https://www.youtube.com/watch?v=jll4ASUCKkE&feature=youtu.be
quinta-feira, 11 de julho de 2019
Rui Elói Ferreira: “A vítima dos megaprocessos é o arguido menos conhecido”
O penalista Rui Elói Ferreira recusa ver os megaprocessos na área da crime económico como responsáveis pela lentidão na Justiça. Não entopem os tribunais, “são é muito mediatizados”, diz.
É o que ele diz…
Mais carros, menos restauração. Como mudaram os padrões de consumo dos portugueses?
A forma como o Instituto Nacional de Estatística (INE) muda o cálculo da inflação ao longo dos anos permite perceber como evoluem os padrões de consumo dos portugueses. O Negócios analisou o período entre 2013 e 2019.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) actualizou em Janeiro deste ano a estrutura de despesa do cabaz de bens e serviços através do qual calcula a taxa de inflação a cada mês. O objectivo desta actualização anual é que a ponderação feita para apurar a evolução dos preços em Portugal reflicta a evolução dos padrões de consumo dos cidadãos. Uma análise dos últimos seis anos mostra que os carros ganharam importância no consumo dos portugueses ao passo que a restauração perdeu.
"Esta actualização é feita todos os anos, de modo a garantir que o cabaz do IPC se mantém representativo do padrão de consumo das famílias portuguesas", esclarece o INE ao Negócios, referindo que actualiza os dados através de várias fontes, nomeadamente os resultados definitivos de 2016 e preliminares de 2017 das Contas Nacionais que "permite incorporar, de forma sistemática, as alterações de preços e de quantidades dos bens e serviços adquiridos pelas famílias".
Pesos das categorias de despesa na ponderação da inflação
A evolução destes pesos entre 2013 e 2019 reflectem as mudanças nos padrões de consumo dos portugueses.
Em termos práticos, a redução (o aumento) da ponderação de determinadas categorias de bens ou serviços sinalizam que estes passaram a ser menos (mais) consumidos pelos portugueses. O Negócios comparou os dados de 2019 com os de 2013, o primeiro ano para o qual é possível fazer esta comparação, para analisar a evolução dos padrões de consumo dos residente sem Portugal.
De acordo com a evolução dos pesos de cada despesa (ver gráfico), é possível concluir que os transportes destacam-se como a categoria que mais peso ganhou nestes seis anos.
Esta categoria divide-se entre a aquisição de veículos, a utilização de equipamento para transporte pessoal (essencialmente combustível) e os serviços de transportes. Enquanto os dois últimos perderam peso, a compra de carros aumentou o seu peso em mais de 10 pontos percentuais em seis anos.
Seguem-se os ganhos de importância dos "produtos alimentares e bebidas não alcoólicas", da "habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis" - onde se destaca o aumento do peso das rendas das casas, tendo as restantes categorias baixado - e do "vestuário e calçado".
Por outro lado, as despesas com "restaurantes e hotéis" foram que as perderam mais peso neste período. Dentro desta categoria, foram as idas aos restaurantes que perderam peso ao passo que as estadias em hotéis reforçaram a sua importância. A queda da restauração pode parecer estranha face ao dinamismo do sector do turismo, mas tal poderá ser explicado pelo facto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) não contabilizar as despesas realizadas pelos turistas (ao contrário do IHPC do Eurostat).
Também entre as categorias que perderam peso está a saúde e a educação. No caso da saúde caiu a subcategoria de equipamentos médicos, que não foi compensada pela subida dos serviços para doentes ambulatórios. No caso da educação, a principal queda registou-se no ensino pré-primário e primário, o que reflecte a queda da natalidade em Portugal.
Não é possível recuar mais na série do INE uma vez que esta começa em 2013. Convém, portanto, alertar que esta comparação com 2019 pode ser influenciada pelo impacto relevante da crise. 2013 foi o pior ano da recessão económica em Portugal, altura em que os consumidores tendem a gastar menos em bens duradouros (como é o caso dos carros) enquanto mantêm as despesas de primeira necessidade, como é o caso da alimentação.
No ano passado, tal como avançou o ECO, o INE integrou informação do Inquérito à Despesa das Famílias 2015/2016, o que resultou na entrada / saída de bens e serviços da amostra, o que também reflecte - num grau mais pormenorizado - as alterações dos padrões de consumo dos portugueses. O arroz basmati, os iogurtes gregos, as leggings, as lâmpadas LED, as massagens de beleza e também os robôs de cozinha são exemplos de inclusões. Por outro lado, saíram do cabaz o sabão azul e branco, a varinha mágica, o CD-ROM e o trabalho de marceneiro.
