terça-feira, 12 de março de 2024

A H I S T Ó R I A D A S L Í N G U A S EGÍPCIAS

 Por: António Franco Preto

 

O    E G I P T O

  

 

 

 

E    A S    S U A S    LÍNGUAS

 

 

A HISTÓRIA DAS LÍNGUAS EGÍPCIAS


AS LÍNGUAS E OS SEUS SISTEMAS DE ESCRITA[1]


ESCLARECIMENTO INICIAL


O objectivo deste artigo é fundamentalmente descrever e analisar alguns aspectos básicos do sistema de escrita da língua Egípcia utilizando hieróglifos, tanto no seu aspecto textual como numérico (entenda-se, matemático). Logicamente – e para assegurar ao leitor uma compreensão mais abrangente dos aspectos que serão incluídos no artigo – serão abordadas áreas relacionadas com eles sempre que for entendido que se torna vantajoso / necessário assegurar o conhecimento do contexto em causa.

 

Antes de iniciar esta descrição permito-me elucidar os leitores sobre as razões que me levaram a escrever este artigo. Essas razões são absolutamente as mesmas que me levaram a pesquisar em profundidade o tema da nossa História ‘Os Doze de Inglaterra’; não me sentindo minimamente satisfeito com os meus mais que limitados conhecimentos (para não dizer, nulos) sobre os hieróglifos Egípcios, resolvi despender o tempo necessário para os adquirir, até atingir um nível básico que me permitisse ficar minimamente satisfeito comigo próprio e capaz de prosseguir e aprofundar esse estudo, se alguma vez aparecesse algum motivo extra que a isso me levasse.

 

Tal como fiz num passado recente relativamente ao tema ‘Os Doze de Inglaterra’ tomei igualmente a decisão de partilhar com os leitores o que considero ser o mais relevante dos conhecimentos já adquiridos (limitando o detalhe das descrições de modo a não produzir um artigo demasiado longo, extenso e maçador). Espero sinceramente atingir os meus objectivos e desde já me coloco à vossa disposição para o que considerarem conveniente, através do endereço afpreto1@netcabo.pt.

 

As informações que vão ser incluídas foram obtidas através da leitura de variadíssimos artigos existentes na ‘internet’ e em 3 livros específicos (editados pelas Universidades de Berkeley-Califórnia, Oxford e Cambridge) que adquiri para o efeito e que estudei durante alguns meses.

 

 

 

UMA  LÍNGUA  E  O/S  SEU/S  SISTEMA/S  DE  ESCRITA

 

 

Por volta do ano 3000 A.C.[2] o Egipto transformou-se numa nação única. Foi o desenvolvimento da agricultura, que decorreu nesse período, que levou por sua vez, à necessidade de se saber a altura da estação das enchentes do Nilo, e consequentemente à elaboração de um calendário. O estudo da astronomia deu resposta a esta necessidade.  
Por outro lado, a administração do território, fez surgir a necessidade de registar e de calcular para se proceder, por exemplo, à cobrança de taxas. Assim, por volta do ano 3000 A.C. os Egípcios tinham já desenvolvido um sistema de escrita (que incluía o cálculo matemático), os hieróglifos. São também deste período as primeiras pirâmides.

Hieróglifo é um termo que junta duas palavras gregas: hierós "sagrado", e glyphós "escrita". Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos e os escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais "sagrados", que aliás eram de aprendizagem bastante difícil e morosa (mais de 80% da população não sabia ler).

O sistema de escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo, e era vocacionada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos e em cerâmica.

Os hieróglifos foram (aproximadamente) usados durante um período de 3400 anos como o sistema de escrita da língua do povo Egípcio, existindo inscrições desde antes de 3000 A.C. até 24 de Agosto de 394 D.C.[3], data aparente da mais recente inscrição hieroglífica, descoberta numa pedra na Ilha de Philae[4].

Constituíam pois uma escrita monumental e com um carácter principalmente religioso, existindo pouca evidência de outras utilizações. Durante os mais de 3 milénios em que foram usados, os egípcios inventaram cerca de 6900 símbolos / sinais. Um texto escrito nas épocas dinásticas não continha mais do que uns 700 sinais, mas no final desta civilização já eram usados milhares de hieróglifos, o que complicava muito a leitura, sendo esse mais um dos factores que tornavam impraticável o seu uso e impulsionaram o seu progressivo desaparecimento.

A necessidade de facilitar uma anotação mais rápida e menos dispendiosa provocou o nascimento de um outro sistema de escrita, ainda do tipo hieroglífico mas mais simplificado, o Hierático, usado quase exclusivamente pelos sacerdotes; era uma variante de execução menos morosa, que se podia pintar em pergaminhos feitos com papiro[5] ou placas de barro, o que tornava as mensagens pretendidas muito mais fáceis de enviar e/ou transportar; esta designação é proveniente do grego hieratikos – sacerdote e é uma qualidade relativa às coisas sacerdotais, sagradas ou religiosas.

