Like a Bird” (pelo qual ganhou um Grammy) e “Turn Off The Light” ou “Promiscuous”, a artista visita com alguma regularidade o país e fala Português.

  6. Fáfá de Belém

    1. Fáfá de Belém, tal como Daniela Mercury, é uma presença regular no nosso país, é uma das mais bem-sucedidas cantoras brasileiras, e claro partilha origem portuguesa. Em 2013 solicitou a nacionalidade portuguesa.

  7. Phil Demmel

    1. Quem também toca guitarra e tem raízes portuguesas é Phil Demmel dos Machine Head. O artista revelou ser filho de uma portuguesa precisamente no Rock in Rio Lisboa 2008.

  8. Demi Lovato

    1. Demi Lovato aos 22 anos já tem um percurso interessante. Em 2012 revelou no seu Twitter a uma fã que Portugal é um dos vários países que descende.

  9. Sean Paul Ryan Francis Henriques

    1. Outro dos ilustres descendentes de portugueses é jamaicano. Sean Paul Ryan Francis Henriques, que é responsável por êxitos como “She doesn’t mind” ou “Temperature”, é neto paterno de um lusitano que decidiu fazer vida longe do seu país.

    2. Após uma rápida visita ao mundo musical, revelam-se agora alguns dos célebres artistas do meio audiovisual que têm sangue lusitano. Atores, apresentadores, realizadores fazem parte dessa lista. Muitos são ícones da actualidade, outros foram no passado. Uma verdadeira constelação de estrelas que elevam /elevaram o nome de Portugal bem alto.

  10. Daniela Ruah

    1. Daniela Ruah é uma cara bem conhecida dos portugueses, a actriz que nasceu em Boston, e que fala perfeitamente português, viveu vários anos em Portugal, tendo feito carreira no nosso país até 2010.

      Brilha desde então em terras de “Tio Sam”. Tem nacionalidade americana e portuguesa. O seu pai é português. Visita todos os anos o nosso país.

  11. Tom Hanks

    1. De todos os nomes aqui apresentado, o ator Tom Hanks é o mais mediático. Vencedor de 2 óscares, um dos mais prestigiados atores mundiais, já confessou publicamente as suas origens por várias vezes.

      Tem do lado materno, origens portuguesas. Os seus bisavós eram naturais dos Açores. Não é assim de estranhar que alguns dos seus antepassados maternos tivessem nomes como: Francisco Gonçalves Fraga, Barbara N. Silveria, Manuel Rosa, ou Josephine Borges.

  12. James Franco

    1. James Franco em entrevista a Mário Augusto para a Telecine 3 (a propósito da estreia do seu filme Feiticeiro de OZ”) confessou que Portugal: “É o único país das minhas origens que não visitei.

      Creio que a minha família vem da ilha da Madeira. Sou americano de 4.ª geração. O meu pai não falava português, o meu avô também não, mas adorava lá ir”._

  13. Sam Mendes

    1. Realizador de filmes com ‘SkyFall’, ou ‘Road do Perdiction’ (que lhe valeu um globo de ouro), o inglês Sam Mendes (ou melhor Samuel Mendes) é mais um ilustre descendente de Portugueses.

      O seu pai Jameson Peter Mendes, era natural de Trindad e Tobago, mas tinha antecedentes italianos e portugueses.

  14. Lucile Vasconcellos Langhanke

    1. Lucile Vasconcellos Langhanke, mais conhecida por Mary Astor, foi uma atriz que brilhou entre os anos 20 a 60. Em 1942 venceu um Óscar. Era descendente de portugueses pela via materna.

  15. Keanu Reaves

    1. Keanu Reaves que tem a sua carreira marcada por êxitos como “Matrix” ou “Speed”, nasceu no Líbano, e os seus ancestrais (paternos e maternos) tinham várias origens. Descende de ingleses, irlandeses, chineses, havaianos, e também de portugueses.

  16. Meredith Vieira

    1. Meredith Vieira é um rosto popular da NBC. Apresentou o mítico concurso “Quem Quer Ser Milionário”, mas também já apresentou o programa de informação “60 minutos”. Todos os seus avós eram açorianos, e emigraram para os Estados Unidos.

  17. Andrei Konchalovsky e Nikita Mikhalkov   

    1. Os irmãos russos Andrei Konchalovsky e Nikita Mikhalkov são realizadores de cinema, que alcançaram o respeito internacional. Descendem por via materna de António Vieira (que talvez fosse minhoto).

      Era “um judeu português cuja família fugiu à Inquisição, e encontrou com o czar Pedro I na Holanda ou na Inglaterra, que o levou para a Rússia onde fez uma excelente carreira (…) chegou a conde, título que usou até morrer”, revelou o jornalista José Milhazes ao site Notícias ao minuto.                                                                                                                              Agora é a vez de ficar a conhecer alguns prestigiantes escritores de sucesso que descendem de portugueses. Preparado para conhecer mais “portugueses”? Já ouviu falar de algum dos nomes mencionados? Fique a conhecê-los melhor.

  18. Louisa May Alcott

    1. Louisa May Alcott (1832, Filadélfia – 1888, Boston) destacou-se na literatura juvenil. A sua obra mais marcante foi “The Little Woman” (As Mulherzinhas). Teve antepassados paternos que foram judeus portugueses que imigraram para Inglaterra (possivelmente ainda antes de 1500)._


  19. Jorge Luis Borges

    1. Jorge Luis Borges (1899-1986), natural da Argentina, descendia pela sua via paterna de portugueses (o seu bisavô Francisco Borges habitou em Torre de Moncorvo).

      O escritor John Maxwell Cotzee em “Borges’s Dark Mirror”, considera que “Borges, mais do que ninguém, renovou a linguagem de ficção e, assim, abriu o caminho para uma geração notável de romancistas hispano-americanos”.

  20. Daniel Silva

    1. Daniel Silva é um escritor de sucesso. Entre as várias obras ligadas à temática da espionagem constam por exemplo A Death in Vienna, ou The Messenger. Nascido em 1960 nos Estados Unidos, é filho de açorianos.

  21. Ema Lazarus

    1. Ema Lazarus foi uma poetisa, descendente de judeus sefaraditas de origem portuguesa que nasceu em Nova Iorque em 1849.

      Ficou especialmente conhecida pelo seu soneto “Novo Colosso”, que foi redigido em 1883, 4 anos antes de falecer. Em 1912, o “Novo Colosso” foi exposto numa placa de bronze na Estátua da Liberdade.

  22. John Dos Passos

    1. “Apesar de John Dos Passos ser considerado um dos melhores escritores de sempre, e de haver uma prémio nacional com o seu nome, os seus livros causam pouco interesse e continua a não ser um autor prioritário para as editoras (…)”, revelou à RTP, o escritor Tiago Patrício que prepara uma peça sobre este autor. Com origens madeirenses, nasceu em Chicago em 1896 e faleceu em 1970 em Baltimore.

    2. São ou foram nomes influentes da política de vários países. Alguns marcaram mesmo a história mundial. Todos têm em comum a ligação a Portugal. Conheça algumas das figuras emblemáticas de sangue lusitano.

    3. De acordo com um estudo da New England Historic Genealogical Society, dos 43 presidentes que os Estados Unidos tiveram até hoje, 26 descendem de portugueses! Todos eles têm em comum Afonso Henriques. No caso concreto dos presidentes Bush, descendem de D. Urraca (a filha do primeiro rei português).

      Sabe-se que D. Urraca nasceu em Coimbra em 1150, 15 anos mais tarde casou com Fernando II, rei de Leão. A rainha Isabel de Inglaterra era sua trineta.

      Os familiares da rainha inglesa rumaram nos primeiros navios à América e deram origem a várias famílias presidenciais (garante o estudo que a família Bush certamente é resultado desta emigração). Entre os vários presidentes americanos com sangue português constam: George Washington, Thomas Jefferson, Gerard Ford, Bill Clinton, Ronald Reagan e  Richard Nixon.

  23. François Mitterrand

    1. François Mitterrand, que viveu entre 1916 e 1996, foi um dos mais emblemáticos presidentes franceses que também descende de Afonso Henriques._

  24. Luis Alberto Lacalle Herrera

    1. O antigo presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Herrera, que nasceu em 1941 na capital daquele país (Montevídeo), vem de famílias das Ilhas do Pico e de S. Jorge.

  25. Benjamin N. Cardozo

    1. Benjamin N. Cardozo foi Juíz do Supremo Tribunal Americano. Descendente de judeus portugueses, nasceu em 1870 e faleceu em 1938. Nascido em Londres em 1804, e falecido na mesma cidade em 1881,

  26. Benjamin Disraeli

    1. Benjamin Disraeli foi Primeiro-Ministro Conservador do Reino Unido no tempo da Rainha Vitória. Também foi escritor. Descendia de judeus portugueses.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

A nova vida de Passos Coelho, o desejado

Prometeu à mulher que não voltava à política a sério antes de a filha ser mais crescida. Riu-se bastante com a manchete que lhe insinuava uma nova namorada. Adora dar aulas. Não se inibe nas conversas nem nos almoços. “Seria um imbecil” se o fizesse, costuma dizer. Nem faz planos nem diz nunca. Sofreu, mas às vezes canta. A família, a universidade e a política no quotidiano do Ex-primeiro-ministro.

Índice
1 Aulas bem preparadas
2 A casa, o carro e o cão
3 Não vê TV, mas respira política
4 O futuro político
5 Terá de ser o país a precisar dele

No Verão passado, Passos Coelho ficou uns dias de férias em Ílhavo, no hotel da Vista Alegre. Teve azar: o carro foi assaltado e acabou a ir comprar um computador à Fnac do Fórum Aveiro. Em tempo de férias, o espaço estava à pinha. Não foram compras normais. Gerou burburinho, gente à volta, pedidos de fotos, “parecia uma popstar”, recorda quem assistiu. Na loja, teve ainda de atender dois pedidos de funcionárias: se podia falar ao telefone com os respectivos namorados, a garantir que estava mesmo ali, coisa a que o Ex-primeiro-ministro acedeu sem ser preciso insistência. Talvez tenha mesmo achado graça, já que usou a voz de barítono para questionar um dos interlocutores no telemóvel que lhe passaram: “Sabe quem fala?” Mesmo que não tenha sido reconhecido pela voz, a resposta era fácil, já que havia pessoas atrás e à volta a ajudar “é o Passos, é o Passos”.
Cenas como estas não são uma excepção. Foi comer à Vagueira (carne maturada, que Passos mantém o mítico apetite) e um cidadão incauto arriscou o atropelamento pondo-se à frente do carro de braços abertos quando o reconheceu, “ó Passos, Passos”. Mais recentemente, num jantar no Solar dos Nunes, em Lisboa, “foi um corrupio, do dono aos empregados”, passando por quem estava a jantar, “em alguns sítios mal se consegue comer com calma com ele”, diz o conviva de refeição, mas também acrescenta a reacção de Passos: “Ele reage bem, mas não está em ânsia nenhuma.” Não vê nisso nenhuma onda de fundo. Ou, como resume quem o acompanhou em Aveiro: “Ele gosta disso, ou seja, gosta de ser apreciado, mas não faz disso mais nada.”

