quinta-feira, 24 de junho de 2021

Crianças e jovens devem ser vacinados o mais depressa possível.

“Estamos perante um vírus que tem várias mutações, algumas já se mostraram mais transmissíveis e patogénicas do que outras, o que faz que, provavelmente, a percentagem de 70% de vacinados para a imunidade de grupo seja uma falácia.”

O imunologista Santos Rosa

“Já posso ir ao banco?”

Foi uma tentativa de fazer humor, mas não teve graça. Nenhuma. A frase, infeliz, despropositada e inoportuna de António Costa quando vê aprovado o Plano de Recuperação e Resiliência merece uma análise mais profunda, não tanto ao que foi dito, mas mais ao que significa. (Noutros tempos, a resposta poderia ter sido: “Qual é a pressa?” Mas sabemos todos o que aconteceu ao senhor que não tinha pressa em convocar “directas” e depois um congresso. Ele sabia que ia perder o partido e o poder. Como veio a acontecer.)
Costa tem pressa em pôr a mão na massa.
Comportou-se, com aquela frase, como alguém que acaba de ganhar o Euromilhões, e a primeira pergunta que faz à Santa Casa é quando é que pode ir ao banco.
Porque este dinheiro não “custou a ganhar”, caiu dos céus de Bruxelas, uma espécie de lotaria europeia. Faz falta, é necessário, vai ajudar na recuperação depois da segunda crise em menos de dez anos, mas nunca há dinheiro grátis.
Costa, na sua tentativa de fazer humor, mostrou-se o verdadeiro português. E disso não nos podemos queixar. Estamos a fazer o que, na prática, sempre fizemos ao longo da nossa história: esfregar as mãos e começar a gastar o dinheiro que chega, venha de onde vier. Foi assim com o ouro do Brasil, com as sedas e especiarias do Oriente, com a árvore das patacas de Macau, com as remessas de emigrantes durante o Estado Novo, com a adesão à CEE nos anos 1990, com o acesso a dinheiro a “fundo perdido” nos últimos 30 anos, com os resgates das troikas que, por três vezes, nos invadiram e, agora, com o PRR. Tudo igual. Haja dinheiro e vamos gastá-lo. Depressa. Ontem, Costa veio garantir que as “irregularidades e as fraudes”, segundo contas da própria UE, são residuais e que se a Europa olha para nós como “bem cotados” em matéria de “fugas e desvios”, não devemos ser nós a desconfiar de nós mesmos e a achar que haverá, desta vez, “fraudes e irregularidades” em barda. O governo garante que não, que não haverá. O Presidente da República já criou uma brigada para fiscalizar a aplicação dos fundos e a própria UE estará como polícia do dinheiro para não deixar nenhum governo pôr o pé em ramo verde.
Mesmo que as “irregularidades e fraudes” venham a ser uma ínfima fracção, dada, ainda assim, como perdida logo à partida, a necessidade de Costa vir dizer que, se os outros não olham de lado para Portugal, não precisamos de nos preocupar, tenta, desde logo, desfazer a percepção de que o primeiro-ministro sabe que existe. A percepção de que os fundos vão chegar e vão ser gastos, e depressa. E, daqui a uns anos, quando olharmos pa ra trás, estará tudo, ou quase tudo, na mesma. Porque, repito, esta é a lotaria europeia que saiu a Portugal. Sem esforço, apenas como reforço para ajudar – e não para solucionar – a sair duma crise social, económica, financeira e pandémica que nos assolou.
A segunda questão, é, então, que se já podemos “ir ao banco” e se as “fraudes e irregularidades” serão residuais, onde e como vai ser gasto o dinheiro? Depois de garantida a “boa aplicação”, convém saber para onde irá esse dinheiro que está “no banco”. E o plano é vagamente vago e suficientemente palavroso para dar para tudo. O “verde” e a “digitalização” estão no topo das prioridades. E bem. Depois, segue no plano o reforço do Estado, o aumento do número de “funcionários”, a gestão dos fundos nas mãos do mesmo Estado e a nossa suspeita de que, feitas as candidaturas, os programas e as ideias, o dinheiro vai acabar sempre nas mãos dos mesmos.
Na história dos países nunca há “últimas oportunidades”. Há sempre mais dias, depois de hoje vem amanhã, e assim sucessivamente até ao fim dos tempos. Por isso, não alinho em últimas oportunidades.

Mas esta, sem dúvida, chega numa altura de mudança de paradigma. E, por si só, merecia mais reflexão, mais partilha de responsabilidades, maior transparência e uma justa, equilibrada e, sobretudo, reprodutiva distribuição dos tiros que serão disparados pela “bazuca”.
“Já posso ir ao banco”?
Não. Só em Agosto.
Qual é a pressa?

Pedro Cruz - jornalista

A culpa é das redes.

Já reparou que são as pessoas que se dizem defensoras da liberdade de expressão que mais atacam os comentários das redes sociais?

As pessoas que escrevem comentários sempre existiram, muito antes — milénios antes — das redes sociais. É essa, aliás, a palavra curta pela qual são designadas: são pessoas.

As pessoas sempre tiveram opiniões. É horrível, não é? Mas é humano e não há nada a fazer. Eis a outra palavra curta que se costuma usar para falar delas: são os outros.

É horrível, mas os outros só raramente pensam como nós.

Aliás, teimam em pensar o contrário. E pior: não nos respeitam, já não aguentam as nossas opiniões, estão fartos de nos aturar.

Em podendo desabafar — veja-se só —, desabafam. Mas por que carga de água é que lhes puseram à frente aquela caixinha de comentários?

A ocasião não faz só o ladrão.

Também faz o chatarrão, o respondão, o diz-que-não e outras palavras acabadas em “ão”.

Tem graça que são os apologistas da tolerância que se têm revelado os mais intolerantes. Então porque é que nunca se riem, não é?

