quarta-feira, 4 de março de 2020

Oito espécies vitais para a Terra que não podemos perder.

1. Abelhas

Não é segredo que as abelhas são vitais para o planeta, e foram, inclusive, declaradas a espécie mais importante na Terra pela Royal Geographic Society, um instituto de geografia do Reino Unido. Como os principais polinizadores do mundo, elas são fundamentais no ciclo de vida de muitas espécies de plantas. Também dependemos delas para cerca de 70% dos grãos que ingerimos.


2. Formigas

Embora comuns, as formigas são outro inseto que não devemos negligenciar. Elas podem ser encontradas em todos os continentes, exceto na Antártida, e cumprem uma variedade de papéis, desde a circulação de nutrientes no solo até a dispersão de sementes e a ingestão de outros insetos. Atualmente, os cientistas estudam os possíveis impactos das mudanças climáticas nas colônias de formigas.


3. Fungos

Eles não são plantas, animais, micróbios ou protozoários, e às vezes são descritos como o "quinto reino da vida na Terra". Os fungos podem ser encontrados na água, no solo e no ar, e atuam essencialmente como recicladores de nutrientes naturais do planeta, sendo que algumas espécies podem até mesmo absorver metais nocivos como mercúrio e digerir polímeros (plástico).


4. Fitoplâncton

É difícil expressar o quão importante são esses microrganismos para a vida na Terra. Por um lado, eles produzem cerca de dois terços do oxigênio atmosférico do planeta. Sem eles, a quantidade de oxigênio livre seria bem menor, criando um ambiente muito desconfortável. Além disso, eles são a base da cadeia alimentar nos ecossistemas marinhos.


5. Morcegos

O que bananas, baobás e tequila têm em comum? Todos dependem de morcegos para polinização e regulação de insetos. Em todo o mundo, diferentes espécies de morcegos preenchem um nicho ecológico vital para garantir que certas culturas continuem prosperando. Uma população saudável de morcegos pode economizar milhões de dólares em pesticidas e é um sinal importante de um ecossistema em equilíbrio.


6. Minhocas

A minhoca é tão importante para a biosfera da Terra que costuma ser chamada de "engenheira do ecossistema". Elas arejam e enriquecem o solo ao reciclar material orgânico - e, é claro, ocupam um lugar indispensável na cadeia alimentar. Apesar de fundamentais para muitos ecossistemas, diversas espécies de minhocas estão ameaçadas por processos de desmatamento.


7. Primatas

Como nossos parentes biológicos vivos mais próximos, os primatas oferecem muitas informações sobre a biologia humana. Eles também são vitais para a biodiversidade e são uma espécie fundamental em muitas florestas tropicais, servindo como "jardineiros" ao dispersar sementes.


8. Corais

Frequentemente chamados de florestas tropicais do mar, os corais cumprem diversos papéis na natureza, desde servir como base para intrincadas redes alimentares até proteger litorais. Pesquisadores estimam que os recifes de coral abrigam mais de um quarto de toda a vida marinha, o que faz deles um dos mais diversos ecossistemas da Terra. Perdê-los significaria perder incontáveis espécies marinhas.

Na Suécia, o dinheiro está obsoleto. E-krona é o futuro

O Riksbank, banco central da Suécia, anunciou o lançamento de um projecto-piloto de um ano da sua proposta para o “e-krona”. O projecto usará a tecnologia de contabilidade distribuída inspirada nas blockchains que executam criptomoedas.

O dinheiro físico está a caminhar para a obsolescência na Suécia. Quase toda a gente usa uma aplicação de pagamento móvel chamado Swish. Estima-se mesmo que os comerciantes possam deixar de aceitar dinheiro até 2023.

Isto está a preocupar os banqueiros centrais do país por dois motivos. Primeiro: temem que, se a infra-estrutura de pagamento for deixada completamente para o sector privado, certos grupos poderão ser excluídos. Segundo: se as pessoas perdem a capacidade de converter o que está nas suas contas bancárias comerciais numa forma de “dinheiro” apoiado pelo governo, pode minar a sua fé no sistema monetário.

É por isso que, há alguns anos, o Riksbank começou a investigar a possibilidade de uma moeda digital apoiada pelo Estado que poderia desempenhar um papel semelhante ao que o dinheiro físico desempenha hoje.

Em declarações ao Technology Review, o economista do Riksbank, Gabriel Söderberg, argumentou que, embora as empresas privadas sejam motivadas pelo lucro, o banco central estaria focado em oferecer um bem público. O objectivo é criar um sistema de pagamento digital que seja fácil de usar e acessível a todos.

“Actualmente não há decisão sobre a emissão de uma e-krona, como uma e-krona pode ser projetada ou que tecnologia pode ser usada”, disse Söderberg. “Essa decisão é demasiado grande para um banco central, pelo menos no contexto sueco”.

Assim, para ser feita esse decisão, será preciso envolver o público sueco. De acordo com um comunicado, o projecto piloto será executado até o final de Fevereiro de 2021. Porém, poderá haver mais testes.

Pela sua saúde, baixe o tampo da sanita antes de puxar o autoclismo.

Acaba aqui a discussão sobre o tampo da sanita. A ciência explica.

Pela sua saúde, baixe o tampo da sanita antes de puxar o autoclismo

A ciência alerta: deve baixar sempre o tampo da sanita antes de puxar o autoclismo. Porquê? Mais do que higiene, por motivos de saúde.

Na verdade, quando puxamos o autoclismo e deixamos o tampo para cima, os germes e a matéria fecal são lançados para o ar. O chamado 'efeito aerossol' pode chegar até aos quatro metros de altura, podendo chegar às nossas toalhas e às nossas escovas de dentes.

De facto, uma revisão de estudos de 2013, publicada no American Journal of Infection Control, afirmou que o efeito aerossol pode participar na transmissão de doenças infecciosas.

Aprenda a fazer em casa um gel antibacteriano natural.

A propagação do Covid-19 pelo mundo inteiro tem aumentado a preocupação da maioria dos indivíduos com a higiene, sobretudo quando se trata de lavar e desinfetar as mãos.

O número total de vítimas mortais do novo coronavírus supera os 3.100 e mais de 90 mil pessoas estão infetadas. Este cenário tem levado à procura - muitas vezes desenfreada - de meios de proteção contra o contágio, tais como máscaras e gel antibacteriano, que por sua vez já estão ambos esgotados na maioria das farmácias e superfícies comerciais (apesar da sua eficácia ainda ser algo controversa).

Este tipo de gel é usado para desinfetar as mãos de maneira rápida e segura, quando não é possível lavar as mãos.

E felizmente, mesmo que esteja a ter alguma dificuldade em adquirir o produto, a publicação MilanosPettacoli revela que é possível fazer um gel desinfetante caseiro, com ingredientes anti-sépticos, antibacterianos e antivirais.

Eis a receita de gel antibacteriano:

Ingredientes

- 70 ml de álcool de farmácia;

- 30 ml de água de rosas;

- 10 colheres de sopa de gel de aloe vera;

Opcional: pode adicionar 10 gotas de óleo essencial de lavanda, já que este fornece mais propriedades antibacterianas.

Preparação

- Numa tigela grande, adicione o gel de aloe vera e a água de rosas, misture até obter uma textura homogénea.