Muitos fazem por ele: além de quem o aborda na rua, de quem lhe pede para almoçar e conversar, dos sociais-democratas que lhe deram uma recepção em tom sebastiânico na Festa do Pontal, também uma sondagem recente da Intercampus para o CM/CMTV e Jornal de Negócios mostrou que Pedro Passos Coelho é hoje o nome mais popular para candidato à Presidência da República (com 15,8%, à frente de Guterres, Costa e Gouveia e Melo) – um cenário a que o próprio já tem respondido com convicção, aos próximos, com um “está doido, doido, o Presidente da República não faz nada”.

Passos é um político carregado de passado em que a sombra de um eventual futuro pesa cada vez mais. Ele reage com a frieza habitual. Nunca houve um não rotundo, mas não mostra, nem aos mais próximos, planos, pressa, ou sequer a intenção de. Talvez porque, ainda antes da dolorosa morte da mulher, Laura, em Fevereiro de 2020, lhe tenha prometido que ficaria longe de responsabilidades políticas mais exigentes até que a filha de ambos ainda menor, Júlia, que terá hoje 14 anos, fosse mais autónoma. Tem cumprido. A vida de Passos Coelho tem sido praticamente só família e aulas, mais o ocasional almoço a falar de política.

Embora não se iniba de intervir, mede as raras aparições públicas ao milímetro. Porque, como o próprio explica com ênfase a quem o questiona sobre elas: “Cada vez que apareço isso põe as pessoas a olhar para o passado e não para o futuro. Não quero de todo alimentar isso ou desviar a atenção do presente.” Está confortável na sua nova vida, ou como avalia um amigo próximo, “ele deu-se muito bem com o pós-poder”. Embora, e fazendo as contas, a filha estará a fazer 18 anos em 2026, data das próximas presidenciais.

O pós-poder começou há cinco anos. A 16 de Fevereiro de 2018, no arranque do congresso do PSD que deu lugar a Rui Rio, Pedro Passos Coelho despediu-se da liderança do PSD, prometendo “discrição” ao novo líder – não ia andar por aí. E avisando que “é da propaganda que vive este governo”, “só preocupado consigo próprio” e não “com o futuro do País”. No fim desse mês, despediu-se também do parlamento e no início de Março, confirmou-se que iria dar aulas no ISCSP, de Administração Pública, a alunos de mestrado e a doutorandos. Foi uma escolha com significado e não um acaso – mas já lá vamos.


Aulas bem preparadas
“Conhecia-o e falámos sobre o assunto, no sentido de que a situação fosse confortável para ele e de o incentivar a fazer o doutoramento”, recorda Manuel Meirinho, que o convidou e era à altura director da faculdade, sendo hoje presidente do Conselho Científico. Mas a entrada para professor catedrático convidado foi atribulada. Houve uma vaga de críticas, sobretudo mas não só, nas redes sociais, e até um abaixo-assinado de alunos contra a contratação (a invocar uma “afronta à transparência e à meritocracia”). Passos chegou mesmo a colocar a direcção da faculdade à vontade, se entendessem que a sua entrada afinal “era prejudicial” à reputação da escola, ficava tudo sem efeito, que não fizessem cerimónia, não era por ele que não haveria recuo. Mas nem a direcção recuou, nem os protestos persistiram. Nas aulas também hesitou: quis uma carga horária pequena, para avaliar como se dava e preparar os conteúdos. Depois, foi aumentando. “Tinha menos aulas no início, não leciona o que não sabe e por isso a evolução foi incremental, por opção dele”, diz Meirinho.Outro professor da mesma escola diz mesmo que sentia que Passos não apreciava se lhe pedissem para dar conteúdos, “do ar, sem mais nem menos, e sem se preparar”. Hoje, ensina Princípios de Macroeconomia, Estratégia e Gestão da Empresa, Gestão Administrativa de Recursos Humanos e Economia, em licenciaturas; Processos de Decisão e Políticas Públicas, Avaliação de Políticas Públicas em três mestrados; Temas Aprofundados de Administração Pública e um seminário temático no doutoramento em Administração Pública.

Leva as aulas todas preparadas, traz imenso materiais”, aponta uma Ex-aluna. Sendo impossível avaliar se todos o apreciam, nas avaliações internas promovidas pela universidade, feitas pelos alunos, surge sistematicamente entre os mais bem classificados. Mesmo que os alunos não simpatizem com a técnica do professor Passos nos exames, em que leva dois enunciados diferentes, um para a fila da direita, outro para a fila da esquerda, que vai alternando, para evitar copianços. E que lhe dão o dobro do trabalho a elaborar.

O mistério não é que Passos dê aulas. Teve aliás, convites de outras universidades, e está também, embora apenas com uma única aula (Economia Portuguesa e Europeia), na Lusíada, onde ele próprio se licenciou em Economia. É porque é que escolheu só dar aulas. “Sei que ele teve muitos convites quando saiu do partido”, aponta quem acompanhou esse processo. Quais, também não o detalhou, nem aos amigos.

Um Ex-aluno aponta uma explicação directa. O deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, que o conhecia desde os tempos em que liderou a JS, teve-o como professor durante a pandemia de Covid-19, sempre online, e define: “Ele teve um papel patriótico num momento difícil da nossa história e não aceita que esse legado seja maculado com qualquer actividade no privado.” Um amigo pessoal corrobora: “Ele não quer ser rico. No dia que tentasse, estragava uma parte da imagem dele.” E isso não tem a ver com cálculos futuros (ou pelo menos, não tem só), assegura: “Tem a ver com respeitar o seu próprio passado. É preciso perceber o Passos para perceber as escolhas dele. Sei que ele teve convites, mas nunca mo disse. E nem os deve ter considerado.”

Voltando a Sousa Pinto, o balanço que faz é este: “Só tenho elogios. Era de um enorme profissionalismo e rigor, era um magnífico professor. Dos mais zelosos e competentes que tive.” Diz o amigo: “Ele adora dar aulas. Adora falar, qualquer pessoa que tenha ouvido um discurso dele também percebe isso. Tem nos alunos as ‘vítimas’ perfeitas”, brinca.

Passos trata as burocracias que tem de tratar, domina o sistema informático e não tem nenhum estatuto especial. Recebe com frequência alunos de mestrado e doutoramento no gabinete 27, no piso 3, para ser entrevistado sobre o seu período como primeiro-ministro. “Cravam-no muito”, diz um colega – e não tem problemas em fazê-lo. Para fora, mede mais as intervenções.

Não vai, de facto, ficar rico a dar aulas. A lei obriga a que um professor convidado só possa ficar como catedrático durante quatro anos. Assim, este ano, passou a uma categoria abaixo, é agora professor associado convidado. Dependendo do escalão em que estiver colocado (o ISCSP não clarificou este ponto à SÁBADO), a tabela oscila entre 3.717 ou 4.393,09 euros brutos, a que se subtraem 33% por ser convidado. Ou seja, entre 2.491 e 2.944 euros brutos. Traduzindo, levará para casa, líquidos, entre 1.782 e 2.011 euros.

A casa, o carro e o cão
Passos vive no mesmo apartamento, em Massamá. “Até tem a mesma mobília”, retrata um amigo. Só mudou de carro: já não tem um Opel Corsa, como quando estava no governo (“vamos lá a ver, aquilo já não dava mesmo…” – é a descrição do estado do veículo por quem nele andou) e comprou um Renault Megane azul elétrico, mas a casa, essa está mais vazia. A 25 de fevereiro de 2020, a mulher de Passos Coelho, Laura, morreu. O osteossarcoma no joelho fora detetado em 2014, ultrapassado em 2015, regressara em 2017, já com ramificações para outros órgãos. Era um desfecho esperado havia algum tempo. Laura passara o último Natal em casa. Rira-se com os mais próximos que a visitaram, mas nessa altura os tratamentos tinham já parado. Laura, descrevem os amigos de Passos que a conheceram – manteve a boa disposição até ao fim. Passos acompanhou-a em todas as consultas, em todos os tratamentos, apoiava-a em casa, dava-lhe banho, como fizera já na campanha de 2015, em que vinha a casa dormir por onde quer que andasse em serviço eleitoral.

A morte da mulher recentrou ainda mais a vida do ex-primeiro-ministro na família. Tem uma ligação próxima com as duas filhas mais velhas, Joana e Catarina, filhas do primeiro casamento com Fátima Padinha, das Doce, vive com a filha Júlia, a mais nova, e teve uma reaproximação ainda mais forte com a filha de Laura de uma primeira relação, Teresa. “Ele é como se fosse mesmo o pai dela”, descreve um amigo próximo. A foto de perfil que usa no WhatsApp (a única rede social que usa, não frequenta outras), é com as três filhas biológicas e com Teresa. E está com um sorriso aberto, uma expressão pouco habitual nele. A foto de capa do telemóvel ainda é de Laura e mantém a aliança no dedo.

“Ele fartou-se de rir com a história da Nova Gente”, recorda um amigo. Em março do ano passado, a revista pôs na capa o título “Passos Coelho volta a sorrir, dois anos após a morte de Laura Ferreira” e o anúncio “mostramos o primeiro-ministro como nunca o viu”, ilustrado com uma fotografia em que surgia ao lado da investigadora na área da Saúde Isabel de Santiago. Braço na cintura da amiga, ela a mão no ombro dele. Mas na imagem Passos tinha o lado esquerdo do corpo cortado, e ele ria-se com gosto a contar: “Se tivessem posto a foto completa, via-se que do outro lado estava o marido.”

Mantém uma relação próxima com os sogros, Domitília e Tomás, os pais de Laura. Não há quem não o tenha ouvido dizer “a minha sogra faz a melhor cachupa do mundo”, e toda a gente sabe que Passos adora uma cachupa, “esta está boa, mas não tem o mesmo sabor, a da minha sogra…” Passos é pai e mãe, leva a filha à escola, faz as tarefas domésticas, cozinha, faz as compras e passeia o cão duas vezes por dia nas redondezas – em novembro foi apanhado e fotografado pelo Tal & Qual na cívica tarefa de recolher os dejetos do Koda. Sempre teve a disciplina de ajudar em casa e lidar com situações em que o seu apoio era fundamental. Ainda na JSD, e deputado, saía das reuniões para ir a casa cuidar da filha mais velha, que tinha problemas, e dar-lhe explicações. Na família habituou-se a ajudar no acompanhamento do irmão mais velho, Miguel, com paralisia cerebral desde criança.

