sexta-feira, 3 de novembro de 2023

"A IRMANDADE MUÇULMANA E O MÉDIO ORIENTE"

Remeto como recebido

Vou guardar para ‘memória futura’

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Caro amigo

Agradeço muito o envio da análise do Doutor Miguel Mattos Chaves, onde sintetiza, em linguagem simples e clara, o passado e o presente ataque do Hamas em 7 de outubro.

Fala da Irmandade Muçulmana, ignorada pelos meios de comunicação social, excepto a Prof. Dra. Maria João Tomás, nos comentários na CNN Portugal, e na SIC Notícias.

Esta organização é o centro nervoso central do terrorismo islâmico, nomeadamente no Médio Oriente. Daí o mérito da presente análise.

A Irmandade Muçulmana compreende dois ramos. O ramo social, que recolhe todos os donativos da Caaba, e que  apoia os muçulmanos pobres onde quer estejam; e o ramo violento, cujo objectivo consiste em eliminar o Estado de Israel, dominar os EUA, e, enfim, instaurar o Califado Mundial.

Na Irmandade Muçulmana violenta estão todos os governantes, dirigentes e movimentos: HAMAS; DAESH; HEZBOLLA, AL QUAED; Erdogan (diz que o HAMAS não é um movimento terrorista); Ali Khamenei; Sissi; Mohamed Bin Salman; e por aí fora,

Recordo que a doutrina militar dos Países do Ocidente, e por conseguinte de Portugal, respeita as Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais, o que não acontece com outros Estados e as organizações terroristas. 

Em concreto, um soldado armado tem como alvo legítimo o inimigo e o seu escudo humano, pois se não matar, é morto. Mutatis mutandis, o mesmo se dirá para as IDF na Guerra com o HAMAS. Repugna pensar nisto, mas é a lei da vida na Guerra.

 A doutrina militar russa, cabe recordar, defende o recurso da barreira, ou seja, do conjunto de militares que seguem imediatamente atrás dos militares da primeira linha de ataque no campo de batalha. Se porventura estes recusam avançar, então são logo mortos - uma montruosidade que é prática quotidiana dos invasores russos da Ucrânia - ignorada pelo mainstream da elite política e militar da extrema esquerda. 

A concluir, cabe dar uma nota sobre Sua Santidade Papa Bento XVI, profeta do terrorismo

 No dia 12 de Setembro, completam-se dezassete anos desde que o grande cientista proferiu uma palestra na Universidade de Regensburg, Alemanha, na qual disse que “A fé, separada da razão, conduz ao fundamentalismo e à violência.”  

É o caso da interpretação do lado violento da Irmandade Muçulmana, representada pela imagem gráfica do muçulmano ostentando o Corão, na mão direita, e uma faca, na mão esquerda.

 José António Aguiar Cardoso 

(Habilitado com o Curso de Estudos Europeus, do Centro de Estudos Europeus da UCP - Sexto Curso)

 

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ANÁLISE ADICIONAL ao conflito do Médio Oriente

 Existem vários grupos integristas palestinianos, entre os quais o Hamas - cujo nome é o acrónimo em árabe para "Movimento de Resistência Islâmica".

Este movimento, classificado de terrorista por vários países Árabes e Ocidentais, foi fundado em 1987.

É uma ala política da “Irmandade Muçulmana” egípcia, e surgiu após a primeira “Intifada”, a revolta palestiniana contra a ocupação israelita da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Como princípio base inscrito na sua carta fundadora, consta o objetivo de destruir o Estado Soberano de Israel.

Estado democrático e reconhecido pela esmagadora maioria dos países do mundo.

Este grupo ou movimento terrorista ganhou a sua influência tanto através de acções de luta armada contra Israel, como pelos programas que anunciava de apoio social à população.

 

O Hamas, na verdade, levou a efeito uma série de atentados suicidas contra o Estado de Israel nos anos da década de 1990.

Ganhou as eleições de 2007 na Faixa de Gaza e desde esse ano que não se realizaram mais eleições nesse território palestiniano.

Tal facto, atirou este movimento para uma situação de ilegitimidade democrática pois em qualquer regime democrático o normal para o seu funcionamento é que as eleições se realizem de 4 em 4, ou de 5 em 5 anos.

Para quem diz defender o Povo de Gaza a contradição é evidente, pois tem vindo a impor cada vez mais o seu regime autoritário desde há já 16 anos. 

O 7 de OUTUBRO

No dia 7 de Outubro passado lançou a sua maior operação de terrorismo de sempre contra o Estado hebraico.

