sexta-feira, 26 de julho de 2019

Um israelita está a passar as sua férias na Inglaterra e resolve visitar um zoológico.

         Durante o seu passeio, de repente, ele vê uma menina pequena a aproximar-se demasiadamente da jaula do leão. O leão, rapidamente, a ataca e, agarrando-a pela manga do casaco, tenta puxá-la para dentro da jaula para matá-la, sob os olhares de seus pais que, paralisados de terror, ficam estáticos, a gritar.
       O Israelita corre rapidamente para a jaula e, por entre as suas barras, acerta em cheio um potente soco, directamente no nariz do leão. Gemendo de dor, o leão dá um pulo para trás e larga a menina. O israelita, com cuidado, pega na menina e entrega-a a seus apavorados pais, que, muito emocionados, se põem a agradecer-lhe durante muito tempo.
      Um repórter, que assistiu a todo o desenrolar da cena, diz ao israelita:
      -- "Senhor, esta foi a atitude mais nobre e corajosa que eu já vi um homem tomar , em toda a minha vida".
     O Israelita responde:
     -- "Não foi nada de mais, realmente. O leão já estava preso, atrás das grades, e eu, vendo esta menina em perigo, fiz o que achei que era mais acertado".
    O repórter diz:
    -- "Bem, eu garanto-lhe que este acto de heroísmo não irá passar em branco. Eu sou  jornalista, e o jornal de amanhã trará esta história, estampada na primeira página."
    E o repórter pergunta ao homem:
    -- "Apenas para complementar a notícia: qual é a sua profissão, e qual é o seu posicionamento político ?"
    O Israelita responde:
    -- "Eu estou actualmente a servir no exército de Israel e, nas eleições em meu país, eu tenho votado no Likud, partido de direita"
     O jornalista então vai embora.
     Na manhã seguinte, o israelita compra o jornal, curioso para ler como saiu a notícia sobre o salvamento da menina das garras do leão. Para sua grande surpresa, lê na primeira página:
     "Israelita radical de extrema-direita ataca imigrante africano, e rouba o seu almoço."

O desprezo com que o governo trata os partidos que lhe não são afectos. 454 perguntas sem resposta. Vieira da Silva é o ministro que deixa mais dúvidas na gaveta.

No Governo de António Costa, entre os 17 ministros e o primeiro-ministro, Vieira da Silva é o governante que mais perguntas dos partidos deixou por responder e dos que mais presta esclarecimentos por escrito ao Parlamento fora do prazo.

No final da legislatura, o ministro do Trabalho, da Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) deixa por responder 454 perguntas escritas, enviadas pelo Parlamento durante os últimos quatro anos. De acordo com os cálculos do Sol, o número representa 37,6% do total de 1.206 perguntas enviadas nos quatro anos da legislatura.

Se recuarmos ao primeiro Governo de Sócrates, altura em que Vieira da Silva comandou a mesma pasta, o número de perguntas que ficam, agora, por responder é seis vezes superior às 74 questões escritas que o governante deixou, na altura, sem resposta.

Face ao Governo anterior, Vieira da Silva deixa mais 102 perguntas sem resposta do que Pedro Mota Soares, que foi ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social.

Entre as 752 respostas enviadas ao Parlamento pela tutela, 593 chegaram fora do prazo (30 dias).

Entre os partidos que mais perguntas viram ignoradas pela tutela de Vieira da Silva, estão o PCP e o BE. Os comunistas enviaram, até à data, 506 perguntas das quais 166 estão ainda sem resposta. Já o BE fez 367 questões e não ainda recebeu resposta a 123.

O MTSSS disse ao Sol, que foi “o que mais perguntas recebeu ao longo dos quatro anos da legislatura (cerca de 10% do total de perguntas enviadas ao Governo)” e que “das mais de 1.200 perguntas dos grupos parlamentares deu resposta a mais de 800”.

Ainda assim a tutela reconhece que não conseguiu “ainda dar resposta dentro do prazo a todas as perguntas enviadas pelos grupos parlamentares”. A justificação prende-se com o “volume de perguntas recebidas” e a “abrangência e presença em todo o território nacional das áreas/serviços” da responsabilidade do MTSSS.

