A Medway, que pertence ao grupo
suíço MSC, espera lançar em meados
de 2020 o Comboio Vasco da Gama
— uma ligação directa diária entre
Portugal e a Alemanha, na qual o
transporte de componentes para a
Autoeuropa representará uma carga
significativa.
Carlos Vasconcelos, administrador
da empresa, diz que está a trabalhar
com vários operadores ferroviários
(que asseguram a continuidade do
comboio para além da fronteira ibérica) e rodoviários (aos quais pretende captar carga que hoje circula em
camião) para poder garantir que este
serviço seja diário.
“Há milhares de camiões a circular entre Portugal e a Alemanha e queremos que uma percentagem ínfima passe para a ferrovia”, explica Carlos Vasconcelos, sublinhando que “este tipo de oferta tem de ser diária” pois não se compadece com serviços bis-semanais ou trissemanais.
O administrador diz que a situação do sector rodoviário é favorável à complementaridade com o modo ferroviário, sobretudo devido à grande dificuldade em contratar motoristas, bem como aos elevados custos com combustíveis, taxas e portagens.
É isso, aliás, que leva o gestor a reafirmar que quer ser o líder ibérico do transporte ferroviário de mercadorias, apesar de só deter uma quota de 25% e enfrentar a gigante espanhola Renfe. “Não queremos ganhar quota de mercado às outras operadoras ferroviárias, mas sim crescer concorrendo com a rodovia”, disse.
A criação de novos serviços tem sido, de resto, a fórmula de sucesso da Medway para chegar aos resultados que ontem foram apresentados pela administração, num balanço sobre os primeiros quatro anos da privatização, precisamente no mesmo dia em que o então governo de Passos Coelho decidiu privatizar a CP Carga. “Queremos prestar contas ao país para que este possa avaliar se forma boa decisão”, disse Carlos Vasconcelos, adiantando que os prejuízos da empresa se reduziram de 12 milhões de euros para 213 mil e que espera ter lucros ainda este ano.
O administrador diz que a situação do sector rodoviário é favorável à complementaridade com o modo ferroviário, sobretudo devido à grande dificuldade em contratar motoristas, bem como aos elevados custos com combustíveis, taxas e portagens.
É isso, aliás, que leva o gestor a reafirmar que quer ser o líder ibérico do transporte ferroviário de mercadorias, apesar de só deter uma quota de 25% e enfrentar a gigante espanhola Renfe. “Não queremos ganhar quota de mercado às outras operadoras ferroviárias, mas sim crescer concorrendo com a rodovia”, disse.
A criação de novos serviços tem sido, de resto, a fórmula de sucesso da Medway para chegar aos resultados que ontem foram apresentados pela administração, num balanço sobre os primeiros quatro anos da privatização, precisamente no mesmo dia em que o então governo de Passos Coelho decidiu privatizar a CP Carga. “Queremos prestar contas ao país para que este possa avaliar se foi uma boa decisão”, disse Carlos Vasconcelos, adiantando que os prejuízos da empresa se reduziram de 12 milhões de euros para 213 mil e que espera ter lucros ainda este ano.
Entre Dezembro de 2015 e Dezembro de 2018, a Medway reduziu também a sua dívida de 97 para 51 milhões de euros, aumentou as receitas em 11% (facturou 79 milhões em 2018) e aumentou o número de trabalhadores de 567 para 641. Até ao fim deste ano espera contratar mais 70 colaboradores.
Neste período, a empresa realizou investimentos de 25,4 milhões de euros (dos quais 21 milhões na compra de quatro locomotivas) e aumentou em 12% o número de comboios efectuados, em 5% os quilómetros percorridos e em 28% o número de contentores transportados.
Os contentores representam já 50% da actividade da empresa, com tendência a crescer, tendo-se registado, em contrapartida, um redução significativa no transporte de carvão e cimento. Entre as razões que explicam este desempenho da empresa está a aposta nos comboios multiclientes e em 19 novos serviços, entre os quais dois entre Portugal e Espanha (Sines-Sevilha e Valongo-Saragoça) e dois dentro de Espanha (Madrid -Valência e Saragoça-Bilbau).
“Consenso político”
Questionado sobre os atrasos no Ferrovia 2020 e nos constrangimentos que a actual rede ferroviária provoca na operação, Carlos Vasconcelos mostrou-se compreensivo. Referiu o desinvestimento no sector das últimas décadas e a necessidade de o “ir melhorando gradualmente à medida que a economia do país o permita”, mas deu o recado de que é necessário um consenso político sobre os investimentos estratégicos pois “não podemos ter planos ferroviários sempre que muda a legislatura ou a própria administração da IP”.
Bruno Silva, director-geral da Medway, identificou o troço Contumil-Ermesinde como um dos mais congestionados da rede, e que é necessário reforçar para dar continuidade aos investimentos que estão a ser feitos nas Linhas do Minho e do Douro, concordando que é necessário fazer variantes na Linha do Norte para aumentar a capacidade. Mas um
dos investimentos que considera mais prioritários é a construção de uma linha Sines-Grândola para descongestionar a saída do porto marítimo e eliminar as rampas de Santiago do Cacém. Até Junho de 2020 a Medway espera ter concluído em Vila Nova de Famalicão um novo terminal ferroviário no valor de 35 milhões de euros.
Os investimentos, porém, não se ficam por aqui. Carlos Vasconcelos diz que anunciará em Setembro um “ambicioso” plano de investimentos da empresa, que já tem o aval dos accionistas suíços.
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