quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Sauditas “compram” a Supertaça espanhola por 50 milhões de euros

Valência-Real Madrid e Barcelona-Atlético Madrid serão os jogos da prova que terá um novo formato e será disputada em Gidá.

O sorteio da “final four” foi ontem na Cidade do Futebol de Las Rozas, quartel-general da federação espanhola (RFEF), em Madrid, e apesar das críticas dos adeptos, será uma realidade dentro de dois meses: entre 8 e 12 de Janeiro, a cidade saudita de Gidá, a quase mil quilómetros da capital Riad, será o palco da Supertaça de Espanha, competição que passará a ser disputada por quatro clubes. Com a mudança da prova para a Arábia Saudita, os dois clubes que marquem presença nas meias-finais terão direito a um cachet de 8,9 milhões de euros, enquanto as equipas que chegarem ao jogo decisivo embolsam 12 milhões. O resto, num bolo total de 50 milhões que os sauditas vão pagar para receber a competição, será para a RFEF. Até agora, a Supertaça espanhola mantinha o modelo utilizado por toda a Europa, que colocava frente a frente o campeão e o vencedor da Taça do Rei, mas 50 milhões de euros foram suficientes para acabar com a tradição. O novo formato da Supertaça de Espanha entrará em vigor em Janeiro, na Arábia Saudita, com quatro clubes a disputarem a “nova” competição: o campeão (Barcelona), o vice-campeão (Atlético de Madrid), o vencedora da Taça do Rei (Valência) e o mais bem classificado da Liga espanhola, excluindo as outras equipas já apuradas (Real Madrid). Aproveitando a presença dos jogadores da selecção de Espanha, que prepara os dois últimos jogos do apuramento para o Europeu 2020 (recepção a Malta e Roménia), a RFEF realizou o sorteio das meias-finais com a presença de um jogador de cada clube: Sérgio Ramos (Real Madrid), Sérgio Busquets (Barcelona), Saúl Ñíguez (Atlético de Madrid) e José Luís Gayá (Valência). Para além dos quatro atletas e das altas patentes da federação (Guillermo Amor, Emilio Butragueño, Anil Murthy e Enrique Cerezo), em Las Rozas esteve ainda Adulaziz bin Turki Al-Faissal, príncipe e autoridade máxima do desporto saudita.  Feito o sorteio, que ditou nas meias-finais um Valência-Real Madrid (dia 8 de Janeiro) e um Barcelona-Atlético de Madrid (dia 9), Adulaziz bin Turki Al-Faissal disse que é um “orgulho para o futebol saudita albergar a competição”. “Quero agradecer à federação espanhola e aos clubes. A Arábia Saudita está num processo de transformação e o desporto, e os seus valores, são um activo importante”, vincou.  Segundo a imprensa espanhola, neste acordo de três anos ficou estabelecida uma cláusula segundo a qual as mulheres serão autorizadas a aceder a qualquer bancada do estádio sem restrições de vestuário.

De onde vem a energia que move.

Com a ambição de ser neutro em carbono daqui a três décadas, Portugal tem nos seus planos a crescente electrificação dos consumos energéticos nos vários sectores de actividade. Por enquanto, aquilo que temos é um país muito dependente dos combustíveis fósseis e da sua importação, ainda que as energias renováveis tenham vindo a ganhar terreno nos últimos anos e se espere que sejam cada vez mais relevantes. O PÚBLICO mostra-lhe de onde vem, e como é usada, a energia que alimenta o país. Por Ana Brito (texto), Francisco Lopes e José Alves (infografia)


BdP pode impedir comissões sobre depósitos? Regulador faz tabu.

Ministério das Finanças remete para o regulador bancário liderado por Carlos Costa a decisão sobre  a legitimidade da solução encontrada pelos bancos para reflectir juros negativos nos grandes depósitos.

A lei prevê que  as comissões  só se cobram  a um serviço prestado, mas não especifica.

Não há maioria absoluta, mas há animal ferocíssimo.

Agora percebo o receio de "mexicanização". Por este andar, mais uma ou duas legislaturas e os espanhóis são meninos para construir um muro na fronteira para impedir que passemos a salto para Badajoz.