Maria de Fátima Bonifácio e a cristandade
É sempre uma chatice quando
pessoas de quem gostamos
escrevem textos de que não
gostamos, e é ainda uma
chatice maior quando nos
sentimos moral e
profissionalmente obrigados a
comentá-los em público. Se este
meu artigo sair mais coxo do que é
habitual, dêem-me o desconto: eu
conheço, gosto e admiro
intelectualmente Maria de Fátima
Bonifácio. Infelizmente, não gosto
nem um bocadinho do artigo
“Podemos? Não, não podemos”,
não reconheço nele a mulher que
admiro, nem percebo como pôde
ele ser intelectualmente sustentado
com tantas generalizações de cair o
queixo — e que, sim (custa-me
muito dizer isto), entram mesmo
no campo do racismo.
Porque é que não fico calado,
então, e escrevo sobre outra coisa
qualquer? Porque sinto que não
devo, nem quero participar numa
jogatana esquerda-direita nesta
matéria, como alguns já se preparam para fazer, com a claque
pró-Bonifácio a defender que ela
disse grandes verdades que
ninguém tem a coragem de
verbalizar, e a claque anti-Bonifácio
a garantir que o seu artigo é
incitação ao ódio e merece
perseguição criminal. Seria fácil
para mim ignorar o texto original e
atirar-me às reacções descabeladas
que já ouvi por aí (José Eduardo
Agualusa, homem habitualmente
ponderado, escreveu que Bonifácio
e o PÚBLICO deveriam responder
“perante a justiça portuguesa”, por
amor de Deus), mas sendo uma
estratégia fácil também seria
cínica, até por causa de uma
palavra que foi invocada e me é
muito cara: cristandade.
Maria de Fátima Bonifácio afirma
no seu artigo que nem africanos
nem ciganos “fazem parte de uma
entidade civilizacional e cultural
milenária que dá pelo nome de
Cristandade”. Não só isso é
factualmente errado (estima-se que
40% dos africanos sejam cristãos e
os ciganos tendem a adoptar a
religião dos países onde se
instalam), como a própria história
da cristandade é, desde a sua
fundação, baseada no
universalismo e no desejo de
abertura a todos, sejam eles
brancos, amarelos ou vermelhos, lusitanos, africanos ou ciganos. A
discussão entre Pedro e Paulo
sobre se os gentios, por não serem
circuncidados, poderiam ser
cristãos, foi ganha por Paulo no
século I — ou seja, quase dois mil
anos atrás. Faz algum sentido
retomar essa discussão hoje em
dia, assumindo que há uns que
podem partilhar os valores da
cristandade (os circuncidados do
século XXI), e outros, coitados, que
não podem?
Tal como Maria de Fátima Bonifácio, não acredito que todas as culturas se equivalham.
Acredito no progresso; acredito
que há culturas superiores a
outras; acredito que o
multiculturalismo assolapado
desembocou numa guetização
nefasta em certos países
ocidentais; acredito que a cultura
que produziu os Direitos
Universais é infinitamente
superior ao wahhabismo ou às
tradições ancestrais de mutilação
genital feminina; e acredito que
existe demasiada complacência
em relação ao tratamento das
mulheres nalgumas comunidades.
Só que pular da crítica a uma
determinada cultura para a crítica
de todos os indivíduos que a
integram é um salto inaceitável,
precisamente por ir contra os
valores que Maria de Fátima
Bonifácio quer defender. A razão é
simples: não é possível acreditar
numa matriz cultural que diz que
podes ser salvo até ao último
suspiro (Lucas 23, 39-43) e depois
pregar que há grupos de gente
condenada a ficar às portas da
civilização que tanto consideras.
Isso seria, mais uma vez, querer
proteger a cristandade traindo os
melhores valores que ela tem para
nos oferecer.
