quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Retrato de um país desgovernado - uma breve comparação entre Portugal e a Noruega.

José Manuel Martins Ferreira

Professor da Faculdade de Tecnologia, Ciências Naturais e Marítimas, Universidade do Sudeste da Noruega.


Não se surpreenderá o leitor se lhe disser que não havia, quando desembarcámos em Portugal, quem realizasse o teste no aeroporto, como o Dec-Lei determina. "Estavam a chegar”. Relato do caos instalado.

Permita-me o leitor começar pela explicação, porventura desnecessária, de que é falso o argumento de que as realidades de Portugal e da Noruega não podem ser comparadas, dada a abissal diferença de recursos que existe entre os dois países. Está longe de ser apenas isso, como estas linhas demonstrarão. Tenho, desde 2013, uma posição de professor a tempo inteiro naquela que é actualmente a quarta maior universidade pública do país. Aquilo que verdadeiramente nos distingue, e que justifica o título escolhido, é a organização e o respeito que o Governo tem pelos cidadãos. Até ao eclodir da pandemia, costumava alternar duas semanas na Noruega e duas em Portugal. Actualmente, tenho passado um mês em cada país. Esta última deslocação oferece-nos um bom exemplo da acusação que o título encerra.

Viajei para Oslo no passado dia 6 de Janeiro, via Frankfurt, saindo de cá no voo que deveria partir pelas 06:20 horas da manhã. Deveria, mas não partiu, porque as baixas temperaturas da noite deram origem à formação de gelo nas asas. Foi o próprio piloto que veio ao terminal de embarque falar a todos os passageiros, para os informar de que iríamos sair atrasados porque o aeroporto do Porto não dispõe de meios para o descongelamento. Acrescentou que nunca na sua carreira tinha tido tal experiência e que a única solução seria esperar pelo nascer do dia, colocar o avião ao sol e esperar que o descongelamento acontecesse naturalmente. E foi isso mesmo o que aconteceu – embarcámos apenas pelas 08:30 horas, com mais de duas horas de atraso, e esperámos pacientemente ao sol, que entretanto nascera, até às 10 horas, quando finalmente pudemos levantar voo. Com quase quatro horas de atraso, perdi a ligação seguinte para Oslo, onde cheguei apenas alguns minutos depois da meia noite. Já nessa altura, a Noruega exigia aos passageiros que trouxessem um teste Covid-19 negativo à entrada, a que se acrescentava a exigência de realizar outro à chegada e ao cumprimento de uma quarentena de 10 dias. O teste realizado à chegada, gratuito, poderia ser substituído por outro realizado fora, desde que o resultado fosse apresentado nas 24 horas seguintes. Não foi preciso esperar pelo resultado no aeroporto, porque as autoridades sabiam como e onde contactar cada um dos passageiros.

Daremos agora um salto no tempo até hoje, 31 de Janeiro, em que regresso a Portugal. Consultei naturalmente o site SNS24 antes da viagem, para saber o que deveria apresentar. Ainda à hora em que escrevo estas linhas, este site continua taxativamente a afirmar que os passageiros vindos de “países UE e do espaço Schengen não têm de apresentar teste à Covid-19 no momento da partida, serão apenas submetidos a controlo de temperatura à chegada ao aeroporto” O endereço da página é inteiramente geral, sem referência de data, fazendo parte da prevenção dos viajantes relativamente à Covid-19.

A viagem com a Lufthansa, conhecida pela excelente organização, não começou da forma habitual. Pela primeira vez desde há largos anos, não pude fazer o check-in online, tendo recebido da companhia a explicação de que o bilhete estava “sob controlo do aeroporto” e seria lá que teria que o realizar, “à moda antiga”. Suspeito agora porquê – a companhia, sem informação sobre as novas formalidades de entrada em Portugal, não sabia se teria autorização para realizar o voo e deve ter procurado esclarecimentos até à última hora. Ao embarcar, a informação recebida foi de que as autoridades portuguesas exigiam agora o preenchimento de um formulário electrónico no portal “portugalcleanandsafe.pt”, que devolveria (como devolveu) um código QR para mostrar no controlo de passaportes. Após uma breve escala em Frankfurt, embarcámos para o Porto, onde chegámos no horário, pelas 11:25 horas da manhã.

E aqui entramos verdadeiramente no desgoverno que o título proclama. Os funcionários do SEF pediam um teste Covid-19 que era agora exigido pelo Decreto-Lei (DL) nº 20/2021, que entrara em vigor pelas 00:00 horas deste próprio dia. Dezenas de pessoas, desconhecedoras de uma exigência que as informações já referidas no portal SNS24 continuam a ignorar, não dispunham de teste. Poderá imaginar-se a confusão criada, as discussões, até o desespero – em particular, de uma senhora que tinha viajado unicamente para participar no funeral da mãe, marcado para as 14 horas.

Não se surpreenderá também o leitor se lhe disser que não havia, quando desembarcámos, quem realizasse o teste no aeroporto, como o DL determina (“estavam a chegar”). A longa fila formada, se não criou mais riscos para a propagação da doença, certamente também não constitui um bom exemplo de como a combater.

