quinta-feira, 29 de abril de 2021

A Vacina ASTRAZENECA é perigosa?

Será mesmo assim? Vendo pelo preço que comprei.

É a questão que está a ser constantemente colocada e que tem vindo a desacreditar a vacina que, de facto, é muito perigosa para a indústria farmacêutica. O grande problema não é o da sua perigosidade para a nossa saúde mas sim os seus custos que são muito inferiores aos da concorrência.

Eva De Bleeker, Secretária de Estado do Orçamento da Bélgica, cometeu a inconfidência de revelar os valores que a União Europeia está a pagar pelo custo unitário de cada uma das diversas vacinas.

Publicou nas suas redes sociais a seguinte tabela de custos:

  •      Astra Zéneca – 1,78 € (cada vacina)

  •      Moderna – 14.7 € (8,25 vezes mais)

  •      Pfizer – 12 € (6,74 vezes mais)

  • Portugal pode receber vacina contra Covid-19 nos primeiros dias de 2021,  diz Pfizer | Vacina | G1

  •      Cure Vac – 10 € (5,61 vezes mais)

  • Covid-19 | Com 15% da população vacinada, conheça o estado da vacinação no  país e em Mafra | Jornal de Mafra

  •      Sanofi / GSK – 7.56 € (4,24 vezes mais)

  • Sanofi e GSK lançam novo ensaio com versão reformulada da vacina

  •      Johnson & Johnson – 6.90 € (3.87 vezes mais)

  • Vacina da Johnson & Johnson sob suspeita | Euronews

Como era de prever houve imediato protesto de diversos laboratórios que alegaram que não foi respeitada a “clausula de confidencialidade” do contracto estabelecido com a UE.

Eva De Blaker apressou-se a apagar o que tinha publicado, mas já era tarde, o seu escrito já tinha sido copiado e divulgado amplamente.

Surgiu de seguida uma enorme campanha que visa desacreditar a vacina que cometeu a heresia de ser muito mais barata.

A campanha dura, … dura, … dura e vai continuar a durar, até que a maior parte dos países a deixem de usar ou que a usem apenas em grupos cada vez mais restritos

Há que lembrar que a Astra Zéneca foi elaborada seguindo procedimentos, há muito testados, que são seguidos nas vulgares vacinas anti-gripe que todos os anos são modificadas para se adaptarem às novas estirpes que vão aparecendo. É injectado um fragmento do vírus que tendo o poder antigénico (gera a produção de anticorpos que irão combater uma futura infecção) não tem poder patogénico (não provoca a doença).

Outras vacinas usaram novas tecnologias, nunca experimentadas, algumas baseadas no ARNm. e que tiveram, obviamente, maiores custos de produção mas que não justificam a enormíssima diferença de preços.

Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

A luta continua e continuará.

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Couto Misto: o país que existiu durante 800 anos entre Portugal e Espanha

Durante 800 anos, existiu um pequeno país entre Portugal e Espanha, perto de Montalegre e Chaves. Descubra a fantástica história do Couto Misto.

Se gosta de história, já deve ter ouvido falar do Couto Misto, um estado independente situado em território que hoje é português e espanhol, e que durante mais de 9 séculos fez parte da história dos dois países.

O Couto Misto (Couto Mixto, em galego) tinha 27km2 e situa-se na fronteira entre Montalegre o a actual província de Ourense.

Apesar da sua situação geográfica peculiar, entre dois países, os habitantes do Couto Misto não tinham problemas com isso, celebrando a história de Portugal, de Espanha e a sua própria cultura.

As diferenças de escrita e na pronúncia eram, por isso, irrelevantes para esta população.

Os primeiros registos do Couto Misto são datados de 1147, mas pensa-se que a origem deste microestado é anterior e que remonta à independência da Coroa de Portugal do Reino de Leão.



Após o nascimento de Portugal, as fronteiras não estavam ainda bem definidas, colocando aldeias e vilas raianas numa situação um pouco incerta.

Chegado a este ponto, existe uma divisão nas teorias: para uns, o Couto Misto seria um refúgio de criminosos; para outros, seria um

local constituído legalmente pelo rei português D. Sancho I, através de Carta de Foral.

Segundo a tradição oral, existe uma outra história que conta a origem do Couto Misto: ao que parece, uma princesa desterrada ficou presa durante um nevão, grávida, enquanto atravessava a serra.

Os habitantes da região que mais tarde seria o Couto Misto salvaram-na e ajudaram-na a dar à luz em segurança.

Agradecida, a princesa concedeu-lhes então a independência e os respectivos privilégios a que esta estava associada.

Certo é que os habitantes do Couto Misto gozavam e benefícios que espanhóis e portugueses da altura não tinham.

Podiam escolher a sua nacionalidade (espanhola, portuguesa, ambas ou nenhuma) no dia do casamento, sem restrições de qualquer espécie.

Caso decidissem não ter nenhuma nacionalidade, não eram obrigados a prestar serviço militar em nenhum dos países, nem poderiam ser recrutados em caso de guerra.

O Couto Misto estava também isento do pagamento de impostos e taxas aos Reis dos dois países (uma vez que não respondia a nenhuma das Casas Reais) e os seus habitantes podiam escolher livremente o que cultivar.

Existia neste microestado uma estrada, chamada de Caminho do Privilégio, que o atravessava e ligava as suas 3 principais localidades (Meaus, Santiago e Rubiás) a Tourém.

Qualquer pessoa podia passar nesta estrada e as autoridades estavam interditas de prender ou perseguir alguém na estrada, mesmo que essa pessoa transportasse contrabando (especialmente tabaco).

Assim, era comum ver-se portugueses a percorrer o Caminho do Privilégio com sapatos muito usados, e a voltar depois com sapatos novos.

O transporte de sal, medicamentos, sabão, açúcar ou bacalhau para dentro do Couto Misto era também frequente, e nenhuma autoridade podia prender ou interceptar quem fazia este transporte.

Quem procurava asilo poderia também dirigir-se ao Couto Misto: mesmo que fossem criminosos procurados pela justiça de um dos dois países, não poderiam ser presos ou privados das suas riquezas e direitos dentro do Couto Misto.

Mas isto não significava que o Couto Misto não era governado.

No fundo, este microestado era uma República, onde as cabeças de família elegiam por voto um governo, cuja autoridade máxima era um juiz.

Cabia a este juiz escolher outros dois por cada povoação, chamando-se estes homes de acordos.

