domingo, 24 de novembro de 2019

Cuidado! A televisão gratuita vai “desligar-se” na próxima semana.

As frequências da televisão gratuita (TDT) vão mudar já na próxima semana. Isto significa que vai ficar sem televisão se não mudar para as novas.

Para o fazer, não será preciso substituir qualquer equipamento. A única coisa que precisa de fazer é sintonizar a nova frequência na sua televisão ou box, se tem apenas os sete canais.

Como sintonizar a nova frequência:

1 –  Use o comando da TV ou do descodificar TDT (Box);

2 – Vá ao Menu e com as setas escolha uma das opções: Configurar | Antena | Setup | Instalar | Ajuste do Canal | Procura de Canais | ou outra equivalente (consoante a marca da TV ou Box) 1 Use o comando da TV ou do descodificar TDT (Box);

3 – Siga as instruções que aparecem no ecrã;

Este processo vai ter lugar a 27 de Novembro, e vai abranger 135 mil residências na frequência do emissor de Odivelas Centro. A partir de Janeiro/Fevereiro, o processo continua a nível nacional.

Se tiver dúvidas ou problemas, a ANACOM disponibilizou um número gratuito para o ajudar: 800 102 002.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Secretarias de Estado instaladas em “casa” dos governantes.

Não fora o facto de serem apparatchik do PS, e nem para presidentes de junta de freguesia serviam!

É curioso ser um “esforço”?! De quê?!

Estas medidas só servem para os “presidentes de junta” mostrarem na “terrinha” que são importantes em Lisboa! Até conseguiram uma secretaria de Estado, para a sua terra!!!

E, mais importante, para esta gentinha conseguirão “asilar” mais uns amigalhaços mas com prioridade para os seus familiares e dos restantes governantes!

Os actuais ficam numas instalações sem nada que fazer, não que estranhassem essa situação, mas agora servem como duplos para os da “terrinha”!

Esta mudança também serve para facturarem em km ’s, e ajudas de custo, e estadias quando se deslocarem a Lisboa!

Serve para alguém ganhar uns dinheiritos a vender um prédio ou dois…

Serve para alguém ganhar uns dinheiritos com as obras de adaptação necessária, ás exigências de uma secretaria de Estado!

Serve para alguém ganhar uns dinheiritos a vender equipamentos mobiliário, material informático, etc.…

Como este governo é o maior, de sempre e seguindo o principio norteador do PS é “asilar” pessoas á custa dos contribuintes privados.

 As três secretarias de Estado que ficarão fora de Lisboa serão instaladas nas terras natal dos seus respectivos governantes. Esta medida do Governo faz parte de um esforço de descentralização.

O Governo decidiu avançar nesta legislatura com a descentralização de três das 50 Secretarias de Estado que vão ficar instaladas nas cidades de Bragança, Castelo Branco e Guarda. Estas são regiões onde já residiam os governantes em causa, avança esta quinta-feira o Jornal i.

Isabel Ferreira, responsável pela pasta da Secretaria de Estado da Valorização do Interior e natural e residente em Bragança, vê o gabinete mudar-se para sua terra natal. De acordo com o jornal ECO, o escritório será instalado no Brigantia EcoPark.

“A Secretaria de Estado terá sede lá [Bragança] e trabalhará preferencialmente a partir de Bragança, embora tenha na agenda todo o território. Actualmente trabalham no local duas pessoas mais a secretária de Estado. De futuro serão três. O gabinete começou a funcionar na segunda-feira, embora os trabalhos de preparação do local tenham começado no fim-de-semana”, refere.

Por sua vez, a secretaria da Conservação das Florestas e do Ordenamento do Território, sob a tutela de João Catarino, fica em Castelo Branco, onde o governante tinha um gabinete.

“Estarão neste edifício, em permanência, cinco elementos da equipa do secretário de Estado [João Paulo Catarino], continuando o edifício a ser utilizado para a realização de audiências, numa postura de proximidade ao território que tem sido política activa do Governo”, explica a fonte próxima de António Costa.

Também Rita da Cunha Mendes, responsável pela secretaria de Estado da Acção Social, vai ter o seu gabinete na Guarda, distrito de onde é natural.

“A Secretaria de Estado vai dispor de um gabinete de apoio em Lisboa, no Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), onde se deslocará semanalmente. A sede [da secretaria de Estado] ficará no Centro Distrital da Guarda do Instituto da Segurança Social”, sublinha.

A secretaria de Estado irá ocupar, de forma provisória, as instalações da delegação distrital da Guarda do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMT).

A decisão de descentralizar estas três secretarias de Estado decorre de uma política de maior proximidade e pretende dar mais importância à coesão territorial.

ZAP

"Réus de corrupção podem ir de recurso em recurso até morrerem de velhos".

Álvaro Santos Pereira alerta para a possibilidade de os arguidos dos casos BPN, Marquês e BES poderem morrer antes do trânsito em julgado. E defende a execução de penas após duas decisões judiciais.

A entrevista à Rádio Observador foi gravada no dia 14 de novembro. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Tinha chegado da Áustria no dia anterior; já tinha ido ao Algarve, onde tem residência; e já tinha regressado a Lisboa. Esse rodopio de viagens não o impediu de chegar à redação do Observador bem-disposto ou não tivesse já visitado uma boa parte dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) como diretor do Departamento de Estudos. Com o mandato recentemente renovado, Álvaro Santos Pereira defende, em entrevista ao programa “Sob Escuta” da Rádio Observador, uma autêntica revolução no combate à corrupção.

Contrariando a aposta exclusiva do Governo em medidas de natureza preventiva e educacional, o economista propõe, entre outros pontos, a criação de um tribunal de competência especializada para crimes económico-financeiros, a execução de penas de prisão após o encerramento da matéria de facto na segunda instância e antes do trânsito em julgado, o reforço dos meios orçamentais e humanos do Ministério Público e Polícia Judiciária, a criação de uma Agência Nacional Contra a Corrupção e insiste na criação do crime de enriquecimento ilícito. Para o ex-ministro da Economia, Portugal não conseguirá atingir um crescimento económico estrutural sem determinar o combate à corrupção como uma das principais prioridades do regime.

No dia em que a OCDE apresenta as previsões para a economia mundial, Santos Pereira fala também sobre os desafios que se colocam a Portugal e alerta para os perigos que aí vêm e que podem afetar gravemente o crescimento da economia nacional. E admite que quer regressar ao nosso país.

