Porque é que chamam “regras” aos devaneios arrancados da cabecinha do dr. Costa? Porque é que os especialistas continuam a ser designados como tal após falharem mais previsões do que Mestre Zandinga?
13 Fev. 2021, 00:09
Porque é que não se pode comprar um par de calças mas pode comprar-se uma dúzia de raspadinhas?
Porque é que se pode comprar uma saboneteira mas não se pode comprar a toalha para secar as mãos a seguir?
Porque é que não se pode comprar livros a menos que seja online e mesmo que levantados na hora?
Porque é que o vírus se aloja entusiasticamente nas garrafas e nas latas do “take away”?
Porque é que não se contrai o vírus em supermercados, transportes públicos e pândegas ligadas à propaganda?
Porque é que se reduz os horários dos estabelecimentos abertos e se estimula o convívio festivo das pessoas junto ao balcão do talho ou à prateleira dos telemóveis?
Porque é que se fecham as pessoas em casa quando é sabido que o vírus é muito menos perigoso ao ar livre?
Porque é que as pessoas que trabalham estão sujeitas a regras estritas e os políticos cirandam livremente por aí?
Porque é que tantos cidadãos respeitadores das “regras” da máscara, do distanciamento e do confinamento apanham Covid?
Porque é que chamam “regras” aos devaneios arrancados da cabecinha do dr. Costa?
Porque é que as pessoas que se protegem e nunca, nunca, nunca saem de casa têm conhecimento dos prevaricadores que se expõem irresponsavelmente?
Porque é que não se conhece um único bufo de “festinhas ilegais” que tenha sido enfiado em alcatrão e coberto com penas?
Porque é que os portugueses acreditam que a máscara os protege da Covid quando toda a gente sabe que serve apenas para proteger os outros?
Porque é que os especialistas chamados às televisões ou às reuniões do Infarmed parecem exclusivamente especializados em repetir a propaganda do governo?
Porque é que os especialistas continuam a ser designados como tal após falharem mais previsões do que Mestre Zandinga?
Porque é que os benefícios do confinamento não coincidem com o início do confinamento e sim com o final da vaga de frio?
Porque é que a estirpe sul-africana é tão perigosa e a África do Sul é um dos países onde o número de casos de Covid está a descer com mais rapidez?
Porque é que Portugal é o único país do mundo que festeja o Natal e acolhe a “estirpe britânica”?
Porque é que se pode dizer “estirpe britânica” e não se pode falar no “vírus chinês”?
Porque é que pressinto que estirpes sortidas e exóticas justificarão indefinidamente confinamentos sortidos e exóticos?
Porque é que o governo não aceita a ajuda das centenas de médicos que se voluntariaram para combater a Covid e as doenças que não são Covid?
Porque é que o governo aceita que dezenas de polícias regressem voluntariamente da reforma para vigiar e punir os cidadãos?
Porque é que se insiste em dizer que é fundamental salvar o SNS em vez de lembrar que, se não fosse maçada, o SNS é que nos deveria salvar a nós?
Porque é que se fala em evitar o colapso de um sistema que colapsou a tempo de deixar morrer milhares de pessoas por doenças “tradicionais”?
Porque é que a morte evitável de milhares de doentes ditos “não-Covid” não suscita tumultos ou no mínimo acusações criminais aos responsáveis?
Porque é que falar nos mortos “com” ou “de” Covid é respeitar a ciência e falar nos mortos com cancro ou com o que calha é ser negacionista?
Porque é que há mais vacinas a serem dadas nas imagens de arquivo dos telejornais do que na realidade?
Porque é que nem sequer os médicos e os enfermeiros acabaram de ser vacinados?
Porque é que o “planeamento” da vacinação não incluiu a compra de seringas, agulhas e coordenadores adequados?
Porque é que se continua a falar num plano de vacinação que nunca existiu excepto para servir caciques secundários do PS?
Porque é que os autarcas e similares que andam a subtrair vacinas se mantêm nos cargos e não na cadeia?
Porque é que, sem vestígio de piedade, se largou os velhos nos lares à morte com escala numa solidão imensa?
Porque é que agora não se pode comparar a Suécia com Portugal, quando na chamada primeira vaga não se fazia outra coisa?
Porque é que o vírus sobe e desce imperturbável nos países com e sem confinamento?
Porque é que reparar nos bons exemplos se tornou uma actividade semi-clandestina e subversiva?
Porque é que na falta de certezas, conhecimento e preparação, na dúvida a única reacção é enclausurar pessoas e abandoná-las à pobreza?
Porque é que é criminoso questionar a ladainha governamental sobre uma situação em que o governo somente exibiu incompetência?
Porque é que há gente a apoiar um governo que sem a Covid nos afundaria no médio prazo e com a Covid afunda-nos no curto?
Porque é que a crescente miséria de tantos portugueses é indiferente aos portugueses restantes?
Porque é que tantas pessoas exigem que se fique em casa e tão poucas se dizem dispostas a partilhar os salários com aqueles que querem trabalhar e não podem?
Porque é que a maioria das restrições em curso são especificamente destinadas a destruir a pequena e média iniciativa privada?
Porque é que o fisco é a única instituição neste anedótico Estado que funciona impecavelmente sob a pandemia?
Porque é que existe uma curiosa coincidência entre os negacionistas e aqueles que ousam discordar da vasta sapiência do dr. Costa?
Porque é que se continua a tolerar um governo que desde o início desta história ainda não fez outra coisa senão mentir?
Porque é que o espectacular caldo de mentiras e inépcia do dr. Costa e seus empregaditos não se traduz nas sondagens?
Porque é que Trump, Bolsonaro e Johnson (que mandavam comparativamente menos) eram genocidas e o dr. Costa (que manda em tudo e ergueu o país a recordes de mortos por número de habitantes) é um líder louvável?
Porque é que as televisões subsidiadas ainda convidam descrentes da propaganda só para os interromper a meio das declarações?
Porque é que se espera que um cidadão sem limitações mentais aceite que o seu país encerre as fronteiras aos próprios habitantes?
Porque é que o governo está mais preocupado com os autóctones que podiam sair e contagiar forasteiros do que com os forasteiros que entram e contagiam os autóctones?
Porque é que a Constituição da República desapareceu vai para um ano e ninguém lamenta o sumiço?
Porque é que se teima em eleger um presidente quando o presidente eleito é este?
Porque é que se tem a suspeita de que isto vai ficar tudo muito mal e a certeza de que nenhum dos principais responsáveis pagará o preço?
Porque é que milhões de pessoas caminham para a desgraça certa sem um protesto que se veja?
Porque é que os portugueses abominam a liberdade?
Porque é que tantos portugueses são tão portugueses?
Alberto Gonçalves no Observador
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