segunda-feira, 1 de julho de 2019

Os espectadores activos contra os espectadores activos — a inércia e o desprezo pela nossa língua.

Os políticos preocupam-se muito com as beatas no chão, mas nada com a riqueza ortográfica do português.


À memória do Vasco Graça Moura.

Se pensam que este artigo é duro, imaginem o que ele escreveria.

Prometi a mim próprio escrever um ou dois artigos por ano contra o chamado “acordo ortográfico”.
E fiz essa promessa para não pecar do mesmo mal da inércia, que é a principal força que mantém este acordo vivo. Na verdade, são duas forças conjugadas, uma, a inércia, e a outra, o desprezo pela língua portuguesa. São duas forças muito poderosas e, conjugadas entre si, ainda mais poderosas são. Mas são forças negativas, que misturam preguiça, indiferença, incultura, desprezo pela memória, e irresponsabilização pelo desastre e fracasso diplomático que representou o acordo.
  O resultado é que todos os anos o português escrito em Portugal se afasta do do Brasil, de Angola, Cabo Verde, onde o acordo ou não existe ou não é aplicado. Ficamos com um português de ortografia pobre, menos resistente a estrangeirismos e menos expressivo, em nome de um objectivo falhado: o de fazer a engenharia da língua de forma artificial. E não me venham com o “pharmácia” e farmácia, porque o contexto deste acordo inútil é muito diferente dos anteriores, porque foi feito num momento em que tudo aconselharia prudência em mexer numa língua cujas ameaças principais não vêm da falta de unificação ortográfica, mas da correlação entre a perda de dinamismo social e a riqueza da língua, ortografia, léxico, gramática e oralidade. E aqui Portugal fica sempre a perder com o Brasil.

E não me venham também com o facto de ser apenas um acordo na ortografia, que não afecta a oralidade, nem a riqueza lexical.
  Afecta e muito, porque lemos com os olhos, e para lá dos olhos é a imagem das palavras que fica, e uma coisa é ser-se “espetador” e outra ser-se espectador, apesar da inútil dupla grafia. Por detrás do espetador, como diria o Napoleão diante das pirâmides, mais de dois mil anos de civilização contemplam os infelizes do acordo, sem pai nem mãe latina e grega. Mas quem é que quer saber disso?
  Este é um dos casos em que fico populista e atiro em cima “deles”, os políticos. “Eles” preocupam-se muito com as beatas no chão, mas nada com riqueza ortográfica do português, na sua memória, nas palavras antigas que são o solo que pisamos. E é por isso que o acordo serve a ignorância, dos políticos do PS e do PSD e do CDS, que deixaram à suposta geração designada “a mais preparada de sempre”, um dos mitos com que alimentamos a nossa mediocridade colectiva. Sim, uma geração que faz cursos universitários sem ler um livro, e que fala com
  a expressividade dos SMS e do Twitter numa linguagem gutural e pobre, que o acordo ajuda a consolidar.
  O Big Brother de Orwell eliminava do vocabulário todos os anos algumas palavras.
  Para ele, a linguagem patológica dos escassos caracteres do Twitter, onde não passa um argumento racional, mas passa com facilidade um insulto, seria um ideal a conseguir. Falar com vocabulário variado e rico, algo que só se tem lendo, dá poder. O Big Brother queria retirar poder e não tenho dúvidas de que gostaria do acordo ortográfico, para eliminar a memória das palavras vindas dos dias de cor e passar ao cinzento da farda.
  Na verdade, é um problema maior do que a ortografia, é o problema da cultura e da democracia, onde todos os dias os parâmetros de mínima exigência são baixados, pelos pais, pelos professores, pelas instituições e, como o peixe apodrece pela cabeça, pela nonchalance dos nossos políticos pelas coisas importantes. E se há comparação que me honra é com o Velho do Restelo. Na verdade, o Velho do Restelo é uma das personagens mais interessantes e criativas d’Os Lusíadas. E tinha razão.
  E deixem-me lá as excepções. A regra é que os mais velhos traíram a memória da língua, e os mais novos vivem bem no mundo do Big Brother. O tecido cultural do país, agredido pelo acordo, não é feito de excepções mas sim da regra, e a contínua enunciação das excepções só serve para esconder a regra.
Pode-se ser culto sem saber quem era Ulisses, ou Electra, ou Lear, ou Otelo ou Bloom? Não, não pode. Como não se pode ser culto sem perceber a inércia, ou o princípio de Arquimedes. E, no caso português, sem ter
  lido umas frases de Vieira, ou saber quem eram Simão Botelho, Acácio, o sr. Joãozinho das Perdizes, ou Ricardo Reis, ele mesmo. E não me venham dizer que sabem outras coisas. Sabem, mas não chega, são menos, são diferentes, e não tem o mesmo papel de nos fazer melhores, mais donos de nós próprios e mais livres. Sim, livres, porque é de liberdade que se está a falar.

José Pacheco Pereira - Historiador. Escreve ao sábado no Publico

Vladimir Putin

O Presidente russo, Vladimir Putin, mostrou (28-06-2019) como o seu pensamento é verdadeiramente assustador e pode ser uma ameaça. Em entrevista ao Financial Times na véspera do início da cimeira do G20, criticou o liberalismo nestes termos: “Esta ideia liberal pressupõe que nada precisa de ser feito, que os migrantes podem matar, pilhar e violar com impunidade porque os seus direitos como migrantes devem ser protegidos.”

sábado, 29 de junho de 2019

Qual a quantidade de água que devemos beber por dia?

No início do século 19, as pessoas tinham que estar à beira da morte antes de se dignarem a beber água. Somente aqueles "reduzidos ao último estágio da pobreza satisfazem sua sede com água", dizia Vincent Priessnitz, fundador da hidroterapia, também conhecida como "a cura pela água".

Os tempos, de fato, mudaram. Somos bombardeados actualmente por uma série de mensagens dizendo que devemos tomar litros de água todos os dias, o que seria o segredo para ter uma boa saúde, se sentir mais disposto, perder peso e até evitar o câncer.

Passageiros são encorajados a andar com garrafas de água durante as viagens de metrô no Verão de Londres; recomenda-se aos estudantes levar água para a sala de aula; enquanto algumas reuniões de trabalho não podem começar sem que haja uma jarra de água gigante no meio da mesa.

Mulher bebendo água

O conselho que mais ouvimos é a "regra do 8x8": a recomendação não oficial de que devemos tomar oito copos de 240ml de água por dia, o que equivale a pouco menos de dois litros, além de quaisquer outras bebidas.

Essa "regra", no entanto, não é respaldada cientificamente - tampouco as directrizes oficiais do Reino Unido ou da União Europeia dizem que devemos beber tanta água assim.

Tudo indica que a recomendação de tomar dois litros de água por dia vem de interpretações equivocadas de duas fontes diferentes - ambas de décadas atrás.

Em 1945, o Comité de Nutrição e Alimentos do Conselho Nacional de Pesquisa dos EUA aconselhou os adultos a consumirem um mililitro de líquido para cada caloria de alimento.

Isso equivaleria a 2 litros para mulheres que adoptam uma dieta de 2 mil calorias, e 2,5 litros para homens que consomem 2,5 mil calorias.