Fila de passageiros a aguardar a chegada dos técnicos para realização do teste


Quando, finalmente, chegou a minha altura de realizar o teste, eram 15:30 horas, isto é, cerca de quatro horas depois de ter aterrado. Para agravar a situação, as autoridades exigem que ninguém saia do aeroporto antes de ser conhecido o resultado, que os técnicos do laboratório esclareceram demorar “pelo menos oito horas”, uma vez que não se trata de um teste rápido, mas antes de um teste PCR com captura de amostra em ambas as narinas e na garganta. Escusado será também dizer, que o responsável pelo laboratório, argumentando com a falta de informação atempada, recusou o pagamento dos 100 euros exigidos a cada passageiro através dos respectivos seguros de saúde, por não terem podido acautelar essa situação.

No momento em que escrevo estas linhas, mais de uma centena de passageiros aglomera-se no espaço que rodeia uma pequena cervejaria, no piso das partidas, que foi a solução “desenrascada” para os acantonar, enquanto esperarão ainda várias horas pelo resultado para saberem se poderão finalmente seguir para os 14 dias de confinamento. A extraordinária falta de organização e planeamento que este episódio evidencia constituem, por si só, a melhor explicação para o estado em que o nosso país se encontra.

Este parágrafo final é escrito no dia seguinte. O resultado chegou pelas 21:41 horas, o que me permitiu abandonar, por fim, o aeroporto cerca das 22 horas. Quanto ao código QR… ninguém pediu para o ver. Perdoe-me o leitor esta deselegância final, mas a melhor descrição para aquilo que me foi dado presenciar está nas palavras de um destacado membro do Governo, Ministro de Estado, quando há tempos se referiu despropositadamente nestes termos a uma reunião da Concertação Social: “É uma feira de gado”.

https://observador.pt/opiniao/retrato-de-um-pais-desgovernado-uma-breve-comparacao-entre-portugal-e-a-noruega/

Quando Jill Biden tirou uma foto com a camisola da selecção portuguesa.

Helena Tecedeiro

Um dia após a posse de Joe Biden, o Ex-embaixador Robert Sherman republicou no Facebook uma foto com a agora primeira-dama numa passagem desta por Lisboa, em Julho de 2016, em que ambos seguram a camisola que lhe foi oferecida, autografada por todos os jogadores campeões da Europa. Um momento que recorda no DN.

Robert Sherman tem saudades de Portugal. É ele quem o confessa, numa troca de mensagens com o DN. "Sinto falta das pessoas!", escreve o antigo embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, assim, com ponto de exclamação a condizer, antes de acrescentar: "Portugal tem o povo mais caloroso e amistoso do mundo." Talvez tenham sido as saudades que levaram Sherman a, um dia depois da posse de Joe Biden como presidente dos EUA, partilhar no Facebook uma foto sua com a agora primeira-dama Jill Biden, ambos sorridentes e empunhando uma camisola da selecção portuguesa de futebol, assinada por todos e oferecida o então embaixador pelos jogadores que venceram o Europeu de 2016.

Quando Jill Biden tirou uma foto com a camisola da seleção portuguesa

"A Dra. Biden fez uma paragem em Portugal em 2016 a caminho de uma viagem a África. Tinha ouvido dizer muitas coisas boas sobre Portugal e estava ansiosa por visitar o país", recorda Sherman. E "como a visita dela aconteceu pouco depois de a selecção nacional ter ganho o Europeu, expliquei-lhe o quanto aquela vitória tinha significado para as pessoas em Portugal e para a psicologia da nação", conta o homem que graças aos seus vídeos de apoio à selecção portuguesa se tornou conhecido no país todo.

De cachecol ao pescoço ou enrolado à volta da cabeça, o advogado de Boston que em 2014 Barack Obama nomeou embaixador em Lisboa começou a fazer os vídeos por brincadeira, em resposta a uma desafio da sua homóloga em Viena. Mas à medida que a equipa ia ganhando, ia-se tornando um fervoroso adepto - ao ponto de ter ido assistir à final frente à França em Paris, com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Os jogadores não deixaram passar o apoio em branco e ofereceram a Sherman uma camisola com o seu nome e assinada por todos.

Sherman parece ter iniciado uma nova tradição na Embaixada dos EUA em Lisboa. O seu sucessor, o republicano George Glass (que entretanto já regressou à América), um fã de futebol americano, pouco depois de chegar a Lisboa foi assistir com a mulher, Mary, a um jogo de apuramento da selecção portuguesa de futebol contra a Suíça. E numa entrevista ao DN antes do Mundial de 2018, dizia: " Não sei se consigo ser um líder de claque tão animado como foi o meu antecessor, mas estou entusiasmado."

Voltando a Sherman, foi a camisola oferecida pela selecção que quis mostrar a Jill Biden. Na altura, o embaixador escreveu no Facebook como a mulher do então vice-presidente apreciara a capital portuguesa. "Foi um prazer parar em Lisboa a caminho de África. Tive a oportunidade de ver a cidade e de visitar a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. Estou tão impressionada com Portugal."



Passados quatro anos e meio, Sherman lembra ao DN como Jill Biden se mostrou "muito interessada nos portugueses", até porque "sabia pela sua experiência nos EUA como o sucesso desportivo pode elevar um país inteiro". E por isso a professora - profissão que recusou abandonar enquanto o marido foi vice e que recusa abandonar agora que é presidente - não hesitou em "posar comigo com a camisola autografada que a selecção nacional portuguesa me deu quando se preparava para embarcar no avião, como forma de honrar o povo português". E garante: "É seguro dizer que ela gostou do tempo que passou em Portugal."