- Adicione o álcool agora e mexa mais um pouco;

- De seguida adicione o óleo essencial de lavanda, se quiser, e mexa até obter um gel uniforme;

- Despeje a preparação num frasco de modo a armazenar o gel antibacteriano e está pronto a usar!

O Tratado que mais ameaça o Ambiente

    Quando em 2017 Nicolas Hulot foi nomeado ministro do ambiente do governo francês, houve uma onda de optimismo entre os ambientalistas e ecologistas. Era um ambientalista de renome e os franceses acreditaram que levaria a bom porto o Acordo de Paris.

    Em Agosto do mesmo ano, Hulot fez uma proposta de lei que punha fim à extracção de petróleo em todo o território francês até 2030, inclusive na Guiana francesa e na Martinica (América do Sul). Proibia que fossem renovadas as autorizações de exploração. Alguns projectos terminavam já em 2021, só uns poucos se arrastavam até 2030.

    Só que a França é signatária de vários acordos internacionais de investimento e as multinacionais do petróleo e do gás natural estavam preparadas para apelar às arbitragens internacionais de investimento – e o tribunal constitucional francês começou a receber cartas ameaçando a França com o ISDS (Investor-State Dispute Settlement) , entre outras da empresa canadiana Vermilion, que produz mais de 75% do petróleo oriundo de território francês. Argumentavam que a França violaria o Tratado da Carta da Energia, ao abrigo do qual os países não podem expropriar os investidores sem pagar “compensações adequadas”. Conforme tem sido denunciado por ONGs e outras organizações cidadãs, estas indemnizações abrangem a perda dos “lucros estimados”, e é isso que as faz ascender a centenas ou milhares de milhões de euros, capazes de pôr em risco qualquer orçamento de Estado.

    Assim, a lei Hulot que se seguiu (Setembro do mesmo ano) já permitia renovações dos direitos de exploração até 2040, ou seja, durante mais 23 anos… Pior que isso, depois de a lei ser aprovada, Hulot deu aval a mais explorações de petróleo que o seu antecessor!

    De todos os tratados internacionais que amarram os Estados e os impedem de avançar com políticas ambientalistas, o Tratado Energético, ou Tratado da Carta da Energia (ECT), é aquele que tem dado origem a mais processos de arbitragem internacional e a multas exorbitantes para os Estados. Este tratado é incompreensível aos olhos do cidadão comum, porque limita de forma grave a soberania dos Estados nas escolhas de produção de energia, protegendo os interesses das energias fósseis e nuclear. Senão, vejamos:

    – Ao tentar melhorar as condições ambientais de uma central a carvão, em 2009, a Alemanha foi ameaçada com um processo ISDS envolvendo uma indemnização de 1.260 milhões de euros, o que constrangeu o governo a deter as medidas pretendidas muito aquém do necessário e a não evitar contaminações fluvial e freática.

    – O segundo processo de ISDS da Vattenfall à Alemanha foi desencadeado no ano seguinte à tragédia nuclear de Fukushima e ainda decorre, por este país pretender um abandono acelerado da  energia nuclear.

    – Em 2017, a Rockhopper processou a Itália por impedir a extracção de petróleo no Mar Adriático junto às suas costas, operação que alegadamente implicava riscos de poluição, desastre ambiental e tsunami.

    – No outono de 2019, a Uniper (alemã) ameaçou a Holanda de ISDS, caso avance com a aprovação da lei que suspende gradualmente a produção de energia a carvão.

    Poderíamos ficar horas a desfiar casos dramáticos de recurso aos mecanismos ISDS, desde a indústria farmacêutica à extracção mineira, passando pelos condomínios de luxo e pela indústria madeireira. Foi o que fizeram os Friends of the Earth International e Friends of the Earth Europe ao editarem em 2019 o Relatório “Red Carpet Courts”, que em breve será publicado também em português.

    E é garantido que iremos assistir a muitas mais destas situações , à medida que os governos começarem a implementar planos para a neutralidade carbónica. Isto, a menos que ocorra um “milagre” na ronda de negociações para “modernizar” o ECT, que se seguirá à Conferência da Carta de Energia, que teve lugar no dia 10 de Dezembro, em Tirana, na Albânia.

    Porque se fala em “milagre”? Porque

    1. O ECT protege os investimentos e infra-estruturas das energias fósseis e nuclear;

    2. Ao incluir o mecanismo de arbitragem ISDS, o ECT dá origem à “intimidação regulatória” dos governos ameaçados de processos, e como tal impede o avanço das energias renováveis. Isto conjuga-se com o facto de o ECT inibir os reguladores de estabelecerem distinções entre diferentes fontes de energia e de privilegiarem a eficiência energética;

    3. O ECT destrói a protecção ambiental: para além do caso referido sobre energia nuclear na Alemanha, podemos referir o processo da Aura Energy contra a Suécia pela respectiva decisão de suspender a extracção de urânio, devido às suas implicações ambientais;

    4. O ECT expõe o erário público a riscos incalculáveis: ao abrigo do ECT, já foram pagos pelos Estados a grandes empresas 51,6 mil milhões de dólares;

    5. O ECT destrói as medidas governamentais para baixar o preço da energia e para o controlo público da produção ou distribuição da mesma. Vários países da Europa do Leste tiveram ameaças ou processos por tentarem reduzir os lucros das grandes empresas energéticas a fim de baixar os preços da electricidade. Por vezes a nacionalização da energia destina-se a reduzir o impacto de privatizações perniciosas, mas o ECT também não consente esta medida;

    6. O sistema de justiça paralela conhecido por ISDS é incompatível com princípios de justiça básicos: não contempla a igualdade perante a lei, enferma de graves conflitos de interesse dos seus árbitros, etc. Além disso, anula os sistemas de justiça nacionais. Com a decisão Achmea de 2018, o Tribunal de Justiça da União Europeia pôs em cheque o ISDS, e decretou a invalidade de todos os tratados bilaterais de investimento entre todos os países membros até ao final de 2019;

    7. Os privilégios concedidos aos investidores não têm contrapartida nos benefícios económicos que estes alegam.

      A “modernização do ECT” agora proposta está condenada à inutilidade, visto que não prevê a suspensão da protecção aos combustíveis fósseis nem o fim das arbitragens de investimento privadas (ISDS). Assim o entende o Corporate Europe Observatory no seu Relatório de 16/4/2014 “Still not loving ISDS: 10 reasons to oppose investors’ super-rights in EU trade deals” .

      Acresce que o ECT está blindado pela cláusula que estabelece que qualquer alteração tem de ser feita por unanimidade dos países signatários, muitos dos quais são os maiores produtores ou distribuidores de energia. Alguns deles já declararam que não vêem a necessidade de rever o ECT…

      Pensamos que ficou claro onde está o grande travão às políticas ambientais indispensáveis à sobrevivência neste Planeta: está nos tratados e mecanismos internacionais abrangentes que são negociados supostamente em nome das populações, em NOSSO NOME. Falámos do ECT e do ISDS, poderíamos falar do CETA, que é suposto congregar União Europeia e Canadá, e neste momento está a ser negociado o MERCOSUL, que incentiva a devastação da Amazónia para se transformar em campos de soja e pastos para bovinos.