Mas essa recomendação não era exclusiva para água - incluía a maioria dos tipos de bebidas - assim como frutas, legumes e verduras, que podem conter até 98% de água.

Em 1974, o livro Nutrition for Good Health ("Nutrição para uma boa saúde", em tradução livre), escrito pelos nutricionistas Margaret McWilliams e Frederick Stare, recomendava que um adulto médio deveria tomar entre seis e oito copos de água por dia.

E, segundo os autores, isso também incluía frutas e legumes, café e refrigerantes, até mesmo cerveja.

Confiar na sede

Não há dúvida de que a água é importante.

A água, que representa cerca de dois terços do nosso peso corporal, transporta nutrientes e resíduos ao redor do organismo, regula a temperatura, age como um lubrificante e amortece as nossas articulações, desempenhando uma função na maioria das reacções químicas que ocorrem dentro de nós.

Estamos constantemente perdendo água por meio do suor, da urina e da respiração. Garantir que temos água suficiente é essencial para evitar a desidratação.

Os sintomas da desidratação podem se tornar detectáveis quando perdemos entre 1% a 2% da água do nosso corpo.

Entre eles, estão: urina amarela escura; cansaço, tontura; secura na boca, nos lábios ou nos olhos; urinar menos de quatro vezes ao dia. Mas o sintoma mais comum? Simplesmente sentir sede.

Em casos graves e mais raros, a desidratação pode ser fatal.

Anos de afirmações infundadas em torno da regra do 8x8 nos levaram a acreditar que sentir sede significa que já estamos perigosamente desidratados.

Mas a maioria dos especialistas concorda que não precisamos de mais líquido do que a quantidade que nossos corpos pedem, quando pedem.

"O controle da hidratação é uma das coisas mais sofisticadas que desenvolvemos na evolução, desde que os ancestrais saíram do mar para a terra. Temos uma grande quantidade de técnicas sofisticadas que usamos para manter a hidratação adequada", diz Irwin Rosenburg, cientista do Laboratório de Neurociência e Envelhecimento da Universidade de Tufts, em Massachusetts, nos EUA.

Em um corpo saudável, o cérebro detecta quando o organismo está desidratado e activa a sede para estimular que a gente beba água. Também libera um hormônio que envia sinais aos rins para conservar água concentrando a urina.

"Se você ouvir seu corpo, ele vai te avisar quando estiver com sede", diz Courtney Kipps, consultor em medicina esportiva e professor do Instituto de Medicina Esportiva, Exercício e Saúde na University College London (UCL).

"O mito de que é tarde demais quando você está com sede é baseado na suposição de que a sede é um marcador imperfeito de um deficit de líquido, mas por que todo o resto no corpo deve ser perfeito e a sede imperfeita? Funcionou muito bem durante milhares de anos de evolução humana", avalia.

Embora a água seja a opção mais saudável, uma vez que não tem calorias, outras bebidas também nos hidratam.

Embora a cafeína tenha efeito diurético moderado, as pesquisas indicam que o chá e o café ainda contribuem para a hidratação - assim como as bebidas alcoólicas.

Água faz bem à saúde?

Há poucas evidências sugerindo que beber mais água do que nossos corpos pedem oferece benefícios extras, além de evitar a desidratação.

No entanto, vários estudos mostram, por exemplo, que beber o suficiente para evitar a desidratação leve ajuda a função cerebral e a capacidade de realizar tarefas simples, como a resolução de problemas.

Algumas pesquisas indicam ainda que a ingestão de líquidos pode ajudar a controlar o peso.

Mas Barbara Rolls, professora de medicina intensiva da universidade UCL, diz que qualquer perda de peso associada à água tem mais chance de estar relacionada ao uso da água como substituto de bebidas açucaradas.

"A ideia de que se entupir de água antes da refeição elimina peso não está bem sustentada."

"E a água que consumimos por si só se esvai rapidamente do estômago. Mas se você consome mais água por meio da comida, como uma sopa, isso pode ajudar você a se sentir satisfeito, pois a água está ligada à comida e fica no estômago por mais tempo", explica.

Outro suposto benefício para a saúde de beber mais água é que melhora o aspecto da pele.

Mas não há evidência suficiente para sugerir que existe um mecanismo científico confiável por trás disso.

Água em excesso pode fazer mal?

Quem tenta tomar oito copos de água por dia não está causando nenhum mal a si mesmo.

Mas a crença de que precisamos beber mais água do que o nosso corpo pede às vezes pode ser perigosa.

O consumo excessivo de líquidos pode se tornar grave quando provoca diluição de sódio no sangue. Isso cria um inchaço no cérebro e nos pulmões, à medida que o líquido se desloca para tentar equilibrar os níveis de sódio no sangue.

Ao longo da última década, Kipps teve conhecimento de pelo menos 15 casos de atletas que morreram de excesso de hidratação durante eventos esportivos.

Ele suspeita que esses casos acontecem em parte porque desconfiamos de nosso próprio mecanismo de sede e acreditamos que precisamos beber mais do que nosso corpo está pedindo para evitar a desidratação.

"Enfermeiros e médicos em hospitais lidam com pacientes gravemente desidratados, que têm condições médicas graves ou que não puderam beber por dias, mas esses casos são muito diferentes da desidratação que as pessoas se preocupam durante as maratonas", explica.

Johanna Pakenham correu a Maratona de Londres de 2018, a mais quente já registrada, e acabou indo parar no hospital.

Ela bebeu tanta água durante a corrida que acabou se hidratando em excesso, desenvolvendo um quadro de hiponatremia (baixos níveis de sódio no sangue).

"Minha amiga e meu companheiro pensaram que eu estava desidratada e me deram um copo grande de água. Eu tive um ataque e meu coração parou. Fui levada de helicóptero para o hospital e fiquei inconsciente da noite de domingo até a terça-feira seguinte", relembra.

Pakenham, que planeja correr a maratona novamente neste ano, diz que o único conselho de saúde que recebeu de amigos e cartazes de divulgação da maratona foi beber muita água.

"Quero que as pessoas saibam que algo tão simples pode ser tão mortal."

"Tudo o que eu precisava para ficar bem eram algumas pastilhas de electrólitos, que aumentam os níveis de sódio no sangue. Já tinha feito algumas maratonas antes e não sabia disso", diz ela.

Quanto devemos tomar?

A ideia de que devemos estar constantemente hidratados significa que muitas pessoas levam água para aonde quer que vão, e bebem mais do que seus corpos necessitam.

"O máximo que uma pessoa na temperatura mais quente possível no meio do deserto pode suar é dois litros em uma hora, mas isso é muito difícil", diz Hugh Montgomery, director de pesquisa do Instituto para o Desporto, Exercício e Saúde de Londres.

Por isso, para o especialista, não é necessário sair por aí com uma garrafa de 500 ml de água para uma viagem de 20 minutos no metrô, "porque você nunca vai ficar quente o suficiente para transpirar nesse ritmo, mesmo que esteja empapado de suor".