Sem qualquer dúvida, António Costa foi o grande vencedor das eleições de domingo. Se é verdade que Costa não conseguiu maioria absoluta para o Partido Socialista – como José Sócrates alcançou em 2005 -, a verdade é que, depois da refrega no Terreiro do Paço com aquele senhor idoso, Costa provou ser um animal, não meramente feroz, mas ferocíssimo. Felizmente, não foram os apaniguados que o primeiro-ministro nomeou em 2017 para a Protecção Civil que trataram da segurança do PS durante a campanha. Caso contrário, na sexta-feira passada, mais de dois anos depois da catástrofe, o incêndio de Pedrógão Grande teria feito mais uma vítima.

O que ainda não ouvi a nenhum analista político é que este episódio é um sinal claro de que a legislatura que agora começa será bem diferente da anterior. Se nos últimos quatro anos o governo tudo fez para convencer os portugueses que tinham desapertado o cinto, este incidente com o cidadão sénior antecipa que nos próximos quatro anos é muito real o perigo de António Costa nos fazer chegar a roupa ao pêlo.

Se dúvidas havia, ficou comprovado que o líder do PS é muito habilidoso. A forma como ele se adapta a cada situação é esplêndida. Por exemplo, quando foi visitar José Sócrates à prisão de Évora, é difícil sequer imaginar a quantidade de patranhas que Costa escutou acerca do que sucedeu enquanto foi número dois do executivo de Sócrates. E no entanto, a sua única reacção na altura foi um sereníssimo afiançar que Sócrates “Luta por aquilo que acredita ser a sua verdade”. Desta vez, só por causa de uma aldrabicezita proferida por um idoso, Costa queria logo tirar de esforço do velhote. Quando bastava ter tido umas palavras simpáticas, daquelas que o caracterizam, do género: “O senhor está a dizer aquilo que acredita ser a sua verdade. Mas daqui a dez minutos, provavelmente, já nem se lembra que falou comigo. São aquelas coisas aborrecidas da idade, não é?”

Este episódio, na antevéspera das eleições, trouxe à memória a frase cunhada por Jorge Coelho em 2001 segundo a qual “Quem se mete com o PS leva”. Descobrimos agora, dezoito anos depois, que o que ficou para a história foi apenas a parte inicial do dito. Pelos vistos, a frase completa é “Quem se mete com o PS leva e não interessa cá se são velhos, ou se são velhas. Vai tudo a eito!”

O novo parlamento terá, pela primeira vez, uma deputada do Livre e um deputado do Chega. E como que celebrando o processo democrático em curso, a deputada do Livre, Joacine Moreira, garantiu já que “não há lugar para a extrema-direita” na Assembleia da República. O que é bizarro, porque significa, ou que o Chega não é de extrema-direita, ou que Joacine Moreira vai propor a António Costa um acordo em que, em troca da aprovação dos orçamentos de estado, o primeiro-ministro dá-lhe umas lições sobre como correr com opositores políticos à pancada, para ela aplicar no André Ventura assim que se cruzarem no hemiciclo. Mas, por acaso, eu estou de acordo com a Joacine. Também não desejo a extrema-direita da Assembleia. O que me faz mesmo espécie é por que razão — não estando nós dispostos a tolerar a presença de um deputado de extrema-direita — toleramos a presença de tantos deputados de extrema-esquerda.

Aqui há uns meses, o Ex-ministro Poiares Maduro dizia temer a “mexicanização” da política portuguesa. Agora percebo o seu receio. Por este andar, mais uma ou duas legislaturas e os espanhóis são meninos para começar a construir um muro na fronteira para impedir que passemos todos a salto para Badajoz.

Tiago Dores – Observador

Cocóspotting

Daniel Nunes, o amigo do filho de António Costa, é um Fiscaliza Fezes. Recebe 1300 euros por mês para fazer cocóspotting. Deve ser, ao dia de hoje, dos Assinala Detritos mais bem pagos do país.

