domingo, 15 de novembro de 2020

O factor humano

1 - Em devido tempo, quando Gonçalo Ribeiro Teles foi homenageado nos seus 80 anos, tive ocasião de escrever sobre ele aquilo que pensava: que Portugal tinha para com ele uma imensa dívida de gratidão — a qual, nunca tendo sido reconhecida, ouvindo o que ele dissera durante décadas, se transformara numa obrigação pública de pedir-lhe perdão. Porque Gonçalo Ribeiro Teles arrastou a sua silenciada razão durante 40 anos em que teve razão antes de tempo, a tempo de ser escutado ou ainda a tempo de atalharmos os disparates trágicos que fizemos por o não ter escutado. Tivéssemo-lo feito, algures durante esses 40 anos, e Portugal seria hoje um país incrivelmente mais equilibrado, mais sustentável, mais viável. Mas, no fundo, creio que ele próprio, após os anos iniciais de liberdade em que tudo parecia novo e possível, nunca mais terá alimentado grandes ilusões. Após a sua passagem pela política, nesses anos iniciais, da qual nos deixou as duas leis estruturantes do ordenamento do território — a da Reserva Agrícola Nacional (RAN) e a da Reserva Ecológica Nacional (REN), desde então meticulosa e paulatinamente retalhadas pelos sucessivos governos —, ele terá compreendido, com amargura, que estava a pregar no deserto. É verdade — e isso fazia parte da sua extraordinária personalidade — que o seu optimismo e entusiasmo, quase infantis, nunca esmoreciam, mas, no seu íntimo, creio que não alimentava grandes ilusões sobre o caminho que Portugal iria escolher. A relação fundamental entre ambiente e agricultura, que ele tão exuberantemente defendia e explicava, seria desdenhada, como coisa utópica e sacrificada aos interesses de poderosos lóbis; a terra, como superfície sensível, insubstituível e dona das suas regras, adequadas aos recursos naturais existentes e à sabedoria dos que sabiam amá-la e cultivá-la, seria vandalizada pela agricultura intensiva e predadora de recursos, nas mãos de gente que não conhece e não ama a terra, mas apenas cultiva as regras dos subsídios europeus e a ambição do lucro rápido; e o ambiente seria sacrificado a cada passo pelas sempre inadiáveis e inquestionáveis exigências da indústria turística e os seus infalíveis projectos PIN — que hoje, face à pandemia e à queda a pique do turismo, nos revelaram a que ponto a aposta suicida numa economia monotemática, de nenhum valor acrescentado e de preços crescentemente desvalorizados, nos deixou mais expostos à crise que nenhum outro país.

Mas tudo isso, tudo o que o Gonçalo Ribeiro Teles foi tentando dizer e ensinar, exigia três coisas a que os portugueses são sabidamente avessos: informação, reflexão e paciência. E com nenhuma dessas três coisas se satisfaz o povo, com nenhuma delas se ganham eleições. Portanto, trataram de ir condecorando o Gonçalo e fazer tudo ao contrário do que ele dizia. Sabiam que ele tinha razão, mas punham-lhe uma medalha ao peito, aliviavam assim a consciência e seguiam para eleições. Desgraçadamente, é assim que se governa hoje em dia, e a culpa é recíproca: de governantes e de governados.

Mas o Gonçalo era um senhor, continuava sempre a sorrir e a tentar explicar-lhes coisas evidentes por si, mesmo sabendo que ninguém o iria escutar. Estou a ouvi-lo: “Estás a ver, Miguel, esta moda dos girassóis é um disparate. Plantam-nos porque há um subsídio, mas depois nem sequer os colhem porque o subsídio é só para o plantio. Desde quando é que se semeia o que não se vai colher?” Aposto que morreu a sorrir, como sempre o encontrei. Um sorrido de gratidão pela infinita beleza que viu na natureza durante 98 anos de vida, e a que prestou homenagem desenhando jardins que nos encantam e ensinando-nos coisas que todos devíamos aprender. E um sorriso de tristeza pela nossa infinita estupidez e ingratidão.

2 - Apesar de tudo, tivemos um Ribeiro Telles. E um Mário Soares e um Ramalho Eanes e muitos outros e outras cuja enumeração agora seria extensa, mas que, em vários momentos da nossa vida em liberdade, me deixaram confortado por ser português. Apesar da facilidade com que botamos abaixo qualquer um que nos queira governar, apesar da sempre pronta acusação de corrupção que reservamos para os que estão em cima — em contraste com a benevolência que reservamos para quem está numa autarquia perto de nós —, tivemos sempre gente de que nos podíamos orgulhar enquanto governados e nunca descemos ao ponto de conviver sem nojo com personagens abaixo do mínimo de decência aceitável. E nunca como hoje, quando, olhando à nossa roda e vendo a categoria de gente com que outros povos são servidos, isso é tão evidente.

Quando penso que uma democracia de 328 milhões de cidadãos, cuja Constituição começa com as solenes palavras “We, the people...”, está agora suspensa de um psicodrama indecoroso e humilhante causado por um Presidente que não aceita o resultado das eleições e que luta para que o Supremo Tribunal — de que um número suficiente de juízes escolheu pessoalmente e para este efeito — mande rasgar os votos necessários para transformar uma derrota numa vitória, percebo como pode ser afinal ténue a linha que separa a liberdade da tirania, a decência da falta de vergonha. O que se está a passar nos Estados Unidos, embora não fosse de todo imprevisível, ultrapassa, porém, tudo aquilo que seríamos capazes de adivinhar que gente decente conseguisse aceitar. O espanto não é que Donald Trump, os filhos e o genro, ou gente da lavra de um Giuliani ou de um Mitch McConnell, líder do Senado e homem de inabaláveis princípios voláteis, se prestem a dar ao mundo a imagem dos Estados Unidos como um país de Terceiro Mundo, com um Presidente-ditador de opereta, que só aceita os resultados de eleições se as ganhar e só abandona o palácio à força. O que espanta é que o Partido Republicano aceite ser aterrorizado, chantageado e tornado escravo de um touro enraivecido que há muito já deu sinais evidentes de não se preocupar com os interesses do povo que governa, mas apenas com os seus interesses próprios, exacerbados por um egocentrismo e um narcisismo doentios.

Benevolentemente, poderíamos dizer que Donald Trump é um caso clínico, de tal forma o seu comportamento social é doentio. Mas isso seria benevolência a mais: o que ele é verdadeiramente é um caso humano, na sua absoluta desumanidade e crueldade — um homem capaz de ordenar a separação das mães e dos filhos, bebés e crianças, capturados e internados em campos de concentração por terem atravessado a fronteira sul clandestinamente, ou capaz de friamente preferir deixar morrer 240 mil americanos (20% das vítimas mundiais de covid, num país que apenas tem 4% da população mundial), para não prejudicar a economia, o seu maior trunfo eleitoral. Mas, de novo, o que é verdadeiramente aterrorizador é pensar que nada disto era desconhecido. Mesmo que o tivesse querido, Donald Trump nunca teria conseguido disfarçar aquilo que é a sua bestial natureza. E foi sabendo-o que mais de 71 milhões de americanos votaram nele: porque gostam de ser governados por alguém assim. E é por isso que o papel do Partido Republicano é nesta hora absolutamente decisivo para o futuro da democracia americana. Entalados entre um Presidente disposto a tudo, incluindo um golpe de Estado constitucional para se manter no poder, e uma multidão de apoiantes fanatizados, incitados pelas redes sociais a não acreditarem em nada que não nas “verdades alternativas” que Trump lhes serve, os congressistas republicanos têm pela frente uma escolha clara: porem-se ao lado dos seus interesses eleitorais a curto e médio prazo ou porem-se ao lado da Constituição. Deixarem-se levar pela turba ou cumprirem o papel que lhes cabe numa democracia representativa, a tão desprezada função de serem uma elite. As elites em que sempre assentaram as democracias e as nações civilizadas.