      Nos últimos 150 anos, a humanidade levou a cabo uma experiência geológica gigantesca, arrasando as florestas que protegiam os solos e retirando do subsolo os produtos  geradores de energia ou riqueza: petróleo, gás natural, ouro, diamantes, cobre, etc, e agora o lítio. Essa experiência geológica tem acelerado vertiginosamente à medida que os lucros aumentam (com o crescimento das indústrias e dos países emergentes) e que a população mundial cresce. Os grandes poderes políticos e económicos nunca até hoje assumiram as suas responsabilidades pelos sofrimentos e degradação causados nos países mais pobres, que tentam em vão processá-los; às populações indígenas, que nunca pararam de desalojar e exterminar; e ao Planeta Terra, que mostra estar a chegar ao limite das capacidades para lidar com tantas agressões.

      O que tentámos deixar claro nestas palavras é que não é possível o combate climático sem afrontarmos e confrontarmos as grandes empresas multinacionais, assim como os governos que cedem aos interesses delas.

      26 Fev 2020 | Comércio tóxico, Outros tratados, Sistemas de resolução de litígios
      TAGS: ceta, ECT, MERCOSUL, Nicolas Hulot, Notícias ISDS, Tratado Carta da Energia

      A maior fazenda de telhados orgânicos da Ásia — localizada na movimentada Bangkok.

      3 de Março de 2020 / Karen Frances Eng

      Este telhado verde e fazenda oferecem um canivete suíço de soluções — controle de inundações, energia solar, produtos frescos, espaço verde para moradores da cidade, empregos, oportunidades de aprendizagem e muito mais - para alguns dos nossos problemas urbanos mais urgentes. O paisagista Kotchakorn Voraakhom conta-nos como funciona.

      As cidades poderiam realmente ser projectadas para melhorar o meio ambiente? Bangkok, Tailândia, o paisagista Kotchakorn Voraakhom, um TED Fellow,acha que sim. Seu trabalho imaginativo desafia o pensamento predominante de que a urbanização tem que ter um impacto negativo no planeta, seja na forma de inundações devido a superfícies pavimentadas, uso excessivo de energia, biodiversidade interrompida ou o efeito ilha de calor.

      Com sua empresa Landprocess,Voraakhom projectou um novo telhado verde no campus Rangsit da Universidade de Thammasat, cerca de 25 milhas ao norte do centro de Bangkok. Bangkok é extremamente vulnerável a inundações catastróficas — de fato, de acordo com o Banco Mundial, quase 40% da cidade, que é construída em um delta do rio, pode inundar anualmente até 2030, e essa situação tem sido muito agravada pela terra pavimentada e pela intensificação das estações chuvosas.

      O telhado verde Rangsit é o seguimento do premiado Parque Centenário da Universidade Chulalongkorn de Voraakhom, um espaço verde de 11 acres no centro de Bangkok que pode capturar e conter um milhão de litros de água em seu lago de retenção e tanques de armazenamento e impedi-lo de submergir a cidade. (Assista a sua PALESTRA TED: Como transformar cidades afundando em paisagens que combatem enchentes.)

      Como se isso não fosse impressionante o suficiente, a nova estrutura de 236.806 metros quadrados da Voraakhom — inaugurada em Dezembro de 2019 — engloba um sistema de gestão de águas inundadas e também a maior fazenda orgânica do telhado da Ásia. "Combinamos os princípios da arquitectura paisagística moderna com o conhecimento agrícola tradicional para criar um canivete suíço de soluções ambientais, integrando gestão da água, energia verde, espaço público verde e muito mais", diz Voraakhom. "Enquanto isso, até 2050, 80% da população mundial viverá nas cidades, e a água será uma mercadoria escassa. Precisamos começar a usar os espaços da cidade de forma mais eficiente para garantir uma fonte segura e sustentável de produção de alimentos."

      O telhado verde, contendo uma paisagem exuberante em forma de H, parece uma colina futurista com um edifício de tijolos aninhado por baixo dele. "A colina apresenta um padrão intrincado de terraços em ziguezague de camas plantadas, levando todo o caminho até o fundo", diz Voraakhom. "Quando a água da chuva atinge o telhado, ela desce os ziguezagues cortados em suas encostas enquanto é absorvida pelo solo nas camas." O excesso de água é canalizado em quatro lagoas de retenção – com capacidade de até 3 milhões de litros no fundo do monte. "O processo reduz em 20% a velocidade de fluxo de água da chuva em 20% em comparação com um telhado de concreto normal. Isso mantém uma grande quantidade de água fora dos sistemas de esgoto, evitando que a área alagá-lo durante chuvas fortes", explica. A forma do edifício também homenageia um dos fundadores do campus, o economista Puey Ungphakorn. "'Puey' significa 'monte sob a árvore' ou 'nutrição' em tailandês", acrescenta.

      Inspiradas pela tradição de cultivo de arroz da Tailândia, as estruturas de terraço foram construídas usando a antiga técnica de terra amassada e são o aceno de Voraakhom para a história agrícola do terraço de arroz. "Quando estava pensando nesse projecto, tentei pensar na arquitectura vertical combinada com uma fonte de alimento, e isso me fez pensar em terraços de arroz e colinas inclinadas na parte norte da Tailândia e esse tipo de arquitectura paisagística curvada", explica. "Há um século, essa área estava fora da parte principal da cidade de Bangkok, cheia de florestas e pântanos. Cem anos atrás, o rei Rama V decidiu dedicar esta região ao cultivo de arroz, para que a Tailândia pudesse se tornar um grande produtor de arroz para o mundo. O rei encomendou canais para controlar a água, e a região ficou conhecida como Campos de Rangsit, famosa por seus vastos campos de arroz."

      A expansão urbana de cimento da cidade tomou conta ao longo do século XX, culminando em grande desenvolvimento quando Bangkok sediou os jogos asiáticos de 1998, de acordo com Voraakhom. Os campos foram escavados para acomodar centenas de milhares de pessoas. Depois, a universidade transferiu uma filial de seu campus para o local, e o comércio denso e o desenvolvimento industrial surgiram ao seu redor. "Hoje, a universidade quer demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade ambiental em sua infra-estrutura, bem como seu currículo, e eu queria trazer a paisagem agrícola e a tradição de volta ao Campo Rangsit como fonte de alimento", diz ela.

      O desejo de Voraakhom se tornou realidade: Rangsit Fields agora possui uma fazenda no telhado de 1,73 acres. Os terraços escalonados da cúpula estão repletos de culturas cultivadas organicamente – incluindo uma variedade tolerante à seca de arroz, e muitos vegetais e ervas indígenas, incluindo alface de folhas de carvalho vermelho e verde, beringela tailandesa, rosa verde, pimenta vermelha tailandesa, dill. "Plantamos quase 50 espécies de vegetais, ervas e arroz. Já tivemos uma rodada de colheita, e a fazenda poderá abastecer as cantinas do campus com 20 toneladas de arroz, ervas e legumes por ano, fornecendo aproximadamente 80.000 refeições", diz Voraakhom. "O desperdício de alimentos é composto para fertilizar a fazenda, e a água das lagoas de contenção é usada para as plantas de água, criando um sistema circular totalmente localizado." Como todas as plantas são cultivadas organicamente, não há poluição de pesticidas sintéticos. "A fazenda também cria um habitat para polinizadores, restaurando a biodiversidade e reduz a necessidade de transporte de alimentos, contribuindo para a saúde ambiental e também para a vida saudável", diz.