Hoje está mais centrado em Massamá, já pouco vai ao Comilão, poiso habitual de antigas conspirações políticas. Agora o local mais provável para o encontrar a jantar com algum amigo é perto de casa, no Estrela da Bica. Na vizinhança já toda a gente o conhece. Vão longe os tempos em que era primeiro-ministro e no supermercado onde costuma fazer as compras, na caixa o funcionário lhe perguntou, “nós conhecemo-nos?” Passos foi fleumático: “Penso que não…” O funcionário insistiu: “Não trabalhámos já juntos?” “Não sei, não me recordo, mas é possível, quem sabe.” Não se apresentou, nem esclareceu que o outro, se o conhecesse, só da televisão, em versão fato e gravata – ali estava à paisana. Na rua anda de calças de ganga, ténis e camisola, às vezes com um casaco de malha que parece um número acima, mas vai de fato para as aulas.

Depois de deixar a política, e instalado numa rotina muito pessoal, sucederam-se momentos difíceis: a morte do pai, em 2019, a de Laura, a do irmão Miguel, em finais de 2020. E ainda a doença da irmã, e de Fátima Padinha, com quem manteve após o divórcio uma relação de amizade próxima.

“Ele tem tido uma vida emocional dura, muito dura, embora seja de uma resistência impressionante. Quem acha que ele anda o tempo todo a pensar em política desengane-se. Tem uma vida cheia, com as aulas e tudo o que lhe tem acontecido. Não anda distraído de nada, mas tem tido muito em mãos, muito com que lidar”, explica um amigo de muitos anos.

É um lado, o pessoal, que tentou e conseguiu sempre preservar. No Governo, recorda o mesmo amigo, tentou convencê-lo a “abrir qualquer coisa à impressa”, pô-lo a falar ou deixar que alguém falasse por ele. “Proibiu-me”, foi a conclusão. “A minha vida pessoal não interessa a ninguém nem me interessa expô-la.”

Mas é nessa vida pessoal que, como na foto com as filhas, sorri mais. Está longe de ser um homem acabrunhado. Num aniversário recente, de um sobrinho, chegou atrasado à festa, já depois da hora de jantar (vinha das aulas), mas acabou a cantar a Júlia florista para toda a gente.

“Só não falaria com pessoas com quem trabalhei ou com quem gosto de conversar se fosse um completo imbecil”: a resposta desarmante é do próprio Passos, a quem lhe perguntou sobre notícias na imprensa dando conta de vários almoços seus. “Porque é óbvio que ele continua a falar com muita gente, e gosta disso. E não diz que não a convites. Às vezes diz-me, fui almoçar com o cientista tal, com o professor tal… Por um lado, ele gosta genuinamente de conversar com pessoas. Por outro, se um dia pensar voltar – e não estou a dizer que pense – isso não só não estraga, como ajuda”, contextualiza um amigo próximo.

Essa é a eterna questão e é por isso que qualquer aparição pública ou almoço privado gera comentários e notícias. Por isso, e porque, diz Sousa Pinto – e os dois trocam impressões de vez em quando – “porque ele é o líder da direita em Portugal”.

Não vê TV, mas respira política
Passos respira, ainda, política. Não vê televisão, nenhuma, perdeu esse hábito há anos, nem tem redes sociais, mas lê tudo o que é publicado na imprensa. Com algum distanciamento. “Concorda-se com umas coisas, com outras não, mas deixa-se passar”, costuma dizer. Pratica ainda o moto de quando estava no Governo: “Nervos de aço e gelo nas veias.” E agora é mais fácil. De resto, devora relatórios, nacionais e internacionais, sobre economia, demografia, segurança social ou o que lhe vier à mão. E mesmo pagando o preço de alimentar mais uma ou outra especulação, não se inibe de intervir sobre o que acha importante. Costuma justificar-se com esta argumentação: “Precisamente por ter sido primeiro-ministro, e numa altura determinante, isso traz uma responsabilidade, como para outros ex-primeiros-ministros também trouxe. Há quem diga uma responsabilidade moral, não sei, mas alguma traz. Não posso fazer como se não tivesse nada a ver com nada, é normal que intervenha.”

E interveio, por exemplo, sobre a eutanásia, publicando um artigo no Observador, em dezembro, numa linha diferente daquela que o PSD defendeu. Criticava a omissão de posição clara do seu partido, que se remeteu à defesa de um referendo, e apelava também, diretamente, à reversão futura da lei: “Era bom que se soubesse que haverá quem não se conforme nem desista de, no futuro próximo, pôr em cima da mesa a reversão da decisão que o parlamento se prepara para tomar, como numa democracia madura.” Em algumas linhas intuía-se, sem que tal nunca fosse explícito, parte da experiência pessoal por que passou e continua a passar: “Não se perde a dignidade pelos infortúnios que a vida nos possa trazer nem se resgata dignidade simplesmente por não aceitar ou desejar viver uma vida que possa parecer ter perdido o sentido de ser vivida.”

Mas há mais em que Passos discordou e afirmou-o: disse a Luís Montenegro, líder do PSD, que achava que deveria manter o líder parlamentar, Paulo Mota Pinto, em vez de o substituir por Joaquim Miranda Sarmento.

Montenegro reagiu, de forma “desproporcional” ao texto da eutanásia, diz um passista, mas um membro da atual direção garante que a relação entre os dois é serena – ainda que ambos sejam “tão institucionalistas” que de um lado ou de outro “ninguém sabe com que frequência falam, detalhes, nada”. “Mas não há afastamento”, indica a mesma fonte. “Não há sombras nem fantasmas e podem até divergir, o Passos tem espaço e está à vontade para isso, a relação é impecável, trabalharam bem juntos e conhecem as virtudes e limitações um do outro.”

E há mais um tema que Passos não deixará passar em silêncio: se a questão da regionalização se colocar de forma evidente na agenda política, é absolutamente claro para todos os que com ele conversam que intervirá publicamente – resta saber como – para a evitar. É convictamente contra.

Mesmo em contactos privados, Passos Coelho não se retrai de contar episódios do seu Governo ou de comentar a atualidade, com uma descontração que por vezes espanta quem o ouve. Por exemplo, num almoço perto de casa, há uns meses, um amigo com quem ia almoçar levou outro amigo, que Passos não conhecia de lado nenhum, sem o avisar. Passos achou normal – ainda que o convidado-surpresa fosse do Bloco de Esquerda – e a conversa decorreu amena mesmo quando o interlocutor, nos antípodas políticos, entrou por temas que achava incómodos para Passos Coelho. Mas porque é que mantivera o [Miguel] Relvas, no caso da licenciatura duvidosa? O ex-primeiro ministro desfiou com pormenores e à-vontade desconcertantes as conversas com dois dos seus ex-ministros. Com Nuno Crato, ministro da Educação, que lhe disse “o que se passa é isto”, disse-lhe simplesmente “investigue-se”. Quando vieram os resultados que comprometiam o amigo e ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, foi igualmente curto com Crato: “Então execute-se.” Já a Relvas, relatou, fez outras perguntas: “Tens as cadeiras? Mas para que é que precisas das cadeiras? Porque é que não fazes uma declaração pública a assumir que não tens as cadeiras, mas que também não precisas das cadeiras?” Isto enquanto o surpreendido mas interessado bloquista comia caril e ele muamba.

O futuro político
Dos muitos contactos, conversas, almoços e jantares que Passos foi mantendo ao longo dos últimos meses, é possível reconstituir aquilo que foi dizendo sobre como vê o seu futuro político. Alguns exemplos, de conversas diferentes: “Nunca serei Presidente da República, nem outras coisas que para aí dizem”; “Este governo está em fim de ciclo, acredito que Montenegro será primeiro-ministro. Não quer dizer que ele esteja a fazer tudo bem, ninguém faz, mas tem todas as hipóteses de ser primeiro-ministro, conheço-o, sei do que é capaz.”

Este é o cenário da maior probabilidade, defende. Depois, sobre a improvável circunstância de os astros se alinharem para criar circunstâncias que incentivem um regresso, vai dizendo “não é um assunto que tenha na cabeça, não estou aqui à espera de uma oportunidade qualquer”. Há uma razão, de contexto, que costuma lembrar. Quando saiu da política, em 1999, achava que não ia regressar. Tinha 35 anos, foi tirar o curso e trabalhar no setor privado. Passaram seis líderes até que chegasse a sua vez e já não pensava nisso. Mas agora é diferente: “já fui”, explicou numa conversa bastante recente. “Já fui primeiro-ministro.”

Miguel Relvas, com quem houve um processo de reaproximação, embora a frequência dos contactos seja hoje mais ocasional, defende que Passos “não tem dever moral nem obrigação de regressar à política. Entrou pelo seu pé e saiu a ganhar – foi o único. Só em circunstâncias muito, mas muito excecionais decidirá.

Mas Passos também não exclui nada. Em novembro passado, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que “sendo tão novo [Pedro Passos Coelho], o País pode esperar, deve esperar muito ainda do seu contributo no futuro, não tenho dúvidas”. Passos acabou por reagir, à saída de uma conferência académica sobre o Serviço Nacional de Saúde: “Não tenciono regressar a espaços políticos, as pessoas sabem disso, estou afastado da atividade política. Não há nenhuma razão para eu dizer que nunca mais na vida faço coisa nenhuma, porque seria uma tolice dizer coisas dessas, seria um absurdo, mas não estou a pensar em coisa nenhuma, estou muito fora de tudo e assim pretendo continuar.
E há outro ponto: Passos, garante quem com ele conversa, nunca vai “espetar a faca em Montenegro”, é uma “questão que nem se coloca”. Ou, como diz Pedro Gomes Sanches, que o convidou para almoçar no fim do ano passado, “parece evidente que não fará a Montenegro o que Costa fez a António José Seguro”. Almoçaram no Darwin, da Fundação Champalimaud. Achou-o “muito atento ao que se passa no País” e também com a sensação de ter deixado “um trabalho interrompido de forma abrupta”, com reformas por executar. “Ele tem uma visão para o País, um legado executivo e um capital moral. Não interferiu com a governação, não fez sombra no partido que deixou. Tem o foco no País. Há um reencontro com a História que seria normal. Pode fugir a esse reencontro com a História. Só alguém agregador do voto à direita e com capital moral se pode assumir como alternativa. Disse-lhe isso. Acho que ele não é passado, é futuro. E enquanto ele não disser ‘não’ vou, eu fico nesta ideia…”

A SÁBADO sabe que está longe de ter sido o único a dizer-lhe isto. Num outro encontro, Passos não repetiu em privado o que dissera em público: “Nunca sabemos. A oportunidade não era para surgir e surgiu”, admitiu. As circunstâncias ditarão o seu futuro, mas garante sempre que não vai à procura delas.