  • Na arte, diz-se hierático o estilo que se condiciona aos parâmetros religiosos do tema, sempre com acentuada majestade e rigidez.
  • Na literatura, uma escrita diz-se hierática quando é de difícil compreensão (por ser destinada ao leitor iniciado ou à classe sacerdotal).

Os exemplos mais antigos deste sistema de escrita são considerados como provenientes do ano 2.200 A.C. (coincidindo com a descoberta da tecnologia para produzir pergaminhos em papiro).

Muito mais tarde (a partir de 700 A. C.) com a necessidade crescente de produção de textos administrativos, jurídicos, científicos e comerciais e a influência grega crescente, surgiu um novo sistema de escrita, o Demótico.

Neste sistema de escrita (de escrita mais acessível por ser mais cursiva[6] e portanto muito mais popular), os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados, havendo mesmo a inclusão de alguns sinais e símbolos gregos.

 

Estes 3 sistemas de escrita da mesma língua falada (Hieroglífico, Hierático e Demótico) foram diminuindo de importância, acompanhando o desaparecimento progressivo da língua Egípcia a partir do século III D. C. (facto que foi principalmente impulsionado pela introdução no Egipto das línguas Grega e Romana, como consequência da conquista do Egipto por esses impérios).

 

A língua Copta começou a ser falada no Egipto com o aparecimento dos primeiros cristãos (por volta do século III D. C.) e representa a última fase das línguas do antigo Egipto. Em contraste com os 3 sistemas de escrita já referidos, a língua Copta era escrita com as letras do alfabeto Grego adicionadas com 7 ‘letras’ provenientes do sistema de escrita Demótico.

É mesmo assim uma língua com um sistema de escrita relativamente complexo e possuía 6 dialectos (4 no Alto Egipto e 2 no Baixo Egipto).

Os últimos textos em língua Copta datam do século XIV D. C.; esta língua foi progressivamente substituída pela língua Árabe, situação que se mantém actualmente.

 

 

 

A DECIFRAÇÃO DOS HIERÓGLIFOS

 

Introdução

 

Vamos então abordar – da maneira mais simplificada possível – todas as peripécias que dificultaram (ou possibilitaram) a decifração dos hieróglifos (não esquecendo de mencionar os seus heróis principais).

 

A partir do século XVIII da nossa era começaram a surgir na Europa objectos de arte Egípcios, oriundos principalmente de escavações realizadas em Mênfis, e encarados ainda como meras curiosidades. Amuletos, pequenas estatuetas funerárias, fragmentos de manuscritos e sarcófagos de pedra, alguns carregados de longas inscrições hieroglíficas, foram, pouco a pouco, chamando a atenção dos eruditos para o sistema de escrita dos antigos Egípcios. Referências esparsas feitas por autores gregos e latinos sobre a natureza dos sinais empregados pelos Egípcios aumentavam ainda mais a curiosidade a respeito do assunto. A escrita dos obeliscos que haviam sido trazidos para Roma começou a ser estudada e assim surgiu um novo ramo da arqueologia o qual, entretanto, permaneceu totalmente estéril por muito tempo em virtude da falsa direcção que os já referidos eruditos imprimiram às suas pesquisas.

 

Essa falsa direcção era a regra estabelecida de que cada um dos  caracteres hieroglíficos representava uma ideia distinta, ou seja,   que a escrita hieroglífica era meramente ideográfica e não reproduzia —   de forma alguma — o som das letras / sílabas /  palavras da língua falada. Só uma descoberta absolutamente ocasional permitiu sair desse impasse e avançar com segurança para a decifração dos hieróglifos Egípcios.

 

 

A pedra de Roseta

 

(A figura representa uma ‘cópia’ – numa cor diferente da original – da pedra de Roseta)

 

                      A expedição militar e científica que o imperador Napoleão realizou ao Egipto nos finais do século XVIII trouxe para França, entre inúmeras antiguidades, uma pedra encontrada em Agosto de 1799 por soldados franceses que trabalhavam sob as ordens de um oficial de nome Pierre-François-Xavier Bouchard. A pedra foi encontrada quando os soldados escavavam trincheiras defensivas nas proximidades da cidade Egípcia de Roseta (Rachid, em língua Árabe) localizada no delta do rio Nilo, à beira do seu braço oeste, perto de Alexandria, junto ao mar, para servirem de protecção contra um desembarque ocorrido do        exército Otomano na vizinha cidade de Abukir (Abu Qir, em língua Árabe). Dois anos depois, pelo Tratado de Alexandria, o achado foi cedido aos Ingleses e hoje a pedra de Roseta encontra-se exposta no Museu Britânico, em Londres.