Para aqueles que se sentem mais confortáveis em seguir as orientações oficiais, em vez da própria sede, o sistema de saúde público do Reino Unido (NHS, na sigla em inglês) recomenda beber entre seis a oito copos de líquido por dia, incluindo leite com baixo teor de gordura e bebidas sem açúcar, como chá e café.

Também é importante lembrar que nossos mecanismos de sede perdem a sensibilidade quando passamos dos 60 anos.

"À medida que envelhecemos, nosso mecanismo natural de sede se torna menos sensível e nos tornamos mais propensos à desidratação do que os mais jovens. E talvez precisemos estar mais atentos aos nossos hábitos de consumo de líquidos para nos manter hidratados", diz Davy.

A maioria dos especialistas concorda que a necessidade de líquido varia de acordo com a idade, a estrutura corporal, o género, o ambiente e o nível de actividade física de cada indivíduo.

"Uma das falácias da regra do 8x8 é a simplificação excessiva de como nós, como organismos, respondemos ao ambiente em que estamos inseridos", diz Rosenburg.

"Devemos pensar na necessidade de líquidos da mesma forma que a necessidade de energia".

A maioria dos especialistas tende a concordar que não precisamos nos preocupar em beber uma quantidade arbitrária de água por dia: nossos corpos sinalizam quando estamos com sede, como fazem quando estamos com fome ou cansados.

O único benefício para a saúde de beber mais do que o necessário é, ao que parece, as calorias extras que você gasta correndo para o banheiro com mais frequência.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

O historiador da Grécia Antiga que ‘previu guerra inevitável‘ entre EUA e China–Tucídides

Não faz muito tempo, a ascensão da China era vista como essencialmente benigna. Uma economia em crescimento, pensava-se, andaria de mãos dadas com um sistema político mais liberal. A China estava, para usar uma frase popular entre especialistas americanos, tornando-se uma potência global responsável.

Mas, hoje, a China é cada vez mais vista como uma ameaça. De fato, muitos temem que a rivalidade entre China e Estados Unidos possa até levar a um conflito com ramificações globais. Os dois países estariam em curso inevitável rumo à guerra?

Um novo conceito proposto nos Estados Unidos, que remete à Grécia Antiga e ao trabalho de Tucídides, o historiador da Guerra do Peloponeso entre Atenas e Esparta, pode ajudar a responder esta questão.

O cientista político Graham Allison, professor do Centro Belfer da Universidade de Harvard, é um dos principais estudiosos das relações internacionais americanas.

Seu livro, Destined For War: Can America and China Avoid Thucydides Trap? (Destinados à guerra: Estados Unidos e China conseguirão evitar a armadilha de Tucídides?, em tradução livre; Houghton Mifflin, 2017), tornou-se leitura obrigatória para muitos formuladores de políticas, acadêmicos e jornalistas.

A armadilha de Tucídides, diz Allison, é a dinâmica perigosa que ocorre quando um poder em ascensão ameaça a posição de um poder já estabelecido - no passado, Atenas, e, hoje, os Estados Unidos.

No antigo mundo grego, foi Atenas que ameaçou Esparta. No fim do século 19 e começo do século 20, a Alemanha desafiou a Grã-Bretanha. Hoje, uma China em ascensão está potencialmente desafiando os Estados Unidos.

Ao analisar 500 anos de história, Allison identificou 16 exemplos de potências emergentes que confrontaram um poder estabelecido: em 12 dos casos, issou levou à guerra.

A rivalidade entre Washington e Pequim é, segundo ele, "a característica que define as relações internacionais atuais e no futuro próximo". Então, perguntar se Estados Unidos e a China conseguirão evitar a armadilha de Tucídides não é uma questão meramente acadêmica. A armadilha rapidamente se tornou um grande prisma analítico através do qual se pode ver a competição entre Washington e Pequim.

Claro, nem todo mundo concorda. "Acho que o equilíbrio de poder não apóia a hipótese da armadilha de Tucídides", diz Hu Bo, professor do Instituto de Pesquisas Oceânicas da Universidade de Pequim e um dos principais estrategistas navais da China.

Embora a ascensão da China seja notável, ele acredita que sua força global simplesmente não seja comparável à dos Estados Unidos. A China teria alguma chance de se equiparar ao poderio dos Estados Unidos apenas na região do Pacífico Ocidental

Mas um confronto nesta região poderia ser suficiente para levar essas duas grandes potências à guerra. Não menos importante é o fato de que a China está buscando construir a maior armada naval do mundo.

"Isso não é apenas impressionante nos tempos atuais", diz Andrew Erickson, professor de estratégia da Faculdade de Guerra Naval dos Estados Unidos e um dos principais especialistas em Marinha chinesa. "Isso é impressionante em termos históricos."

A qualidade dos equipamentos da China também está melhorando significativamente, com navios de guerra maiores e mais sofisticados, cujas capacidades, em muitos aspectos, estão se aproximando das de embarcações ocidentais.

A estratégia marítima chinesa também está se tornando mais assertiva.

Embora o foco dessa assertividade permaneça, por enquanto, relativamente próximo do território chinês, Pequim está tentando elevar os custos de uma possível interferência dos Estados Unidos em uma crise.

Quer ser capaz de manter os americanos à distância se, por exemplo, decidir usar sua força contra Taiwan. E os Estados Unidos estão determinados a manter seu acesso à região.

Mas as crescentes tensões sino-americanas também são produto de fortes personalidades.

Elizabeth Economy, diretora de Estudos da Ásia no Conselho de Relações Internacionais, um centro de pesquisa baseado nos Estados Unidos, diz que Xi Jinping tem sido um líder transformador com "uma visão muito mais expansiva e ambiciosa sobre o lugar da China no cenário global".

Ela argumenta que o elemento mais subestimado da ambição do presidente chinês é "seu esforço para reformular normas e instituições do cenário global de um modo que reflita mais de perto os valores e prioridades chineses".

Os Estados Unidos também estão revendo sua posição. Washington classificou a China, juntamente com a Rússia, como uma "potência revisionista", ao dizer que ambos querem "redifinir o mundo de acordo com seu modelo autoritário".

Os militares americanos agora consideram a China como um rival quase em pé de igualdade, um ponto de referência com o qual os poderios naval e aéreo dos Estados Unidos devem ser comparados.

Uma segunda Guerra Fria?

Mas, ainda que haja um ânimo diferente em Washington, ainda estão sendo dados os primeiros passos no estabelecimento de uma nova estratégia para lidar com Pequim.

Alguns falam da possibilidade de uma segunda Guerra Fria, desta vez entre os Estados Unidos e a China. No entanto, ao contrário da Guerra Fria do século 20, entre americanos e soviéticos, as economias americana e chinesa estão profundamente interligadas. Isso dá à rivalidade uma nova dimensão: uma batalha pelo domínio tecnológico.

A gigante de telecomunicações chinesa Huawei está no centro desta turbulência. Os Estados Unidos estão se recusando a permitir que a tecnologia da empresa seja usada em futuras redes de comunicação e estão pressionando aliados para impor uma proibição semelhante.

Além de restringir a compra de produtos da Huawei, os Estados Unidos também estão processando criminalmente a empresa e sua diretora financeira, Meng Wanzhou, filha do fundador da companhia, Ren Zhengfei, que foi presa no Canadá em dezembro, a pedido de autoridades americanas.