Segundo a revista Sábado, o filho de António Costa, Pedro, contratou três amigos para as Juntas de Freguesia onde exerceu (São Domingos de Benfica) e exerce actualmente (Campo de Ourique) o cargo de vereador. Um deles, Daniel Nunes, é assessor da pasta da Higiene Urbana. Pedro Costa revela que precisa do seu compincha Daniel Nunes porque: “Grande parte do trabalho deste pelouro é verificar no terreno a limpeza das ruas. Andar na rua a ver o que está limpo e o que não está. Eu não consigo dedicar-me a isso a 100%, até porque tenho outros pelouros”. Ou seja, Daniel Nunes é um Fiscaliza Fezes. Recebe 1300 euros por mês para fazer cocóspotting. Deve ser, ao dia de hoje, dos Assinala Detritos mais bem pagos do país.

Como a maioria dos portugueses, fiquei indignado por um vereador, ainda para mais filho do PM, arranjar ao amigo um emprego bem pago de Topa Bostas. Ia até fazer os sempre divertidos e oportunos jogos de palavras, tipo “filho de peixe, sabe nomear”, “quem tem filhos, tem caciques” ou “quem sai aos seus, não enjeita oportunidade de usar o poder para ajudar os amigos”. Só que, entretanto, lembrei-me que vivo em Campo de Ourique, logo, sou beneficiado por ter um Vigia Cagalhões de alto coturno a laborar na freguesia. E porque é que sei que se trata de um estupendo Detecta Entulhos? Porque é o próprio Pedro Costa que diz que o cargo é “de confiança”. Ora, se o trabalho de Indica Imundices é tão importante que necessita de ser desempenhado por alguém da confiança política do vereador, é porque é levado bastante a sério. Não é uma mera sinecura, levada à cabo por alguém que se limita a olhar distraidamente para o chão, sem a minúcia que se exige a um Aponta Resíduos de qualidade. Acima de tudo, um Visiona Vasilhames que está politicamente alinhado com o seu vereador, de modo a produzir boa análise de lixo socialista.

Se Pedro Costa tivesse de escolher, para Vislumbra Bodega, entre o seu amigo e um licenciado em Observação de Lixo, com Pós-Graduação em Manchas de Xixi no Chão e Mestrado em Pichagem de Caixas de Electricidade, mas de direita, é claro que optaria pelo camarada. Seria muito difícil trabalhar com alguém que olha para uma rua suja a partir de outro ponto de vista ideológico. Na hora de abrir o contentor, tem de haver sintonia. Se já é difícil na mesma família, quanto mais em partidos diferentes. Discuto muitas vezes com a minha mulher sobre a natureza do lixo. Coisas que eu considero estarem em bom estado, ela considera estarem em condições de ir para o caixote. E, muitas vezes, obriga-me a despi-las para deitar fora.

Apesar da relação de cumplicidade que tem de existir entre o vereador e o seu Contempla Poias, criticou-se o facto de Daniel Nunes desempenhar a função de Acha Trampa sendo apenas formado em Cultura e Comunicação. Como se fossem más habilitações para Anota Borras. A especialização em Cultura e Comunicação fornece ferramentas únicas de interpretação do lixo. Uma caminhada de Daniel Nunes pela Rua Ferreira Borges é suficiente para um relatório de 150 páginas com dados fundamentais como a dureza da água da EPAL em de Campo de Ourique (através da análise da secura das caganitas dos cães) ou os níveis de sal do pão consumido no bairro (mediante o exame da cor dos dejectos dos pombos). Daniel Nunes é responsável por uma espécie de Pordata do lixo, o Porcariadata.

É injusto dizer-se que Daniel Nunes só foi contratado por ser amigo de Pedro Costa. É evidente que não é o caso. Até porque não me parece que sejam assim tão amigos. Quem é que dá a um amigo a função de ir para a rua ver se está suja? É como o proverbial “vai lá fora ver se chove”, mas com caca em vez de água.

Agora que se descobriu a importância da função de Examina Sarros, milhares de jovens já sabem como responder às mães que os azucrinam por estarem a ver porcaria na Internet. Só têm de dizer: “Estou a preparar o meu futuro. Ver porcaria na Internet para, um dia, inscrever-me no Partido Socialista e ser bem pago a ver porcaria na rua”.