Tendo ficado conhecida como Pedra de Roseta, é uma pedra de grandes dimensões de granito (cinzento escuro com um tom de cor-de-rosa), de forma aproximadamente rectangular, medindo 112,3 cm de comprimento, 75,7 cm de largura e 28,4 cm de espessura e que numa das faces, bem polida, mostra três inscrições em três tipos de símbolos / caracteres diferentes (em parte gastos e apagados em virtude do contacto com a areia durante dois milénios). Na parte superior, destruída ou fracturada em grande parte, vê-se uma escrita hieroglífica com 14 linhas; o texto intermédio contém 22 linhas no sistema de escrita demótico; a terceira e última parte da pedra é ocupada por uma inscrição de 54 linhas em língua e caracteres Gregos. Os três textos reproduzem – cada um em seu sistema de escrita - o mesmo decreto do corpo sacerdotal do Egipto, reunido em Menfis (19 kms a Sul do Cairo), em 196 A.C., para conferir grandes honras ao faraó (rei) Ptolomeu V (205 a 180 a.C.), por benefícios recebidos.

O que estava escrito nesta famosa pedra de Roseta? Pelo que diz o texto, o faraó (rei) Ptolomeu V  havia concedido ao povo a isenção de uma série de impostos e o facto, evidentemente, agradara a todos. Em sinal de agradecimento, os sacerdotes resolveram erguer uma estátua de Ptolomeu V em cada templo e organizar festividades anuais em sua honra. Para deixar registada para sempre tal decisão, gravaram-na em várias pedras comemorativas e colocaram uma delas em cada templo importante da época.

Apesar da aparência insignificante da pedra, os estudiosos logo perceberam o seu valor pelo facto de apresentar textos Egípcios acompanhados por textos equivalentes em língua Grega, o que vinha, enfim, estabelecer pontos de partida e de comparação tão numerosos quanto incontestáveis. Por ordem de Napoleão Bonaparte a pedra foi reproduzida e litografada e várias cópias enviadas a diversos especialistas em línguas mortas. Foram mesmo assim necessários 25 anos (desde a data da sua descoberta) até à sua decifração integral, em 1824.

À decifração do sistema de escrita hieroglífico ficaram para sempre ligados dois nomes: o cientista Inglês Thomas Young e o linguista Francês Jean-François Champollion.

Por considerarmos de importância transmitir aos leitores os dados que lhes permitam definir a contribuição que – no entender de cada um -  estas duas personalidades deram para a decifração dos hieróglifos Egípcios, apresentamos em seguida uma biografia resumida de cada um deles.

 

 

Thomas Young (1773 – 1829)

 

É considerado por muitos como um exemplo raro do que se pode considerar ser um cientista global (se é que tal génio / prodígio existe…) tal o número de áreas diversas em que se notabilizou.

Os seus contemporâneos consideravam-no ‘the last person to know everything’

Formado em Medicina (Londres – Inglaterra) e em Física (Gottingen – Alemanha)  era uma das 8 personalidades estrangeiras distinguido com o título de Associado pela Academia Francesa das Ciências.

É referido e elogiado por Albert Einstein quando este escreveu em 1931, um prefácio para uma edição especial da obra de Isaac Newton sobre Óptica.

Exemplos dos sucessos científicos de Thomas Young:

  • Aos 14 anos de idade já dominava línguas tão diversas como Grego, Latim, Francês, Italiano, Hebreu, Samaritano, Siríaco, Persa, Turco, Caldeu e Amarico!
  • Anunciou em 1801 (após experimentação cientifica) a teoria ondulatória da luz.
  • Descreveu em detalhe a deficiência visual humana conhecida como astigmatismo.
  • Apresentou a hipótese de que a percepção humana da cor depende da presença na retina de 3 tipos diferentes de fibras nervosas que identificam. (respectivamente) a luz vermelha, verde e violeta.
    Esta teoria só foi provada experimentalmente em 1959!
  • Quantificou a rigidez de qualquer material sólido (definindo o módulo de elasticidade que é conhecido como o módulo de Young).
  • Publicou – em 1808 – ‘Functions of the Heart and Arteries’ que incluía um estudo sobre a dinâmica da circulação sanguínea.
  • Comparou o vocabulário e a gramática de 400 línguas diferentes!
  • Introduziu – em 1813 – o termo ‘Indo-European Languages’


  • Decifrouem 1814o texto demótico inscrito na pedra de Roseta (tendo aplicado no estudo comparativo que fez, métodos geralmente só utilizados nas ciências físicas e matemática)!
  • Escreveu um famoso artigo sob o título ‘Egypt’ para a edição de 1818 da ‘Encyclopaedia Britannica’.
  • Publicou – em 1823‘Account of the Recent Discoveries in Hieroglyphic Literature and Egyptian Antiquities.
  • Quando o linguista Francês Jean-François Champollion publicou a sua tradução do sistema de escrita hieroglífico (em 1824), Thomas Young elogiou o seu trabalho mas sublinhou que Champollion se tinha baseado nos seus vários artigos e requereu que tal facto fosse considerado. Champollion nunca aceitou partilhar o sucesso, mantendo a posição de que ele é que tinha decifrado os hieróglifos.