“Não há razão para não se criar um tribunal especializado contra a corrupção”

O segundo Governo de António Costa assume no seu programa de Governo querer combater a corrupção com uma aposta exclusiva na área da prevenção, em vez de tomar “soluções simples e populistas” que “não funcionam”. Concorda que é possível combater a corrupção sem ter novos instrumentos legais ou mais meios para a Justiça?
O combate à corrupção tem de ser feito por todos os meios possíveis. Acima de tudo, temos de promover uma cultura de integridade e não a prática da impunidade, que é o que temos neste momento. Como é que podemos adotar as melhores práticas internacionais? Temos que, em primeiro lugar, reforçar os meios de combate à corrupção. O relatório da OCDE [“Economic Survey”, publicado em fevereiro de 2019] demonstra claramente que Portugal gasta menos do que outros países.

Investimos menos no combate à corrupção do que outros países?
Sim, investimos menos. É preciso haver mais meios. Por exemplo, Portugal vai ter muitos procuradores e investigadores que vão atingir o limite de idade e reformar-se. Temos de os substituir atempadamente e treinar os novos quadros. É essencial perceber, acima de tudo, que não pode haver crescimento económico e uma democracia sustentada, assim como uma Justiça credível, sem haver um combate sem tréguas à corrupção.

"Acima de tudo, temos de promover uma cultura de integridade e não a prática da impunidade, que é o que temos neste momento. Não pode haver crescimento económico e uma democracia sustentada, assim como uma Justiça credível, sem haver um combate sem tréguas à corrupção."

Como deve ser construída uma estratégia global de combate à corrupção e quais as suas áreas prioritárias?
Essa estratégia é essencial e tem de ser feita em cooperação com os agentes do setor e de forma muito rápida: em seis meses podemos ter uma estratégia concreta, propostas claras, mecanismos e datas para implementar as mesmas.

Diga-me duas ou três medidas dessa estratégia global de combate à corrupção.
Temos de ter uma Agência Nacional Contra a Corrupção, que tem funcionado bem noutros países. Sou insuspeito para propor uma nova estrutura porque, desde há muitos anos, defendo que temos de emagrecer o Estado. Simplesmente, há áreas em que o Estado tem de estar presente, nomeadamente no combate à corrupção. Outra medida importante é a criação de um tribunal de competência especializada no combate à criminalidade económico-financeiro — o que foi salientado no relatório da OCDE. Sei que há um problema de constitucionalidade, mas Portugal já tem um tribunal especializado — o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão — que, por acaso, foi criado no tempo em que estive no Ministério da Economia.

Há alguns dirigentes do PS que têm defendido a criação de um tribunal de competência especializada para a violência doméstica, por exemplo.
Sim, não há nenhuma razão para não se criar um tribunal especializado contra a corrupção. Penso que é fundamental, por outro lado, regulamentar um instrumento de enriquecimento ilícito. Não consigo compreender por que razão há problemas de constitucionalidade e não se procuraram ultrapassar esses problemas na última legislatura. Espero que não passem mais quatro anos sem que o enriquecimento ilícito seja legislado. Há formas de ultrapassar esse problema porque esta é uma questão tão importante para a democracia — é a democracia e a justiça que estão em causa — que, se for preciso mudar a Constituição, muda-se. Isso não pode servir de desculpa. É também fundamental introduzir a proteção de delatores.

“Temos de limitar o número recursos que os acusados de corrupção podem interpor”

Há duas questões nesse ponto: uma é a proteção de testemunhas (os whistleblowers) que estão dentro de uma organização e têm provas da prática de crimes, outra é a colaboração premiada de membros de uma organização criminosa que querem fornecer provas às autoridades em troca de uma atenuação da pena.
São dois mecanismos importantes no combate à corrupção e devem estar em cima da mesa. A proteção de testemunhas, os chamados whistleblowers, já foi colocada em prática em muitos países da OCDE com bons resultados. Neste momento nos Estados Unidos, por exemplo, o processo de impeachment do Presidente Trump tem na sua origem um whistleblower — um funcionário da Casa Branca que está a colaborar com as autoridades. O Presidente Trump está a fazer força para que a sua identidade seja conhecida. Ora, é o sistema judicial que está a proteger a testemunha e isso faz-se na democracia mais avançada e mais bem sucedida do mundo, nomeadamente no combate à corrupção, que é a norte-americana. Temos também de limitar o número de recursos que os acusados de corrupção podem interpor. Essa é uma medida fundamental. Se nada for feito, os réus que forem condenados em primeira instância vão de recurso em recurso até morrerem de velhos. Temos de nos preparar porque isso vai começar a acontecer em breve. É injustificável e inaceitável que isso possa acontecer numa sociedade democrática e avançada como a portuguesa.

"É fundamental limitar o número de recursos que os acusados de corrupção podem interpor. Se nada for feito, os réus que forem condenados em primeira instância vão de recurso em recurso até morrerem de velhos. Temos de nos preparar porque isso vai começar acontecer em breve. É inaceitável que isso possa acontecer numa sociedade democrática."

O que está a referir pode acontecer em diversos processos, como o caso do Universo Espírito Santo (que ainda nem sequer tem acusação), na Operação Marquês (está na fase de instrução), no caso BPN (cujos condenados ainda podem recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça e Tribunal Constitucional). Isso é a lei da vida, já que alguns dos principais arguidos desses processos já têm mais de 70 anos e podem morrer antes do término dos processos.
Isso pode claramente suceder. Não podemos deixar que os processos se arrastem, sendo que um deles [o caso Universo Espírito Santo] já está a ser investigado há mais de cinco anos, ainda vai ter uma acusação, um julgamento e depois os recursos… Se vamos andar de recurso em recurso, só vamos ter sanção daqui a uns 15 a 20 anos. Quando estamos perante a maior fraude financeira que o nosso país algum dia já teve, quando estamos a falar de casos corrupção que colocam em causa a própria essência da democracia, como é que nos podemos dar ao luxo, como sociedade, que essas pessoas possam ir de de recurso em recurso até as penas de prisão não serem aplicadas ou até o processo prescrever? Isto quando as pessoas mais pobres, que não têm recursos financeiros para contratarem as grandes sociedades de advogados, cometem um delito e vão imediatamente para a prisão. Isto não só é moralmente inaceitável, como mina a credibilidade da democracia. Temos de mudar a mentalidade e as práticas judiciais no combate à corrupção.

Álvaro Santos Pereira é diretor do Departamento de Estudos da OCDE


O que pensa sobre a execução das penas de prisão logo após a decisão da segunda instância — ou seja, após a matéria de facto ficar definitivamente encerrada? De acordo com a nossa lei, os recursos para o Supremo Tribunal de Justiça e para o Tribunal Constitucional só podem analisar questões de direito.
Essa medida existe em muitos países há muito tempo.