A batalha de Washington com a Huawei exemplifica preocupações mais amplas com o setor de alta tecnologia da China em relação ao roubo de propriedade intelectual, vendas ilícitas ao Irã e espionagem.

Por trás de tudo isso, está o temor de que a China possa em breve dominar tecnologias-chave para a prosperidade futura, como internet, carros autônomos e inteligência artificial. A economia e a estratégia global estão intrínsicamente ligadas a este debate, com a China decidida a se tornar um ator global dominante na próxima década.

Isso obviamente dependerá da China continuar a crescer. Há sinais de que sua economia pode estar enfrentando problemas ao se apegar ao modelo autoritário e rejeitar outras reformas de mercado. O que pode acontecer se o progresso econômico diminuir?

Alguns argumentam que Xi Jinping pode conter suas ambições. Outros temem que isso possa enfraquecer sua legitimidade na China e encorajá-lo a fortalecer o nacionalismo, levando potencialmente a uma assertividade ainda maior.

A rivalidade entre a China e os Estados Unidos é real e não vai a lugar algum. Um erro de cálculo estratégico é um risco claro. Os dois países estão em uma encruzilhada estratégica. Ou eles encontrarão maneiras de acomodar os interesses um dos outro ou terão um relacionamento muito mais conflituoso.

Isso nos traz de volta à armadilha de Tucídides. Mas Allison enfatiza que nada aqui está gravado em pedra. A guerra entre Estados Unidos e China não é inevitável. Seu livro, ele diz, é sobre diplomacia, não sobre destino. BBC

Diagrama de Pareto

A minha sugestão a um governo, que não o actual, pois como se constacta, ou não sabe ou não quer (e eu inclino-me para esta segunda hipótese), seguir as regras para uma melhor governação.

O Diagrama de Pareto é uma ferramenta da qualidade que foi utilizada pelo italiano Vilfredo Pareto. Tornou-se mais conhecido quando o teórico Juran o utilizou. Através desse diagrama, um indivíduo selecciona vários itens ou factores, de acordo com a ordem de importância.

Para construí-lo, é utilizado o gráfico de colunas que irá colocar em ordem os problemas e suas frequências do maior para o menor, a fim de dar prioridade aquele que deverá ser resolvido com maior urgência.

Esse diagrama é construído baseado em uma fonte de pesquisas de dados ou nas folhas de verificação para detectar o problema.

Ele está baseado no princípio de pareto ou regra dos 80/20 que significa que 80% dos problemas são ocasionados por 20% das causas, ou seja, são poucas causas que originam a maioria dos problemas. O gráfico mostra a ordem de prioridades que um gestor deve utilizar para resolver as causas.

Como fazer o Diagrama de Pareto?

  • Identifique qual será o objectivo para construir o diagrama, ou seja, para que tipo de problema. Isso será feito através da colecta de dados por meio do SAC, pesquisa de satisfação, questionários, folhas de verificação, etc. Além disso, deve-se especificar o período para a colecta.
  • Saiba como os dados serão mostrados e classificados;
  • Numa tabela ou mesmo em folha de verificação organize cada dado de acordo com as categorias definidas na colecta de dados. Ex.: Empresa de Vendas de Electrodomésticos. 

Tabela 1 Diagrama Pareto

  • Realize cálculos de percentual e percentual acumulado;

O calculo do percentual é feito dividindo cada frequência com a quantidade total de frequências; Já para o calculo do percentual acumulado, soma-se cada percentagem à primeira percentagem acumulada e assim respectivamente. Ex.:

Tabela 2 - Diagrama de Pareto

Percentagem

  • Defeito do Produto 75/174 = 0,4310… -> 43%
  • Demora na Montagem 49/174 = 0,2816… -> 28%
  • Mau Atendimento 30/174 = 0,1724… -> 17%
  • Problema Vendas do Site = 0,1149… -> 12%

Percentagem Acumulada

  • Defeito do Produto - o valor continua 43%
  • Demora na Montagem 28%+43%=71%
  • Mau Atendimento 17%+71%=88%
  • Problema Vendas do Site 12%+88%=100%
  • Faça o diagrama em qualquer programa que crie um gráfico de colunas, alinhado a um gráfico de linhas. As fórmulas irão variar de acordo com o tipo de programa.

Diagrama Pareto

O gato na caixa: Entenda a teoria do gato de Schrödinger

O que você pensaria se um físico te dissesse que um gato dentro de uma caixa poderia estar morto e vivo ao mesmo tempo? Pois saiba que essa teoria realmente existe!

Entenda como funciona a teoria do gato de Schrödinger e como isso vem se aplicando.

A hipótese da experiência

Gato na caixa

Como seria dentro da caixa

Em 1935, o físico Erwin Schrödinger resolveu mostrar ao mundo a hipótese do gato de Schrödinger, onde um gato dentro de uma caixa poderia estar vivo e morto.

Para essa experiência é preciso de uma caixa selada, e dentro dela são colocados os seguintes elementos:

  • Um gato;
  • Um recipiente com material radioativo;
  • Um contador Geiger (aparelho detector de radiação);
  • Um martelo;
  • Um frasco com veneno.

Caso o recipiente com material radioativo comece a soltar partículas, o contador irá detectar sua presença. Isso irá acionar um martelo que vai quebrar o frasco com veneno, que matará o gato.

No experimento, a quantidade de material radioativo utilizado seria pouco o suficiente para que tivesse apenas 50% de chance de detecção dentro de uma hora. Caso o contador geiger detectasse a radiação, o martelo quebraria o veneno.

Como ninguém sabe exatamente quando o veneno seria liberado, o gato pode ser considerado tanto vivo quando morto durante esse tempo. Mas esta dualidade só aconteceria até que a caixa fosse aberta, pois a presença de um observador terminaria com as duas realidades e ele só veria ou um gato vivo ou um gato morto.

O que a teoria diz

Erwin Schrödinger usou o experimento para destacar os limites da “Interpretação de Copenhague” quando aplicado a situações práticas.

Essa interpretação é a mais famosa da física quântica e afirma que, de acordo com as leis do mundo subatômico, uma partícula existe em todos os estados ao mesmo tempo. Mas isso só acontece até que ela seja observada.

Se houvesse qualquer interferência que seja, como uma fonte de luz para observar o fenômeno, as duas realidades do mundo subatômico entrariam em choque e só seria possível ver uma delas.

Schrödinger quis mostrar com esse teoria o quanto isso seria absurdo quando isso afeta os objetos no mundo visível, como no caso, um gato dentro de uma caixa.

Veja 5 conceitos para você começar a entender mecânica quântica.

Reutilizando a teoria

Se a teoria com um gato já era estranha, imagina a evolução dessa hipótese!

Chen Wang, um cientista da Universidade de Yale, junto com sua equipe de pesquisa, argumentaram que se um gato imaginário pode estar vivo e morto ao mesmo tempo, ele também poderia estar morto e vivo em dois locais diferentes ao mesmo tempo. Para isso, ele precisaria de outra caixa.