E assim ficou para a História…

 

Jean-François Champollion (1790 – 1832)

 

 

  • Extraordinário talento linguístico desde criança.
  • Aos 16 anos dominava uma dúzia de línguas.
  • Aos 20 anos as línguas que dominava incluíam o Latim, Grego, Hebreu, Amarico, Sânscrito, Árabe, Siríaco, Caldeu, Persa e Chinês!
  • Professor de História em Grenoble desde 1809 (!).
  • Torna pública - em 1824 -  a decifração completa dos hieróglifos Egípcios com a obra Précis du système hiéroglyphique des anciens Égyptiens’.
  • 1836, Grammaire égyptienne (posthume).
  • 1841, Dictionnaire égyptien en écriture hiéroglyphique (posthume).

 

 

A Decifração dos hieróglifos

Foi referido na Introdução que...…Essa falsa direcção era a regra estabelecida de que cada um dos  caracteres hieroglíficos representava uma ideia distinta, ou seja,   que a escrita hieroglífica era meramente ideográfica e não reproduzia —   de forma alguma — o som das letras / sílabas / palavras da língua falada…

Uma resposta correcta para a questão relativa à natureza elementar do sistema de escrita hieroglífico (os escribas grafavam[7] de forma ideográfica ou anotavam o som das letras / sílabas / palavras da língua falada?) era fundamental, para ser encontrado o caminho que poderia conduzir à decifração dos hieróglifos.

Os trabalhos de Champollion demonstraram, então, que a verdade se achava precisamente entre essas duas hipóteses extremas, ou seja, o sistema hieroglífico egípcio empregava, simultaneamente, símbolos ideográficos (representando ideias) e símbolos fonéticos (representando sons)[8]. Ele demonstrou, também, que os caracteres fonéticos, da mesma maneira que as letras do nosso alfabeto, longe de se limitarem apenas a exprimir os nomes próprios estrangeiros, formavam, ao contrário, a parte mais considerável dos textos hieroglíficos, hieráticos e demóticos egípcios e representavam, combinando-se entre si, todos os sons e as articulações das palavras próprias da língua falada egípcia.

 Tais pontos fundamentais foram expostos pelo decifrador dos hieróglifos pela primeira vez em 1824, na sua obra intitulada Précis du système hiéroglyphique des anciens Égyptiens’. Esses princípios foram aplicados a inumeráveis monumentos quando Champollion passou 16 meses por entre as ruínas do Alto e do Baixo Egipto e revelaram-se exactos e precisos. Ao aplicá-los, ele foi capaz de ler as porções fonéticas dos textos, que na realidade constituem três quartas partes (ou mais) de cada texto hieroglífico.

Disso me resultou a plena convicção — afirmou Champollion — de que a língua Egípcia antiga não difere em nada de essencial da língua vulgarmente chamada Copta; que as palavras egípcias escritas em caracteres hieroglíficos sobre os mais antigos monumentos de Tebas e em caracteres gregos nos livros coptas têm um valor idêntico e não diferem (na sua globalidade) a não ser pela ausência de bastantes vogais intermédias, omitidas segundo o método oriental, na ortografia primitiva.        
 Os caracteres ideográficos ou simbólicos que aparecem misturados com caracteres de sons, são bastante diferentes deles; eu consegui deduzir as leis das suas combinações, quer entre eles próprios quer com os sinais fonéticos e cheguei progressivamente ao conhecimento de todas as formas e notações gramaticais expressas nos textos Egípcios, quer hieroglíficos quer hieráticos.

 (Este texto é uma tradução livre de partes do discurso que Champollion proferiu, em 10 de Maio de 1831, no ‘Collège Royal de France’, na aula inaugural do seu curso sobre a gramática Egípcia).

Notemos como características básicas da escrita hieroglífica que ela se lê na maior parte das vezes na horizontal e da direita para a esquerda; por várias razões (que podem ser simplesmente estéticas) também se pode apresentar da esquerda para a direita ou na vertical); não tem espaços entre as palavras nem pontuação e raras vezes são representadas as vogais intermédias (facto que é comum na escrita de muitas línguas antigas). Para além disso apresenta os nomes das personalidades inseridos dentro de anéis ovais (cartuchos); este facto foi vital para o início da decifração da pedra de Roseta, pois o nome do faraó (rei) Ptolomeu V aparece 6 vezes no texto escrito em língua Grega (Ptolemaios).

 

Nota Importante: A regra geral para leitura de qualquer texto em escrita hieroglífica diz que, todos os símbolos (nomeadamente os fonéticos) que sejam representados por animais ou pessoas aparecem sempre virados para o mesmo lado (que é o lado de onde se começa a leitura.