As decisões do governo eram tomadas em praça pública pelos moradores, estando prevista a possibilidade de revogar o poder dos eleitos antes do mandato acabar, elegendo-se um novo juiz, em caso de incumprimentos.

Assim, os habitantes do Couto Misto raramente precisavam da intervenção das autoridades portuguesas ou espanholas, embora pudessem recorrer a elas (sendo que cada família recorreria à Casa com a qual se identificasse).

Esta liberdade do Couto Misto não agradava a todos, e por isso as regras deste microestado foram por vezes desrespeitadas pelas autoridades espanholas e portuguesas.

Nem sempre se respeitava o direito de asilo, e por isso havia prisões de habitantes do Couto, e nem sempre estes habitantes negavam passagem ou alojamento a forças militares de um ou outro país.

Com o tempo, aqueles que se identificavam como espanhóis passaram a pagar impostos a Espanha, e os que se declaravam portugueses pagavam impostos ao Rei de Portugal para poderem cultivar tabaco – o que, por si, era uma violação dos direitos destes habitantes.

As relações entre o microestado e ambos os países foi-se deteriorando ainda mais com o tempo, criando-se a lenda de que os habitantes do Couto Misto seriam todos criminosos, e dos mais ferozes, incluindo-se na população assassinos, contrabandistas e malfeitores no geral, segundo a lenda que então corria de ambos os lados da fronteira.

Em 1851, formou-se a Comissão Mista, que pretendia dissolver o Couto Misto e repartir o seu território por Portugal e Espanha.

A 29 de Setembro de 1864, com o Tratado de Lisboa, o Couto Misto teve o seu fim definitivo. Rubiás, Meaus e Santiago passariam a pertencer a Espanha, e uma faixa desabitada do Couto Misto seria portuguesa.

Portugal ficaria também com Soutelinho, Lamadarcos e Cambedo, como moeda de troca.

Assim, o Couto Misto já não existe oficialmente.

No entanto, em 1990, iniciaram-se esforços de protecção e conservação da identidade daquele pequeno estado histórico.

Foram criadas associações e foram recuperadas certas tradições, como o Juiz Honorário e os homes de acordo.

Graças a este esforço, pode ainda visitar a zona e percorrer caminhos e trilhos ainda disponíveis, ou ver outras atracções relacionadas ao Couto Misto, como umas pinturas que foram descobertas em 2013.

Se quer visitar o Couto Misto, saiba que este se encontra hoje na província de Ourense, dividido entre as vilas de Baltar e Calvos de Randín, e fazendo fronteira com as freguesias de Padroso, Donões e Mourilhe, em Montalegre.

Para além da visita ao território do Couto Misto, recomenda-se uma passagem demorada por todas estas regiões!

Que cidades já foram capital de Portugal? Foram 5 e uma ficava no Brasil

Portugal já teve 5 capitais ao longo da sua longa história e uma delas ficava no Brasil. Descubra quais foram e porque motivo deixaram de o ser.

https://www.vortexmag.net/que-cidades-ja-foram-capital-de-portugal-foram-5-e-uma-ficava-no-brasil/

Descubra quais são essas cidades.

Fique ainda a conhecer o motivo pelo qual se tornaram capital de Portugal e a razão pela qual deixaram de o ser.

1. Guimarães


Não é por acaso que esta cidade é conhecida como o “berço de Portugal”.

Afinal, esta foi a primeira capital do Condado Portucalense e, por consequência, do país.

Foi uma cidade com um papel marcante no desenvolvimento da nossa nacionalidade e da independência do nosso país.

Ainda hoje, os vestígios desses primeiros passos de Portugal se mantêm vivos, dando a Guimarães uma essência singular que encanta quem lá mora e quem a visita.

2. Coimbra



Coimbra tornou-se capital devido à importância crescente da cidade, que se transformara na mais importante abaixo do rio Douro.

Após a formação do Condado Portucalense, D. Henrique e D. Teresa tomaram Coimbra como seu lar, crendo-se que foi ali que formaram família e que ali nasceu D. Afonso Henriques, que fez de Coimbra capital do Condado, substituindo assim Guimarães.

Esta mudança revelou-se benéfica para a independência do país e para a sua estabilidade social e política, e assim, Coimbra manteve-se como capital até 1255, altura em que Lisboa lhe tomou o lugar.

3. Lisboa



Actualmente, Lisboa é capital de Portugal pela segunda vez. Tudo começou com a mudança da família real para a cidade, que se tornava mais próspera de dia para dia.

Com o desenvolvimento do estuário, as oportunidades de fazer Portugal crescer tornaram-se evidentes para D. Afonso III, devido à facilidade de receber navios mercadores.

Assim, apesar de não ter sido oficializado por escrito, Lisboa era a capital de facto, já que lá vivia a corte.

Épocas houve em que Lisboa deixou de ser capital, mas a escolha firmou-se com o tempo e hoje é definitivamente a capital do nosso país.

4. Rio de Janeiro



No decorrer das invasões francesas, a família real mudou-se para o Brasil, escolhendo o Rio de Janeiro para nova capital de Portugal. Para muitos historiadores, tratou-se de uma “inversão metropolitana”, já que a governação passou a ser feita não do país, mas sim a partir de uma antiga colónia portuguesa.

5. Angra do Heroísmo



Angra do Heroísmo foi eleita capital do país por duas vezes. A primeira ocorreu entre Agosto de 1580 e Agosto de 1582, altura em que foi fundado e esteve em actividade o governo de D. António, Prior do Crato.

A segunda deu-se uns anos mais tarde, em 1830, por esta cidade se ter tornado o centro do movimento liberal português, tendo sido abraçada pela Junta Provisória criada em 1828 a causa de Maria II de Portugal.

Ruínas do Prazo: o Machu Picchu português

As ruínas do Prazo são um dos mais interessantes e bem preservados locais com vestígios de uma antiga vila romana. Descubra a sua história.

Conhecidas como o Machu Picchu português, as Ruínas do Prazo, situadas em Freixo de Numão, no distrito da Guarda, atraem visitantes nacionais e internacionais graças ao facto de aqui existirem ruínas de uma vila romana muito bem conservada, perfeitamente situada no meio da paisagem de cortar a respiração.

A estação arqueológica em si está localizada na localidade de Prazo, encontrando-se a cerca de 3km da freguesia de Freixo de Numão. No perímetro urbano desta freguesia, pode visitar o Museu da Casa Grande, que foi instalado num solar barroco que data do século XVIII, onde pode ver mostras de arqueologia e etnologia.

No quintal deste museu, encontram-se as ruínas romanas, medievais e modernas, tendo sido nesse local recolhidos materiais da Idade do Ferro.