Nero contra Roma. Eis o ténue fio da navalha em que está suspensa, nos dias que correm, a democracia nos Estados Unidos da América. Era previsível, mas, apesar de tudo, não deixa de ser impressionante. Tudo isto é, afinal, tão frágil e tão dependente de uma coisa tão simples: o factor humano! E ainda há quem defenda que não são os líderes que escrevem a História!


Miguel Sousa Tavares – Expresso

Vacinas para pessoas importantes.

Tenho a mesma opinião!

Imaginemos que esta situação se passava no tempo do governo de Passos Coelho! Onde estariam todos os jornaleiros e o PCP, BE, e restantes catraios.!

Expresso

CLARA FERREIRA ALVES

Calculei que 2 milhões era uma quantidade ínfima. Eu calculei, o Governo não calculou. E continuou a recomendar a vacinação geral.

No dia 5 de Setembro de 2020, o Governo anunciava aos quatro ventos que tinha decidido e executado a maior compra de sempre de vacinas da gripe — 2 milhões de vacinas — e que as primeiras iriam chegar mais cedo às unidades de saúde para garantir a vacinação dos grupos de risco. Numa divisão em idades puramente arbitrária, os com mais de 65 anos ficaram abrangidos pelo Plano Nacional de Vacinação. Considerados grupo de risco. Quem tiver, digamos, 64 anos e 11 meses estará salvo, porque os vírus da gripe e da covid encaram estas coisas da idade com uma atenção extraordinária e poupam o ‘utente’ com mais de 60 anos. Há prioridades, vamos aos que têm mais de 65 primeiro, cogita o vírus.

Portugal tem 10 milhões de habitantes, 2 milhões com mais de 65 anos, logo, mais de 2 milhões com mais de 60 anos. Pensei que 2 milhões não parecia uma quantidade útil ou apreciável. E teríamos sempre de excluir o azarado com 59 anos e 11 meses, independentemente do seu estado de saúde.

Ao mesmo tempo, o Governo avisava que toda a gente deveria vacinar-se contra a gripe este Inverno, porque a confluência do corona com a gripe sazonal poderia complicar e tornar-se perigosa ou fatal. O povo, obediente, ouviu. No dia 5 de Setembro, o país tinha 15 mil infecções activas e 400 novos casos de infecção. Ficámos descansados.

No dia 28 de Setembro, o XXII Governo anunciava no site da República Portuguesa o início da campanha de vacinação contra a gripe, intitulada “Vacine-se por si, vacine-se por todos”, e ao mesmo tempo a ministra da Saúde, Marta Temido, visitava a Estrutura Residencial para Idosos (ERI) da Casa do Artista, em Lisboa, onde estavam a ser ministradas vacinas a 69 residentes e 42 profissionais. Em declarações à comunicação social, única razão pela qual a ministra se interessou subitamente pelos idosos da Casa do Artista, Marta Temido afirmou que “este é um momento muito especial, porque estamos num ano absolutamente extraordinário e que tem exigido o melhor de nós todos”. Justificou a escolha da Casa do Artista para a sua propaganda e para esta indigência (que os cidadãos ouvem até à náusea) porque a Casa do Artista não tinha tido até aí casos de covid entre utentes e profissionais, um “resultado que nos encoraja a todos”. Destacou ainda o “envelhecimento activo” que se pratica nesta instituição, onde habitam “várias pessoas que já ultrapassaram os 100 anos e que, até este momento, tinham vidas bastante activas artística e socialmente”.

Logo, o problema do lar de Reguengos de Monsaraz, e o de todos os outros, os dos velhos empilhados, é não ter “envelhecimento activo”. E não serem “artistas”, uma espécie ameaçada em tudo menos na idade, caso cheguem aos 90 ou aos 100 anos. Temido rematou, noutra pérola discursiva: “Têm de estar aqui sujeitos a uma enorme pressão, e isso também é um exemplo para toda a sociedade.” A ministra ficou bem na fotografia. Nunca mais ouvimos falar na Casa do Artista. Segue para bingo.

Três dias antes, a 25 de Setembro, no site da DGS, Maria da Graça Gregório de Freitas publicou a norma 0162020, instituindo a divisão entre os vacinados do plano e os não vacinados, sem deixar de explicar as razões pelas quais era importante a vacinação contra a gripe. A primeira fase estava iniciada, a segunda fase iniciar-se-ia a 19 de Outubro, com o plano de dar a vacina a pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, doentes crónicos ou imunodeprimidos com 6 ou mais meses de idade, trabalhadores da saúde ou prestadores de cuidados e pessoas incluídas nos contextos definidos no Quadro III — Anexo. Recomendava-se também a vacinação de pessoas com idades entre os 60 e os 64 anos. A vacina devia ser administrada durante o Outono e o Inverno, de preferência até ao fim do ano civil.

Esta última recomendação e as palavras “de preferência” são úteis não apenas para sossegar o utente de 64 anos e 11 meses mas para insinuar que uma vacina deve ser tomada o mais cedo possível para fazer efeito. Claro que se o utente levar a vacina no dia 30 de Dezembro e apanhar a gripe a 5 de Janeiro, altura de infecções do Natal e Ano Novo, o vírus da gripe terá certamente em linha de conta que, não tendo conseguido a vacina mais cedo, o utente não deverá ser infetado. O vírus espera, e o mesmo fará a covid por simpatia. Há prioridades.

O Quadro III — Anexo refere quem tem direito a vacina gratuita. Todos os outros que quiserem ser vacinados, incluindo os não gratuitos do grupo entre os 60 e os 64 anos, que se recomenda vivamente que sejam vacinados, devem ter acesso à vacina nas farmácias comunitárias mediante prescrição médica, com comparticipação de 37%. A DGS afirmava que a vacina “já está disponível”.

Tendo ouvido durante o verão que a vacina da gripe era essencial para proteger as pessoas no inverno, o utente foi à farmácia do bairro e inscreveu-se para comprar e tomar a vacina. As primeiras inscrições foram feitas em junho e julho e continuaram nos meses seguintes. O Governo e os ‘peritos’ mandam. O povo obedece. Como a vacina é relativamente barata, mais inscrições se seguiram. Aqui chegados, depois de tanta propaganda, calculei que 2 milhões era uma quantidade ínfima. Eu calculei, o Governo não calculou. E continuou a recomendar a vacinação geral.