Wang diz que é difícil para todos entenderem, até mesmo para eles, mas afirma que ao seguir a matemática no nível microscópico, se torna mais fácil.

Os cientistas compararam a famosa história do gato dentro da caixa com outro princípio da mecânica quântica: o emaranhamento quântico. Quando duas partículas subatômicas interativas se prendem, qualquer mudança em uma influenciará na outra.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Só os funcionários públicos têm filhos em idade escolar?

Os pais podem ausentar-se duas horas no dia do início da escola dos filhos, tanto no Estado como nas empresas. E essas duas horas ou poderão ser compensadas noutro dia ou ser descontadas (ou não).

Sei bem que estamos em ano de eleições e que António Costa tem de dizer coisas aos funcionários públicos que os façam correr a ir votar no PS em Outubro (que as sondagens não estão boas para vitórias retumbantes e por maioria absoluta). Vai daí, ofereceu um dia de férias aos funcionários públicos para acompanharem o primeiro dia de aulas dos seus filhos. Um dia inteiro. Presumo que António Costa julgue que os pais ficam a roer as unhas nos pátios dos recreios enquanto, com geringonças periclitantes de tecnologia surripiada aos submarinos, vigiam os seus filhos nas salas de aula durante (digo outra vez) um dia inteiro.

Ou não julga nada disso e simplesmente quer dar mais um dia de férias aos funcionários públicos – regalia que os privados não terão – porque, como se sabe, os serviços públicos não estão, muitos deles, em ruptura à conta das 35 horas e das cativações e do (tão etéreo que é inexistente) investimento público. E também se sabe que estamos em óptimas condições orçamentais para pagarmos mais horas extraordinárias que sejam necessárias para compensar este novo dia de férias.

Dos lados da direita, houve quem fizesse pouco da proposta de Costa. Também se percebe. Há pelas novas direitas (suspiro acompanhado de revirar de olhos) gente que acha que as mães deviam estar exclusivamente em casa a tratar dos filhos, pelo que não precisam de férias. E que os pais são seres humanos biologicamente programados para somente se preocuparem com o sustento familiar, não se envolvem nessas pieguices de levar filhos à escola nos primeiros dias e estar lá um bocadinho com eles, pelo que também não há precisão de lhes dar férias. Ou, mais uma alternativa na linha destas novas direitas, quem tem trabalhos bem pagos e diferenciados não precisa de cumprir horários, ou pode alterá-los facilmente, pelo que esta medida visaria a raia miúda, e quem se interessa por medidas que beneficiem os parasitas que votam no PS e no BE? A noção de bem comum desta nova direita é tão etérea e inexistente quanto o investimento público da era Centeno.

Cabe aqui talvez lamentar a bipolaridade da discussão política actual, e mais ainda da portuguesa – que, afinal, está cheia de gente com propensão para o extremar de posições e a incapacidade para o juízo. Vénias para a baixa literacia, a escassa informação e o pouco mundo.

Parecemos o romance de Jane Austen, Sensibilidade e Bom Senso e os dramas da família Dashwood. A irmã Marianne era estouvada, apaixonada, não media as consequências das suas acções. A irmã Elinor era inflexível, demasiado prudente, incapaz de arriscar, suprimindo estados de espírito. Ambas se meteram em trabalhos pelos excessos simétricos das suas personalidades.

Esta questão de acompanhar os filhos no primeiro dia de aulas podia facilmente ser bem resolvida e trazer benefícios para pais e crianças. Mas, claro, preferem-se quezílias partidárias. As redes sociais também servem para isso: valorizar mais as caneladas e as arranhadelas ao outro lado que negociar soluções.

Que o dia de férias acrescido aos funcionários públicos tenha sido aprovado e promulgado pelo Presidente é evidentemente uma afronta a todos os contribuintes que trabalham no sector privado. Desde logo porque veio dos quadrantes que se afligiam muito por medidas diferentes virem afectar de modo desigual, durante a troika, os que trabalham para o estado e os trabalhadores do sector privado. O mantra da igualdade aparentemente só serve em se tratando de esmifrar um bocadinho mais o sector privado.

Bom, concordo geralmente com medidas de conciliação da vida profissional e da família. Donde, parece-me muito bem que as mães e os pais acompanhem os filhos no primeiro dia de aulas naqueles momentos em que chegam às salas, arrumam o material e a professora diz umas coisas bonitas. É o que eu faço, tal como a maioria das mães e pais dos colegas dos meus filhos. A seguir, parece-me igualmente bem que cada um vá para os seus afazeres profissionais. Não é preciso as mães marcarem a depilação para aquele dia, ou os pais uma almoçarada com muita cerveja com os amigos.

Às Mariannes e às Elinors eu dou a solução fácil, moderada e evidente. Os pais podem ausentar-se duas horas no dia do início da escola dos filhos, tanto no Estado como nas empresas. E essas duas horas ou poderão ser compensadas noutro dia ou serão descontadas (ou não) estando a falta justificada.

De nada.

Maria João Marques

90% do plástico dos oceanos vem de 10 rios (e 8 deles são na Ásia)

Cerca de 90% dos 8 milhões de toneladas de plástico produzido anualmente e descarregados nos oceanos vem de dez rios, dos quais oito se situam na Ásia e dois em África. Na China, considerada o maior importador de lixo reciclável do mundo, nascem ou passam sete dos rios asiáticos.
Um pouco por todo o mundo, cada vez mais governos estão a tomar medidas ambientais para limitar a produção e uso de plásticos. Mas, enquanto nos países ocidentais o combate aos resíduos plásticos se faz principalmente com pequenos gestos – cortando palhinhas, copos e cotonetes -, o principal problema parece estar na realidade na Ásia e em África – onde em apenas 10 rios se concentra 90% do plástico que chega aos oceanos.
Esta é uma das conclusões de um estudo realizado pelo Helmholtz Center for Environmental Research (UFZ) e divulgado pelo World Economic Forum, em junho de 2018. Nesta análise, concebida com recurso à análise dos resíduos encontrados nos rios e na paisagem circundante, foi demonstrada a existência de “uma correlação clara” entre os dez rios e a quantidade de plástico descarregada no mar.
“Quanto mais lixo é descartado de forma inadequada pelos sistemas de drenagem, mais plástico acaba no rio e segue para o mar”, diz Christian Schmidt, um dos autores do estudo, acrescentando que a quantidade deste material por metro cúbico de água é significativamente maior em rios grandes do que em pequenos.
Contactado pelo ZAP, o investigador forneceu os dados dos principais rios responsáveis pelo transporte de plástico para os oceanos.

Segundo o estudo, uma numerosa população a viver na região circundante (às vezes centenas de milhões) e um processo de gestão de resíduos fraco ou inexistente são os pontos em comum entre os dez cursos de água.
O rio Yangtzé, por exemplo, o maior transportador de plástico para o oceano, é o mais longo da Ásia e, ecologicamente, um dos mais importantes do mundo, com uma bacia hidrográfica que abastece quase 500 milhões de pessoas (mais de um terço da população da China).
Christian Schmidt admite que é “impossível limpar os detritos plásticos” já presentes nos oceanos, devendo ser tomadas “precauções rápidas e eficientes” para reduzir a entrada de plástico”. Para tal, é necessário “melhorar a gestão de resíduos e consciencializar as pessoas sobre o assunto”.
Em 2011, o governo indiano lançou o projeto Namami Gange, numa tentativa de limpar o Ganges. Recentemente, o National Green Tribunal, um tribunal ambiental da Índia, revelou que “nem uma única gota” tinha sido limpa até à data.

