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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

CEO INDIANO

.Quem é o não. 1 CEO na Índia?
Mukesh Ambani, CEO da Reliance Industries. Uma das pessoas mais ricas do mundo, Ambani transformou o negócio da família em uma empresa da Fortune 500.
.Quantos CEOs são da Índia?
30% das empresas da Fortune 500 têm indianos como CEO. De acordo com um estudo de 2015, um terço de todos os engenheiros do Vale do Silício (EUA) são da Índia e 10% dos CEOs de empresas de alta tecnologia do mundo são indianos.
.Qual indiano se tornou recentemente CEO?
Arvind Krishna, que assumiu o cargo de CEO da IBM em Abril de 2020 e o cargo de presidente em Janeiro de 2021. & Laxman Narasimhan, CEO da Star Bucks
.Quem é o CEO mais jovem da Índia?
Radhika Gupta. Aos 33 anos, Radhika é a CEO da Edelweiss, colocando-a na lista de jovens executivos da elite indiana.
.Quem é o CEO nº 1 do mundo?
Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, ficou em primeiro lugar no ranking global da revista CEOWORLD em todos os sectores em 2020. Ele é seguido pelo chefe da Microsoft, Satya Nadella, outro CEO indiano que lidera uma das principais empresas do mundo.
.Por que os principais CEOs são indianos?
Os índios têm experiência em lidar com diversas origens e mentalidades, o que faz parte da cultura do país. Isso torna o CEO indiano um líder diversificado, versátil e tolerante.
.Quem é o CEO mais bem pago do mundo?
Elon Musk, CEO da SpaceX e Tesla.
.Quantos principais CEOs indianos dirigem empresas em todo o mundo?
Sundar Pichai, Alfabeto; Satya Nadella, Microsoft; Parag Agarwal, Twitter; Leena Nair, Chanel; Shantanu Narayen, Adobe Inc; Arvind Krishna, IBM; Sanjay Mehrotra, Tecnologia Micron; Nikesh Arora, Palo Alto Networks e Viswas Raghavan, CEO do JP Morgan. na Europa, Oriente Médio e África.
.Qual país tem mais mulheres CEOs?
Os EUA ocupam o primeiro lugar com 4490 CEOs de 2,69 empresas, embora apenas 431% sejam mulheres. Os CEOs indianos mostram uma diversidade marginalmente melhor, com o país ocupando o segundo lugar entre os 1.67 principais países do mundo com o maior número de CEOs de tecnologia do sexo feminino.
.Quem são os CEOs indianos nos EUA?
Sundar Pichai: CEO, Google LLC & Alphabet INC., Arvind Krishna - CEO, IBM Group, Satya Nadella - CEO, Microsoft, Shantanu Narayen - CEO, Adobe Inc. e Ajaypal Singh Banga - CEO, Mastercard.
.Quem é o chefe do Google?
Desde 2019, Sundar Pichai é CEO do Google e da Alphabet, aproveitando o sucesso dos fundadores da empresa, Sergey Brin e Larry Page.
.Quem é a primeira mulher CEO indiana?
Indra Nooyi (nascida Krishnamurthy; nascida em 28 de Outubro de 1955) é uma executiva de negócios indiana-americana e Ex-presidente e CEO da PepsiCo.
.Quem é a CEO feminina mais jovem da Chanel?
A gigante dos cosméticos nomeou Leena Nair como CEO global, tornando-a a mais jovem e primeira CEO do sexo feminino após seu mandato de 30 anos na Unilever.
.O CEO é o mesmo que o proprietário?
Um CEO é um título que tem a ver com função, não com propriedade. Em termos jurídicos, este último é alguém que tem em seu nome a quase totalidade ou a totalidade das acções da empresa.
.Qual é o trabalho de um CEO?
O CEO é responsável por gerenciar as operações da empresa, incluindo delegar e direccionar agendas, impulsionar a lucratividade, gerenciar a estrutura organizacional da empresa, estratégia e comunicação com o conselho.
.Quem é o CEO mais bem pago da Índia?
Os CEOs indianos mais ricos são: Mukesh Ambani (Reliance Industries), CP Gurnani (Tech Mahindra), SN Subrahmanyan (Larsen & Toubro), Rajesh Gopinathan (Tata Consultancy Services), Pawan Munjal (Hero Motocorp), Rajiv Bajaj (Bajaj Auto), Sunil Mittal (Empresas Bharti)
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Sobre a Global Indian
Global Indian – a Hero's Journey é uma publicação online que mostra as viagens de indianos que foram para o exterior e tiveram um impacto na Índia.

Essas jornadas visam inspirar e motivar os jovens a aspirar a ir além de onde nasceram num espírito de aventura e descoberta e voltar para casa com novas ideias, capital ou rede que tenha algum impacto na Índia.




https://www.globalindian.com/pt/story/indian-ceo/

Unicórnios


Os unicórnios portugueses e mundiais


https://www.startupranking.com/top/portugal

sábado, 17 de dezembro de 2022

30 Anos PER. Obrigado, Cavaco Silva.

Hoje, se muitos dos mais desfavorecidos ainda têm a possibilidade de viver em Lisboa, Oeiras ou Cascais, muito se deve a este extraordinário legado deixado por Cavaco Silva na liderança do XII Governo

16 dez. 2022

1. PER | UM MARCO NO ESTADO SOCIAL PORTUGUÊS

Em 2023, mais precisamente a 7 de Maio, completam-se 30 anos da publicação do Decreto-Lei 163/93 – diploma que deu origem ao Programa Especial de Realojamento, vulgo PER. O PER, com a missão de erradicar “bairros de barracas” em 28 concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto foi o maior programa de promoção de habitação pública do Portugal democrático.

2. PORTUGAL ANTES DO PER

Segundo o INE, em 1981 existiam em Portugal 46 391 alojamentos familiares não clássicos, ou seja, habitações que não reuniam todas as condições de habitabilidade e que eram vulgarmente conhecidas como “barracas”. Estimava-se em mais de 100 000 o número total de pessoas a viver nestas circunstâncias.

3. LISBOA ANTES DO PER

Para quem tem memória dos finais da década de 80 e princípios da década de 90, os “bairros de barracas” eram verdadeiras chagas sociais em diversos concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. Na AML estamos a falar de bairros como o Casal Ventoso ou Musgueira em Lisboa, Pedreira dos Húngaros e Alto de Santo Catarina em Oeiras, ou as Marianas, no concelho de Cascais.

Bairros de habitações precárias, onde muitas famílias viviam privadas de dignidade pessoal e social, marcados pela má qualidade de construção, ausência de saneamento básico, de rede de água potável ou de rede eléctrica.

A pobreza, a exclusão, a segregação e a estigmatização destes bairros era evidente, assim como as graves carências higiénico-sanitárias que potenciavam a disseminação de doenças, surtos e epidemias. Estes bairros, acrescentavam à exclusão um estigma social e espacial intenso, sendo amiúde associados ao insucesso escolar, analfabetismo, alcoolismo, crime, marginalidade, toxicodependência, tráfico e consumo de droga. Urgia por cobro a esta situação.

4. O PER

“A eliminação dos bairros de barracas, promovendo o realojamento das famílias carecidas, é, neste contexto, um imperativo ético a prosseguir e um objectivo supremo a atingir.” Programa do XII Governo Constitucional.

Cientes desta realidade, a 18 de Março de 1993, em sede de reunião de Conselho de Ministros, o XII Governo Constitucional, liderado por Aníbal Cavaco Silva, aprovou o diploma que tinha como missão acabar com os “bairros de barracas” nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, o PER.

Com a execução do programa foi possível a erradicação de 986 núcleos de barracas, a construção de 34 759 fogos, 290 bairros de realojamento, o realojamento de 32 333 agregados familiares, num total de 132 181 pessoas. Todo o programa foi executado sem recurso a fundos europeus.  O actual governo, com recurso ao PRR, prevê a construção de perto de 26 mil fogos. Longe dos 34 759 de Cavaco Silva…

5. PER EM LISBOA

O PER foi peça fundamental na solução do problema social e urbano que condicionava a qualidade de vida e o bem-estar de milhares lisboetas, tendo possibilitado a demolição de cerca de uma centena de núcleos de habitações precárias. Em 1993, no âmbito do diagnóstico concretizado pelos serviços municipais de Lisboa, com vista à adesão ao PER, foram identificados 97 núcleos de barracas onde se encontravam 10 030 alojamentos precários a que correspondiam 11 129 agregados a realojar, num total de 37 299 pessoas.

No total, em cerca de 10 anos, foram construídas 9 135 habitações municipais ao abrigo do PER, em 40 conjuntos de habitação pública, dando novos horizontes a dezenas de milhares de famílias, num investimento superior a 600 milhões de euros.

6. LISBOA NÃO SERIA A CIDADE QUE É HOJE SEM O PER

Por outro lado, foi uma autêntica revolução urbanística na cidade.  O Casal Ventoso – outrora palco da miséria humana – foi completamente extinto. Onde durante décadas existiu o Bairro do Chinês temos hoje um novo empreendimento habitacional. A antiga Curraleira deu lugar a novas avenidas essenciais para a adequada mobilidade em Lisboa. A antiga Musgueira deu lugar a um dos maiores empreendimentos habitacionais da cidade, a Alta de Lisboa.

Em muitos dos novos bairros PER foram criadas esquadras, centros para a juventude e idosos, centros infantis, escolas, centros de saúde, sedes para associações, espaços comerciais e milhares de lugares de estacionamento em vários empreendimentos. A execução do PER foi acima de tudo a humanização e modernização da cidade, mas também a sua reconciliação com aqueles que durante décadas se viram privados de habitação condigna.

7. DA PATERNALIDADE DO PER

Muito se tem falado sobre a paternalidade do PER. Se por influência da presidência aberta levada a cabo pelo então Presidente da República Mário Soares, ou, se por força de alguns modelos de realojamento já existentes. Nem uma coisa, nem outra. Pois em política estamos habituados a muitas promessas e poucas execuções.

Apenas com a visão, sensibilidade social e enorme vontade política do XII Governo Constitucional foi possível executar o programa que João Soares, presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 1995 e 2002 classificou como um “um feito sem precedentes na história de Lisboa, se exceptuarmos o episódio da reconstrução pombalina da cidade da cidade, em condições bem mais trágicas”.

Sem desconsideração pelos presidentes de Câmara que aderiram ao PER, o mérito é do XII Governo Constitucional, na pessoa de Aníbal Cavaco Silva: na visão, coragem e ambição na eliminação de bairros de barracas, e devolução da dignidade de vida às centenas de milhar de realojados.

Neste contexto, não deixa de ser curioso verificar que os concelhos com menor taxa de execução do PER são aqueles que, na altura liderados pelo Partido Comunista, que por mera questão ideológica, se advogava a responsabilidade exclusiva da Administração Central na eliminação dos bairros de barracas e imperativo constitucional da atribuição de habitação digna às pessoas.   Não é por acaso que 30 anos volvidos da promulgação do PER são estes os concelhos em que persistem bairros de habitações precárias, como Cova da Moura na Amadora, Segundo Torrão em Almada, Bairro do Talude Militar em Loures, ou Santa Marta de Corroios no Seixal, apenas como exemplos. A ideologia comunista apenas manteve na pobreza quem teve a infelicidade de nascer nesses territórios.