Terá de ser o país a precisar dele
Passos nunca teve, ao contrário do que se possa pensar, ideia fixas sobre quando se candidatar fosse ao que fosse, e mais do que uma vez mudou de ideias. Antes de ser líder da JSD, e embora já estivesse na direção, anunciou que ia sair para acabar o curso –, mas foi convencido de que teria de voltar a adiar a licenciatura para se candidatar à sucessão de Carlos Coelho, que por sinal já tinha outro sucessor para apoiar – mas Passos ganhou. E, num episódio pouco conhecido, quando Marcelo Rebelo de Sousa se tornou líder do PSD, em 1996, Passos quis avançar. Disse-o abertamente a um próximo, mas foi mal recebido: o social-democrata disse-lhe que era cedo e que nem ele o apoiaria. Passos acabaria não só por recuar, como por ser decisivo no avanço de Marcelo, sugerindo-lhe que avançasse pelo menos com uma moção estratégica. E Passos lá foi finalmente acabar o curso e trabalhar fora da política. Fez um interregno de 12 anos até regressar como candidato à liderança do PSD, em 2008.
Alguém com quem costuma falar vê assim a questão: “Terá de ser o País a precisar dele, não ele a precisar do País. Só isso o convenceria.” Sousa Pinto, com quem fala (e discorda) ocasionalmente sobre temas diversos, da fiscalidade à saúde (mas não sobre o “futuro”), diz, contudo, uma frase que encaixa no diagnóstico de outros mais próximos: “Ele é um homem moral. Decidiu servir. A vida dele só pode compreendida assim.”

Na cabeça de Passos: defeitos e virtudes
Preocupado
Quem vem de um almoço com Passos muitas vezes não vem animado. Tem uma visão inquieta dos caminhos do País, os cenários a médio e longo prazo que traça são pessimistas.


Frio e analítico
Terá vantagens, mas para alguns gera pouca empatia. Um amigo de anos admite que para muitos persiste a imagem de “há 10 anos”, do primeiro-ministro seco e da austeridade

Teimoso
É possível fazer Passos Coelho mudar de ideias, mas não é fácil. “É preciso ter bons argumentos”, porque “quando já traçou a bissetriz”, é difícil levá-lo a ver o outro lado

Paciente
Sabe ouvir, quer quem discorda dele (não interrompe e escuta até ao fim), quer quem só tenha dúvidas. Não mostra impaciência. Estende conversas, mesmo quando diverge. Não toma as críticas como pessoais

Terra a terra
Tem um estilo de vida frugal, não se queixa do que ganha, continua a ir para a Manta Rota e a frequentar sobretudo restaurantes baratos. “Não é nada deslumbrado”

Desprendido
“Não está interessado em resolver a vida dele, está interessado no que acontece ao País mais à frente, na saúde e nas pensões, no lado estrutural das coisas. Só pensa nisso”, diz um social-democrata

Dinheiro e dívidas
Antes
Quando chegou ao governo declarou 122 mil euros de rendimento. Fora administrador das empresas Fomentinvest, TejoAmbiente, Ribatejo, HLC Tejo e CM02. Tinha dois apartamentos em Massamá.


Durante
Ao deixar o governo, em 2015, declarou 95.021 euros de rendimento bruto de trabalho dependente (do salário como primeiro-ministro), e 5.100 de rendimentos prediais.

Depois
Em 2018, ao deixar a liderança do PSD, declarou 98.996 euros (do trabalho como deputado e líder do partido) – hoje ganha muito menos. Não tinha ações ou obrigações. Tinha três créditos à habitação (179.216 euros ao Millennium BCP e 24.659 à CGD), mais um crédito pessoal de 5.538 euros (ao Millennium)

Com quem ele fala
Mantém alguns velhos amigos de sempre. Pedro Pinto, que conheceu na JSD, a ex-jornalista Eva Cabral (que foi sua assessora em São Bento, mas que conhece há décadas), e Luís Monteiro (que foi administrador no Instituto de Segurança Social) fazem parte de um grupo que acentuou o convívio quando viviam todos na Colina do Sol, junto à Brandoa.

É amigo do professor universitário de relações internacionais Vasco Rato (é padrinho do filho dele), e do jurista Miguel Matias (de quem foi padrinho de casamento), mas mantém contactos mais pontuais com muita gente da área da Economia – “é um amigo sólido e antigo”, diz Jorge Braga de Macedo – e da academia em geral.

Não recusa convites: foram públicos, recentemente, os encontros com José Eduardo Martins, do PSD, com o gestor Pedro Gomes Sanches e com Rui Batista, seu antigo assessor de imprensa. Foi, por exemplo, à festa de anos de Francisco Cavaleiro Ferreira, onde se cruzou com Luís Campos e Cunha e teve um padre na mesa, com quem ficou à conversa – e a criticar o Governo, até depois da 1h da manhã.


O livro em banho-maria
Sabe-se praticamente desde que deixou o PSD que tem estado a escrever um livro sobre os seus anos como primeiro-ministro , mas não deverá estar para breve. Apesar de adiantado, Passos nunca o terminou, primeiro pela dificuldade com o acompanhamento da doença da mulher, depois porque as aulas lhe deixam pouco tempo. E ainda porque, como se viu pelo preâmbulo de 35 páginas ao livro do embaixador Luís de Almeida Sampaio, Diplomacia em Tempo de Troika, cheio de detalhes, datas, horas e referências, a futura obra requer trabalho pesado. Não há calendário, nem nada que o prenda a terminá-lo.


Maria Henrique Espada
https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/a-nova-vida-de-passos-coelho-o-desejado

All Real Madrіd trophіes and tіtles as o 2023: full lіst

Descrіbed as the prіde of Spaіn, Real Madrіd іs undoubtedly one of the best football teams іn the world.

A testament to іts success іs іts approxіmately 450 mіllіon fans worldwіde. So, let us look at Real Madrіd’s trophіes through tіme.

Real Madrіd’s profіle summary

  • Full name: Real Madrіd
  • Nіckname(s): Los Blancos
  • Founded: 1902
  • Locatіon: Madrіd, Spaіn
  • Colours: Whіte and blue
  • League: La Lіga
  • League rankіng: 1
  • Coach: Carlo Ancelottі
  • Net worth: $4.75 bіllіon
  • Current market value: $865 mіllіon
  • Stadіum: Estadіo Santіago Bernabéu
  • Capacіty: 81,044
  • іnstagram: @realmadrіd
  • Twіtter: @realmadrіden

All Real Madrіd trophіes and tіtles as of 2023

Let us fіnd out how many trophіes Real Madrіd won іn total. The club has had about 122 league tіtles sіnce 1903. Here іs a lіst of Real Madrіd’s trophіes by year sіnce іts іnceptіon.

  • 5 Mancomunados: 31/32, 32/33, 33/34, 34/35, 35/36
  • 18 Regіonal Champіonshіps: 03/04, 04/05, 05/06, 06/07, 07/08, 12/13, 15/16, 16/17, 17/18, 19/20, 21/22, 22/23, 23/24, 25/26, 26/27, 28/29, 29/30, 30/31
  • 2 Latіn Cups: 1955, 1957
  • 2 Small World Cups: 1952, 1956
  • 1 League Cup: 84/85
  • 12 Spanіsh Super Cups: 1988, 1989, 1990, 1993, 1997, 2001, 2003, 2008, 2012, 2017, 2019, 2020, 2022
  • 19 Spanіsh Cups: 04/05, 05/06, 06/07, 07/08, 16/17, 33/34, 35/36, 45/46, 46/47, 61/62, 69/70, 73/74, 74/75, 79/80, 81/82, 88/89, 92/93, 10/11, 13/14
  • 35 Natіonal League tіtles: 31/32, 32/33, 53/54, 54/55, 56/57, 57/58, 60/61, 61/62, 62/63, 63/64, 64/65, 66/67, 67/68, 68/69, 71/72, 74/75, 75/76, 77/78, 78/79, 79/80, 85/86, 86/87, 87/88, 88/89, 89/90, 94/95, 96/97, 00/01, 02/03,06/07, 07/08, 11/12, 16/17, 19/20, 21/22
  • 2 UEFA Cups: 84/85, 85/86
  • 5 European Super Cups: 2002, 2014, 2016, 2017, 2022
  • 7 FіFA World Cups: 1960, 1998, 2002, 2014, 2016, 2017, 2018
  • 14 European Cups: 55/56, 56/57, 57/58, 58/59, 59/60, 65/66, 97/98, 99/00, 01/02, 13/14, 15/16, 16/17, 17/18, 21/22
  • 3 іntercontіnental Cups; 02/03, 98/99, 60/61
  • 1 Best club of the 20th century FіFA: 2000

  • How many La Lіga trophіes does Real Madrіd have?


The club sіts at the top of the league table wіth 66 poіnts іn the natіonal Spanіsh League. іt іs currently the only Spanіsh club to hold the most La Lіga tіtles іn hіstory.

  • Real Madrіd’s 34 League tіtles; 19/20, 16/17, 11/12, 07/08, 06/07, 02/03, 00/01, 96/97, 94/95, 89/90, 88/89, 87/88, 86/87, 85/86, 79/80, 78/79, 77/78, 75/76, 74/75, 71/72, 68/69, 67/68, 66/67, 64/65, 63/64, 62/63, 61/62, 60/61, 57/58, 56/57, 54/55, 53/54, 32/33, 31/32

The Spanіsh Super Cup іs a competіtіon between the La Lіga and Copa del Rey wіnners. Out of the 34 La Lіga vіctorіes, Los Blancos defended theіr Super Cup tіtles, gettіng 12 wіns up to 2022.

As the new decade starts, the team has already won the Super Cup after beatіng Athletіc Bіlbao 2-0. Here іs a lіst of Real Madrіd’s trophіes іn the last decade.

  • Spanіsh Super Cup: 2001, 2003, 2008, 2012, 2017, 2019, 2020

Real Madrіd Champіons League trophіes

How many European trophіes has Real Madrіd won? Real’s іmpressіve performance іs evіdent іn the European league. The club has had 14 UEFA Cup wіns sіnce 1955.

So, how many Champіons League trophіes has Real Madrіd won іn a row? The club broke records by wіnnіng the European Champіons thrіce іn a row; 2016, 2017, and 2018.

  • UEFA Champіons League: 1955-56, 1956-57, 1957-58, 1958-59, 1959-60, 1965-66, 1997-98, 1999-00, 2001-02, 2013-14, 2015-16, 2016-17, 2017-18, 2021-22.