Novas ideias, o mesmo objetivo: reduzir o plástico

O Namami Gange não é, contudo, o único projeto implementado na Ásia para reduzir o impacto ambiental. Em novembro de 2018, o The Green Post noticiou que o Governo da Indonésia tinha passado a aceitar, desde abril, garrafas e copos de plástico como forma de pagamento nos transportes públicos.
Surabaya, a segunda maior cidade do país e onde aproximadamente 15% do lixo produzido é plástico, foi a primeira a seguir com a iniciativa.
Já na China, as medidas para reduzir o impacto causado pelo plástico estão mais avançadas. Há um ano, o país , que durante anos importou milhões de toneladas de lixo reciclável do exterior – adquirindo mais da metade dos resíduos plásticos, eletroeletrónicos, têxteis e de papel gerados no globo -, resolveu mudar algumas políticas ambientais.
Apesar de ainda ser um dos grandes poluidores mundiais, a China acabou com as importações de lixo estrangeiro e, recentemente, estendeu a proibição aos metais, elevando, assim, as exigências da importação de resíduos.
A expectativa é que esta proibição impulsione a preservação na China e nos países exportadores, nos quais o envio de plástico e outros resíduos para aterros sanitários é proibido por lei. Isto vai obrigar os governos nacionais a planear políticas públicas para resolver o problema, ao invés de o exportar.
Ainda com o intuito de melhorar as políticas ambientais, em 2018, o Governo chinês ordenou que 46 cidades estratégicas começassem a separar os resíduos, de forma a atingir uma taxa de reciclagem de 35% até 2020.
No ano passado, o National Green Tribunal proibiu o uso de plásticos descartáveis ​​em Nova Deli, enquanto sacos plásticos não biodegradáveis foram banidos em muitos estados.
Já a União Europeia (UE), em 2018, chegou a um acordo para a proibição, a partir de 2021, de plásticos de utilização única, como cotonetes, copos, palhinhas e talheres com o objetivo de reduzir a poluição marítima.
A nível nacional, o Governo lançou um programa para devolução de garrafas de plástico não reutilizáveis, garrafas de vidro, metais ferrosos e alumínio em super e hipermercados, o que dará direito a um prémio. Já a companhia aérea portuguesa Hi Fly tornou-se a primeira do mundo a voar sem qualquer plástico a bordo, em dezembro de 2018.
A verdade é que essas medidas e outras que forem surgindo são mesmo necessárias. Caso se continue a poluir desta forma, em 2050 haverá mais plástico do que peixes nos oceanos, revela um artigo da organização New Plastics Economy.

Crise do plástico: poderá mesmo ser resolvida?

De acordo com uma notícia do Huffpost, publicada em dezembro de 2018, devido ao crescente furor sobre a poluição de plástico nos oceanos, os maiores produtores desse tipo de resíduos comprometeram-se a tornar os seus produtos mais recicláveis.
“De certo modo, essas empresas estão a transformar-se em guerreiras contra o problema que ajudaram a criar. Os seus esforços podem parecer nobres, mas são principalmente fumaça e espelhos”, lê-se no artigo.
Embora especialistas mundiais já tenham dito que o método para resolver o problema do plástico seja reduzir a sua produção, a realidade é que a mesma está a aumentar.
Segundo uma estimativa do The Guardian, a produção de plástico vai aumentar em cerca de 40% na próxima década. Nos EUA, cerca de 180 mil milhões de dólares foram investidos em novas plantas petroquímicas para a sua produção.
Também um relatório da International Energy Agency (IEA), divulgado pela Reuters, em outubro do mesmo ano, prevê uma crescente procura por plásticos virgens para sustentar o setor global de petróleo e gás até 2050, compensando a desaceleração projetada na busca por combustíveis.
Enquanto isso, expõe o artigo do Huffpost, mais de quatro milhões de toneladas de detritos plásticos são despejados nos ecossistemas marinhos todos os anos.
De acordo com a Green Peace, as empresas Coca-Cola, Pepsi e Nestlé – os maiores consumidores de itens ​​de plástico que acabam por tornar-se em resíduos marítimos -, comprometeram-se em tornar as suas embalagens 100% recicláveis, reutilizáveis ​​e compostáveis até 2025. Contudo, apenas 9% dos plásticos são reciclados.
As garrafas plásticas de PET (polietileno tereftalato) – nas quais entram as bebidas da Coca-Cola e da Pepsi -, estão entre os itens de plástico mais reciclados e, no entanto, pouco menos de 30% das garrafas PET e frascos foram reciclados nos EUA em 2015.
O Huffpost salienta a criação, em outubro de 2018, do New Plastics Economy Global Commitment, um acordo internacional que visa melhorar e aumentar os processos de reciclagem, assinado por mais de 290 empresas que, coletivamente, produzem cerca de 20% das embalagens plásticas do mundo.
Um outro esforço, designado NextWave e iniciado em dezembro de 2017, que inclui empresas como a Dell, a HP e o Ikea, visa capturar plásticos descartados que escapam da reciclagem adequada do lixo e utilizá-los em novos produtos, que não sejam de uso único.
Taísa Pagno, ZAP //




























Reflexões de um jovem médico dentista

77% dos Médicos Dentistas formados há menos de 2 anos têm uma remuneração inferior a 1500 euros brutos mensais. É grande a situação de precariedade e incerteza com que a profissão actualmente se depara.

“As novas gerações estão a deparar-se com uma nova realidade profissional.” Começa assim o artigo sobre o Diagnóstico à Empregabilidade 2018 publicado na Revista da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) do passado mês de Abril.

De um modo geral, penso que todos nós, Médicos Dentistas, já tínhamos percebido que enfrentamos uma realidade profissional muito diferente da que outrora existira. Os dados deste estudo indicam que 77% dos Médicos Dentistas formados há menos de 2 anos têm uma remuneração inferior a 1500 euros brutos mensais. Ao ler isto, decidi abordar este tema junto de alguns colegas que terminaram o curso comigo e se encontram no mercado de trabalho. Sem poucas surpresas, as respostas que obtive foram bastante desanimadoras. Consegui perceber que tenho colegas a receber percentagens de 13% e de 20% e, que muitos, não conseguem auferir 500€ mensais. A minha grande pergunta é: se os relatos que tive de alguns colegas foram estes, como estarão os restantes recém-formados pelo resto do país?

Segundo o bastonário da OMD, estes resultados confirmam a situação de precariedade e incerteza com que a profissão actualmente se depara. Acrescenta que, embora se entre rapidamente no mercado de trabalho, a curto e médio prazo há uma dificuldade em encontrar um equilíbrio entre as horas trabalhadas e a remuneração. Se, por um lado, fico contente que comece a haver consciência de que as coisas estão mal, por outro questiono-me se nada poderia ter sido feito para tentar minimizar ou mesmo alterar esta situação.