8. CAVACO SILVA, EIS O HOMEM!

Considerando o acesso à habitação como condição essencial no combate à pobreza, não deixa de ser injusta o verificar da pouca popularidade que Cavaco Silva goza, justamente junto daqueles que mais beneficiou. Cavaco, no âmbito do PER e outras políticas públicas de habitação, foi dos políticos que mais contribuiu para a melhoria da qualidade de vida de muitos portugueses.

Aos pobres, Cavaco Silva deu casa. Guterres, Primeiro-ministro que lhe sucedeu, através do RSI, deu o dinheiro. O primeiro deu a possibilidade de se libertarem da pobreza, o segundo um conforto para ali se perpetuarem. Cavaco fez mais pelos pobres do que nenhum outro político no Portugal Democrático, em matéria de políticas de habitação e combate à pobreza.

E não foi apenas pelos mais desfavorecidos, foi também pelos 28 concelhos envolvidos no PER, fomentando a harmonização urbanística dos territórios e sua modernização, com a eliminação dos bairros de barracas.

Num momento em que muito se fala da falta de gratidão por quem honra o nome de Portugal seria justo a homenagem do país ao Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva sobre este legado ímpar na história da democracia portuguesa, no cumprimento de um imperativo constitucional – o direito à habitação. Hoje, se muitos dos mais desfavorecidos, ainda têm a possibilidade de viver em concelhos como Lisboa, Oeiras ou Cascais, muito se deve a este extraordinário legado deixado por Cavaco Silva na liderança do XII Governo Constitucional.

E sendo hoje o problema do acesso à habitação o maior problema social e sociológico do país é também lamentável que o PSD, maior partido da oposição e ligado ao PER, não saiba erguer este legado em prol dos portugueses.

Obrigado, Cavaco Silva!

José Luís Tavares

Licenciado em Sociologia e Planeamento

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Quanto carvão há nos Estados Unidos?

A quantidade de carvão que existe nos Estados Unidos é difícil de estimar porque está enterrada no subsolo. Em 1975, o US Geological Survey (USGS) publicou a avaliação nacional mais abrangente dos recursos de carvão dos EUA, que indicava que, em 1º de janeiro de 1974, os recursos de carvão nos Estados Unidos totalizavam 4 trilhões de toneladas curtas. Embora o USGS tenha realizado avaliações regionais mais recentes dos recursos de carvão dos EUA, uma nova avaliação em nível nacional dos recursos de carvão dos EUA não foi realizada.

A US Energy Information Administration (EIA) publica três medidas de quanto carvão resta nos Estados Unidos. As medidas são baseadas em vários graus de certeza geológica e na viabilidade econômica da mineração do carvão.

As estimativas da EIA para a quantidade de reservas de carvão em 1º de janeiro de 2022, por tipo de reserva são:

    • A Base de Reserva Demonstrada (DRB) é a soma do carvão nas categorias de recursos medidos e indicados de confiabilidade. O DRB representa 100% do carvão in loco que poderia ser extraído comercialmente em um determinado momento. A EIA estima o DRB em cerca de 471 bilhões de toneladas curtas, das quais cerca de 69% é carvão lavrável subterrâneo.

    • As reservas recuperáveis ​​estimadas incluem apenas o carvão que pode ser extraído com a tecnologia de mineração atual, após considerar as restrições de acessibilidade e os fatores de recuperação. A EIA estima as reservas recuperáveis ​​de carvão dos EUA em cerca de 251 bilhões de toneladas curtas, das quais cerca de 58% são carvão lavrável subterrâneo.

    • As reservas recuperáveis ​​nas minas produtoras são a quantidade de reservas recuperáveis ​​que as empresas de mineração de carvão relatam à EIA para suas minas de carvão nos EUA que produziram mais de 25.000 toneladas curtas de carvão em um ano. A EIA estima essas reservas em cerca de 12 bilhões de toneladas curtas de reservas recuperáveis, das quais 53% são carvão lavrável de superfície.

        Com base na produção de carvão dos EUA em 2021, de cerca de 0,577 bilhão de toneladas curtas, as reservas recuperáveis ​​de carvão durariam cerca de 435 anos, e as reservas recuperáveis ​​nas minas produtoras durariam cerca de 21 anos. O número real de anos que essas reservas durarão depende das mudanças nas estimativas de produção e reservas.

        EIA.ORG

        Qual é a quantidade de reservas mundiais de carvão?

        Em 31 de Dezembro de 2021, as estimativas do total mundial de reservas comprovadas de carvão eram de cerca de 1,161 bilhão de toneladas curtas (ou cerca de 1,16 trilhão de toneladas curtas), e cinco países tinham cerca de 75% das reservas provadas de carvão do mundo.

        • Os cinco principais países e sua participação percentual nas reservas mundiais comprovadas de carvão em 31/12/2021 foram:
        • Estados Unidos 22%
        • Rússia 15%
        • Austrália 14%
        • China 14%
        • Índia 11%

        Última actualização: 19 de Outubro de 2022 com os dados mais recentes disponíveis no momento da actualização. EIA.GOV

        Carvão explicado

        Carvão leva milhões de anos para se formar

        O carvão é uma rocha sedimentar preta ou acastanhada combustível com uma grande quantidade de carbono e hidrocarbonetos. O carvão é classificado como uma fonte de energia não renovável porque leva milhões de anos para se formar. O carvão contém a energia armazenada por plantas que viveram centenas de milhões de anos atrás em florestas pantanosas.

        Camadas de terra e rocha cobriram as plantas ao longo de milhões de anos. A pressão e o calor resultantes transformaram as plantas na substância que chamamos de carvão.



        Tipos de carvão

        O carvão é classificado em quatro tipos principais, ou categorias: antracito, betuminoso, subbetuminoso e linhita. A classificação depende dos tipos e quantidades de carbono que o carvão contém e da quantidade de energia térmica que o carvão pode produzir. A classificação de um depósito de carvão é determinada pela quantidade de pressão e calor que atuou nas usinas ao longo do tempo.

        O antracito contém 86% a 97% de carbono e geralmente tem o maior poder calorífico de todos os tipos de carvão. O antracito representou menos de 1% do carvão extraído nos Estados Unidos em 2021. Todas as minas de antracito nos Estados Unidos estão no nordeste da Pensilvânia. Nos Estados Unidos, o antracito é usado principalmente pela indústria metalúrgica.

        O carvão betuminoso contém 45%–86% de carbono. O carvão betuminoso nos Estados Unidos tem entre 100 milhões e 300 milhões de anos. O carvão betuminoso é o tipo mais abundante de carvão encontrado nos Estados Unidos e representou cerca de 45% da produção total de carvão dos EUA em 2021. O carvão betuminoso é usado para gerar eletricidade e é um importante combustível e matéria-prima para fazer carvão de coque ou uso na indústria de ferro e aço. O carvão betuminoso foi produzido em pelo menos 16 estados em 2021, mas cinco estados responderam por cerca de 78% do total da produção betuminosa: West Virginia (30%), Pensilvânia (16%), Illinois (14%), Kentucky (10%), e Indiana (7%).

        O carvão subbetuminoso normalmente contém 35% a 45% de carbono e tem um poder calorífico inferior ao carvão betuminoso. A maior parte do carvão subbetuminoso nos Estados Unidos tem pelo menos 100 milhões de anos. Cerca de 46% da produção total de carvão dos EUA em 2021 foi sub-betuminosa e cerca de 88% foi produzida em Wyoming e 8% em Montana. O restante foi produzido no Alasca, Colorado e Novo México.

        Lignite contém 25%-35% de carbono e tem o menor teor de energia de todas as categorias de carvão. Os depósitos de carvão de linhita tendem a ser relativamente jovens e não foram submetidos a calor ou pressão extremos. A linhita é quebradiça e possui alto teor de umidade, o que contribui para seu baixo poder calorífico. A lignite representou 8% da produção total de carvão dos EUA em 2021. Cerca de 56% foi extraído em Dakota do Norte e cerca de 36% foi extraído no Texas. Os outros 8% foram produzidos em Louisiana, Mississippi e Montana. Lignite é usado principalmente para gerar eletricidade. Uma instalação em Dakota do Norte também converte linhita em gás natural sintético que é enviado em gasodutos para consumidores no leste dos Estados Unidos.

        Última atualização: 19 de outubro de 2022 com os dados mais recentes disponíveis no momento da atualização.

        https://www.eia.gov/energyexplained/coal/

        quinta-feira, 20 de outubro de 2022

        Restrições de fornecimento podem frear lançamentos de veículos eléctricos.

        “Será impossível que muitas metas de veículos eléctricos sejam alcançadas” no caminho actual, diz o director de pesquisa da Wood Mackenzie, Gavin Montgomery.

        JASON DEIGN 25 DE JULHO DE 2019

        Os investimentos em projectos de mineração para apoiar os principais materiais para baterias podem chegar tarde demais para atender à crescente demanda, diz uma nova pesquisa, alimentando temores de uma crise de materiais de bateria.

        As restrições da cadeia de suprimentos podem começar a afectar em meados da década de 2020, de acordo com o mais recente  Global Battery Raw Materials Long-Term Outlook da Wood Mackenzie .

        Parte do motivo é que os preços de muitos materiais importantes caíram nos últimos meses, tirando o incentivo para as mineradoras investirem em novos projectos.

        Os preços spot do carbonato de lítio, por exemplo, caíram quase US$ 7.000 por tonelada desde Junho de 2018, ou cerca de 40%.

        E o preço do cobalto, que vem principalmente da problemática República Democrática do Congo (RDC), caiu “mais com uma queda do que com um declínio constante” no primeiro semestre de 2019, disse Gavin Montgomery, director de pesquisa de matérias-primas para baterias. na WoodMac.

        Os baixos preços do cobalto podem adiar alguns projectos de minas e provavelmente resultarão na redução da produção artesanal da RDC, disse Montgomery. O preço mais forte necessário para incentivar novos projectos pode demorar algum tempo, já que o sector está enfrentando um excesso de oferta de intermediários de cobalto que pode durar pelo menos até 2024.

        As baterias continuam a ficar maiores e, portanto, exigem mais materiais. É possível que uma potencial escassez futura possa ser evitada com novas tecnologias de bateria que usam menos metais em risco. Caso contrário, as metas em vigor em muitos países para expandir os veículos eléctricos e reduzir os motores de combustão interna podem estar ameaçadas, disse Montgomery.

        As vendas totais de veículos eléctricos para passageiros, incluindo veículos eléctricos híbridos, aumentaram mais de 24% no ano passado, diz WoodMac. A empresa de pesquisa de mercado espera que os veículos eléctricos representem 7% de todas as vendas de carros de passeio em todo o mundo até 2025, subindo para 14% até 2030 e 38% até 2040.

        A pesquisa da WoodMac reforça preocupações de longa data sobre como o sector de mineração lidará com a demanda sem precedentes por materiais de bateria, alguns dos quais tiveram uso limitado até agora.

        Uma análise recente de John Petersen, director não executivo da empresa de mineração de manganês Giyani Metals, apontou o cobalto, em particular, como estando em risco porque a China controla a maior parte do fornecimento que vai para as baterias.

        “Em algum ponto da segunda metade da próxima década, não haverá uma cadeia de fornecimento de cobalto confiável para nenhuma empresa não chinesa que fabrique baterias para transporte e aplicações estacionárias”, previu Petersen.

        Simplesmente muita demanda?

        Além das preocupações com a oferta de curto prazo, que está amplamente relacionada à taxa em que novas minas podem entrar em operação, alguns especialistas expressam preocupação de que o crescimento maciço na demanda de baterias possa superar as reservas disponíveis comercialmente.