Estas ruínas são das mais interessantes e bem conservadas de Portugal, e é a sua envolvência e a quantidade de vestígios arqueológicos aqui encontrados que lhe deu o nome de “Machu Picchu português”.

Para além de as ruínas serem um exemplar perfeito de uma Vila Romana, remontando ao Século I e início do século V D.C, o local foi também lar de diversas outras civilizações ao longo do tempo, como os vestígios pré-históricos dos períodos paleolítico, mesolítico e neolítico podem atestar.

Existem também vestígios de ocupação até à idade média.  Podem-se observar vestígios de uma basílica paleocristã muito bem conservados, que se manteve activa até ao século XIII.

Pode também observar vestígios de 22 sepulturas, com ossadas de diferentes épocas, uma estela antropomórfica de grandes dimensões (que pode reportar-se ao neolítico) e um grandiosos Menir

Pode também observar vestígios de 22 sepulturas, com ossadas de diferentes épocas, uma estela antropomórfica de grandes dimensões (que pode reportar-se ao neolítico) e um grandiosos Menir.

O Castelo Velho, imponente sítio arqueológico que hoje serve de miradouro, pode ser visitado, tendo sido alvo de diversas escavações que nos permitiram conhecer melhor os povoados dos III e II milénios A.C, desde as Idades do Cobre e do Bronze.

Estes vestígios estão por toda a parte, quer em Freixo de Numão quer na sua área circundante. Actualmente, encontram-se em fase de estudo avançadas as vilas rústicas do Prazo, do Rumansil, do Zimbro II, da Colodreia, entre outras.

Segundo se crê, a actual área urbana da freguesia de Freixo de Numão foi em tempos um castro importante, mais tarde romanizado, como as referências a deuses como Juno, Júpiter e Turocicis pode atestar.

O ótimo estado de conservação das ruínas estende-se também à Igreja Medieval do Prazo, onde estão presentes vários tipos de sepulturas de tempos e rituais diferentes.

Para além do património arqueológico, Freixo de Numão tem uma envolvente natural muito rica, podendo visitar a Reserva Florística da Mela, o Forno-Anta da Colodreia e as quedas de água do Pontão das Três Bocas, entre outros locais de interesse natural.

Freixo de Numão é também terra de bom vinho, de amendoeiras em flor e de gentes muito calorosas, pelo que se recomenda uma visita demorada!









12 invenções portuguesas que conquistaram o mundo

    Somos historicamente um povo dado à inovação e à conquista, que gosta de criar novas coisas e descobrir novos locais. Assim, não é de admirar que algumas das invenções de origem portuguesa tenham já corrido o mundo e se tornado importantes, mesmo que hoje algumas delas já não sejam usadas. Para celebrar o nosso espírito inventivo, deixamos-lhe aqui 14invenções portuguesas que conquistaram o mundo.

  • 1. A caravela

  • 2. Astrolábio náutico

  • 3. A Passarola

  • 4. A bola de vento para microfones

  • 5. O Multibanco

  • 6. Elevador para cadeira de rodas

  • 7. Bengala electrónica para cegos

  • 8. Cartões pré-pagos

  • 9. A Via Verde

  • 10. Coloradd

  • 11. O papel higiénico preto

  • 12. Botija de gás pluma

  • 13. Painéis Solares

  • 14. Cartão de telemóvel

    • 1invenções portuguesas

      A caravela é um tipo de barco que foi inventado pelos portugueses, tendo sido muito usada na altura dos Descobrimentos, entre os séculos XV e XVI. Não se sabe qual é a origem do nome ou qual foi a inspiração para a construção da caravela, mas o que é certo é que foi graças ao desenvolvimento deste barco que os portugueses conseguiram aventurar-se pelos mares, já que o uso de velas triangulares permite uma navegação de forma mais segura contra o vento.

      Foi nas caravelas que os portugueses fizeram alguns dos seus feitos mais impressionantes, como a dobragem do Cabo das Tormentas (mais tarde conhecido por Cabo da Boa Esperança) por Bartolomeu Dias, em 1448. A caravela acabou por ser copiada por outros países, que as usaram nas suas navegações marítimas.

      2Astrolábio náutico

      Tendo uma grande tradição de mar, não é de estranhar que muitas invenções portuguesas estejam relacionadas com a navegação. O astrolábio permitia aos marinheiros determinar a latitude do barco quando se encontravam em alto mar, podendo-se também conhecer a altitude meridiana de uma estrela, desde que se soubesse a declinação desta.

      O astrolábio náutico foi adaptado do astrolábio planisférico, e foi um instrumento muito útil que surgiu na época dos Descobrimentos, altura em que os portugueses tinham de navegar longe da costa.

      3Passarola de Gusmão

      A primeira máquina voadora foi desenhada por Leonardo da Vinci, no século XVI. No entanto, cabe ao padre português Bartolomeu de Gusmão a honra de ter sido o primeiro a construir uma máquina capaz de voar e a ter alvará desta, concedido por D. João V em 1709. Assim, Portugal tornou-se pioneiro na aviação.

      4bola de vento para microfones

      Artur Agostinho começou usando um lenço, e pode ter sido aí a inspiração. É algo que parece bastante simples e que hoje é muito comum, mas a bola de vento para os microfones nem sempre existiu. Foi inventada por Jaime Filipe, um engenheiro que trabalhou na RTP por muitos anos. Em 1981, inventou a primeira bola de vento para microfones, que estabiliza o som captado e melhora a qualidade do equipamento em que é colocada. É uma das invenções portuguesas mais utilizadas em todo o mundo.

      5Multibanco

      Portugal foi dos últimos países da Europa ocidental a desenvolver o seu sistema de caixas automáticas, mas quando estas chegaram, chegaram em força, sendo, na altura do lançamento, um dos sistemas mais avançados.

      Em 1985, a rede Multibanco portuguesa foi lançada, inicialmente com apenas 12 terminais em Lisboa e no Porto.   Hoje, Portugal tem uma das maiores densidades de caixas automáticas por habitante em toda a Europa, com mais de 13.000 terminais. A rede Multibanco é ainda um dos sistemas mais sofisticados do mundo.

      6Elevador para cadeira de rodas

      O inventor da bola de vento para microfones, Jaime Filipe, foi também o inventor dos elevadores para cadeiras de rodas, tendo fundado em Junho de 1974 o Centro da Inovação para Deficientes Físicos. O elevador para cadeira de rodas foi premiado por diversas vezes, tendo recebido duas medalhas de ouro em Bruxelas (1983) e em Genebra (1984).