      A fazenda serve como uma sala de aula ao ar livre e uma fonte de empregos locais, também. Os funcionários contratados pela universidade cuidam das culturas, e os agricultores oferecem oficinas sobre agricultura sustentável, permacultura e nutrição como parte do currículo de sustentabilidade da universidade. "Estudantes e membros da comunidade são convidados a participar da semeadura sazonal, colheita e assim por diante", diz Voraakhom. "A agricultura é uma parte crucial do património do nosso país. A fazenda urbana está treinando uma nova geração de agricultores orgânicos com habilidades reais. Também promove um senso de comunidade."

      Não só o prédio oferece um pedaço de verde na cidade, como é abastecido por energia verde. Integrados ao projecto do telhado, painéis fotovoltaicos instalados no topo do monte geram 500.000 watts de electricidade por hora. Isso é usado para alimentar o edifício, incluindo as bombas de água que puxam a água para cima das lagoas de contenção para irrigar as culturas durante a estação seca. Graças ao resfriamento passivo embutido, há menos necessidade de ar condicionado intensivo em energia: o telhado trabalha para isolar o edifício do calor. Enquanto isso, brisas soprando através das lagoas de contenção esfriam o ar antes de entrar no prédio. "Quando o vento sopra sobre a água nas lagoas, cria um microclima que também esfria a atmosfera ao redor do edifício, ajudando a reverter o efeito da ilha de calor urbano, diz Voraakhom.

      Este projecto, que custou cerca de US$ 31,6 milhões para construir e inclui o edifício de 538.196 metros quadrados por baixo, oferece uma demonstração convincente do que é possível à medida que repensamos como podemos viver e prosperar em nossas áreas urbanas. É possível construir resiliência climática - e até mesmo produção de alimentos e bem-estar comunitário - em todas as cidades futuras? Voraakhom acredita que muitos aspectos podem servir de modelo para urbanistas e arquitectos que estão se esforçando para construir cidades sustentáveis. "O telhado verde e a fazenda urbana da Universidade de Thammasat mostram como o desenvolvimento focado na resiliência climática pode talvez começar a contribuir com mais benefícios ambientais do que problemas", diz ela. "E talvez até ajudar a resolver alguns dos problemas do passado."

      Todas as fotos e imagens: Landprocess.

      SOBRE O AUTOR

      Karen Frances Eng é uma escritora colaboradora do TED.com, dedicada a cobrir os feitos dos maravilhosos Companheiros TED. Sua plataforma de lançamento está localizada em Cambridge, Reino Unido.

      terça-feira, 3 de março de 2020

      Está de quarentena, e agora? Sete perguntas e respostas sobre o seu salário.

      Os trabalhadores de quarentena devido ao coronavírus vão receber normalmente o salário, uma despesa que será assumida pelo Estado. Em sete perguntas e respostas, entenda como tudo vai funcionar.

      Estado vai pagar os salários aos trabalhadores — do público ou do privado — que necessitem de ficar de quarentena em casa devido ao coronavírus. Este pagamento vai cobrir a totalidade dos salários e será assumido integralmente pela Segurança Social. Com dúvidas? O ECO preparou um conjunto de questões para ajudar a esclarecer algumas das interrogações à volta deste tema.

      O salário é pago na totalidade ou terá cortes?

      A primeira dúvida tem a ver com a parcela de salário que os trabalhadores vão receber. O salário será pago na totalidade. “Durante o período de isolamento, a remuneração será assegurada a 100%”, garantiu a ministra do Trabalho, em declarações à Rádio Observador.

      Uma baixa “normal” prevê o pagamento de apenas 55% do salário (até aos 30 dias) mas, neste caso, o Governo decidiu aplicar o regime previsto para a situação de doença em que exista risco de contágio, como por exemplo nos casos de tuberculose, explicou Ana Mendes Godinho.

      De acordo com o artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 28/2004, o subsídio de doença pago nestas situações pode ser de 80% ou 100%. Neste caso do coronavírus, o montante definido corresponde a 100% do salário, à excepção do subsídio de alimentação (ver próxima pergunta).

      Esse montante inclui o subsídio de alimentação?

      Apesar de o salário ser assegurado pela Segurança Social na sua totalidade, esse valor não incluirá o subsídio de alimentação, dado que, legalmente, este não é considerado uma retribuição. Esta regra funciona para o sector público e deverá ser replicada no sector privado. Mas até agora o Ministério do Trabalho ainda não esclareceu este ponto. Está previsto para esta terça-feira a publicação de um despacho com informações também para o sector privado.

      A baixa começa a contar logo a partir do primeiro dia de quarentena?

      Contrariamente a uma baixa “normal”, em que os primeiros três dias não estão cobertos por subsídio de doença, nesta situação de quarentena por coronavírus, o Estado vai assegurar o salário logo a partir do primeiro dia.

      “Aplicamos a situação equivalente a situações de internamento, que permite que o pagamento seja feito a partir do primeiro dia dessa situação de isolamento, e não a partir do terceiro dia”, esclareceu a ministra do Trabalho.

      E para quem ficar em casa a cuidar de filhos ou netos?

      No caso de pessoas que necessitem de ficar em casa para cuidar dos filhos ou netos, ainda não se sabe como acontecerá o pagamento dos salários.

      Mas, de acordo com o despacho publicado esta segunda-feira, nestes casos aplicam-se as regras da “assistência a filho, neto ou membro do agregado familiar, nos termos gerais”.

      No caso dos funcionários públicos, diz o Público, os pais ou avós recebem 100% do salário, mas, no caso dos privados, está apenas prevista uma remuneração de 65% para os pais que fiquem em casa a cuidar de filhos com menos de 12 anos. Acima dos 12 anos não se paga nada. O despacho a publicar esta terça-feira pelo Governo deverá esclarecer se aqui também haverá equivalência entre as regras do público e privado.

      Há um limite de dias para receber o salário na totalidade?

      Sim, há um limite para o período de quarentena e, neste caso, é de 14 dias. Durante estes dias, o trabalhador recebe normalmente o salário, assegurado pela Segurança Social. Findo este período, o montante a ser pago corresponderá a uma baixa “normal”, ou seja, paga a 55% no privado e no público.

      “Num momento posterior [aos 14 dias], será aplicado o regime legal previsto para a situação de doença dos trabalhadores do sector privado”, disse a ministra do Trabalho, à Rádio Observador.

      Qual a diferença entre estar em teletrabalho e quarentena?

      O Estado assumirá os salários dos trabalhadores que fiquem de quarentena em casa, porém, faz uma distinção entre quem trabalha a partir de casa — teletrabalho. Ou seja, neste último caso, continuará a ser a empresa a pagar o salário ao trabalho.

      “Em teletrabalho não há nenhuma alteração da retribuição, porque a pessoa está a trabalhar normalmente”, salientou a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, em declarações à Lusa.

      Preciso de apresentar algum tipo de comprovativo para que o Estado assuma o meu salário?

      De acordo com o despacho conjunto, será necessário uma autoridade da Saúde preencher um formulário de “certificação de isolamento profiláctico”, disponível nos sites da Direcção Geral da Administração e Emprego Público e da Direcção-Geral da Saúde. Uma vez preenchido, será enviado a uma secretaria-geral no prazo máximo de cinco dias e caberá a esta enviar a informação aos serviços e organismos a que pertencem os trabalhadores num prazo máximo de dois dias úteis.