        No mês passado, por exemplo, um grupo de cientistas no Reino Unido liderado pelo chefe de ciências da terra do Museu de História Natural, professor Richard Herrington, alertou que atingir a meta de EV de 2050 do país exigiria uma quantidade de metais muito além do escopo da mineração global de hoje. operações.

        “Nós precisaríamos produzir pouco menos de duas vezes a actual produção mundial anual total de cobalto, quase toda a produção mundial de neodímio, três quartos da produção mundial de lítio e pelo menos metade da produção mundial de cobre”, disseram os pesquisadores .

        Outras fontes descartaram tais preocupações, no entanto, e chamaram a análise de enganosa.

        “O que muitos estudos e previsões não levam em conta é o uso de tecnologia e processos inovadores que estarão em vigor bem antes de 2050”, disse Jayson Dong, director de políticas da Associação Europeia de Eletromobilidade.

        As reservas existentes e potenciais de metais “serão capazes de atender a demanda”, afirmou. No entanto, ele pediu investimento e regulamentação para apoiar a reciclagem de baterias e aplicações de segunda vida.

        Logan Goldie-Scot, chefe de armazenamento de energia da Bloomberg New Energy Finance, disse que a análise do Museu de História Natural “é bastante enganosa porque está olhando para uma meta de demanda futura de longo prazo e não assumindo nenhuma mudança na oferta”.

        Não é assim que qualquer indústria de recursos já evoluiu, disse ele. “Há uma enorme quantidade de investimento e expansão acontecendo para lítio, níquel [e] cobalto no momento”, comentou ele.

        A estimativa de oferta de lítio sem risco da Bloomberg New Energy Finance “é suficiente para suprir confortavelmente a demanda global de baterias até meados da década de 2020, pelo menos”, disse Goldie-Scot.

        “Além disso, você não tende a ver novos anúncios de fornecimento daqui a alguns anos, e é por isso que você não consegue prever qual mina fornecerá lítio em 2035.”

        https://www.greentechmedia.com/articles/read/supply-constraints-could-put-the-brake-on-electric-vehicle-rollouts#gs.sgwzez

        segunda-feira, 29 de agosto de 2022

        Primeiras carruagens “made in Portugal” para a CP prontas em 2025

        CP está envolvida em consórcio do PRR para fabricar novas unidades no serviço Intercidades. Caderno de encargos para comboios de alta velocidade está quase pronto.

        As primeiras carruagens do comboio made in Portugal para a Comboios de Portugal (CP) estarão prontas no final de 2025. A data foi avançada por Mário Florentino Duarte, presidente do conselho de administração da Sermer II (empresa que lidera o consórcio encarregue da produção).

        . O veículo poderá ser utilizado no serviço Intercidades da Comboio de Portugal e terá três carruagens: uma de primeira classe; uma de segunda classe com bar; e uma de segunda classe apenas com salão de passageiros.

        “Daqui a três anos vamos estar a mostrar o primeiro comboio português. Teremos pronta a produção em série de três carruagens”, avança Mário Florentino Duarte, citado pelo “Eco”.

        Os vagões incluem a tecnologia push-pull, ou seja, podem integrar composições formadas por uma locomotiva que reboca um conjunto de carruagens num sentido e empurra-as no sentido contrário. Desta forma, as manobras de inversão serão mais fáceis e o comboio terá a “flexibilidade de uma automotora”.

        Com um investimento de 58 milhões de euros, o consórcio liderado pela Sermer II conta com um total de 13 empresas e foi um dos primeiros grandes projetos a receber apoios financeiros das agendas mobilizadoras, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência português.

        segunda-feira, 15 de agosto de 2022

        Lítio

        Mas afinal, quais são – na óptica dos ambientalistas – os impactos associados à exploração de Lítio? Os opositores à extracção alegam os seguintes problemas:


        Visuais –
        O desmonte a céu aberto vai levar à descaracterização da paisagem e provocar impactos visuais pelo contraste entre a área explorada e o meio envolvente;


        Na morfologia do terreno –
        o desmonte altera a morfologia com a abertura das cortas;


        Alteração do da ocupação e uso do solo –
        que era agrícola e florestal e que passará a ter uso extractivo;


        Sociais –
        decorrentes da alteração das actividades económicas existentes (agricultura, floresta);

        Contaminação dos solos por derrames de combustíveis e óleos lubrificantes devido à circulação de equipamentos;

        Mas a lista de problemas detectados pelos ambientalistas não termina aqui. Falam ainda em malefícios como:

        A deposição de resíduos (baterias, pneus, óleos usados) colocados indiscriminadamente no terreno;


        Hidrologia de Superfície –
        alterações nas linhas de água pelas depressões associadas à exploração do minério. A escavação altera o normal escoamento das linhas de água;

        Depósitos de terras colocados na envolvente das linhas de água podem provocar a sua obstrução pela erosão, levando à deposição dos sedimentos nos vales;


        Hidrologia subterrânea –
        interferência nos circuitos hidráulicos subsuperficiais e rebaixamento de poços e captações;

        Qualidade das águas afectada pela infiltração e percolação de derrames de combustíveis e óleos;

        Acumulação de resíduos industriais;

        As escombreiras atravessadas pelas águas da chuva podem provocar contaminação física com o aumento das partículas em suspensão.

        https://jornaldiabo.com/destaque/litio-divide-ambientalistas-e-empresas/

        Mais uma inexplicável vulnerabilidade estratégica do Ocidente Alargado

        Taiwan domina a oferta mundial de chips de alta tecnologia – não é de admirar que os EUA estejam muito preocupados…

        Existem peculiaridades nesta curta visita de Nancy Pelosi à Ilha Formosa assim designada pelos navegadores portugueses – que chegaram ao Sudeste Asiático em 1513 e estabeleceram na ilha, em 1600, um entreposto comercial, em pleno período dos Filipes. Hoje, a ilha é conhecida como Taiwan.

        De facto, esta ilha tem sido praticamente em todos os aspectos independente da China. Os primeiros chineses que nela se instalaram fizeram-no apenas no século XIV, povoando tão só o seu litoral sul. As populações indígenas que lá viviam viram-se acantonadas no século XVII, por acção de mais gente Han vinda da China. Desde finais do século XIX, quando foi colonizada pelo Japão, que não é, de facto território chinês, muito embora tenha sido amparo dos nacionalistas, comandados por Chiang Kai-Shek aquando da sua fuga da China, da qual era Presidente, no seguimento da revolução comunista liderada por Mao Tse Tung, que acabou por o afastar do poder, no final dos anos quarenta do século XX. Mais tarde, na ilha que nunca aceitou a liderança de Pequim, Chiang Kai-Shek conduziu Taiwan, como Presidente entre 1950 até 1975. Em boa verdade, a China continental, tanto a imperial como a republicana, nunca foi a entidade soberana de Taiwan, limitando-se a colonizá-la com camponeses. Mas quer sê-lo. Lá chegaram primeiro os Espanhóis e depois os Holandeses, em 1641, um ano depois da nossa Restauração. Em 1661 a China regressou à Formosa, reiniciando um processo lento de colonização agrícola e comercial. Historicamente o domínio do Império do Meio sobre a Formosa foi sol de pouca dura: em 1895, a colónia de camponeses Han foi cedida ao Japão, depois da sangrenta Guerra Sino-Japonesa. E em 1949, foram os nacionalistas provenientes de Pequim quem a declarou como sua, depois da barbárie da Segunda Guerra Mundial e do abandono/expulsão de Tóquio e da Grande Esfera de Co-Prosperidade Leste Asiática. Um curto mas extenso império marítimo japonês que o Imperador Hiroito logrou impor numa enorme região que ia de Sri Lanka à Birmânia, a Singapura, a Macau, às Filipinas, a Hong-Kong, à Manchúria, a Nanking, à Indonésia e a Timor. Chegou finalmente Chiang Kai-Shek. Então sim, passou a haver e há governo em Taipé, a capital.

        Mas falemos do presente. Da polémica e curta visita a Taiwan de Pelosi, é forçoso dar o devido relevo a uma reunião muito especial. Uma reunião cuidadosamente preparada e à qual não foi dado, com intencionalidade propositada, o destaque necessário. Tratou-se de uma discreta reunião de Nancy Pelosi com Mark Lui, presidente da Taiwan Semiconductor Manufacturing Corporation, mundialmente conhecida por TSMC. O que teve água no bico, como iremos ver.

        A TSMC sedia só e mais nada a maior e mais avançada fábrica de chips semicondutores do mundo, cuja sede e principais operações se localizam no Hsinchu Science Park, Taiwan. Curiosamente, a TSMC é a primeira fábrica a produzir os tão essenciais chips de 5 e 7 nanómetros, com várias aplicações digitais conhecidas de que é exemplo o microprocessador Apple A14. Diga-se em abono da verdade que estamos em presença do maior fabricante de chips do mundo.

        De facto, não terá sido por mero acaso que esta viagem da Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA e terceira figura da hierarquia do Estado norte-americano – caso desapareçam o Presidente e a Vice-Presidente fica ela com o cargo – acabou por coincidir com os esforços dos Estados Unidos para persuadir a TSMC (da qual os EUA e todo o ocidente são fortissimamente dependentes) a construir um centro de produção em solo americano e a solicitar que seja interrompida a exportação de chips mais evoluídos destinados a empresas da China (designadamente os chips mais avançados da produtora de ponta, a Intel).

        Não? Sim. O próprio Congresso dos EUA, contrariamente ao que é habitual, aprovou recentemente o “CHIPS and Science Act ”, que prevê subsidiar em US$ 52 biliões o fabrico de chips em território americano, apenas com uma condição importante: as empresas subsidiadas devem comprometer-se a não exportar semicondutores da última geração para empresas chinesas. A intenção foi clara e Nancy Pelosi levou a Carta a Garcia.

        O apoio norte-americano a Taiwan que inicialmente se terá fundamentado na oposição às teorias geopolíticas do Heartland de que são exemplo os escritos de Halford Mackinder (no seu terceiro modelo, escrito em 1943 e

        apresentado com a devida pompa e circunstância na London School o Economics, onde ele era professor e da qual tinha sido um dos Fundadores). Tratou-se de um modelo que referia tão simplesmente que “quem dominar o Heartland dominará, the Island World e, daí, dominará o mundo”. Descodificando: para Mackinder o Heartland era o enorme continente Eurásia rodeado de tudo o resto (que ele apelidou de the Island World), de algum modo cartografando uma nova complexidade de uma interdependência global num novo quadro geopolítico, cuja compreensão tinha como essencial para o Reino Unido manter um Império Britânico em descalabro. Não teve sucesso.

        Assim, e por oposição às teorias baseadas no poder continental, centrífugas por natureza, os EUA professaram desde sempre, apenas com exceção do período em que foi seguida a Doutrina Monroe do isolacionismo anti-europeu, essencialmente as teorias geopolíticas de Nicholas Spykman, um professor em Yale que, curiosamente morreu no mesmo ano de 1943, teorias essas que advogavam, não o controlo de continentes, mas antes um bloqueio às potências do Heartland através do domínio de um cordão contínuo de ilhas e países ribeirinhos a que na nomenclatura geopolítica se atribui a designação de “Rimland” (o rebordo). Aí houve algum sucesso. Esta postura esteve sempre na origem das intervenções norte-americanas na Ásia e mesmo na Europa, com destaque para a Coreia o Vietnam, o Reino Unido, o Hawaii, Guam, o Japão, e a Indonésia. O controlo do mundo dependeria, nesta nova perspetiva, dos bloqueios marítimos e não do domínio dos continentes. Taiwan, desde 1949, e da criação da República Popular da China, tornou-se chave.

