Marcas de automóveis portuguesas? Sim, também tivemos e não foram poucas. Conhece 12 marcas que ficaram na história da indústria automóvel nacional.
Diariamente falamos de carros suecos, italianos, bávaros, franceses, nipónicos, etc. Infelizmente, nunca (ou quase nunca) falamos dos carros e das marcas automóveis portuguesas.
Apesar de nenhuma destas marcas estar activa, com excepção da AC Sport Car, que retomou em 2018, não deixam de ter o seu honroso lugar na história. Esta lista de modelos faz parte da sua herança.
AC Sport Car
O AC Sport Car, produzido de forma artesanal na oficina ‘A. Cação Automóveis’ entre 1982 e 1988, é um desportivo de dois lugares com mecânica e chassis da Volkswagen e uma carroçaria em fibra de vidro que vai buscar inspiração a modelos britânicos, alemães e italianos. A frente faz lembrar um britânico Lotus Esprit dos anos 70, as portas abrem para cima e são inspiradas nas “asas de gaivota” do alemão Mercedes 300 SL e a lateral tem ares do italiano Lancia Stratos. Da ficha de especificações técnicas constam quatro motorizações (de 1.2 a 1.6 a gasolina, de 34 a 50 cv), motor de quatro tempos arrefecido a ar “com sistema automático de arranque que garante arranque imediato em dias frios”, caixa de quatro velocidades e tração traseira, para além de uma vasta lista de equipamentos de série e outra de extras.
ALBA
O ALBA foi integralmente construído na metalúrgica Alba em Albergaria-a-Velha entre 1952 e 1954 por António Augusto Martins Pereira. Estima-se que foram construídas apenas três unidades do carro com estilo italiano, sendo que a unidade original (a da fotografia) encontra-se em exposição no Museu do Caramulo. O ALBA integrava um motor (também ele construído pela metalúrgica) de 4 cilindros com 1500 cm3 de capacidade e 90 cv de potência, caixa de quatro velocidades e atingia os 200 km/h de velocidade máxima.
DM
Construído por Dionísio Mateus na Auto Federal Lda no início da década de 50, o DM era animado por um motor de 1100 cm3 com 4 cilindros que o fazia produzir 65 cv. Era leve (500 kg) e conseguia atingir os 170 km/h.
Edfor
Fabricado em 1937 por Eduardo Ferreirinha, o Edfor usava um motor V8 produzido pela Ford com 3620 cm3, velocidade máxima de 160 km/h e 970 kg de peso total. Antes de ser cineasta, e muito antes de se ter tornado no mais famoso realizador de cinema português de todos os tempos, Manoel de Oliveira já era famoso por ser piloto de automóveis e chegou até a conduzir o Edfor nas competições em que participava.
Felcom
A junção entre um Ford A, um Turcat-Méry e um Miller deram origem ao Felcom, construído entre 1933 e 1935.
AGB IPA
Quando apresentado na Feira das Indústrias, em 1958, foi considerado uma revolução na indústria metalo-mecânica portuguesa por por se apresentar com linhas arredondadas e estar disponível tanto na versão coupé de dois lugares ou familiar de quatro lugares. O AGB IPA, limitado a apenas cinco exemplares, estava equipado com um motor British Anzani de dois cilindros com 300 cm3 a dois tempos com, aproximadamente, 15 cv.
Segundo o livro “Automóveis Portugueses”, editado pelo Museu do Caramulo:
A licença para o fabrico em série teve a feroz oposição do então secretário de Estado da Indústria, que havia já optado por outra direcção na política industrial e que passava pela montagem de veículos em CKD (completly knocked down) de marcas europeias e americanas.
Marlei
O Marlei, construído pelo mecânico Mário Moreira Leite, usava a base do Opel Olympia Caravan e contava com 48 cv provenientes de um motor de 1588 cm3, caixa manual de quatro velocidades e atingia os 160 km/h de velocidade máxima.
MG Canelas
Este modelo recorria a um chassis tubular construído em aço (em vez de alumínio), diferenciando-se dos carros de corrida dos anos 50. Debitava 95 cv através do motor de 1500 cm3 com quatro velocidades, atingindo a velocidade máxima de 195 km/h.
Olda
A marca Olda surgiu em 1954 e conquistou as pistas não só devido à qualidade do projeto — que utilizava tanto o chassis como o motor do Fiat 1100 —, como também à excelente prestação do piloto e técnico do veículo Joaquim Correia de Oliveira. O motor italiano de quatro cilindros tinha 80 cv, 1493 cm3 e caixa de quatro velocidades. Pesava 500 kg e atingia 165 km/h de velocidade máxima.
Portaro
O Portaro (contração de Portugal e ARO), era um todo o terreno fabricado no nosso país, usando como base original o jipe 240 4×4 da marca romena ARO. Após a parceria, o jipe entrou nas linhas de montagem da Fábrica de Máquinas Agrícolas do Tramagal, em Abrantes, em 1975. Em 1990, após ter vendido quase 7000 veículos em Portugal, e ter exportado alguns milhares de jipes, a Portaro entrou um falência e fechou as portas. O principal motivo da falência é apontado como a falta de apoio por parte do Estado à indústria automóvel nacional.
Sado
O Sado 550 era o verdadeiro “Smart ForTwo dos anos 80″. Após ter sido colocado à venda, em 1982, a procura era tão grande que chegaram a ter lista de espera. O pequeno Sado recorria a um motor de dois cilindros com 547 cm3, produzindo apenas 28 cv. Pesava 480 kg, tinha uma caixa de quatro velocidades e a velocidade de ponta ficava-se pelos 110 km/h — os primeiros protótipos chegavam aos 130 km/h. Imaginem…
UMM
A UMM (União Metalo-Mecânica) foi uma empresa portuguesa fundada em 1977 com o objetivo de fabricar veículos todo o terreno para a indústria e agricultura. O sucesso da marca foi garantido, chegando a ter várias variantes do modelo (cabrio, com tejadilho, versão de cinco portas, etc.). Em 2006, a empresa retira-se do mercado, deixando um marco na história do setor em Portugal.
Imagens: Museu do Caramulo e Outros
Fonte: MotorBits e outros
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