No Brasil, por exemplo, Lula foi libertado após o Supremo Tribunal de Justiça ter decidido alterar a jurisprudência que permitia precisamente essa medida.
Eu sei. Essa regra de cumprir pena de prisão após a decisão da segunda instância existe em muitos países que são considerados como os mais avançados e que têm os sistemas judiciais e as instituições mais credíveis. Por que é que temos de ser uma exceção? Para quê? Para que as pessoas que cometeram delitos económico-financeiros graves não vão para a prisão? Nós queremos proteger essas pessoas ou queremos proteger a democracia e a Justiça? Esse tipo de medidas tem de de avançar. Como também é fundamental, como defendem o Nuno Garoupa e outros investigadores, termos mecanismos legais que fomentem investigações parciais em vez de termos estes mega-processos que levam anos e anos a chegar a decisões com trânsito em julgado. Se é possível separar os crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais para aumentar a celeridade e a credibilidade da Justiça, deve fazer-se isso mesmo. Os crimes de fraude fiscal são, por exemplo, muito mais fáceis de provar do que os crimes de corrupção. Portanto, se alguém cometeu o crime de evasão fiscal, deve ser punido por isso o mais depressa possível.

“Se nada fizermos, aí é que estamos a abrir as portas aos populistas”

Os críticos dessas medidas, e agora regresso ao programa do Governo, vêm essas medidas como “populistas e demagógicas” e dizem que as mesmas representam um ataque ao Estado de Direito, à presunção da inocência e às liberdades e garantias dos cidadãos. Esta tentativa de ligar o combate à corrupção a medidas “populistas e demagógicas” representa uma normalização da corrupção?
É importante perguntar a essas pessoas se consideram que os sistemas judiciais de Inglaterra, dos Estados Unidos, da Alemanha, da Nova Zelândia e de outros países que têm estas práticas são de países com sistemas populistas. Eu acho que não são. Se não avançarmos com este tipo de medidas, se continuarmos a pensar que a nossa justiça está perfeita e que não interessa que o país tenha ido à bancarrota por causa de práticas de compadrio e corrupção, que não interessa se os responsáveis pela maior fraude financeira na nossa história são ou não julgados, se achamos normal que essas pessoas possam ir de recurso em recurso até morrerem de velhos, sem cumprirem penas de prisão efetivas. Se nós deixarmos que isto aconteça, então aí é que estamos a abrir as portas aos populistas. Porque é que nós vemos os populistas a ganharem terreno na Europa e no resto do Mundo? Isso tem a ver com a ressaca da crise financeira, em que as pessoas viram os seus salários e pensões cortados enquanto os bancos foram salvos e uma parte dos banqueiros responsáveis pelos buracos financeiros continuam a andar por aí.

"Se continuarmos a pensar que a nossa justiça está perfeita e que não interessa que o país tenha ido à bancarrota por causa de práticas de compadrio e corrupção, então aí é que estamos a abrir as portas aos populistas."

Os administradores de um dos principais bancos italianos (Monte dei Paschi di Siena) foram condenados há 15 dias a penas pesadas de prisão efetiva por más práticas de gestão
Quando isso não acontece, quando temos uma cultura de impunidade, é que abrimos as portas ao populismo.

O Governo atual tem combatido essa cultura de impunidade?
Não é só o Governo atual, é este Parlamento e este sistema judicial…

O caso do lítio. “É preciso verificar se a empresa tem idoneidade financeira e técnica”

O chamado caso do lítio tem marcado a atualidade. Foi no seu tempo como ministro da Economia que foi autorizada a prospeção ao atual consórcio. Como comenta as suspeitas em redor deste dossiê?
No meu ministério, através da Direção-Geral de Energia, houve a assinatura de 113 contratos de prospeção mineira. Um deles foi este do lítio em Montalegre. Quando existem condições para avançar para a exploração, segue-se a segunda fase, que é a concessão. Agora, a concessão só pode ser dada se os critérios de idoneidade financeira e técnica forem cumpridos. É isso que está na lei. A indústria e o setor mineiro eram olhados como setores menores durante muitas décadas. Quando cheguei ao Ministério da Economia, disse: “Não, isto não é verdade”. Se olharmos para outros países, a política industrial é fundamental. Daí a aposta na política de reindustrialização e na indústria 4.0 — política que o governo que se seguiu continuou, o que demonstra que Portugal está no bom caminho nesta área.

"É preciso verificar se a empresa tem capacidade técnica e financeira para realizar os investimentos [na exploração do lítio] a que se propõe. Se a empresa não tiver condições, então o Estado tem de fundamentar e pode recusar conceder a concessão da exploração."

Álvaro Santos Pereira sobre o caso do lítio

Estamos precisamente na fase de concessão. Há razões para questionar a idoneidade financeira e técnica desta empresa?
Deixe-me só concluir. Para além da idoneidade financeira e técnica, é necessário aprovar um estudo de impacte ambiental. Não posso comentar a questão da idoneidade financeira porque não conheço os detalhes financeiros da empresa. O que posso dizer é que o Estado tem de olhar para essa dupla vertente da idoneidade. Ou seja, verificar se as empresas têm capacidade de fazer investimentos de muitos milhões de euros e, em segundo lugar, assegurar que a parte ambiental fica devidamente salvaguardada.

Estamos a falar de uma empresa que tem 50 mil euros de capital e os seus acionistas não têm experiência no setor mineiro. Esta empresa pode ser apenas uma espécie de ‘barriga de aluguer’ para que uma multinacional estrangeira com experiência e know how no setor mineiro invista em Portugal?
Isso não seria propriamente escandaloso. Isso acontece em muitos países. Agora, é preciso verificar se a empresa tem capacidade técnica e financeira para realizar os investimentos a que se propõe. Se a empresa não tiver condições, então o Estado tem de fundamentar e pode recusar conceder a concessão da exploração.

Só para concluir esta questão: a decisão que o seu Governo tomou de avançar para a prospeção pode ser revertida?
O Estado tem todos os meios ao seu dispor para parar a prospeção e não avançar com a concessão.