        Contudo, nos últimos anos, a autonomia de Taiwan tornou-se em algo mais, num verdadeiro interesse vital para os EUA, não apenas em virtude da prossecução das teorias geopolíticas de contenção das potências ditas continentais, mas também e sobretudo porque é nesta ilha que se produz a maioria dos semicondutores, dos quais a nossa sociedade hoje e cada vez mais digitalizada tanto depende. Os semicondutores – comummente designados por chips, são hoje parte integrante de praticamente todos os atos das nossas vidas quotidianas. Do uso dos mais pequenos eletrodomésticos, passando pelos nossos automóveis, computadores, sistemas bancários, bitcoins, sistemas de acesso às redes de dados, ou seja praticamente tudo que nos permite viver a vida a que estamos habituados e de que não queremos, de forma alguma, abdicar.

        Além disso estão na base da tecnologia que permite produzir as mais letais, mais precisas, mais modernas e mais inteligentes e sofisticadas armas militares. Caças de interceção das da 5ª e da 6ª geração de que é exemplo o projeto “New Geneation Air Defense” (NGAD), novos carros de

        combate, munições inteligentes, domínio aeroespacial, redes de satélites com capacidade para rastrear armas hipersónicas e muitas outras novidades tecnológicas, apenas passíveis de produzir tendo acesso sem restrições aos mais avançados chips. A Internet 5G e mesmo os novos projetos 6G permitirão que uma gama multifacetada de dispositivos, se e quando lograrem ligar-se entre si, assentes em sistemas de baixíssima latência (aquilo que muitos autores vêm designando por “the Internet of Things”, a Internet das Coisas).

        E não é que a coisa resulta? No domínio estritamente militar tal tem vindo a provocar uma verdadeira revolução, uma nova geração de sensores e armas completamente ligadas em rede e com capacidade de resposta muitas vezes autónoma e baseada em sistemas dotados de inteligência artificial.

        O problema é que as decisões de décadas atrás estão agora a provocar efeitos nefastos.

        Nem tudo que a globalização e a consequente deslocalização de tecnologias de ponta para locais onde abundava a mão-de-obra barata foram vistas como, e foram mesmo, vantagens. No curto prazo proporcionaram às empresas de ponta do Ocidente vultuosos lucros e a nós consumidores o acesso a bens tecnológicos a preços muito competitivos. No médio e longo prazo e porque o desenvolvimento económico nem sempre significa o caminho mais seguro para sociedades livres, tolerantes e democráticas, acabou por nos criar vulnerabilidades estratégicas que deveriam ter sido previstas por quem teve a responsabilidade de nos liderar nesses momentos em que se pensou que a globalização era o remédio para todos os problemas do mundo, incluindo a erradicação das ditaduras! No curto prazo, sim, mas nada de mais errado nos longo e médio prazos.

        Infelizmente foi, e os decisores só agora, demasiado tarde, se encontram a tentar corrigir o erro. O neoliberalismo económico falou mais alto e de momento trata-se sobretudo de mitigar os problemas que poderiam e deveriam ter sido previstos e consequentemente evitados.

        As empresas de investigação e desenvolvimento de chips dos EUA, de que torno a destacar a Intel, só muito tarde se aperceberam da terrível dependência das cadeias de abastecimento asiáticas para a produção deles, incluindo os mais avançados. Sem querer pecar por reducionismo economicista, mas para ser mais preciso: Taiwan, sozinha, representa 63% da produção de mundial de chips, e a TSMC cerca de 53%. Já se percebeu e citando o Relatório do Governo dos 100 dias de Joe Biden que “Os Estados Unidos são fortemente dependentes de uma única

        empresa – TSMC – para produzir seus chips de ponta”. O facto de que apenas a TSMC e a Samsung da Coreia do Sul serem as entidades capazes de fabricar os semicondutores mais avançados, argumentou o Presidente norte-americano, “coloca em risco a capacidade de suprir as necessidades atuais e futuras de segurança nacional e toda a infraestrutura crítica dos EUA”.

        Ao que parece a política de uma só China até agora não contestada por Washington poderá ter os dias contados! A simples ideia da China se reunificar com Taiwan, no curto prazo, põe a administração norte-americana com os cabelos em pé. Muito embora no Comunicado de Xangai de 1971 e na Lei de Relações de Taiwan de 1979 os Estados Unidos da América tenham reconhecido a existência de uma só China, de momento, parece que para os EUA e mesmo para o mundo Ocidental seja inconcebível e inaceitável que a TSMC possa cair em mãos chinesas – pelo menos enquanto não forem construídas alternativas a esta tão absurda quão incompreensível vulnerabilidade estratégica.

        As potenciais consequências? Neste momento arriscamo-nos a ter de correr atrás do prejuízo. O mundo Ocidental andou em verdadeira roda livre, vendo apenas as vantagens imediatas da globalização, acreditando de forma algo “naive” que os mercados se auto-regulavam com base na lei da oferta e da procura e que o desenvolvimento económico seria a panaceia para as autocracias e que abriria, por si só, o caminho à democracia e aos ideais da liberdade no mundo. Nada de mais errado! Apenas comparável à estranha dependência energética de muitos países da Europa Ocidental no que diz respeito ao gás e ao petróleo russos. Também aqui poderemos estar a engordar um potencial inimigo, por ora apenas designado como “desafio” no novo Conceito Estratégico da NATO, acordado há menos de um mês em Madrid.

        É tempo de ver mais longe, de pensar nas vantagens e desvantagens de médio e longo prazo e deixar de pensar exclusivamente no lucro fácil e nas vantagens políticas imediatistas. Lessons should be learned. O mundo Ocidental necessita, hoje, de verdadeiros líderes capazes de explicar aos seus concidadãos que por vezes há que tomar decisões impopulares para acautelar o futuro das novas gerações e não lhes criar vulnerabilidades castradoras da sua liberdade de ação.

        Muito embora segundo Nancy Pelosi - conhecida defensora dos ideais democráticos e campeã da defesa dos Direitos Humanos, cuja Declaração Universal foi desenhada, na ONU, pelo State Department e por Eleanor Roosevelt e o seu amante francês - a delegação do Congresso dos EUA tenha ido a Taiwan para tornar claro que Washington não abrirá mão do seu compromisso em apoiar esta Ilha de pouco mais de vinte milhões de

        habitantes. Bem como o esforço em preservar a democracia e os ideais da liberdade da ilha-Estado e em todo mundo permanece inabalável. A verdade é que no Extremo Oriente estamos por enquanto, sobretudo, perante uma guerra de caráter tecnológico.

        Por esse motivo, os EUA têm tentado trazer a TSMC para o seu território no sentido de colmatar esta vulnerabilidade, incrementando a sua capacidade de produção doméstica de chips. O controlo desta empresa crucial alcandorou Taiwan a um patamar de importância estratégica sem precedentes. E provavelmente aumentará as tensões existentes entre os EUA e a China no que toca ao status quo desta ilha nossa aliada.

        Para já, porque as capacidades de defesa da Ilha Formosa, que com os seus vinte e três milhões de habitantes é tão-somente a décima oitava economia mundial no que toca ao poder real de compra e a oitava na Ásia, não são negligenciáveis. Além de que o apoio dos EUA estaria imediatamente disponível, dada a firme garantia de segurança disponibilizada desde sempre por Washington a Taipé, esperando por isso que os exercícios de demonstração de capacidades da China terminem domingo, dia 7 de agosto e não passem daí.

        Assim seja.

        Opinião de

        Isidro de Morais Pereira

        Major-general

        sexta-feira, 8 de julho de 2022

        O calamitoso isolamento da ferrovia portuguesa

        Há uma semana procurei demonstrar as razões porque António Costa se transformou no coveiro da economia portuguesa. Entretanto, é claro que ele não está sozinho e são vários os ajudantes que colaboram entusiasticamente na missão de promover o nosso atraso no contexto dos outros países europeus. Um é um homem da casa, Pedro Nuno Santos, e outro é uma nova aquisição, o ministro da Economia, António Costa Silva.

        Pedro Nuno Santos, ministro das Infra-estruturas e da Habitação, já o sabemos, é um especialista da meia-verdade e da obscuridade. Na questão da TAP, a empresa apresentou um prejuízo de 1600 milhões de euros num único ano e o ministro, em vez de explicar as razões e informar os portugueses dos planos da companhia para alterar a situação de constantes prejuízos no bolso dos portugueses, afirma que tudo vai bem e que haverá lucros no futuro, só não diz quando. É ainda um especialista em não responder às inquietações dos empresários, mesmo as mais óbvias, como, por exemplo, como pensa o Governo fazer chegar os comboios portugueses ao centro da Europa, ou permitir que os comboios europeus cheguem a Portugal. Ou qual o tempo de vida do aeroporto Humberto Delgado, como condição necessária para decidir sobre a necessidade de um novo aeroporto e que aeroporto.


        Em presença da opção sistemática dos investidores internacionais pela Espanha e a perda de muitos investimentos pela indústria portuguesa o ministro não comenta. Por exemplo, recentemente tivemos o caso da “Volkswagen”, que preferiu a Espanha para investir 4,500 milhões de euros numa fábrica de baterias, com a criação de 3500 postos de trabalho, pelo motivo de ter em Valência uma ligação ferroviária directa para as suas fábricas em toda a Europa. Mais recentemente, a empresa portuguesa “Simoldes”, anunciou que vai investir quarenta milhões de euros em Espanha para produzir componentes de automóvel destinados a fornecer as fábricas dos seus clientes em Espanha e no resto da Europa. A razão de investir em Espanha e não em Portugal é simples e racional, a mesma razão da “Volkswagen”, usar o transporte ferroviário de mercadorias em bitola UIC, antecipando as dificuldades futuras do transporte rodoviário. A Espanha, naturalmente, agradece e investe 23.500 milhões de euros até 2025 no transporte ferroviário em bitola UIC, com apoios da União Europeia no valor de 12.000 milhões.

        Nada que interrompa o silêncio do ministro e a estagnação da economia portuguesa, porque na ilustre cabeça de Pedro Nuno Santos a ideologia basta para dar de comer aos portugueses. Ainda, como frequentemente afirmado, o ministro acredita que inviabilizando a modernização da ferrovia portuguesa em bitola UIC e impedindo a entrada em Portugal dos comboios europeus, o Governo evita a concorrência internacional, o que favorece o apoio do PCP e da empresa monopolista “Medway”.

        Acabo de saber que o ministro Pedro Santos falou, mas, como habitualmente, para enganar e não para esclarecer. Disse o ministro: “O desafio que aqui lancei é para que a Espanha dê corda aos sapatos, para não haver o risco de chegarmos com uma linha à fronteira e não termos nada do outro lado”. Espantoso: (1) o ministro não sabe que governo de Durão Barroso assinou na Figueira da Foz um acordo com o governo espanhol de ligar as duas redes em bitola UIC, com datas de execução e tudo, mas foram os governos portugueses seguintes que não construíram um único quilómetro dessa via; (2) o ministro aparenta também desconhecer que o governo espanhol aproveitou a inoperância nacional para usar os fundos comunitários para investir no corredor Mediterrânico até Algeciras e nas ligações à Galiza, com prejuízo do corredor Atlântico, de ligação a Portugal; (3) o ministro não esclarece a razão da linha entre Lisboa e o Porto, com ligação à Vigo, estar prevista em bitola ibérica e sem possibilidade de ligação à Europa; (4) o ministro aparenta não saber para que servem as cimeiras ibéricas e que existe a União Europeia com a função de dar corda aos sapatos aos países que não cumprem os planos previstos; (5) o ministro deveria saber que foi um governo socialista que tentou cumprir os acordos assinados por Durão Barroso e encomendou o projecto de uma linha de bitola UIC de via dupla do Poceirão ao Caia, com um custo de 150 milhões de euros, que o governo do senhor ministro cancelou para contruir a mesma via em bitola ibérica e em via única.