Se calhar, porque já lhes custa sair do estado de permanente, apopléctica e apocalíptica indignação em que mergulham para pescar os lugares-comuns.

Outra questão é saber como é que estes ilustres personagens vêm a saber das redes sociais e dos reles comentários que lá se fazem?

Como é que arranjam tempo no meio de tantas doutas leituras para conspurcar os olhos com as fétidas efusões do povoléu?

Ou será que perscrutam as redes sociais à procura de palavrinhas de apreço?

Ou será que, na demanda de uns recados sumarentos dos correligionários, de umas pancadinhas nas costas e de uns gritos espontâneos de “ah, leão!”, são rudemente interrompidos por envios que não lhes agradam?

Pobres diabos.

Miguel Esteves Cardoso

Público • Domingo, 20 de Junho de 2021

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Para a Rússia, com amor e erro administrativo

Quando se fala em Duarte Pacheco, pensamos na Exposição do Mundo Português; quando se fala em Fernando Medina, pensamos na exposição de dissidentes russos.


15 jun 2021, José Diogo Quintela, ‘Observador’

A notícia de que a Câmara Municipal de Lisboa, ao abrigo de um decreto-lei, enviou para a Rússia os dados pessoais dos organizadores da manifestação anti-Putin, deixou-me perplexo. Como lisboeta habituado a lidar com a burocracia municipal, custa-me acreditar que haja um departamento camarário que, tendo de comunicar certa informação num determinado prazo, cumpra a obrigação em tempo útil. Desta não estava à espera.

Nem eu, nem Fernando Medina, aliás. Por isso é que o Presidente da Câmara anda tão atarantado. Está chocado com a celeridade dos serviços que, recebendo a informação dos activistas russos, a reencaminham para a Rússia NO MESMO DIA – e tenho pena que não possua mais ferramentas de edição além do negrito e itálico, para eu conseguir destacar condignamente este facto. Ainda por cima, parece que não foi um acaso: há um histórico de competência e estas informações já foram prestadas à China, à Venezuela e a Israel.

Esta agilidade autárquica não é habitual. Se isto se passasse no Departamento de Urbanismo, não podíamos contar com esta rapidez. Quando a informação chegasse a Moscovo, já a Rússia era uma democracia. E o mais provável era os activistas já terem morrido. De morte natural, note-se.

Os lisboetas têm dificuldade em perceber a aflição dos activistas russos. Normalmente, o desespero é provocado pela lentidão da câmara em dar informações, não o contrário. Ainda estamos abalados por descobrir o serviço municipal que respeita prazos.

Minto: há outro serviço que funciona exemplarmente. Trata-se da recolha de resíduos urbanos de grandes dimensões, os chamados “monstros”. Basta descarregar a aplicação, indicar o monstro de que nos queremos ver livres e a Câmara fá-lo desaparecer durante a noite. Fácil, sem perguntas, nem complicações. Quer dizer, agora que penso bem nisso, é mais ou menos o mesmo que fazem com os manifestantes.

Fernando Medina bem pode queixar-se de estar a ser vítima de ataques políticos, mas é indesmentível que, com este caso, começa a ter o seu nome cotejado com o de outros grandes edis da capital. Quando se fala em Duarte Pacheco, pensamos na Exposição do Mundo Português; quando se fala em Fernando Medina, pensamos na exposição de dissidentes russos. A minha dúvida é: depois da morte de Carlos do Carmo, quando Medina escolheu a canção oficial de Lisboa, saberia que o título não é “Lisboa, menina e Mossad”? Se calhar, está convencido de que é autarca da cidade das 007 colinas.

Entretanto, espero que a auditoria que Medina pediu esclareça ao certo o que sucedeu. É preciso, quanto antes, perceber que procedimentos administrativos são estes. Depois, é preciso replicá-los nos outros departamentos. Pelos vistos, há uma forma de conseguir extrair informação da Câmara de Lisboa sem chatices e em tempo razoável.

Vamos supor que o leitor vai solicitar à CML um Pedido de Informação Prévia relativo a uma obra que pretende fazer em casa. Se deseja uma resposta pronta, sem ter de esperar os habituais anos, eis um exemplo de como deve ser redigida a Memória Descritiva que acompanha o requerimento:

“Solicita-se autorização para proceder ao encerramento da marquise na fachada tardoz. Ganha-se 10 m2 de área coberta, que servirão para armazenar cartazes e bandeiras usados em manifestações contra o filho da mãe do Putin.

Também se pretende demolir uma parede interior, ampliando a sala de jantar de modo a poder reunir mais dissidentes chineses nos jantares subversivos que se organizam todas as 4as-feiras com o intuito de conspirar a favor da Democracia.”

Em princípio, uma formulação deste tipo fará a Câmara acelerar o processo. Quando o tema é oposição a regimes autoritários, mais rápido do que a CML a despachar, só mesmo esses regimes autoritários a “despachar”. Os únicos trabalhos de construção civil a que a Câmara de Lisboa dá seguimento com ligeireza são os sapatinhos de cimento que os activistas russos vão ter à espera da próxima vez que voltarem a casa.

Entre o Pan Bagnat de Nice e uma boa Esfregona ordinária, mon coeur balance.


Como se leva uma salada para a praia? Qual é a salada que se pode comer sem talheres? Qual é a salada que fica melhor depois de duas horas à espera?

Temos falado de tomate e de pão e agora temos de falar de tomate no pão, uma das grandes ideias humanas.

A versão mais conhecida é o pan bagnat - ou pão molhado - que é um pão redondo aberto ao meio, esfregado com alho e tomate, regado com azeite e depois recheado de anchovas, cebola, atum, pimento, folhas de aipo, rabanetes e azeitonas. Fecha-se e comprime-se durante um mínimo de duas horas e depois come-se.

Há muitas variantes - com ovo cozido, com alcachofras - mas o pan bagnat é fundamentalmente uma salada niçoise transformada em sanduíche.

