quarta-feira, 21 de maio de 2025

Alquimia

Mas o ouro produzido existe apenas durante uma fugaz fracção de segundo.

Ou seja: este é mais um produto do LHC que não serve de coisa nenhuma à humanidade.

Ainda está, aliás, por nascer o dia em que vamos descobrir que préstimo objectivo tem o CERN (localizado em Meyrin, no cantão de Genebra, na fronteira Franco-Suíça) e o seu oneroso acelerador de partículas.

A F P

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Alquimia

Cientistas transformam chumbo em ouro (no LHC).

20 Mai 25

|Ciências & Tecnologia

 Durante séculos, os alquimistas sonharam em transformar em ouro outros metais inferiores, desbloqueando o potencial escondido dos seus elementos constituintes. Embora os métodos 'pseudocientíficos', de que até Isaac Newton era fiel praticante, nunca tenham dado frutos, os esforços da ciência moderna parecem ter tido mais sucesso, se bem que ao nível quântico.

Os investigadores do Grande Colisor de Hadrões (LHC) – o maior acelerador de partículas do mundo – observaram uma transmutação real de chumbo em ouro. Mas esta transformação não resultou de colisões directas entre os átomos. Em vez disso, surgiu através de um novo mecanismo que envolve interacções próximas do erro entre núcleos atómicos.

O LHC foi construído para acelerar partículas até perto da velocidade da luz. As colisões destas partículas permitem, alegadamente, estudar os blocos de construção fundamentais da matéria e explorar a forma como o nosso universo está estruturado nas suas escalas mais elementares.

Embora se tenha obtido informação "vital" destas colisões frontais, a maior parte dos encontros no interior do colisor são indirectos. Nestes "quase-acidentes", as partículas passam perto umas das outras sem entrar em contacto, mas geram campos electromagnéticos tão intensos que podem desencadear reacções nucleares inesperadas.

os responsáveis da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) escreveram num comunicado:

"O campo electromagnético que emana de um núcleo de chumbo é particularmente forte porque o núcleo contém 82 protões, cada um com uma carga elementar. Além disso, a velocidade muito elevada a que os núcleos de chumbo viajam no LHC (correspondente a 99,999993% da velocidade da luz) faz com que as linhas do campo electromagnético sejam esmagadas numa fina panqueca, transversal à direcção do movimento, produzindo um impulso de fotões de curta duração."

Este impulso pode desencadear um processo conhecido por dissociação electromagnética, em que um fotão interage com um núcleo, induzindo oscilações internas que ejectam neutrões e fotões. No caso de um átomo de chumbo, a perda de três protões através deste processo resulta na formação de ouro.

No mesmo comunicado, Marco Van Leeuwen, porta-voz do projeto ALICE (A Large Ion Collider Experiment) no LHC, a equipa por detrás dos novos resultados, afirmou:

"É impressionante ver que os nossos detectores conseguem lidar com colisões frontais que produzem milhares de partículas, ao mesmo tempo que são sensíveis a colisões em que apenas algumas partículas são produzidas de cada vez, permitindo o estudo de processos de 'transmutação nuclear' electromagnética".

O trabalho "é o primeiro a detectar e analisar sistematicamente a assinatura da produção de ouro no LHC a nível experimental", acrescentou Uliana Dmitrieva, da equipa ALICE.

Os investigadores conseguiram identificar a perda de protões não só associada à formação de ouro, mas também à produção de átomos de chumbo, tálio e mercúrio. Esta análise foi possível graças a um dispositivo chamado calorímetro de zero graus (ZDC), que detecta e conta as interações fotão-núcleo medindo as emissões resultantes.

A equipa informou que o LHC pode produzir até 89.000 núcleos de ouro por segundo a partir de colisões chumbo-chumbo. Os responsáveis do CERN acrescentaram ainda no comunicado:

"A análise do ALICE mostra que, durante a segunda fase do LHC (2015-2018), foram criados cerca de 86 mil milhões de núcleos de ouro nas quatro principais experiências."

Quem pense que finalmente o CERN poderá começar a pagar as somas incomensuráveis de dinheiro que custa aos contribuintes europeus vai porém sofrer uma desilusão grande. A quantidade de outro produzida pelo LHC corresponde a apenas 29 picogramas (2,9 ×10-11 gramas), e estes átomos de ouro têm uma vida extremamente curta. Estão de tal forma carregados de energia que embatem imediatamente em partes do LHC, como o tubo do feixe ou os colimadores, desfazendo-se quase instantaneamente em protões, neutrões e outras partículas. Como resultado, o ouro existe apenas durante uma fugaz fracção de segundo.