      “Vai ser precisa uma declaração da autoridade de saúde a atestar a necessidade de isolamento”, alertou Ana Mendes Godinho em declarações à Rádio Observador, acrescentando que haverá a verificação destas situações para que se evitem fraudes.

      https://eco.sapo.pt

      «Os portugueses enganam-se quando julgam ser cidadãos de pleno direito»

      Há anos que o geógrafo Álvaro Domingues “cartografa” as dinâmicas sociais. É com contundência que diz que andamos todos meio perdidos, desde a agenda mediática, à noção do “país real”. Os tempos são «de navegação à vista», e é urgente começar a saber construir perguntas.

      O “país real”, o que é, onde está?

      Essa expressão é pro­blemática. O “país real” é muitas vezes referido nos meios de comunicação social para mostrar o que habitual­mente não se mostra. Mas não se sabe qual é a parcela do “país real” que o país contém. Habi­tualmente, vai desde o anedótico ao improvável. É uma expressão sem fundamento, cujo único di­visor comum é não ser um tema habitual da agenda mediática, que é lisboacêntrica, e que tem na política e no futebol os seus principais conteúdos. Depois de apanhar um deputado em falso, um ministro a contradizer-se, uma declaração fora do sítio, um treinador que se despediu, mais umas coisas internacionais e, eventualmente, uma notícia de “faca e alguidar”, fica o Portugal real, mas atirado para o fim.

      E em que é que se traduz esse fim?

      A posta que resta. A expres­são “país real” já em si é uma contradição; se fosse levada à letra, deveria resultar numa vi­são mais objectiva daquilo que existe. Nunca saberemos o que significa. A realidade é muito complexa e as imagens sim­plificadas que se mostram de um país ou de uma situação são muito redutoras. Há o genérico por um lado, e as curiosidades por outro, que fazem parte da expressão “país real”.

      Onde é que se deveria investir?

      Conhece-te a ti mesmo, cito o aforisma grego. Dever-se-ia in­vestir no conhecimento do que realmente é o país, os portu­gueses. Andam todos à procu­ra de imagens que preencham determinadas ideias feitas. Sou de Melgaço, onde decorre o Fes­tival Filmes do Homem, e como coordenador do projecto “Quem somos os que aqui estamos em trânsito?” verifiquei que, por ser um município de fronteira, os realizadores focaram-se no con­trabando, na imigração, no tema da fronteira. Ora, estes três temas estão fora de época. A questão da imigração, hoje em dia, não é fa­lar do passado, mas sim do futuro. Houve gerações que imigraram, pensando que um dia voltariam, e por isso construíram casas, mas depois a vida não aconteceu assim. Não seria muito mais in­teressante tentar perceber quem são as pessoas que estão aqui, longe dessas ideias feitas? Fala­-se em portugalidade, o que é? Quase 4/5 do país está num esta­do de flutuação, e parece que não temos consciência disso. Olhamos para a realidade com os nossos lugares comuns, e vamos pisan­do neles, e, de tanto pisar, estes acabam por tornar-se verdade e rigidificam-se.

      Reportando a essa flutuação, quais as perspectivas?

      Há quem tenha uma visão pessi­mista, porque o país está a ficar esvaziado; uma verdade. Esse fenómeno de perda traz consi­go desequilíbrios demográficos complicados, como o envelhe­cimento. E se as famílias estão divididas, os idosos ficam sem apoio, a situação torna-se muito complicada. Mas depois, olhan­do para os portugueses que estão por esse mundo fora, pode ser optimista. Até se viu o Marcelo a decidir comemorar o 10 de Junho exactamente nesses locais mais povoados por portugueses. Ou seja, dominam estas duas visões. Depois, há uma terceira, de conjuntura, que é da última leva de imigração, dos tempos duros da troika, que levou muitos jo­vens diplomados a deixar o país. Como professor universitário, tenho contacto com essa gera­ção, e ouço-os. As opiniões são as mais diversas. Uns acham que é uma situação a prazo, e que, resolvendo a sua situação, vol­tam ao país. Outros dizem que o mundo é muito vasto, num con­texto de globalização; ponde­ram não voltar. Vejo nestes um sentido de pertença, de territo­rialidade, de portugalidade di­ferente daqueles que acham que ser português é nascer e morrer em Portugal, ou comer bacalhau. Até poderão mudar de ideias, quando quiserem assentar, mas terão de questionar se há condi­ções para regressar. Por conse­guinte, não há como responder. O futuro nunca foi tão opaco, é uma equação do presente. Vive­mos tempos acelerados, com­plexos, inconstantes, o que difi­culta o exercício da futurologia. Tudo é pensado a curto prazo, e compreende-se.

      Diz isso com tranquilidade, mas deverá haver situações que o revoltam…

      Claro que há. Mas tenho este feitio, uma estratégia para vi­ver, para não ficar deprimido. Não me vale de muito andar num fadinho, a lamentar-me todos os dias. Muito menos face ao meu dia-a-dia como professor. Tenho de chegar à sala de aula de cara alegre. Mas eles já sabem, para eles o futu­ro não existe. Não estou a dizer que esteja bloqueado, mas para eles não é um problema, pen­sam muito no momento, a cur­to prazo. Por isso, ao contrário das gerações anteriores, como o meu pai, que estava sempre a perguntar pelas notas, pelas perspectivas de emprego, vivia nesta ansiedade, a mim não me ocorre perguntar isso aos meus filhos. Se estão felizes, e acham que tudo se vai resolver, eu fico feliz também. Se formos fata­listas, o mundo torna-se ainda mais complicado. Sentir-me-ia um desgraçado. Ser optimista é uma boa terapia. Não é o mesmo que ser tontinho, ou irrespon­sável, ou irrealista. O optimis­mo é tendencialmente saudável.

      Face ao que observa, quais é que deveriam ser as prioridades do Estado?

      Há tantas matérias, desde a po­lítica financeira à saúde, mas o Estado está a mudar muito. A minha geração viveu tudo em modo acelerado, desde a dita­dura. Depois veio a revolução. Muitos pensavam que Portugal ia entrar na esfera do socialis­mo real da União Soviética, mas assistimos à consolidação da democracia, estávamos na CEE, começou a chover dinheiro, e rapidamente começou a cons­trução do Estado social, em que o Estado teve um papel imen­so na regulação da vida, como aquela música do Sérgio Godi­nho — “a paz, o pão, habitação, saúde, educação” (Liberdade). E para quem não tiver memória longa, é a ideia de Estado que nos foi prometida, e em parte reali­zada, durante o período de cons­trução do Portugal democrático, antes da crise. A crise veio de forma muito cruel. Se formos a ver aquilo que passou das mãos do Estado para a esfera privada, já em pleno processo de globa­lização, tudo o que era o sector empresarial do Estado, tudo o que era o monopólio do Estado… Portugal tinha uma moeda e uma política cambial, deixou de ter. Com os acordos de Schengen, de comércio livre, vivemos num tempo em que não vale a pena o Estado dizer que para proteger as maças portuguesas vai impe­dir a importação das argentinas, isso não vai acontecer, por causa dos tratados internacionais.

      … o Estado perdeu a centralidade?