De volta aos EUA e à advocacia - defendeu centenas de vítimas de abusos sexuais por membros da Igreja Católica, no caso Spotlight, que inspirou o filme homónimo -, Sherman guarda um lugar especial para Portugal no coração. "O que, para mim e para Kim [a mulher], tornou o tempo que passámos em Portugal tão especial foi a forma como os portugueses nos receberam e nos fizeram sentir parte da comunidade. Quando nos fomos embora, disseram-nos que Portugal não tem dez milhões de habitantes, tem dez milhões e dois - Kim e eu." E "até hoje Portugal permanece nas nossas almas, e os portugueses no nossos corações".

Como é tradição, os Sherman deixaram Lisboa a 20 de Janeiro de 2017, na data da posse do novo presidente, Donald Trump. Entretanto, voltaram várias vezes. "Uns meses depois de sair como embaixador, fui convidado para servir no Conselho Geral e de Supervisão do Novo Banco, por isso viajei para Portugal todos os meses até a pandemia de covid-19 restringir as viagens internacionais." Também a mulher mantém a ligação a Portugal. Depois de lançar a iniciativa Connect to Success quando era embaixatriz, Kim Sawyer dá agora aulas no Babson College, onde faz a ligação entre equipas dos seus alunos de Gestão e startups de empresárias portuguesas. "Ambos pretendemos manter o nosso envolvimento em Portugal como parte da nossa vida diária", diz.

O fim da política do tuíte

Democrata, Sherman, que trabalhou na campanha de Obama, ajudando a recolher mais de 500 mil dólares, respira de alívio com a chegada de Joe Biden à Casa Branca. E antevê uma era de cooperação reforçada entre os EUA e os aliados. "A Administração Biden rejeita política da "América Só" seguida pela Administração anterior. Há um reconhecimento de que os maiores problemas e ameaças que enfrentamos, sejam o terrorismo ou as alterações climáticas, têm de ser enfrentados através de uma parceria e cooperação global", garante Sherman. E quando os EUA procuram parceiros, "viram-se para a Europa, em primeiro lugar porque temos uma história comum e partilhamos um conjunto de valores, como o compromisso com a democracia, tolerância e respeito pelos direitos individuais".

Com Portugal a assumir neste primeiro semestre de 2021 a presidência da União Europeia, "não só existe uma relação histórica forte entre os nossos países como temos uma oportunidade única de conduzir o mundo para a frente", afirma Sherman.

O antigo embaixador acredita que a marca da presidência Biden vai ser "a previsibilidade", bem como as decisões baseadas em factos e na ciência. "Os nossos aliados, incluindo Portugal, têm de saber que Biden não vai protagonizar uma "política do tuíte", e que vamos voltar a uma análise ponderada dos assuntos e na implantação cuidadosa das nossas iniciativas estratégicas", explica.

E faz questão de sublinhar que "o presidente Biden é alguém que sabe o que são problemas financeiros e que sofreu duras perdas na sua vida", numa referência às mortes da primeira mulher e da filha bebé num acidente em 1972 e à morte do filho mais velho, Beau, de cancro, em 2015, aos 46 anos. E remata: "É a pessoa com mais compaixão que conheço, e isso vai refletir-se nas suas políticas."


https://www.dn.pt/internacional/quando-jill-biden-tirou-uma-foto-com-a-camisola-da-selecao-portuguesa--13308372.html

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Reforço do controlo populacional.

Governo na pessoa do ministro (ainda???) Eduardo Cabrita, mobilizou meios auxiliares de controlo, dos cidadãos em tempo de pandemia!


 

A EQUAÇÃO DE AL KHAWARIZMI

É considerado o fundador da Álgebra, mas talvez aquele que melhor definiu em poucas palavras o ser humano.

" Perguntaram ao grande matemático árabe

" Al Khawarizmi " sobre o ser humano

e ele respondeu :

- Se tiver Ética, ele é  1

- Se também  for Inteligente, acrescente 0 e será 10

- Se também for Rico, acrescente mais um 0 e será 100

- Se também for Belo, acrescente mais um 0 e será 1000

Mas… se perder o 1, que corresponde à Ética, então perderá todo o seu valor e restarão apenas os zeros. "

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Até onde se dobram as espinhas.

Comentário Pessoal ao texto abaixo:

Dois exemplos de invertebrados:








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E os pais, os cônjuges e os filhos destes profissionais ‘que parecem não ter coluna vertebral’, não sentem VERGONHA?!

E também somos os ‘melhores do mundo’ nisto…infelizmente:

No noticiário das 24h na TVI24: há ambulâncias à porta das urgências do Santa Maria há mais de 13 horas

Mas o ‘Costa’ e o PS continuam perto da maioria nas sondagens…força, camaradas, força…

AFINAL,’TÁTUDOBEM’ E A CULPA É SÓ DOS CHINESES

por José Mendonça da Cruz,

As televisões «informam-nos», hoje, de que não foi o oxigénio que faltou no Amadora-Sintra (uma PPP que o governo socialista «reverteu», com os resultados que se vêem).