      7Bengala eletrónica para cegos

      Mantemo-nos no mesmo inventor, Jaime Filipe (rei das invenções portuguesas), que criou também a bengala electrónica para cegos, que conta com diversos sensores que permitem que os utilizadores consigam “ver” o espaço onde se encontram e conhecer melhor o local em que estão a andar. Esta inovação foi distinguida com uma medalha de prata em Bruxelas, em 1986.

      8cartões pré-pagos

      Os cartões pré-pagos para telemóveis, ou seja, cartões que vêm carregados com um determinado montante que pode ser gasto em chamadas ou mensagens, foram uma invenção portuguesa. A antiga TMN foi a inventora deste sistema de pagamento, que hoje em dia se espalhou já um pouco por todo o mundo.

      9Via Verde

      No leque das invenções portuguesas mais utilizadas em todo o mundo, destaca-se a Via Verde. 1991 foi o ano em que a Via Verde surgiu na vida dos portugueses, como uma forma mais simples de efectuar o pagamento de portagens. Este sistema foi inventado pela Universidade de Aveiro para eliminar as grandes filas que se formavam nas zonas de pagamento das auto-estradas.

      Hoje em dia, costuma haver 2 vias reservadas a utentes Via Verde, devendo os carros estar equipados com um identificador DSRC no para brisas, não sendo necessário parar para fazer o pagamento, que é debitado na conta do utilizador. A empresa Brisa detém hoje 60% do capital social da Via Verde. A ideia base surgiu num país escandinavo, por causa de uma ponte.

      10Coloradd

      Este sistema de identificação de cores para daltónicos (um problema que afecta 10% da população masculina mundial) foi desenvolvido por um designer gráfico português. O Coloradd é aplicado em várias áreas, especialmente na saúde e na educação, em embalagens de comprimidos, lápis de cor, semáforos, sinalética, embalagens, entre outras utilizações.

      11papel higiénico preto

      Esta é uma das invenções portuguesas mais curiosas. A empresa portuguesa Renova é a responsável pela criação de papel higiénico de diversas cores, tendo começado com a cor preta. Graças a uma campanha publicitária brilhante, vende para países como o Japão, Estados Unidos, França, Espanha e Bélgica. O produto caracteriza-se por ser único, macio, resistente e perfumado, abrindo as portas a um novo mercado. Actualmente, pode encontrar disponíveis cores como o verde-alface, vermelho vivo ou cor-de-rosa.

      12Botija de gás pluma

      A garrafa de gás pluma é invenção portuguesa da empresa GALP, tendo metade do peso de uma garrafa de gás tradicional e contando com níveis de segurança superiores. O design atractivo e o facto de poder ser carregada por qualquer pessoa tornaram esta invenção inovadora num produto de uso comum.

      13XINPUGUANG 100W Painel Solar Flexível 12V 24V 200W Kit Solar 20A Cabo de  Extensão de Controlador de Carga para Bateria RV Cabo de Barco para Carro| solar system 100w|solar system100w solar - AliExpress

      O da captação da energia solar pelo Manuel António Gomes (Santiago de Cendufe, Arcos de Valdevez, 9 de Dezembro de 1868Viana do Castelo, 21 de Dezembro de 1933), mais conhecido como Padre Himalaya, roubado, ao que julgo, do pavilhão da Feira quando esta acabou pelos serviços secretos norte-americanos;

      14. Dicas: como ter um novo cartão sim grátis - My Cherry Lips

      O cartão para os telemóveis por um, falecido há muitos anos por doença, técnicos da PT/TMN.

    Hidrogénio ‘Verde’: uma aposta ruinosa para Portugal

    A pergunta sem resposta: O que é que ‘eles’ ganham com isto?

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    Por: Henrique Sousa

    Faz-se aqui uma análise simplificada do projecto de produção de hidrogénio verde que envolve diversas empresas do ramo de energia e não só. E como também envolve verbas do Estado, tem de ser mais escrutinado do que está a ser, tanto mais que estão a ser desviadas verbas destinadas a mitigar os efeitos da pandemia na população. O dinheiro da bazuca da União Europeia utilizado com critérios rigorosos e não em apostas sem garantias.

    Concluímos que, tal como as centrais eólicas e solares, o hidrogénio verde vai encarecer ainda mais as nossas energias, tanto a eléctrica como a do gás natural.

    A análise

    É frequente confundir-se, nos meios de comunicação social, kW com kWh, ou seja potência com energia. A maioria das pessoas, não instruídas no domínio da ciência, desconhece a diferença. Mas é simples: a potência é a energia produzida ou consumida numa unidade de tempo. Por exemplo, um gerador com a potência de 1 kW pode produzir 2 kWh em 2 horas de funcionamento, 10 kWh em 10 horas e assim por diante. Se o gerador estiver parado produz zero kWh e, se funcionar abaixo da sua capacidade, irá produzir em 1 hora menos de 1 kWh. Pelo que não se pode confundir potência, que indica a capacidade de produzir (ou consumir), com o produto que é a energia. A energia, pode aparecer com diversas formas: luminosa, eléctrica, térmica, química, mecânica; e umas podem transformar-se noutras. São porém transformações com perdas (geralmente calor), algumas muito significativas. Num carro a combustível fóssil, por exemplo, apenas cerca de 20% da energia química do combustível é transformada em trabalho mecânico útil. Dizemos, então, que a transformação energética tem um rendimento de 20%.

    Uma botija de gás de 13 kg equivale a 170 kWh de energia para fins de queima ou aquecimento. A botija de gás custa cerca de 24 € e o equivalente em electricidade custa também, em média, 24 € (0,14€/kWh). Mas a equivalência não é directa porque na queima do gás uma parte do seu conteúdo calorífico escapa-se pela chaminé pelo que sai mais barato usar electricidade em vez de gás de botija: há menos perdas, o rendimento é maior. E mais barato pode ficar se a pessoa souber tirar partido das tarifas bi ou tri-horárias da eletricidade.

    A opção por gás natural pode ser ainda melhor que a eletricidade para queima ou aquecimento porque ele é bastante barato ainda. Pode custar apenas 6 cêntimos/kWh o que compensa, apesar das maiores perdas.

    Se o preço do gás natural subir para valores próximos dos da eletricidade, compensa mudar tudo para eletricidade, substituir os queimadores de gás por dispositivos elétricos e deixar de consumir gás, com todas as vantagens que a eletricidade representa em comodidade e segurança.