John Jowett, também do colectivo ALICE, conclui:

"Os resultados […] testam e melhoram os modelos teóricos de dissociação electromagnética que, para além do seu interesse físico intrínseco, são utilizados para compreender e prever as perdas de feixe que constituem um importante limite ao desempenho do LHC e de futuros colisores."

Ou seja: este é mais um produto do LHC que não serve de coisa nenhuma à humanidade.

Ainda está, aliás, por nascer o dia em que vamos descobrir que préstimo objectivo tem o CERN e o seu oneroso acelerador de partículas.


 

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Um caso que já enjoa

O Parlamento tem dias.

O caso já enjoa. Ainda assim, quando questionado, Pedro Nuno Santos
garantiu há dias que não há qualquer passo atrás na ideia de avançar com
uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso da empresa da família do
primeiro-ministro, a Spinumviva. A declaração foi feita à saída de um
almoço, em Lisboa, com dirigentes da Confederação Empresarial de Portugal.
Mas será mesmo assim?
O secretário-geral do PS assegura que «nada mudou» em relação à comissão
de inquérito ao caso Spinumviva. Explica que o que tinha dito antes era
que «se todos os esclarecimentos fossem dados até ao final das eleições,
podia deixar de ser necessário». Contudo, não acredita que isso vá
acontecer, sendo uma hipótese «meramente teórica».
Uma trapalhada. O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, diz que a
hipótese de deixar cair a comissão de inquérito a Luís Montenegro é
«meramente teórica». O socialista considera que o primeiro-ministro não
tem vontade de fazer esclarecimentos sobre a empresa de família.
Questionado sobre as declarações relativamente à comissão de inquérito
ao caso Spinumviva e às acusações feitas pelo líder da IL, Rui Rocha, de
que Pedro Nuno Santos estaria a "recuar", o líder socialista assegura
que "nada mudou" e que a comissão de inquérito se mantém se o
primeiro-ministro continuar a "fugir" aos esclarecimentos. "Eu não mudei
a minha posição em nenhum momento e não há nenhuma contradição porque a
comissão parlamentar de inquérito foi por nós anunciada porque Luís
Montenegro não dava as respostas. Como nada mudou até agora...".
De acordo com o secretário-geral do PS, a "realização da comissão
parlamentar de inquérito depende, sobretudo, de Luís Montenegro e de
mais ninguém. Não vejo nenhuma vontade do ainda primeiro-ministro fazer
os esclarecimentos. Esclarecimentos que eu estive disponível para fazer,
e fiz em público. Infelizmente, não vi o meu principal adversário com
essa disponibilidade", critica. Com esta ausência de esclarecimentos,
segundo o líder do PS, «o pior que aconteceria a Portugal» era haver um
«Governo liderado por alguém que continua a fugir às perguntas».
As declarações do secretário-geral do PS foram proferidas num contexto
em que disse querer ver clarificada o quanto antes a questão da
averiguação preventiva do Ministério Público sobre a compra, feita por
ele mesmo, Pedro Nuno, de duas casas. Se possível, disse, «antes de os
portugueses serem chamados às urnas». Mas sabe perfeitamente que essa é
uma hipótese mais do que remota.
«Era correto, não tanto por mim, mas pelos portugueses que vão fazer uma
escolha no dia 18 de maio e têm de saber se têm algum motivo de
preocupação com quem têm à sua frente», defendeu o líder do PS, dizendo
esperar que esta situação não o prejudique, e assegurando que fez tudo
«aquilo que podia» com as explicações que
deu, colocando toda a informação pública como diz que lhe competia.
«Tivesse o meu adversário feito o mesmo se calhar nós não estávamos na
situação em que estamos. Por mais desagradável que possa ser fazer um
'striptease' da sua vida, esse é o custo da decisão» que tomou de estar
na vida política, reiterando que o primeiro-ministro deveria também
prestar todos os esclarecimentos sobre as situações que o envolvem.
E é aqui que, questionado pelo jornalista do ECO, António Costa, sobre o
caso da Spinumviva, Pedro Nuno Santos disse já saber «o suficiente para
fazer um juízo negativo da seriedade do ainda primeiro-ministro», Luís
Montenegro. Sobre a comissão parlamentar de inquérito que o PS propôs no
Parlamento, o líder socialista voltou a dizer que espera que "não seja
necessário" recorrer a este instrumento na próxima legislatura por ter a
expectativa de, até ao final da campanha, ser possível esclarecer o que
considera estar em falta.
Mas, como se sabe, a política é para duros, principalmente nos partidos
de poder.
Montenegro ou Pedro Nuno sabem que quem perder as eleições vai
seguramente perder a liderança do seu partido. Ninguém suporta líderes
que perdem. É esse o exato momento em que deixam de ser líderes.
Ficam à espera do próximo Congresso para voltarem à sua vida.
A última semana de campanha eleitoral trouxe-nos mais do mesmo. Os
partidos maiores, AD e PS, num desesperado apelo ao voto útil. Os
partidos menores, numa recorrente garantia da sua superioridade moral.
Domingo está ao virar da esquina, e os eleitores logo escolhem.
Tudo indica que uma solução duradora é pouco provável.
O aviso foi deixado por Marques Mendes. O candidato presidencial
classificou a estabilidade como uma questão vital para o país e advogou
que a campanha eleitoral para as legislativas não foi esclarecedora. ■
Eva Cabral - Diabo