Cuidado com as muitas receitas que aparecem na Internet. O melhor pan bagnat é o que se faz em Nice com as hortaliças locais.

Prefera sempre as versões feitas por mulheres, quanto mais velhas melhor.

Isto não é uma questão de seguir as regras. A razão para preferir as versões tradicionais é puramente gastronómica: são mais saborosas porque partem de milhões de experiências ao longo dos anos.

São estas que encontram o equilíbrio - que é dificílimo em qualquer salada, mesmo com poucos ingredientes.

As variantes individuais - e não há quem não as tenha - não são apenas interpretações aleatórias.

São modificações pessoais que assentam solidamente nas receitas comprovadas.

Perante uma multidão de receitas, a diculdade é adivinhar quais são as autênticas e quais são as (centenas de) ignorantes, feitas ao calhas só para despachar, modernaças só para serem diferentes ou as feitas sensacionalmente para conseguir cliques.

A autenticidade é muito difícil de denir e de apurar - talvez seja impossível - mas isso não quer dizer que não existe. O que é autêntico, só para ajudar a afastar o trigo do joio, é o que é comido regularmente com prazer ao longo dos anos, por gerações sucessivas de pessoas muito diferentes a viver no mesmo sítio, mas sem se pensar nisso. O autêntico é, em certo sentido, o óbvio. É o óbvio escondido por tanto uso.

Digo isto porque a atitude actual, por ser conveniente e preguiçosa, é dizer que o pan bagnat é aquilo que se quiser. Para contrariar esta atitude é preciso dizer o contrário: que só um niçoise em Nice é capaz de fazer um pan bagnat. Mas como há muitas pessoas a viver em Nice...a variedade não falta.

Aqui em Portugal proponho uma sanduíche a que chamarei a Esfregona. É uma sandes de salada.

É uma merendeira montanheira. É uma açorda de carcaça fresca. É aquilo que se quiser.

A primeira coisa que vai buscar ao pan bagnat é o pão redondo, individual, acabadinho de cozer.

Ignore os palermas que lhe falarem em pão velho. Uma Esfregona tem de ser feita com pão fresco, para ter o miolo fonho mas - indispensavelmente - o estaladiço da côdea saidinha do forno.

Abre-se o pão à mão e esfrega-se com um bom dente de alho. Faz-se o mesmo a um tomate maduro e esfrega-se mais um bom bocado.

Pega-se no bom azeite e deita-se lá para dentro. Parabéns: a Esfregona está bem banhada.

Agora é consigo. Mas tem de levar tomate, anchovas e estaladiços: rabanetes, pepino (uma heresia em Nice), pimento vermelho ou verde. Tem de levar atum e, em Portugal, atum que não seja acompanhado por ovo cozido

não entra.

O que é mesmo proibido é maionese. Seria como pôr maionese numa salada de tomate temperada com azeite e vinagre.

Quanto ao vinagre, acho que o azeite entristece sem ele mas compreendo que o deixem de fora.

A Esfregona deve ser impossível de fechar. Por isso, à maneira da malta de Nice, embrulha-se em celofane (para não perder os sucos) e põe-se-lhe um peso em cima (um garrafão de 5 litros, cheio de água) durante duas horas. Mais peso é que não, para não ficar com uma Esmagona em vez de Esfregona.

Ao fim de duas horas a Esfregona estará deliciosamente empapada e pronta para ser transportada para onde quiser. É muito bom comê-la na praia, com os sucos a escorrer-nos pelo queixo.

Alguém falou em queijo? Então, em vez do atum...



Miguel Esteves Cardoso

Sábado, 19 de Junho de 2021 | FUGAS |

FESTA DO S. JOÃO… mas qual deles?

dia 24 de Junho…

COMO HOJE É A NOITE DE S. JOAO, TOMO A LIBERDADE DE ENVIAR A HISTORIA DO S. JOAO QUE ME FOI ENVIADA POR UM AMIGO MEU HISTORIADOR.

COM VOTOS DE UM BOM “xinhor joão carago””

É que existem três.

Pensamos que deverão ser poucos aqueles que sabem, que existiram 3 S. Joãos. O S. João do Porto, o evangelista (além de Mateus, Marcos e Lucas) e o primo de Jesus Cristo, S. João Batista. Vamos falar um pouco deles, sobretudo do 1ª, o mais desconhecido.


1 - S. JOÃO do Porto

O S. João nascido na cidade do Porto, no séc. IX, que que viveu uma vida de eremita na região de Tuy, do outro lado do Rio Minho, hoje, Espanha e na altura, tal como nós, estávamos no Reino de Leão,

Aí faleceu, sendo sepultado no local onde hoje fica a IGREXA MONACAL CONVENTUAL DE SANTO DOMINGO DE TUI. “La primitiva iglesia era más pequeña, encajada entre el convento y la iglesia románica de SAN XOÁN DE PORTO (desaparecida completamente en 1730”.

Noto que a cidade de Tuy era sede da respectiva diocese a que pertencia o Condado Portucalense. Tuy, passou a ser espanhola depois de D. Afonso Henriques ter sido convencido a passar o Rio Mondego e do seu desastre na tentativa de conquista da cidade de Badajoz (Espanha)

Diz a tradição, que a cabeça de S. João do Porto, foi trazida de Tuy pela Rainha Mafalda (mulher do 1º rei de Portugal, D. Afonso Henriques), no séc. XII, para a Igreja de São Salvador da Gandra (Penafiel), que passou a ser conhecida por Igreja de S. Salvador da CABEÇA SANTA. No séc. XVII ainda aí se conservavam as suas relíquias, objecto de grande veneração entre os fiéis, que acreditavam que S. João os salvaria das febres.


2 - S. JOÃO, o evangelista

Um dos quatro evangelistas, além de Mateus, Marcos e Lucas


3 - S. JOÃO BAPTISTA

Foi o primo de Jesus Cristo, um dos santos mais populares da Igreja Católica.