    Desta introdução podemos reter que a comparação entre diferentes energias se deve fazer pelo preço do kWh. Ou do MWh (1000 vezes mais), tratando-se de grandes quantidades.

    O consumidor está, pois, a pagar a energia elétrica a 140 €/MWh, em média. Este valor resulta, como se sabe, das diversas proveniências da energia elétrica (hídrica, eólica, solar e gás natural), sendo que ela podia ser muito mais barata se se excluíssem as FIT (feed-in tariffs). Ou seja, os valores exagerados que, em Portugal, se pagam pelas energias intermitentes do vento e solar, da ordem de 100 a 200 euros por MWh, com contratos “blindados” até 2032, e prioridade de entrada na rede elétrica.

    É, então, neste contexto energético que surge agora mais um combustível do futuro: o hidrogénio verde. Chama-se verde porque a sua produção faz-se por electrólise da água e não contribui para a emissão de dióxido de carbono para a atmosfera.

    A produção de hidrogénio verde em horas de vazio (eletricidade mais barata) pode servir para:

    1. Uso direto como matéria-prima em indústrias várias, incluindo a petrolífera.
    2. Ser convertido de novo em eletricidade para a rede nas horas de maior consumo.
    3. Liquefeito para exportação.
    4. Convertido em metano por reação com CO2 e adicionado à rede de gás natural.
    5. Adicionado simplesmente à rede de gás natural com aumento do seu poder calorífico.
    6. Ser utilizado como combustível (liquefeito) em veículos elétricos movidos a pilhas de combustível (fuel cells) que convertem o hidrogénio e oxigénio (do ar) em energia elétrica e cujo resíduo é água apenas.

    Aqui chegados, a produção de hidrogénio poderia parecer algo que faz sentido por permitir armazenar energia elétrica excedentária e ser usado de várias formas. Porém, a pergunta pertinente que se deve fazer é: qual será o preço do MWh do hidrogénio verde?

    Ora, isso depende de vários fatores que compõem o preço desse hidrogénio e da forma como for reutilizado. Esse preço tem duas componentes, os fixos que dependem dos investimentos e os variáveis no caso da energia utilizada na produção ser paga por unidade consumida.

    Matéria-prima

    Como matéria-prima na indústria, e desde que possa ser produzido de forma competitiva por eletrólise, nada haverá a opor. É uma questão de preço apenas e as contas são simples de fazer. Se ainda não existe é por não se conseguir oferecer preços que compitam com os dos reformadores a gás.

    Reconversão em eletricidade

    Para reconversão em eletricidade industrial, e não considerando para já os altos custos de investimento, se a energia elétrica primária usada para produzir hidrogénio valer apenas 40 €/MWh (raramente está abaixo de 50€/MWh) e a transformação tiver um rendimento de 80% da eletrólise e 60% da reconversão de hidrogénio em eletricidade por pilhas de combustível, o MWh reconvertido passa a custar 83 €, sem considerar eventuais interesses.

    Vamos agora ao investimento.

    Uma instalação de eletrólise e reconversão de hidrogénio em eletricidade custa atualmente mais de 1 milhão de €/MW (valor que se pretende reduzir economia de escala) que equivale a 4000 MWh por ano em regime de utilização de 4000 horas por ano (horas de vazio). Considerando uma vida útil superior a 10 anos para o investimento e uma amortização em 10 anos (sem juros), isto conduz a um acréscimo de 25 € ao MWh que sobe assim para 108 €. Por último, se considerarmos, por hipótese, um lucro de 30% e o MWh do hidrogénio verde sobe para 140 €, antes de impostos.

    Nesta breve análise não foram considerados os custos de operação da instalação que fariam aumentar ainda mais o preço do MWh da eletricidade produzida através do hidrogénio verde. Também ignorámos a possibilidade/necessidade de liquefação do hidrogénio para armazenamento. O hidrogénio só se liquefaz a temperaturas próximas de zero absoluto e consome cerca de um terço da sua energia específica.

    Estamos a falar, portanto, de valores de 200 € ou mais por MWh para a eletricidade do hidrogénio verde produzido nas horas de vazio a 40 €/MWh.

    Imagine-se agora se a eletricidade usada para produzir hidrogénio verde for proveniente de centrais eólicas e solares construídas para o efeito. Se essa eletricidade pode ser vendida à rede por valores entre 100 e 200 €/MWh, que sentido faz armazená-la sob a forma de hidrogénio para depois a vender a preços ainda mais altos?

    A diferença de preço do MWh elétrico entre as horas de ponta e vazio, justifica armazenar a eletricidade nas horas de vazio para disponibilizá-la nas horas de ponta, como se faz nas centrais hídricas de bombagem – mas desde que seja economicamente viável.

    Hoje em dia, porém, os estudos económicos e financeiros de viabilidade são negligenciados. Se não interessarem à política climática, alteram-se os parâmetros, penaliza-se as energias que não interessam e bonifica-se as que interessam. Tudo à custa do consumidor que vai ter de pagar a energia ao preço que for determinado pela política de transição energética e climática.

    Liquefação para exportação

    No caso de liquefação para exportação devemos considerar o rendimento de 80% da eletrólise e no máximo 70% da liquefação para chegarmos ao preço de 71 €/MWh a que se somam custos de investimento da ordem de 25 € mais lucros, mais operação, transportes, etc. e lucros. Chega-se facilmente a valores da ordem de 150 €/MWh. Depois, há o problema da distribuição no destino. Os países que importam o hidrogénio têm de criar uma rede de distribuição. E as empresas que instalam e disponibilizam estas redes também arcam com custos de investimento e querem lucrar. E terá que ser competitivo com outras alternativas. Por isso, é natural que o preço ao consumidor ultrapasse os 200 €/MWh também.

    Aqui também a política falará mais alto: se houver intenção de forçar a utilização de hidrogénio verde dão-se incentivos e subsídios e ele será imposto aos consumidores. Uma vez conquistados os consumidores com preços políticos simbólicos, eles irão pagar mais tarde ao preço real. Um pouco como aconteceu com os veículos elétricos em que nos primeiros postos de abastecimento se carregava a custo zero para depois se vir pagar a um preço superior ao da eletricidade doméstica.