        Junto um mapa da rede ferroviária espanhola para que o senhor ministro possa, finalmente, compreender que a Espanha anda há muitos anos a dar corda aos sapatos e que são os sapatos do senhor ministro a quem falta a corda.

        O novo ministro da Economia, António Costa Silva, tornou-se conhecido pelo seu programa megalómano que deu origem ao PRR, programa governamental de recuperação e de resiliência. Dotado de muitas leituras sobre tecnologia e ciência, transferiu esse conhecimento para cerca de 150 páginas dos projectos mais variados a serem pagos pelos fundos europeus, Ora, como sabemos, em Portugal nunca faltam candidatos a receber esses fundos, o problema reside apenas em que o plano não demonstra existir uma linha coerente que tenha a capacidade de alterar positivamente o modelo económico e promova em Portugal o crescimento da economia e o emprego melhor remunerado. Além de que as ideias do ministro não levam em conta a realidade que vive nas cabeças dos empresários portugueses e estrangeiros que sustentam as nossas exportações.

        António Costa Silva, logo que chegado, inventou um novo imposto para lucros excessivos das empresas e numa semana anunciou que talvez não, para acabar por desistir da ideia. Sobre o ministro, o jornal “Sol” anunciou esta semana com pompa: “António Costa Silva apresentou o projecto ‘Frente Atlântica da Europa’ a António Costa e o PM aprovou-o”. Boas notícias, só que o plano existe há anos por iniciativa dos Estados Unidos, interessados em vender o seu gás na Europa e se foi decidido agora avançar ainda bem, só que, tal como o célebre investimento no hidrogénio, tratam-se de iniciativas de capital intensivo que criam poucos empregos e, por isso, não alteram o grave problema existente na metade mais pobre da economia dual portuguesa, que precisa de criar muitos empregos para trabalhadores pouco qualificados, sendo que apenas a indústria transformadora pode criar esses empregos e com melhores salários.

        Acresce que também este ministro deve informar os portugueses de qual é a tecnologia secreta para fazer chegar os comboios de bitola ibérica à Europa, porque esta é uma questão essencial para atrair o investimento estrangeiro e para promover o crescimento da economia.

        Henrique Neto

        O Diabo

        28/04/2022

        quarta-feira, 6 de julho de 2022

        Claude Grison: "Desenvolvi mais de 50 plantas para a recuperação de solos degradados".

        É a inventora da ecocatálise, processo que usa plantas para recuperar solos afectados por actividades de mineração ou industriais, e que permite aproveitar os metais extraídos na indústria farmacêutica ou da cosmética. A investigadora venceu o prémio Inventor Europeu.

        Claude Grison é a inventora da ecocatálise, o processo que permite usar substâncias acumuladas por plantas que limpam solos e águas contaminados em indústrias como a farmacêutica e a cosmética. A invenção valeu-lhe o prémio Inventor Europeu na categoria de Investigação, atribuído pelo Instituto Europeu de Patentes. As plantas não só recuperam solos danificados pela actividade mineira e águas afectadas por poluição de fábricas, como os metais que acumulam podem ser reaproveitados para uso humano.

        Vinda da química, como é que começou a trabalhar com ecologia?
        Interessei-me pela primeira vez pela interface ecologia-química depois de falar com quatro jovens estudantes do liceu Joffre em 2008. Foi para ajudá-los numa competição que decidi mudar os assuntos que estudava e criar um novo tema, nesta interface entre a química e ecologia. Dois destes alunos tornaram-se engenheiros agrónomos, outro é veterinário e o último é químico. 

        A sua invenção limpa os solos e a água ao mesmo tempo que fornece metais e moléculas a muitas indústrias. Como funciona?
        O primeiro passo foca-se na reabilitação ecológica de locais alvo de exploração mineira através da fitoextração [extração de substâncias através das raízes das plantas], tratamento de efluentes industriais através de fitotecnologias curativas, chamados rizofiltração e bioabsorção. Para conseguir criar uma saída económica viável para estes programas de restauro ecológico, transformei biomassa rica em metais em ferramentas úteis para uma nova química sustentável. Ao aproveitar a vantagem da capacidade notável de certas plantas em concentrar metais nos rebentos ou raízes, explorei o uso direto de metais derivados de resíduos de plantas contaminadas como catalisadores [substâncias que aumentam a velocidade das reações químicas]. Chamam-se ecocatalisadores. Podem ser usados em fármacos, biocosméticos e agentes de biocontrolo.

        Que metais podem ser extraídos através de ecocatalisadores?
        Estas fitotecnologias flexíveis e robustas podem ser aplicadas em diferentes contextos: na captação de metais estratégicos como paládio e ródio, que são raros e cujos preços estão a explodir; na recuperação de metais primários como zinco, manganésio, níquel, cobre e cobalto, cujo esgotamento global é preocupante ou na acumulação em plantas de elementos tóxicos (arsénio, cádmio ou chumbo).

        E como são reaproveitados estes elementos?
        As partes aéreas de plantas hiperacumuladoras [que se adaptam ao stress causado pela concentração de metais no seu próprio ambiente] e de pó de plantas que absorveram metal foram consideradas fontes naturais destes catalisadores metálicos. As folhas, as raízes e o pó de plantas enriquecido com elementos metálicos são transformados em catalisadores metálicos, chamados ecocatalisadores, para uso na química orgânica.

        Em Portugal, a prospeção de lítio originou protestos das populações que seriam afetadas pelas minas. Estes ecocatalisadores podem proporcionar uma mineração "limpa"?
        Um ecocatalisador rico em lítio seria interessante em química verde. Porém, o primeiro passo é o desenvolvimento de uma biotecnologia capaz de concentrar lítio. Estamos agora a estudar esta possibilidade. É um grande desafio.

        Que plantas são usadas para recuperar solos contaminados pela mineração?
        A recuperação baseia-se na capacidade das plantas hiperacumuladoras, que são específicas. Estudei e desenvolvi mais de 50 plantas para a recuperação de solos degradados ou contaminados, que são capazes de absorver zinco, manganésio, níquel e cobre.

        E para recuperar ecossistemas aquáticos?
        Eu usei duas tecnologias: rizofiltração e bioabsorção. A primeira baseou-se no uso de plantas aquáticas abundantes e específicas que têm uma capacidade excecional para concentrar poluentes nas raízes. Como exemplos, posso dar a hortelã-da-água (M. aquatica), a tábua-larga (T. latifolia), a pistia (P. stratiotes) e o nenúfar-branco (Nymphaea alba L.). As suas raízes exibem uma estrutura química ideal naturalmente rica em carboxilatos, que são elementos metálicos complexos. Tal deve-se a uma acumulação passiva, não ativa. Por isso, desenvolvi um método para usar raízes em pó em vez das plantas vivas para a bioabsorção de poluentes metálicos. O pó de raízes foi usado como um filtro de plantas para limpar águas poluídas por indústrias ou atividades de exploração mineira, agrícola ou de pedreiras. A bioabsorção e a rizofiltração apresentaram uma eficácia semelhante, sendo que a primeira tem a vantagem de usar um biomaterial não-vivo, armazenável e disponível.

        As plantas usadas para limpar os solos onde foi feita mineração têm uma esperança de vida mais pequena?
        Os fenómenos de adaptação natural de certas plantas e micro-organismos associados são comuns. As poucas plantas que se desenvolvem nestes solos adaptaram-se à poluição de metais. A fitoextração ajuda a estabilizar e a descontaminar gradualmente o solo através do sistema de raízes, a limitar o impacto dos depósitos de partículas de metal ao formar uma cobertura natural no solo e a proteger a sua camada superficial. Sete locais no sul de França e na Nova Caledónia foram lugares de teste únicos. São exemplos para outros que incluem Cuba, Grécia, Espanha, Portugal, República Democrática do Congo, Gabão, Estados Unidos e por aí além. A recuperação de locais degradados e/ou contaminados por atividades de mineração é para ser levada a cabo a longo termo. O estado dos locais, o planeamento sustentável e sábio das operações, o crescimento das plantas em solos afetados, o respeito pela biodiversidade local, a monitorização dos transplantes, a taxa de acumulação devem ser considerados. Neste contexto, é claro que a recuperação económica dos solos é essencial para apoiar esses esforços ao longo do tempo. Tal envolve uma garantia de sustentabilidade e assim sendo, o sucesso.

        É verdade que foi extraída uma substância que é usada para tratar o cancro?
        Diferentes ecocatalisadores foram utilizados como novos catalisadores na reação de Biginelli, que cria dihidropirimidinonas e tem uma importância crescente na química medicinal. As dihidropirimidinonas têm sido objeto de interesse porque exibem traços biológicos entusiasmantes como a modulação de canais de cálcio, ao inibir seletivamente o adrenoreceptor α1a e ao atingir a maquinaria da mitose (fase de divisão das células).

        Tem duas start-ups operacionais. O que faz cada uma?
        A Bioinspir produz ingredientes através da ecocatálise e vende os seus produtos em diferentes empresas francesas da área dos cosméticos e química fina (aplicada à farmacêutica, biofarmacêutica e agroquímica). Os Bioprotection Laboratories são os criadores de um repelente de mosquitos eficaz e 100% natural.

        Quantas patentes já foram registadas?
        A patente inicial da ecocatálise já levou ao registo de mais de 30 patentes nos últimos anos.

        E quais são os seus próximos objetivos e projetos?
        Esta invenção é só um passo: a sua transferência para a esfera sócio-económica continua por conseguir. Trata-se de um projeto gigante!

        https://www.sabado.pt/

        sábado, 25 de junho de 2022

        Nenhuma companhia aérea é grande ou pequena demais para sobreviver sem o apoio da indústria.

        Por Javed Malik

        A triste história da Comair mais uma vez cimentou minha visão de que nenhuma companhia aérea é grande ou pequena demais para sobreviver aos rigores da indústria da aviação, não importa que tipo de eficiência de combustível, modelo de aeronave, gestão, força financeira ou apoio.

        JAVED Malik, um ávido aviador e forte defensor da transformação na África do Sul, é cofundador da Cobra Aviation, uma operadora de passageiros e carga.

        JAVED Malik, um ávido aviador e forte defensor da transformação na África do Sul, é co-fundador da Cobra Aviation, uma operadora de passageiros e carga.IOL

        Em muitos aspectos, a Comair foi durante muito tempo uma das melhores companhias aéreas da África do Sul. Vê-la cair dessa forma é uma grande perda para o nosso sector de aviação.

        No entanto, a notícia não me surpreendeu. O golpe é impressionante para as pessoas que empregava – como pilotos, técnicos, engenheiros, tripulantes de cabine, funcionários de escritório, gerência e fornecedores – que foram jogados no meio-fio em meio a tempos económicos difíceis. Isso significa que muitas famílias já começaram a dormir de estômago vazio.