Com a primeira fase da vacinação começada, foram disponibilizadas 350 mil vacinas a 28 de setembro. Velhinhos social e artisticamente ativos foram vacinados. Muito bem. A 10 de novembro de 2020 não há uma única vacina disponível nas farmácias. Não há vacinas nos hospitais. Esgotaram. Não se sabe quando chegam. O Governo nada disse sobre o assunto.

Temos pessoas do Plano Nacional de Vacinação, incluindo os com mais de 65 anos, em lista de espera. Temos pessoas que querem comprar a vacina e que se inscreveram no verão em lista de espera, depois dos grupos de risco. Temos farmacêuticos que dizem que não sabem quando recebem vacinas, ou se as recebem, e que o Governo disponibilizou apenas 200 mil vacinas para as farmácias. Não haverá vacinas para todos.

Nas farmácias há ameaças, discussões, iras, violência verbal. Há quem conclua que não vai ser vacinado, incluindo o pobre utente com 64 anos e 11 meses. Há quem insulte, barafuste, espinoteie. Para a vacina administrada nas farmácias é medida a temperatura do utente, e os dados são introduzidos num sistema informático partilhado com o SNS. Quais dados? Não se sabe. Isto é constitucional? Não se sabe.

Diz-se por aí que na segunda quinzena de novembro chegarão mais vacinas. O rumor anterior dizia que chegariam no princípio de novembro. As farmácias avisam que não serão suficientes para as listas de espera e as marcações dos vacinados gratuitos. Muito menos para os da lista não gratuita. A inquietação cresce. A ira também.

Estamos em Portugal. Em paralelo, há um mercado negro das vacinas. Não tanto movido a dinheiro, movido a influência. O dinheiro ajuda. Quem conhece uma pessoa que conhece uma pessoa que conhece um político importante, tipo ministro ou família ou amigo, ou um médico importante, ou mesmo um ‘perito’, arranja a vacina. Ainda bem que o Presidente Marcelo conseguiu tomar a dele a tempo e horas.

Imagine-se tal incompetência e tráfico de influência aplicados à vacina da covid.

Como o recolher obrigatório e essa trapalhada toda afectam a minha produção intelectual.

Não pensem que são apenas os industriais da restauração e os taxistas. Nós (ou eu) os sábios também ficamos prejudicados.

A que horas tinham o Isaac ou o Albert a sua maior criatividade? Não sabeis a quem me refiro, claro. Vou colocar a pergunta mais simples: a que horas Newton e Einstein tinham mais criatividade? A resposta é não sabem, certo? Pois, o vosso problema é não estudardes afincadamente os hábitos dos sábios. Eu também não sei a que horas eram mais produtivos, mas posso dizer, por experiência própria, quais as melhores horas para qualquer intelectual de elevada craveira: entre as 23 horas e as cinco da madrugada aos dias úteis, e depois das 13 até às cinco da madrugada nos fins de semana.

Não pensem que foi por acaso que o Governo liderado por Marcelo e Costa escolheram estes períodos como recolher obrigatório. A ideia é que ninguém possa ser mais inteligente, e produzir mais intelectualmente, do que eles. É uma ideia mesquinha e até pouco inteligente, mas para mal dos nossos pecados, foi a que tiveram.

Se recolherem todos os génios (ou eu) àquelas horas indicadas, ainda por cima os recolherem obrigatoriamente, é mais do que evidente que ficamos sem modo de ser criativos, inventivos, disruptores, interruptores, geniais. Quedamo-nos, que é como quem diz caímos, na mais abjeta das trivialidades. Passamos a fazer poemas como o Manuel Alegre, livros como o Gonçalo M. Tavares, pinturas como a Paula Rego. Mas não esperem um ensaio com a profundidade de um Reboredo, um romance histórico em verso do calibre de um Tomás Ribeiro ou um libelo com a virulência de um José Agostinho de Macedo. Talvez consigam um Dantas, quando muito um Soeiro Pereira Gomes, mas nada mais do que isso.

Aqueles que têm o talento e a verve necessários à obra-prima (ou mesmo tia), imorredoira, imortal, inextinguível, indelével, é nas horas de pouco tráfico que a produzem. Não esperem um poeta Chiado a dizer uns versos, que ninguém conhece, no meio de um engarrafamento da Avenida da Liberdade, ou mesmo do Largo de Camões, que é mais perto. O próprio Fernando Pessoa, que escreveu “absinto que só produzo lá para as três da manhã”, disse do poeta cuja estátua está em frente da sua mesa na Brasileira do Chiado:

“O Chiado sabe-me a açorda.

Corro ao fluir do Tejo lá em baixo.

Mas nem ali há universo.

E o tédio persiste como uma mão regando no escuro.”

A que horas acham que isto foi escrito? Depois do jantar, às 10 da noite? Antes do pequeno-almoço, às sete da manhã? Numa alvorada de sábado? Não pode ser, tudo isto apenas faz sentido entre as três e meia e as quatro e um quarto da manhã; e se estivermos de pijama, à chuva, no meio da Rua Morais Soares (no Porto pode ser a da Constituição, em Coimbra a da Sofia, e em qualquer outra cidade numa rotunda).

Por isso, amigos taxistas, amigos hoteleiros, amigos comerciantes e amigos da restauração (que já têm um importante largo em Lisboa, os restauradores), não é só a vós que o recolher obrigatório afeta. Eu que, por junto, valho mais PIB que cada um de vós por metade, posso afirmar que este recolher obrigatório me prejudica o negócio, e de que maneira! Por causa dele, e só nestes 15 dias, perdi um best-seller que não escrevi; um argumento para Hollywood, e uma série de cartas que costumo escrever a desoras, justamente aquelas em que o Governo do Prof. Marcelo e do Dr. Costa nos mandaram recolher.

Além do mais, penso que os três F que definiam Portugal ficam definitivamente mortos. Fátima, aqui representada na fé católica, fica sem as missas do meio-dia de domingo, as mais concorridas. Se o fiel tem de estar em casa à uma e mora a mais de 100 metros da Igreja, o padre tem de dar a missa em passo de corrida; de tal forma que quem quer rezar o terço antes da Eucaristia, tem de rezar apenas 1/6 e o Pai-Nosso tem de ser dito à velocidade de uma criança de 10 anos quando é obrigada pela avó. O Fado, já se viu que é sempre ‘meia noite e uma guitarra’ e nunca compatível com estar no recolhimento às 23 horas. O Futebol é a mesma coisa, embora a cabisbaixice da nação benfiquista contribua, e bem, para a causa do estar em casa cedo. Quem ganha com isto são os militares, que já tinham o toque de recolher à caserna antes da 23h; os devotos e eremitas, que passam a vida recolhidos, e os totós. Já quem se dedica a uma vida de criatividade e pulsão artística, com ou sem cocaína, fica numa posição insustentável. Não sei que Portugal teremos depois de a mediocridade se instalar.

Comendador Marques de Correia

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Descubra o que pode colocar na sua pilha de compostagem.

Nem todos os resíduos que resultam do nosso dia-a-dia, são considerados lixo. Por essa razão, muitos desses resíduos podem ser incorporados directamente na pilha de compostagem.

No entanto, é  um erro pensar que todos os resíduos são  possíveis de serem transformado em composto, e incorporados na pilha da compostagem.