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Hedy Lamarr


Hedy Lamarr, nome artístico de Hedwig Eva Maria Kiesler, é frequentemente chamada de "a mulher mais bonita do mundo". Aos 26 anos, ela era uma grande estrela em Hollywood. 

Mas, em setembro de 1940, algo terrível aconteceu: submarinos nazis afundaram um navio de cruzeiro que tentava levar 90 estudantes britânicos para um local seguro no Canadá. Infelizmente, 77 crianças afogaram-se no frio Oceano Atlântico.

Hedy, judia e que havia se mudado para os Estados Unidos, vinda da Áustria controlada pelos nazis em 1938, estava desolada e furiosa. Ela decidiu ajudar usando suas habilidades em engenharia. Trabalhou na criação de um novo sonar que poderia ajudar a localizar submarinos inimigos, dando aos Aliados uma vantagem importante.

As ideias que ela teve mais tarde se tornaram parte da tecnologia que usamos hoje para Wi-Fi, CDMA e Bluetooth. Em 2014, Hedy foi homenageada por seu brilhante trabalho ao ser introduzida no Hall da Fama dos Inventores Nacionais.

Caridade envolta em dignidade,

A mulher lhe disse:

"Levo 6 ovos por 2,50 ou vou-me embora e não levo nenhum."

O velho vendedor respondeu:

"Você pode comprá-los pelo preço que quiser." Este é um bom começo para mim porque hoje não vendi um único ovo e tenho que vender tudo para alimentar a minha família.

Ela comprou esses ovos pelo preço que queria e saiu se sentindo como se tivesse ganhado.

Ela entrou no seu lindo carro e foi a um restaurante chique com o namorado.

Ela e o namorado pediram o que queriam. Comeram pouco e deixaram quase tudo o que pediram.

Ela recebeu uma conta de € 180. A mulher deixou a quantia exorbitante de € 200 e disse ao dono do elegante restaurante que o restante era gorjeta.

Essa história pode parecer normal para o chef de um restaurante de luxo, mas muito injusta para o vendedor de ovos...

A questão é:

Por que sempre temos que demonstrar poder sobre um mau vendedor quando compramos o que ele tem a oferecer?

E por que somos generosos com aqueles que nem precisam da nossa generosidade?

Certa vez li em algum lugar:

"Meu pai comprava produtos dos pobres por preços altos, mesmo sem precisar dessas coisas.

Às vezes, ele pagava mais. Fiquei em choque. Um dia, perguntei-lhe: "Por que está fazendo isso, pai?"

E meu pai respondeu:

"Isto é caridade envolta em dignidade, minha filha"

Activo e ...

Uma jovem sueca que se descreveu como dona de uma beleza extraordinária e de encantos extremamente sedutores

postou um anúncio anónimo no Craigslist afirmando que estava procurando um homem rico para se casar com uma renda anual de mais de US$ 500.000, além de diversas condições.

Ela recebeu a seguinte resposta de um comentador:

- Minha querida e linda senhora...

Li a sua postagem com interesse e acho que muitas garotas bonitas têm perguntas semelhantes às suas. Permita-me analisar as suas perguntas como investidor profissional. O meu rendimento anual total é superior a US$ 500.000, o que atende perfeitamente às suas necessidades.

Da minha perspectiva de empresário, seria uma péssima decisão me casar com você. 

Aqui está minha resposta curta, e deixe-me explicar o porquê:

Independentemente dos detalhes, o que você está fazendo agora é uma transação pura. Uma troca da sua "beleza" pelo "meu dinheiro".

A Pessoa A tem a beleza, e a Pessoa B pagará por ela. Uma transação perfeitamente justa e direta. No entanto, há um problema fatal aqui: sua beleza inevitavelmente diminuirá com o passar dos anos, enquanto meu dinheiro não deve diminuir sem um motivo convincente. A verdade é que minha renda provavelmente aumentará de ano para ano, enquanto você não ficará mais bonita em poucos anos.

Então, de uma perspectiva económica, eu represento um "ativo" cujo valor aumenta com o tempo, enquanto você representa um ativo de "consumo" cujo valor diminui. Se a sua beleza for tudo o que você possui, as coisas vão piorar, porque você não será um produto de consumo comum, mas sim um produto com uma taxa de depreciação altíssima que expirará completamente em 10 anos.