João Miguel Tavares - Jornalista
jmtavares@outlook.com
Custos na construção sobem 2,2% com custos laborais
O Instituto Nacional de Estatística divulgou á uns dias o Índice de Custos de Construção da Habitação Nova e revelou que em Maio a despesa medida por este indicador terá aumentado 2,2% em termos homólogos, menos 0,1 pontos percentuais (p.p.) que o observado no mês anterior. Das duas rubricas que concorrem para a formação do índice, o custo da mão-de-obra continua a ser aquele que apresenta taxas de variação mais elevadas. Os preços dos materiais de construção aumentaram 0,8% em termos homólogos (fora de 0,9% no mês anterior), mas os custos de mão-de-obra tiveram uma variação de 4,3%, “menos 2 pp que em Abril”.
Depois vem o governo informar-nos que a inflação seja de 1%e outras patranhas do mesmo género. Sabemos e bem todos aqueles que vivem dos seus vencimentos, os preços da alimentação, das rendas, etc..
Estratégia Nacional para os Efluentes Agro-pecuários e Agro-industriais (ENEAPAI)
Mais um… Despacho n.º 6312/2019.
“Autoriza a AdP Energias - Energias Renováveis e Serviços Ambientais, S. A. (AdP Energias), a realizar os estudos técnicos e económico-financeiros necessários à criação de um novo serviço público destinado ao tratamento e à valorização dos efluentes agropecuários e agroindustriais”
O governo descobriu que não tinha ninguém no seu ministério que soubesse sobre este assunto, que fosse capaz de criar interinamente o serviço, ou aglutina-se serviços que responde.se, se é que este serviço é necessário, a estas questões. Não! O interesse neste novo serviço publico é outro, o “asilamento” de amigos, preferencialmente militantes do PS.
“Despacho n.º 6312/2019
A Estratégia Nacional para os Efluentes Agropecuários e Agroindustriais (ENEAPAI) dá prioridade e primazia à valorização agrícola de efluentes agropecuários e agroindustriais, tirando partido das vantagens agronómicas, com especial enfoque no fecho do ciclo dos nutrientes e na retenção da água, em linha com o definido no Plano de Acção para a Economia Circular, e minimizando os efeitos de índole climática das regiões mediterrânicas, em que a decomposição da matéria orgânica é relativamente rápida, afetando negativamente a produtividade dos solos.
Contudo, em algumas regiões do território nacional a valorização agrícola de efluentes agropecuários e agroindustriais, principalmente pela inexistência de áreas disponíveis para o seu espalhamento nas zonas em que são produzidos, pode apresentar potenciais riscos ambientais, em particular, pelo contributo para o estado das massas de água (ainda longe dos objetivos fixados na Diretiva Quadro da Água) e desafios de complexidade técnica (em função das características físicas, químicas e biológicas dos efluentes e dos solos), que se justifica acautelar.
Relativamente ao encaminhamento do efluente cuja valorização agrícola não seja viável, deverão ser tidas em conta soluções de valorização, tratamento e destino final, individuais ou coletivas, que se venham a revelar técnica, económica e ambientalmente adequadas e ajustadas e que assegurem um modelo de exploração otimizado e de gestão sustentável, contribuindo para ultrapassar as situações de poluição ambiental identificadas ou as que se venham a identificar.
No entanto, algumas das soluções de valorização, tratamento e destino final coletivas que vinham sendo protagonizadas por entidades dos setores geradores de efluentes agropecuários e agroindustriais ao longo dos últimos anos não puderam, por razões diversas, ser executadas, nem se perspetiva que o possam ser a curto ou a médio prazo.
A ENEAPAI permite, igualmente, que a promoção e a hierarquização de soluções de encaminhamento dos efluentes e de modelos de gestão eficientes e sustentáveis se materializem através da constituição de uma solução pública que proceda à receção, ao tratamento e ao encaminhamento a destino final adequado daqueles efluentes para as situações em que as unidades produtivas, individual ou coletivamente, não disponham de instalações apropriadas para o efeito, bem como recomenda a fiscalização e a monitorização dos diversos fluxos de materiais orgânicos valorizados e respetivos produtos e subprodutos resultantes do tratamento dos mesmos como fertilizantes agrícolas, através de sistemas de informação interoperáveis que promovam a desmaterialização dos procedimentos existentes, como forma de assegurar a sua correta utilização nas regiões mais adequadas, contribuindo decisivamente para impedir a criação ou a manutenção de passivos ambientais.