      Toda. De actor principal de re­gulação das políticas públicas, transformou-se num actor en­tre muitos, e frágil, por não ter dinheiro. E com o progresso do neoliberalismo, começamos a pregar que o que era bom era menos Estado, e todas estas ló­gicas centradas no individuo, no empreendedorismo, que o Es­tado só estorva, é burocrático, cobra impostos. Caiu-se numa contradição face a um Estado mínimo, que mal consegue fi­nanciar os sistemas. É paradoxal invocar o Estado — como quem invoca o nome de Deus em vão — numa altura em que não sa­bemos o que é que o Estado pode. Produzimos muitas postas de pescada a dizer o que é o Estado deve (fazer), mas não sabemos o que é que pode.

      E o papel do cidadão?

      Os portugueses enganam-se quando pensam ser cidadãos de pleno direito, isto é, que aquilo que está na Constituição, que define os direitos e deveres de cidadania, tem condições para ser respeitado e cumprido. Mas, lá no fundo, o cidadão sabe que não. Muitas coisas não têm nada a ver com o Estado, mas sim com serviços privados. Por exem­plo, quando discuto as tarifas da EDP deixo de ser cidadão e passo a cliente, e ainda há uma terceira categoria: o utente. An­damos muito baralhados. Mas há que não esquecer que Portu­gal mudou mais nos últimos 30 anos que em toda a sua história. Foram as acessibilidades, a rede eléctrica, as telecomunicações, as escolas, o sistema de saú­de. E isso criou a ideia do Esta­do previdente. Muito ainda se mantém, embora precariamen­te. Recorre-se muito à palavra decalcada que é a sustentabili­dade. O facto de termos entrado em contra-ciclo, quando o resto da Europa já estava a desfazer o Estado social, como a Thatcher no Reino Unido, reforçou outra vez a ideia de um Estado protec­tor. E, portanto, deu uma sobre­vida à ideia de que o Estado está lá para cuidar de nós.

      Agora já há quem diga que nos tempos de Salazar é que era bom…

      É muito perigoso esse saudo­sismo. O que as pessoas estão a dizer, provavelmente, é que gostavam que a situação fosse mais estável, e que o futuro fos­se menos incerto. Não estão a pensar no outro lado da factura. A emergência dos populismos e dos ditadores acontece normal­mente em períodos de grande insegurança e instabilidade. Há sempre aquela pulsão de ver em qualquer governo a salvação, como no Brasil. Recuso-me a acreditar que aqueles milhões estavam a votar num fascista. Recuso-me. Estavam a fazer do seu voto uma forma de protesto. Queremos uma coisa que fun­cione, que dê a sensação de que alguém segure isto, mesmo que seja um palhaço.

      Uma mensagem de alento…

      Não me canso de dizer aos alunos que o mundo nunca esteve tão aberto e que também, por via das tecnologias, nunca houve tanta informação, tanta facilidade de aceder a essa informação, em­bora isso também não seja assim tão simples. Não é só perguntar ao Google, que é como dizem “é melhor que Deus, porque res­ponde sempre”, que a respos­ta está lá clarinha; não é assim. Esta geração mais nova tem de ter uma atitude mais crítica face ao conhecimento da realidade. A escola está a falhar em formar um espírito mais analítico. Em vez de decorar coisas sobre o que seja o mundo, como quem decora fórmulas físicas, temos de per­ceber que não há uma só versão, uma só resposta, e que o pen­samento crítico é aquele que é capaz de fazer perguntas. É pre­ciso exercitar muito a chamada navegação à vista. Não temos aparelhos sofisticados para na­vegar longinquamente e que nos permitam conceber estratégias bem montadas para saber onde vamos estar daqui a cinco anos. Não temos!

      Saber construir perguntas, é isso?

      Precisamente, e quase em cima do acontecimento. Temos de estar muito atentos à realidade, pensar no que devemos procu­rar para aumentar as hipóteses de ter um projecto de vida. E não estar apenas atado, como vejo, nestes movimentos da Natureza e de não sei o quê. Não percebo aquelas almas, parecem-me uns neo-hippies, mas ainda mais re­tintos, com uma visão romântica do mundo, assim como as suas causas. E onde ficam os pobres, a injustiça, os desgraçados? Ago­ra é só os animais e a natureza e o carbono? Não entendo. Mas também, depois de andarem a ser martelados desde a pré-pri­mária, o lixo, o não sei que mais, claro que só podia dar nisto. E vivem num tempo em que é fá­cil criar cenários apocalípticos, com o aquecimento global, as alterações climáticas, acreditam que é com pequenos gestos que vão resolver tudo. Uma tontice.

      Mas não sendo assim…

      Quando surge uma questão, a melhor forma de a perceber é fa­zer a estatística, perceber quem é que produz o CO2, e assim logo se vê se isto é um problema muito meu ou se o plástico que aparece nas praias foi produzi­do aqui. Não foi! Esse assunto já foi estudado, 80% dos plásticos entra nos oceanos por três rios: o que vem da China, da Índia e de África. Mas isto acontece em quase todas as questões am­bientais; são globais, mas não se faz ecologia política. É muito mais fácil designar entidades abstractas, como o individuo, as pessoas, o homem, e pensar que a Terra é como uma nave espacial. Mas não é. Não tem comandante, não se sabe para onde vai. Veja-se África, uma desgraça, há problemas incríveis que não desatam.

      É certo, cada vez menos se fala de África…

      Claramente. Aliás, um efeito colateral da agenda ambien­tal é que pelos vistos a pobreza do mundo está resolvida. Tudo isto é paradoxal, um entretém. Não se fala porque se calhar não convém. Até porque, pelos vis­tos, não há nenhuma institui­ção a nível mundial que tenha poder a nível global. Dantes ha­via a ONU, que ainda mandava qualquer coisa; agora nem essa. Tudo tem a ver com determina­dos poderes que vão imergindo, como a China, ou de políticas por parte de países muito importan­tes, como os EUA, que ora viram para ali ou para acolá. Não vejo onde é que está a tal concerta­ção. Ainda agora houve a cimei­ra do clima na Polónia, e até se pode tentar encontrar soluções, mas quem é que vai organi­zar a agenda? O que sabemos da evolução do globo é que já houve tantas mudanças climá­ticas, mas intervaladas sempre em centenas de milhares ou de milhões de anos. Na última gla­ciação, Portugal estava todo de­baixo de uma calote de gelo. Não foi assim há tanto tempo, geolo­gicamente falando. Será que de repente os processos geológicos do Antropoceno entrarem em modo acelerado e começámos a pensar as eras geológicas como relógios? Parece-me estranho. Há uma visão muito enviesada da realidade.

      Será que as pessoas se sentem de tal forma manietadas que ao fazerem parte destes movimen­tos acham que conseguem fazer a diferença?

      É isso que se dá como justifica­ção. Porque perderam as posi­ções políticas. Viemos de uma ideia de democracia construída sobre instituições, sistemas de direito, achávamos que havia uma vontade colectiva e uma forma de a organizar através do voto. Foi isto que nos foi ensina­do. Hoje, há uma desconfiança muito grande neste sistema, e fundamentada, porque o sistema se anquilosou, foi tomado de as­salto, e está visto que há outros interesses. Não foi o sistema em si que se suicidou, mas há umas videirinhas que entram nele e forçam-no para outro lado. E se há uma descrença muito grande nessa expressão do sentido co­lectivo, as pessoas, como dizem os sociólogos, tribalizam-se — os vegetarianos, homossexuais, budistas, com a facilidade de que é possível organizar essas pseudo-comunidades porque há redes sociais. E através dos “likes”, convencem-se que es­tão a viver as causas. Na reali­dade, o que acontece é que esta­mos a confinar o nosso campo de crenças e de pertença e a afastar os outros. É cada vez mais fácil encontrar esses fenómenos, da pessoa que identifica a sua iden­tidade social designando grupos. Mas onde fica a pertença num colectivo acima desse?