Resumindo: enquanto freguês de Campo de Ourique, aprovo a contratação deste Enxerga Sujeiras. O meu único receio é que os militantes socialistas se lembrem agora do keynesianismo e desatem a encher as ruas de lixo, só para poderem criar mais empregos para Descortina Nódoas.

José Diogo Quintela – Observador

Há sete meses que quase não chove no Algarve e seca é extrema.

Autarcas reivindicam a construção de uma nova barragem. A empresa Águas do Algarve garante que até final do ano não faltará água nas torneiras. Outro problema é a contaminação dos solos!

Para os autarcas é importante construir uma nova barragem que garanta o futuro da região.

Imigração sobe 18%. Indianos entre os que mais chegam ao país.

Dados provisórios do SEF mostram que até fim de Outubro tinham sido concedidas 110.813 novas autorizações de residência. Brasil continua no topo, agora seguido pelo Reino Unido.

Extrema-esquerda destra e extrema-direita sinistra.

Que a extrema-direita é sinistra não é novidade para ninguém. O que não cessa de surpreender é a destreza da deputada do Livre, para quem é preciso muito poucochinho para se ser de extrema-direita.

Que a extrema-direita é sinistra não é novidade para ninguém. O que não cessa de surpreender é a destreza da extrema-esquerda. Nomeadamente para acusar de pertencer à extrema-direita alguém que, mesmo sendo também de extrema-esquerda está, ainda assim, muito ligeiramente mais afastado da borda desse extremo do espectro político. Foi o que fez Joacine Katar Moreira, ao acusar o comentador político, Ex-apoiante do Livre e crítico da agenda identitária do partido, Daniel Oliveira, de ter uma postura que não é diferente da de “associados da direita e sua extrema”. Para a deputada do Livre, é preciso mesmo muito poucochinho para se ser de extrema-direita. Acho que basta algo do género:

Joacine: Ui, o que eu gosto de pipocas.

Indivíduo que nunca na vida nutriu qualquer simpatia pela extrema-direita: Também eu. É dos meus doces predilectos.

Joacine: Doces? Que parvoíce. Pipocas são boas é salgadas.

Indivíduo a quem jamais passou pela cabeça apoiar movimentos de extrema-direita: Hum. Considero que pipocas salgadas não faz sentido.

Joacine: Não faz sentido? As minhas escolhas são totalmente desprovidas de lógica, é? A minha pessoa e as minhas opções de vida merecem o seu mais profundo desprezo, verdade?

Indivíduo que, muito em breve, será acusado de ser nazi por não gostar de pipocas salgadas: Calma, estamos só a falar de pipoc…

Joacine: Pois fique sabendo que a sua postura é absolutamente misógina, racista e nazi!

Agora, por estes dias, é compreensível alguma desorientação do Livre e demais partidos de extrema-esquerda. Afinal, no próximo dia 9 comemora-se uma data dolorosa para estas agremiações: os trinta anos da queda do Muro de Berlim. Quer dizer, estou a ser um bocado injusto. Apesar de tudo, custa-me acreditar que os militantes destes partidos não tenham ficado felizes com a queda do muro. Já do que não tenho mesmo dúvidas é que não apreciaram nada constatar em que direcção as pessoas correram quando o muro veio abaixo.

Mas enquanto o Livre se entretém em animados julgamentos de carácter, segue também animado o julgamento de José Sócrates. Segundo os jornais, o juiz Ivo Rosa tem demonstrado grande conhecimento dos autos da Operação Marquês. O que se comprova pela proibição de entrada dos telefones dos advogados na sala do tribunal. Ao contrário do que se tem dito, no entanto, esta medida não visa evitar fugas de informação. O juiz pretende, isso sim, evitar que um processo já de si complexo se torne ainda mais moroso: sabendo da apetência que o Ex-primeiro-ministro sempre demonstrou por se apoderar de tudo o que é meio de comunicação, Ivo Rosa receia que Sócrates surripie os telemóveis dos procuradores e advogados.