Mas Vieira da Silva não é o único que deixa perguntas sem resposta. Também a Educação e as Finanças terminam a legislatura com centenas de respostas por enviar ao Parlamento. Na tabela dos ministérios com mais perguntas por responder, a Educação ocupa o segundo lugar, com 353 esclarecimentos por enviar aos partidos, o que representa cerca de 12% do total de 3.010 perguntas escritas recebidas na tutela de Tiago Brandão Rodrigues.

No início da legislatura, o Ministério da Educação era a tutela que menos respondia ao Parlamento. Um ano depois de ter tomado posse, Tiago Brandão Rodrigues tinha 1.357 perguntas do Parlamento por responder e só tinha enviado esclarecimentos a 19 questões.

Essa situação levou a que os partidos da oposição, PSD e CDS, apresentasse uma queixa formal ao Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que chamou à atenção do Governo para a falta de respostas. Posteriormente, o Ministério da Educação acabou por responder às perguntas enviadas pelos partidos.

O Ministério da Educação entende que a análise “não é representativa do trabalho efetuado”, argumentando que a tutela “respondeu a mais de 90% das mais de três mil perguntas parlamentares”.

No terceiro lugar da tabela, segue-se a tutela de Mário Centeno, que está a terminar a legislatura com 252 perguntas por responder – cerca de 39% das 636 perguntas enviadas pelos partidos.

O Governo liderado por António Costa recebeu 13.900 perguntas escritas do Parlamento. O Governo ainda não respondeu a 2.051 perguntas e das 11.850 respostas enviadas ao Parlamento, mais de metade (7.484) chegaram fora do prazo fixado na lei. Em 20-07-2019

Lamborghini fez tanto dinheiro com o Urus, que quer travar a sua venda.

O sucesso do Urus, o novo SUV da Lamborghini, foi tal, que a marca italiana decidiu limitar a produção para travar a sua venda. O objectivo é preservar a exclusividade dos seus modelos.

A Lamborghini é uma fabricante de automóveis de luxo e, como tal, manter a exclusividade dos seus carros é um modelo de negócios comum para este tipo de marcas. Assim sendo, o enorme sucesso do Urus, o novo SUV da “Lambo”, causou um sentimento misto em Sant’Agata Bolognese.

No primeiro semestre de 2019, a marca conseguiu vender 2.693 unidades do Urus, fazendo deste modelo o maior sucesso da Lamborghini este ano. Segundo a motor1, o novo SUV conseguiu ultrapassar as vendas combinadas do Huracan e do Aventador — dois dos modelos mais icónicos da fabricante automóvel.

Este é o lado positivo daquele que foi o enorme sucesso deste todo-o-terreno de luxo. No entanto, alguns dos entusiastas da Lamborghini mostraram o seu descontentamento pelo facto de a marca estar a fugir à sua linha de automóveis habitual e a sujeitar-se à moda dos SUV.

Além disso, o grande número de vendas estava a tornar o Urus num modelo “banal” e demasiado comum para os típicos padrões da marca. Stefano Domenicali, CEO da Lamborghini acreditou que quantos mais produzisse, mais seriam comprados. No entanto, não é este o ideal que o emblema do touro quer seguir.

Não devemos focar-nos simplesmente em crescer desenfreadamente. É hora de preservarmos os resultados alcançados e sobretudo, a exclusividade da nossa marca”, afirmou.

A fasquia já foi determinada e a “Lambo” não quer produzir mais de 10 mil unidades por ano, zelando pela exclusividade habitual dos seus modelos. A popularidade dos SUV tem aumentado a passos largos, com várias marcas de luxo a sujeitarem-se aos interesses do público em geral. A própria Porsche tem como os modelos mais vendidos o Macan e o Cayenne.

Com travão de vendas ou não, a motor24 realça que a marca espera aumentar as suas receitas este ano, chegando aos 1,7 mil milhões em vendas até ao final de 2019. Ainda assim, a Lamborghini mostra-se flexível em ultrapassar a quota imposta, mas apenas “caso seja introduzido um novo modelo no portefólio”, explica Dominicano.