 

Considero chegado o momento de vos dar um exemplo inicial básico do tipo de raciocínio utilizado para decifrar a escrita hieroglífica e consequentemente da inteligência necessária para saber ler (coitados dos putos Egípcios!...há uns 5.000 anos, não esqueçamos...)

No entanto, como no estudo que fiz utilizei unicamente livros escritos em língua Inglesa, o exemplo teve que ser baseado nesta língua:

 

Mas é uma maravilha (no meu entender...)!

 

Tentemos dar uma definição básica da escrita hieroglífica:

 

O sistema de escrita hieroglífica (como já sabem!) usa símbolos gráficos de animais, pessoas e coisas, para - através da 'soma' dos seus sons (e não do que significa cada um deles) - formar uma palavra que – provavelmente – não tem nada a ver com cada um desses símbolos gráficos.

 

Eis o exemplo (assumindo que a língua Inglesa utilizava o sistema de escrita hieroglífico e não o alfabeto que utiliza). Considerem dois símbolos gráficos seguidos (uma abelha e uma folha de uma árvore).

 

Como é que o puto Inglês que utilizasse o sistema de escrita hieroglífico, lia esta palavra (baseando-se nas duas representações gráficas)?

 

'Bee-leaf' ...

 

Já estão a ver qual era a palavra que o puto inglês dizia que era, uma vez que se baseava nos sons  (e os tinha que manter na íntegra)?

 

Belief !  (Convicção ou opinião ou crença ou ...opção a escolher, consoante o contexto em que a palavra estivesse inserida).

 

Acho verdadeiramente extraordinário (e engenhoso!) a nível de raciocínio!  

Que tal?

 

PS 1 - Se derem com algum puto que não queira aprender a ler (e a quem os pais não pressionem), expliquem aos pais dele as dificuldades porque passavam os putos Egípcios há 5.000 anos!

 

PS 2 - E com este exemplo  todos percebemos o raciocínio subjacente ao 'sistema de escrita hieroglífico'...certo?

 

Passemos agora para um exemplo um pouco mais complexo (e que exemplifica claramente como se consegue ler a escrita hieroglífica).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DECIFRAÇÃO DA ESCRITA HIEROGLÍFICA EGÍPCIA

 

EXEMPLO ESPECÍFICO

 

 

Esta é (numa representação gráfica aproximada) a frase cuja decifração é considerada a chave da solução. A partir daqui tudo foi mais fácil, pois o tipo de raciocínio a utilizar, ficou claramente definido.

Considerando os símbolos numerados de 1 a 5 (da esquerda para direita e de cima para baixo) vamos descrever em detalhe a sua decifração:

 

2 – Significa que o hieróglifo que está por cima dele é ideográfico (o que significa representar uma ideia e além disso contribuir com um som para a frase ou palavra)

 

1 – ‘O Deus Sol’ RA

 

3 - Hieróglifo ideográfico que significa ‘dar à luz’ (um ‘bebé’); o seu som é MES

 

4 e 5 – Hieróglifos fonéticos que representam (cada um deles) a letra S.

 

A palavra escrita é pois RA-MES-S-S; considerando que as vogais intermédias não eram normalmente representadas (e os artigos definidos e indefinidos também não), a verdadeira palavra é  RAMESSES (faraó Egípcio).

 

Tendo em consideração os dois hieróglifos ideográficos que fazem parte da frase, temos a seguinte ‘tradução’:

 

O DEUS-SOL RA deu à luz o Faraó RAMESSES

 

ou, doutra maneira (mais elegante):

 

O FARAÓ RAMESSES é filho de RA, o DEUS-SOL

 

Simplesmente para efeitos comparativos apresentamos em seguida frases da antiga Língua Egípcia nos três sistemas de escrita referidos no artigo (Hieroglífico, Hierático e Demótico) e da Língua Copta

 

 

 

          



 


               

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A ESCRITA HIEROGLÍFICA EGÍPCIA – (RESUMO E EXEMPLOS)

 

O nome de CLEÓPATRA era pronunciado na antiga Língua Egípcia como

 

Q L I O P A T R A T

       

 

 

 

 

?O óvulo é um hieróglifo determinativo (portanto um hieróglifo ideográfico sem som; quando existe – e é normalmente só um por palavra – está no final); neste caso significa que o nome em causa é feminino. Note-se, que também existem hieróglifos ideográficos que, além de transmitirem uma ideia ao texto, acrescentam um som à palavra onde estão inseridos (e podem aparecer em qualquer posição – e quantidade – nessas palavras). Exceptuando no caso dos nomes, a quase totalidade das vogais que existem no meio das palavras, não aparecem escritas (exigindo uma interpretação cuidada). Num texto normal, há 70-75% de hieróglifos fonéticos e 25-30% de hieróglifos ideográficos (acrescentando ou não um som às palavras onde se inserem…isto, para além da ideia que transmitem ao texto, claro!). Se se conhecerem uns 50 hieróglifos fonéticos e 700 ideográficos …é ‘puxar pela cabeça’ e começar a soletrar… (com a ajuda de um dicionário, claro).