No decurso do julgamento, José Sócrates foi fortemente criticado por se ter virado para o juiz e dito que as férias de sete mil euros que fez na Suíça foram “gastos de classe média”. Isto depois de, na última campanha eleitoral, António Costa ter sido fortemente criticado por se ter virado a um cidadão de classe média que insinuou que ele estaria de férias durante o incêndio de Pedrógão. Ou seja, se há coisa que este julgamento já provou é que os primeiros-ministros socialistas se dão muito mal com as férias. Em contrapartida, quando estão a trabalhar quem se dá pessimamente são os outros portugueses todos.

Tiago Dores – Observador

Ministro do Ambiente estima ter resposta de Espanha sobre caudal do rio Tejo esta semana.

O que anda a fazer o Ministro do Ambiente?

Este assunto tem varias semanas e não se vê qualquer alteração circunstancial. Decididamente o que este Sr., está a aguardar é que chova e a população portuguesa se esqueça (da sua cobardia)!

Movimento ProTejo disse no dia 11 que Espanha “voltou a não cumprir a Convenção de Albufeira” no início do ano hidrológico 2019/2020.

BE volta às “barrigas de aluguer” com prazo para a gestante se arrepender.

Regra de a grávida poder desistir até ao registo da criança foi chumbada em Julho pelo PSD e levou Marcelo a recorrer pela primeira vez ao Tribunal Constitucional. Agora bastam Bloco e PS para aprovar a lei.

A nova versão  do projecto tem alteração quase garantida: PS e BE juntos conseguem maioria absoluta.

Negociação à esquerda centra-se no IRS e no investimento público.

Desejo de entendimentos  à esquerda também levou o PS a meter na gaveta algumas promessas, como a da reforma do sistema político.
Desta vez não há Pedro  Nuno Santos no diálogo  com a esquerda. O agora ministro das Infra-estruturas foi substituído na Secretaria  de Estado dos Assuntos Parlamentares por  Duarte Cordeiro.

“Milhares de famílias” podem sofrer agravamento do IRS com propostas do Governo.

Não é só este Ex-secretário de Estado, mas reputadas firmas de consultoria e fiscalidade!

O alerta é do Ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais durante o Governo de Passos Coelho. Paulo Núncio constata que as propostas do actual Governo para acentuar a progressividade do IRS, através da revisão dos escalões, vão agravar os impostos para “muitos milhares de famílias”.

As declarações de Paulo Núncio surgem no âmbito do Programa do Governo, onde está inscrita a intenção de acentuar a progressividade do IRS, através da revisão dos escalões do imposto, para permitir, nomeadamente, o englobamento de várias categorias de rendimento que têm, actualmente, uma taxa especial de 28%, como é o caso dos rendimentos de capitais ou prediais.

A medida era exigida por Bloco de Esquerda e CDU e Paulo Núncio considera, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Rádio Antena 1, que vai ter um “acréscimo significativo” nos impostos pagos por “muitos milhares de famílias”.

O Ex-governante nota que o IRS já tem um nível de progressividade “muitíssimo elevado”, concluindo que, deste modo, serão as famílias que ganham mais a pagar a factura das propostas do Governo.

Estão em causa agregados familiares que já pagam uma taxa de IRS superior a 28% e que, fruto do englobamento dos rendimentos, designadamente das rendas e dos juros, passarão a estar abrangidos por taxas mais elevadas.

“Os impostos já estão tão elevados que aumentar ainda mais a carga fiscal sobre as famílias não me parece a decisão mais apropriada neste momento”, critica Paulo Núncio na referida entrevista.

O Ex-secretário de Estado confessa-se “um pouco surpreso”, considerando que está em causa uma “alteração substancial” da política do Governo de António de Costa.

“Este ano – não foi há cinco anos -, o Governo aprovou uma legislação no sentido de reduzir as taxas especiais sobre as rendas dos contractos de longa duração”, lembra Núncio. “Menos de um ano passado de uma alteração sobre as taxas especiais sobre as rendas, o Governo decide agora englobar essas rendas nas taxas progressivas”, questiona para vincar a sua surpresa.