O POEMA DA 'MENTE'


Há um primeiro-ministro que mente.

Mente de corpo e alma, completamente.

E mente de maneira tão pungente

Que a gente acha que ele mente sinceramente.

Mas que mente, sobretudo, impunemente…

Indecentemente… mente.

E mente tão racionalmente,

Que acha que mentindo vida fora,

Nos vai enganar eternamente.

A borboleta

Não sei se reparou, Marlene, que tratamos de Recursos Humanos. E sempre de olhos baixos, ironizou: Humanos, está a perceber? Borboletas, não são da nossa competência. E mandou que se pulverizasse a sala com um inseticida. Desses inodoros, acrescentou. Em pânico, Marlene fingiu acatar a ordem. No escritório da multinacional, num décimo quinto andar da capital, surgiu uma borboleta. Estava pousada no microfone da sala de reuniões. A secretária Marlene aproximou-se com infinita cautela, sentou-se numa das cadeiras da sala vazia e permaneceu imóvel durante longos minutos. Olhou em contraluz para as asas coloridas e achou que estava em presença de uma mensageira. Usou o seu telefone, fotografou o insecto, editou a imagem para realçar as cores e enviou-a para umas tantas amigas.
Procurou no Google o oculto sentido daquela aparição. Uma página da net fornecia uma longa lista dos significados espirituais das borboletas. Renovação, recomeço e anunciação eram os mais comuns. Uma outra página era mais apelativa: Você sabia que os Anjos se comunicam frequentemente connosco através das borboletas? Marlene filmou o eventual anjo que permanecia hirto no poleiro metálico. Procurou outra página e então, sim, encontrou algo que a deixou tão paralisada quanto a borboleta. Aquela criatura trazia o mais esperado dos recados: o da fertilidade. Há anos que Marlene esperava engravidar. E ali estava, na mais delicada criatura, o anúncio da boa nova há tantos anos esperado. Mais entusiasmada que Marlene apenas a Virgem Maria ante o Arcanjo Gabriel.
Por fim, a secretária fez o que dela profissionalmente se esperava: comunicou a aparição ao seu superior, o Director de Recursos Humanos. O marido de Marlene, o Osório, há meses desempregado, irrita-se sempre que ela lhe fala do seu local de trabalho. Recursos Humanos?, pergunta o marido. Prefiro o desemprego a ser tratado como “recurso”. Osório reage assim por despeito, pensa Marlene. Lá em casa ela era a chefe de família. E a raiva do marido cresce: um homem não foi feito para esperar pela mulher. E um casal não foi feito para desesperar por um filho.
O director não levantou os olhos do computador. E assim manteve Marlene na habitual invisibilidade. Não sei se reparou, Marlene, que tratamos de Recursos Humanos. E sempre de olhos baixos, ironizou: Humanos, está a perceber? Borboletas não são da nossa competência. E mandou que se pulverizasse a sala com um inseticida. Desses inodoros, acrescentou. Em pânico, Marlene fingiu acatar a ordem. E já fechava a porta quando o director se ergueu, atacado por súbita preocupação.
– Onde é que está a mariposa?
– É uma borboleta. Está na sala de reuniões.
Marlene acompanhou a acelerada marcha do chefe ao longo do corredor. As borboletas fecham as asas por cima do corpo, foi explicando enquanto caminhava. As mariposas deixam-nas ao lado do corpo, como um avião.
O director irrompeu ruidosamente pela sala de reuniões e espreitou de longe a impávida borboleta. Rodou pela mesa, tirou fotografias de diversos ângulos. Ligou-se à internet e procurou: “Doenças provocadas por borboletas”.
Em poucos segundos, sentenciou:
– Chame imediatamente a responsável do DHS.
– Quem?
– O Departamento de Health and Safety!!!
Marlene sabia: naquela empresa, em momentos decisivos, as pessoas eram designadas em inglês. Como se, em português, valessem menos.
– Vá chamá-la, agora.
Mesmo em português, a ordem era sumária e perentória. Suspeitando da gravidade do que se seguiria, Marlene ainda ousou contestar.
– O que passa, doutor? É uma simples borboleta.
– Pousada no microfone onde as pessoas falam?