Bobbi Gibb



Então, quase 60 anos atrás, no dia da maratona, Bobbi Gibb escondeu-se nos arbustos, esperando a corrida começar. Quando metade dos corredores já havia passado, ela começou a correr. Ela estava usando o calção desportivo do irmão, um par de ténis masculino, um mailot e uma camisola. Depois de um tempo, Gibb começou a suar, mas não tirou a camisola.
"Eu sabia que se me vissem, tentariam me impedir", disse ela. Ela até pensou que poderiam prendê-la.

Mas não demorou muito para que os outros corredores descobrissem que ela era uma mulher. Gibb pensou que eles a empurrariam para fora da pista ou chamariam a polícia, mas, em vez disso, eles a apoiaram e disseram que fariam tudo o que pudessem para garantir que ela pudesse correr sem ser incomodada.

Sentindo-se segura, Gibb tirou a camisola. Assim que ficou claro que havia uma mulher correndo a maratona, a multidão reagiu, não com raiva, mas com pura alegria. Homens aplaudiram. Mulheres choraram. Ao final da corrida, a notícia já havia se espalhado por toda parte, e as alunas da universidade onde a corrida havia sido realizada esperavam para cumprimentá-la, gritando de emoção.

O governador de Massachusetts também estava lá para encontrá-la na linha de chegada e apertar sua mão. A primeira mulher a correr uma maratona terminou com uma medalha no pescoço!

Bobbi Gibb continua sendo uma lenda nos desportos competitivos femininos até hoje.

Lei do Retorno ?

Angel, um judeu dono da padaria mais famosa da Alemanha, costumava dizer: "Sabe por que estou vivo hoje? Quando eu ainda era adolescente, os nazistas na Alemanha matavam judeus sem piedade. Eles nos levaram para Auschwitz de trem. A noite era congelante, e ficamos nos vagões por dias, sem comida, sem camas e sem como nos manter aquecidos."

Nevava por toda parte, e o vento frio deixava nossos rostos dormentes. Éramos centenas de pessoas sofrendo no frio congelante, sem comida nem água. Parecia que o sangue em nossas veias estava congelado. Ao meu lado estava um senhor idoso, amado por muitos na minha cidade. Ele tremia terrivelmente e parecia muito fraco. Tentei aquecê-lo com as mãos.

Abracei-o com força para aquecê-lo. Esfreguei suas mãos, pernas, rosto e pescoço. Implorei para que ele continuasse vivo. Mantive-o aquecido a noite toda, mesmo estando cansado e congelado. Meus dedos estavam dormentes, mas continuei massageando-o para ajudá-lo.

Horas se passaram e, finalmente, a manhã chegou. O sol começou a brilhar e olhei ao redor. Para meu horror, tudo o que vi foram corpos congelados. A noite fria havia matado todos. Os únicos dois sobreviventes fomos o velho e eu. Ele sobreviveu porque eu o mantive aquecido, e eu sobrevivi porque o mantive vivo.

Deixe-me compartilhar com você o segredo da sobrevivência neste mundo: quando você aquece o coração dos outros, você se aquece. Quando você apoia, fortalece e encoraja os outros, você receberá o mesmo em sua vida.

Às vezes, os outros consideram a gentileza e as boas ações como um direito deles e não como generosidade sua.

Um homem costumava dar a um mendigo US$ 1.000 por mês. O homem continuou nesse estado por um tempo. Um dia, ele deu ao mendigo apenas US$ 750. O mendigo ficou surpreso com isso, mas disse a si mesmo: US$ 750 é melhor do que nada. Ele foi embora. Depois de um mês, ele deu ao mendigo apenas US$ 500. O mendigo ficou surpreso! Ele disse ao homem: "Você costumava me dar US$ 1.000, depois diminuiu e virou US$ 750. Agora, US$ 500, por quê?" Posso saber o motivo? O homem respondeu: "No passado, todos os meus filhos eram pequenos e eu tinha dinheiro, então eu lhe dava US$ 1.000. Então minha filha cresceu e entrou na universidade, e as despesas da universidade eram altas, então comecei a lhe dar US$ 750. Agora, meu segundo filho entrou na universidade, e as despesas aumentaram, então eu lhe dei US$ 500." O mendigo perguntou a ele: "Quantos filhos você tem?" O homem respondeu: "Quatro." O mendigo perguntou: "E você vai educá-los todos às minhas custas?!" Às vezes, os outros consideram a gentileza e as boas ações como um direito deles e não como generosidade sua.




Solução simples ou simplista?