Real Madrіd’s trophіes іn Europe

Other than the Champіons League, Los Blancos has also had sіgnіfіcant success іn the European football scene. Here іs a lіst of all Real Madrіd’s trophіes іn Europe.

  • UEFA Super Cups: 2002, 2014, 2016, 2017.
  • UEFA Champіons Cups: 55/56, 56/57, 57/58, 58/59, 59/60, 65/66, 97/98, 99/00, 01/02, 13/14, 15/16, 16/17, 17/18.
  • European club of the year: 15/16
  • UEFA Europa League Cups: 84/85, 85/86.
  • іntercontіnental Cups: 02/03, 98/99, 60/61.
  • European Champіon Clubs’ Cups: 65/66, 59/60, 58/59, 57/58, 56/57, 55/56.
  • 1 Best club of the 20th century FіFA: 2000.

Real Madrіd’s honours

Here are some more honours awarded to the prestіgіous club over the years.

  • European club of the year: 15/16
  • Globe Soccer/ Best Club of the Year: 2014
  • Best club of the 20th century FіFA trophy: 2000.

Real Madrіd’s trophіes іn 2023

Thіs prestіgіous football club began wіnnіng major trophіes іn the Spanіsh League at the begіnnіng of the 21/22 season. Thanks to Luka Modrіc, the Los Blancos team grabbed theіr fіrst trophy of the season іn the 2022 UEFA fіnal match agaіnst Athletіc Bіlbao.

Real Madrіd’s current presіdent, Florentіno Pérez Rodríguez, acknowledged the club’s wіnnіng tradіtіon іn an іntervіew wіth Real Madrіd TV. Whіle encouragіng hіs talented players, he saіd:

How many trophіes have Real Madrіd won thіs season?

Real Madrіd’s trophіes іn 2022 are La Lіga, Champіons League, Spanіsh Super Cup, and European Super Cup. The club has won four tіtles out of a possіble fіve. The Club of the Year award mіssed on the lіst of Real Madrіd trophіes thіs season because іt went to Manchester Cіty FC.

What іs the bіggest wіn for Real Madrіd?

іn 1943, the club trіumphed over іts El Clasіco rіval, FC Barcelona, wіth an 11-1 wіn. Although the El Clasіco competіtіons between the two teams started as frіendlіes, they slowly took a turn, wіth the rіvalry іntensіfyіng іn the 20th century. Gіven the hіstory, the 1943 wіn was regarded as Real Madrіd’s trophy of all tіme untіl recently when revelatіons of іntіmіdatіon of the Barcelona team.

Who has the most wіns іn El Clasіco?

Here іs a table showіng Barcelona vs Real Madrіd’s trophіes comparіson.

Who have won the most Champіons League?

Real Madrіd has won the most Champіons League trophіes іn hіstory.

How many UCL trophіes has Real Madrіd won?

Real Madrіd has won the UEFA Champіons League 14 tіmes. іt got thіs trophy three tіmes іn a row іn 2016, 2017, and 2018.

How many trophіes does Real Madrіd have?

Real Madrіd has won 122 tіtles as of 2023. The table below shows all trophіes thіs Spanіsh soccer club has bagged sіnce 1903:

Lookіng at all of Real Madrіd’s trophіes, there іs no doubt that іt іs one of the most successful soccer teams іn the world. The team’s wіnnіng spіrіt has not wavered at any poіnt іn hіstory, whіch іs why fans worldwіde are forever devoted.

Sportsbrіef.com publіshed an artіcle rankіng the net worth of all legendary Atletіco Madrіd players. The lіst іncludes global legends such as Dіego Sіmeone, Fernando Torres and Dіego Godіn.

Fіnd out how much wealthy the all-tіme best players of Atletіco Madrіd have. They must be super rіch because thіs іs one of Spaіn’s most valuable clubs.

https://newspaper24hr.com/all-real-madrid-trophies-and-titles-as-of-2023-full-list/

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

António Costa, Mariana Mortágua e as casas dos três porquinhos

Abrir a porta ao ataque à propriedade privada não é um assunto menor, seja qual for a forma e o propósito de que venha revestido. É a última fronteira que separa a democracia do Estado totalitário.

21 fev. 2023, Raquel Abecasis, ‘Observador’

António Costa decidiu retomar a iniciativa política, aproveitando a acalmia nas notícias de escândalos relacionados com as mulheres e homens que escolheu para integrar o seu Governo. Seria uma estratégia hábil se as ideias fossem realmente novas e eficazes. Mas o que António Costa veio anunciar ao país é, no essencial, decalcado do que a futura líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, já tinha vindo propor quinze dias antes. A 1 de Fevereiro esta era a notícia do Correio da Manhã:

O Bloco de Esquerda (BE) acredita que deveria existir um controlo do alojamento local e sugere a criação de medidas como a imposição de um tecto máximo às rendas em cidades como Lisboa e Porto.

Numa altura em que Portugal está a passar por uma “crise de habitação nunca antes vista”, Mariana Mortágua defende que todos os proprietários deveriam ser “obrigados” a ter os imóveis arrendados, de acordo com o jornal ECO. “Se um proprietário pode manter casas fechadas só para manter uma guerrilha política, é porque não precisa do dinheiro das rendas” e “está a ir contra o interesse público”, considera.

A má notícia não é o facto de o Governo socialista copiar ideias antes apresentadas por outras forças políticas. É copiar as ideias do Bloco de Esquerda e assim fazer jus aos que dizem que estas medidas, se fossem aplicadas, eram o regresso aos tempos do PREC.

Na história dos três porquinhos vemos como o mais forte, o lobo, exerce a sua força para destruir a habitação dos porquinhos que construíram uma casa com menos fortaleza. Só o porquinho que construiu uma casa de tijolo conseguiu resistir à força do lobo mau.

Com estas ideias em Portugal, como de resto já acontece em Espanha com os Okupas, é mais uma vez a classe média que vai sofrer as consequências da fúria revolucionária da extrema-esquerda, desta vez comandada pelo Partido Socialista.

Abrir a porta ao ataque à propriedade privada não é um assunto menor, seja qual for a forma e o propósito de que venha revestido. É a última fronteira que separa a democracia do Estado totalitário. É certo que o Estado não tem meios nem competência para pôr em prática a grande maioria das propostas que veio anunciar, basta ver a incompetência com que é incapaz de gerir o seu próprio património. Mas o simples facto de enunciar tais medidas deve fazer disparar todos os alarmes dos que queremos viver numa democracia ocidental.

O drama que se vive aqui ao lado em Espanha, com a epidemia dos Okupas que aproveitam um vazio legislativo para usurparem habitações privadas aos seus proprietários (há cerca de setecentas mil casas ocupadas ilegalmente aos seus legítimos donos, que às vezes só foram passar uns dias de férias), devia servir-nos de exemplo para perceber o que acontece quando o Estado se veste de lobo mau em perseguição dos três porquinhos.

Que o Bloco de Esquerda, agora ainda mais radicalizado com a perspectiva de vir a ser liderado por Mariana Mortágua, defenda a política do confisco, não nos surpreende. O mesmo não podemos dizer de um Governo liderado pelo Partido Socialista que, com estas propostas, atraiçoa todo seu passado, do qual se vai esquecendo a um ritmo alucinante. Mário Soares esteve do lado certo da história quando se associou aos que, com o 25 de Novembro, acabaram com os desvarios do PREC. Em 2023, os responsáveis do PS acham que o 25 de Novembro foi um pormenor que pouco ou nada acrescentou à história da nossa democracia. O resultado desta amnésia está à vista com as ideias defendidas no pacote + Habitação.

LEGISLAÇÃO: Coeficientes de desvalorização da moeda 2022

Os coeficientes de desvalorização da moeda usados para actualizar os valores de aquisição (de um imóvel, por exemplo) no cálculo de mais-valias em IRS e IRC em 2022, constam da tabela seguinte:

- Ano de aquisição

Coeficiente de desvalorização da moeda

Até 1903
4 848,38

1904 a 1910
4 513,28

1911 a 1914
4 328,74

1915
3 851,25

1916
3 152,27

1917
2 516,45

1918
1 795,41

1919
1 375,98

1920
909,19

1921
593,22

1922
439,32

1923
268,85

1924
226,32

1925 a 1936
195,07

1937 a 1939
189,44

1940
159,41

1941
141,58

1942
122,24

1943
104,09

1944 a 1950
88,35

1951 a 1957
81,06

1958 a 1963
76,22

1964
72,85

1965
70,16

1966
67,05

1967 a 1969
62,70

1970
58,06

1971
55,26

1972
51,66

1973
46,97

1974
36,02

1975
30,78

1976
25,78

1977
19,75

1978
15,47

1979
12,21

1980
11,00

1981
9,00

1982
7,47

1983
5,98

1984
4,64

1985
3,89

1986
3,51

1987
3,22

1988
2,90

1989
2,60

1990
2,33

1991
2,06

1992
1,89

1993
1,75

1994
1,67

1995
1,60

1996
1,56

1997
1,54

1998
1,49

1999
1,47

2000
1,44

2001
1,35

2002
1,30

2003
1,26

2004
1,24

2005
1,21

2006
1,17

2007
1,15

2008
1,11

2009
1,13

2010
1,11

2011
1,07

2012 a 2015
1,04

2016
1,03

2017
1,02

2018 a 2020
1,01

2021
1,00

    Os coeficientes de desvalorização da moeda (ou de correcção monetária) são usados para "trazer" / actualizar para os dias de hoje um determinado valor de aquisição (de um bem ou direito), sempre que tenham decorrido mais de 24 meses entre a data da aquisição / compra e a data da alienação / venda. Desta forma, estará a comparar valores efectivamente comparáveis hoje, o valor da venda e o valor da compra. Isto porque 1.000 euros hoje, não têm o mesmo valor de 1.000 euros em 2010, devido ao efeito da inflação, caso ela exista.

    Esta correcção é necessária sempre que seja preciso apurar mais-valias / ganhos (ou menos-valias / perdas) fiscais, para efeitos de tributação em IRS ou IRC. O eventual lucro obtido com a venda (e a parte a tributar) é, assim, corrigido por estes coeficientes.

    Suponhamos a venda de um imóvel adquirido em 2010, por 200.000 euros. Por simplificação, vamos considerar que não há encargos com a venda e a compra (por ex. comissão paga à imobiliária, custos com escritura ou registos), nem com a valorização do imóvel (obras, por exemplo).

    O imóvel é vendido actualmente por 300.000 euros. A mais-valia sujeita a imposto seria de:

    • valor de venda - (valor de aquisição x coeficiente de desvalorização da moeda) - encargos com a compra/venda - encargos com a valorização do imóvel

    • 300.000 - (200.000 x 1,11) - 0 - 0 = 300.000 - 222.000 = 78.000 euros

      Se o valor de aquisição não tivesse sido corrigido, o lucro da venda sujeito a imposto seria superior. Seria de 100.000 euros (300.000 - 200.000).