Os materiais para compostagem podem ter origem em estrumes e efluentes da pecuária, resíduos das culturas agrícolas, matos e resíduos da produção florestal, de parques e jardins, da produção de cogumelos, de mercados hortícolas, resíduos alimentares, resíduos da restauração, pastelaria e panificação, resíduos e lamas de agro-indústrias ( Ex: lagares de azeite e adegas cooperativas) e do processamento de alimentos (Ex: fruta, vegetais, cereais…), resíduos urbanos, resíduos de processamento de madeira, entre outros.

Alguns dos materiais indicados acima, permitem produzir compostos com qualidade suficiente para serem utilizados como fertilizantes para a agricultura, enquanto que outros poderão servir para a produção de compostados destinados exclusivamente para a recuperação de espaços degradados, encerramento de aterros ou, eventualmente, ao solo florestal.

compostagem

    Algumas noções básicas

  • Materiais vegetais frescos e verdes: tendem a ser mais ricos em azoto do que os materiais  secos e acastanhados.

  • O verde resulta da clorofila que tem azoto, enquanto o castanho associa-se ao material lenhoso.

  • No que diz respeito às folhas: a sua senescência ( em que se verifica o amarelecimento das folhas devido à degradação da clorofila) está associada à mobilização do azoto das folhas para outras partes da planta.

  • As folhas senescentes são muito mais pobres em azoto do que as folhas verdes.

  • compostagem

      Materiais utilizados para compostagem

      Os materiais usados nas pilhas são divididos em duas classes:

    • Materiais ricos em carbono

        Entre este tipo de materiais, podemos considerar os materiais lenhosos tais como:

      • cascas de árvores;

      • aparas de madeira e serrim:

      • podas de jardins;

      • folhas de árvores;

      • palhas e fenos;

      • papel;

      • Materiais ricos em azoto

          Entre este tipo de materiais incluem-se:

          • folhas verdes;

          • estrumes de animais;

          • urinas;

          • restos de hortícolas e frutas;

          • erva;

          • restos de alimentos;

            Outros materiais que pode colocar na pilha de compostagem

          • cascas de ovos;

          • pão;

          • massa;

          • aparas de jardim;

          • cartão;

            Materiais que deve evitar na sua pilha de compostagem

            Evite a todo o custo adicionar à sua pilha de compostagem os seguintes materiais:

          • gorduras;

          • lacticínios;

          • carne;

          • peixe e marisco;

          • cinzas em grande quantidade;

            Materiais que são proibidos adicionar à pilha de compostagem

          • pilhas;

          • vidro;

          • plástico;

          • medicamentos;

          • produtos químicos;

          • têxteis e tintas;

          • excrementos dos animais domésticos;

          • restos de plantas doentes; compostagem

              Pontos principais que deve reter

              Os materiais de compostagem a adicionar à pilha não devem ser: vidros, plásticos, tintas, óleos, metais, pedras entre outros materiais dispensáveis.

              Deve evitar ao máximo alimentos/resíduos com gordura uma vez que pode proporcionar a libertação de ácidos gordos que causam maus cheiros, retardando o processo de compostagem e prejudicando a qualidade do compostado formado.

              Quantos aos ossos, estes só devem ser adicionados se forem moídos previamente devendo também a carne ser evitada numa pilha de compostagem correndo o risco de atrair animais esfomeados ao seu encontro.

              Relativamente ao papel, este não deve exceder 10% da pilha de compostagem, devendo o papel encerado e com cor ser evitado  ao máximo, por ser mais difícil de decompor e porque pode conter metais pesados.

              Dimensão das partículas da pilha de compostagem

              A dimensão das partículas dos materiais a serem adicionados à pilha afecta a densidade, porosidade, capacidade de retenção de água e outras características dos compostados, sendo os micro-poros responsáveis pela retenção e disponibilidade de água e os poros de maiores dimensões responsáveis pela capacidade de arejamento do compostado.

              É importante também reter que:

              • as partículas mais pequenas são decompostas mais rapidamente uma vez que quanto menor for o tamanho das partículas, maior é a superfície específica e mais facilmente ocorre o ataque microbiano aos materiais em decomposição;

              • No entanto, quando se tratam de partículas mais pequenas  os riscos de compactação e falta de oxigénio são maiores ( caso não exista um arejamento adequado da massa de compostagem).

              • Na mistura dos materiais na pilha, é conveniente utilizar uma mistura de materiais ricos em carbono( fornecem a matéria orgânica) com materiais ricos em azoto (aceleram o processo de compostagem).

                Agora que já sabe os materiais  que pode ou não colocar na sua pilha de compostagem, certamente que o resultado final será espectacular.

                https://acientistaagricola.pt/pilha-de-compostagem/

                terça-feira, 10 de novembro de 2020

                O PALHAÇO RICO!


                Por

                Dias Ferreira


                É por demais sabido que o dinheiro não dá educação, nem dá instrução só por si, como também sabemos que apenas ler e escrever não significa que não se seja analfabeto.

                Salazar era professor na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra mas pensava mal da democracia, como alguns que apenas têm a quarta classe! Odiava-a e achava as eleições uma palhaçada, como acharia palhaço alguém que emitisse uma opinião contrária à sua. Tinha, no entanto, e ao contrário de outros, o decoro de não usar a propósito tais expressões. Criou mesmo uma polícia política e a censura para melhor controlar as opiniões divergentes, nem que para isso fosse necessário dar um safanão, de vez em quando! Salazar, numa entrevista que deu, entre outras, a António Ferro e para o Diário de Notícias, quando questionado sobre os métodos de tortura da polícia política, disse tratarem-se de «meia dúzia de safanões a tempo nessas criaturas sinistras». Não sei porquê mas lembrei-me daquela palhaçada de um pequeno apertão no pescoço de um associado durante uma Assembleia Geral que manifestava uma opinião contrária ao presidente de uma conhecida instituição nacional.

                Palhaçada eram realmente as eleições na outra senhora e não as que se realizam num regime democrático, em que se podem debater livremente as ideias entre aqueles que as têm. Compreendo que quem não tem ideias para debater, considere um debate uma palhaçada! Não é fácil o debate, quando não impossível, para quem está habituado a ler o que os outros escrevem ou a fazer eco das apalhaçadas cartilhas!

                Aliás, há mesmo especialistas em palhaçadas! Quem não se lembra de um circo que era para ser montado no Estoril, mas foi transferido para o Algarve para poder ser maior a palhaçada! E quem não gosta das palhaçadas dos vouchers, dos emails, das toupeiras e sobretudo dos palhaços que, em sentido figurado, enchem os bolsos a uns tantos palhaços, no verdadeiro sentido?

                E o que se dirá de quem consente, com o seu silêncio ruidoso, palhaçadas que consistem em imitar os sons de very-lights que causaram a morte a adeptos de futebol? E como se qualifica uma conversa gravada entre Caturno e Zé Gago, em que este disse que Vieira lhe prometera que na época seguinte não haveria polícia na zona da claque, que autorizaria o uso de tochas, que iria devolver a sede à claque, com obras custeadas pelo clube, e que iria «tratar da polícia em três tempos» e «correr com Paulo Dias» -  chefe de segurança que auxiliou a PSP a identificar vários dos 31 alegados criminosos detidos pela Divisão de Investigação Criminal da PSP de Lisboa!