Os objetivos de proteção do meio ambiente e de concretização de um modelo de exploração otimizado e de gestão sustentável para os efluentes agropecuários e agroindustriais determinam a necessidade de criação de um novo serviço público destinado ao tratamento e à valorização dos efluentes agropecuários e agroindustriais e que o mesmo seja prestado pelo Estado, através de uma empresa pública do grupo Águas de Portugal, cujo capital social é detido a 100 % pela AdP - Águas de Portugal, SGPS, S. A.. Esta entidade pública, a AdP Energias - Energias Renováveis e Serviços Ambientais, S. A., será a entidade concessionária da exploração e gestão do sistema integrado de tratamento e valorização dos efluentes agropecuários e agroindustriais.
Uma solução nacional permite também o reforço das condições de concorrência equitativas para os setores geradores de efluentes agropecuários e agroindustriais, respeitando-se sempre, e em qualquer caso, o princípio do poluidor-pagador e do utilizador-pagador.
Assim, ao abrigo das competências constantes dos artigos 26.º e 27.º do Decreto-Lei n.º 251-A/2015, de 17 de dezembro, na sua atual redação, os Ministros do Ambiente e da Transição Energética e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural determinam o seguinte:
1 - Autorizar a AdP Energias - Energias Renováveis e Serviços Ambientais, S. A. (AdP Energias), a realizar os estudos técnicos e económico-financeiros, designadamente a preparação de uma proposta de contrato de concessão, necessários à criação de um novo serviço público destinado ao tratamento e à valorização dos efluentes agropecuários e agroindustriais.
2 - Para efeitos do disposto no número anterior, a AdP Energias pode:
a) Solicitar às entidades gestoras de sistemas municipais e multimunicipais de saneamento de águas residuais as informações relativas à capacidade das respetivas infraestruturas para receção e tratamento de efluentes agroindustriais e agropecuários ou outros, desde que compatíveis com aqueles, disponível em cada momento, e demais informação relevante;
b) Solicitar aos organismos das áreas governativas do Ambiente e da Transição Energética e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural as informações relativas ao controlo e à fiscalização do tratamento, valorização e descarga no meio hídrico e no solo dos efluentes agropecuários e agroindustriais, bem como dos respetivos subprodutos, à capacidade produtiva das unidades pecuárias e respetiva quantificação do volume de efluentes produzidos e reportados por cada unidade agropecuária e agroindustrial e ao funcionamento e dimensionamento das soluções de tratamento de efluentes existentes nas unidades agropecuárias e agroindustriais, e demais informação relevante;
c) Propor a celebração de memorandos ou protocolos entre o Estado, as unidades produtivas dos setores geradores de efluentes agropecuários e agroindustriais ou as suas associações representativas, os municípios e as comunidades intermunicipais dos territórios a abranger pela solução pública e os organismos e serviços das áreas governativas do Ambiente e da Transição Energética e da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, conjunta ou separadamente, para efeitos do determinado no n.º 1;
d) Recorrer à contratação de serviços por terceiros.
3 - O Fundo Ambiental transfere para a AdP Energias, nos termos de protocolo a celebrar no prazo de 30 dias após a data da entrada em vigor do presente despacho, um montante máximo de (euro)1.000,000,00 (um milhão de euros), para efeitos do apoio à construção de uma solução integrada para a recolha, o tratamento e a valorização dos efluentes agropecuários e agroindustriais no seio do Grupo Águas de Portugal.
4 - O presente despacho entra em vigor no dia seguinte ao da sua publicação.
28 de junho de 2019. - O Ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Soeiro de Matos Fernandes. - O Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Manuel Capoulas Santos.”
Linha do Norte enfrenta risco de desabamento por falta de obra.
O que é interessante é a Teixeira Duarte ter vendido os terrenos, a uma empresa sediada na madeira! E é inacreditável um ministro das infra-estruturas e da habitação vir dizer que desconhece o actual proprietários dos terrenos! Já não se praticam os procedimentos normais de transacção de imoveis que vigorava em Portugal?
A Infra-estruturas de Portugal, a Teixeira Duarte e a Câmara de Santarém não se entendem sobre obras de protecção à via férrea devido ao risco de desabamento de parte da encosta das Portas do Sol.