    Conversão em metano e adição à rede de gás natural

    Na opção da conversão em metano o preço de entrega do metano, ou do hidrogénio, à rede de gás teria de ser competitivo com o do gás natural, mas não é. A mistura do gás natural com o metano ou com hidrogénio ficaria mais cara ao consumidor mas, como também beneficiaria das FIT e seria pago a mais de 150 €/MWH e, dependendo da quantidade injetada, o preço do gás natural ao consumidor teria de aumentar da mesma forma que o preço da eletricidade subiu em Portugal para fazer face às FIT elétricas das eólicas e solares. Dos atuais 50 €/MWh poderia passar-se para 100 €/MWh, o que faria muita gente optar, com vantagem, pela eletricidade a 140 €/MWhm.

    Combustível para veículos elétricos

    Por último, vejamos como seria se o hidrogénio verde servisse apenas como combustível para veículos elétricos alimentados por pilhas de combustível, tecnologia bastante imatura ainda.

    Partindo dos mesmos 40 €/MWh da eletricidade das horas de vazio, após eletrólise e liquefação, subiria para os mesmos 100 €/MWh, mais distribuição e comercialização e impostos. Não estaremos muito longe do preço final, se dissermos que o hidrogénio chegará ao consumidor por mais de 150 €/MWh, ou seja, 15 cêntimos por kWh.

    Em veículos elétricos equipados com pilhas de combustível com rendimento de 50% (um bom valor), com um consumo típico de 15kWh por 100 km, haveria um gasto de 4,5 euros aos 100 km.

    Um veículo com baterias de lítio (maior rendimento) poderia gastar cerca de metade deste valor. Na competição hidrogénio/baterias, o hidrogénio sai a perder.

    Mas aqui também não considerámos os investimentos e a duração das células de combustível. Um carro elétrico ainda custa mais do dobro de um carro a gasolina ou diesel. Um carro com pilha de combustível não é ainda comum e de certo vai custar mais que um elétrico a baterias, sendo a duração das pilhas de combustível uma incógnita.

    Mas esta é, na nossa análise simples (que careceria de cálculos mais detalhados) a única aplicação que pode fazer mais sentido para o hidrogénio verde – desde que obtido a partir de eletricidade barata, das horas de vazio em que ela pode custar 40 €/MWh. Mas nunca abastecida por centrais eólicas ou solares dedicadas à eletrólise porque a eletricidade que produzem pode ser vendida diretamente à rede por 100 a 200€/MWh.

    De facto, o preço considerado de 40 €/MWh é um preço de mercado e não significa que a produção de eletricidade verde (eólica e solar) não esteja a ser paga a 100 ou 200 €. A diferença é paga pelo consumidor.

    Conclusão

    O hidrogénio verde é ainda uma miragem. Para ser viável era preciso que o custo do investimento fosse consideravelmente mais baixo (a bombagem de água custa 10 vezes menos) e o custo da eletricidade verde fosse tão baixo quanto possível. O hidrogénio verde, mesmo numa perspetiva de futuro longínquo, é uma aposta de casino. Como explicámos, o resultado não convém nem ao País, nem aos consumidores. Contudo, os cidadãos são amedrontados com o catastrofismo do aquecimento global e da ameaça do CO2 para deixar passar estes negócios da plutocracia reinante e bem falante.

    O resultado certo será passarmos a ter a energia – toda ela! – mais cara. A política energética desastrosa de José Sócrates com as renováveis, é agora repetida por António Costa com esta nova história rosa do hidrogénio verde.

    Henrique Sousa
    Editor de Energia e Ambiente do Inconveniente

    terça-feira, 27 de abril de 2021

    A escola que governa a Grã-Bretanha.

    Um novo livro de memórias relembra a vida no Eton College - a escola para os mais poderosos e privilegiados do país. John Self analisa como ele conquistou a imaginação dos escritores por décadas.

    Alunos Eton

    A poucos quilómetros de Heathrow, o aeroporto mais movimentado da Europa, fica a escola mais famosa da Grã-Bretanha. O Eton College, um colégio interno para meninos na cidade de Windsor, no extremo oeste de Londres, tem capturado a imaginação britânica em filmes, livros e TV por décadas. Por que deveria ser assim?

    Será porque Eton é o cadinho para gerações de líderes políticos, com 20 dos 55 primeiros-ministros britânicos educados lá, incluindo o primeiro, Robert Walpole, e o último, Boris Johnson? Só isso já lhe dá um nível de fama que se Auto perpetua. Ou é a longa história da escola (ela foi fundada há quase 600 anos), o preço de uma educação lá (£ 42.500 ou $ 58.000 por ano), suas tradições ou mesmo seu uniforme, para o qual cartolas eram usadas ainda na década de 1960 e casacos de cauda ainda são?

    Gerações de líderes britânicos - incluindo o atual primeiro-ministro Boris Johnson - frequentaram a prestigiosa escola (Crédito: Getty)
    Gerações de líderes britânicos - incluindo o actual primeiro-ministro Boris Johnson - frequentaram a prestigiosa escola (Crédito: Getty)

    Esses elementos encorajam a mitificação e um senso da escola como um mundo à parte, uma fantasia fictícia de educação superior transmitida por gerações de famílias cuja riqueza, como o velho escritor Etoniano James Wood disse , "se estendia até agora, a origem de sua prosperidade era invisível." A realidade corresponde às histórias contadas - e aos livros escritos - sobre a escola que governa a Grã-Bretanha?

    Bem, nem todo mundo que compareceu a Eton se encaixa nos moldes. Este mês, vemos a publicação de One o Them: Na Eton College Memoir, do escritor, podcaster e músico Musa Okwonga. Quando ele estudou na Eton de 1993 a 1998, Okwonga era um dos poucos meninos negros da escola. O livro é sua contribuição para uma "exploração de raça e classe" na Grã-Bretanha, com o fundamento de que "para entender para onde estamos indo como sociedade, precisamos entender como chegamos aqui".

    Um fato notável em One o Them é que Okwonga não foi enviado a Eton por uma família faminta para ajudá-lo: em vez disso, ele pediu à mãe que o enviasse depois de assisti-lo em um documentário de TV e de visitá-lo em uma viagem escolar. "Eu estava ciente", disse ele à BBC Culture, "do que a educação leva para você, aonde quer que você vá, mesmo que você saia de um país." Sua família era formada por refugiados de classe média de Uganda e "pensei, esse é o tipo de educação que leva a qualquer lugar". Além disso: ele compartilha seu aniversário (11 de outubro) com a data de fundação da escola. "Era para ser!" ele diz.