Havia uma cidade francesa onde, durante a Idade Média, as mulheres tinham um hábito peculiar. De manhã, as mulheres casadas colocavam uma pequena dose de veneno no pequeno almoço que preparavam para os seus maridos. Mais tarde, quando os seus maridos voltavam para casa à noite, eles recebiam o antídoto. Dessa forma, o veneno não se tornava prejudicial e os afetava.

Havia uma razão clara para essa prática. Se os maridos permanecessem noutro lugar por muito tempo, devido ao atraso na administração do antídoto, os homens acabavam apresentando sintomas como náuseas, dores de cabeça, depressão, vómitos, dor ou falta de ar. Quanto mais o homem demorasse para voltar para casa e para a esposa, mais doente ele ficava. E, finalmente, quando ele finalmente voltou para casa, sua esposa, sem ele saber, lhe deu o antídoto.

Dessa forma, em poucos minutos, ele começava a se sentir melhor. Tudo isso funcionava como um truque, dando aos homens a impressão de que ficar longe de casa levaria à dor e à depressão. Consequentemente, os maridos se tornavam mais sérios com a família.


A Europa cansou-se de si mesma.

Opinião - MARCOS PAULO CANDELORO

Marcos Paulo Candeloro  é graduado em História (USP – Brasil), pós-graduado em Ciências Políticas (Columbia University – EUA) e especialista em Gestão Pública Inovativa (UFSCAR – Brasil). É professor, jornalista e analista político. Escreve em português do Brasil.


 

Há algo de profundamente constrangedor em assistir o suicídio cerimonial de uma civilização que já foi o pináculo do espírito humano. Não um suicídio tradicional, rápido, mas uma espécie de eutanásia ideológica consentida. A Europa, que nos legou Aristóteles e Santo Agostinho, que ergueu Notre-Dame e escreveu "Dom Quixote", hoje se ajoelha — não diante de Deus, mas dos globalistas, suas fundações, ONGs, ONU e das seitas identitárias. O berço da civilização ocidental virou um gulag cultural, onde o pecado capital é lembrar que existe uma história anterior ao século XX.

A velha Europa está cansada, está exausta de si mesma. Recusou o próprio passado como se fosse uma lepra moral. E como todo ente em negação profunda, começou a punir os que ainda se lembram. Hoje, o herege europeu não é mais o ateu — é o patriota, aquele que valoriza suas raízes. Não é o blasfemo — é o cidadão que insiste em proteger sua fé, sua família e sua nação.

A crise migratória? Apenas o sintoma mais visível. A verdadeira crise é interna: moral, política e espiritual. Não é que somente os imigrantes sejam o problema. O problema é o vácuo de sentido que os recebe. E a maior chaga do velho continente são os próprios europeus. Um continente que já não acredita em Deus, na tradição ou na própria soberania não tem anticorpos culturais. Importa povos, mas proíbe fronteiras. Implora por diversidade, mas proíbe diferenças. O multiculturalismo europeu é, no fundo, a negação de qualquer cultura concreta — inclusive a própria.

Bruxelas é o centro nervoso dessa rendição organizada. Seus tecnocratas não falam idiomas vivos — balbuciam jargões neutros em novilíngua progressista. Definem as normas de curvatura da banana com o mesmo zelo com que ignoram os atentados jihadistas em Paris ou Estocolmo. Governam sem povo, sem rosto e, sobretudo, sem responsabilidade. São os assassinos da soberania. A União Europeia se tornou aquilo que Tocqueville temia: uma rede invisível de pequenas regras que mantém os homens em eterna infância.

A liberdade de expressão — uma das maiores conquistas da modernidade ocidental — virou artigo de luxo. Na Alemanha, quem compartilha um meme errado pode ver a polícia bater à porta. No Reino Unido, o berço do parlamentarismo e da Magna Carta, velhos são levados em camburões por "ofensas digitais". Enquanto isso, Marine Le Pen enfrenta perseguições jurídicas por ser, essencialmente, conservadora. Farage, por sua vez, é tratado como ameaça existencial, enquanto radicais islâmicos gozam da benevolência do Estado e da proteção da BBC.

O que resta da cultura europeia virou peça de museu — e nem isso sem censura. Bach foi trocado por Beyoncé, São Tomás de Aquino por Judith Butler. A academia é um culto ao niilismo. A arte, um panfleto autoflagelante. As igrejas, centros turísticos vazios ou abrigos inter-religiosos, onde o único dogma permitido é a negação de todos os anteriores.

Mas o mais trágico não é a destruição em curso. É o entusiasmo com que ela é celebrada. A Europa não está sendo invadida — está se dissolvendo. Está promovendo sua própria irrelevância com orgulho cerimonial. E isso é celebrado e patrocinado pelas duas potências orientais que têm como objetivo sobrepujar a hegemonia histórica Ocidental, China e Rússia.