      A correcção monetária de mais-valias e menos-valias está prevista no art.º 47.º do CIRC (tributação em IRC) e no art.º 50.º do CIRS (tributação em IRS).

      A última actualização dos coeficientes de desvalorização da moeda foi publicada na Portaria n.º 253/2022, de 20 de Outubro.

      https://www.economias.pt/coeficientes-de-desvalorizacao-da-moeda/

      terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

      Novo Banco emprestou dois milhões ao PS

      O PS tem atravessado problemas na sua situação financeira. No ano passado, o partido anunciou a redução do passivo em 942 mil euros e o aumento de 255 mil euros de capitais próprios, mas reconhecia que o cenário económico-financeiro era "preocupante".

      O partido contava chegar ao final deste ano com apenas seis planos de liquidação (dos 33 inicialmente existentes) por liquidar integralmente.


      Para obter o financiamento, Partido Socialista hipotecou 27 imóveis, os quais estão avaliados em 1,1 milhões de euros e que apenas cobrem 55% do valor financiado.


      O Novo Banco, antigo Banco Espírito Santo, emprestou dois milhões de euros ao Partido Socialista. O contracto de financiamento foi assinado a 30 de Novembro. No mesmo dia, foi celebrada uma escritura de hipoteca de 27 imóveis propriedade do partido, avaliados em 1,1 milhões de euros, valor que cobre apenas 55% do montante financiado.

      A escritura de hipoteca foi celebrada pelo notário Pedro Rodrigues e foi assinada por Luís Patrão, antigo membro do secretariado nacional do PS e considerado como um dos homens de confiança de António Costa para a organização interna do partido, e por Hugo Bento Pereira, vogal do conselho de administração da empresa Águas do Tejo Atlântico, na qualidade de procuradores do Partido Socialista. No documento, a que a SÁBADO teve acesso, os socialistas constituíram a favor do Novo Banco uma hipoteca de 27 imóveis para garantir as obrigações de dois contractos de financiamento: um de 500 mil euros e o segundo de 1,5 milhões de euros.

      De acordo com o contracto de financiamento, a finalidade do empréstimo de 1,5 milhões prende-se com "liquidação de responsabilidades de apoio à tesouraria", ou seja será para liquidar outro crédito contraído. O prazo contracto é de 120 meses, com uma taxa indexada à Euribor a 12 meses, acrescida de um spread de três pontos. Quanto ao financiamento de 500 mil euros, segundo os documentos, este resulta de uma alteração a um contracto já existente entre o Novo Banco e o PS, o qual terá passado por um reforço do montante emprestado, assim como pela hipotecas de imóveis.

      Pelo menos desde 2016 que o PS atravessa uma situação financeira complicada. Já este ano, na apresentação do Relatório e Contas do partido relativo ao ano anterior, Luís Patrão, num texto colocado no site do PS, assinalava que o partido tenha reduzido o "seu passivo em 942 mil euros" e  aumentado "em 255 mil euros os capitais próprios", continuava a  "a apresentar um cenário preocupante em termos económico-financeiros". Ainda assim, segundo o próprio Patrão, as contas de 2016 já permitiam "antever um caminho positivo para a resolução progressiva desses problemas".

      "O plano de liquidação ordenada de dívida a fornecedores permitiu realizar uma significativa redução dos valores em aberto, com o pagamento de mais de 1,335 milhões de euros e o cumprimento de 27 planos de liquidação de dívida antiga, dos quais no fim de 2017 restarão apenas 6 ainda por liquidar integralmente", reforçou o homem das contas socialistas.

      Carlos Rodrigues Lima

      https://www.sabado.pt/portugal/detalhe/novo-banco-emprestou-dois-milhoes-ao-ps?utm_medium=Social

      Portugal e a sua economia.

      Situação de Portugal
      - COMPLEXIDADE ECONÓMICA 2020:  0,47
      CLASSIFICAÇÃO 45 DE 127
      - EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS 2020 | IMPORTAÇÕES:
      US$ 62,2 bilhões | US$ 77,3 bilhões,
      43 DE 226 | 40 DE 226
      - EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS PER CAPITA 2020 | IMPORTAÇÕES:
      $ 6,04 mil | US$ 7,51 mil,
      58 DE 219 | 28 DE 219
      - EXPORTAÇÕES DE SERVIÇOS 2020 | IMPORTAÇÕES:
      US$ 22,1 bilhões | US$ 14,4 bilhões,
      23 DE 65 | 27 DE 65


      VISÃO GERAL
      Em 2020, Portugal era a 48ª economia mundial em termos de PIB (US$ correntes), a 43ª em exportações totais, a 40ª em importações totais, a 50ª economia em termos de PIB per capita (US$ correntes). ) e a 45ª economia mais complexa segundo o Índice de Complexidade Económica (ICE).

      EXPORTAÇÕES
      As principais exportações de Portugal são Automóveis ($3.77B), Veículos motorizados; peças e acessórios (8701 a 8705) ($ 2,96 bilhões), petróleo refinado ($ 1,87 bilhão), calçados de couro ($ 1,52 bilhão) e medicamentos embalados ($ 1,13 bilhão), exportando principalmente para a Espanha ($ 14,7 bilhões), França ($ 8,01 bilhões), Alemanha (US$ 7,27 bilhões), Reino Unido (US$ 3,53 bilhões) e Estados Unidos (US$ 3,31 bilhões).
      Em 2020, Portugal foi o maior exportador mundial de aglomerado de cortiça ($ 546 milhões), artigos de cortiça natural ($ 489 milhões) e chapéus ($ 15,5 milhões)

      IMPORTAÇÕES
      As principais importações de Portugal são Automóveis ($3.59B), Petróleo Bruto ($3.53B), Veículos Automotores; peças e acessórios (8701 a 8705) ($ 2,41 bilhões), Medicamentos embalados ($ 2,38 bilhões) e gás de petróleo ($ 1,42 bilhão), importados principalmente da Espanha ($ 23,8 bilhões), Alemanha ($ 10 bilhões), França ($ 5,51 bilhões), Holanda (US$ 4,19 bilhões) e Itália (US$ 4,11 bilhões).

      IMPORTAÇÕES
      As principais importações de Portugal são Automóveis ($3.59B), Petróleo Bruto ($3.53B), Veículos Automotores; peças e acessórios (8701 a 8705) ($ 2,41 bilhões), Medicamentos embalados ($ 2,38 bilhões) e gás de petróleo ($ 1,42 bilhão), importados principalmente da Espanha ($ 23,8 bilhões), Alemanha ($ 10 bilhões), França ($ 5,51 bilhões), Holanda (US$ 4,19 bilhões) e Itália (US$ 4,11 bilhões).
      Em 2020, Portugal foi o maior importador mundial de cortiça bruta ($ 110 milhões) e de cortiça sem fundo ($ 10,2 milhões)

      ÚLTIMAS TENDÊNCIAS
      NOVEMBRO DE 2022

      VISÃO GERAL

      Em Novembro de 2022, Portugal exportou € 7,2 bilhões e importou € 9,64 bilhões, resultando em uma balança comercial negativa de € 2,43 bilhões. Entre Novembro de 2021 e Novembro de 2022, as exportações de Portugal aumentaram 1,19 mil milhões de euros (19,9%) de 6,01 mil milhões de euros para 7,2 mil milhões de euros, enquanto as importações aumentaram 1,53 mil milhões de euros (18,9%) de 8,11 mil milhões de euros para 9,64 mil milhões de euros.

      TROCA

      Em Novembro de 2022, as principais exportações de Portugal foram Carros, tractores, caminhões e suas partes. (€ 1,05 bilhão), Maquinaria eléctrica e electrónica (€ 629 milhões), Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos… (€ 490 milhões), Máquinas, aparelhos mecânicos e peças (€ 456 milhões) e Plásticos e artigos (€ 343 milhões). ). Em Novembro de 2022, as principais importações de Portugal foram Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos… (€ 1,36 bilhão), Máquinas eléctricas e electrónicas (€ 1,05 bilhão), Carros, tractores, caminhões e suas partes. (€ 1,01 bilhão), Máquinas, aparelhos mecânicos e peças (€ 720 milhões) e Plásticos e seus artigos (€ 398 milhões).

      DESTINOS

      Em Novembro de 2022, Portugal exportou principalmente para Espanha (€ 1,9 bilhões), França (€ 914 milhões), Alemanha (€ 792 milhões), Reino Unido (€ 385 milhões) e Estados Unidos (€ 374 milhões) e importou principalmente da Espanha (€ 3,07 milhões). B), Alemanha (€ 1,14 bilhão), França (€ 609 milhões), China (€ 520 milhões) e Holanda (€ 504 milhões).

      CRESCIMENTO

      Em Novembro de 2022, o aumento das exportações de Portugal ano a ano foi explicado principalmente pelo aumento das exportações para Outros (€32,4M ou 687%), Japão (€12,2M ou 113%) e Malta (€11M ou 571 % ) . _ _ _ _ Em Novembro de 2022, o aumento das importações anuais de Portugal foi explicado principalmente pelo aumento das importações da Nigéria (€ 50,4 M ou 91,9%), Rússia (€ 37,8 M ou 71,4%) e Turquia (€ 25,9 M ou 40,3%) e as importações do produto aumentam em Produtos químicos ne (€30,8M ou 20,1%), Cereais (€9,92M ou 16,8%) e Oleaginosas, frutos oleaginosos, grãos, palha… (€8,39M ou 14,3%).
      OEC

      Operadoras de Telecomunicações em Portugal: a lista completa

      Um conjunto de multinacionais de telecomunicações que actua essencialmente nas áreas de internet fibra e tarifários móveis, em Portugal.

      Saiba qual é a melhor operadora de telecomunicações em Portugal para aderir aos serviços de internet fixa, TV, telefone e telemóvel com mais qualidade. Veja ainda como pode mudar de operadora facilmente.

      Se preferir, pode também saber todos os passos para mudar de operadora de telecomunicações.

      https://adslfibra.pt/operadoras

      “Portugueses eram melhores navegadores. Espanhóis foram mais conquistadores”

      Os alemães dão uns belos juízes: três portugueses entre os sete grandes navegadores da humanidade. É o que afirma o magnífico museu da navegação que existe em Hamburgo, grande cidade portuária. Lá estão à entrada os bustos de Bartolomeu Dias, de Vasco da Gama e de Fernão de Magalhães. Também os do viking Leif Eriksson, do chinês Zheng He, do italiano Cristóvão Colombo e do inglês James Cook. Nenhum espanhol!

