segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Se isto é um presidente

Embriagado? (Como quando, num jantar de 4 horas com a  imprensa internacional, disse que Montenegro era 'rústico' e 'lento').

Com problemas mentais?

Só pode… (c'est à vous de choisir)

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Se isto é um presidente

Se nós estamos habituados a dar um enorme desconto, e dois mandatos, ao prof. Marcelo, o resto da humanidade, que não faz ideia de quem ele é, não sente semelhante obrigação. E Trump também não.

30 ago. 2025, Alberto Gonçalves,

…na impossibilidade de ajudarmos o prof. Marcelo a terminar o mandato com dignidade, cabe-nos esperar que o termine do modo como o exerceu: sem dignidade nenhuma.

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Na passada quinta-feira, no podcast "Ideias Feitas" da Rádio Observador, constatei um facto e fiz uma previsão, ambos a pretexto das afirmações do prof. Marcelo na Universidade de Verão do PSD. O facto, por definição, está correcto. A previsão arrisca-se a falhar. Vamos por partes.

Na primeira parte, um preâmbulo: não imagino o que motiva alguém a convidar o prof. Marcelo para o que quer que não seja uma rábula de comédia involuntária. Dado que não acredito que a comédia involuntária tenha sido o objectivo do PSD, a minha estupefacção mantém-se. Pedir ao prof. Marcelo que discorra sobre um assunto, qualquer assunto, é o mesmo que indigitar o treinador Jorge Jesus para palestrante num colóquio alusivo a James Joyce. Ou provavelmente pior. Há décadas que o prof. Marcelo julga comentar a actualidade, mania que não interrompeu com a entrada em Belém. Desse longo período, não se aproveita uma "análise" (digamos), uma frase, uma palavrinha dentre os milhões de que o prof. Marcelo se aliviou. A história do relógio parado não se aplica ao indivíduo. O prof. Marcelo não está certo duas vezes por dia e não acertou sequer uma vez em meio século. Chega a ser uma proeza, talvez um recorde.

A verdade é que, por descuido ou loucura, o PSD convidou Sua Excelência para o tal evento. E que, instado a despejar palpites perante uma audiência forçada a ouvi-lo, Sua Excelência tinha duas hipóteses: ou despejava trivialidades ou produzia aberrações. Escolheu, e faço o favor de lhe presumir a capacidade de escolha, as
aberrações. Com a descontracção dos iluminados ou dos simples, o prof. Marcelo informou as massas de que Trump "é um activo soviético, ou russo". Isto é, o presidente português acusou o presidente dos EUA de estar ao serviço de uma potência inimiga, ou na versão benigna concorrente, dos EUA e do Ocidente. Irresponsabilidade? Isso exigiria um perpetrador ocasionalmente responsável, com noção de que ultrapassa os seus limites e abusa do seu cargo. Não é o caso.

Aqui, a questão menor é a da legitimidade (à questão maior já lá irei). No referido podcast notei que a legitimidade do prof. Marcelo para acusar Trump de subserviência a Moscovo é nula. No desgraçado currículo do nosso "chefe de Estado" entre aspas, consta um interminável rol de vénias a ditaduras e proto-ditaduras, da China ao Brasil do sr. Lula, de Angola a Cuba, do Qatar à – imagine-se – Rússia do sr. Putin, que o prof. Marcelo visitou, o país e o déspota, por ocasião do "Mundial" da bola e quatro anos após a anexação da Crimeia. E por pudor deixo de fora as Festas do Avante!, os remoques a Israel e a amizade eterna e fraterna com o porta-voz oficioso do Hamas. O ponto é que, ainda que o prof. Marcelo tivesse o lastro democrático e "ocidental" que não tem, o ataque a Trump, independentemente do que possamos pensar de Trump, seria igualmente grotesco,
inacreditável e, achava eu, inofensivo.

A minha tese, que expus com notáveis poder de síntese e ingenuidade no "Ideias Feitas", era a de que a circunstância de o prof. Marcelo ser um absoluto desconhecido depois de Badajoz, Vilar Formoso e Quintanilha evitaria a repercussão dos respectivos disparates, destinados como de costume ao enxovalho dos compatriotas. Erro meu. Justamente porque o mundo civilizado ignora a existência do prof. Marcelo e as idiossincrasias de um sujeito que muda de cuecas na praia e furta batatas fritas em restaurantes, a notícia que correu foi a de que o
representante eleito do povo português chamou "activo soviético (ou russo)" ao representante eleito do povo americano. Se nós estamos habituados a dar um enorme desconto, e dois mandatos, ao prof. Marcelo, o resto da humanidade, que não faz ideia de quem ele é, não sente semelhante obrigação. E o inquilino da Casa Branca também não. Em suma, as agências noticiosas levaram a sério os devaneios de um homem que ninguém leva a sério. Os devaneios espalharam-se. É provável que os devaneios não fiquem impunes.

Convém explicar que nada disto se enquadra na categoria de "incidente diplomático". Incidente diplomático é servir pernil ao rei saudita. Desprovida do contexto, leia-se de informação acerca da incontinência verbal e social do prof. Marcelo, é compreensível que a administração americana tome à letra as declarações de franca hostilidade e actue com hostilidade recíproca e, infelizmente para nós, consequente. A resposta pode surgir nas tarifas, nos vistos, na defesa ou, se tivermos sorte, na mera e persistente desconfiança que se dedica a um pequenino e ingrato aliado. Há remédio? Vejo um, que desgraçadamente nunca será prescrito: promover no estrangeiro uma campanha de divulgação idêntica às do turismo, mas em vez de divulgar castelos e igrejas e comida e praias e florestas em cinzas, divulgava-se o prof. Marcelo, com detalhes biográficos, vídeos dos "melhores" momentos e uma espécie de aviso pedagógico ("Não lhe liguem: ele é assim", ou "É favor não darem importância ao senhor").

Entretanto, e na impossibilidade de ajudarmos o prof. Marcelo a terminar o mandato com dignidade, cabe-nos esperar que o termine do modo como o exerceu: sem dignidade nenhuma.@font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:roman; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-536869121 1107305727 33554432 0 415 0;}@font-face {font-family:Aptos; mso-font-alt:Aptos; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:536871559 3 0 0 415 0;}p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:8.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Aptos",sans-serif; mso-ascii-font-family:Aptos; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Aptos; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Aptos; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-font-kerning:1.0pt; mso-ligatures:standardcontextual; mso-fareast-language:EN-US;}a:link, span.MsoHyperlink {mso-style-priority:99; color:#467886; mso-themecolor:hyperlink; text-decoration:underline; text-underline:single;}a:visited, span.MsoHyperlinkFollowed {mso-style-noshow:yes; mso-style-priority:99; color:#96607D; mso-themecolor:followedhyperlink; text-decoration:underline; text-underline:single;}.MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; font-size:12.0pt; mso-ansi-font-size:12.0pt; mso-bidi-font-size:12.0pt; font-family:"Aptos",sans-serif; mso-ascii-font-family:Aptos; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Aptos; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Aptos; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-font-kerning:1.0pt; mso-ligatures:standardcontextual; mso-fareast-language:EN-US;}.MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; margin-bottom:8.0pt; line-height:115%;}div.WordSection1 {page:WordSection1;}

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