 

 

 

Nota 1 – Os dois hieróglifos (fonéticos) - que aparecem - diferentes para a letra ‘T’, têm o mesmo tipo de explicação que na nossa língua (na qual, por exemplo, o ‘S’ e o ‘Ç’ ou o ‘C’ e o ‘Q’ têm muitas vezes o mesmo som). A leitura dos textos em hieróglifos é feita a começar do lado para onde estão viradas as cabeças dos ‘animais’; quando há hieróglifos na vertical uns dos outros, lêem-se sempre de cima para baixo.

Os nomes de personalidades aparecem sempre dentro de ‘cartuchos’ (como nos exemplo apresentados).

 

 

O nome de PTOLOMEU era pronunciado  na antiga Língua Egípcia como

P T O L M Y S

 

 

 

 

Nota  2 -  O som ‘M’ também pode ser representado pelo hieróglifo    

 

Nota  3 – Se o nome não tem nenhum hieróglifo determinativo do sexo da personalidade, então é um HOMEM, claro! E já me esquecia de dizer que, certamente para tornar mais interessante o exercício da leitura, não havia pontuação, nem espaços a separar as palavras!...Ainda ninguém os tinha inventado…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A FLEXIBILIDADE EXISTENTE NA TRADUÇÃO DA ESCRITA HIEROGLÍFICA EGÍPCIA

 

 

Não obstante estar totalmente descoberto tudo o que é importante relativo à ortografia, gramática e sintaxe da escrita hieroglífica Egípcia (existindo dicionários e gramáticas de grande qualidade sobre todas as áreas relacionadas com a decifração desta escrita) a verdade é que – apesar de tudo – continua a existir uma grande flexibilidade na interpretação pessoal a ter de ser feita pelo tradutor; este facto origina traduções do mesmo texto com uma maior diferenciação entre elas, do que o que é possível acontecer com as línguas modernas (mantendo-se no entanto invariável o que é fundamental no conteúdo em causa).

 

Como exemplo relevante, vamos apresentar a tradução feita por quatro especialistas de nomeada, de uma mesma invocação ao Deus Aten (também denominado Aton *) encontrada no túmulo do faraó Akhenaton (1379-1362 antes de Cristo) em Tell el-Amarna. Vamos utilizar a língua Inglesa, que foi a utilizada pelos quatro especialistas.

 

 

You rise in perfection on the horizon of the sky,

Living Aten, who started life.

Whenever you are risen upon the eastern horizon

You fill every land with your perfection.                                 (W. K. Simpson, 1972)    

 

 

Splendid you rise in heaven’s lightland,

O living Aten, creator of life!

When you have dawned in eastern lightland,

You fill every land with your beauty.                                    (Mirian Lichtheim, 1976)

 

 

Thou arisest fair in the horizon of Heaven, O Living Aten,

Beginner of Life. When thou dawnest in the East, thou fillest

every land with thy beauty.                                                      (Cyril Aldred * *, 1991)

 

 

Let your holy Light shine from the height of heaven,

O living Aten, source of all life!

From eastern horizon risen and streaming,

You have flooded the world with your beauty.                        (John L. Foster, 1998)

 

 

 

* - Aten (ou Aton) era o Deus-Sol, anteriormente designado por Re ou Ra. 

 

* * - Este especialista usou os termos antigos ‘Thou’ (em vez de ‘You’) e ‘thy’ (em vez de ‘your’) que se aplicavam quando o ‘vulgar mortal’ se dirigia a alguém com muito respeito e elegância (nomeadamente, a nobreza e a realeza…ou os ‘Deuses do Olimpo’).

 

 

História da Matemática no Antigo Egipto

Para terminar este artigo achamos que faz sentido dar uma ideia básica do estado de desenvolvimento da matemática (a ‘linguagem dos números’) no antigo Egipto.

Os conhecimentos que temos da matemática egípcia provêm, essencialmente, de dois textos escritos em papiro: o papiro de Rhind (1600 A.C.) e o papiro de Moscovo (1800 A.C.); a título exemplificativo iremos descrever sucintamente o conteúdo do papiro de Rhind..

 No entanto pensa-se que os conhecimentos matemáticos nele contidos datam de uma época anterior, provavelmente, mesmo do início da civilização Egípcia. Certo é que o papiro de Rhind foi copiado de outro da mesma época do papiro de Moscovo.          
Uma vez que estes papiros contém problemas e as suas resoluções, alguns dos quais elementares, supõe-se que eles tinham intenções puramente pedagógicas e que eram basicamente destinados ao ensino dos funcionários do estado e dos escribas. A partir deles temos acesso apenas a uma matemática elementar. Não se sabe se os egípcios tinham ou não, conhecimentos matemáticos mais avançados; no entanto, os monumentos por eles construídos levam a pensar que na realidade os arquitectos eram possuidores de conhecimentos não revelados nos papiros.   
Outros papiros, da mesma época, são o papiro de Berlim (que contém dois problemas que envolvem sistemas de equações do 2º grau e do 1º grau a duas incógnitas) e o papiro de Kahun.