“É necessário e urgente que se efectue uma obra de consolidação na Encosta das Portas do Sol de forma a impedir que os terrenos se abatam sobre a via Infra-estruturas de Portugal” Infra-estruturas de Portugal
“Durante o Estado Novo, e sobretudo nos anos 60, a Teixeira Duarte era a empresa que detinha o know-how em engenharia geotécnica, sendo responsável por praticamente todas as obras da CP nessa área. Os ferroviários mais antigos ainda se lembram que o fundador da empresa tinha dificuldade em compreender o conceito de concurso público, pois a Teixeira Duarte confundia-se com a própria CP na área da engenharia e até com o próprio regime.
Cinquenta anos depois, a construtora refere que, perante a recusa da IP (enquanto sucessora da Refer e da CP) em assumir a titularidade efectiva dos terrenos, iria colocá-los à venda “por um valor simbólico”.
Essa operação já terá sido concretizada, mas desconhece-se o comprador. Foi o que disse o ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, no passado dia 3 de Julho, na Assembleia da República, numa resposta sobre este assunto a uma pergunta feita pelo deputado social-democrata Duarte Marques.”
Nova Ligação Ferroviária entre Évora Norte e Elvas/Caia
Que aconteceu para tanta urgência quando este governo anda há quatro anos, a “enrolar”?
Despacho n.º 6310/2019 - Diário da República n.º 130/2019, Série II de 2019-07-10
“Declara a utilidade pública, com carácter de urgência, da expropriação dos bens imóveis e direitos a eles inerentes, necessários à execução da obra da Nova Ligação Ferroviária entre Évora Norte e Elvas/Caia, da Linha de Évora - Subtroço Alandroal/Linha do Leste”.
“Assim, por resolução do Conselho de Administração Executivo da Infra-estruturas de Portugal, S. A., de 18 de Abril de 2019, foi aprovada a resolução de requerer a declaração de utilidade pública urgente da expropriação, incluindo as plantas parcelares e os respectivos mapas de áreas, relativos às parcelas de terreno necessárias à construção da «Nova Ligação Ferroviária entre Évora Norte e Elvas/Caia, da Linha de Évora - Subtroço Alandroal/Linha do Leste».
Nestes termos, a requerimento da Infra-estruturas de Portugal, S. A., ao abrigo do disposto nos artigos 1.º, 3.º, 14.º, n.º 1, alínea a), 15.º, n.º 2, 18.º e 19.º, n.º 1 do Código das Expropriações, e no uso da competência que me foi delegada pelo Despacho n.º 3396/2019, de 21 de Março, do Ministro das Infra-estruturas e da Habitação publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 61, de 27 de Março de 2019:
1 - Declaro a utilidade pública, com carácter de urgência, da expropriação dos bens imóveis e direitos a eles inerentes, necessários à execução da obra da «Nova Ligação Ferroviária entre Évora Norte e Elvas/Caia, da Linha de Évora - Subtroço Alandroal/Linha do Leste», identificada no mapa de expropriações e nas plantas parcelares n.º 10003624858, 10003624859, 10003518068, 10003518069, 10003518070, 10003518071, 10003518072, 10003518073, 10003518074, 10003518075, 10003518076, 10003518077, 10003518078, 10003518079, 10003518080, 10003518081 e 10003518082, publicados em anexo.”
Sistema de Incentivos à Eficiência da Despesa Pública (SIEF)
Á socapa o governo veio agora publicar uma Portaria n.º 172/2019, com que se comprometera em 2016! Qual o objectivo final?
“de 3 de Junho
Uma gestão orçamental rigorosa implica um esforço contínuo na identificação e eliminação de procedimentos e recursos que se traduzam em desperdício na despesa, bem como no estímulo permanente ao aumento da produtividade dos serviços públicos, pelo que a consagração de incentivos que promovam melhorias de eficiência na gestão da despesa pública afigura-se como um importante contributo para o sucesso da gestão orçamental.”
Lendo isto assim,parece conversa de café, para ser benevolente, depois pensamos, mas isto não será outra forma de premiar com dinheiro e outras benesses o funcionalismo publico em geral, para ganhos eleitorais?! Depois recorda-mo-nos de que o governo tem um departamento chamado SIOP, fundado por Passos Coelho, para este suposto fim, de saber quantos funcionários públicos existem, onde estão o que fazem, etc. Eu penso que além disso, haveria mais do que isto, pois é necessário saber também, quantos são sindicalistas, quantos efectivamente vão ao serviço, quantos dias de baixa tiveram, etc. toda a informação legal possível, para assim aquilatar da qualidade de funcionalismo publico e entender porque razão se está sempre a aumentar os ministérios de gente, de dinheiro, de meios e os serviços são piores, no tempo e na qualidade do mesmo!
quarta-feira, 10 de julho de 2019
Podemos? Não, não podemos
As quotas para negros e ciganos não passam de uma farsa multicultural igualitarista. Não, não podemos integrar por decreto.