        Com as actuais altas estatísticas de desemprego, o estado insalubre e sensível do nosso sector de aviação é preocupante. Isso significa que investidores sérios pensarão duas vezes antes de trazer seu dinheiro para o sector de aviação sul-africano. A confiança foi abalada, principalmente quando se olha para a Comair como uma marca de companhia aérea de alto desempenho.

        Também é necessário destacar a verdade de que passagens aéreas baratas nunca foram boas para o sector aéreo ou para a chamada concorrência saudável. Eles podem parecer bons para atrair clientes, mas se mantidos por muito tempo, podem facilmente ser um desastre com perdas. A mensagem para os consumidores é que eles não devem procurar passagens baratas, que são perigosas independentemente da marca da companhia aérea que as oferece e devem ser uma bandeira vermelha para o consumidor ficar atento.

        Oferecer passagens baratas tira a companhia aérea dos céus e o mercado perde a confiança no sector de aviação.

        Tendo isso em mente, é necessário que as companhias aéreas operem em um nível em que haja um entendimento de que apenas custos de passagens sustentáveis ​​podem levar o sector de passageiros, turismo e aviação adiante. Pode reduzir o risco de turbulência, que na maioria dos casos pode ser de longo alcance, dependendo da marca da companhia aérea afectada. operando de forma independente.

        Vamos evitar focar em vencer a corrida, às custas de tirar outros do negócio. Em vez disso, vamos participar de uma corrida que podemos manter ou sustentar sua saúde para o benefício de todos. Eu também gostaria de destacar uma preocupação de que sempre há alguns especialistas auto-criados, ou eles acreditam que são chefes da indústria, prontos para planejar como desestabilizar qualquer nova companhia aérea.

        Suspeitamente, eles agem como se fossem apenas comentaristas aleatórios do sector de aviação, quando na verdade estão trabalhando em conluio com companhias aéreas estabelecidas. Em alguns casos, eles estão trabalhando com instituições financeiras.

        Seus comentários são geralmente algo como “novas companhias aéreas não podem fazer isso”. Geralmente, isso é inesperado e informado por ciúme ou antipatia pela competição. Isso é feito para definir uma agenda específica projectada para influenciar indirectamente organizações reguladoras, consumidores e outras instituições-chave.

        Como resultado, não há mérito em certificar o processo e alguns dos pedidos serão recusados. Depois de testemunharmos o que pode acontecer com as grandes marcas, é hora dos “chamados” especialistas em aviação, com uma agenda específica e suas visões de favoritismo de marcas específicas, se calarem.

        Por muitos anos tenho conversado com grandes companhias aéreas na África do Sul e levantado minha voz através da média sobre as preocupações da aviação. Mas minhas preocupações caíram em ouvidos surdos, pois as grandes operadoras aéreas tendem a adoptar a atitude arrogante de que nunca falhariam.

        Mais uma vez, meu pedido a todas as partes interessadas e organizações de aviação é o seguinte: “Não importa quão pequeno ou grande você seja um operador, vamos trabalhar juntos para manter a estabilidade e a confiança do consumidor em nós”.

        Se as companhias aéreas mantêm essa atitude de serem grandes demais para falir, pense novamente, pois pode acontecer com qualquer um. No entanto, não tenho dúvidas de que nosso sector de aviação vai crescer novamente, mas vamos trabalhar juntos para uma rota de voo mais sustentável pela frente.

        Javed Malik, um ávido aviador e forte defensor da transformação na África do Sul, é co-fundador da Cobra Aviation, uma operadora de passageiros e carga.

        quinta-feira, 26 de maio de 2022

        MAS AFINAL, O QUE É O “LOBBY DAS ARMAS” NOS EUA?

        Extraído de “Lobby das armas” nos EUA: o que é e o poder que tem. SIC

        O termo “lobby das armas” engloba a influência exercida a nível político, tanto a nível nacional como a nível dos diferentes estados norte-americanos, e que, por norma, acontece através de apoio a candidatos que se opuseram às medidas de controlo de armas.

        Este apoio pode concretizar-se através de contribuições directas, esforços para apoiar de forma independente quem é eleito e ainda através de financiamento de campanhas para influenciar a opinião pública sobre a questão das armas, explica a Al Jazeera. Este “lobby” é muitas vezes “cuidadosamente” calibrado para não infringir as leis de financiamento de campanhas nos EUA.

        A Associação Nacional de Rifles da América (NRA) e grupos semelhantes refugiam-se na
        Segunda Emenda da Constituição dos EUA para defender o direito dos cidadãos a ter armas. Enquanto isso, grupos com uma ideologia contrária, como a organização Giffords, fundada pela ex-congressista dos EUA e vítima de violência armada, Gabby Giffords, acusam grupos como a NRA de quererem atingir apenas o objetivo de “vender mais armas e aumentar os lucros”.

        Os defensores de medidas de controlo de armas há muito que culpam o poder deste “lobby” pela falta de medidas, assim como pela diminuição de restrições, apesar do aumento de tiroteios nos EUA no últimos tempos.

        QUÃO INFLUENTE PODE SER O “LOBBY DAS ARMAS”?

        Quantificar a influência dos grupos que fazem parte deste “lobby” é uma tarefa difícil, explica a Al Jazeera. Por todo o país são várias as campanhas de políticos que já apoiaram.

        De acordo com a OpenSecrets, citada pela Al Jazeera, de 1998 a 2020, os grupos pró-armas pagaram 171,9 milhões de euros para influenciar diretamente a legislação norte-americana. Esta organização, sem fins lucrativos e que acompanha os gastos na política dos EUA, explica que só a NRA gastou nesta categoria mais de 60 milhões de dólares.

        Em 2016, os gastos da NRA aumentaram 100 milhões em relação ao ano anterior, diz a OpenSecrets, que adianta que “nenhum político beneficiou mais” do que Trump. Só para gastos externos, que não estão diretamente relacionados com um candidato espcífico, a NRA canalizou 50 milhões de euros.

        Este valor garantiu que um em cada 20 anúncios de televisão em outubro de 2016 na Pensilvânia foi patrocinado pela NRA, de acordo com uma análise do Center for Public Integrity citado pela Aljazeera. Na Carolina do Norte, um em cada nove anúncios foi pago pela NRA naquele mês, enquanto no Ohio, um em cada oito anúncios promoveu os interesses pró-armas do grupo.

        Entre 1990 e 2020, as organizações pró-armas gastaram um total de 54,4 milhões de dólares em contribuições diretas de campanha (que estão sujeitas a restrições de doações) e, segundo a OpenSecrets, foram quase inteiramente para os republicanos.

        Este ano, os senadores republicanos Rand Paul e John Kennedy receberam mais de 38.000 dólares de grupos pró-armas, de acordo com a OpenSecrets. Em 2018, o senador do Texas Ted Cruz recebeu 311.151 dólares de grupos pró-armas. E em 2020, os senadores republicanos ​​Martha McSally, David Perdue e Kelly Loeffler receberam mais de 516.000, 307.000 e 298.000 dólares, respetivamente, segundo a organização acompanha os gastos na política dos EUA.

        “LOBBY DO CONTROLO DE ARMAS” ESTÁ A CRESCER?

        O “lobby” pelo controlo de armas está em crescimento desde 2013, um ano após o massacre de Sandy Hook, onde morreram 26 pessoas, entre estudantes e professores, explica a Al Jazeera, ainda que ofuscado pelos movimentos pró-armas.

        De 2012 para 2013, os gastos do “lobby” pelo controlo de armas aumentaram de 250.000 dólares para 2,2 milhões de dólares. Em 2021, este valor cresceu para 2,9 milhões.

        Giffords, Everytown for Gun Safety, apoiado por Mike Bloomberg, e Sandy Hook Promise são as organizações que lideram a luta pelo controlo de armas nos EUA.

        quarta-feira, 9 de março de 2022

        O que determina os preços de venda para gasolina e diesel?

        Com a ajuda de https://voltaoil.com/

        Existem quatro componentes de custo que compõem o preço de venda da gasolina e do gasóleo:

        Custo do Petróleo Bruto

        O petróleo bruto é produzido em todo o mundo a partir de vários locais, como poços de petróleo tradicionais, poços de águas profundas (oceânicas), fracturamento de xisto betuminoso e areias betuminosas canadianas. O custo para produzir um barril varia de cerca de US$ 20 por barril nas sobremesas da Arábia Saudita a US$ 90 por barril para alguns poços de águas profundas.

        No exemplo abaixo, o custo do petróleo bruto é de US$ 1,39 por galão (US$ 58,26 por barril). ou seja 1 galão americano são 3.785412L. A cotação do dólar – hoje - é de 1 dólar para 0,90 euros.

        Assim o custo seria $0,367, por litro ou seja 0,33€ por litro

        eia.gov-imagem

        Custo de refinação

        A refinação é o processo que transforma o petróleo bruto em gasolina e diesel. O custo do refino varia de acordo com as especificações do produto final e os aditivos que são usados ​​para melhorá-lo. No caso da gasolina, a gasolina de Verão tem baixas taxas de vaporização, necessárias para eliminar a poluição excessiva do ar. Além disso, a gasolina é produzida em diferentes níveis de potência e desempenho chamados de octanas (ou seja, 87, 89 e 93) – quanto maior a octanagem, maior o custo de fabricação. Tanto a gasolina quanto o diesel têm detergentes adicionados, que limpam os motores e melhoram o desempenho. Esses aditivos também aumentam o custo. O custo para refinar a gasolina varia entre US$ 0,40 e US$ 0,70 por galão, dependendo se as fórmulas de Verão ou Inverno estão sendo usadas. No exemplo acima, o custo para refinar a gasolina é de US$ 0,60 por galão. O custo para refinar o diesel é de US$ 0,49 por galão.

        Nesta condição e tomando o custo por galão de 0,60 dólares, o custo por litro fica em 0.14€ por litro.


        Custo de Distribuição e Marketing

        Este custo inclui o transporte dos produtos acabados (gasolina e diesel) das refinarias para os pontos centrais de distribuição (racks de petróleo) em todo o país, transporte de racks para os pontos de venda (lojas de conveniência, postos de gasolina, marinas, etc.) os produtos ao motorista. Os métodos de transporte incluem oleodutos, vagões, navios e caminhões. O custo de venda inclui mão de obra, serviços públicos e equipamentos de petróleo. No exemplo acima, o custo de transporte e comercialização de gasolina é de US$ 0,27 por galão. O diesel, por ser um produto mais pesado, exige maiores custos de transporte e equipamentos. Neste exemplo, a distribuição de diesel custa US$ 0,49 por galão.

        Assim o custo na gasolina será de 0.06€ por litro. No caso do gasóleo será de 0.12€ por litro.


        Custo Fiscal

        Os impostos especiais de consumo, que são usados ​​para a construção e reparo de estradas e rodovias, são cobrados tanto em nível nacional quanto estadual. Tradicionalmente, os tributos nacionais são alocados aos estados, que os agregam à sua arrecadação para projectos de melhoria de rodovias. Os impostos sobre gasolina no exemplo acima são de US$ 0,46 por galão. Os impostos sobre o diesel são mais altos (US$ 0,52 por galão) porque a maior parte do diesel é usada por caminhões mais pesados, que causam mais desgaste nas rodovias.

        Os valores dos produtos brutos e refinados são determinados não apenas pelos custos de produção, mas também pelos factores de oferta e demanda determinados diariamente pelos comerciantes de commodities na Bolsa Mercantil de Nova York. Como os custos de comercialização, distribuição e impostos são bastante estáveis, os valores do petróleo bruto e dos produtos refinados estabelecidos pelos comerciantes ditam o preço actual da gasolina e do diesel.