Marlene foi para o seu gabinete e ligou para o DHS. Depois, reabriu a página que antes consultava no computador. Procurou “Os mais belos versos sobre borboletas”. E abriu um poema chamado “Jardim”. E leu em voz baixa:
Se eu tivesse jardim
seria para semear borboletas.
Limpou uma imaginária lágrima, ajustou o vestido ao ventre que já adivinhava em redondez lunar. De volta à sala de reuniões, encontrou a responsável de Saúde e Segurança, recebendo instruções do director de Recursos Humanos.
– Ouviu falar da epidermólise bolhosa, também chamada doença da borboleta?
– Nunca ouvi falar disso.
– Fica-se com a pele tão frágil como as asas de borboleta.
– Gostava de ter asas de borboleta. Amarelas como essa que aí está pousada.
– Não brinque com coisas sérias, doutora. Com essa doença, as pessoas deixam de poder usar sapatos, só podem usar roupas especiais. A pele rompe-se ao menor atrito. Morre-se antes dos trinta.
– Que horror!
– Proceda a uma avaliação de riscos. Consulte o procedimento A-34.
– Mas, director, a tal doença… tem a certeza de que é transmitida por borboletas?
– Foi o que vi no Google. É sua função confirmar isso, doutora.
Marlene entrou na sala acompanhada por uma empregada de limpeza. O que vão fazer, perguntou o director. Vamos abrir a janela e enxotá-la, respondeu a empregada de limpeza. Nada disso, argumentou o director. Vá é buscar o aspirador, e fazemo-la desaparecer enquanto o diabo esfrega um olho.
Marlene levou as mãos ao peito angustiada em imaginar o seu Arcanjo Gabriel a desaparecer no ventre escuro de um aspirador. Deu um safanão no microfone e a borboleta ergueu voo em direcção às paredes de vidro da sala. Marlene entreabriu a janela envidraçada para que o bicho pudesse escapar. Mas a borboleta deu meia-volta e voou na direcção oposta. Pousou num quadro na parede do lado oposto. O quadro chamava-se “O céu”. Havia naquela tela uma nesga de azul sobre prédios, antenas e fumos. Mas era um azul vindo de dentro, uma cor que apenas o pintor sabia existir. A borboleta tinha escolhido o seu pouso definitivo. O céu que restava lá fora era demasiado escasso para voar. E demasiado sujo para morrer.
Nesse final de tarde, Marlene regressou a casa sem peso, como se não houvesse chão. E caminhou como se tivesse asas. Talvez fosse a tempo de surpreender Osório acordado. Talvez o marido descobrisse nela o mesmo céu que a borboleta encontrara na tela.

Mia Couto
(Crónica publicada na VISÃO 1375 de 11 de Julho)

Será que Tóquio tem mãos para os Jogos Olímpicos?

A um ano da cerimónia de abertura, está quase tudo pronto e a procura de bilhetes promete ser a maior de sempre, mas todo o processo tem tido inesperados contratempos.

Um par de mãos seguras. Foi como Jacques Rogge comentou, em 2013, a eleição de Tóquio como a sede dos Jogos da XXXII Olimpíada. Para o então presidente do Comité Olímpico Internacional, a capital japonesa

era uma escolha sem risco e que não iria dar problemas. Não foi bem isso que aconteceu. Desde então, escândalos de corrupção, um orçamento muito superior ao previsto e uma factura pesada para os contribuintes japoneses, mudança de arquitecto no Estádio Olímpico e até acusações de plágio no logótipo foram alguns dos contratempos que têm atingido os segundos Jogos que a capital do Japão vai receber. E, no entanto, a exactamente um ano do início, tudo aponta para que Tóquio 2020 seja um sucesso.

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Direita tentou impedir que a jovem activista Greta Thunberg discursasse no Parlamento francês.

Chamaram-lhe “musa do Apocalipse”. Ela tinha uma resposta pronta: “Não são obrigados a ouvir-nos. Mas devem ouvir a ciência”

A prova de fogo para a maioria absoluta.