    Okwonga trouxe consigo um nível Etoniano de ambição: suas memórias mostram como ele levou a sério sua educação custosa, calculando que estava custando a sua mãe £ 20 ($ 27,50) por dia para ele estar lá. “Basicamente, dirigi ou entrei para todas as sociedades que pude”, diz ele. "E meu dia foi cheio de tópicos, uma lista de coisas que tive de fazer naquele dia para merecê-lo." Uma característica surpreendente dessa ética de trabalho foi que ele só voltou para casa duas vezes em seus cinco anos em Eton, apesar de morar "mais perto de casa do que qualquer outra pessoa na escola".

    A autobiografia de Eton de Musa Okwonga, One of Them, relembra sua época como um dos poucos alunos negros da escola na década de 1990 (Crédito: Michel Rosenberg)
    A autobiografia de Eton de Musa Okwonga, One of Them, relembra sua época como um dos poucos alunos negros da escola na década de 1990 (Crédito: Michel Rosenberg)

    A determinação que Okwonga demonstrou é uma qualidade que vemos nos meninos mais velhos que escalaram o pólo gorduroso da política: "Ninguém aqui nos diz em voz alta que os Etonianos são líderes naturais", escreve ele. "É para isso que serve a arquitetura." Nós associamos Eton com riqueza, então são os ex-alunos ricos e famosos que chamam nossa atenção. Mas as histórias que acrescentam sabor aos fatos são freqüentemente de ficção; embora, dado o ceticismo do mundo literário em relação ao sucesso material (o fracasso é mais interessante), o retrato que um romancista faz dos meninos de Eton pode ser pouco lisonjeiro - ou pior.


    'Vilões e tolos'

    Considere aquele amável idiota Bertie Wooster, cujo status como um velho Etoniano é clássico PG Wodehouse : afetuoso em vez de cortante. Bertie freqüentou Eton com seus colegas almofadinhas Marmaduke "Chuffy" Chuffnell e G D'Arcy Cheesewright, embora mesmo no mundo de Wodehouse a escola tivesse seus padrões. Questionado em Right Ho, Jeeves se ele estava na escola com Tuppy Glossop, habitante ineficaz do Drones Club, Bertie respondeu: "Meu Deus, não. Não teríamos um sujeito assim em Eton."

    Um menino mais diretamente vilão é o arquiinimigo de Peter Pan, Capitão Hook (que, aliás, foi de Eton para o Balliol College, em Oxford, um caminho seguido por Boris Johnson). Sua educação é revelada no final da peça de JM Barrie, quando Hook pula em direção à morte por crocodilo, murmurando " Floreat Etona " ("May Eton floresce"), o lema da escola. Hook era, de acordo com um reitor da escola em 1927, "um grande Etoniano, mas não um bom", e em um discurso proferido em Eton naquele ano, Barrie observou ironicamente que "talvez tenha sido apenas porque em Oxford ele caiu entre os maus companheiros - Harrovianos. "

    O Capitão Gancho murmura o lema da escola "Floreat Etona" enquanto pula para a morte (Crédito: Getty)
    O Capitão Gancho murmura o lema da escola "Floreat Etona" enquanto pula para a morte (Crédito: Getty)

    De volta à vida real de Eton, vilões e tolos nas memórias de Okwonga são raros: Um deles é um retrato matizado de seus anos de escola e, embora "não houvesse mais do que cerca de quatro meninos negros em 1.216 alunos, o tempo todo eu estava lá ", Okwonga experimentou" não muito "racismo aberto. Em um nível, isso parece um avanço em relação a 30 anos antes, quando o autor nigeriano Dillibe Onyeama sofreu insultos racistas como o primeiro aluno negro a concluir os estudos na escola, que ele relatou em suas memórias de 1972. (Escrever sobre esses ataques Onyeama proibiu de retornar a Eton até recentemente.)

    O racismo que Okwonga experimentou foi secundário, mas não menos traiçoeiro por isso. Um menino "brincou" sobre seu bisavô, um motorista de escravos, que possuía africanos; outro disse a ele, mais tarde, "você não tem ideia do que se dizia nas suas costas sobre os negros". "Isso foi devastador", diz ele agora, porque "eu era apenas uma exceção à regra para muitas pessoas lá." Piores foram os amigos que o decepcionaram: um "deixou de lado" suas preocupações sobre se sentir exposto e visível em Eton; o pai desse amigo achava que Okwonga era "um trunfo, como um espião, colocado ali pelo governo de Uganda. Era tão bizarro para ele que um menino negro de classe média pudesse ir para Eton".

    Depois do livro de Onyeama e antes de Okwonga, a biografia mais proeminente de Eton foi Stand Before Your God (1993), do romancista Paul Watkins, autor de 18 livros, incluindo a série do Inspetor Pekkala escrita sob o nome de Sam Eastland. Suas memórias são um relato engraçado e dramático das experiências de um jovem americano tentando enfrentar uma nova vida em um novo país, depois de ser deixado por seus pais em um colégio interno quando "Juro, pensei que estava indo para uma festa." O fato de o livro ainda estar sendo publicado quase 30 anos após a publicação mostra o apetite contínuo por histórias sobre Eton.

    Watkins, cuja cor de pele combinava, mas ainda achava que outros "me colocaram em um arquivo que dizia estrangeiro", havia se inscrito na escola aos seis meses. Ele escreve que "você precisava ter frieza" para evitar ser magoado. Okwonga concorda: em One of Them ele chama de "a máscara". Isso, diz ele à Cultura da BBC, significa que "a realidade de estar em um colégio interno é que você não pode se dar ao luxo de discutir com as pessoas com quem precisa morar por cinco anos." . Você aprende muito rapidamente a não expressar o que está sentindo, e esse atributo permanece com você. "


    A national totem

    A "máscara" de Okwonga - a "frieza" de Watkins - é uma coisa com a qual muitos antigos Etonianos podem concordar. O ator Damian Lewis disse em 2016: "Você passa por algo que, nessa idade, define você e sua capacidade de lidar com a situação. Há uma repentina falta de intimidade com um dos pais e sua capacidade de superar isso o define emocionalmente pelo resto do sua vida." Sua crença de que Eton permite aos alunos "compartimentar sua vida emocional com tanto sucesso que podem ir direto ao topo" pode explicar essa proporção extraordinária de nossos líderes políticos que lá foram.

    Mas, como outros totens de discussão nacional, Eton se encaixa em tudo o que seus preconceitos desejam: uma fantasia de grandeza ou a coceira de ressentimento contra privilégios imerecidos. O que isso realmente nos diz sobre a Grã-Bretanha? "O problema", disse Paul Watkins à BBC Culture, "é que quando você vai para Eton, tudo o que você faz se torna um comentário social. É difícil resumir um lugar como Eton sem ofender alguém. Isso por si só fala do poder que tem sobre nós . " Acima de tudo, para ele, representa "o fascínio da Inglaterra por si mesma".