        Neste caso o imposto é de 0.11€ para a gasolina e 0.12€ para o gasóleo.


        O Preço Final

        Neste exemplo o preço final seria de 0.70€ por litro!

        sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

        Onde o sonho da semana de 4 dias de trabalho já é realidade

        Bélgica aprova que funcionários possam escolher entre trabalhar quatro ou cinco dias por semana. País não é o primeiro a colocar a proposta em prática. Esquema é discutido, elogiado e também criticado em outras nações.

        Quatro dias de trabalho, três dias de descanso, mais tempo com a família e, de preferência, com o mesmo salário. Parece uma jornada semanal ideal para muitos trabalhadores e trabalhadoras. Segundo os defensores do esquema, ele promete não só mais satisfação, como também produtividade mais alta.

        Desde terça-feira (15/02), a Bélgica entrou para o grupo de países que dão ao trabalhador a opção de distribuir sua jornada semanal por quatro ou cinco dias – sempre mantendo-se a mesma carga horária total. De acordo com o primeiro-ministro belga, Alexander de Croo, a intenção do projeto é tornar a economia mais dinâmica e melhorar a compatibilidade entre família e trabalho.

        O chefe de governo frisa que a flexibilidade vai mais longe: a jornada semanal clássica belga é de 38 horas, mas o empregado term a opção de  trabalhar 45 horas numa semana e deduzir as sete horas adicionais na seguinte. O regime de quatro ou cinco dias é uma decisão do próprio trabalhador, que poderá renovar ou alterar o pedido a cada seis meses.

        Veja a seguir outros países que já adotaram ou pensam em adotar a semana de trabalho de quatro dias.

        Na Islândia, jornada abreviada

        Entre 2015 e 2019, a Islândia testou, com 2.500 trabalhadores e trabalhadoras, um projeto semelhante ao que a Bélgica vai implantar. As jornadas semanais, no entanto, foram reduzidas de 40 horas para 35 ou 36, mantendo-se a mesma remuneração.

        O estudo foi promovido e avaliado pela Associação de Sustentabilidade e Democracia (Alda) e pelo think tank britânico Autonomy. Sua conclusão foi que o bem-estar dos funcionários melhorou significativamente, os processos de trabalho foram otimizados e estabeleceu-se uma cooperação mais estreita entre os colegas. Em grande parte, a produtividade permaneceu idêntica ou até aumentou.

        Concluída essa fase de testes, sindicatos e associações começaram a negociar a diminuição permanente da jornada de trabalho. Atualmente, cerca de 86% dos trabalhadores islandeses têm direito a uma semana de quatro dias.

        Escócia e País de Gales: experiência custosa

        A Escócia está atualmente em fase de testes com a semana de quatro dias. Como apoio, empresas que participam do projeto recebem do governo um aporte em torno de 10 milhões de libras esterlinas.

        No País de Gales, a pauta está em discussão. A Comissária das Gerações do Futuro, Sophie Howe, fez reivindicações nesse sentido, pelo menos para o setor público.

        Após testes, Suécia se divide

        Testes com uma semana laboral de quatro dias e pagamento integral se realizaram na Suécia já em 2015. As conclusões, neste caso, foram bastante ambivalentes.

        Políticos suecos de esquerda acharam a implementação um tanto cara. Já as microempresas gostaram da ideia e adotaram até mesmo a redução da carga horária. A companhia automobilística Toyota, por exemplo, já abreviou os turnos dos mecânicos cerca de dez anos anos atrás, e mantém essa política desde então.

        Na Finlândia, alarme falso

        Também a Finlândia ocupou por um breve tempo as manchetes internacionais com uma redução dramática das jornadas de trabalho foi a Finlândia. Consta que a intenção era introduzir tanto a semana de quatro dias quanto o jornada diária de seis horas. Entretanto, segundo o noticiário alemão Tagesschau, tratava-se de uma notícia equivocada, que o governo finlandês rapidamente retificou.

        Espanha a caminho dos testes

        Na Espanha, a semana de quatro dias foi proposta a pedido do partido de esquerda Mais País. Cerca de 6 mil funcionários de 200 pequenas e médias empresas poderão prolongar o fim de semana em um dia, com pagamento integral. O experimento está programado para durar pelo menos um ano, mas ainda não tem data para começar.

        Alemanha, Nova Zelândia e Japão

        Na Alemanha, são principalmente as pequenas start-ups que têm experimentado com a semana mais curta.

        No Japão, grandes companhias, como a Microsoft, estão dando aos funcionários um fim de semana longo por mês.

        Na Nova Zelândia, a multinacional de alimentos e produtos farmacêuticos Unilever está testando a semana de quatro dias com a mesma remuneração por cerca de um ano. Se o modelo tiver sucesso, a empresa planeja expandi-lo para outros países.

        gb/av (DW,ots)

        quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

        Aumentar a produtividade pelo crescimento dos salários


        Jorge Fonseca de Almeida

        Jorge Fonseca de Almeida

        18 Janeiro 2022

        A produtividade do trabalho aferida como a produção média de uma hora de trabalho em cada país é uma medida do grau de sofisticação e especialização das diversas economias. Ela não mede o esforço colocado pelo trabalhador, mede antes em que sectores a economia se concentra e o grau de mecanização e digitalização da economia. Um cavador energético e esforçado não consegue competir com um trabalhador preguiçoso e sonolento da agricultura moderna com rega automática e doseada e com tractores e maquinaria de ponta.

        A falácia de que a produtividade depende do mero esforço humano mantém-se ridícula mesmo quando repetida mil vezes pelas entidades patronais e pelos governantes.

        O cerne da produtividade do trabalho está, como sempre esteve, do lado das empresas. Da forma como investem em organização e em maquinaria, robotização e digitalização e, muito pouco, no que exigem de longas jornadas de trabalho, horas extraordinárias não pagas, precariedade laboral e baixos salários. Esta super exploração laboral é fruto da ineficácia das empresas em investir.

        Enquanto as empresas não forem responsabilizadas e penalizadas pela baixa produtividade nacional o país vai continuar a empobrecer e a resolutamente entrincheirar-se na cauda da Europa.

        Em 2014 a produtividade nacional era de 79% da produtividade média europeia, em 2020 era de 74,6%, isto é piorou. Em contrapartida só para citar um ou dois países a produtividade da Polónia era de 73,5% da média europeia em 2014 e de 81,6% em 2020. Não só não desceu

        como a nossa mas cresceu e ultrapassou-nos. A Roménia que tinha uma das mais baixas produtividades europeias passou de 56,9% da média europeia para 75,2%, isto é também nos ultrapassou (dados do Eurostat).

        Ainda estão 6 países atrás de nós, mas em muitos deles a produtividade está a crescer, a nossa vantagem é pequena e em breve seremos ultrapassados por mais alguns.

        Enquanto a nossa produtividade se afunda nós continuamos no caminho do declínio convencidos como estamos que a governação foi um êxito e que somos cada vez mais europeus.

        É preciso, pois, outra política. Em vez de sustentar a produtividade na super exploração laboral, que tem incentivado uma emigração em larga escala (um milhão de pessoas na última década, já superior à emigração dos passados anos sessenta) e que, no mundo tecnológico actual, pura e simplesmente não funciona, o que é preciso é o investimento massivo em tecnologias, organização e na actualização das condições laborais dos trabalhadores.

        As actuais politicas laborais são um incentivo à decadência e obsolescência tecnológica assente na miragem de um competitividade pelo baixo custo da mão-de-obra. Uma competitividade que já nem o capital estrangeiro atraí porque poucos querem investir num mercado minguado nem em países em retrocesso.

        https://www.dn.pt/

        domingo, 19 de dezembro de 2021

        PPP–SCUT’s-3

        No caso do crime de corrupção, e como o Observador já tinha noticiado em Agosto de 2018, nunca o MP conseguiu reunir indícios da prática desse crime, nomeadamente a eventual cedências de contrapartidas financeiras ou de outra ordem para titulares de cargos políticos.

        E

        O MP entende que houve violação dos princípios da contratação pública e de uma boa gestão financeira e gestão de riscos prudente. Tudo porque o processo terá sido alegadamente conduzido de forma bilateral e sem pressão da concorrência, o que corresponderá a um ajuste directo, e por os responsáveis políticos terem aceite resultados menos favoráveis do que os oferecidos pelos contractos originais.

        Matrix. O filme que mudou tudo, perdeu tudo e ressuscitou.

        Joana Amaral Cardoso Publico



        Para o novo filme, regressam Keanu Reeves, cuja carreira como John Wick mostra bem o legado de Matrix, e a dupla central de um filme de amor e filosofia de bolso disfarçado.

        “Eu não sei o que é o futuro. Vim para vos dizer como é que ele vai começar”, diz Neo em Matrix em 1999. Um messias de vinil e cabedal com código verde a chover sobre o negrume do fim do século XX chegava discretamente ao cinema mas saía das salas com o estrondo dos Rage Against the Machine a gritar “Wake up! Wake up!” directamente para um mundo real assarapantado.

        Matrix é uma espécie de cápsula do tempo da vertigem do milénio onde cabem Lewis Carroll, Descartes, Jacques Lacan ou Platão e — contrariado — Jean Baudrillard, um vírus digital que mudaria o cinema tecnicamente e impactaria o mundo real politicamente. Nos últimos 22 anos convocou a comunidade trans e a extrema-direita das teorias da conspiração, Slavoj Žižek ou o sistema da moda; agora chega Matrix Resurrections, um quarto capítulo que volta a interrogar uma versão fantasista da internet quando a sua visão fatalista de 1999 já se concretizou. A banda sonora, desta vez, é dos Jefferson Airplane — “Feed your head. Feed your head”.

        A estreia de um novo Matrix gerou um interesse notório. O original parece ter ficado imune às sequelas de 2003, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, e os seus temas — o transe colectivo da sociedade de consumo, a fase terminal do capitalismo, uma rede digital usada para cultivar dados, pessoas tornadas números em latifúndios de terra queimada — terão tocado no nervo de 2021. Em duas décadas, a apropriação política de Matrix também é sinónimo do nervoso do novo milénio, com os comprimidos oferecidos ao protagonista Neo (Keanu Reeves) — vermelho para despertar para a dura realidade que é ocultada da maioria, azul para continuar na

        sociedade ordeira e mainstream — a serem sinónimo de uma facção minoritária mas disruptiva de comunidades conservadoras que fomentam e traficam teorias da conspiração online porque foram... “red pilled”.