                E pergunto agora o que se dirá de uma jura que Jesus não voltaria ao Benfica, de uma acção que foi proposta contra este de 12 milhões de euros e o seu regresso triunfal! Há sempre os que gostam e os que não gostam de palhaçadas, porque os palhaços não são todos iguais e não são sempre os mesmos, como há maus e há bons. Há quem goste e houve quem não tenha gostado daquela palhaçada a propósito de uma Comissão de Honra de alguém que foi sócio durante muitos anos de clubes rivais, o que, de resto, só por si, pode ser considerado uma palhaçada!

                Há em todos estes factos uma figura que emerge pelo seu papel destacado. Alguém que não se deve olhar ao espelho, que não respeita a democracia na sua própria casa e que trata as regras desta com um analfabetismo primário. É alguém que repete ter a consciência tranquila e chora nos momentos mais convenientes. É alguém que nos diverte, que diz e faz disparates ou coisas engraçadas, que muda constantemente de opinião e que por isso não merece consideração nem é levada a sério por outras. É este alguém que sente autoridade moral para qualificar as últimas eleições do Sporting Clube de Portugal como uma palhaçada.

                Quando ouvi aquela grosseira afirmação, lembrei-me das manifestações dos lesados à porta do BES e comentei para comigo: neste circo que, por vezes, é Portugal, há sempre um palhaço rico para troçar dos pobres!

                jornal A Bola

                Fièvre Andalouse

                Le rouge au pluriel

                Aubade a choisi de composer une palette artistique, un camaïeu de rouges aux nuances subtiles et profondes.

                Le rouge au plurielFièvre Andalouse

                Ce rouge Amour transcende littéralement la dentelle Leavers de Calais et la rend irrésistible.



                Toi Mon Amour

                Aube Amoureuse


                Toi Mon Amour

                La nuit se fait également ardente avec la ligne de nightwear Toi Mon Amour.

                O cisco no olho dos americanos e a trave no nosso

                Se tudo o que Trump faz é inconcebível, nem tudo o que é inconcebível é feito por Trump. Pode não parecer, mas sobra um bocadinho de inconcebível para o nosso cantinho lusitano.


                Apesar do sentimento de alívio que se sente com a vitória de Joe Biden, a verdade é que há ainda quem tenha o topete de defender Donald Trump. São pessoas que, certamente, já esqueceram o rol de malvadezas perpetradas pelo mafarrico ruivo. Eis, para refrescar memórias, algumas das obras de Trump menos conhecidas, mas nem por isso menos indignas para um Presidente:

                1. No auge da primeira vaga da pandemia, enquanto os americanos tentam habituar-se às regras muito restritivas com que têm de viver, o presidente Trump é filmado a brindar e a beber cerveja com um grupo de motards. Embora lhe chamem a atenção para o facto de estar a transgredir, Trump desvaloriza com indiferença. Mais tarde, questionado por jornalistas sobre as restrições impostas nas idas à praia, o presidente Trump diz que já tem “um esquema” para furar as regras;

                2. Em Junho de 2017 ocorre um assalto aos paióis do Fort Huachuca, uma base militar no estado do Arizona. Os ladrões levam armas e munições, num roubo patético de tão fácil que foi. As armas acabam por ser encontradas, numa conspiração obscura encoberta pelo Secretário da Defesa. Apesar de tudo, Trump continua a apoiá-lo e a negar que tenha havido qualquer comportamento impróprio, chegando mesmo a ironizar sobre a acusação judicial que entretanto lhe é movida;

                3. Nunca criticou um seu antecessor acusado de graves crimes de corrupção e de favorecimento de empresas milionárias. Aliás, reabilitou e chamou à sua Administração inúmeros ex-colegas do corrupto (ele próprio também é), que se mantêm calados como se não tivessem estado presentes enquanto eram cometidos crimes contra o erário público americano;

                4. Dias depois dos incêndios de Big Rock, no Kentucky, estando o povo americano ainda em choque perante uma das maiores tragédias recentes nos EUA, Donald Trump vai de férias. Mas não sem antes organizar um focus group para avaliar se a sua popularidade foi afectada pela calamidade. Anos mais tarde, durante uma acção de campanha eleitoral, tenta bater num idoso que o acusa de ter estado de férias durante os incêndios e não logo após. Trump não aprecia velhinhos imprecisos;

                5. Entretanto, descobre-se que o sistema de telecomunicações usado pelos bombeiros e outros serviços de emergência, que falhou redondamente durante os tais incêndios, havia sido negociado por Donald Trump anos antes de ser presidente.

                Bom, por esta altura o leitor já percebeu o que se passa aqui. Estou a elencar feitos de António Costa e de Marcelo Rebelo de Sousa como se fossem de Donald Trump, mostrando que somos exigentes com um presidente de um país que não é Portugal e complacentes com quem, na realidade, manda no país. Está a ver onde quero chegar, certo? Mas isto é tão divertido – e fácil! – que não resisto a acrescentar mais uns casos:

                6. Uma das representantes republicanas que maior apoio presta a Trump no Congresso é considerada culpada de ter falsificado um documento, com o objectivo de se candidatar ilegitimamente a subsídios, lesando o Estado Federal. O marido da congressista, ex-republicano, perdeu recentemente o cargo, depois de se descobrir que usara contratos camarários para beneficiar uma empresa do próprio pai. Apesar disso, Trump não lhe renega o apoio. Aliás, nem nunca se refere ao caso. A congressista continua, alegremente, a representar o Partido Republicano em vários debates;

                7. Sem razão aparente e invocando uma regra de limitação de mandatos que não existe na Constituição, Trump substitui a Procuradora-Geral da República, que tinha o péssimo hábito de investigar membros do círculo privado do presidente;

                8. Faz o mesmo com o presidente do Tribunal de Contas, depois de este ter criticado Trump por querer flexibilizar a lei de contratação pública, potenciando a corrupção. Substitui-o por alguém que, no passado, mostrou ser um facilitador das vontades do Poder Político;

                9. Trump não nomeia uma jurista para representar os EUA num organismo da ONU, apesar de ter ganho o concurso e sido escolhida por um júri internacional. Trata-se de uma jurista que encabeçou investigações incómodas para a Administração Trump. No seu lugar, é nomeado um amigo da Secretária da Justiça;

                Isto deve ser suficiente para demonstrar o meu ponto de vista. Mas deixem-me só despachar mais estas:

                10. Sem ganhar eleições, o filho de Trump torna-se Mayor de uma localidade perto de Washington, depois de o anterior Mayor ser cooptado pelo Partido Republicano para um lugar no Congresso;

                11. Numa altura em que parece que a pandemia está controlada, Trump anuncia, em conferência de imprensa fanfarrona, que a fase final do Campeonato Mundial de Futebol vai ser realizada em Nova Iorque, uma das cidades mais afectadas, como prémio aos profissionais de saúde. Os profissionais de saúde ficam furiosos por, em primeiro lugar, preferirem aumentos salariais e melhoria de condições de trabalho; em segundo lugar, temerem que os ajuntamentos decorrentes dos jogos contribuam para a propagação do vírus;

                12. Depois de meses em que todos os especialistas avisaram repetidamente para a chegada de uma segunda vaga de Covid, Trump dá uma entrevista onde explica que não estava à espera da segunda vaga de Covid. Ao que tudo indica, o coronavírus tinha combinado chegar na transição Outono/Inverno e, ao contrário de outros vírus, mais confiáveis, apareceu antes.