Com o aparecimento do Cristianismo, passou a haver todo o interesse em que o povo abandonasse esses hábitos antigos que tinham herdado dos Celtas. O Solstício do Verão, era uma das 8 mais importantes festas desse povo. O Cristianismo foi cobrindo cada uma delas com as suas próprias celebrações.

Mas com a celebração celta, do Solstício de Verão (19 a 23 de Junho), o Cristianismo teve um problema, não conseguiam uma data para lhe dar um sentido religioso. A solução encontrada foi comemorar-se o uma das grandes e mais populares figuras da Igreja, o primo do próprio Jesus Cristo, S. João Baptista. Mas… passaram a comemorar-se o NASCIMENTO de S. João, quando a Igreja tem por hábito comemorar os falecimentos dos santos, como acontece, por exemplo, com os outros sanos populares, S. António e S. Pedro.

Citando as palavras desse grande historiador Germano Silva: “O S. João (festejado na cidade do Porto, a festa brejeira e generosa, em que todo o povo é igual, é uma bem-sucedida operação de marketing do Cristianismo, que a usurpou e lhe meteu lá dentro um santo”

Também as antigas homenagens que se faziam à Natureza, foram substituídas pelas populares e folclóricas festas joaninas. Por isto e contrariamente ao que muita gente pensa, o S. João nunca foi uma festa católica, continua a ser entendida como uma celebração pagã, ligada ao culto da fecundidade.


CELEBRAÇÕES

– Quando começaram?

A mais antiga referência conhecida, é numa crónica de Fernão Lopes, do século XIV, do tempo do reinado de D. Fernando. “O cronista chegou ao Porto no dia em que estava a festejar-se determinado acontecimento com um entusiasmo desabrido”. Era o São João.

DIA DE S. JOÃO, DIA DE TOMADA DE DECISÕES

Maior importância do que a festa era o facto, desde tempos muito antigos, a importância dada a este dia para tomada de decisões. Nas vésperas do dia do santo (que não é o padroeiro da cidade, mas sim a Srª da Vandoma), a Câmara reunia excepcionalmente para tomar as resoluções mais importantes para a cidade do Porto, convidando os cidadãos a participarem na reunião.

Exemplos de inaugurações na cidade do Porto, nas vésperas ou no dia de S. João?

O Hospital de São João (1959), o mesmo acontecendo com o Mercado do Bom Sucesso, a Ponte da Arrábida e o actual edifício dos Paços do Concelho, etc..


SARDINHAS ASSADAS

É uma moda importada de Lisboa. Este costume começou a aparecer no Porto na década de 1940, com a realização da primeira Feira Popular, no Palácio de Cristal.

Até aí, a tradição da véspera de São João era outra. Numa cidade burguesa era hábito comer torradas à meia-noite e beber café com leite. No dia seguinte, ia à mesa o anho assado com batatas, em assadeira de barro.


MARCHAS POPULARES

O Porto e arredores nunca tiveram desfile de marchas populares. As marchas são uma invenção do Estado Novo que contaminaram o País… Porto incluído. Lisboa e o Porto tinham, as rusgas, “grupos do povo com tocatas que se deslocavam aos lugares de festa”. Na cidade do Porto, deslocavam-se até às Fontainhas.


FESTA RELIGIOSA OU PAGÃ?

O S. João é uma festa pagã, sem qualquer dúvida. Também para o historiador Hélder Pacheco, trata-se mesmo da “maior festa pagã”. Os velhos rituais pagãos, sobreviveram todos: as fogueiras, os banhos, as orvalhadas, as plantas, o ver o nascer do sol no próprio dia, etc..

Partilha de dados. Quem faz parte do polémico gabinete de Fernando Medina.

Inclui três motoristas, uma assessora que ganha €4.615, mas não tem funções definidas, e um assessor que aparece na Operação Marquês a receber €3.500/mensais de Sócrates.

Quando, em Fevereiro de 2020, Fernando Medina foi à Junta de Freguesia de Benfica (PS) buscar a sua presidente, muito se falou da transferência. Inês Drummond, na altura com 45 anos e uma carreira anterior como assistente de bordo na TAP*, ia no terceiro mandato na junta (não poderia, por isso, recandidatar-se) e foi para a CML ganhar €4.615 por mês (€3.752,50 mais IVA) para uma função que nunca foi explicada.

Segundo consta no seu contracto, Drummond foi exercer uma função cuja discrição não diz nada em concreto: "Prestação de serviços de assessoria no âmbito da definição, desenho, implementação e avaliação de políticas públicas, incluindo o acompanhamento de reuniões do executivo, por forma a assegurar o apoio à actividade e suprir as necessidades técnicas verificadas, bem como implementar e suportar a necessária articulação da actividade autárquica desenvolvida."

Inês Drummond faz parte do Gabinete de Apoio à Presidência (GAP), ou Gabinete de Apoio Pessoal (como por vezes aparece designado no Boletim Municipal), que Fernando Medina anunciou esta semana que iria extinguir depois da polémica com o caso da partilha de dados de promotores de manifestações com embaixadas.

O GAP é uma estrutura informal, no sentido em que não faz parte da estrutura orgânica da CML, que trata a informação política, financeira e estratégica mais sensível da CML. Em seu lugar será criado uma "Divisão de Expediente". O GAP, segundo definido no início deste mandato (ver boletim municipal) teria "sete assessores e duas pessoas para apoio administrativo" com um limite remuneratório bruto anual nos €45.000 (€3.214/mês brutos). Inês Drummond, por exemplo, ganha €3.752,50… líquidos E o número de assessores é muito maior.

A única vítima já anunciada por Medina dentro deste GAP é António Santos, responsável pelas manifestações, ou seja, rececionar as informações prestadas pelos promotores e remetê-las às autoridades competentes. Foi exonerado de funções por Fernando Medina (ou tal foi anunciado) por alegadamente ter desrespeitado um despacho de António Costa (na altura presidente da câmara) que indicava que só a PSP e o MAI deveriam ter conhecimento dessas manifestações e dos seus promotores.