6 de Julho de 2019, 6:15
Segundo o PÚBLICO de 29 de Junho, o “PS quer discriminação positiva para as minorias étnico-raciais”. Em causa estão sobretudo africanos e ciganos, independentemente de terem nascido em Portugal ou não. Estas minorias excluídas da Cidade, a sua suposta ou real marginalização, constitui a prova de que Portugal “continua a ter um problema de racismo e xenofobia”, independentemente do efeito – que de resto não sofremos – do drama dos refugiados, com o seu pico mais trágico em 2015.
O entrevistado pelo PÚBLICO, Rui Pena Pires, sociólogo e secretário nacional do Partido Socialista, lamenta “a falta de diversidade no espaço público”, que continua atulhado de homens brancos e mulheres brancas. E, em conformidade com a ideia, grata à esquerda, de que a sociedade e respectiva mentalidade podem ser mudadas por decreto, Pena Pires saúda a possibilidade de que o problema da exclusão de negros e ciganos do espaço público se resolva, ou comece a resolver, estabelecendo quotas para deputados coloridos, de forma a conferir à futura Assembleia da República uma dimensão representativa mais conforme com a composição étnico-racial da sociedade portuguesa. Se as quotas tinham impulsionado a emancipação e igualização de direitos das mulheres, se lhes haviam aberto o espaço público, porque não aplicar a mesma receita às minorias étnicas?
A comparação com a igualdade ou paridade de género é inteiramente falaciosa. As mulheres, que sem dúvida têm nos últimos anos adquirido uma visibilidade sem paralelo com o passado, partilham, de um modo geral, as mesmas crenças religiosas e os mesmos valores morais: fazem parte de uma entidade civilizacional e cultural milenária que dá pelo nome de Cristandade. Ora isto não se aplica a africanos nem a ciganos. Nem uns nem outros descendem dos Direitos Universais do Homem decretados pela Grande Revolução Francesa de 1789. Uns e outros possuem os seus códigos de honra, as suas crenças, cultos e liturgias próprios.
Os ciganos, sobretudo, são inassimiláveis: organizados em famílias, clãs e tribos, conservam os mesmos hábitos de vida e os mesmos valores de quando eram nómadas. E mais: eles mesmos recusam terminantemente a integração. É só ver a quantidade de meninas ciganas que são forçadas pelos pais a abandonar a escola a partir do momento em que atingem a puberdade; é só ver a quantidade de meninas e meninos ciganos que abandonam os estudos, apesar dos subsídios estatais de que os pais continuam a gozar para financiar (ou premiar!) a ida dos filhos às aulas; é só ver o modo disfuncional como se comportam nos supermercados; é só ver como desrespeitam as mais elementares regras de civismo que presidem à habitação nos bairros sociais e no espaço público em geral. Os ciganos não praticam a bárbara excisão genital das mulheres. Mas, em vez desta brutal mutilação, vulgar e imperativa nas tribos muçulmanas, aos casamentos entre ciganos segue-se, no dia seguinte, obrigatoriamente, a humilhante demonstração da virgindade da noiva, cujo sangue de desfloramento, estampado nos lençóis, é orgulhosamente exibido perante a comunidade. O que temos nós a ver com este mundo? Nada. O que tem o deles a ver com o nosso? Nada.
Africanos e afro-descendentes também se auto-excluem, possivelmente de modo menos agressivo, da comunidade nacional. Odeiam ciganos. Constituem etnias irreconciliáveis, e desta mútua aversão já nasceram, em bairros periféricos e em guetos que metem medo, batalhas campais só refreadas pela intervenção policial. Os africanos são abertamente racistas: detestam os brancos sem rodeios; e detestam-se uns aos outros quando são oriundos de tribos ou “nacionalidades” rivais. Há pouco tempo, uma empregada negra do meu prédio indignou-se: “Senhora, eu não sou preta, sou atlântica, cabo-verdiana.” Passou-se comigo. A cabo-verdiana desprezava as angolanas porque eram africanas, não atlânticas, e muito mais pretas...