Não, não faltou oxigénio no Amadora-Sintra, «informaram» Sic e tvi, foi apenas um excesso de doentes a necessitar dele para sobreviver.

Compreenderam?

Ainda assim, não vá ficar nódoa no andrajoso pano do governo, não vá faltar a este um coro de elogios, José Alberto de Carvalho precipita-se para o hospital de São José para «informar» sobre a ampliação da capacidade:

...tem agora mais 4 camas, 4.

E mais relembra o Carvalho, que «um Covid gasta o oxigénio de 10 pessoas com pneumonia» (mau Covid, culpado de o ser e perdulário!).

Quem ainda não tinha reparado pode, portanto, tomar nota :

...tendo que optar entre o bem-estar do governo socialista e a própria vida dos portugueses, esta espécie de gente, fará tudo pelo bem estar do governo.

Esta gente não conhece limite para o dobrar da espinha, nem tem abjecção a que não desça.

Quando esta espécie de gente vier proclamar as virtudes democráticas da «informação» que pratica, vale a pena mandá-la às partes que vos ocorram.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

A ministra da Justiça, Francisca van Dunem, tem estado no centro de uma polémica depois da divulgação de uma carta enviada para a União Europeia, em Novembro de 2019, na qual o Governo apresentou dados errados sobre o magistrado José Guerra, o procurador que elegeu para a nova Procuradoria Europeia.

Exigido esclarecimento público sobre a nomeação portuguesa para EPPO.

A Renew Europe expressa a sua mais profunda preocupação com o processo de nomeação do Procurador da República para o Ministério Público Europeu (EPPO), José Guerra. Nos últimos dias, assistimos a relatos angustiantes nos meios de comunicação que apontam que a decisão do Conselho pode ter tido motivos políticos e baseados em informações falsas prestadas pelo governo português. Se esses relatórios estiverem correctos, o Conselho colocou em risco o funcionamento e a credibilidade da EPPO.

Em oficial carta dirigida ao Presidente do Conselho Europeu e ao Primeiro-Ministro de Portugal - país que detém a presidência do Conselho - a Renew Europe solicita um esclarecimento público imediato sobre esta nomeação. Deve ser informado se houve interferência política, então todas as informações fornecidas sobre o candidato devem ser confirmadas com urgência. Se a legitimidade da nomeação não for verificada, Renew Europe solicitará um debate sobre esta questão na próxima sessão plenária e não descarta a convocação de um inquérito independente.

O presidente da Renovação da Europa, Dacian Cioloș , diz:

“Se os relatórios estiverem corretos, o Conselho optou por nomear um candidato que vai contra a recomendação do júri independente, possivelmente com base em informações falsas e por razões políticas. Ao fazê-lo, o Conselho comprometeu potencialmente o funcionamento da Procuradoria Europeia e prejudicou o Procurador Europeu. Isso abre um precedente perigoso e inaceitável para Renew Europe e é por isso que pedimos esclarecimentos imediatos antes de darmos os próximos passos. ”

Sophie in 't Veld , coordenadora da Renew Europe no Comité das Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos, conclui:

“A Europa precisa de um órgão promotor forte e independente que possa enfrentar crimes internacionais graves. Por conseguinte, um júri independente recomendou candidatos adequados para a Procuradoria Europeia (EPPO). O não cumprimento das recomendações compromete e prejudica gravemente o funcionamento deste escritório. No entanto, é exactamente isso que o Conselho está a fazer, ao optar pelos candidatos preferidos pelos governos belga, português e búlgaro. O Conselho deve comprometer-se com a independência da EPPO e abster-se de desvios por motivos políticos da recomendação do júri independente. ”

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Solicitados esclarecimentos públicos sobre a nomeação de Portugal para o Ministério Público Europeu

A Renew Europe expressa a sua mais profunda preocupação com o processo de nomeação do procurador português para o Ministério Público Europeu, José Guerra. Nos últimos dias, assistimos a relatos angustiantes nos meios de comunicação que apontam que a decisão do Conselho pode ter sido motivada politicamente e com base em informações falsas prestadas pelo Governo português. Se esses relatórios estiverem corretos, o Conselho comprometeu o funcionamento e a credibilidade da Procuradoria Europeia.

Em carta dirigida oficial ao Presidente do Conselho Europeu e ao Primeiro-Ministro de Portugal - país que detém a presidência do conselho - a Renew Europe exige esclarecimentos públicos imediatos sobre esta nomeação. Deve ser esclarecido se houve interferência política, então todas as informações fornecidas sobre o candidato devem ser confirmadas com urgência. Se a legitimidade da nomeação não puder ser verificada, Renew Europe irá solicitar um debate sobre esta questão na próxima sessão plenária e não descarta a solicitação de uma investigação independente.

Dacian Ciolo ş , presidente da Renew Europe , diz:

"Se os relatórios estiverem corretos, o Conselho optou por nomear um candidato que vai contra a recomendação do Conselho de Seleção Independente, possivelmente com base em informações falsas e por razões políticas. Ao fazer isso, o Conselho tem potencialmente comprometeu o funcionamento da Procuradoria Europeia e enfraqueceu o Procurador Europeu. Isto abre um precedente perigoso e inaceitável para Renew Europe, razão pela qual pedimos esclarecimentos imediatos antes de darmos os próximos passos ".