Enquanto isso, o europeu já não quer ter filhos.

O hedonismo é a nova teologia; a eutanásia, uma escolha digna; e o suicídio civilizacional, um gesto de progresso. Um continente que trocou fé pelo conforto, identidade por interseccionalidade e liberdade por likes.

O resultado é este: uma federação de ex-nações que legisla sobre o carbono, mas não sobre a própria continuidade. Onde o que resta de oposição conservadora é tratado como fascismo e o islamismo radical como diversidade vibrante. Onde se combate o aquecimento global com fervor quase religioso, mas se ignora o congelamento das almas.

A Europa não está sendo apagada. Está se apagando.

E o faz com uma elegância lúgubre, como só ela saberia fazer. E mesmo em sua decadência final, permanece fiel a um traço essencial: sua vocação para ensinar. O único problema é que agora só ensina aquilo que não deve ser praticado.

Como em Roma, o que levará a Europa à ruína não são os bárbaros em seus portões, mas aqueles que se escondem atrás de suas muralhas.

 

MARCOS PAULO CANDELORO

__________

As opiniões do autor não reflectem necessariamente a posição do ContraCultura.

Nem as minhas (que são talvez ainda mais drásticas).

A EUROPA é – politicamente - um conceito inexistente…tal como um 'nado-morto'.

Nunca devia ter passado duma associação de países para um comércio mais livre e simples.

quinta-feira, 1 de maio de 2025

A agenda verde traz consigo grandes apagões.

Karin Kneissl

O apagão catastrófico ocorrido em Espanha e Portugal no início desta semana deve servir de alerta para os responsáveis ​​do bloco.

Provavelmente foi o clima que provocou a paralisação de dez horas de todos os serviços públicos na Península Ibérica no início desta semana.

Foi também o clima que transformou a Alemanha no maior emissor de CO2 da Europa. Há dias em que o sol não brilha e o vento não sopra. E então, o recurso de reserva é o carvão, na ausência de energia nuclear ou gás natural (da Rússia).

A questão é a transmissão, não a geração, de energia

Uma ameaça ainda maior à rede elétrica, no entanto, advém da superprodução de eletricidade devido ao excesso de sol e vento. Tanto a Espanha quanto a Alemanha orgulhosamente apontam suas estatísticas em termos de geração de energia com base em enormes parques eólicos onshore e offshore e extensos painéis fotovoltaicos, frequentemente construídos em solo arável de alta qualidade. Espanha e Portugal são campeões em energia verde na UE e, pouco antes da interrupção na segunda-feira, 80% de sua eletricidade era proveniente de fontes renováveis.
O maior problema subjacente reside na transmissão, e não na geração, de eletricidade. Grande parte das redes elétricas existentes na UE foi construída nas décadas de 1950 e 1960, quando era relativamente fácil construir infraestrutura nas cidades do pós-guerra. Quando Angela Merkel anunciou sua ambiciosa transição energética, Peter Altmaier, chefe do gabinete da chanceler, anunciou a construção de milhares de quilômetros de "rodovias elétricas" (Strom Autobahnen). O orçamento previsto era de um trilhão de euros. Mas esse orçamento nunca foi definido e ninguém no governo de Merkel calculou os anos para planejamento administrativo e implementação.
Assim, a nova rede nunca foi construída, nem na Alemanha nem em outros lugares. A rede atual não foi projetada para absorver volumes constantemente crescentes. A "eletrificação" de todas as formas de produção e consumo de energia, sobretudo na mobilidade, representa um sério problema para a estabilidade das redes existentes. Os veículos elétricos deveriam substituir os carros com os tradicionais motores de combustão interna. O entusiasmo em torno do carro elétrico já diminuiu. Os clientes simplesmente se abstêm de comprar um carro elétrico. Mas as ambiciosas agendas verdes raramente levam em consideração investimentos sérios e, acima de tudo, prazos sólidos para uma rede elétrica ampliada.
A rede elétrica europeia se estende de Trkiye, atravessando o continente europeu, até o Norte da África. Seu nome técnico é Área Síncrona Continental Europeia e é vulnerável. Ela é alimentada por uma corrente alternada com frequência de aproximadamente 50 Hertz. Em caso de sobrecarga, como provavelmente ocorreu na segunda-feira na Espanha, o risco de desestabilização da frequência é alto. Para evitar um corte de energia, já que as usinas serão desligadas automaticamente, a sobrecarga é enviada para o exterior. Algumas vozes afirmam que a Península Ibérica carece de interconectores, enquanto outras alertam contra a necessidade de mais interconectores, pois isso colocaria toda a rede em risco, um apagão dominó em mais de 30 países.
Em 2012, o escritor austríaco Marc Elsberg publicou seu thriller "Blackout".  O enredo descreve uma queda de energia fictícia de 13 dias e o consequente colapso total da vida como a conhecemos. No livro, bem pesquisado, o blackout é causado por um ataque cibernético. Muitos comentaristas sugeriram com entusiasmo que um deles estava por trás da crise do mundo real na segunda-feira. Aparentemente, ninguém está disposto a discutir o problema com a rede elétrica e as ambições do acordo verde.
Participando de conferências sobre energia durante anos e lecionando o tema geopolítica da energia, muitas vezes me questionei sobre os modelos fantasiosos e românticos apresentados por autoridades de Bruxelas e outros especialistas em clima. Nos últimos 15 anos, testemunhamos um conceito inflacionário de "transição energética" ou, pior ainda, de economia zero carbono. Em toda a UE, temos visto um foco nas mudanças climáticas. Essa abordagem carece de uma política energética sólida, que abranja a segurança do abastecimento, a acessibilidade e os investimentos em redes.
Nova vulnerabilidade devido ao boom das energias renováveis.