        Para o novo filme, regressam Keanu Reeves, cuja carreira como estrela de acção de séries como John Wick mostra bem o legado de Matrix, e Carrie-Ann Moss como Trinity, a dupla central de um filme de amor e filosofia de bolso disfarçado de filme de acção e ficção científica. Yahya Abdul-Mateen II rejuvenesce o profeta Morpheus (Lawrence Fishburne) e Neil Patrick
        Harris e Jonathan Groff são rostos da televisão que se juntam ao elenco.
        Lana Wachowski realiza e escreve o novo filme, deixando de contar com a irmã Lily, que se afastou de Hollywood. As Wachoswki assinaram os primeiros filmes como “irmãos
        Wachoswki
        ”, tendo feito a sua transição de género na década seguinte.
        Só um filme pioneiro, estilizado e afinado como Matrix pode lançar vocabulário eternizado — “uma falha na Matrix” —, manter modas circulares — é ver a capa de 1999, de Charli XCX e Troye Sivan, é ver as irmãs modelo Hadid ou as estrelas reality Kardashian e seus óculos esguios e gabardines de cabedal — e ser um terreno onde tantas comunidades diferentes se podem projectar. Em 1999, Matrix era “o cinema cyberpunk na sua melhor forma até agora”, como postulava a revista de tecnologia Wired; 20 anos depois, o site Vox garantia que esta “é de longa a obra de cultura pop mais influente alguma vez criada por uma pessoa trans”; este ano a Wired volta para decretar que “Matrix é o melhor filme de hackers”. Pelo caminho, Matrix abanou a estrutura de Hollywood e captou o espírito de 1999.
        Matrix Resurrections, que se estreia nos cinemas portugueses dia 22, é mais uma reanimação de corpos culturais passados e uma retoma de um filme que começou glorioso, sucesso inesperado com orçamento de 63 milhões de dólares que rendeu 460 milhões em todo o mundo, e cuja trilogia descarrilou estrondosamente com dois filmes inferiores e que, pior, destruíam a premissa se bastianista do original.
        Afinal, o programador Thomas Anderson que se revelava ser Neo, o salvador da humanidade escravizada pelas máquinas, era só uma personagem de mais uma história que a inteligência artificial criou para distrair os poucos rebeldes que escolhiam viver fora da simulação capitalista
        que é a Matrix. Por vezes, as histórias são tão mais potentes quanto o tempo e o público que encontram. A internet pulula de artigos académicos, jornalísticos ou ensaios que querem saber “o que é a Matrix”. As respostas podem de facto residir numa data e não num compêndio de filosofia.
        Geração DVD Como experiência de espectador, Matrix mostrava a superação das barreiras físicas e um sonho de super-heroísmo tornado possível para corpos meramente acessórios perante o poder da mente. Neo, ou o esfíngico actor em vias de se tornar estrela de acção Keanu Reeves, era alguém que não se vende ao sistema, “o rosto de uma geração X alienada,
        um inconformista que foge à sua vida entediante de zangão num cubículo para se tornar num deus”, como escreveu o crítico David Sims na revista Atlantic.
        O seu opositor é o software maligno que o Agente Smith do actor Hugo Weaving resume como “o futuro”, que é afinal “um mundo de sonho gerado por computador para nos manter sob controlo”, como esclarece Morpheus. “Parece um filme que é sobretudo sobre a desilusão que chega no fim de um século”, reflecte Sims, um século cujo fim também era o fim de um milénio e que ainda por cima tinha como principal vilão um vírus, o Y2K, que se temia que à meia-noite de 31 de Dezembro de 1999 tirasse a ficha ao mundo. Matrix mistura referências de Neuromancer, de William Gibson, de Sandman, de Neil Gaiman, e uma linguagem visual que já se adivinhava em Sem Limites, a primeira longa da dupla Wachowski, entre muitas outras pistas. Dispõe os
        seus peões numa cidade cujas cabines telefónicas são pontos de fuga através de ligações digitais dependente de modems (que influem na banda sonora e nos efeitos de som do filme) e em que o telemóvel Nokia 8110 era a rede mais avançada. De forma também cronologicamente sintomática, a própria existência de Matrix depende dos DVD.
        O ano de 1999, como se reparou em 2019 pela profusão de listas, ensaios ou podcasts sobre o tema, foi dos mais ricos de sempre no cinema americano. Uma geração de realizadores vinda dos videoclips, da publicidade ou da simples veneração indie dos seus precursores da década de 1970, ascendia numa Hollywood endinheirada. Os cinéfilos criavam as suas colecções com o suporte que na altura parecia mais inovador e duradouro — o DVD, cujas vendas começaram em força em 1997 gerando uma auto-estrada de receitas para os estúdios.
        Havia dinheiro para investir em novos nomes, como Wachowski, Fincher (Clube de Combate), Jonze (Queres Ser John Malkovich?), Mendes (American Beauty). Havia algo de errado na nossa percepção da realidade, distorcida, onírica, revoltada, lúbrica. Especialmente se se era um jovem homem branco acabado de assistir ao escândalo Clinton-Lewinsky na televisão e com o desemprego em máximos históricos. O filme “alegoriza as ansiedades que emergiram nos anos do pós-guerra”, sugeria em 1999 o crítico de arquitectura Herbert Muschamp.
        “Na era de apenas uma superpotência remanescente, de uma só ideologia dominante e do progresso disseminado da internet, Matrix pode facilmente significar o que alguns chamaram “a monocultura”: uma rede de centros comerciais, parques temáticos, cidades periféricas, subdivisões suburbanas, centros de convenções e hotéis construídos em torno da cultura do consumo do capitalismo avançado e dos seus padrões de normalidade fruto de pesquisas de mercado
        ”, disparou Muschamp no New York Times após a estreia do filme.
        Nesse contexto, se hoje é já “old news” que a cultura geek dominou Hollywood, Matrix surgia numa inflexão determinante da indústria do cinema de massas norte-americano:a influência dos videojogos e sobretudo dos comics é fulcral e tornar-se-á o modelo — a matriz — das décadas seguintes. As distopias, especialmente as urbanas e gótico-industriais, entram novamente na moda. A realização com a marca Wachowski pega num léxico visual bem conhecido do cinema de acção asiático, em particular de Hong Kong ou do anime, e cria mais vernáculo Matrix: filma em bullet-time, permitindo assistir a cada detalhe de um movimento em câmara lenta, e torna as artes marciais num voo arrojado, conhecido como “wire fu” (ou kung fu preso por arames).
        Matrix era um filme de heróis de acção de ciberescapismo destinado aos fãs dos comics e computadores para a crítica de cinema do New York Times Janet Maslin, que apesar de
        tudo reconhecia nele “uma aventura americana mainstream com grandes perspectivas [de se tornar] um clássico de culto e com o futuro em mente”, reconhecia. “Merece tornar-se um clássico e sê-lo-á seguramente para aqueles que valorizam o poder dos filmes sci-fi de cristalizar momentos de sensibilidade urbana”, dizia ainda Muschamp, citando Metropolis, Alphaville, A Décima Vítimao u Blade Runner. “Os efeitos especiais [de Matrix] são mais do que adornos fulgurantes. São o coração do enredo.”
        Metáfora trans Esse é talvez o mais crucial simbolismo de Matrix. “É uma perfeita fusão de forma e tema. Se há algo que manteve o fascínio sobre a nossa sociedade nos últimos 30, 40 anos, é o nosso vício na ofuscante irrealidade da acção cinemática”, escreveu o crítico da revista Variety nos 20 anos do filme. “Filme quintessencial de 1999”, considera, “ver Matrix é perceber algo sobre o mundo de ilusão em que vivemos”, fruto do poder do ser humano de manipular imagens.
        Faz parte da história de Matrix que o papel de Neo foi oferecido a Will Smith e que o actor recusou o papel depois de não ter compreendido o conceito de “parar no ar” que os efeitos visuais revolucionários do filme trariam e que lhe foram descritos na oralidade. A Warner Bros. achou que o público mainstream não ia compreender outro aspecto do filme: a personagem Switch foi originalmente escrita como pessoa de género fluido. Na Matrix era uma mulher e na realidade dos humanos era um homem; a personagem ficou só mulher no filme.
        Com os anos e com o percurso pessoal das realizadoras e argumentistas, Matrix revelou uma outra camada - sendo uma narrativa de superação, era também uma história sobre pessoas transgénero em crisálida. “Matrix era sobre o desejo de transformação, mas vinha de um ponto de vista no armário”, admitiria Lilly Wachowski em 2020 no programa online Netflix Film Club. Metáfora trans em que “os corpos são, na melhor das hipóteses, uma sugestão” e onde “as personagens rejeitam os nomes com que nasceram em prol dos nomes que escolhem”, como descreveu a jornalista e mulher transgénero Emily VanDerWerff no site Vox, o mundo “não estava pronto para isso”, lamentou Lilly Wachowski.
        Matrix mudou tudo, mas também encerra em si a ilusão. O mito Matrix desmoronou-se passados escassos quatro anos do fenómeno que fora o filme original, segunda obra da dupla Wachowski plena de mensagens filosóficas em torno do livre arbítrio, da ilusão e dos simulacros envolta numa capa negra de acção e ennui distópico alimentados por conceitos latos da caverna de Platão ou do “grande Outro” de Lacan.
        Nem tudo o que foi sucesso em Matrix reluziu como ouro, a começar pela recepção da comunidade filosófica. “Quando vi Matrix num cinema na Eslovénia, tive a oportunidade única de me sentar perto do espectador ideal do filme — ou seja, de um idiota”, disse o filósofo e intelectual público Slavoj Žižek em 1999, num simpósio na Alemanha. Tem voltado ao filme regularmente, seja para falar dos sobreviventes do acidente nuclear de Chernobyl ou para dinamitar a dualidade simbólica dos comprimidos azul e vermelho dizendo, no documentário The Pervert’s Guide to Cinema: “Quero um terceiro comprimido”. Uma pílula que mostra a realidade dentro da ilusão e não aquela que se esconde atrás dela. Numa cena do filme de 1999, o Neo de Keanu Reeves pega num exemplar de Simulacros e Simulação (1981), de Jean Baudrillard. Referência clara para as criadoras do filme, o filósofo francês também não mostrava especial apreço pelo título. “Matrix é seguramente o tipo de filme sobre a Matrix que a Matrix poderia ter produzido”, comentou em tempos, admitindo que foi sondado para colaborar em Matrix Reloaded e Revolutions mas que, surrealismo por surrealismo, prefere Mulholland Drive (2001), de David Lynch. Agora, nos trailers de Resurrections, Lana Wachowski pega no ainda mais óbvio Alice no País das Maravilhas de Carroll, perseguindo uma rapariga com uma tatuagem de um coelho branco rumo, supõe-se, à toca por onde muitos cairão outra vez.

        Keanu Reeves e Carrie-Ann Moss “queriam dizer sim” a Wachowski e tinham “material com o qual uma pessoa se quer comprometer, dar tudo o que possa”, como disse o actor à revista Entertainment Weekly.
        Lana Wachowski chegou a Ressurections devido a uma perda da vida real: a morte dos pais e de uma amizade. “[Para lidar com isso] como não podia ter a minha mãe e o meu pai, subitamente tinha Neo e Trinity,
        provavelmente as duas personagens mais importantes da minha vida”, disse a cineasta numa sessão do Festival de Cinema de Berlim. A história do filme chegou-lhe de supetão, quase integralmente.
        Matrix Resurrections chega a um mundo de fake news, deepfakes e bots, de trolls, de Alexas e da criptoarte. A evolução tecnológica aproximou as pessoas e isolou-as, defende Lana Wachowski aos 56 anos. “O poder da tecnologia para prender ou limitar a nossa realidade subjectiva foi uma parte importante da nova narrativa para Matrix Resurrections”, disse à Entertainment Weekly. Os detalhes da intriga desta ressurreição são desconhecidos à data de publicação deste texto. Mas “as boas notícias são que Matrix é ficção, não o futuro”, lembrava Jessica Baron, eticista de tecnologia, numa reflexão sobre os 20 anos do filme na revista Forbes em que apelava ao aCtivismo do consumidor, do eleitor, do espectador. “No filme, os humanos só têm uma hipótese de tomar o comprimido. Nós temos uma oportunidade todos os dias.”