Imediatamente após terminar o Mestrado Integrado em Medicina Dentária, rumei a Madrid para prosseguir com a minha formação pós-graduada. De um certo modo, um dos principais motivos que me levou e leva a investir numa formação especializada numa determinada área, independentemente de tudo o resto, é o facto de acreditar que este esforço e investimento no futuro me poderão conduzir a melhores condições de trabalho, quer a nível de remuneração quer a nível de localização. Sim, menciono a localização, pois grande parte dos colegas recém-formados não encontra trabalho perto da sua área de residência.

Os últimos números da Ordem (2018) estimam que em 2021 o número de Médicos Dentistas activos seja de aproximadamente 11922, com uma taxa de crescimento anual de 4,6%. Em média, estima-se que, por ano, haja um aumento de cerca de 500 Médicos Dentistas no activo. Ainda que a taxa de membros inactivos também esteja a aumentar, a verdade é que se prevê que para 2021 a projecção do rácio de população por Médico Dentista activo seja de 860, diminuindo todos os anos. Considerando estes números, não será possível actuar de alguma forma? Não será possível elaborar uma estratégia para combater estes dados alarmantes? Embora tenha muito pouco conhecimento sobre a legislação, pergunto-me se, entre outras medidas, não seria possível limitar o número de vagas de acesso às Universidades, por exemplo.

Resta-me apenas esperar que os ventos mudem e que a Medicina Dentária seja cada vez mais uma profissão respeitada, valorizada e reconhecida. E, citando uma frase que li recentemente que dizia que “nenhum dirigente o deveria ser por mais de 10 anos”, concluo que talvez seja necessária uma lufada de ar fresco na Medicina Dentária portuguesa. Quero acreditar, sinceramente, que escolhi a profissão certa.

Médico Dentista; Mestrado Integrado em Medicina Dentária – Universidade Católica Portuguesa; Pós-graduado em Prótese sobre Implantes – Universidad Complutense de Madrid; Master em Ciências Odontológicas – Universidad Complutense de Madrid

Luís Pereira Azevedo

Agora percebi a tanga: Guterres viu a água subir

Guterres não deixou o país de tanga por incompetência, antes para que ficássemos equipados com a indumentária certa face à subida do nível da água dos mares por efeito das alterações climáticas.

Por vezes a justiça demora, mas acaba sempre por chegar. Foram precisos 18 anos para finalmente percebermos que em 2001 o governo liderado por António Guterres não deixou o país de tanga por incompetência, de modo algum!, mas antes para que os portugueses ficassem equipados com a indumentária certa para fazer face à subida do nível da água dos mares como consequência das alterações climáticas. Tive esta epifania ao ver o secretário-geral das Nações Unidas na capa da revista Time desta semana de fato e gravata e com água pelos joelhos, fazendo um apelo lancinante aos líderes mundiais para que tomem medidas contra este fenómeno.

E não ficou por aqui a presciência do nosso ex-primeiro-ministro. Vejam isto. O título dessa imagem de Guterres com as canelas de molho é “O nosso planeta está a afundar-se”. Pois bem, quando abandonou o governo após a derrota do PS nas autárquicas de 2001 que disse o então líder socialista? Justificou a sua saída com a necessidade de evitar que o país mergulhasse no “pântano”, que é um local onde a probabilidade de nos afundarmos é efectivamente muito elevada. Prova-se assim que a obsessão de Guterres com esta coisa dos afundamentos já vem de longe.

O que também vem de longe é a falta de jeito do ex-primeiro-ministro para os números, imortalizada pela célebre questão dos 6% do PIB. Aliás, tenho para mim que esta histeria com a subida do nível do mar é outra vez um problema de contas. De acordo com um relatório de 2014 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, até 2099 o nível do mar subirá 90 centímetros. O que pelas minhas contas dá ligeiramente mais que um pouco aflitivo centímetro por ano, mas nas contas de António Guterres é coisa para ter dado um excruciante quilómetro por ano, ou coisa do género.

Para este artigo da Time, Guterres foi fotografado na costa de Tuvalu, na Polinésia, um dos países mais vulneráveis à subida da água dos mares. Mas agora a sério, esta gente que mora em ilhas tropicais percebe assim tão pouco de praia? Se a água está a subir façam o que toda a gente faz quando o mar avança: peguem no chapéu de sol e nas toalhas e ponham-nos um bocadinho mais para cima, onde a areia está seca. É que é só uma questão de estar minimamente atento à ondulação. Ou em alternativa confirmar as marés no almanaque Borda d’Água.

A propósito, Tuvalu fica ligeiramente fora de mão. Desconfio que antes de Guterres sair de casa, ir de carro a poluir até ao aeroporto, apanhar vários voos poluentes até à Polinésia e finalmente embarcar num poluente barco até ao local da fotografia, a água quase nem lhe chegava aos tornozelos. Mas enfim, prioridades são prioridades e é fundamental alertar as pessoas para esta calamidade.

Agora, já era altura dos ecologistas admitirem que isto da água dos mares subir é na realidade óptimo. É ou não verdade que há imenso plástico na água e que os peixes acabam por ingeri-lo e assim? Ora, havendo mais água, na prática é como se houvesse menos plástico. Na volta até podemos atirar muito mais plástico para a água e, mesmo assim, ficar a ideia que há ainda menos plástico. E isso é muito positivo. Além de que há má vontade quando se diz que a actividade do Homem prejudica os oceanos. Vejam por exemplo o caso destas algas vermelhas que apareceram nos últimos dias no Algarve: prejudicam em simultâneo a actividade do Homem e os oceanos e no entanto não vejo nenhum ambientalista indignado com o comportamento destes velhacos organismos planctónicos.

Tiago Dores

Ramalho Eanes: “Caixa Geral de Depósitos é exemplo paradigmático de colonização partidária”

Primeiro Presidente da República eleito depois do 25 de Abril traçou retracto dos principais problemas políticos e económicos de Portugal nas últimas décadas. Mas também apontou na conferência que fez na SEDES caminhos para melhorar o futuro.

O general Ramalho Eanes disse nesta segunda-feira, numa conferência realizada pela SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e dedicada ao tema “Portugal: As Crises e o Futuro”, que “a Caixa Geral de Depósitos é o exemplo paradigmático da colonização partidária”. O actual conselheiro de Estado, primeiro Presidente da República eleito depois do 25 de Abril de 1974, apontou a distribuição de cargos na administração do banco, e de outras empresas de capital público, a dirigentes de partidos políticos como uma das demonstrações da “descaracterização da democracia” portuguesa.

“Muitos eleitores não se sentem representados pelos partidos políticos”, disse Ramalho Eanes no início de uma intervenção em que também teceu intensas críticas ao “imobilismo” dos partidos, em  Absolut contraste com as mudanças verificadas em todas as outras organizações ao longo das últimas décadas.

Eanes não poupou críticas ao sistema eleitoral “caracterizado por listas fechadas e bloqueadas”, em que “a relação entre eleitor e eleito é praticamente inexistente”, sendo cada deputado “mais um delegado do partido do que um representante do eleitor”.