Mafalda Anjos – Visão

Este jogo de passa-culpas tem sérios efeitos a curto prazo – vale votos em Outubro. A percepção que ficar para os portugueses é determinante para a maioria absoluta.


Começou o calor e o País voltou a arder. O fogo atacou em Castelo Branco e Santarém, galgando muitas zonas de mato e floresta em Vila de Rei, Sertã e Mação. A área ardida desde o início do ano mais do que duplicou ao longo do último fim de semana. Segundo as estatísticas do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, neste momento, Portugal é já o segundo pior em matéria de áreas ardidas entre os países da União Europeia.

Com o calor vêm os fogos, sempre foi assim. E será – é bom que nos habituemos à ideia –, cada vez pior com as alterações climáticas para os países do Sul da Europa. Vamos ter grandes incêndios nas zonas florestais, de grandes proporções e condições difíceis de dominar, e por isso todos concordam que é preciso agir seriamente na prevenção e no cuidado e limpeza da floresta, e num plano de combate mais racional, mais eficaz e mais coordenado. A jusante é preciso combater o abandono e o envelhecimento do Interior, problemas de base quando se fala do território. Tudo isto é complexo. E não há, infelizmente, varinhas mágicas para evitar que os incêndios aconteçam, nem para os apagar quando entram em zonas de mato muito denso com condições meteorológicas desfavoráveis.

Só que esta espécie de fatalidade geográfica e climática é uma realidade difícil de aceitar quando estamos perante populações aflitas, casas a arder, pessoas feridas pelo fogo. É tentador encontrar um culpado, e o culpado imediato nunca é o pobre vizinho que não limpou os terrenos nem a câmara municipal que não acondicionou as matas. Na cabeça das pessoas, o culpado é o Estado, essa entidade indistinta que, para muitos, falha em todas as frentes: na limpeza, no planeamento e no combate. E, na cabeça das pessoas, o Estado tem um rosto, o do Governo e o primeiro-ministro em funções.

Ninguém quer saber do jogo de passa-culpas entre Governo e entidades locais que já começou. António Costa já disse que os autarcas são os “primeiros responsáveis pela protecção civil em cada concelho”, que devem “prevenir, através da boa gestão do seu território, os riscos de incêndio”, respondendo às críticas do vice-presidente da Câmara Minicipal de Vila de Rei que acusou o Estado de voltar a falhar.

Há mudanças nas profissões que garantem IRS especial a quem se muda para Portugal.

Directores e gestores de empresas continuam a poder beneficiar de um IRS de 20% independentemente do salário que ganham.

O ministro das Finanças, Mário Centeno, alterou a lista das profissões liberais que garantem um IRS especial aos cidadãos que mudam a residência para Portugal para aqui passarem a trabalhar numa actividade de “elevado valor acrescentado”. Em vez de a tabela ter uma correspondência directa com os códigos de actividades económicas (CAE), como acontecia desde 2010, agora, a lista tem por base a Classificação Portuguesa de Profissões (CPP), segundo a nova portaria publicada ontem em Diário da República.
  As mudanças têm apenas a ver com a parte dos trabalhadores do Regime dos Residentes Não Habituais (RNH), em nada alterando a vertente dos pensionistas, uma das fragilidades que têm levado parceiros europeus a contestar as regras, por deixarem os reformados isentos de IRS cá e nos países de origem.
  Com a mudança, ficam de fora da lista os auditores, consultores fiscais, pintores, psicólogos, arquitectos e arqueólogos. Em contrapartida, passam a ser elegíveis agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e produção animal, trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices, incluindo da metalurgia, metalomecânica, transformação de alimentos, madeira, vestuário, artesanato, impressão, fabrico de instrumentos de precisão, joalheiros, arte sãos e trabalhadores em electricidade e electrónica.
  Quem continua a beneficiar do IRS reduzido são os quadros superiores de empresas, tendo em conta que para o RNH são elegíveis directores- gerais e gestores, directores administrativos e comerciais, directores de produção e de serviços especializados e ainda “administradores e gestores de empresas promotoras de investimento produtivo” se forem afectos a “projectos elegíveis e com contractos de concessão de benefícios fiscais celebrados ao abrigo do Código Fiscal do Investimento”.