Sophie in 't Veld, coordenadora da Renew Europe na Comissão das Liberdades Civis , Justiça e Assuntos Internos, conclui:

"A Europa precisa de um órgão de acusação forte e independente que possa enfrentar crimes internacionais graves. É por isso que um júri independente recomendou candidatos adequados para o Ministério Público Europeu. Incumprimento das recomendações compromete e compromete gravemente o funcionamento deste Gabinete. Mas é exactamente isso que o Conselho está a fazer, escolhendo os candidatos favoritos dos Governos belga, português e búlgaro. O Conselho deve comprometer-se a garantir a independência do Ministério Público Europeu e «abster-se de se desviar, por razões políticas, da recomendação do comité de seleção independente». https://reneweuropegroup.eu/en/news/1308-renew-europe/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Quais são os alimentos ricos em vitamina C?

Uma dieta equilibrada é a melhor maneira de obter as necessidades de vitamina C, aconselha Alina Fernandes, nutricionista do Hospital Lusíadas Porto. São muito raros os casos em que é necessário recorrer a suplementos, o que só deve suceder por recomendação médica.


Como actua no organismo

A vitamina C (também designada ácido ascórbico) colabora no fabrico de algumas hormonas e alguns neurotransmissores e, além de ajudar a cicatrizar feridas, reforça o sistema imunitário ajudando a prevenir infecções.É uma substância fundamental na formação de colagénio. O colagénio, por sua vez, dá firmeza e elasticidade aos tecidos como a pele, os músculos, as paredes das artérias e das veias, assim como resistência aos ossos e aos dentes.

Alimentos ricos em vitamina C

Salsa, couve-galega, couve-de-bruxelas, couve-portuguesa ou penca, pimento, grelos de nabo e de couve, agriões, couve-flor, kiwi, papaia, couve-lombarda, coentros, couve-roxa, laranja, limão, castanha, morango, toranja, brócolos, couve-branca, clementina, nectarina, espinafres. Os alimentos estão organizados por teor de concentração de vitamina C (começando no que tem maior concentração) e considerando os legumes crus.

    Conselhos úteis:

    • Prefira os alimentos crus. Há sempre perdas consideráveis de vitamina C durante o processo de cozedura;

    • As frutas e os legumes devem ser consumidos o mais frescos possível, pois a própria refrigeração leva a perdas de vitamina C;

    • A fruta deve ser consumida logo que é cortada, assim como os sumos devem ser bebidos logo que acabados de fazer (a cor e o próprio sabor denunciam a oxidação). A exposição ao ar e à luz provocam perdas significativas de vitamina C


    Dose diária recomendada

    A dose é variável consoante a idade, sexo e ciclo de vida:

    Vitamina C: propriedades

    Quando tomar suplementos

    Uma dieta equilibrada rapidamente ajuda a obter as necessidades de vitamina C, por isso são muito raros os casos em que se necessita de recorrer a suplementos. A suplementação só deve ser feita em situações muito particulares e de acordo com a indicação do médico. O consumo em excesso pode ser perigoso.

    Consequências da falta

    As consequências são fadiga, mal-estar e inflamação das gengivas. A deficiência aguda de vitamina C pode originar escorbuto. À medida que a deficiência desta vitamina progride, a síntese de colagénio diminui. Todo o processo de cicatrização está dificultado. Sintomas adicionais de escorbuto incluem depressão, bem como inchaço, sangramento das gengivas e enfraquecimento ou perda de dentes.

    A anemia por deficiência de ferro também pode ocorrer devido ao aumento do sangramento e diminuição da absorção de ferro, cujo processo depende da dose certa de vitamina C. Nas crianças pode ainda ocorrer doença óssea.

    https://www.lusiadas.pt/

    sábado, 9 de janeiro de 2021

    Os “portugueses de bem” que se chegaram ao Chega 

    Será verdade, que estas pessoas estão ligadas ao Chega?

    Quem são os “portugueses de bem” que se chegaram ao Chega:

    1) João Maria Bravo – Dono do Grupo Sodarca. Lidera o fornecimento de armas, munições, tecnologia e equipamento militar ao Estado, forças Aramadas e Segurança.

    2) Paulo Corte-Real Mirpuri – Empresário que liderou a Air Luxor (que acabou sufocada em dívidas, tendo os bens desaparecido misteriosamente), filantropo.

    3) Francisco Sá Nogueira, gerente da área turística da Helibravo. Ex-presidente da antiga holding do Grupo Espirito Santo para as atividades de agencias de viagens e operador turístico, a Espirito Santo Viagens.

    4) Jorge Ortigão Costa – Empresário e produtor agricola, amante de touradas (coudelaria com o mesmo nome), cujo nome consta no Panama Papers

    5) Francisco Cruz Martins – Advogado, padrinho de casamento de Ventura, também citado no Panama Papers, administrador de imobiliárias pertencentes à Breteuil Strategies (sediada no Chipre, reconhecido paraíso fiscal).

    6) Salvador Posser de Andrade – Co-administrador da antiga empresa imobiliária do Grupo Espirito Santo, e administrador da Coporgest.