Eu esperava que um grande apagão acontecesse na Alemanha, e não na Península Ibérica.

A chamada transição energética declarada pelo governo de Angela Merkel na primavera de 2011 não produziu resultados. No primeiro trimestre de 2025, em vez de mais eletricidade eólica e solar, mais eletricidade foi gerada a partir de carvão e gás. A semana da Páscoa também mostrou por que a chamada transição energética está causando problemas.
Apesar da expansão recorde da energia eólica e solar, as energias renováveis ​​estão produzindo menos eletricidade do que em qualquer outro momento desde 2021. Em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a quantidade de eletricidade produzida por energias renováveis ​​no mesmo período deste ano caiu 16%.
O vento não foi particularmente forte em fevereiro e março. A produção de eletricidade a partir de turbinas eólicas offshore caiu 31%, enquanto a produção em terra caiu 22%. Como resultado, a produção de eletricidade a partir de carvão, petróleo e gás teve que ser drasticamente aumentada. A consequência lógica: as emissões de CO2 aumentaram drasticamente. A eletricidade na Alemanha estava mais poluída do que desde o inverno de 2018.
No entanto, não é apenas no médio prazo que a transição energética não está dando os resultados que seus defensores acreditam que deveria. A semana da Páscoa exemplifica todos os problemas associados ao plano de mudar a produção de energia da Alemanha para principalmente eólica e solar.
Em um ensolarado domingo de Páscoa, por exemplo, os cerca de cinco milhões de instalações solares na Alemanha produziram muito mais eletricidade do que seria necessário para cobrir a demanda durante o feriado.
No entanto, a eletricidade deve ser consumida exatamente no momento em que é produzida, caso contrário, a rede elétrica poderá ser interrompida. Isso se aplica tanto ao nível nacional quanto às redes elétricas locais e às capacidades regionais das fontes de energia dependentes do clima.
Devido ao gigantesco excesso de oferta – 15 gigawatts a mais, a produção média de uma dúzia de usinas nucleares – o preço da eletricidade caiu para valores negativos em alguns momentos, chegando a -5 centavos por quilowatt-hora. A Alemanha pagou milhões de euros a franceses, belgas e outros países para comprar o excedente de eletricidade da Alemanha, a fim de evitar o colapso das redes elétricas alemãs.
No entanto, esse flagrante excedente de eletricidade não só significou que grande parte da eletricidade teve que ser vendida para o exterior mediante pagamento de uma taxa e que as linhas para a França e a Bélgica tiveram que operar em capacidade máxima, como também houve inúmeras quedas de energia, principalmente no sudoeste da Alemanha, o que pode estar relacionado ao excesso de oferta e à sobrecarga da rede local.
O verdadeiro drama é que as inúmeras usinas solares na Alemanha não podem ser controladas, regulamentadas ou mesmo desligadas da rede quando a produção de eletricidade excede a demanda. Se houver muito sol – possivelmente acompanhado de muito vento – em uma tarde com baixa demanda de eletricidade, a Alemanha terá cada vez mais dificuldades para se livrar do excedente de energia.
Isso não só aumenta o potencial de cortes de energia regionais e os chamados "brownouts",  como também aumenta muito o custo geral da produção de eletricidade - como Easter mostrou.