A estes cidadãos não se aplica a tabela geral do IRS — progressiva — da generalidade dos cidadãos que vivem e trabalham em Portugal, mas sim uma taxa de 20%, independentemente do nível salarial. Nos rendimentos de capital, prediais e mais-valias mobiliárias e imobiliárias aplicam-se as taxas de 28%, mas há a opção pelo englobamento.
  As alterações são justificadas pelo Governo com o facto de o mercado de trabalho ter mudado e algumas empresas terem dificuldades em contratar trabalhadores com competências e qualificações diversificados.
  O regime já tem perto de 30 mil beneficiários, mas os dados anteriores, quando se contabilizavam 27 mil, mostravam que só pouco mais de dois mil (8%) desenvolviam uma actividade de elevado valor acrescentado.

Comboio Vasco da Gama vai ligar Portugal à Alemanha em 2020.

A Medway, que pertence ao grupo suíço MSC, espera lançar em meados de 2020 o Comboio Vasco da Gama — uma ligação directa diária entre Portugal e a Alemanha, na qual o transporte de componentes para a Autoeuropa representará uma carga significativa.
Carlos Vasconcelos, administrador da empresa, diz que está a trabalhar com vários operadores ferroviários (que asseguram a continuidade do comboio para além da fronteira ibérica) e rodoviários (aos quais pretende captar carga que hoje circula em camião) para poder garantir que este serviço seja diário.

“Há milhares de camiões a circular entre Portugal e a Alemanha e queremos que uma percentagem ínfima passe para a ferrovia”, explica Carlos Vasconcelos, sublinhando que “este tipo de oferta tem de ser diária” pois não se compadece com serviços bis-semanais ou trissemanais.
O administrador diz que a situação do sector rodoviário é favorável à complementaridade com o modo ferroviário, sobretudo devido à grande dificuldade em contratar motoristas, bem como aos elevados custos com combustíveis, taxas e portagens.
É isso, aliás, que leva o gestor a reafirmar que quer ser o líder ibérico do transporte ferroviário de mercadorias, apesar de só deter uma quota de 25% e enfrentar a gigante espanhola Renfe. “Não queremos ganhar quota de mercado às outras operadoras ferroviárias, mas sim crescer concorrendo com a rodovia”, disse.
A criação de novos serviços tem sido, de resto, a fórmula de sucesso da Medway para chegar aos resultados que ontem foram apresentados pela administração, num balanço sobre os primeiros quatro anos da privatização, precisamente no mesmo dia em que o então governo de Passos Coelho decidiu privatizar a CP Carga. “Queremos prestar contas ao país para que este possa avaliar se forma boa decisão”, disse Carlos Vasconcelos, adiantando que os prejuízos da empresa se reduziram de 12 milhões de euros para 213 mil e que espera ter lucros ainda este ano.
O administrador diz que a situação do sector rodoviário é favorável à complementaridade com o modo ferroviário, sobretudo devido à grande dificuldade em contratar motoristas, bem como aos elevados custos com combustíveis, taxas e portagens.
É isso, aliás, que leva o gestor a reafirmar que quer ser o líder ibérico do transporte ferroviário de mercadorias, apesar de só deter uma quota de 25% e enfrentar a gigante espanhola Renfe. “Não queremos ganhar quota de mercado às outras operadoras ferroviárias, mas sim crescer concorrendo com a rodovia”, disse.
A criação de novos serviços tem sido, de resto, a fórmula de sucesso da Medway para chegar aos resultados que ontem foram apresentados pela administração, num balanço sobre os primeiros quatro anos da privatização, precisamente no mesmo dia em que o então governo de Passos Coelho decidiu privatizar a CP Carga. “Queremos prestar contas ao país para que este possa avaliar se foi uma boa decisão”, disse Carlos Vasconcelos, adiantando que os prejuízos da empresa se reduziram de 12 milhões de euros para 213 mil e que espera ter lucros ainda este ano.
Entre Dezembro de 2015 e Dezembro de 2018, a Medway reduziu também a sua dívida de 97 para 51 milhões de euros, aumentou as receitas em 11% (facturou 79 milhões em 2018) e aumentou o número de trabalhadores de 567 para 641. Até ao fim deste ano espera contratar mais 70 colaboradores.
Neste período, a empresa realizou investimentos de 25,4 milhões de euros (dos quais 21 milhões na compra de quatro locomotivas) e aumentou em 12% o número de comboios efectuados, em 5% os quilómetros percorridos e em 28% o número de contentores transportados.
Os contentores representam já 50% da actividade da empresa, com tendência a crescer, tendo-se registado, em contrapartida, um redução significativa no transporte de carvão e cimento. Entre as razões que explicam este desempenho da empresa está a aposta nos comboios multiclientes e em 19 novos serviços, entre os quais dois entre Portugal e Espanha (Sines-Sevilha e Valongo-Saragoça) e dois dentro de Espanha (Madrid -Valência e Saragoça-Bilbau).
“Consenso político”
Questionado sobre os atrasos no Ferrovia 2020 e nos constrangimentos que a actual rede ferroviária provoca na operação, Carlos Vasconcelos mostrou-se compreensivo. Referiu o desinvestimento no sector das últimas décadas e a necessidade de o “ir melhorando gradualmente à medida que a economia do país o permita”, mas deu o recado de que é necessário um consenso político sobre os investimentos estratégicos pois “não podemos ter planos ferroviários sempre que muda a legislatura ou a própria administração da IP”.
Bruno Silva, director-geral da Medway, identificou o troço Contumil-Ermesinde como um dos mais congestionados da rede, e que é necessário reforçar para dar continuidade aos investimentos que estão a ser feitos nas Linhas do Minho e do Douro, concordando que é necessário fazer variantes na Linha do Norte para aumentar a capacidade. Mas um dos investimentos que considera mais prioritários é a construção de uma linha Sines-Grândola para descongestionar a saída do porto marítimo e eliminar as rampas de Santiago do Cacém. Até Junho de 2020 a Medway espera ter concluído em Vila Nova de Famalicão um novo terminal ferroviário no valor de 35 milhões de euros.
Os investimentos, porém, não se ficam por aqui. Carlos Vasconcelos diz que anunciará em Setembro um “ambicioso” plano de investimentos da empresa, que já tem o aval dos accionistas suíços.