      E não há resposta…

      Não há. Ou não interessa. Veja­-se a facilidade com que se diz “as pessoas”, ou fazemos isto para as pessoas, ou o importante são as pessoas. Ora, a pessoa não é uma entidade política. Quem são? Não faço ideia. Dez polícias, 50 ladrões, 20… Banalizou-se o conceito de comunidade. No Velho Mundo, todos tinham as mesmas crenças, os mesmos va­lores. E quem não os tinha, que se pusesse a pau. A comunidade era o melhor para a entre-aju­da, mas também o pior se fosse para dar cabo da vida de alguém. Porém, representava uma so­ciabilidade muito bem definida, sem estereofonia, havia acordo das visões do mundo, das cren­ças, dos valores. Olhando agora para a sociedade, é exactamente o oposto. Vivemos numa diver­sidade impressionante. Os mais velhos dizem até que é perigo­síssimo, que já não há valores. Ou até porque determinados bastiões que definiam a moral, como a Igreja, ou uma deter­minada orientação, desapare­ceram. Ou porque muitas coisas se privatizaram.

      Dito isso, há valores?

      Há! A questão é como é que se partilham. Todos têm valores, obviamente. Basta ver quando se discute as touradas, a eutanásia, a violência doméstica, percebe­-se que há valores. Agora, não se percebe é qual é a hierarquia, a distribuição social, se são to­dos defendidos da mesma ma­neira. Antigamente, apesar de todas as contradições, as linhas eram claras. Hoje não, hoje tudo flutua, é tudo muito mais… a “modernidade líquida”, era as­sim que lhe chamava o filósofo Zygmunt Bauman, usando uma metáfora no sentido em que os líquidos não conseguem segurar a forma. E é verdade, não é ape­nas uma figura de estilo literá­rio. Anda toda a gente a procurar ler os sinais. E então, criam-se mecanismos, como as audições públicas, os orçamentos partici­pativos, os abaixo-assinados, de tudo aquilo que é opinativo. Com isto, posso, por exemplo, obrigar a AR a discutir um determinado tema, é uma resposta à diversi­dade da sociedade, dos valores e das hierarquias dos valores. E não faço a mínima ideia até onde é que vai essa elasticidade. É uma incógnita do presente.

      https://executivedigest.sapo.pt/os-portugueses-enganam-se-quando-julgam-ser-cidadaos-de-pleno-direito/

      Operação Lex: Cinco desembargadores na teia da corrupção da Relação de Lisboa.

      A investigação liderada por Maria José Morgado, que levou à inquirição do juiz Rui Rangel e à apreensão dos seus telemóveis em 2018, deslindou uma teia de tráfico de influências e corrupção no Tribunal da Relação de Lisboa, que envolve, para além de Fátima Galante (ex-mulher de Rangel), três outros desembargadores, avança o Correio da Manhã na edição deste sábado.

      Auxiliada por duas procuradoras do DCIAP, Maria José Morgado já terá extraído pelo menos três certidões autónomas do Processo Lex, que visam três magistrados da Relação. Um dos visados será o anterior presidente da Relação de Lisboa, Luís Vaz das Neves, agora jubilado. Segundo apurou o CM, um conjunto de diligências estão em curso de modo a recolher elementos que sustentem a acusação dos processos autónomos.

      A acusação contra Rangel e Fátima Galante deverá ser conhecida no próximo mês de março. Rangel é suspeito de receber subornos em troca de decisões favoráveis judiciais que tomava diretamente ou por influências que prometia mover junto de colegas.

      Ao desembargador Rui Gonçalves foi distribuído um recurso do empresário de futebol José Veiga (arguido no Processo Lex), que foi condenado em primeira instância mas, acabou absolvido. Noutro caso, o desembargador Orlando Nascimento, atual presidente da Relação de Lisboa, foi o relator de um recurso de Rangel contra o CM. Nas mensagens, o desembargador pede ajuda a Vaz das Neves para controlar o sorteio do processo, de forma a beneficiar o juiz.


      https://executivedigest.sapo.pt/operacao-lex-cinco-desembargadores-na-teia-da-corrupcao-da-relacao-de-lisboa/

      Com 19 anos, Naomi assume-se como a anti-Greta. A sua palavra já corre o mundo.

      De um lado, Greta Thunberg, defensora da luta contra as alterações climáticas. Do outro, a alemã Naomi Seibt, a dizer que esta luta só tem trazido problemas. A jovem já é o rosto de um movimento anti-Greta e foi inclusive convidada para uma conferência norte-americana de extrema-direita onde esteve Donald Trump.

      Naomi Seibt assume-se como anti-Greta e apologista do "realismo climático"

      Naomi Seibt assume-se como anti-Greta e apologista do "realismo climático"


      Há um ano, uma ambientalista sueca de 16 anos desafiou os líderes mundiais a tomar medidas urgentes para salvar o planeta, durante um discurso no Fórum Económico Mundial, em Davos. Nesta altura, Greta Thunberg estava longe de imaginar o que representaria o seu nome: a voz de todos aqueles que se querem dedicar a lutar pelo bem-estar do planeta, combatendo as alterações climáticas. Já move multidões e é presença habitual nos maiores fóruns internacionais sobre o clima. No entanto, Greta está longe de ser consensual, principalmente perto de quem se recusa a acreditar que existe alterações climáticas para combater. Como é o caso da alemã de 19 anos Naomi Seibt, apontada como a anti-Greta e cuja palavra já corre o mundo.

      Naomi considera-se uma "realista climática" e está para os cépticos das alterações climáticas como Greta está para aqueles preocupados com os seus efeitos. À crise do clima de que se fala, a jovem chama de "ridícula". "Tenho óptimas notícias para vocês: o mundo não vai acabar devido às alterações climáticas", diz, num vídeo divulgado no The Sunday Times. "Aliás", acrescenta, "daqui a 12 anos, ainda cá estaremos a tirar fotografias nos nossos iPhones, a tuitar sobre o nosso actual presidente no Twitter e a debater sobre o mais recente rumor sobre celebridades".

      A jovem activista alemã acredita que a sociedade está a ser forçada a "uma agenda muito distópica sobre o clima, que nos diz que nós, humanos, estamos a destruir o nosso planeta e que as gerações mais novas não têm futuro, que os animais estão a morrer, que estamos a arruinar a natureza". O que, na sua opinião, tem levado os jovens a culpabilizar os pais e avós, "acabando com relações e dividindo famílias". "Eu não quero que entrem em pânico", remata, contrariando ao discurso de Greta Thunberg em Davos, onde disse querer que todos entrassem em pânico por um planeta que "está em chamas".

      Não por acaso Naomi foi convidada do evento norte-americano de extrema-direita Conferência de Acção Política Conservadora (CPAP), no final de Fevereiro, no qual esteve presente o presidente dos EUA. Por várias vezes, Donald Trump mostrou desprezar os números e dados científicos que dão conta do impacto que as alterações climáticas têm para a vida na Terra. Depois de decidir retirar os EUA do Acordo de Paris para o clima, negando estar a ignorar as consequências do aquecimento global, disse que as acções de combate que se têm promovido prejudicam a economia do seu país. "Temos os melhores resultados de sempre e não quero deixar as nossas empresas em maus lençóis. Não quero criar níveis tão elevados que isso nos faça perder 20% a 25% da nossa produção", disse, na altura.