A Matemática Egípcia é conhecida pelas suas fracções unitárias. As fracções eram necessárias porque sendo, por exemplo, os salários pagos em pão e cerveja era muitas vezes preciso dividir esses bens pelos diferentes trabalhadores. Por outro lado o processo que utilizavam para dividir, dividindo sucessivamente por dois, conduzia muitas vezes a fracções.  


Os papiros referidos provêm quase todos da mesma época (Império Médio – de 2000 A.C. até 1600 A.C.); foi uma época de alguma estabilidade, em que imperava o comércio com outros povos e a agricultura viu um grande desenvolvimento. Deste período até ao período Persa (525 A.C. a 332 A.C.), não são conhecidos papiros com conteúdos específicos da matemática. Tal não significa que não tenha havido qualquer tipo de estudo da matemática no Egipto; não nos podemos esquecer que o papiro é muito frágil e que a sua conservação não é fácil. Poderão, portanto, ter desaparecido muitos papiros ou poderá realmente não ter havido desenvolvimento matemático nesse período de cerca de 1000 anos. Tal é difícil de acreditar, uma vez que o Egipto passou durante este longo período por algumas fases de estabilidade e prosperidade.       

 

 

 

 

Papiro de Rhind

O papiro de Rhind está escrito em hierático, da direita para a esquerda (claro!), tem 32 cm de largura por 513 cm de comprimento. É datado  de cerca de 1650 A.C., embora o texto diga que foi copiado de um manuscrito, de cerca de 200 anos antes.

Encontra-se actualmente no Museu Britânico.  

O papiro contém uma série de tabelas e 84 problemas e as suas soluções.

Eis uma lista dalgumas das suas tabelas e problemas: 

·         Divisões por números inteiros (divisões de pães por homens)

·         Multiplicação e Subtracção de diferentes fracções

·         Problemas de quantidades envolvendo equações do 1º grau com uma incógnita

·         Divisões (de pães) envolvendo progressões aritméticas

·         Volumes de contentores cilíndricos e paralelipipédicos de cereais

·         Áreas de triângulos, rectângulos, trapézios e círculos

·         Problemas relacionados com pirâmides

·         Problemas de proporções sobre metais preciosos e respectivos pesos

·         Proporções envolvendo gado e impostos a pagarem

·         Divisões proporcionais de cereais entre grupos de homens

·         Progressões geométricas de razão 7

O Sistema de Numeração Egípcio (hieróglifos)

O Sistema de Numeração Egípcio era decimal mas sem hieróglifos específicos para representar os dígitos (em vez disso provocavam a repetição do hieróglifo que representava a unidade, tantas vezes quantas as necessárias).

Por exemplo, o algarismo 7 era obtido representando 7 vezes a unidade. O número 500 era obtido repetindo 5 vezes o símbolo que representava o número 100.

 

 

Fracções

Nas fracções hieroglíficas o numerador era assumido ser sempre a unidade; somente o denominador variava. Colocando a símbolo  por cima ou ao lado de um hieróglifo numérico isso significava que esse número era uma fracção.

                                        1/3 era escrito:     

Para representar fracções com um numerador diferente da unidade os Egípcios escreviam um conjunto de várias fracções que eram somadas umas às outras até se obter o valor pretendido.

Exemplo: o valor ¾

É a soma de ½ com ¼.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O TERRITÓRIO DO ANTIGO EGIPTO

 

Mapa do Antigo Egipto

 

 

 

                                                                                           Tempo para divertir…

                                                                                    

                                                                               (Seria uma ‘Discoteca’ da época?!...)

                 Tempo para trabalhar…                                           (1350 A. C.)

Detalhe de pintura mural do túmulo de Nebamun que mostra dançarinas e uma instrumentista. Museu Britânico, c. 1350 a.C        Detalhe de pintura mural no túmulo do funcionário Sennedjem (XIX dinastia)
                                                                                       Detalhe de pintura mural que  

                                                                                      mostra  duas dançarinas e uma

                                                                                      instrumentista.

                                                                                              (Museu Britânico)   

 

 

NOTA FINAL DO AUTOR – Espero que os leitores tenham apreciado este artigo, que não é mais que uma introdução básica à Antiga Língua Egípcia (dando especial relevo ao Sistema de Escrita Hieroglífico).  

 

 

UMA FRASE-REFLEXÃO SOBRE O MUNDO ACTUAL’

                                   

Nas frases Egípcias, a ordem pelas quais as palavras aparecem é a seguinte:

Verbos – Sujeitos/Nomes – Adjectivos – Advérbios (e os artigos – definidos e indefinidos – não se escreviam).