Fecharam 16 instituições privadas no ensino superior em cinco anos.

Outras quatro vão encerrar dentro de dois anos, quando os alunos actualmente inscritos terminarem
as suas formações. Intervenção da Agência de Avaliação tem sido decisiva.

Nos últimos dias, vieram a público os casos de duas instituições de Lisboa forçadas a encerrar pelo Governo, por não cumprirem as regras de funcionamento. Tanto o Instituto Superior de Comunicação Empresarial como a Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa não tiveram acreditação institucional. A estas junta-se ainda o Conservatório Superior de Música de Gaia. Instituto Superior de Línguas e Administração
de Bragança
, ao qual se juntaram, no ano seguinte, outras quatro instituições (Instituto Superior de Educação
e Trabalho, no Porto
, Escola Superior de Educação de Torres Novas, Instituto Superior de Espinho e Instituto
Superior Bissaya Barreto, em Coimbra
). Em 2016, foram três (Instituto Superior D. Afonso III, em Loulé,
Escola Superior de Saúde Jean Piaget do Nordeste e Escola Superior de Educação Jean Piaget do Nordeste,
ambos de Macedo de Cavaleiros) e, no ano seguinte, mais dois (Instituto Superior Autónomo de Estudos Poli-
técnicos, em Lisboa
, e a Escola Universitária das Artes de Coimbra). No final do ano passado, a Fundação Ricardo Espírito Santo decidiu encerrar a Escola Superior de Artes Decorativas, em Lisboa. Já neste ano
fecharam o Instituto Superior Politécnico do Oeste e o Instituto Superior de Gestão Bancária, que era propriedade da Associação Portuguesa de Bancos. O Governo autorizou-as, porém, a continuar a funcionar mais dois anos, para que os alunos possam terminar os cursos. São os casos do Instituto Superior de Novas Profissões e da Escola Superior de Educação Almeida Garrett, sediados em Lisboa e pertencentes ao Grupo Lusófona, da Escola Superior de Educação Jean Piaget de Arcozelo, em Gaia, e da Escola Superior Artística de Guimarães.