Neste atentado mataram homens, mulheres, crianças, idosos sem distinção da sua origem, apenas pelo simples facto de habitarem em Israel ou serem considerados como inimigos do Hamas por tal facto.

Em termos quantitativos, tal atentado provocou a morte de cerca de 1.300 cidadãos civis a que acrescem cerca de 300 militares de Israel.

Estes são os factos!

 

Um ANTECEDENTE

Quando do atentado terrorista à Torres Gémeas de Nova Iorque em Setembro de 2001, em que foram mortas 2.977 pessoas civis, todo o mundo se indignou! E muito bem!

Naturalmente todo o mundo apoiou as subsequentes acções militares dos Estados Unidos de perseguição e eliminação dos terroristas, desenvolvidas tanto no Afeganistão como no Paquistão, que culminaram na morte do chefe do movimento terrorista da Al-Qaeda, Osama bin Laden.

 

O DIREITO à DEFESA por CONTRA-ATAQUE

Agora, estamos em presença de uma igualmente acção legítima por parte do Estado de Israel que, naturalmente, quer responder a esta acção terrorista, como o fizeram os Estados Unidos sob a Presidência de George Bush filho (Partido Republicano) e de Barack Obama (Partido Democrata).

Temos então no presente um outro Estado democrático a responder a um brutal atentado terrorista, tal como aconteceu no passado com a Al-Qaeda.

 

As RAZÕES do ATAQUE do HAMAS

Quanto às razões, destaco como observador e estudioso da realidade internacional, aquela que considero as verdadeiras e a principal razão:

1º - Impedir que os Acordos de Oslo fossem ressuscitados e levados à prática;

2º - Impedir que a Arábia Saudita assinasse também os Acordos de Abraão.

 

Vejamos em resumo o que dizem esses Acordos:

1º - Os ACORDOS de OSLO

Em 4 de Maio de 1994, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP) e o Estado de Israel assinaram o Acordo de Oslo I, o primeiro acordo israelo-palestiniano. O evento aconteceu no Cairo, no Egipto.

Nestes acordos o governo israelita reconheceu a OLP (Organização de Libertação da Palestina) como o representante legítimo do povo palestiniano, enquanto a OLP reconheceu o direito de existência do Estado de Israel e renunciou ao terrorismo, bem como a outras formas de violência e o seu desejo de destruição do Estado israelita. O que não cumpriu na parte dos atentados.

O objectivo das negociações israelo-palestinianas era estabelecer uma Autoridade Autónoma Provisória Palestiniana, um Conselho eleito, para o povo palestiniano na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, por um período de transição não superior a cinco anos, conduzindo a um acordo permanente.

Os Acordos de Oslo previam, num primeiro momento, a instalação de um regime autônomo em Gaza e na Cisjordânia, depois a abertura de negociações quanto ao estatuto definitivo desses territórios. Mas o assassinato do primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin e o desencadeamento da segunda intifada puseram fim a essas negociações.

 

2º - Os ACORDOS de ABRAÃO

(A). - Sob a PRESIDÊNCIA do Presidente DONALD TRUMP

O nome dos Acordos de Abraão pretendia ligar as religiões abraâmicas - o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo – recuperando históricamente o papel de Abraão como Patriarca Espiritual das três religiões.

Estes acordos foram assinados, pela primeira vez desde 1994 (acordo entre Israel e a Jordânia) , entre Israel e alguns Estados Árabes, por iniciativa e sob o patrocínio do Presidente Donald Trump dos Estados Unidos.

Previam a normalização das relações entre o Estado de Israel e os Emirados Árabes Unidos, Bahrein (assinados em Agosto/Setembro de 2020); entre Israel e Marrocos (assinado em Dezembro de 2020) e outros Estados aderentes, entre os quais a Arábia Saudita (negociações ainda não finalizadas).

São, portanto, acordos bilaterais iniciados e mediados pela administração Trump dos Estados Unidos que têm como objectivo a normalização das relações diplomáticas, políticas e comerciais entre alguns Estados Árabes e o Estado Israelita, os quais foram sendo assinados entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e Bahrein em 15 de Setembro de 2020, como foi o caso dos acordos assinados numa cerimónia oficial organizada pelo Presidente Donald Trump na Casa Branca

Por estes acordos, tanto os Emirados Árabes Unidos como o Bahrein reconheceram a Soberania do Estado de Israel, permitindo o estabelecimento de relações diplomáticas plenas.

O primeiro embaixador do Bahrein em Israel foi nomeado em 30 de Março de 2021.