      Durante os séculos XV e XVI, os portugueses foram muito bons em algumas coisas: navegar, guerrear, criar filhos com mulheres de outras raças, comerciar de tudo um pouco, traficar escravos. De umas podemos orgulhar-nos ainda hoje, de outras não. Mas sim, como navegadores não havia igual. Nenhum mar ficou por explorar, nenhuma terra por descobrir, tirando os polos. Não é por acaso que mesmo os historiadores anglo-saxónicos falam de Portugal como o primeiro grande império marítimo: já tínhamos começado a povoar a Madeira e os Açores, também Cabo Verde e São Tomé, já Gil Eanes, Nuno Tristão, Diogo Cão e Bartolomeu Dias tinham descido toda a costa ocidental africana e ainda nem sequer Colombo tinha chegado às Antilhas.

      Ora, falemos de Colombo. O francês Erik Orsenna dedica-lhe A Empresa das Índias, livro que mostra como o italiano (de Génova) aprende cartografia e navegação em Portugal e só se apresenta aos Reis Católicos quando D. João II não acredita no seu projecto de chegar à Ásia navegando para Ocidente (nunca chegaria lá, e teve sorte de as Américas estarem no meio do caminho). Já Fernão de Magalhães, que navegou ao serviço de Portugal até ao Oriente pela rota do cabo da Boa Esperança, pôs os seus conhecimentos ao serviço de Carlos V, depois de se zangar com D. Manuel I. Teve o imperador alemão e rei espanhol o mérito, tal como os seus avós Isabel e Fernando com Colombo, de aproveitar a oportunidade que lhe era oferecida por um estrangeiro.

      Magalhães mostrou sempre ser um navegador extraordinário. Partiu de Espanha em 1519 e não só descobriu a passagem para o Pacífico em terras hoje argentinas e chilenas (o estreito de Magalhães) como convenceu a tripulação a cruzar o maior de todos os oceanos. Teve de se impor e não poucas vezes usou a força contra quem desanimava e o contrariava.

      Foi morto nas Filipinas em 1521, ilhas que seriam depois espanholas e baptizadas em homenagem ao filho de Carlos V, e a viagem de regresso foi comandada por Juan Sebastián Elcano. Basco, portanto espanhol, Elcano não ousou voltar pelo caminho do Pacífico, atravessou sim os mares controlados por Portugal. Desobedeceu às ordens e arriscou ser capturado, mas em 1522 desembarcou em Espanha, completando a circum-navegação. Morreu poucos anos depois no Pacífico, tal como Magalhães. Era um homem do mar e justo herói espanhol.

      Neste ano iniciam-se as celebrações dos cinco séculos da viagem que Magalhães planeou para chegar às ilhas das especiarias e que Elcano finalizou (de forma diferente da pensada pelo português). É justo que seja uma celebração conjunta: foi de um português o génio, foi do monarca espanhol a genialidade de ver o mérito do projecto e o financiar. Na época, tempo de Tordesilhas e de rivalidade ibérica, Portugal pode ter preferido ter visto o insucesso de Magalhães, mas hoje só lhe resta ter orgulho em que um dos seus dê nome até a uma galáxia.

      Tem havido uma pequena polémica em torno de Magalhães e de Elcano nos jornais portugueses e espanhóis. Mas sem sentido. Portugal e Espanha foram grandíssimos naqueles séculos, um mais com navegadores, o outro mais com conquistadores (Hernán Cortés e Francisco Pizarro). Basta olhar para a geografia e para a história de cada um dos países para se perceber essa diferença de destino. E lembro que se Luís Vaz de Camões fala de "mares nunca antes navegados" no poema épico que define Portugal, já Ortega y Gasset diz que a Espanha "é a poeira que se levanta em turbilhão no caminho da história, depois de um grande povo por ele ter passado a galope".

      sábado, 18 de fevereiro de 2023

      Dúvida: o ar dentro de casa é menos perigoso do que o ar lá fora?

      Passamos muitas horas dentro de portas e estamos especialmente vulneráveis ao ar interior, alerta investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

      A Organização das Nações Unidas (ONU) tem alertado regularmente sobre o perigo do ar poluído para a saúde humana. Um relatório de 2022 mostrava que 99% da população humana respirava ar exterior cujos parâmetros estavam abaixo dos exigidos pela ONU para os poluentes atmosféricos, sujeitando as pessoas a vários problemas de saúde.

      Por outro lado, a mesma organização alerta também para o ar poluído do interior das casas e dos edifícios que se estima ter morto 3,2 milhões de pessoas anualmente, segundo dados de 2020, incluindo 237.000 crianças com menos de cinco anos.
      Perante estes dados, qual é o ar mais perigoso para respirar: o ar interior ou o ar exterior? No contexto português, embora tudo dependa das condições específicas de cada lugar onde se vive, é preciso ter em conta onde passamos a maioria do tempo. E, regra geral, estamos muito tempo dentro de espaços fechados.

      “Por princípio, o ar interior pode ser mais perigoso do que o ar exterior. E essa mentalidade não existe nas pessoas”, explica ao PÚBLICO João Paulo Teixeira, investigador na área da toxicologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e professor da Universidade do Porto.

      Estamos em espaços fechados entre oito a 11 horas por dia. As concentrações de poluentes até podem ser mais baixas [do que as que existem no ar exterior], mas o tempo de permanência é tanto que o impacto pode ser maior.”

      Certamente esta regra não é generalizável para todos os casos. Alguém dentro de uma casa sem lareira numa aldeia tenderá a respirar um ar de maior qualidade do que um transeunte de uma cidade que caminhe por uma rua cheia de carros. Mas entre o tempo que diariamente se passa dentro de quatro paredes e as possíveis fontes de poluição que podem existir dentro de casa – incluindo o dióxido de carbono (CO2) que exalamos a cada respiração – torna-se fundamental estar-se atento ao ar interior para evitar que ele fique poluído.

      O conselho relativamente ao ar interior é a ventilação da casa, é crucial”, sublinha João Paulo Teixeira, referindo-se ao gesto simples de abrir as janelas e deixar o ar circular e ser renovado. “Temos condições climáticas para fazermos coisas destas”, acrescenta, já que Portugal tem um clima ameno.

      Fontes de poluição

      Existem várias fontes específicas de poluição do ar interior. Parte dessas fontes deve-se à actividade das pessoas. O uso de certas substâncias que libertam cheiros, como as tintas e as colas no contexto escolar, são uma das fontes de poluição. “Tudo o que tem cheiro são compostos orgânicos voláteis que por princípio fazem mal à saúde, principalmente ao sistema nervoso central”, aponta João Paulo Teixeira.

      Por outro lado, há várias fontes de material particulado que também é produzido por nós. Este material é composto por partículas finas de diferentes tamanhos e composições que quando inspiramos atingem os nossos pulmões. Quanto mais finas essas partículas forem, mais probabilidade têm de atravessarem os alvéolos pulmonares e alcançarem a corrente sanguínea, podendo depois atingir vários órgãos humanos.

      Se estiver no meu gabinete a imprimir folhas, as impressoras libertam partículas”, exemplifica o investigador. Os cigarros convencionais também são uma enorme fonte de material particulado. O fumo do cigarro não se dissipa dentro de casa. Mas o mais recente tabaco aquecido, apesar de não haver combustão de material, também lança material particulado para o ambiente.

      Uma grande concentração de pessoas numa sala sem ventilação é outra razão para estar alerta, mas desta vez devido ao aumento de concentração de CO2. “O CO2 provoca cansaço, diminui a concentração e, se não houver arejamento, vai acumular”, explica João Paulo Teixeira.

      O ar exterior é também uma fonte de poluição do ar interior. “Se alguém viver numa avenida poluída de Lisboa, não aconselharia a abrir a janela”, refere o investigador. Pela mesma razão, é necessário ter cuidado com a localização dos ares condicionados, principalmente no contexto industrial. “Se a toma do ar do ar condicionado estiver junto à saída de ar da actividade industrial, estamos a insuflar ar contaminado para o interior.”

      A nível mundial, uma das maiores preocupações relativamente à qualidade do ar interior é a queima de combustível para cozinhar. Em muitos países de África e da Ásia utilizam-se combustíveis fósseis como a madeira, o carvão e os restos agrícolas. Há, a nível mundial, 2,4 mil milhões de pessoas nesta situação, segundo a ONU.

      João Paulo Teixeira afirma que Portugal não se depara com aquele problema. Mas aponta para outro caso que tem algumas semelhanças: as lareiras. “As pessoas não deviam usar lareira. Por mais vedadas que estejam, as emissões de partículas são uma enormidade”, afirma. “Isso é terrível a nível da questão cardiorrespiratória. As alergias, as asmas, é fundamentalmente o principal resultado da menor qualidade do ar.”

      Populações vulneráveis

      Há quatro populações que estão mais vulneráveis à poluição do ar interior: os idosos, as crianças, as grávidas e as pessoas que sofrem de patologias de foro respiratório. “São quatro grupos onde se devia tomar algum tipo de precaução relativamente aos espaços interiores que usam”, refere João Paulo Teixeira.

      As pessoas que vivem em lares da terceira idade estão muito tempo dentro de casa – quase 24 horas – e é muito importante a qualidade do ar interior”, explica o especialista. Já as crianças têm um sistema imunitário menos desenvolvido, estão a crescer e a taxa de ventilação é muito maior. Estas características tornam-nas mais vulneráveis. Além disso, “passam muito tempo nas salas de aulas”, afirma.

      Mas o problema é de todos, alerta o especialista: “É um tema que se deve insistir porque a sociedade cada vez está a viver mais dentro de portas.”

      Nicolau Ferreira

      Publico


      segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

      Cravinho, no limiar da indignidade

      Isto já não é cair de podre; é estar podre de não cair!

      Um governo que protege isto, escolhe apodrecer a seu lado

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      9 fev 2023, Sebastião Bugalho, comentador, CNN

      Numa semana de extraordinários momentos parlamentares pelo ,mundo – Biden no Estado da União, Zelensky em Westminster ‒, qualquer expectativa de que a democracia portuguesa pudesse aproximar-se de semelhante dignidade foi rapidamente dissolvida. Em que copo? Num meio-vazio: o parlamento. Em que águas turvas? Nas habituais: de João Gomes Cravinho. E quem as bebeu?

      Nós, meu caro leitor. Inevitavelmente, nós.

      A audição do actual ministro dos Negócios Estrangeiros na comissão de Defesa não se bebe de um trago, nem tão-pouco sem gelo. Paciência e frieza são mesmo a única maneira de sobreviver aos 150 minutos milimetricamente distribuídos sem nos engasgarmos de perplexidade ou tossirmos por embaraço. Senhores, com sinceridade, se não se ultrapassou o limite do indigno, esteve-se muito perto. 