No entanto, pelo menos desde 2019 que no GAP se sabia que isso não estava a acontecer, a ver pela resposta que Luísa Botinas, assessora de imprensa de Medina, deu ao Comité de Solidariedade com a Palestina, que detetara o mesmo problema nessa altura e pedira esclarecimentos à CML: "Sempre que um país é visado pelo tema de uma manifestação, a sua representação diplomática no nosso país é informada." No caso, a embaixada de Israel foi informada da manifestação e dos seus promotores. Nesse email, Luísa Botinas diz que o mesmo tinha sido feita com a China e a Venezuela, em manifestações de protesto semelhantes.

Estes três elementos já referidos (Inês Drummond, Luísa Botinas e António Santos) juntam-se a uma equipa muito próxima de Medina que terá cerca de 25 pessoas (é difícil determinar porque a sua composição não é pública nem divulgada), incluindo aqui o seu fotógrafo (Luís Filipe Catarino) e duas secretárias (Adriana Constantino e Paula Taborda). O chefe de gabinete tem também uma secretária (Beatriz Marques). O presidente (segundo se lê aqui) tem dois motoristas e o chefe de gabinete tem um.

O gabinete de Medina tem ainda uma assessora jurídica com uma longa carreira na câmara, Susana Raquel Marcelo de Matos Tamagnini, e igualmente um assessor jurídico com largo currículo no setor público: Carlos Alberto Fernandes Pinto.

E estes são ainda outros elementos do gabinete pessoal de Fernando Medina.

Inês Drummond, um dos braços direitos de Medina, veio 'transferida' da Junta de Freguesia de Benfica. Ganha €4.615/mês para uma função que nunca foi explicada
Inês Drummond, um dos braços direitos de Medina, veio 'transferida' da Junta de Freguesia de Benfica. Ganha €4.615/mês para uma função que nunca foi explicada. Foto: DR
António Mega Peixoto, assessor. Na Operação Marquês, o MP diz que Mega Peixoto recebeu, durante dez anos, €3.550 mensais de José Sócrates, dinheiro destinado ao seu pai (António Peixoto), que, entre 2005 e 2015, foi autor, sob o pseudónimo Miguel Abrantes, do blogue Câmara Corporativa, onde elogiava Sócrates e atacava os seus inimigos
António Mega Peixoto, assessor. Na Operação Marquês, o MP diz que Mega Peixoto recebeu, durante dez anos, €3.550 mensais de José Sócrates, dinheiro destinado ao seu pai (António Peixoto), que, entre 2005 e 2015, foi autor, sob o pseudónimo Miguel Abrantes, do blogue Câmara Corporativa, onde elogiava Sócrates e atacava os seus inimigos. Foto: DR
Bruno Adrego Maia, É o chefe de gabinete de Medina. Foi substituir Fátima Madureira, que passou para presidente da Agência da Modernização Administrativa. Fátima Madeureira esteve no cargo de 2017 a 2020. Bruno Adrego Maia chegou do IRN, onde era vogal do Conselho Diretivo. Já tinha sido Adjunto no Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e assessor  de António Costa na CML.
Bruno Adrego Maia, É o chefe de gabinete de Medina. Foi substituir Fátima Madureira, que passou para presidente da Agência da Modernização Administrativa. Fátima Madeureira esteve no cargo de 2017 a 2020. Bruno Adrego Maia chegou do IRN, onde era vogal do Conselho Diretivo. Já tinha sido Adjunto no Gabinete do Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e assessor de António Costa na CML.Foto: DR
Eduardo Vaz de Magalhães. Apresenta-se no Linkedin como Coordenador de Equipa Multidisciplinar da CML desde 2014. 'Parte essencial na equipa executiva e gestão para a implementação da estratégia definida para as áreas das políticas públicas, nomeadamente no âmbito da gestão de espaço público. Sou responsável pela implementação das medidas projetadas para a atividade económica em Lisboa.'
Eduardo Vaz de Magalhães. Apresenta-se no Linkedin como Coordenador de Equipa Multidisciplinar da CML desde 2014. 'Parte essencial na equipa executiva e gestão para a implementação da estratégia definida para as áreas das políticas públicas, nomeadamente no âmbito da gestão de espaço público. Sou responsável pela implementação das medidas projetadas para a atividade económica em Lisboa.' Foto: DR
Hélio Anjos. No seu Linkedin, diz que é empresário 'business angel' ('Looking for great entrepreneurs', diz, em inglês), ao mesmo tempo que está na CML como 'Senior Advisor' do presidente.
Hélio Anjos. No seu Linkedin, diz que é empresário 'business angel' ('Looking for great entrepreneurs', diz, em inglês), ao mesmo tempo que está na CML como 'Senior Advisor' do presidente. Foto: DR
João Artur Peral. Segundo o seu Linkedin, é 'Senior Advisor' do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa desde julho de 2015. Está também na EMEL, onde é diretor de relações públicas.
João Artur Peral. Segundo o seu Linkedin, é 'Senior Advisor' do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa desde julho de 2015. Está também na EMEL, onde é diretor de relações públicas.Foto: DR
Luísa Botinas. Assessora de Fernando Medina. É ela que escreve o famoso email de 2019 onde assume que a CML remete dados de promotores de manifestações a embaixadas e que tal prática é habitual
Luísa Botinas. Assessora de Fernando Medina. É ela que escreve o famoso email de 2019 onde assume que a CML remete dados de promotores de manifestações a embaixadas e que tal prática é habitual.Foto: DR
António Santos. Não tem foto na sua página profissional do Linkedin. É Coordenador Técnico na Câmara Municipal de Lisboa e era ele que recebia os emails dos promotores de manifestações. Dentro do GAP, é o bode expiatório de Fernando Medina.
António Santos. Não tem foto na sua página profissional do Linkedin. É Coordenador Técnico na Câmara Municipal de Lisboa e era ele que recebia os emails dos promotores de manifestações. Dentro do GAP, é o bode expiatório de Fernando Medina. Foto: DR
Pedro Galego. Mais um assessor direto de Fernando Medina. Segundo o seu Linkedin, desde 2014 que é 'Senior Adviser' do presidente nas áreas económicas, financeiras e fiscais
Pedro Galego. Mais um assessor direto de Fernando Medina. Segundo o seu Linkedin, desde 2014 que é 'Senior Adviser' do presidente nas áreas económicas, financeiras e fiscais.Foto: DR
Pedro Saraiva. Outro assessor no gabinete de Fernando Medina, cargo que ocupa desde 2016. Veio da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica (PS)
Pedro Saraiva. Outro assessor no gabinete de Fernando Medina, cargo que ocupa desde 2016. Veio da Junta de Freguesia de São Domingos de Benfica (PS).Foto: DR
Carla Matos. É adjunta do Gabinete do Presidente na Câmara Municipal de Lisboa. Subiu de estatuto em 2015, uma vez que tem um currículo de secretária (incluindo no gabinete de António Guterres), incluindo neste mesmo GAP, bem como no Gabinete do Ministro da Administração Interna
Carla Matos. É adjunta do Gabinete do Presidente na Câmara Municipal de Lisboa. Subiu de estatuto em 2015, uma vez que tem um currículo de secretária (incluindo no gabinete de António Guterres), incluindo neste mesmo GAP, bem como no Gabinete do Ministro da Administração Interna.Foto: DR
Pedro Sales. Era assessor de imprensa do Bloco de Esquerda. Em 2015 passou para o mesmo cargo, mas do presidente da CML.
Pedro Sales. Era assessor de imprensa do Bloco de Esquerda. Em 2015 passou para o mesmo cargo, mas do presidente da CML.
Carlos Manuel Castro. Até há pouco tempo era o vereador da Proteção Civil. Caiu no início do ano após notícia da SÁBADO sobre vacinação indevida.
Carlos Manuel Castro. Até há pouco tempo era o vereador da Proteção Civil. Caiu no início do ano após notícia da SÁBADO sobre vacinação indevida. Foto: DR