Os desafios económicos de Portugal

Vamos avançar para análise do futuro da economia portuguesa. Apesar do crescimento de 3,5% em 2017, Portugal continua a ter sérios problemas estruturais ao nível do investimento, da produtividade, dos salários e da dívida. Quais são os desafios que a nossa economia enfrenta?
Se estamos a crescer alguma coisa, foi porque fizemos reformas. Quem pensar que Portugal está a crescer por causa da Europa, não se lembra do que sofremos e das reformas estruturais que fizemos na sequência da crise. Sabemos que as reformas estruturais precisam sempre de um período de 3 a 5 anos para darem frutos em termos de crescimento económico. Foi exatamente isso que aconteceu: a partir de meados de 2013, o desemprego começou a descer e a economia começou a crescer. Estamos neste momento a crescer cerca de 2% e, de acordo com as previsões da OCDE para os próximos dois anos, vamos crescer 1,7%. É melhor do que estávamos há 10/15 anos — em que não crescemos nada — mas isso não chega. Precisamos de crescer, pelo menos, cerca de 3% por ano. Em segundo lugar, temos de baixar o nosso endividamento. Não é tão elevado como era há uns anos…


Álvaro Santos Pereira foi ministro da Economia entre junho de 2011 e julho de 2013.


A dívida pública tem descido porque o produto tem subido. Não há uma descida nominal.
Certo. As empresas e as famílias têm de se desendividar de forma mais intensa do que o Estado. Outro desafio que temos pela frente é a abertura da economia por causa das reformas estruturais que foram feitas. Os empresários perceberam que investir para exportar era uma boa estratégia. Estamos agora a exportar cerca de 45% do nosso PIB, enquanto que em 2010/2011 estávamos a exportar cerca de 28%. Estamos a andar na direção certa.

A meta que o Governo de Passos Coelho estabeleceu era de exportar 50% do PIB.
O nosso objetivo tem de ser exportar 80% ou 90% do nosso PIB. Há outro desafio de que praticamente ninguém fala: o envelhecimento da população. Prevê-se que 50% dos bebés que nasçam hoje no Japão têm 50% de possibilidades de viverem até aos 100 anos. Cerca de 50% dos suíços que nascerem hoje chegarão aos 94 anos. Isto significa que os sistemas de segurança social e de saúde já estão sob grande pressão. Mesmo o sistema educativo e o mercado de trabalho não estão bem desenhados para o que aí vem. E em Portugal esse envelhecimento é ainda mais acelerado, mas os partidos não estão a falar do assunto. Finamente, temos o problema das alterações climáticas. Portugal vai ser dos países europeus mais afetados e temos de atuar. Não basta dizer que somos amigos do ambiente. Não vejo nenhum partido a debater medidas concretas sobre as alterações climáticas.

Falando da produtividade — onde ocupamos o 22.º lugar entre 27 países. Portugal tem hoje uma produtividade mais baixa do que tinha em 1995 e fomos ultrapassados por países como a Hungria, a Estónia, a República Checa, etc. O que temos de fazer para aumentar a nossa produtividade?
Esse é um problema dos países mais desenvolvidos, já que a produtividade diminuiu bastante nos últimos anos. Não em empresas como a Amazon e a Google — onde a produtividade é muito elevada — mas a produtividade das pequenas e médias empresas é muito baixa. A OCDE recomenda que se levantem as barreiras à concorrência em diversos setores, nomeadamente no setor dos serviços. Temos de atrair investimento estrangeiro que estimule a produtividade e, finalmente, temos de melhorar as nossas qualificações. O nosso desígnio deve ser apostar nas qualificações técnicas, num sistema dual e de aprendizagem, que fomente quadros para a nossa indústria e para os nossos serviços — que são muitos bons.

"Estamos agora a exportar cerca de 45% do nosso PIB, enquanto que em 2010/2011 estávamos a exportar cerca de 28%. Estamos a andar na direção certa. Mas o nosso objetivo tem de ser exportar 80% ou 90% do nosso PIB."

“Salários só sobem com aumento de produtividade”

A concertação social está a discutir o aumento da salário mínimo para 635 euros. O problema é que o salário médio caiu 2,4% entre 2009 e 2019 e o salário mínimo subiu 18,3% no mesmo período. Neste momento, somos o segundo país da Europa com menor diferença entre o salário mediano e o salário médio. Esta também é uma prova de empobrecimento da nossa classe média?
Temos salários muito baixos. Quer o salário mínimo, quer o salário médio. Não podemos continuar a pensar que é viável manter uma sociedade em que dois terços da população ganha menos de mil euros. Temos de criar as condições para que os salários subam o mais rápido possível. Mas o crescimento sustentado dos salários só acontece se se verificar um aumento da produtividade. Temos de criar condições para que se aumente a produtividade e que isso se faça refletir nos salários. E porque é que também é importante aumentar a produtividade? Porque se os salários sobem demasiado desligados da produtividade, os países tornam-se menos competitivos.

Faz sentido pensarmos em revolucionar o nosso sistema fiscal, simplificando-o, por exemplo, para uma taxa única de IRS de 15% ou 20%? É possível baixar os impostos e continuarmos a manter o Estado Social?
É possível baixar os impostos e manter ou aumentar a receita fiscal. Não tenho a mínima dúvida sobre isso. Aumentamos muito os impostos nos últimos anos porque o Estado continua a aumentar e devido ao tempo de emergência. Agora é altura de fazer descer os impostos. Como devemos fazê-lo? Devemos começar por simplificar o sistema fiscal. O número de dias que se perde a preencher os impressos dos impostos é dos mais elevados de toda a OCDE. O sistema é demasiado burocrático. O Ministério das Finanças fez recentemente um estudo sobre as isenções fiscais que existiam em Portugal. Mas mais vale baixar as taxas de forma global e simplificar e manter as isenções para algo que seja mesmo necessário e importante. Outra questão é a competitividade fiscal. Praticamente todos os países do mundo, mesmo a França, fizeram um grande esforço para promover a descida das taxas de IRC. Nós começámos a fazer isso mas depois parámos. Há um gráfico da OCDE — de um departamento que não é o meu, logo não vale a pena acusarem-me de estar a politizar o tema — que demonstra que Portugal é o país com a segunda maior taxa de IRC da OCDE, logo a seguir à França. Ora, se eu for investidor estrangeiro e olhar para este gráfico, vou pensar: “Eh pá, estes tipos têm uma taxa de IRC incomportável”.

"Não podemos continuar a pensar que é viável manter uma sociedade em que dois terços da população ganha menos de mil euros. Temos de criar as condições para que os salários subam o mais rápido possível. Mas o crescimento sustentado dos salários só acontece se se verificar o aumento da produtividade"

Álvaro Santos Pereira

Haverá uma menor probabilidade de investir em Portugal
A imagem é péssima. Defendo desde há muitos anos que defendo que temos de ter como objetivo ter a taxa de IRC mais baixa da Europa. Eu defendi 10% na altura e agora a Hungria já tem 9% e tem neste momento a taxa de investimento mais alta da União Europeia.