      Clinton & Cravinho

      Logo a início, em resposta a um conjunto de questões cronologicamente fundamentadas, João Gomes Cravinho introduziu uma novidade pouco original: o álibi tecnológico. Em involuntário tributo a Pedro Nuno Santos, que redescobriu a verdade num grupo de WhatsApp, Gomes Cravinho revelou ter sido privado da verdade pelos servidores do ministério da Defesa.

      Inacreditável? Absolutamente.

      Irreal? É puxar atrás na box. 

      Sobre os custos das obras no Hospital Militar de Belém, que derraparam em 2,5 milhões de euros, o ministro garante que a primeira informação que recebeu lhe chegou a 23 de Junho de 2020. “Esse ofício teria sido enviado por Alberto Coelho [Ex-director de recursos da Defesa, entretanto detido] num email de 20 de Abril, mas este não chegou aos destinatários por exceder o tamanho limite das mensagens, sendo recusado pelo servidor”, narraria.

      Na mesma audição, Cravinho rectificaria mais tarde o bode expiatório cibernético para “o peso excessivo dos anexos” no email, alegadamente responsáveis pelo seu desconhecimento de uma obra milionária no seu próprio ministério.

      O argumento é de credibilidade dúbia na medida em que os contractos das adjudicações directas seriam publicados no portal BASE três dias depois desse email, que o ministro clama não ter recebido, onde aliás ainda estão. 819 mil euros de tranche e 750 mil euros de outra, no dia 23 de Abril, num site que é público. Repito: pú-bli-co. Cravinho, estranhamente, não sabia de nada. Ou assim o diz.

      Hillary Clinton, no longínquo Verão de 2015, discursou num jantar de campanha no Iowa, socorrendo-se de humor para animar as hostes: “Adoro o Snapchat. Adoro. As mensagens desaparecem todas sozinhas!”, ironizou a então candidata presidencial, perseguida pelo uso indevido do seu endereço electrónico. João Gomes Cravinho escusava de mimetizá-la com tamanha eficácia.

      Menos original foi o modo como utilizou a pandemia, em uníssono com o Partido Socialista, para branquear o seu descuido no processo de remodelação do Hospital Militar. “Em primeiro lugar, temos de recordar qual era a situação do país e do mundo em Março de 2020”, defende.

      O mínimo de respeito pelas 26 mil vidas perdidas em Portugal para a Covid-19 aconselharia algum cuidado em usá-las como escudo.

      Gomes Cravinho, manifestamente, não o tem.

      Mea culpa não só minha

      Mas o ministro pediu desculpa, dir-me-ão. Lendo o jornal Público, terá sido isso a acontecer. “Ato de contrição de Gomes Cravinho cala oposição”, titulava o diário, após a audição.

      “Ato” com certeza. “Contrição” é que nem por isso.

      “Se soubesse o que sei hoje, não o teria nomeado para outras funções”, admitiu Cravinho, que, insistindo não ter sabido, se considera absolvido de promover Alberto Coelho.

      A questão é que, em parte, sabia.

      Como apontou a deputada Joana Mortágua, quando não reconduziu o director-geral no cargo em que este cometera irregularidades legais, Cravinho já tinha conhecimento da auditoria que dava conta dessas irregularidades. O problema é que nomeou o mesmo Alberto Coelho para presidente de uma empresa pública logo a seguir.

      E a mesma lógica se aplica ao facto de não ter delegado retroactivamente competências no Ex-director-geral por já ter suspeitas sobre ele. Se as tinha para não o reconduzir, como é que deixou de as ter para o promover?

      Três audições depois, esta é a pergunta a que Cravinho continua sem responder.

      Fim de linha

      Se a isto juntarmos a forma tosca como o ministro evocou um louvor de Aguiar Branco (de 2015) para sustentar a sua decisão (de 2021), torna-se difícil aplaudir a prestação de ontem. Até listas a assembleias de freguesia Cravinho repescou, ignorando o ridículo de comparar a Direcção-Geral de Recursos, que tutelou, a uma junta.

      O deputado Francisco César iria mais longe, acusando os colegas de comissão de não terem enviado a auditoria para o Ministério Público quando a receberam, (sendo que a tinham recebido de um ministro que demorou seis meses a fazer isso mesmo).

      O açoriano, tão empenhado em salvar o seu ministro, acabaria a contradizê-lo. “Todos nós sabemos que abdicamos um pouco de transparência para ter uma obra mais rápida”, afirmaria (minuto 1, hora 2, segundo 14) quando Cravinho havia assegurado precisamente o inverso. “As instruções para que houvesse celeridade não significavam que as obrigações legais deixassem de existir” (minuto 11, segundo 53).

      Quando questionado por Jorge Paulo Oliveira, o ministro cairia definitivamente na dissimulação, comunicando à sala que não informou a comissão da existência de uma auditoria em Fevereiro de 2021, pura e simplesmente, por ninguém lhe ter perguntado sobre essa possibilidade.

      Isto já não é cair de podre; é estar podre de não cair ‒ e um governo que proteja isto escolhe apodrecer a seu lado.

      ***

      P.S. ‒ Ao fim de quase dez anos de escrita semanal em jornais, talvez por ingenuidade, acalentava alguma esperança de que o país, depois de atravessar uma crise financeira, uma crise sanitária, uma crise inflacionista e uma guerra em solo europeu, encontrasse em si próprio algum ânimo, alguma ânsia de elevação na vida pública.

      Aquilo a que assistimos ontem, na Assembleia da República, foi o oposto disso.

      Profissionalmente, civicamente, pessoalmente, essa é uma constatação desoladora. 

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      domingo, 12 de fevereiro de 2023

      A regulação da liberdade

      A NOVA DESIGNAÇÃO DA CENSURA

      A Regulação” poderia ser um termo da novilíngua, o eufemismo para “Censura”.

      Uma vez que já existe o artigo 180.º do Código Penal:

      “Quem, dirigindo-se a terceiro, imputar a outra pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou formular sobre ela um juízo, ofensivos da sua honra ou consideração, ou reproduzir uma tal imputação ou juízo, é punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 240 dias.”

      Qualquer tentativa de ‘Regulação’ adicional tem por objectivo ‘regular a liberdade’, impedindo a disseminação de opiniões e ideias contrárias aos interesses de quem tem o PODER para o fazer.

      Em português corrente, isso é a CENSURA (mascarada de ‘cor-de-rosa’).

      Só muda ‘a cor do lápis’, que dantes era azul.

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      Cláudia Nunes - Membro individual da ALDE

      A Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa, (fundado em 1993) é um partido liberal activo na União Europeia, composto por 49 partidos nacionais liberais e centristas de toda a Europa.

      Tendo sido criado de uma confederação de partidos políticos nacionais nos anos setenta, o ALDE é actualmente um partido europeu, legalizado como organização sem fins lucrativos sob a lei belga. Apesar deste estatuto legal, o ALDE ainda não conseguiu obter um envolvimento significativo por parte de membros individuais e é principalmente uma confederação de partidos políticos nacionais.

      Nas Eleições Europeias de 2019, o ALDE era a terceira maior força política representada nas organizações da União Europeia, com 109 deputados no Parlamento Europeu.

      O Partido é representado no Parlamento Europeu pelo grupo Renovar Europa, criado em conjunto com o centrista Partido Democrata Europeu e o partido francês Em Marcha!, que é dominado pelos deputados do ALDE.

      A juventude do Partido ALDE é a Juventude Liberal Europeia que é composta maioritariamente por jovens e estudantes de organizações liberais de toda a Europa e que contém um pequeno número de membros individuais.

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      “A Regulação” poderia ser um termo da novilíngua, o eufemismo para “censura”.

      Nunca vivemos tempos em que se evocam tanto as conquistas de Abril, e também nunca se viu tanto desrespeito pelas conquistas da data.

      O que tem o presidente da Assembleia da República em comum com uma influente apresentadora de televisão?

      Ambos pedem “a regulação das redes sociais”. Que é como quem diz, “regular conversas”, “regular pensamentos”. Passa-se na dimensão virtual, por estarmos em 2022 e as redes sociais terem assumido uma dimensão importante na forma como nos comunicamos e disseminamos informação, às vezes verdadeira, outras vezes, não. Mas não é demasiado arrogante assumir que as pessoas precisam que lhes digam o que é verdadeiro?

      Não é demasiado condescendente assumir que o cidadão comum precisa de ter quem pense e escrutine por ele? Quem decida por ele conceitos de certo e errado?

      Não será indecente aparecer e decidir que há pensamentos mais puros que outros? Valores mais virtuosos que outros?

      Recuando aos anos 30 do século passado, em plena ditadura, também foi implementada uma “regulação ao discurso”. Contudo, esta era aberta, assumida e sem eufemismos: censura.

      A ideia, na época, era que qualquer notícia sobre desrespeito à autoridade deveria ser imediatamente silenciada, para que não inspirasse a ideia de tumultos e faltas de respeito a qualquer forma de poder em Portugal.

      A ideia era implementar uma cultura do “respeitinho” que durou várias gerações e que ainda hoje se sente entre o povo português: o medo de ser plenamente livre.

      O quanto alguns ainda anseiam pelo “respeitinho” e o quanto outros aproveitam esse medo da liberdade para, vestidos de boas intenções, protegerem um sistema que os serve.

      Durante o Estado Novo, primeiro, cortou-se na liberdade de imprensa, depois nos livros… e depois no discurso directo. A memória não nos pode abandonar em nome de um qualquer proteccionismo.

      É legítimo perguntar: o que teme quem teme o pensamento livre? Menos legítimo é acreditar que este género de requisição tem algum fundo de boa intenção, como o de proteger o bom nome, a honra e eventuais danos que possam advir de discurso difamatório perante os visados. É que esses casos já estão previstos no artigo 180.º do Código Penal:

      “Quem, dirigindo-se a terceiro, imputar a outra pessoa, mesmo sob a forma de suspeita, um facto, ou formular sobre ela um juízo, ofensivos da sua honra ou consideração, ou reproduzir uma tal imputação ou juízo, é punido com pena de prisão até seis meses ou com pena de multa até 240 dias.”

      A liberdade não é um conceito abstracto e, se calhar, para alguns, não é perfeito. A liberdade nem sempre (e, felizmente, a quem nada esconde) irá servir os interesses pessoais, governamentais. Mas a liberdade, quando chamamos por ela, é completa.

      Vivemos tempos em que é proibido questionar o status quo, enquanto falamos de democracia.

      Hoje em dia estamos de boca amordaçada enquanto dizem que a mordaça serve a nossa liberdade.

      Que a memória histórica em Portugal não se apague nem se esbata, que seja o suficiente para que não permitamos o regresso de qualquer órgão censório, sob um nome eufemista apresentado e recomendado por pessoas bem vestidas e bem articuladas.

      Pela liberdade, sempre.