Em reação à polémica, Fernando Medina anunciou uma pequena auditoria interna e apresentou o relatório alguns dias depois, com as seguintes conclusões: entre 2012 e 2021, foram comunicadas à CML 7.045 manifestações, sendo que 122 foram remetidas a embaixadas antes da entrada em vigor do Regime Geral de Proteção de Dados (maio de 2018) e 58 depois. Medina diz que tudo foi feito sem dolo, sem consciência e sem perceção.
A CML não disponibilizou o relatório, portanto, não se sabe que tipo de dados foram partilhados com embaixadas a propósito destas 180 manifestações (122+58). O presidente da câmara adianta que alegadamente nem a autarquia tem ainda esses dados, por falta de tempo de os apurar, e que os mesmos serão mais tarde divulgados. Mas não disse quando.
Em entrevista à RTP, Fernando Medina disse que soube de tudo pela comunicação social e que em abril de 2021 não foi informado por ninguém no seu GAP dos protestos dos promotores da manifestação anti-Putin, que na altura reclamaram à CML do procedimento da autarquia de remeter dados pessoais dos promotores para a embaixada da Rússia.
A segunda vítima anunciada por Fernando Medina neste caso é Luís Feliciano: "Propor ao Executivo da Câmara Municipal de Lisboa a exoneração do Encarregado de Proteção de Dados e Coordenador da Unidade de Projeto para a Implementação do Regulamento para a Proteção de Dados", disse na apresentação do relatório da auditoria interna.
Medina vai ter problemas nessa tarefa. Segundo informa o Expresso, a oposição na câmara não vai assinar de cruz a saída de Luís Feliciano, muito menos a Associação dos Profissionais de Proteção e de Segurança de Dados, que veio dizer hoje que a exoneração é ilegal.

https://www.sabado.pt


* Para quem não sabe o que é “assistente de bordo na TAP”; eufemisticamente  é o equivalente a empregado de mesa de restaurante ou café, apenas que num avião.

Fundamentos da Cortesia, Etiqueta & Protocolo.

O conceito de etiqueta, do francês étiquette, surge associada aos hábitos e costumes da corte francesa, mais precisamente na corte de Luís XIV


CORTESIA

Cortesia, etiqueta e protocolo são conceitos que já atravessam gerações e gerações. O conceito de cortesia deriva da palavra court, que significa corte e estava relacionada com o conjunto de qualidades e hábitos sobre o modo de viver da aristocracia. A cortesia vem das cortes medievais, do tempo em que os comportamentos na corte eram o exemplo e a escola para as classes que estavam próximas e que não acediam a isso.


ETIQUETA

O conceito de etiqueta, do francês étiquette, surge associada aos hábitos e costumes da corte francesa, mais precisamente na corte de Luís XIV. Originalmente eram entregues etiquetas de pequenas dimensões, a quem frequentava a corte, em que estavam inscritas as normas a serem cumpridas pelas pessoas, relativas aos sítios onde deviam estar para assistirem aos vários eventos do rei.

Considerados conceitos homónimos, historicamente a cortesia e a etiqueta têm raízes e contextos cronológicos

diferentes e de outros contornos. Por exemplo, nos tempos da Idade Média, os homens eram cavalheiros e eram provenientes das cortes da cavalaria.


PROTOCOLO

A origem e evolução histórica do conceito de protocolo remonta há muitos séculos. Tudo começou no Egipto, Grécia, Roma, China, Europa e, inclusive, na era da Revolução Industrial, onde começava a ser respeitada e cumprida uma hierarquia.