Há uma relação de causa/efeito entre impostos mais baixos e um aumento da receita?
Parece-me evidente. Depois tem que haver um mix fiscal. Muitos países estão a baixar impostos sobre o trabalho e a aumentar os chamados impostos ambientais e sobre a propriedade.

“Quase todas as grandes economias vão desacelerar e isso vai ter impacto em Portugal”

As previsões da OCDE para a economia mundial nos próximos três anos foram apresentadas há dias. Estamos mesmo à beira de uma nova crise mundial devido à guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e ao Brexit? E que perspetivas existem para a economia portuguesa?
A economia mundial estava a crescer há um ano cerca de 4% — que é o valor de referência para um crescimento saudável. Nós prevemos um crescimento de 2,9% para este ano e 3% para 2020. É uma redução muito grande e que é transversal a todos os países. Os Estados Unidos vão baixar o crescimento para cerca de 2%, a Europa deverá crescer 1,1%/1,2%, o Japão deve crescer 0,6% e a China crescer 5,7% este ano e 5,5% nos próximos anos. Na Europa, a Alemanha está a crescer 0,5% ao ano. Quase todas as grandes economias vão desacelerar.

Isso vai afetar seriamente a economia portuguesa.
Ainda por cima a Espanha vai ter um crescimento de 1,5%, o que é uma redução muito grande numa economia que é um dos nossos principais clientes. Obviamente que isso vai ter um impacto na economia portuguesa. Nós prevemos que Portugal cresça 1,8% este ano e 1,7% em 2020 e 2021. Não é muito mau, mas pensamos que o risco de revisão em baixa para Portugal e para a Europa é alto quer seja por causa da guerra comercial China/Estados Unidos, quer seja por causa do Brexit. Este contexto da economia mundial preocupa-nos, tal como nos preocupa muito também o facto de estarmos a ver pela primeira vez em décadas que as cadeias de valor estão a diminuir. Isto é muito preocupante porque é o primeiro sintoma de que a globalização está a começar a retrair-se. Se tivemos um período longo de prosperidade e de paz, foi porque houve uma abertura que a nível comercial quer a nível das barreiras não comerciais.

O protecionismo está a aumentar em todo o lado.
Sim. O protecionismo está a aumentar e isto pode ser muito grave para a economia mundial e para a economia portuguesa.

lrosa@observador.pt

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Bem-vindos ao maior cemitério de automóveis da Europa.

Decorria o ano de '67 quando, após um popular referendo, os suecos decidiram adoptar o estilo de condução europeu, o volante passaria para a esquerda. A mudança não se revelou fácil e provocou, inclusive, um dos maiores engarrafamentos de que há memória.

A maioria dos automóveis com volante à direita deixou de ser utilizada, sendo substituídos por automóveis que seguiam o padrão de condução europeu.

Dois irmãos viram nesta alteração a oportunidade para um negócio, decidiram comprar automóveis com o volante à direita e desmantelá-los para venda de peças. O negócio fixou-se em Bastnäs, no sul da Suécia, numa clareira da floresta. Ao longo dos anos, com a aquisição constante de automóveis, viram-se obrigados a expandir o seu armazenamento para a floresta.

Com o passar dos anos a floresta recuperou o seu espaço e os automóveis foram assimilados pela natureza, criando um cenário único e sugestivo. O local transformou-se num verdadeiro cemitério de automóveis antigos - Saab, Volkswagen, Fiat, Sunbeam, Buick, Trucks, empilhados ou dispostos em filas coloridas, enferrujados e cobertos de musgo.

Com centenas de veículos abandonados, este é o maior cemitério de automóveis da Europa e pode ser visitado por qualquer pessoa. Todavia existem regras impostas pelos dois irmãos: não roubar peças, destruir os automóveis e perturbar a experiência de outros visitantes.

https://www.msn.com/pt-pt/motor/noticias/bem-vindos-ao-maior-cemitério-de-automóveis-da-europa/ar-BBX2KhL?ocid=spartanntp

"Em poucos anos a canábis medicinal vai notar-se no PIB português", diz Ex-presidente do Infarmed Eurico Castro Alves, agora ligado ao sector.

Em entrevista, Eurico Castro Alves, Ex-presidente do Infarmed, agora com interesses em empresas do sector, fala do potencial da canábis medicinal – para a economia e, sobretudo, para os doentes.

Eurico Castro Alves, director do departamento de cirurgia no Centro Hospitalar do Porto e Ex-presidente do Infarmed (entre 2012 e 2015), à medida que se familiarizou com a ultra-promissora indústria mundial da canábis medicinal, constatou que milhares de doentes, incluindo em Portugal, “se abasteciam [de canábis] no mercado negro para se tratarem” ou menorizarem os sintomas das suas doenças, como cancros ou problemas do foro neurológico. Ora, “isso é que eu acho uma vergonha. O Estado tem a obrigação de proporcionar os meios às pessoas para que estas possam ter acesso a todos os tratamentos, o melhor que existe”.
Em entrevista ao Observador, o médico, que foi secretário de Estado da Saúde no (curtíssimo) segundo Governo de Pedro Passos Coelho, defende que esta é uma indústria que pode trazer enormes benefícios para os doentes e para a economia nacional — não só na produção e desenvolvimento de medicamentos à base de canábis mas, também, desde já, porque Portugal pode aproveitar o movimento de ensaios clínicos que serão essenciais para que estes medicamentos sejam testados e cheguem ao mercado (um mercado gigantesco a nível mundial).

