sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Acabaremos reféns de viciados pelo poder, gente incapaz e perigosa.

 A distância hierárquica evidencia o modo como os que têm menos poder numa sociedade aceitam a desigualdade na distribuição do mesmo, sendo tal dimensão reflectida pelo Índice de Distância Hierárquica (IDH) que mede o nível de centralização de uma sociedade.

O IDH em Portugal é de 63.
Para se ter uma ideia comparativa, a Guatemala, a Índia e o Oeste Africano, têm, respectivamente, 95, 77 e 77, enquanto os países parceiros de Portugal na União Europeia e mais desenvolvidos, tais como a Alemanha, Suécia e Dinamarca, têm, pela mesma ordem, 35, 31 e 18. A Áustria, por exemplo, tem o melhor índice – 11. Fora da União Europeia, Israel tem 13.

No nosso país podemos identificar a seguinte realidade:
– Grotesco leque salarial (diferença entre o salário mais baixo e mais alto), podendo nalguns casos atingir valores inconcebíveis (casos há em que o Administrador ganha de 30.000 ou mais euros mensais enquanto o trabalhador com funções mais básicas pode ganhar 760 euros mensais, leque salarial de 40);
– Em 2001, o leque salarial médio na União Europeia era de 8 e em Portugal (à frente de todos os restantes países, era de 15 e, em 2008, em Portugal a percentagem de empresas com um leque salarial líquido superior a 20 era de 19,1%;
– Pouca ou quase nenhuma participação espontânea dos trabalhadores nas empresas;
– Quase inexistente envolvimento dos cidadãos em termos cívicos;
– Descrença total nos dirigentes políticos devido, entre outros factores, à diferença abissal de regalias e privilégios com o cidadão comum;
– Uso e, nalguns casos, abuso dos “galões” em situação de conflito, limitando ou eliminando a necessária equidade apreciativa e a justiça relativa;
– Incapacidade acentuada de promoção de iniciativas empresariais;
– Dificuldade na partilha de informação e no estabelecimento de relações de parceria e consórcio;
– Dificuldade de acesso dos cidadãos ao poder central do Estado e quase inexistente resposta deste às preocupações, solicitações e reclamações daqueles;
– Importância ainda bastante vincada atribuída aos títulos, sejam de ordem social, académica ou profissional (Sr. Comendador, Sr. Professor Doutor, Sr. Engenheiro ou Sr. Director);
– Tendência ainda marcada para a submissão e excessiva tolerância perante arbitrariedades, abusos e erros dos mais fortes (Estado, Patrões, Chefias, Grandes Fornecedores, etc.).

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O diabo

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