No Egipto, eram vários os rituais e protocolos, nomeadamente presentes em datas especiais, como o nascimento, a morte, guerras, coroações, passando ainda pela época do plantio e da colheita, que faziam todas parte da vida dos faraós e da corte.

Da mesma forma, os gregos e romanos vincaram e deixaram os seus próprios costumes, hábitos como forma de legados, que eram regidos por normas protocolares que vigoravam à época, com forma de convivência entre ambos da melhor maneira possível.

Já o protocolo é bem diferente da cortesia e etiqueta.

O protocolo designa um rígido conjunto de regras aplicadas nas relações diplomáticas em diversos actos.

O protocolo é um poderoso instrumento que regula e prioriza as hierarquias ocupadas.

Oscar Wilde, o expoente da literatura inglesa, dizia que «estar dentro da alta sociedade é apenas um aborrecimento, mas estar fora dela é uma verdadeira tragédia».

Torna-se fundamental perceber a origem e evolução histórica, cultural e social da cortesia, etiqueta e protocolo que, desde sempre, ocuparam um lugar privilegiado na sociedade.

VASCO RIBEIRO

terça-feira, 22 de junho de 2021

O COMENTADOR DO REGIME. PEDRO ADÃO E SILVA. Perdão, Pedro Cardoso Pereira!

O COMENTADOR DO REGIME. PEDRO ADÃO E SILVA. TROCA APELIDO DO PAI PELO DO AVÔ MATERNO E GRÃO-MESTRE DO GRANDE ORIENTE LUSITANO.


E O COMENTADOR DO REGIME É… PEDRO CARDOSO PEREIRA!


Pedro Adão e Silva usa o apelido materno em vez do paterno. O seu avô foi um reconhecido maçon republicano que deixou bem carimbado o apelido ‘Adão e Silva’. Pedro surfa a onda.


Cardoso Pereira são os apelidos do comentador político e desportivo, na televisão, na rádio e nos jornais, indicado por António Costa para comissário executivo das comemorações do 50º aniversário da revolução do 25 de Abril. Mas ninguém o conhece pelos apelidos herdados do pai, porque Pedro optou por se fazer conhecer publicamente pelos de sua mãe, Adão e Silva, cujo pai foi um influente republicano e maçon, grão-mestre do Grande Oriente Lusitano.

O casamento entre a família Adão e Silva e o poder não é coisa deste século. O avô materno de Pedro – Armando Adão e Silva – foi figura proeminente no combate ao salazarismo e um destacado membros das elites burguesas de esquerda da segunda metade do século XX.

Já Pedro Adão e Silva, pertencente à mesma elite, é um conhecido comentador da nossa praça. Associado à defesa intransigente do PS, tem plataforma pública nacional há vários anos em sítios como o RTP, TSF, Expresso, Sport TV e Record.

É possível que o seu apelido lhe tenha facilitado a vida. A verdade é que, devido à importância que o seu avô teve nos meios revolucionários, carregar o apelido Adão e Silva em círculos de esquerda é bastante diferente do que, por exemplo, carregar o apelido Cardoso Pereira, do pai. Para a esquerda portuguesa, ‘Adão e Silva’ significa status, como reconhece ao Nascer do SOL um histórico militante socialista e maçon.


Grão-mestre, do PS à AD

Armando Adão e Silva não foi apenas um destacado antissalazarista.

Foi, sobretudo, um proeminente maçon. Nasce em Lisboa em 1909 e em 1931 forma-se em Direito pela Universidade de Lisboa.

Passados quatro anos é iniciado na maçonaria pela Loja da Liberdade nº 197, com o nome Mestre de Avis, mantendo-se na clandestinidade até 1974. Em 1968, juntamente com Luís Dias Amado, forma os Pentágonos – células paramaçónicas cujo objectivo era o de difundir o espírito da maçonaria junto da juventude. Após o 25 de Abril teve um papel importante na reorganização

do Grande Oriente Lusitano, tendo sido também importante no processo de devolução do Palácio Maçónico (conquistando-o ao PPD, que quase logrou ter ali a sua sede). Em 1981 viria a suceder a Dias Amado como grão-mestre do Grande Oriente Lusitano, cargo em que se manterá até 1984.


Também comemorou um centenário: o da República

Em 1943, Armando Adão e Silva e um conjunto de intelectuais de esquerda fundam a União Democrato- Socialista, núcleo antifascista que mais tarde viria a fundir-se com o Núcleo de Doutrinação e Acção Socialista e formar a União Socialista.

Ainda nesse século, foi uma das principais vozes a favor da entrada de Portugal na NATO.

Em 1959 é preso – uma situação que, dois anos mais tarde e devido a ter sido um dos 62 signatários do ‘Programa para a Democratização da República’, voltaria a repetir-se.

A sua calcorreada republicana acabaria por juntá-lo a um grupo de influentes opositores do regime, composto por advogados, médicos, maçons e republicanos, onde constavam figuras como Mário Soares, Nuno Rodrigues dos Santos, Mayer Garção, Mário de Azevedo Gomes, Joaquim Bastos, Carlos Pereira, Piteira Santos, Armando Castanheira

ou Acácio Gouveia. E é com este grupo que, em 1960, viria a assinalar o cinquentenário da República, através de um almoço comemorativo que decorreu no restaurante Colombo, como exposto numa das fotografias que acompanha este texto (Adão e Silva é o segundo em pé da esquerda para a direita). O mesmo «grupo de republicanos» deslocar-se-ia ainda aos Jerónimos para depositar «ramos de flores nos túmulos de Teófilo Braga, Herculano, Garrett e Junqueiro », tal como o Diário de Lisboa noticia a 4 de Outubro de 1960.

Dá-se, portanto, a coincidência de, em 1960, Armando Adão e Silva ter integrou as comemorações do cinquentenário da República e Pedro Adão e Silva, em 2024, ser o comissário oficial das comemorações do cinquentenário do 25 de Abril.