O especialista nota que “já temos algumas dezenas de empresas a investir em Portugal, empresas de grande dimensão mundial que estão cá para investir, para crescer e para desenvolver. E as que não estão, estão para chegar”. Em Outubro, Eurico Castro Alves assumiu um cargo não-executivo na Symtomax, uma empresa que já tem 105 hectares para exploração (indoor e outdoor) em Beja. “É como um corolário da minha actividade como médico e, sobretudo, como cidadão que quer desenvolver e criar novas oportunidades para os nossos cidadãos. É algo que farei a tempo muito parcial, mas em que estarei disponível para ajudar com aquilo que tenho para dar”. Porque “Portugal poder ser um hub para o resto da Europa, que é um mercado com 500 milhões de consumidores”, afirma.
Foi presidente do Infarmed entre 2012 e 2015, período em que foi feita boa parte da regulação existente sobre a canábis medicinal em Portugal, cuja lei entrou em vigor no início de 2019. É justo considerá-lo o principal responsável pelo crescimento deste sector em Portugal?
Pode não ser justo dizer dessa forma porque, normalmente, as coisas grandes e boas que acontecem são fruto do trabalho de uma equipa. E, aqui, foi exactamente esse o caso. Houve influência política, influência regulamentar, dos órgãos legislativos. As leis andam sempre atrás dos costumes da sociedade e aqui passou-se isso mesmo: percebeu-se que a comunidade científica começava a notar que havia evidências, algumas evidências — faltam muitas mais –, de que havia interesse terapêutico numa determinada componente da canábis. Isso é que despoletou todo o processo. Eu fui mais um. Colaborei activamente, porque desempenhava funções que eram decisivas, dei um contributo importante mas o resultado — que considero ser uma mais-valia para a nossa sociedade — é um resultado da colaboração de muitos agentes das mais diversas áreas da nossa sociedade.
Mas tem de haver uma visão, de perceber o potencial de algo…
Sim, tem de haver visão e alguma liderança. Comecei a ter um contacto, muito cedo, com as vantagens dos canabinóides em termos médicos. Comecei a perceber a grande utilidade que isso iria ter e, sobretudo, o factor que me tornou mais adepto deste tipo de terapêuticas foi perceber que já havia milhares de doentes que recorriam ao mercado negro para tratar as suas doenças. E isso é que não acho legítimo. Acho que o Estado tem a obrigação de proporcionar os meios às pessoas para que estas possam ter acesso a todos os tratamentos, o melhor que existe.
Como médico, quais são, então, as vantagens da canábis para uso medicinal?
Como médico, e baseado na experiência que tenho tido com a informação científica, acho que estamos perante um grande avanço terapêutico. Mas, como com todas as novidades, temos de olhar para elas com sabedoria, com cautela, e temos, sobretudo, de basearmo-nos em evidências científicas para garantir, sempre, a segurança dos utentes e, ao mesmo tempo, aproveitar o benefício terapêutico.

Observador - Edgar Caetano

FAO discute aumento de preocupações com estado dos oceanos e sector pesqueiro.

Simpósio Internacional sobre Sustentabilidade Pesqueira avalia condições das pescas em níveis global e regional; pescado é particularmente importante em países com déficit alimentar; pesca comercial foi segunda profissão que mais matou no mundo.

A pesca enfrenta um período decisivo e o mundo precisa de uma nova visão sobre o tema para o sector no século 21. Esta foi a principal mensagem do director-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, Qu Dongyu, na abertura do Simpósio Internacional sobre Sustentabilidade Pesqueira.

Até a próxima quinta-feira, o evento reúne especialistas do sector pesqueiro para analisar as condições globais e regionais da área e explorar formas de tornar os recursos pesqueiros mais sustentáveis.

Sustentabilidade

Entre os tópicos em discussão estão a pesca em tempos da mudança climática, o uso de novas tecnologias e as possibilidades de melhorar a cadeia de valor.

No evento que iniciou na segunda-feira, Dongyu lembrou que a população mundial deve chegar a quase 10 bilhões em 2050. Nessa situação, somente a terra não será suficiente para alimentar todas as pessoas e será preciso investir na “produção de alimentos aquáticos.”

Oceanos e Rios

No entanto, o chefe da FAO destacou que é preciso fazer isso “sem comprometer a saúde dos oceanos e rios”. Ele acrescentou que ao mesmo tempo, é necessário melhorar “as condições sociais dos que dependem da pesca, geralmente os mais pobres da sociedade.”

De acordo com a agência da ONU, globalmente, mais de uma em cada 10 pessoas depende da pesca para ganhar a vida e alimentar a família.

Preocupação

Mas a condição dos oceanos é motivo de grande preocupação devido à poluição plástica, aos impactos das mudanças climáticas, à degradação do habitat e o excesso de pesca.

A FAO observou que a pesca nas regiões desenvolvidas está se tornando cada vez mais sustentável, com a recuperação de estoques e melhora nas condições dos que trabalham no sector. Por outro lado, a pesca nas regiões em desenvolvimento não está melhorando no mesmo ritmo.

Dongyu alertou que a situação “está criando uma perigosa divisão de sustentabilidade” e que é preciso “reverter essa tendência para alcançar os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável."

Soluções

O director-geral da agência apontou três soluções para tornar a pesca mais sustentável. A primeira, é voltar a investir em programas de sustentabilidade marinha e de água doce.

A segunda envolve o investimento no crescimento sustentável do oceano. Ele citou como exemplo a Iniciativa de Crescimento Azul da FAO, que se baseia no equilíbrio de princípios ecológicos, sociais e económicos.

Já a terceira solução está relacionada a garantia de que medidas de protecção adequadas sejam combinadas com um gerenciamento eficaz, incluindo uma melhor abordagem do desperdício de alimentos na indústria pesqueira.

ODSs

O enviado especial do secretário-geral para os oceanos, Peter Thomson, disse que é preciso tratar o oceano “com o respeito que merece”. Para ele, dessa forma, os oceanos perdoarão os erros humanos, se reabastecerão e voltarão a ser o “grande provedor de vida no planeta Terra.”

Thomson enfatizou que o prazo de quatro das 10 metas do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 14 termina em 2020. Para controlar a pesca ilegal e garantir o alcance dessas metas, ele fez um apelo para que os países assinem o Acordo relativo às Medidas do Estado do Porto, Psma.

O enviado também pediu aos consumidores que exijam garantias em restaurantes e supermercados de que não recebem mercadorias roubadas quando compram produtos do mar.

Dados sobre a Pesca
  • De acordo com a FAO, enquanto a população humana cresce 1,5% ao ano desde 1960, o consumo de proteína animal cresce 2,5% e do peixe 3%.
  • Em 2017, a pesca forneceu 173 milhões de toneladas de produtos do sector, 153 milhões para consumo humano directo, um aumento de sete vezes em relação a 1950.
  • Os produtos do mar são uma das commodities alimentares mais comercializadas, excedendo o comércio de alimentos de todos os animais terrestres combinados. Em 2017, as exportações de produtos pesqueiros atingiram o recorde de US$ 156 bilhões.
  • O peixe é particularmente importante em países com déficit alimentar. Das 30 principais nações consumidoras do produto, 17 são países com déficit alimentar de baixa renda, principalmente na África, Ásia e Oceânia.
  • Cerca de 95% das pessoas que dependem da pesca para sua subsistência vivem na África e na Ásia. A grande maioria são operadores de pequena escala, lutando para ganhar a vida com uma das profissões mais difíceis e perigosas. Em 2019, a pesca comercial foi classificada como a segunda profissão mais mortal do mundo.