O Governo terá de se explicar, mas não me parece fazer muito sentido e não me parece ser propriamente um favor ao princípio da estabilidade legislativa”, conclui o antigo governante, apontando que “se Portugal avançar para o englobamento total dos rendimentos sujeitos a taxas especiais vai divergir da regra na União Europeia, penalizando ainda mais a competitividade do nosso sistema fiscal”.

ZAP //

Antes explorar o lítio que explorar a mãe.

Portugal é o sexto país do mundo com mais reservas de lítio. Possuir esta abundância de um recurso natural é estupendo. Como se comprova pelo sucesso do país com mais reservas de petróleo, a Venezuela.

O secretário de Estado Adjunto da Energia, João Galamba, está na berlinda, depois de ter sido recebido em Boticas por populares em protesto contra a exploração do lítio. O que, por acaso, acho injusto. A opção do governo de António Costa de explorar o lítio parece-me bem mais razoável que a estratégia do Ex-primeiro-ministro do PS, José Sócrates, que ia no sentido de explorar, não tanto o lítio do país, mas mais os cobres da mãe. Mais do que no leve metal, o — digamos — engenheiro estava era focado no vil metal. Já para não referir que Sócrates ignorou olimpicamente qualquer estudo sobre a sustentabilidade desse seu projecto: em menos de nada, terá esgotado por completo os recursos daquela verdadeira mina que seria a herança da sua mãe.

Bom, mas com o lítio Portugal tem a possibilidade de, depois de décadas a depender do petróleo e dos países que o produzem, passar a confiar numa matéria-prima que extraímos do nosso próprio território para obtermos energia. Ou seja, deixamos de estar dependentes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo — a OPEP — e passamos a confiar na DPEL, a Desorganização do nosso País Extractor de Lítio. Portanto, tudo aponta para um futuro radioso. Pelo menos enquanto continuarmos a importar o petróleo necessário para fazer funcionar as fábricas que produzirão baterias de lítio, que por sua vez permitirão que o futuro brilhe intensamente.

Agora, é evidente que ter extensas reservas de lítio é óptimo. Aliás, Portugal é o sexto país do mundo com mais reservas de lítio. Possuir esta abundância de um recurso natural tão valioso é estupendo. Como se comprova, por exemplo, pelo caso de sucesso que é o país com mais reservas de petróleo do planeta, a Venezuela. País junto do qual, aliás, os saudosos ministros de Sócrates, Pino e Lino, recolheram preciosos ensinamentos sobre como gerir as riquezas de uma nação. Felizmente, o Ex-ministro da Administração Interna de Sócrates, António Costa, nunca ouviu sequer falar de nenhum desses estadistas. Pois se o homem era responsável por administrar internamente, como é que ia saber alguma coisa do que se estava a administrar externamente, ainda por cima na América do Sul, que chega a ser longíssimo?

O primeiro-ministro nunca ouviu falar destes indivíduos e por pouco não ouvia falar os deputados da Iniciativa Liberal, Chega e Livre no primeiro debate quinzenal da legislatura. Só mesmo em cima da hora é que os três deputados tiveram autorização para interpelar António Costa. Fez-se justiça, porque também já era um pouco de mais. Primeiro, foram os serviços da Assembleia da República a sentarem-nos onde bem entenderam. Depois, foi o slalom que André Ventura teve de fazer, pelo meio da bancada do CDS, para chegar ao seu lugar. E agora, no primeiro debate quinzenal, queriam desligar-lhes os microfones para não conseguirem falar com o primeiro-ministro. Terá tudo isto sido parte da praxe para deputados de novos partidos, ou assim? Na volta, no dia da sessão de abertura do Parlamento, aquele rapaz assessor da deputada do Livre foi mas é obrigado e vestir-se de senhora. Pelo sim, pelo não, nas próximas semanas ficarei sintonizado no Canal Parlamento. Não é todos os dias que se vê deputados só terem autorização para voltar para casa depois de limparem as bancadas do hemiciclo com uma escova de dentes e descobrirem todos os Passos Perdidos. Pobres dos três traumatizados tribunos.

Tiago Dores – Observador