    Para Musa Okwonga, o que Eton nos diz sobre a Grã-Bretanha é "a falta de escrutínio que você obtém se você é um certo tipo de pessoa". Ele se refere aos bustos de antigos primeiros-ministros Etonianos em uma sala da escola e ao risco de "reverenciar o poder sem contexto". Também fala sobre o que ele chama de "efeito funil", em que pessoas que são "interpessoais muito boas, muito amigáveis ​​... podem, no entanto, entrar em um funil específico onde há falta de empatia por pessoas que não tiveram a sua experiência vivida." Isso soa como outro aspecto da distância emocional mencionada acima.

    E se a frieza implacável é um parâmetro, que melhor representante fictício Eton poderia ter do que o maior espião do século 20, James Bond? Nosso conhecimento do tempo de Bond na escola é limitado, mas o romance de Ian Fleming You Only Live Twice inclui um obituário escrito pelo espião mestre M quando Bond é dado como morto: "Devemos admitir que sua carreira em Eton foi breve e indistinta e, depois de apenas duas metades [termos], em decorrência [...] de algum suposto problema com uma das empregadas dos meninos, sua tia foi solicitada a retirá-lo ”.

    O romancista Ian Fleming deu a James Bond um período "breve e indistinto" na faculdade (Crédito: Getty)
    O romancista Ian Fleming deu a James Bond um feitiço "breve e indistinto" na faculdade (Crédito: Getty)

    O tempo do criador de Bond em Eton foi mais longo, mas não mais distinto. Ian Fleming seguiu o caminho tradicional para a escola - ele era filho de um velho major do Exército Etoniano - mas não teve um desempenho acadêmico e foi removido da escola por sua mãe antes que pudesse ser reprovado em sua graduação. Ele pelo menos começou sua carreira de escritor em Eton, publicando sua primeira história na revista escolar The Wyvern. Fleming também deu o nome de Blofeld ao vilão de Bond em homenagem a um antigo colega de classe, mas seus sentimentos por Eton são melhor resumidos no Vaso Troféu James Bond All Purpose Grand Challenge que ele apresentou à Old Etonian Golfing Society - que na verdade era um penico.

    Fleming não é o único escritor a ter uma relação complicada com a escola. George Orwell, que frequentou uma bolsa de estudos e cuja gravata da velha escola não combinava muito com um homem do povo, mais tarde desdenhou Eton, dizendo que embora ele fosse "relativamente feliz" na escola, ele "não trabalhou lá e aprendeu muito pouco". Em seu ensaio de 1941 O Leão e o Unicórnio, ele escreveu que "provavelmente a Batalha de Waterloo foi ganha nos campos de jogo de Eton, mas as batalhas iniciais de todas as guerras subsequentes foram perdidas lá. Um dos fatos dominantes na vida inglesa durante os últimos três quartos de século foram a decadência da capacidade da classe dominante. " A escola, decidida, mantém o Prêmio Orwell em seu nome, oferecendo vagas totalmente financiadas "para meninos talentosos cujas oportunidades de vida têm sido limitadas".


    'Um lugar de extremos'

    Mesmo para escritores que não frequentaram a Eton, isso serviu de inspiração. John le Carré lecionou lá por um ano e o descreveu como "um lugar de extremos" onde "a classe alta inglesa pode ser vista no seu melhor e no pior. Os bons alunos costumam ser brilhantes [...] e levam você aos limites do seu conhecimento. Os piores alunos ", acrescentou ele," fornecem uma visão única da mente do criminoso. " Essas eram "riquezas" para um romancista, e le Carré usou Eton como inspiração para a escola fictícia Carne em seu romance A Murder of Quality.

    Ou veja o caso de Evelyn Waugh, a invejosa cronista externa da classe alta, que provavelmente gostaria de ter ido para Eton em vez de para o humilde Lancing College. E em um ato típico de um para cima, ele enviou seu personagem Sebastian Flyte lá em seu romance mais nostálgico Brideshead Revisited. “Graças a Deus fui para Eton”, suspira Sebastian durante uma obscura discussão filosófica entre família e amigos. Sebastian, significativamente, começa o livro como o epítome do glamour, mas sofre um declínio à medida que a história avança. (Os sentimentos confusos de Waugh sobre Eton também podem ter sido influenciados pelo fato de que sua primeira esposa, também chamada Evelyn, teve um caso com um velho Etoniano.)

    Em seu romance Brideshead Revisited, Evelyn Waugh enviou o personagem Sebastian Flyte para Eton (Crédito: Alamy)

    Em seu romance Brideshead Revisited, Evelyn Waugh enviou o personagem Sebastian Flyte para Eton (Crédito: Alamy)

    Como sugere esse desfile de escritores, Eton tem sido uma estufa para o desenvolvimento literário. Como Fleming e Orwell, Paul Watkins começou a escrever em Eton e escreve em Stand Before Your God que amarrou um lápis na cabeceira da cama para poder rabiscar ideias na parede ao acordar à noite. Ele escreveu os dois primeiros rascunhos de seu romance de estreia Night Over Day Over Night at Eton, quando tinha 16 anos: "A biblioteca de Eton tem o rascunho original, que escrevi à mão", diz ele.

    O que Eton ensinou a ele? "A nobreza na busca de um objetivo", diz ele à BBC Culture, "não apenas o objetivo em si. Quando eu saí para o mundo, ninguém se importava que eu estivesse escrevendo livros até que esses livros fossem publicados." A lição mais valiosa que Eton lhe ensinou "foi ter a coragem de buscar o que eu sentia que fui criado para fazer, e não apenas o que os outros queriam que eu fizesse".

    Para Okwonga, foi uma sensação de atender às expectativas da sociedade - mas também às suas - a partir de uma educação tão privilegiada. "Eu sabia que era uma oportunidade que poucos negros têm. E acho que carreguei isso durante toda a minha carreira, esse sentimento de, 'Tenho que conquistar algo, tenho que fazer meu tempo valer a pena.'"

    "E, na verdade", continua ele, "alguém me escreveu, uma amiga que mora nos Estados Unidos. Ela disse: 'Você não desperdiçou seu talento'. O que é uma coisa muito poderosa de ser contada, porque você vai a um lugar assim, que é um grande privilégio, e você sente isso intensamente, toda semana você está lá. Você sai pelo mundo, dizendo: 'Eu tenho que fazer alguma coisa com isso'. "

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