Nova posição dos EUA sobre assentamentos na Cisjordânia não muda lei internacional, diz escritório da ONU

Chefe da diplomacia americana defendeu que assentamentos israelitas não são mais ilegais;  nota lançada em Genebra destaca que essa alteração não muda interpretação da lei internacional.

Masculinidade tóxica contribui para menor expectativa de vida dos homens nas Américas

Segundo um estudo da ONU, um em cada cinco homens não completará 50 anos, em parte devido a comportamentos associados às expectativas da sociedade; morrem duas vezes mais homens com cirrose hepática causada pelo álcool do que mulheres.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Mais da metade da população global não tem acesso a saneamento seguro.

Esta terça-feira marca o Dia Mundial do Toalete; cerca de 673 milhões de pessoas ainda praticam defecação a céu aberto; Objectivo de Desenvolvimento Sustentável número 6 prevê resolver o problema até 2030.

Mais da metade da população global ainda vive sem saneamento seguro. No total, são  4,2 bilhões de pessoas que estão nessa situação, de acordo com as Nações Unidas.

Esta terça-feira, 19 de Novembro, marca o Dia Mundial do Toalete. Este ano, a ONU escolheu o tema “Não deixar ninguém para trás”.

Importância

A organização diz que o saneamento é um direito humano e lembra o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável, ODS, número 6 que promete saneamento para todos até 2030.

As Nações Unidas afirmam que banheiros, ou casas de banho, “salvam vidas porque dejectos humanos espalham doenças fatais.” O objectivo deste dia mundial é inspirar as pessoas para “enfrentar a crise global de saneamento.”

A organização sublinha que com saneamento seguro, uma família não partilha uma toalete com outras, os excrementos são separados do contacto humano e, por fim, são descartados ou tratados com segurança.

Essa meta pode ser alcançada com instalações sanitárias ligadas a sistemas de esgoto canalizados, fossas sépticas, latrinas com ventilação ou banheiros que permitem a compostagem.

Problema

Cerca de 673 milhões de pessoas ainda praticam defecação a céu aberto, destaca a organização.

Em entrevista à ONU News, a directora executiva do Conselho Colaborativo para o Abastecimento de Água e Saneamento, Sue Coates, disse que esta prática “é uma afronta à dignidade, à saúde e ao bem-estar de todos, sobretudo as meninas e mulheres.”

A especialista afirmou que é difícil combater esta realidade por várias razões. Por um lado, “é uma norma cultural de muitas sociedades praticada há séculos”. Por outro “exige um investimento continuo na construção, manutenção e uso de latrinas, bem como outros serviços básicos.”

Saúde pública

A falta de saneamento causa cerca de 432 mil mortes por diarreia todos os anos. A ONU estima que 297 mil crianças com menos de cinco anos morram todos os anos de diarreia devido à falta de água potável, saneamento e higiene das mãos.

Crianças com menos de cinco anos que vivem em países onde existem conflitos prolongados têm, em média, quase 20 vezes maior possibilidade de morrer com doenças relacionadas com este problema do que devido à violência.

A perda de produtividade causada por doenças relacionadas à água e ao saneamento custa até 5% do Produto Interno Bruto, PIB, de muitos países. A ONU também pergunta “como alguém pode sair da pobreza sem saneamento?”

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

30 mil Kms pelo mundo, 250 mesas e 1100 relatórios por ano. Falámos com o chefe dos inspectores Michelin

José Vallés é o novo responsável máximo por quem dá e tira as famosas estrelas na Península Ibérica. Numa oportunidade única, o Observador falou com ele sobre critérios, polémicas e o futuro.

O seu nome é José Vallés, é catalão e é o chefe dos inspectores do Guia Michelin que estão destacados para Portugal e Espanha. Não se sabe muito mais que isso, apenas que terá uma série de anos de experiência nas áreas da hotelaria e da restauração.  A sua aparência é desconhecida e são poucos os que o conseguiriam identificar numa sala de refeições cheia de gente — e ainda bem. Um dos pré-requisitos essenciais para se trabalhar para a famosa instituição que todos os anos, há mais de um século, atribui as tão desejadas estrelas Michelin, é o anonimato. Se ninguém deve saber quem são os inspectores, para evitar tratamentos diferenciados, o responsável por todos eles mais discreto ainda tem de ser.

Com poucos dias a faltar para a cerimónia de atribuição das estrelas que vão vigorar durante o ano de 2020 (serão conhecidas dia 20), o Observador conseguiu a oportunidade rara de falar com esta pessoa que conhece bem de perto todos os meandros da gastronomia ibérica, pelo menos, e que é o responsável final pela entrega ou retirada das estrelas que tanto influenciam um negócio ou carreira.
Numa conversa que se dividiu em dois momentos — primeiro por e-mail e depois por telefone –, José Vallés falou sobre um pouco de tudo apesar de diplomaticamente contornar alguns casos mais concretos. Mesmo assim deu para perceber melhor como são escolhidos os inspectores do guia, como funciona o dia a dia de cada um, quais serão as novidades portuguesas para o ano que se aproxima e até foram dadas umas luzes sobre a tão falada (aparente) diferença de critérios na distinção de restaurantes portugueses e espanhóis.