                De facto, é curioso notar que, vertidas para a realidade americana, as acções dos nossos dirigentes deixam de ser pífias marotices e ganham logo outra dimensão de desfaçatez e incúria. Fossem americanos e cobertos pela CNN, Costa e Marcelo teriam outro destaque. E muito mais memes giros.

                Não estou a dizer que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa são iguais a Trump. É evidente que não são, não temos esse azar. Mas também é cada vez mais evidente que não temos a sorte de serem iguais a Roosevelt, a Kennedy, a Reagan ou a Obama. Nem sequer a George W. Bush ou Bill Clinton.

                Donald Trump dá muito jeito. Como todo o seu comportamento é grotesco, ao seu lado os outros líderes parecem verdadeiros estadistas. Sucede que, se tudo o que Trump faz é inconcebível, nem tudo o que é inconcebível é feito por Trump. Pode não parecer, mas sobra um bocadinho de inconcebível para o nosso cantinho lusitano. Nós é que optamos por não ver. Enxergamos com muita perspicácia o cisco no olho dos americanos, mas ignoramos olimpicamente a trave no nosso.

                10 nov 2020, José Diogo Quintela, ‘Observador’

                segunda-feira, 9 de novembro de 2020

                9 de Novembro de 1989: o dia em que o Muro de Berlim caiu.

                Acelerada por um lapso de comunicação, abertura da fronteira entre as Alemanhas foi o primeiro passo para a Reunificação. Separados desde 1961, cidadãos do Leste e do Oeste reconquistaram a liberdade de ir e vir.


                9 de Novembro de 1989: o dia em que o Muro de Berlim caiu

                Acelerada por um lapso de comunicação, abertura da fronteira entre as Alemanhas foi o primeiro passo para a Reunificação. Separados desde 1961, cidadãos do Leste e do Oeste reconquistaram a liberdade de ir e vir.

                Günter Schabowski

                Numa colectiva histórica, Schabowski acelerou a queda do Muro de Berlim

                Em 9 de Novembro de 1989, Günter Schabowski, porta-voz do governo da então Alemanha Oriental, anunciou a nova legislação sobre viagens do país numa entrevista colectiva que entrou para a história. Após um mal-entendido, o político respondeu à pergunta de um jornalista sobre quando a lei entraria em vigor com uma frase que se tornaria famosa: "Pelo que sei, ela entra… já, imediatamente".

                A entrevista foi transmitida ao vivo e acompanhada tanto na Alemanha Ocidental como na Oriental. Portanto, logo em seguida, os cidadãos da República Democrática Alemã (RDA), de regime comunista, peregrinaram até a fronteira interna em Berlim. Durante três horas, os guardas de fronteira – que não haviam sido informados do novo regulamento – contiveram o afluxo humano.

                Quando a "TV do Oeste" montou suas câmaras e confirmou a sensacional notícia, ficou claro que chegava ao fim a divisão da Alemanha – marcada pela construção do Muro de Berlim, em 21 de Agosto de 1961.

                Tarde da noite, os agentes de segurança deixaram de fazer resistência, abriram as passagens de fronteira berlinenses e deixaram as pessoas passarem do Leste para o Oeste e vice-versa, sem que fossem controlados.


                Inspiração de Gorbachev

                Durante meses, milhares de cidadãos da Alemanha Oriental vinham realizando passeatas e exigindo com veemência reformas políticas. As "manifestações de segunda-feira" pelas ruas de Leipzig já tinham se tornado famosas.

                Os manifestantes gritavam: "Nós somos o povo!" e "Gorbil! Gorbil!", referindo-se ao secretário-geral do partido comunista russo, Mikhail Gorbatchev (1931). Desde 1985, ele vinha realizando reformas na União Soviética, numa nova política que os habitantes da RDA também desejavam para si.

                Porém, por total falta de espírito reformista, o governo de Erich Honecker (1912-1994) bloqueara as mudanças, precipitando, assim, seu próprio fim.

                Em 18 de Outubro de 1989, Honecker fora substituído por Egon Kreuz no cargo de secretário-geral do partido e presidente do Conselho de Estado. Porém, nem isso foi capaz de conter a derrocada do governo comunista da RDA.

                Em 4 de Novembro, cerca de meio milhão de pessoas reuniram-se na praça Alexanderplatz, em Berlim Oriental, para protestar em prol de uma reforma do Estado.

                A partir dessa poderosa manifestação, ficou claro que o novo governo não contava mais com a confiança popular. Ao mesmo tempo, tornavam-se cada vez mais fortes as exigências de que se fundissem os dois Estados da Alemanha. Cinco dias mais tarde, o Muro caiu.


                Entre o povo e as potências europeias

                Algumas semanas após a queda do Muro de Berlim e em meio ao clamor crescente pela reunificação, iniciou-se, às vésperas do Natal de 1989, um intenso tráfego diplomático na RDA.

                A França e a Inglaterra, em especial, mostravam receio diante da perspectiva de uma Alemanha grande e economicamente forte, no centro do continente. Elas tentaram, se não impedir, pelo menos subordinar a certas condições políticas a união da República Federal da Alemanha (RFA) e da RDA.

                O chanceler federal da RFA, Helmut Kohl, registrou publicamente tais temores num discurso acompanhado pelo mundo inteiro, diante das ruínas da Igreja Frauenkirche, de Dresden, em 19 de Dezembro.

                Naquela noite, Kohl confirmou, por um lado, a intenção de respeitar a vontade da população da RDA, qualquer que ela fosse. Por outro lado, reconheceu que uma unidade alemã só seria possível "numa casa europeia". A unidade alemã e do continente eram, portanto, dois lados de uma mesma moeda.

                Dessa forma, o chefe de governo rechaçava categoricamente uma Alemanha reunificada neutra, num posicionamento que lhe valeu o aplauso frenético dos cidadãos da RDA presentes.

                Ainda assim, dois dias mais tarde, o então presidente francês, François Mitterand, voou para a RDA a fim de evitar uma "anexação" desta à RFA. No início de 1990, o processo de unificação de ambos os Estados alemães foi integrado num processo internacional, o qual considerava tanto os interesses dos alemães quanto os das potências aliadas vencedoras da Segunda Guerra Mundial.

                https://www.dw.com/pt-br/9-de-novembro-de-1989-o-dia-em-que-o-muro-de-berlim-caiu/a-4474275

                quarta-feira, 4 de novembro de 2020

                As 5 frutas mais calóricas que devem ser consumidas com moderação

                É verdade que, quando falamos de frutas, é difícil pensar que elas podem ser calóricas, pois são benéficas para a saúde na maioria das vezes. Mas com certas frutas, devemos ter cuidado devido ao nível calórico, que pode ser alto e, portanto, não tão saudável quanto pensamos. Não devemos parar de comê-las, pelo contrário, as frutas fornecem fibras que melhoram o fluxo intestinal e a digestão, mas precisamos saber discernir o bom e o não tão bom para o nosso corpo. Aqui está, uma pequena lista de frutas que devem ser consumidas com moderação.