      Ainda que a jovem tenha participado neste evento, a sua mãe garante que não é uma defensora da extrema-direita, de acordo com o The Guardian. Contudo, tem sido associada publicamente a ideais extremistas. Ainda segundo o jornal britânico, numa entrevista no Youtube, Naomi referiu-se ao Youtuber canadiano de extrema, Stefan Molyneux, uma "inspiração". Stefan é descrito como um "líder de culto" que promove "o racismo científico, a eugenia e a supremacia branca", de acordo com a ONG norte-americana Southern Poverty Law Center.

      Nos últimos tempos, Naomi tornou-se o rosto de empresas e organizações financiadas por empresas de combustíveis fósseis e carvão. É o caso do instituto Heartland Institute, um think tank conservador de políticas públicas, acusado de promover teorias anticientíficas sobre a crise climática, inclusive nas escolas.

      A REN E OS 18 MILHÕES DO FISCO

      É uma das maiores impugnações dos últimos tempos. A Rede Energética Nacional (REN) avançou para o Tribunal Tributário de Lisboa com um processo contra a Autoridade Tributária. O valor é de 18,3 milhões de euros.

      segunda-feira, 2 de março de 2020

      A Feira da Ladra

      A Feira da Ladra teve início no Chão da Feira, ao Castelo, provavelmente em 1272, tendo mais tarde passado para o Rossio. É no ano de 1552 que surge uma primeira notícia da realização da Feira no Rossio, na Estatística Manuscrita de Lisboa. Em 1610 aparece a designação Feira da Ladra numa postura oficial.

      Depois do terremoto de 1755 instalou-se na Cotovia de Baixo (actual Praça da Alegria), estendendo-se mesmo pela Rua Ocidental do Passeio Público. Em 1823 foi transferida para o Campo de Santana, onde esteve apenas cinco meses, voltando para a Praça da Alegria.Em 1835 voltou para o Campo de Santana, onde se conservou até 1882, antes de passar para o Campo de Santa Clara, às terças-feiras, e, desde 1903, também aos sábados

      Curiosidade sobre a cidade de Lisboa: a Feira da Virgem

      Para quem ainda não sabe, que o nome da Feira da Ladra em Lisboa não tem nada a ver com ladras ou ladrões, mas sim com a língua árabe. De facto a Feira da Ladra remonta ao século XIII(ou mesmo antes), quando a língua árabe era ainda familiar em Lisboa.

      Feira da Ladra, que realmente quer dizer Feira da Virgem (a Mãe de Jesus), pois "A Virgem" em árabe diz-se "al-aadraa" (العذراء).

      Esta palavra, ouve-se repetidamente na "Nursat", o canal televisivo dos Maronitas (Católicos) do Líbano.

      PORTUGAL: QUE FUTURO ?

      De vez em quando - e pena é que seja só de vez em quando - aparecem-nos textos que, depois de lidos, apetece relê-los.

      Só não se percebe é porque o autor não dá a cara, tanto mais que qualquer de nós é certo que não desdenharia de o ter escrito.

        “Trinta e cinco anos de vida.

        Filho de gente humilde. Filho da aldeia. Filho do trabalho.

        Desde criança fui pastor, matei cordeiros, porcos e vacas, montei móveis, entreguei roupas, fui vendedor ambulante, servi à mesa e ao balcão. Limpei chãos, comi com as mãos, bebi do chão e nunca tive vergonha.

        Na aldeia é assim, somos o que somos porque somos assim.

        Cresci numa aldeia que pouco mais tinha que gente, trabalho e gente trabalhadora.

        Cresci rodeado de aldeias sem saneamento básico, sem água, sem luz, sem estradas e com uma oferta de trabalho árduo e feroz.

        Cresci numa aldeia com valores, com gente que se olha nos olhos, com gente solidária, com amigos de todos os níveis, com família ali ao lado.

        Cresci com amigos que estudaram e com outros que trabalharam.

        Os que estudaram, muitos à custa de apoios do Governo, agora estão desempregados e a queixarem-se de tudo. Os que sempre trabalharam lá continuam a sua caminhada, a produzir para o País e a pouco se fazerem ouvir, apesar de terem contribuído para o apoio dos que estudaram e a nada receberem por produzir.

        Cresci a ouvir dizer que éramos um País em Vias de Desenvolvimento e … de repente éramos já um País Desenvolvido, que depois de entrarmos para a União Europeia o dinheiro tinha chegado a "rodos" e que passamos de pobretanas a ricos "fartazanas".

        Cresci assim, sem nada e com tudo.

        E agora, o que temos nós?

      1.       Um país com duas imagens.

      ·         A de Lisboa: cidade grandiosa, moderna, com tudo e mais alguma coisa, o lugar onde tudo se decide e onde tudo se divide, cidade com passado, presente e futuro.

      ·         E a do interior do país, território desertificado, envelhecido, abandonado, improdutivo, esquecido, pisado.

       

      2.       Um país de vícios.

      ·         Esqueceram-se os valores, sobrepuseram-se os doutores.

      ·         Não interessa a tua história, interessa o lugar que ocupas.

      ·         Não interessa o que defendes, interessa o que prometes.

      ·         Não interessa como chegaste lá, mas sim o que representas lá.

      ·         Não interessa o quanto produziste, interessa o que conseguiste.

      ·         Não interessa o meio para atingir o fim, interessa o que me podes dar a mim.

      ·         Não interessa o meu empenho, interessa o que obtenho.

      ·         Não interessa que critiquem os políticos, interessa é estar lá.

      ·         Não interessa saber que as associações de estudantes das universidades são o primeiro passo para a corrupção activa e passiva que prolifera em todos os sectores políticos, interessa é que o meu filho esteja lá.

      ·         Não interessa saber que as autarquias tenham gente a mais, interessa é que eu pertença aos quadros.

      ·         Não interessa ter políticos que passem primeiro pelo mundo do trabalho, interessa é que o povo vá para o diabo.

      3.       Um país sem justiça.

      1. ·         Pedófilos que são condenados e dão aulas passados uns dias.

      2. ·         Pedófilos que por serem políticos são pegados em ombros, e juízes que são enviados para as catacumbas do inferno.

      3. ·         Assassinos que matam por trás e que são libertados passados sete anos por bom comportamento!

      4. ·         Criminosos financeiros que sempre escapam por motivos que nem ao diabo lembram.

      5. ·         Políticos que passam a vida a enriquecer e que jamais têm problemas ou alguém questiona tais fortunas.

      6. ·         Políticos que desgovernam um país e que, entre outros, "emigram" para Bruxelas e Paris, a par dos que se mantém ainda activos.

      7. ·         Bancos que assaltam um país e que o povo ainda ajuda a salvar.

      8. ·         Um povo que vê tudo isto e entra no sistema, pedindo favores a toda a hora e alimentando a máquina que tanto critica e chora.

      4.       Um país sem educação.

      1. ·         Quem semeia ventos colhe tempestades.

      2. ·         Numa época em que a sociedade global apresenta níveis de exigência altamente sofisticados, em Portugal a educação passou a ser um circo.

      3. ·         Não se podem reprovar meninos mimados.