O José ocupa o cargo de chefe dos inspectores Michelin na Península Ibérica há quase um ano. Como tem sido a experiência até agora? Tem sido o esperado ou teve alguma surpresa?
Tudo muito positivo. Após 25 anos de experiência como inspector do guia Michelin, a actividade e o trabalho de criação anual do guia já fazem parte do meu modo de vida. Por outro lado, também é verdade que actualmente existe um dinamismo no sector que nos obriga a enfrentar novos desafios.
Qual é o seu papel, ao certo?
Basicamente é gerir a equipa que temos em Espanha e Portugal  de modo a que consigam executar as diferentes funções de selecção em coordenação com outros países e com os objectivo de fazer evoluir o Guia Michelin (GM). Além de transmitir os valores do GM, comuns em todos os países, claro. Também participo na selecção e classificação dos restaurantes em cada edição.
Como funciona o processo de recrutamento de inspectores para o guia Michelin? Quantos têm a avaliar a Península Ibérica no momento?
Os inspectores que trabalham para o GM são técnicos de turismo ou recebem treino semelhante em escolas de hotelaria, com vários anos de experiência no sector. O novo inspector inicia um período de formação de seis meses, durante o qual será treinado nos diferentes critérios para entregar estrelas, bem como nos critérios para designar categorias de conforto ou avaliar outros serviços. Durante esses seis meses, ele viajará com os inspectores mais veteranos da casa, comendo em mesas diferentes, antes de lhe ser atribuída uma área. O número de inspectores dedicados à avaliação da Península Ibérica varia de acordo com as necessidades e é difícil especificá-lo à medida que mais e mais colaborações com inspectores de outros países vão acontecendo. A nossa última contratação fará, em breve, dois anos de casa.
O que pode explicar sobre como funciona o trabalho de um inspector?
É um trabalho de dedicação e muita paixão. Hotéis, restaurantes, turismos rurais, estabelecimentos novos ou já existentes entram na selecção anual. A cada ano, um inspector que viaja anonimamente, come em restaurantes cerca de 250 vezes e passa cerca de 150 noites em hotéis. Cada um também visita mais de 800 estabelecimentos e escreve 1.100 relatórios. No total cobre cerca de 30.000 quilómetros. Os inspectores têm de ser verdadeiramente apaixonados por este trabalho.
Um restaurante pode pedir para ser inspecionado ou vocês só visitam aqueles que descobrem sozinhos?
Claro que nos podem pedir para visitar um restaurante. É um dos métodos que temos para conhecer novos projectos e restaurantes e é um complemento importante aos nossos próprios métodos de encontrar novidades. Antes, essas novidades chegavam-nos mais através de contactos pessoais com os funcionários da indústria hoteleira, no local, com recomendações e conversas com eles. Hoje em dia essa informação está intimamente ligada a uma pesquisa nas redes sociais, nos média, etc. … É bom saber onde fica uma boa cozinha, embora, obviamente, seja depois da nossa visita que decidimos com total independência se preenche os nossos critérios de selecção e é recomendável para GM.
O que procura um inspector Michelin? Quais são os vossos critérios para atribuir estrelas?
Os critérios de selecção para um restaurante ser distinguido são bem conhecidos e estão resumidos em cinco pontos: qualidade do produto, controle de pontos de cozedura e texturas, equilíbrio e harmonia de sabores, personalidade da cozinha e regularidade.

Diogo Lopes

https://observador.pt/especiais/30-mil-kms-pelo-mundo-250-mesas-e-1100-relatorios-por-ano-falamos-com-o-chefe-dos-inspetores-michelin/

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Combater a corrupção. Como proteger os denunciantes?

Proteger os denunciantes é uma das formas mais eficazes de melhorar o combate à corrupção. O que é feito lá fora e o que podíamos fazer cá?

Ensaio de Nuno Gonçalo Poças

Os Ensaios do Observador juntam artigos de análise sobre as áreas mais importantes da sociedade portuguesa. O objectivo é debater — com factos e com números e sem complexos — qual a melhor forma de resolver alguns dos problemas que ameaçam o nosso desenvolvimento.

A protecção dos denunciantes de crimes tornou-se um assunto essencial e tem merecido destaque isolado, muito por culpa dos fenómenos Julian Assange, Rui Pinto ou Edward Snowden. Contudo, o tema é indissociável do “crime sem vítimas”, que é a corrupção e criminalidade conexa. É portanto preciso voltar a ela, antes de mais.

Os portugueses parecem mais conscientes de que é preciso querer tomar medidas para combater os fenómenos de corrupção: num estudo recente, a corrupção passou para o topo das preocupações dos inquiridos. O primeiro-ministro, António Costa, já anunciou que o combate à corrupção será a grande bandeira da próxima legislatura. Só poderá ser, de facto, da próxima: apesar dos sucessivos anúncios de “pacotes anticorrupção”, desde há mais de uma década, o facto é que Portugal se mantém abaixo da média europeia e completamente estagnado na implementação de medidas de combate à corrupção. A percepção pública, porém, está a mudar. Segundo o Eurobarómetro Especial sobre a Corrupção, 92% dos portugueses acreditam que se trata de um problema geral no país, e 42% já reconhecem que a corrupção tem consequências no seu quotidiano e afecta a sua própria vida. Acresce ainda que, num estudo de 2017 realizado para a Comissão Europeia, estimou-se que, no âmbito da contratação pública, as perdas anuais de potenciais benefícios para os países da União Europeia decorrentes da falta de mecanismos de protecção de denunciantes estariam entre os 5,8 e os 9,6 mil milhões de euros.

“Witness to Disaster”: National Geographic apresenta documentário sobre Pedrógão Grande

O objetivo é revelar, com recurso a análises forenses, “como tudo aconteceu, e como decisões tomadas numa fração de segundo fizeram a diferença entre a vida e a morte”.

A National Geographic apresenta em novembro a série documental “Witness to Disaster” e o primeiro episódio é dedicado a Pedrógão Grande. “A história do maior incêndio na história de Portugal e de como este devastou uma comunidade rural” no verão de 2017 é contada a 20 de novembro, pelas 22h10, avançou o canal.

Às 66 vidas humanas perdidas juntaram-se 254 feridos e uma vasta área florestal totalmente destruída, uma realidade devastadora que será analisada com recurso a análises forenses. O objetivo é revelar “como tudo aconteceu, e como decisões tomadas numa fração de segundo fizeram a diferença entre a vida e a morte”.

Construída ainda com recurso a imagens amadoras e de videovigilância, assim como notícias sobre os desastres naturais mais devastadores da atualidade, “Witness to Disaster” conta também com um conjunto de entrevistas a testemunhas.

De acordo com o canal, “Witness to Disaster” — principal aposta do canal para novembro e dezembro — apresenta “momentos emocionantes de alguns dos mais marcantes desastres naturais do mundo” . A série documental conta com testemunhos reais de pessoas que sobreviveram a desastres e tragédias inimagináveis em todo o mundo, de uma mina que colapsou no Chile aos incêndios florestais em Portugal, passando pelos tornados nos EUA e por um terramoto no Nepal. Depois do episódio dedicado a Pedrógão Grande, a série apresenta “Surto de Tornados”.

Escola

Sem aulas, hoje e amanhã, para professores reunirem…

13, 14 e 15 de Novembro de 2019 ocorrerá a primeira interrupção das actividades lectivas para realização de reuniões intercalares.

Portanto: os pais e restantes familiares que se amanhem, em ficar em casa com os filhos, pois os professores estarão muito ocupados!!!