                1. Tâmaras

                Elas têm um sabor delicioso! As Tâmaras ficam no topo da lista com 287 calorias. Elas são uma das frutas mais calóricas! Se você realmente gosta de frutas secas, prefira damascos ou figos para seu lanche. Mas você ainda pode se cuidar comendo tâmaras pequeno almoço. A ingestão de calorias é importante durante a primeira refeição do dia, então aproveite!

                2. Abacate

                Sim, o abacate é uma fruta! E para apenas uma metade desta fruta deliciosa que geralmente comemos como entrada, você encontrará 200 calorias! Então você tem que ter cuidado com a quantidade quando comer um abacate. Também pode ser consumido no pequeno almoço, amassado no pão, por exemplo, mas tente limitar-se a um abacate por semana, para não consumir muitas calorias e ainda se beneficiar da ingestão de lipídios e ômega 3.

                3. Bananas

                Mesmo que tenham muito menos calorias do que qualquer uma das frutas anteriores, cada banana apresenta 90 calorias. É um alimento nutritivo que você precisa e que é bom para a saúde devido à sua contribuição em fibras, mas que deve ser consumida com moderação e sem adição de açúcar para preservar seus efeitos benéficos. É, no entanto, uma excelente fruta fresca. que mantém pequenos apetites!

                4. Uva

                Um belo cacho de uvas, vermelha ou branca, sempre faz você ficar com água na boca quando passa pelas prateleiras de frutas dos supermercados. Mas elas geralmente são muito doces e seu consumo deve, portanto, ser razoável. Um cacho de uvas contém 72 calorias e muitos carboidratos. Tente variar com outras frutas durante o dia.

                5. Cereja

                Ela é tão bonita e parece tão suculenta que não podemos recusar esse pequeno prazer do verão. Mas saiba que cada cereja contém 68 calorias! E é raro que nos contentemos em comer apenas uma! Ela que parece tão pequena e inocente esconde bem o jogo! A cereja é um dos piores inimigos da dieta!

                5 ingredientes que evitam o aumento da acidez

                Se você é uma daquelas pessoas que às vezes sofre de azia e daquela sensação indesejada como consequência de um refluxo. Todos sabemos que a acidez estomacal não é uma sensação muito agradável de enfrentar. Como resultado de uma má digestão e excesso ou falta de ácido no estômago ocorre a azia. Existem medicamentos para aliviar o mal estar, mas se você quiser experimentar alguns desses ingredientes naturais, eles certamente o ajudarão a melhorar seu fluxo intestinal e evitar a sensação desagradável de refluxo ácido.

                1. Limão

                Muitas pessoas pensam que o limão é ácido demais para fazer bem ao estômago. Ele, no entanto, é um alimento alcalino que é óptimo para o fluxo intestinal e contra o refluxo ácido. Tente colocar um pouco de limão em um copo grande de água morna e tomá-lo com o estômago vazio pela manhã. Escove os dentes e aproveite o seu dia com um ótimo fluxo intestinal!

                2. Amêndoas

                Amêndoas frescas também são alimentos alcalinos e, portanto, ajudam a combater a acidez no estômago. O óleo de amêndoas quando ingerido se adere às paredes do estômago e serve como proteção contra a acidez dos alimentos que você venha comer. O óleo de amêndoa também ajuda a regular as secreções de sucos gástricos.

                3. Vinagre de maçã

                Novamente, um produto que você poderia pensar que é ácido e, mas que no final das contas é alcalino e é um também um ótimo aliado contra o refluxo ácido. Os picos de ácido podem ser causados por uma falta de acidez no estômago, que não dissolve todos os alimentos, o que causa altos índices e dificulta a digestão. Portanto, tente diluir 2 colheres de sopa de vinagre de maçã em um copo grande de água e beba a mistura três vezes ao dia.

                4. O bicarbonato

                É um alimento conhecido por evitar o refluxo e que as mulheres grávidas conhecem bem, pois não representam perigo quando ingerido. O truque para usá-lo é muito simples. Misture meia colher de chá em um copo de água morna e adicione um pouco de limão que você tenha espremido antes. Beba tudo antes da refeição!

                5. Plantas

                A maioria das plantas naturais comestíveis são boas para a saúde e ajudam na digestão. Camomila, hortelã, verbena, gengibre, anis, cominho ou erva-cidreira são particularmente bons para o fluxo e agem contra o refluxo ácido e também contra  arritação estomacal. Use as plantas em infusão durante as refeições, sozinhas ou misture-as para obter melhor eficiência!

                Os feirantes e o ‘recuo’ do Governo

                A linguagem militar, diria bélica, ou se preferirem desportiva, ou de confronto, entrou há muito no léxico político. Mas o que era excepção tornou-se regra, e hoje já não se fala de outro modo. O que é uma forma de diminuir a política e exacerbar o combate.

                Como toda a gente ouviu e leu nas notícias, no passado sábado António Costa anunciou que a partir desta quarta-feira não haveria feiras no conjunto dos concelhos mais afectados pela pandemia.

                Como toda a gente ouviu e leu nas notícias, os feirantes não gostaram da medida e começaram a fazer-se ouvir. Diziam que vendendo na rua tinham, até, mais condições de higiene e circulação de ar do que os vendedores dos centros comerciais. Argumentaram que era por não terem um lóbi de interesses que ficavam prejudicados.

                Como toda a gente ouviu e leu nas notícias, esta terça-feira o Governo recuou e disse que afinal, dentro de certas regras determinadas pela DGS (aliás como nos outros casos) e com autorização devida da Câmara Municipal respectiva, poderia haver feiras. Os feirantes acharam que foi feita justiça e ficaram mais felizes com a medida.

                Ora aqui entra o ponto: o verbo recuar remete para conceitos de avanços e retrocessos. Mas nem a medida anunciada avançava para lado nenhum, nem a sua retirada constitui qualquer recuo.

                Por que motivo se diz, então, ‘O Governo recuou’ ou ‘Costa recuou’? Porque a ideia instalada das relações políticas são as da maximização do combate, da ‘coragem’ (haverá palavras melhores, concedo), do enfrentamento, e não as do diálogo e das cedências mútuas.

                Pessoalmente, acho que os feirantes tinham bastante razão nas suas demandas. E quero crer que a maioria dos governantes e o primeiro-ministro acharam o mesmo. Porque eram lógicas e porque a medida não tinha qualquer benefício claro, provocando, em contrapartida, malefícios óbvios.

                Nesse sentido, seria bom interrogarmo-nos em que consiste a política; falo da política a sério, e não da politiquice costumeira. Em primeiro lugar, na busca do bem comum, algo que, em pluralismo, tem diversas leituras não condizentes. Ao contrário do belicismo com que hoje é tratada (os chefes de partidos têm ‘tropas’; delineiam estratégias; esmagam os adversários, avançam e recuam), a política é uma arte pacífica de diálogo que, em sociedades abertas, pretende alcançar o maior número de pessoas. Mais, muitas vezes, a boa política pretende conciliar interesses diversos e não opor “classe contra classe”, como definia o leninismo, ou raça contra raça, como os fascistas, ou nós e eles, como todos os totalitarismos.