O desastre da Siemens

Armazenar eletricidade é um problema fundamental que ainda não foi resolvido. Grandes empresas como a Siemens experimentaram por mais de uma década com motores a vapor, transformando a eletricidade produzida por moinhos de vento em hidrogênio, para armazená-la e transportá-la. Esses experimentos não resultaram em um modelo de negócio comercial viável. Enquanto isso, a Siemens, que já foi líder em tecnologia nuclear na década de 1960, abandonou todo o seu setor de energia.
Em 2020, a divisão de energia foi separada da Siemens. No entanto, a Siemens Energy, ambiciosamente, queria crescer no negócio de energia eólica e se fundiu com a empresa espanhola Gamesa. Mas apenas três anos depois, ficou claro que isso não funcionaria. Os motivos seriam erros adicionais de gestão, a concorrência chinesa ou outros problemas?
A Siemens Energy deixou de ser um farol de esperança e se tornou um pesadelo no mercado de ações. Novas notícias ruins surgiam a cada trimestre. Foi o setor de energia eólica, entre todos os setores, que caiu cada vez mais em déficit. O Conselho de Administração da Siemens Energy teve que reduzir suas previsões inúmeras vezes, e a Siemens perdeu muito dinheiro com suas fusões na Espanha. Se a administração tivesse perseverança, investigaria minuciosamente o apagão da última segunda-feira e publicaria as conclusões. O que aconteceu na Espanha e em Portugal pode acontecer a qualquer momento na Alemanha e na Áustria.
Vinte e cinco anos atrás, participei do conselho municipal da vila onde morava na Áustria até 2020, quando fui forçado a me demitir. Tínhamos trabalhado em cenários de emergência para um apagão. Um dos itens era organizar "ilhas de infraestrutura" em quartéis militares e outros prédios. O plano era que, em caso de emergência, as pessoas pudessem caminhar até lá e receber comida, água e primeiros socorros. Naquela época, ainda havia uma geração de líderes que eram práticos e sabiam como fazer as coisas. Mais tarde, percebi que essa geração de homens e mulheres havia falecido. Na UE de hoje, qualquer crise desse tipo provavelmente levaria a um desastre humanitário, a um colapso total da ordem pública.
Lembro-me bem do apagão que atingiu o norte da Itália em 2003 e de outro nos EUA; ambos foram prolongados e os cidadãos ficaram no escuro e no frio. No Iraque devastado pela guerra, as pessoas se perguntavam como os exércitos e ONGs ocidentais conseguiriam fornecer energia elétrica após a invasão americana, já que não conseguiam fazê-lo em casa.
Tendo vivido no Líbano até o verão de 2023, estou plenamente ciente dos constantes cortes de energia e conheço o incômodo de usar o próprio gerador, o mau cheiro e o barulho de todos os geradores ao redor. Mas o diesel pode fornecer um fluxo regular de eletricidade, o que nenhum painel solar consegue. Mas, graças aos painéis solares chineses acessíveis, quase todas as casas no Líbano têm um.

O bom e velho gerador a diesel


Curiosamente, hospitais na Espanha e em Portugal continuaram a prestar serviços graças aos seus geradores a diesel. Operações de emergência puderam ser realizadas e cuidados intensivos foram assegurados. Mas e as operadoras de internet e telefonia móvel? Todo o sistema de comunicação móvel entrou em colapso. Até mesmo discursos de chefes de governo puderam ser assistidos no exterior, mas não pelos cidadãos preocupados.
Às vezes, eu brincava com meus amigos libaneses que eles deveriam dar cursos intensivos para instituições da UE sobre como viver sem um fornecimento regular de eletricidade. Usar o bom senso, manter boas relações com os vizinhos e saber como manusear um gerador a diesel certamente ajudam. E de onde vem o diesel? Sim, as petrolíferas russas costumavam fornecer enormes volumes de diesel aos seus clientes da UE. A refinaria da Rosneft em Schwedt, perto de Berlim, foi confiscada pelas autoridades alemãs em 2022.
A base para todos esses esforços em energias renováveis ​​costumava ser o gás natural, principalmente da Rússia, apelidado de "energia da transição".  Havia um consenso de que a cooperação em petróleo e gás no continente europeu era benéfica tanto para vendedores quanto para compradores. Esses dias acabaram.
O que aconteceu na segunda-feira na Península Ibérica foi mais um sinal de alerta. Mas, até agora, as autoridades da UE parecem presas à sua agenda verde. Poderiam ter compreendido os sinais anteriores, mas recusaram-se a fazê-lo. Na UE, a energia tornou-se um tema ideológico e deixou de ser uma questão técnica. O que Espanha e Portugal viveram no início desta semana durou cerca de 10 horas, e prevejo mais incidentes semelhantes. É possível lidar com isso num país como o Líbano, mas a questão permanece: é possível gerir uma indústria com cortes de energia constantes? A desindustrialização dentro da UE só irá acelerar. Se um dia certos países quiserem voltar a comprar gás russo, os volumes serão muito menores devido à produção industrial mais limitada.



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