    7) Jaime Nogueira Pinto – histórico militante fascista, “o grande pai da extrema-direita portuguesa desde o fim da ditadura salazarista” (Steven Forti)

    8) Eduardo Amaral Neto – Empresário com ligações à Chamusca. Dono da sociedade de consultoria Gavião Real.

    9) César do Paço – empresário, ex-consul honorário de Portugal na Florida (cargo do qual foi exonerado), dono da multinacional Sumit Nutritionals, fanático da Defesa. Pelo Codigo Penal de André Ventura, hoje seria “maneta” porque roubou um relógio de 7.500€.

    10) Helder Fragueiro Antunes – Empresário, Engenheiro, ex-piloto de corridas. CEO da Global Data Sentinel. Parceiro de Cesar do Paço em alguns negócios, primo de Miguel Frasquilho (chairman da TAP).

    11) Pedro Pessanha – Militar na Reserva, gestor imobiliário. Assessorou vários negócios do BES Angola (BESA), hoje Banco Económico.

    12) Fernando Jorge Serra Rodrigues – Empresário Textil (sofás). Salazarista devoto, defensor da ditadura fascista do Estado Novo e divulgador de propaganda nas redes sociais. É o famoso autor da saudação Nazi no jantar de apoio a André Ventura no Porto.

    13) Igreja Maná (de Jorge Tadeu) – detentora dos canais de televisão Kuriakos TV, TV Maná e ManáSat 1, tem dado especial destaque a André Ventura nos seus canais promovendo-o como “defensor da moral e dos bons costumes cristãos contra gays e outras modernices antinatureza e antifamilias”.

    14) Luis Filipe Graça- sócio na mediadora Elegantalfabeto. Foi angariador imobiliário no segmento premium. Ex-dirigente do PNR e do Movimento de Oposição Nacional, embrião dos neonazis da Nova Ordem Social, tendo aparecido em vídeos com skinheads em protestos.

    15) Cristina Vieira – Cartomante na TVI, antiga diretora de Operações da LibertaGia, sociedade que a partir das Bahamas terá lesado perto de 2 milhões de clientes através de um esquema fraudulento de pirâmide.

    16) José Lourenço – Consultor Imobiliário. VP na “Fundação” dePaço. Acusado pelo ex-dirigente Nacional do Chega (Miguel Tristão) de fazer entrar dinheiro de formas “estranhas” no partido. O seu nome consta da lista publica de devedores fiscais em Portugal. Amigo do espião Silva Carvalho “com muito gosto”.

    17) António Tanger Correia – ex-diplomata, adjunto de Freitas do Amaral durante o governo de Sá Carneiro. Suspenso de várias funções devido a VÁRIAS irregularidades na gestão da embaixada em Vilnius: lesou o Estado em 348.270€ em IVA mais 411.181€/ano em despesas pessoais

    18) Paulo Lalanda de Castro – Empresário. Referenciado nos Panama Papers, Operação Marquês e nos Vistos Gold. Acusado de corrupção no processo Máfia do Sangues. Dono da Intelligent Life Solutions, empresa que André Ventura ajudou a ilibar no pagamento de mais de 1 milhão de Euros em IVA, enquanto Inspetor Tributário.

    19) Armando Batista – Comandante da Delegação da Cruz Vermelha da Amadora. Defende a criminalização e deportação de imigrantes ilegais. Promoveu petições contra o Pacto de Migração e Asilo da CE, mas afirma não ser xenófobo. Ligação às forças e aos serviços de Segurança.

    20) Arlindo Fernandes – Empresário, admirador de Salazar, ex-dirigente e breve deputado do CDS. Acusado em 2019 pelo MP de burla qualificada, falsificação de documentos e branqueamento de capitais em negócios imobiliários. Ameaçou de morte João Ferreira, outro dirigente do Chega.

    21) Manuel de Carvalho – O “Miterrand” de Armamar. Empresário, consul honorário da Costa do Marfim, antigo deputado e ex-vereador do CDS (Viseu). Em 2012 foi declaro insolvente por dividas à banca, tendo cumprido o prazo da exoneração do passivo.

    22) Diogo Pacheco de Amorim – antigo ideólogo do PND.

    quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

    Os exércitos da direita

    Por Aris Roussinos

    Por dentro das milícias extremistas da Ucrânia

    o lado de fora dos escritórios do conselho municipal no distrito de Obolon, em Kiev, Andriy Biletsky estava prestes a fazer um discurso. Era um dia de primavera em 2019, e voluntários do grupo de extrema direita de Biletsky, o movimento Azov, estavam ociosos sob o sol ao lado do edifício sombrio da era soviética, enquanto outros circulavam à sombra das bétulas e tílias de um parque próximo, quase superando os membros do público. Os voluntários vestiram camisetas justas e pesadas botas militares, e estavam prontos para gravar o processo com telefones celulares e câmeras de vídeo. Os espectadores, em sua maioria aposentados, agarravam sacolas plásticas de compras e fofocavam entre si.