Armando Adão e Silva, em 1976, integrou, com Adelino Palma Carlos, o extinto Partido Social Democrata Português (a razão para a confusão entre os nomes PPD/PSD), de onde sairia diretamente para o Partido Socialista.

Contudo, a sua passagem pelo PS foi sol de pouca dura: em 1978 sai e, juntamente com António Barreto, Medeiros Ferreira, Francisco Sousa Tavares e outros, integra o ‘Grupo dos Reformadores’ – grupo que juntar-se-ia à Aliança Democrática nas eleições intercalares de 1979, acabando por eleger Armando Adão e Silva como deputado por Aveiro.

De notar ainda que Armando Adão e Silva foi Presidente da Associação de Futebol de Lisboa e membro do Conselho Jurisdicional do Sport Lisboa e Benfica. Um ‘benfiquismo’ que Pedro Adão e Silva perfilha, tendo sido candidato a vice-presidente do clube pela lista de Noronha Lopes em 2020.

Após receber a Comenda da Ordem da Liberdade em 1980 e ser agraciado como Grande-Oficial da Ordem de Mérito em 1989, viria a morrer, em Lisboa, em 1993.


O menino de ouro de Ferro

E Pedro Adão e Silva? Quem é e como se tornou alguém tão acarinhado dentro do PS? Um histórico socialista explicou-nos qual foi o seu percurso no partido, garantindo-nos que «todos têm pena» de que ele se tenha ido embora tão novo. Explicou-nos, por exemplo, que a ala que o apadrinhara politicamente foi a ala divergente da de Mário Soares, camarada do avô Adão e Silva. Trata-se da ala do «sótão do Guterres»: composta pelo próprio, Ferro Rodrigues, Jorge Sampaio e Vitor Constâncio, que «em nada tem a ver com a ala maçónica republicana do Armando» e que conspirou contra Soares até 1985, tomando conta do partido após a sua saída.

Explica a mesma fonte que Pedro Adão e Silva «tem umas ascensão meteórica mais por causa de Ferro Rodrigues» do que pelo nome de família: «Quando Ferro chega a secretário-geral do PS vai buscar dois jovens que vêm do ‘grupo do ISCTE’: Adão e Silva e Paulo Pedroso». Adão e Silva era apontado como o mais «equilibrado e ponderado», começando, por isso, a «brilhar» no partido. Contudo, quando Sampaio decide não antecipar eleições e Ferro se demite,

Adão e Silva «desilude-se, sai do PS e desiste da política».

Mas a mesma fonte acredita que esta sua nomeação, por escolha direta de António Costa, vai de encontro à ideia de Adão e Silva estar próximo do poder e, contudo, nunca o representar. E considera a defesa «acérrima» e «com erros» de Marcelo «estranha», ironizando que isso talvez seja um sinal de uma aproximação ao PSD – fazendo, então, assim o mesmo percurso político de seu avô.


Henrique Pinto de Mesquita

henrique.mesquita@nascerdosol.pt

Carpe Diam

Dum loquimur, fugerit invida Aetas: carpe diem, quam minimum credula postero.


Enquanto falamos, o tempo da inveja passou; Aproveite o dia, confie o menos possível no próximo.


poeta romano Horácio (65 a.C.-8 a.C.)

E se Eduardo Cabrita fosse ministro da saúde?

Sem contar o seu tempo de governação, nos governos de José Sócrates, Eduardo Cabrita já é ministro desde Outubro de 2017. Casos de mortes sob a SUA responsabilidade!

  1. Cinquenta pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas na sequência dos incêndios de Outubro de 2017 na região Centro, que também destruíram total ou parcialmente cerca de 1500 casas e mais de 500 empresas. Das 50 vítimas mortais, 25 ocorreram no distrito de Coimbra (13 das quais no concelho de Oliveira do Hospital e as restantes 12 nos municípios de Arganil, Pampilhosa da Serra, Penacova e Tábua) e 17 em Viseu (Carregal do Sal, Mortágua, Nelas, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão e Tondela). Os restantes óbitos foram registados na auto-estrada que liga Aveiro a Vilar Formoso (A25), nas zonas de Sever do Vouga (Aveiro) e de Pinhel (Guarda), e no concelho de Seia (Guarda). 14 de Junho de 2018,

  2. Ucraniano morto a 12 de Março de 2020 - Ihor Homeniuk - foi morto com extrema violência. PJ investiga três inspectores do SEF de homicídio qualificado e participação de mais inspectores do SEF, enfermeiros, médicos e seguranças. O SEF demorou mais de três horas a comunicar ao MP a morte do cidadão ucraniano nas suas instalações do aeroporto. E levou seis dias a informar a Inspecção-Geral da Administração Interna (???). 

  3. "O Ministério da Administração Interna informa que, hoje, no regresso de uma deslocação oficial a Portalegre, a viatura que transportava o Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, sofreu um acidente de viação, do qual resultou a morte, por atropelamento, de um cidadão na auto-estrada A6", pode ler-se num comunicado do MAI. A vítima foi atropelada por um veículo ligeiro de passageiros que transportava o ministro Eduardo Cabrita e que seguia de Portalegre em direcção a Lisboa. A viatura oficial ficou com alguns danos na parte fronteira. Não houve mais feridos. 18 Junho 2021

  4. Balanço – conhecido ou - pelo menos oficializado, faz com que este Sr. já seja responsável pela morte de 52 cidadãos!

  5. Justiça para estas pessoas falecidas não existe, pois a noção da responsabilidade é vocábulo desconhecido, neste governo.

Estatísticas dos jogadores da Euro 2020, do Analista.

Jogadores de campo

Estatísticas dos Jogadores do euro 2020 | O Analista (theanalyst.com)

 


 

Estatísticas dos jogadores da Euro 2020, do Analista. 2

Guarda-Redes

Estatísticas do Jogadores euro 2020 | O Analista (theanalyst.com)