Os partidos, nomeadamente o PS, confessam que, para o fim inconfesso de conquistar mais alguns votos, se vêem hoje obrigados a “assegurar a representatividade das diferentes origens étnico-raciais”. Não por acaso, na entrevista com Pena Pires, a visibilidade dessas diferentes origens aparece imediatamente relacionada com a facilitação do acesso ao ensino superior, que deveria abrir-se a todos os alunos, “independentemente da sua nota final” no 12.º ano. “Se fizermos uma política de alargamento de acesso ao ensino superior, já resolvemos parte do problema.
§Não faz sentido ter um ensino virado para os melhores alunos, mas sim para todos os que têm as condições mínimas para entrar.” Pena Pires não explica que condições são essas. Possivelmente, o simples facto de existirem jovens que, apesar de incapazes e preguiçosos, aspiram a um diploma universitário! Pelos vistos, o facilitismo que já reina hoje em dia nas universidades ainda não chega: para resolver “os problemas de racismo e xenofobia” que afligem a esquerda bem-pensante da nossa democracia, teremos de criar um passe de livre-trânsito entre o secundário e a universidade. Quando esta política for oficialmente consagrada e der os seus resultados, teremos um Parlamento ainda mais ignorante e incompetente do que já temos – sem que o País deixe de “ter um problema de xenofobia e racismo”.
A título de complemento do acesso irrestrito ao ensino superior, Pena Pires recomenda também a criação de “um observatório do racismo e da discriminação junto a uma universidade”. Mas como é que se observa o racismo e a discriminação a partir dos gabinetes almofadados onde se sentariam os observadores? A única maneira de observar uma matéria tão fugidia e evanescente é frequentar feiras e supermercados baratos, é entrar nos bairros em que nem a polícia se atreve a pôr os pés. Mas isto é tremendamente maçador e, sobretudo, exige muita coragem física. O observatório não observaria nada e seria perfeitamente inútil, a não ser – isso sim – para criar mais alguns jobs for the boys.
M. Fátima Bonifácio
Publico
terça-feira, 9 de julho de 2019
Franz Kafka
Imagem: Robbie Wild Hudson
Franz Kafka nasceu há 136 anos, em Praga. Estudou Direito, tendo depois ido trabalhar numa companhia de seguros, algo que o deixava insatisfeito. Era obcecado pelo corpo e, mesmo nos invernos rigorosos de Praga, dormia de janela aberta.
É muitas vezes considerado um dos maiores pensadores do século XX e a sua obra, muito centrada no existencialismo, inspira escritores de todo o mundo. Partilhamos consigo algumas curiosidades sobre o autor checo.
1. Mudou de emprego para ter mais tempo para escrever
Depois de concluir o curso de Direito, Kafka começou a trabalhar numa seguradora, com um horário das oito da manhã às seis da tarde. O horário aborrecia-o porque, assim, restava-lhe pouco tempo para escrever.
Um ano depois, decidiu mudar de empresa e optou por um novo emprego, em que terminava a jornada de trabalho às 14 horas e assim podia aproveitar o tempo livre para escrever.
2. Kafka era vegetariano
Não só por motivos éticos mas também por se preocupar com a saúde, Kafka era vegetariano. Uma vez, terá visto um peixe num aquário e disse: “Agora posso olhar para ti em paz; já não te como”.
3. Viveu sozinho pela primeira vez aos 31 anos
Kafka era o mais velho de seis irmãos, mas os dois irmãos morreram antes de o autor fazer 7 anos. Ellie e Valli, duas das três irmãs de Kafka, saíram de casa após casarem.
Em 1913, a família mudou-se para um apartamento maior. Depois do início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, as irmãs não sabiam onde os maridos estavam a servir como militares e, por isso, voltaram a para casa da família. Foi assim que o escritor acabou, aos 31 anos, por se mudar para o antigo apartamento da irmã e passou a viver sozinho pela primeira vez.
4. A relação com os pais influenciou a sua escrita
Kafka não tinha uma relação fácil com os pais, principalmente com o pai. A turbulência nas relações familiares acabou por servir de inspiração para muitas obras do autor. O caso mais notável é o do livro
Carta ao Pai, em que lhe escreve diretamente.
5. Os livros de Kafka quase foram destruídos
Franz Kafka foi diagnosticado com tuberculose em 1917 e deixou de trabalhar no ano seguinte. Até morrer, em 1924, esteve constantemente em sanatórios.