                O Governo, perante os feirantes, não recuou. Podíamos ter escrito e dito que o Governo deu razão ao ponto de vista dos feirantes; que reconsiderou a medida, depois de ter mais dados sobre a situação em que ficariam milhares de pessoas; que acedeu aos pedidos dirigidos por autarcas, que explicaram a pessoas que, no geral, vivem em grandes urbes, como os governantes e os burocratas da Administração Pública, a importância das feiras em terras mais pequenas; que tinha, enfim, arranjado uma solução que contenta os feirantes e previne o perigo de contágio que qualquer aglomeração pode ter.

                Mas isto seria retirar a combatividade de que depende a radicalização para que as políticas tenderam nos últimos tempos. A esquerda mais esquerda e a direita mais direita veem-se obrigadas a arranjar inimigos externos e internos, para justificarem as suas propostas. E o triste é que aqueles que poderiam combater esta deriva, que só pode terminar mal, demitem-se de o fazer por várias razões, que podem ser válidas do seu estrito ponto de vista, mas nenhuma delas eficaz para a construção de um terreno comum de serenidade, onde propostas possam ser discutidas e adotadas, sem que tenha de haver vencedores e vencidos, chefes e tropas, recuos e avanços.

                Tanta gente preocupada com as palavras do politicamente correto, e quase nenhuma empenhada em contrariar esta deriva que, também ela, tem a ver com palavras.

                HENRIQUE MONTEIRO – Expresso

                Trump esbraceja contra o mundo

                Henrique Monteiro pergunta por que motivo, depois de quatro anos de fanfarronada e falta de sentido, tanta gente vota Trump

                Henrique Monteiro

                HENRIQUE MONTEIRO


                Trump ganhou as presidenciais dos EUA. Mas só na opinião muito peculiar dele próprio. Aqueles que seguem a realidade já perceberam outra coisa. E a primeira delas é que não se sabe ainda quem ganha, embora neste momento em que escrevo (sete e meia da manhã) Biden vá com vantagem de sete grandes eleitores. Ou seja, tem 220 contra 213, mas são necessários 270 para ganhar.

                Nunca – e este nunca é mesmo nunca – alguém antes de Trump se declarara publicamente vencedor sem disso poder ter a certeza e o facto ser evidente para todos. Mas Trump está a ser Tump e não deixará de ser Trump, pelo menos nos próximos tempos. Enquanto puder esbracejar fa-lo-á, de modo a salpicar toda a América, todo o mundo, com as suas enormidades e falta de sentido de responsabilidade.

                De qualquer modo, todos sabíamos que o candidato democrata precisava de um resultado demolidor para calar o atual presidente. E Biden não é também esse candidato. Vejamos: no estado em que estão as coisas a esta hora, Estados em que se podia esperar uma vitória democrática, como Pensilvânia, Michigan ou Wisconsin, estão a cair para o lado de Trump.

                Não quer dizer nada, porque há ainda, na difícil caraterização de umas eleições nos EUA, Estados solidamente democratas - e nesses Biden ganhou (no Maine pode ainda haver surpresas) - e estados que podiam mudar de orientação. Mas só a Geórgia e a Carolina do Norte ainda podem transitar dos Republicanos para os Democratas, já que o Texas e a Flórida parecem ter caído mesmo para Trump, que confirmadamente, por todos menos por ele, até pela Fox News, perdeu o Arizona e ainda pode perder Nevada, o Estado que tem em Las Vegas a sua cidade iconográfica.

                Sendo assim, ficamos como? À espera do voto por correspondência, que aquele que Trump sempre contestou e acusou de fraudulento. E se como o senhor Trump continua com essa demanda até ao Supremo, segundo avisou temos especulação para durar.

                Aliás, num parêntesis, direi que a esta hora, os votos que contam para o Senado e para o Congresso revelam que nem Democratas nem Republicanos perderam um lugar que fosse. Ou seja, todos os círculos ou Estados até agora escrutinados deram resultados iguais aos da última vez. Os Republicanos lideram para o Senado, com 47 eleitos, contra 46 (precisam de mais de 50 e faltam, obviamente, escrutinar Estados); os Democratas lideram para a Câmara dos Representantes com 176 contra 168 (precisam de 219 para a maioria) e faltam fechar diversos círculos.

                Resta uma questão importante: por que motivo, depois de quatro anos de fanfarronada e falta de sentido tanta gente vota Trump? Pode parecer um mistério (e confesso que do meu ponto de vista o é um pouco), mas explica-se pelas sondagens à boca da urna. Quando se pergunta quais os assuntos que determinam as escolhas dos eleitores, a economia fica largamente à frente, com 35%. O estado da economia nos EUA, antes da pandemia, era claramente favorável e por pouco que Trump tivesse a ver com isso, beneficiava desse estado de coisas. A segunda preocupação, mas só para 20% é a desigualdade racial, campo fértil para se votar Biden; depois a pandemia (17%) cuja interpretação não é clara. E por fim, dois temas com 11% que se dividem pelos dois candidatos: crime e segurança, que joga para Trump e Saúde e Segurança Social, que beneficia Biden.

                E assim, ainda que convicto que Biden ganhará, embora a Flórida costume ditar o vencedor (com duas exceções nos últimos 100 anos, e nesse Estado Trump tenha ganho), temos de esperar. Não sei até quando; não sei quando se cansará Trump da sua obsessiva narrativa segundo a qual foi roubado e o vencedor foi ele.

                Mas já era o que se esperava.

                Expresso

                50 carros que vão durar mais de 400.000 Km

                A durabilidade sempre foi um dos principais factores a ser verificado antes de comprar um carro. Embora a mentalidade do consumidor moderno exija a troca de carros a cada dois ou três anos, muitas pessoas ainda consideram o carro um investimento que durará ao longo do tempo.

                Não é comum encontrar um carro que continue circulando após atingir a marca de 400 mil km, mas certamente também não é impossível. Ainda existem vários modelos em diferentes categorias de mercado, que ainda oferecem esse tipo de longevidade aos seus proprietários. Aqui estão cerca de cinquenta carros novos e clássicos que certamente durarão mais de 400 mil km.

                A soolide fez um estudo e chegou a esta conclusão (https://www.soolide.com/)

                Vão encontrar-se nesta lista veículos que não se comercializam por cá e outros com designações diferentes.

                50. Subaru Forester

                49. VW Passat

                48. Lexus RX350 / 450h

                47. Honda CR-V

                46. Lexus ES 350/450

                45. Toyota Camry

                44. Toyota 4Runner

                43. Lincoln Town Car

                42. Nissan Titan XD

                41. Chevrolet Silverado 2500HD

                40. Honda Odyssey

                39. Acura RDX

                38. Chevrolet Impala

                37. Toyota Corolla

                36. Honda Pilot

                35. Audi Allroad

                34. Herdeiro xB

                33. Nissan Patrol

                32. GMC Sierra 2500HD

                31. Mazda 6

                5. Ford Explorer

                4. Toyota RAV4

                3. Mercedes-Benz W123

                2. Subaru Outback

                1. Toyota Tundra