De igual modo, o antigo Presidente da República salientou que as finanças públicas nunca apresentaram excedente no regime democrático e não conseguiram “merecer a atenção da sociedade civil”. Daí resultou, no retracto feito por Eanes, que “não se conteve a espiral da dívida”, o que deixou Portugal à beira da insolvência e conduziu a “privatizações que não foram decididas estrategicamente”.

No que toca à apreciação custo-benefício das infra-estruturas, voltou a ser cáustico. “Não nós podemos vangloriar, pois muitas foram as decisões infelizes que levaram à delapidação dos recursos escassos que temos”, afirmou o conselheiro de Estado, apontando como exemplos os “muitos pavilhões gimnodesportivos espalhados pelo país”, bem como os estádios de futebol do Euro 2004 e a auto-estrada do Baixo Alentejo.

Considerando “anémico” o investimento público e privado, Ramalho Eanes alertou para “vulnerabilidades que se podem transformar em ameaças se ocorrer uma nova crise internacional”.

O militar que foi Chefe de Estado entre 1976 e 1986, após ter sido um dos responsáveis pela normalização democrática a 25 de Novembro de 1975, apontou ainda “sinais evidentes de crise” na Justiça, como “atrasos sucessivos em casos que se arrastam longos anos”, falta de meios, violações frequentes do segredo de justiça e condenações de Portugal no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Na Defesa apontou a falta de recursos humanos e operacionais disponíveis, concluindo que “bem não vão as Forças Armadas”.

Apesar desse diagnóstico pessimista, Eanes realçou que ”não se deve abdicar de combater pela democracia”, apelando à sociedade civil, que ao longo das décadas tem visto demasiadas vezes “amorfa”, para exercer o direito de questionar e de reivindicar “perante o Estado e o mercado”.

Desígnio para o país

“Impõe-se que Portugal estabeleça um projecto ajustado e racional que seja um desígnio para o país”, referiu o conselheiro de Estado, avançando que esse deveria ser colocar, até 2050, Portugal no primeiro terço dos países europeus que “melhor tenham respondido à Quarta Revolução em curso”. Algo que passará, em sua opinião, por uma forte aposta nos sectores da Educação, da Justiça, da Administração Pública e da Economia.

No que toca à “grande questão demográfica a que imperativamente é necessário responder”, Eanes reafirmou a ideia de que talvez seja necessário definir uma política de imigração centrada na procura de migrantes qualificados e identificados com a cultura portuguesa.

Ainda assim, Eanes deixou claro que “temos que reformar o país com a prata da casa, os partidos políticos existentes e outros que venham a criar-se com o apoio dos portugueses”. Apesar de admitir que, não obstante todos os defeitos que apontou, a “adesão dos portugueses aos partidos é muito grande”, o que leva a que o leque partidário nacional tenha mudado tão pouco desde as primeiras eleições democráticas, ao contrário do que tem acontecido na generalidade dos países europeus.

É contra a direita? Então vale tudo

A campanha do Guardian contra Boris Johnson mostra como o jornalismo de esquerda, perante os políticos de direita, recorre a todos os truques sujos de que normalmente acusa esses políticos.

De um lado, temos Boris Johnson, do outro o Guardian. Johnson, candidato à liderança do Partido Conservador, pode ser o próximo primeiro-ministro do Reino Unido e foi um dos promotores do Brexit. O Guardian é o jornal de referência da esquerda britânica e defende a opção de ficar na UE. Por isso, o Guardian, nos últimos dias, sentiu que tinha o direito de publicar fotos do interior do carro de Boris Johnson, e depois as gravações que uns vizinhos fizeram de uma discussão que Johnson teve dentro de casa com a sua namorada. Esses vizinhos parecem ser esquerdistas que já tinham insultado Johnson na rua. Desta vez, mal ouviram discutir, chamaram a polícia e, inspirados talvez pelo agente da Stasi do filme A Vida dos Outros, fizeram a gravação, que passaram imediatamente ao jornal. O Guardian não hesitou em publicar. Métodos de pasquim intrusivo, como os que desacreditaram alguns tabloides britânicos há alguns anos? Segundo o Guardian, é o “interesse público” que manda saber, por quaisquer meios, se Johnson aspira o carro ou levanta a voz em casa.

Todas as semanas, o Guardian tem artigos exaltados sobre Trump, as redes sociais, e, desde que consta que Trump é amigo de Putin, a ameaça russa. São, segundo o Guardian, os problemas da democracia. Talvez sejam, mas esta história mostra que não são os únicos. O Guardian não quer construir muros na fronteira, não é uma invenção de Mark Zuckerberg, nem – tanto quanto sabemos — um instrumento de Putin. Mas não se importa de publicar fotos do interior do carro de um político, para insinuar que é desarrumado, ou dar conta das discussões que, dentro de casa, tem com a sua namorada, para deixar no ar a suspeita de violência doméstica (embora a polícia não tivesse detectado mais do que uma querela trivial). Porquê? Porque esse político representa opções de que o jornal não gosta, e, portanto, contra ele tudo é legítimo, incluindo a violação da privacidade e sugestões malévolas.

Boris Johnson não será um santo. Mas perante Johnson, tal como perante Trump, o jornalismo de esquerda parece sofrer do complexo de Nixon. Nixon convenceu-se de que os seus inimigos faziam jogo sujo: só por isso, segundo ele, teria perdido as eleições em 1960. Daí que, quando chegou à presidência, em 1969, tivesse decidido também ele jogar sujo. É o álibi do costume para qualquer abuso: todos, antes de serem indecentes, têm o cuidado de se persuadir de que os seus adversários estão a fazer o mesmo, e de que portanto vale tudo.

Não, o problema não são só Trump e as redes sociais. Também não é só o jornalismo de esquerda, aliás: os rivais de Johnson na eleição do Partido Conservador aproveitaram logo a boleia do Guardian para minar o seu favoritismo. O problema é de quase toda a gente, embora seja sempre mais fácil vê-lo nos nossos adversários.

Os consensos do pós-guerra fria romperam-se perante a recessão de 2008, a crise das migrações de 2015 e o declínio do Ocidente. Voltámos a discutir a política como se tudo o que é fundamental estivesse em causa. No Reino Unido, a esquerda acredita que Johnson quer fazer do país uma Singapura em ponto grande, e a direita acusa Corbyn de sonhar com uma Venezuela europeia. E provavelmente, tudo está mesmo em causa, mas não como os políticos dizem, isto é, só porque haja outros políticos a conspirar. De facto, os constrangimentos financeiros e sociais do Ocidente dificultam mudanças radicais em qualquer sentido, como Boris Johnson, a propósito do Brexit, já admitiu. O declínio é um risco maior do que a revolução. Mas talvez por isso, para de algum modo compensar a impotência, a política fez-se mais facciosa e desregrada. Não é a primeira vez: também foi no fim que os bizantinos mais se engalfinharam por causa do sexo dos anjos.

Rui Ramos

Vou processar a Time.

Vou processá-los, pois colocar na capa uma foto de um “individuo qualquer”, nas mesmas condições que eu e só não foi exactamente igual, para se poderem defender em Tribunal. Vejam as diferenças.

Posso provar que a minha foto já tem uns anos…