    Azov foi estabelecido em 2014 como uma milícia voluntária e foi elogiado por sua intervenção heróica na campanha extenuante da Ucrânia contra os separatistas apoiados pela Rússia no leste. Desde aquelas primeiras vitórias, no entanto, Azov expandiu seu escopo, conseguindo se integrar às forças armadas, à polícia e a outras estruturas do estado ucraniano. Estabeleceu seu próprio partido político, o Corpo Nacional. Biletsky, que comandou as forças militares de Azov contra a Rússia, é o líder do partido. …

    https://harpers.org/archive/2021/01/the-armies-of-the-right-ukraine-militias/

    The Souvenir Museum

    Por Elizabeth McCracken

    Talvez ela devesse saber que iria encontrar seu amor perdido - seu marido viking, desaparecido há tantos anos - em Sydesgaard, na ilha de Funen, na aldeia de seu povo. Dormindo na cabana da curandeira, consolada pela curandeira, amada pela curandeira, que era (descobriu-se) uma podólogo de Aarhus chamada Flora. A própria aldeia era um local educacional e um local de férias onde, se você quisesse, poderia usar uma fantasia e fiar lã para se divertir. Quanto a Aksel - ele era o ex-marido ou ex-marido de Joanna em união estável? Onze anos atrás, eles se separaram depois de viverem juntos por dez. “Terminada” - um verão Aksel partiu para a Dinamarca, e ela nunca mais teve notícias dele.

    Não nunca mais. Ele enviou um cartão postal de desculpas de Londres. Mas nunca depois disso, nada por onze anos. Ela se casou, se tornou mãe, perdeu a mãe, se divorciou legalmente e finalmente ficou órfã com a morte do pai . Seu pai, que ficou inconsolável quando Aksel desapareceu, por seu próprio bem. Quem mais tomaria o café da manhã com ele com vinho branco e ostras? Quem iria discutir as complexidades das tortas saborosas: porco, rim, a empanada versus o pastel da Cornualha? Eles se adoravam. Enormes e barbudos, condescendentes e afetuosos, vorazes, de olhos tristes, os dois. Mortificante, quando Joanna pensava nisso, como eles eram parecidos - seus amigos comentaram sobre isso. Foi o pai dela quem se referiu a Aksel como um marido de união estável, quando ele era em todos os sentidos um namorado, incluindo a maneira como ela pensava nele anos depois: com uma lascívia intocada por ter que se desembaraçar legalmente. …

    Miniatura do Museu de Lembranças

    https://harpers.org/archive/2021/01/the-souvenir-museum-elizabeth-mccracken/

    Poema aos homens constipados - António Lobo Antunes

    Pachos na testa, terço na mão,

    Uma botija, chá de limão,

    Zaragatoas, vinho com mel,

    Três aspirinas, creme na pele

    Grito de medo, chamo a mulher.

    Ai Lurdes que vou morrer.

    Mede-me a febre, olha-me a goela,

    Cala os miúdos, fecha a janela,

    Não quero canja, nem a salada,

    Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.

    Se tu sonhasses como me sinto,

    Já vejo a morte nunca te minto,

    Já vejo o inferno, chamas, diabos,

    Anjos estranhos, cornos e rabos,

    Vejo demónios nas suas danças

    Tigres sem listras, bodes sem tranças

    Choros de coruja, risos de grilo

    Ai Lurdes, Lurdes fica comigo

    Não é o pingo de uma torneira,

    Põe-me a Santinha à cabeceira,

    Compõe-me a colcha,

    Fala ao prior,

    Pousa o Jesus no cobertor.

    Chama o Doutor, passa a chamada,

    Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.

    Faz-me tisana e pão de ló,

    Não te levantes que fico só,

    Aqui sozinho a apodrecer,

    Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer

    POEMA: o Cerco


    Cantor Pedro Barroso confessa que não consegue ser “gay”… mas que se sente bem assim




    Venho aqui pedir desculpa

    de não ser evoluído,

    apesar destas campanhas

    na rádio, na televisão,

    em toda a parte, insistindo

    na urgência do assunto…

    Eu não consigo gostar;

    - não consigo mesmo, pronto.

    Sei que pertence ser gay,

    toda a gente deve ser.

    Mas eu, lamentavelmente

    não sou como toda a gente;

    Como aconteceu… não sei,

    peço desculpa por isso,

    mas confesso: sou… diferente.

    Sei que vos pode ofender

    esta minha enfermidade,

    pois um gajo que assim pensa

    hoje em dia, não tem nexo;

    deveria ser banido,

    expulso da comunidade.

    É uma vergonha indecente

    Gostar de mulher, ter filhos

    Casar, afagar, perder-se

    Com pessoa doutro sexo!

    Uma nojeira repelente;

    Dar-lhe, até, beijos na boca

    em público! E declarar

    Esta sua preferência

    Que eu nem sei classificar!

    Tenho uma vergonha louca

    E desejo penitência

    por tal desconformidade,

    retardamento, machismo,

    doença, fatalidade!

    Já tentei tudo: - inscrevi-me

    em saunas, aulas de dança

    cursos de perfumaria

    origami, greco romana,

    ioga - para ter ousadia

    boxe - p’ra ganhar confiança...

    Mas quando chega o momento

    De optar… sou… decadente,

    Recorrente e insistente.

    Opróbrio raro e demente,

    Ver uma mulher seduz-me,

    Faz-me vibrar, deslumbro.

    Vê-la falar, elegante;

    Vê-la deslizar, sensual

    Como vestal, deslumbrante

    Seu peito assim, saltitante

    Sua graça embriagante

    olho com gosto, caramba,

    lamento ser tão ...normal.