O acordo inicial de Israel com os Emirados Árabes Unidos marcou assim a primeira vez que Israel estabeleceu relações diplomáticas com um país árabe desde 1994, quando o Tratado de Paz Israel-Jordânia entrou em vigor

Em seguida, Dezembro de 2020, foi assinado o acordo de normalização Israel-Marrocos. Em troca do reconhecimento da soberania de Israel por Marrocos, os Estados Unidos reconheceram a soberania marroquina sobre o Saára Ocidental.

Omã adiou a decisão de normalizar os laços com Israel até depois das eleições presidenciais dos EUA, que aconteceram em 3 de Novembro de 2020.

 

(B). - Sob a PRESIDÊNCIA do Presidente JOE BIDEN

Prosseguindo a política da administração anterior, em 2 de Fevereiro de 2021, o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que “(…) os Estados Unidos continuarão a instar outros países a normalizarem as relações com Israel (…)” e que “(…) Esperamos que Israel e outros países da região se unam num esforço comum para construir pontes e contribuir para um progresso tangível rumo ao objectivo de avançar num acordo negociado paz entre israelitas e palestinianos. (…)"

Por outras palavras, a administração Biden estava a tentar que mais países os assinassem também, seguindo a orientação e a estratégia delineada por Trump.

 

- ACORDOS de NORMALIZAÇÃO

Meses mais tarde o mesmo porta-voz do Departamento de Estado, sob a orientação do novo Presidente Joe Biden, recusou-se a utilizar a denominação anterior de “Acordos de Abraão” e preferiu repetidamente usar o termo “Acordos de Normalização” retirando o carácter e o simbolismo histórico/religioso aos mesmos.

Em 11 de Fevereiro de 2021, o Ministro das Relações Exteriores, de Omâ disse que o seu governo estava "(…) comprometido com a paz entre Israel e os palestinos com base em uma solução de dois Estados. (…)"

No mês seguinte, de acordo com o relatório da Axios de 10 de Março, o Departamento de Estado dos EUA deu nota de que "(…) a administração Biden quer continuar um processo que começou sob Trump, garantindo ao mesmo tempo conquistas próprias através de novos acordos (…)" e que "(…) também não está entusiasmada com o nome de Trump para os acordos: - os “Acordos de Abraão (…)” … “(…) Querendo modificar o nome para “processo de normalização (…)”.

Fim de citação, sem comentários.

 

CONCLUSÃO

Para as organizações terroristas/extremistas, como o Hamas, que defendem a “jihad islâmica”, que querem a destruição de Israel e impedir o estabelecimento de relações diplomáticas deste Estado com outros países Árabes, os Acordos de Abraão eram um perigo e um alvo a abater, mais a mais porque o mais poderoso desses Estados vizinhos (a Arábia Saudita), se mostrava já bastante disposto a seguir o exemplo dos Emiratos Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos.

O ataque terrorista de 7 de Outubro passado insere-se nesta estratégia, manobrada pelo regime do Irão que pretende ser a potência hegemónica da zona.

 

NOTA FINAL

Algumas definições que ajudam a entender e a descodificar a situação:

GUERRA

Uma guerra, por definição, consiste numa luta armada entre nações, com o fim de impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou ideológicos.

TERRORISMO

É um modo de impor a vontade pelo uso sistemático do terror, pelo emprego sistemático da violência para fins políticos, nomeadamente pela prática de atentados e destruições por grupos cujo objetivo é a desorganização da sociedade existente e a tomada do poder.

ATENTADO TERRORISTA

É um acto violento ou a tentativa da sua perpetração contra pessoas, entidades ou bens, em nome de uma causa política, religiosa.

 

Por exclusão de partes, aquilo a que se assistiu em Israel foi um acto de terrorismo levado a cabo através de um atentado terrorista, dado que Israel é um Estado e o Hamas apenas um movimento ou organização terrorista que se arroga, sem razão, de ser representante de um Povo/Nação o que não é de todo verdade, nem reconhecido por nenhuma entidade internacional.

Ou se quiserem dizer que é uma guerra, podemos fazê-lo desde que interpretemos estes acontecimentos com sendo um confronto entre dois Estados - Israel e Irão – embora não directo e declarado.

Israel quer, como quiseram os EUA na sequência do atentado de 2001 (Twin Towers), eliminar os terroristas de forma a evitar futuros atentados. Está no seu direito!

 

Fico hoje por aqui.

Obrigado por ter lido até este ponto.

Miguel Mattos Chaves

Mestre e Doutorado em Estudos Europeus – Universidade Católica

Auditor de Defesa Nacional – Instituto da Defesa Nacional

Gestor de Empresas

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