Antes de morrer, terá instruído o seu amigo mais próximo, Max Brod, para que este destruísse todos os manuscritos não publicados e também para que evitasse novas edições das histórias já publicadas.
Brod não quis seguir a vontade do amigo e entre 1925 e 1935 publicou toda a obra, que ganhou notoriedade durante a Segunda Guerra Mundial. A partir da década de 1960, Kafka passaria a ser mundialmente conhecido.
Imagem: Literary Hub
Bertrand
A velha desculpa de Cavaco: não fui eu, foi ele
Isto é Aníbal Cavaco Silva vintage:
“Eu nunca acompanhei os financiamentos das campanhas eleitorais em que participei.
Aconselho a falar com Vasco Valdez, que ele é que é o mandatário financeiro. Ele é que sabe.” Digam-me: sou só eu a sentir um leve odor a café da Avenida de Roma (e a Fernando Lima) a espalhar-se pelo ar? O senhor ex-Presidente da República — há que dizê-lo — tem um tique ligeiramente irritante: mal surge no horizonte o mais vago vestígio de um grão de poeira reputacional, a primeira coisa que ele faz é manifestar a sua mais profunda ignorância em relação ao tema e passar as culpas a outro.
O típico lava-mãos cavaquista pode dividir-se em quatro momentos:
1) Proclamar que se é uma pessoa muito séria.
2) Garantir que esse assunto não foi tratado por si.
3) Aconselhar que dirijam as perguntas a quem tratou desse assunto.
4) Aproveitar para relembrar — para o caso alguém já se ter esquecido — que não foi ele, porque é evidentemente uma pessoa muito séria.
Essa foi a estratégia utilizada por Cavaco Silva no caso das acções do BPN. E no caso da compra da casa na Aldeia da Coelha. E no caso das alegadas informações sobre espionagem em Belém. E, agora, no caso do financiamento da sua campanha eleitoral de 2011.
Segundo a investigação feita pela revista Sábado, dez altos quadros do Grupo Espírito Santo (incluindo o próprio Salgado) doaram um total de cerca de 253 mil euros, em nome individual, para a campanha presidencial de Cavaco, graças a um conjunto de dez cheques de cerca de 25.000 euros cada (o máximo permitido por lei). Se esta paixão assolapada da cúpula do BES por Cavaco já não era lá muito normal, a Sábado conseguiu estabelecer ligações entre a saída desses cheques e a entrada de montantes exactamente iguais na conta dos altos quadros do Banco Espírito Santo, via empresa ES Enterprise, hoje mais conhecida como “o saco azul do BES”. Ou seja, em termos práticos, foi Ricardo Salgado e o Banco Espírito Santo quem financiou pelo menos um quinto da campanha de Cavaco Silva (cujo orçamento rondava os 1,5 milhões de euros). O que, claro, é manifestamente ilegal.
Poderia Cavaco não saber nada disto? Poderia, com certeza. Pode ele dizer que nunca acompanhou o financiamento das suas campanhas? Sim, também pode. São essas duas afirmações política e eticamente aceitáveis? Não, não são. Mais até do que a própria notícia da Sábado, a reacção de Cavaco Silva não tem justificação: um candidato presidencial não pode dizer que não acompanha o financiamento das suas campanhas, da mesma forma que um condutor de Fórmula 1 não pode dizer que não acompanha o desenvolvimento dos chassis e do motor do seu carro. É um absurdo, porque são temas demasiado
importantes para um profissional se refugiar atrás de qualquer espécie de ignorância na matéria.
Vasco Valdez estava a trabalhar para Cavaco Silva na campanha eleitoral, e as dúvidas em causa não são de contabilidade. O mandatário financeiro lá teve de vir a terreiro dizer que aquelas pessoas eram “vistas como idóneas” em 2011, o que até pode ser verdade — só que era demasiada idoneidade reunida num só conselho de administração, para mais do banco todo-poderoso do país, e a bater no tecto dos donativos.
Como é óbvio para toda a gente, isto não é uma questão de mapas Excel — é uma questão política. E Cavaco sabe isso muito bem. Tão bem, aliás, que atirou logo a batata quente para cima de outros. Como é seu triste hábito.
João Miguel Tavares
Jornalista
jmtavares@outlook.com