    Mas eu confesso que sinto

    - neste corpo tão cansado

    Que da vida já viu tanto...

    Ainda sinto um desejo

    Que m’ envergonha bastante

    Por ser já tão deslocado

    tão antigo, assim tão fora

    do mais moderno critério.

    Valia mais estar calado

    Mas amigos, já agora

    Assumo completamente:

    - Tenho esse problema sério.

    Nunca integrarei partidos

    Onde não sou desejado.

    No planeta das tais cores

    não tenho dia aprazado,

    nem bandeira, nem veado,

    nem “orgulho” especial!

    Sou mesmo do “outro lado”

    dito “heterossexual”

    e já me chateia um bocado

    Ter que dizer, embaçado,

    que me atrai o feminino

    e sou apenas “normal”!

    - e, portanto, avariado.

    Mas… mesmo assim, - saudosista,

    imensamente atrasado,

    terrivelmente cercado,

    conservador nesse ponto,

    foleiro, desajustado...

    perdoai-me tal pecado

    - Não me sinto ...assim tão mal!

    1ª semana, 1º escândalo. O 2021 do Governo promete.

    O Governo não enganou ninguém, só não terá esclarecido que, neste caso, CV não era a habitual abreviatura da expressão latina “curriculum vitae”, mas a mais lusitana sigla para “Cunha da Van Dunem”.

    E na primeira semana de 2021, tempo de assistir ao primeiro escândalo do ano envolvendo o Governo. Nada mau. A manter-se esta média modesta de uma trafulhice semanal, 2021 pode revelar-se, por comparação com 2020, até bem tranquilo para o executivo de António Costa. O cardápio de trafulhices para os próximos 12 meses abriu com uma clássica marosca documental. O currículo do magistrado proposto pelo Governo para o cargo de Procurador Europeu, José Guerra, foi todo ele martelado, de molde a ultrapassar Ana Mendes de Almeida, primeira classificada na escolha do Comité de Seleção Internacional, que avaliou os pretendentes ao cargo. Ou foi isto, ou estamos perante um caso de pura má fé jornalística. Na verdade, o Governo não enganou ninguém ao dizer que enviou o CV de José Guerra lá para a Europa. Só não terá esclarecido que, neste caso, CV não era a habitual abreviatura da expressão latina “curriculum vitae”, mas a mais lusitana sigla para “Cunha da Van Dunem”.

    À boleia deste episódio, precipitados indivíduos não só clamaram incompetência por banda da Ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, como trouxeram à liça o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e o caso do cidadão ucraniano morto nas instalações do SEF. Tudo para insinuar um hipotético padrão de inépcia deste Governo. Pasmo perante o grotesco de tal sugestão. É que estes dois casos não são apenas distintos, são diametralmente opostos. Se no caso do procurador José Guerra estamos perante um funcionário público que garante ter feito muito mais do que realmente fez, já no caso do SEF estamos perante funcionários públicos que garantem não ter feito coisa rigorosamente nenhuma.

    O que é indiscutível é que esta situação do procurador José Guerra indicia um padrão de comportamento de António Costa. Pura e simplesmente, o nosso Primeiro-Ministro não tolera ficar em segundo lugar. Ficou em segundo nas eleições de 2015, pumba!, trata de inventar a geringonça para passar para primeiro lugar. Agora, o seu candidato ficou em segundo na eleição para Procurador Europeu, tumba!, trata de inventar uma moscambilha para o passar para primeiro lugar. Não tolera ficar em segundo lugar, António Costa. A não ser, claro, em rankings europeus de PIB per capita, ou de investimento público, ou de crescimento económico, ou assim. Aí, tudo bem.

    Bom, no meio destas polémicas, terá escapado à generalidade dos analistas, mas não ao olho de falcão — com 2,75 dioptrias na vista direita e 2 dioptrias na esquerda ~- deste analista, o facto da produtividade/hora da função pública em Portugal ter crescido de forma exponencial nestas semanas. Nos últimos tempos, houve quem se tenha fartado de teclar no seu computador por essas repartições públicas fora. Como se não bastasse a extensa informação que teve de ser adicionada para produzir o imaginário currículo do magistrado José Guerra, ainda tivemos o caso dos boletins de voto para as eleições presidenciais, nos quais foi introduzido o nome e a fotografia de um candidato que, afinal, nem sequer pode concorrer. Isto, sim, é dar tudo para que o país não avance.

    A propósito das eleições para a Presidência da República, o candidato em destaque, nas entrevistas e nos primeiros 37 de 159 debates, foi, claramente, Vitorino Silva. Num primeiro instante, Tino de Rans esteve impecável ao afirmar, com a autoridade de quem deu ao mundo o êxito “Pão, Pão, Fiambre, Fiambre”, que “O nosso Presidente apalhaçou um bocadinho a função de Presidente da República”. Já num segundo momento, o fundador do partido RIR não foi tão bem sucedido. No debate com André Ventura, Tino decidiu fazer uma metáfora sobre a tolerância racial e étnica, mostrando umas pedras de várias cores que apanhou na praia e que depois ofereceu ao líder do Chega. O meu receio agora é que, assim que se cruze com um cigano na rua, André Ventura lhe mande uma calhoada com uma dessas pedras da tolerância.

    Tiago Dores