Para o leitor, aqui vai a frase que resolvi escrever (de apreciação sobre o actual ‘mundo global’). Não a considero pessimismo, mas sim, realismo.

 

A HUMANIDADE ESTÁ DOENTE

                                                             

Repare-se no ‘inevitável’ Pardal , - um hieróglifo determinativo - sempre anunciador de desgraças, (por ser um destruidor das colheitas!) no final da frase!

Explicação da palavra/conceito HUMANIDADE:

·         O som (dos quatro hieróglifos fonéticos) é aproximado a ‘Hememu’ (H para a corda entrelaçada, M para mocho e U/W para a codorniz jovem)

·         As duas vogais intermédias ‘e’ não são normalmente escritas; portanto a palavra é HeMeMu (u/w era considerada uma consoante e não uma vogal)

·         O homem e a mulher juntos significam ‘povo’

·         Os três traços verticais são uma referência a ‘ocorrências múltiplas’ do conjunto ‘povo’ …e portanto, humanidade.

 

Símbolos gráficos utilizados (da esquerda para a direita):

Folha de junco, Codorniz jovem, pavio/mecha (corda entrelaçada), Mocho, Mocho, Codorniz jovem, Homem, Mulher, três traços verticais, Formão/Buril/Cinzel, Mocho e Boca, Pardal.

 

O AUTOR – António Franco Preto deseja-vos:

life, prosperity, health                      

 

 

 



 

 


                                            

                        LONGA VIDA, PROSPERIDADE E SAÚDE



[1]  A língua inicialmente falada no Egipto tem um aspecto que a distingue e coloca em grande destaque: em vez de utilizar um só sistema de escrita (situação normal para qualquer língua falada), teve – ao longo dos séculos – 3 sistemas diferentes de escrita. O sistema inicialmente utilizado (a escrita hieroglífica) é o mais representativo e o objectivo fundamental deste artigo. 

Notemos que a civilização Maia também utilizou um sistema de escrita hieroglífica (que se encontra actualmente decifrada na sua quase totalidade). A civilização Maia habitou a América Central nos actuais Belize e Guatemala e no Iucatã ao sul do México, com uma rica história de cerca de 3000 anos, tratando-se de uma cultura mesoamericana pré-colombiana. Contrariando a crença popular, o povo Maia nunca "desapareceu" pois milhões ainda vivem na mesma região e muitos deles ainda falam alguns dos dialectos da língua original.

[2]  Antes de Cristo

[3]  Depois de Cristo

[4] Ilha do rio Nilo localizada na zona da sua 1ª catarata, 11 kms a Sul-Sudoeste da cidade de Assuão

[5] O papiro (Cyperus papyrus ; Cyperaceae) é uma planta aquática da mesma família da Tiririca (Cyperus rotundus), que é a planta daninha mais difundida do mundo, segundo o Guiness Book. Ela é considerada sagrada e fartamente encontrada no delta do Nilo. Era utilizada principalmente na produção de papel no Egipto antigo. O talo do papiro pode atingir até 6 metros de comprimento. A flor da planta, composta de

 

finas hastes verdes, lembra os raios do sol e é exactamente por ter esta analogia com o sol, divindade máxima desse povo, que o papiro era considerado sagrado. O miolo do talo era transformado em papiros e a casca, bem resistente depois de seca, utilizada na confecção de cestos, camas e até barcos. Foi por volta de 2200 anos antes de Cristo que os Egípcios desenvolveram a técnica do papiro, uma espécie de pergaminho e um dos mais velhos antepassados do papel. Para confeccionar o papiro, corta-se o miolo esbranquiçado e poroso do talo em finas lâminas. Depois de secas, estas lâminas são mergulhadas em água com vinagre para ali permanecerem por seis dias, com propósito de eliminar o açúcar. Outra vez secas, as lâminas são ajeitadas em fileiras horizontais e verticais, sobrepostas umas às outras. A sequência do processo exige que as lâminas sejam colocadas entre dois pedaços de tecido de algodão, por cima e por baixo, sendo então mantidas prensadas por seis dias. E é com o peso da prensa que as finas lâminas se misturam homogeneamente para formar o papel amarelado, pronto para ser usado. O papel pronto era, então, enrolado a uma vareta de madeira ou marfim para criar o rolo que seria usado na escrita.

 

[6] Cursivo/a – diz-se dos caracteres ou de certa escrita, miúda e ligeira

[7] Grafar – dar forma, por escrito, a uma palavra.

[8] Os símbolos ideográficos (fundamentais para a decifração da escrita hieroglífica) eram de 2 tipos: os símbolos ideográficos propriamente ditos que, transmitindo uma ideia, possuem adicionalmente, um som próprio e os determinativos (que transmitiam uma ideia, não possuindo um som próprio). Por agora, fiquemo-nos por aqui…

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