Ministro quer reverter fusão e separar rede de ferrovia da rodovia.

Pedro Nuno Santos comunicou a intenção à comissão de trabalhadores da Infra-Estruturas de Portugal.

Comissão de trabalhadores diz que o governante tenciona, num eventual segundo mandato, separar as duas empresas — a Refer e a Estradas de Portugal — que deram origem à Infra-Estruturas de Portugal.

Pedro Nuno Santos poderá avançar com esta medida de duas maneiras: criar uma holding IP com uma empresa dedicada às infra-estruturas ferroviárias e outra às infra-estruturas rodoviárias (IP Ferrovia e IP Rodovia), ou criar uma holding CP que acomode uma CP Serviços destinada ao transporte de passageiros e uma CP Infra-Estruturas, ficando, neste cenário, a parte rodoviária numa empresa própria.

Faz todo o sentido, pois com essa separação, sempre compra ou aluga, umas novas instalações, ajuda a economia, com a compra de equipamento para toda a gente, pois o que está nas anteriores instalações deixa de ser útil – como é norma no Estado – e assim, ajuda ainda a EDP, Águas de Portugal, etc.

O dinheiro publico também não importa, pois o realmente importante para uma serie de gente, ligada a cada uma destas empresas e apoiante desta medida, não é a concertação permanente das soluções enquadradas no espirito nacional, mas apenas as capelinhas que sempre existiram, em cada uma destas empresas, e outros interesses privados.

Finalmente, ao ministro interessa acima de tudo “asilar” mais uns amigos.

Dados oferecidos

Ricardo Araújo Pereira

Antigamente, os burlões tentavam enganar velhos; agora tentam enganar utilizadores que desejam saber como vão ser quando forem velhos.

segundo os jornais, a aplicação para telemóvel que revela às pessoas a aparência que terão quando forem velhas acede aos dados privados do utilizador e vende-os. É um passo em frente na já rica História Universal da Burla: antigamente, os burlões tentavam enganar velhos; agora, tentam enganar utilizadores que desejam saber como vão ser quando forem velhos. A velhice está sempre em causa, mas os burlões conseguem apanhar os burlados cada vez mais cedo.

Quando descarrega a aplicação, o utilizador concorda em oferecer os seus dados privados. Dada a frequência com que são oferecidos, faz cada vez mais sentido que os dados se chamem dados. No entanto, é surpreendente que o fornecimento de dados privados a grandes empresas continue a gerar alarme: depois de terem oferecido os seus dados privados ao Facebook, ao Instagram, ao Twitter e à Google, os utilizadores estão agora a oferecê-los a uma outra empresa. Não sei se é possível continuar a falar em dados privados. Há anos que os dados são, no mínimo, semipúblicos. O meu telefone sabe exactamente para onde é que eu vou e a que horas. Assim que me sento no carro (e ele sabe que eu acabei de me sentar no carro), diz-me qual é o melhor caminho para o meu destino.

A Amazon sabe quais são os tipos de livros que me interessam. O YouTube sabe que vídeos é que me apetece ver. Portanto, não há muita coisa que o mundo desconheça sobre mim. Estou a dar uma entrevista contínua às grandes multinacionais.

O facto mais surpreendente desta aplicação que revela como seremos daqui a 30 anos é que dá a toda a gente uma esperança de vida de, pelo menos, 30 anos. Em princípio, a aplicação já sabe o suficiente para deduzir o tempo que nos resta.

À pergunta “Como serei eu em 2049?”, a aplicação deveria responder: “Tendo em conta os seus hábitos alimentares e a sua relutância em praticar exercício físico, nessa altura terá o aspecto deste monte de cinzas.” Mas não, continua a mostrar uma cara enrugada. Ou seja, têm os nossos dados mas não fazem verdadeiro uso deles. Pelo menos para o nosso bem. Mas isso já nós sabíamos.

Boca do Inferno – Visão