segunda-feira, 2 de março de 2020

PORTUGAL: QUE FUTURO ?

De vez em quando - e pena é que seja só de vez em quando - aparecem-nos textos que, depois de lidos, apetece relê-los.

Só não se percebe é porque o autor não dá a cara, tanto mais que qualquer de nós é certo que não desdenharia de o ter escrito.

    “Trinta e cinco anos de vida.

    Filho de gente humilde. Filho da aldeia. Filho do trabalho.

    Desde criança fui pastor, matei cordeiros, porcos e vacas, montei móveis, entreguei roupas, fui vendedor ambulante, servi à mesa e ao balcão. Limpei chãos, comi com as mãos, bebi do chão e nunca tive vergonha.

    Na aldeia é assim, somos o que somos porque somos assim.

    Cresci numa aldeia que pouco mais tinha que gente, trabalho e gente trabalhadora.

    Cresci rodeado de aldeias sem saneamento básico, sem água, sem luz, sem estradas e com uma oferta de trabalho árduo e feroz.

    Cresci numa aldeia com valores, com gente que se olha nos olhos, com gente solidária, com amigos de todos os níveis, com família ali ao lado.

    Cresci com amigos que estudaram e com outros que trabalharam.

    Os que estudaram, muitos à custa de apoios do Governo, agora estão desempregados e a queixarem-se de tudo. Os que sempre trabalharam lá continuam a sua caminhada, a produzir para o País e a pouco se fazerem ouvir, apesar de terem contribuído para o apoio dos que estudaram e a nada receberem por produzir.

    Cresci a ouvir dizer que éramos um País em Vias de Desenvolvimento e … de repente éramos já um País Desenvolvido, que depois de entrarmos para a União Europeia o dinheiro tinha chegado a "rodos" e que passamos de pobretanas a ricos "fartazanas".

    Cresci assim, sem nada e com tudo.

    E agora, o que temos nós?

1.       Um país com duas imagens.

·         A de Lisboa: cidade grandiosa, moderna, com tudo e mais alguma coisa, o lugar onde tudo se decide e onde tudo se divide, cidade com passado, presente e futuro.

·         E a do interior do país, território desertificado, envelhecido, abandonado, improdutivo, esquecido, pisado.

 

2.       Um país de vícios.

·         Esqueceram-se os valores, sobrepuseram-se os doutores.

·         Não interessa a tua história, interessa o lugar que ocupas.

·         Não interessa o que defendes, interessa o que prometes.

·         Não interessa como chegaste lá, mas sim o que representas lá.

·         Não interessa o quanto produziste, interessa o que conseguiste.

·         Não interessa o meio para atingir o fim, interessa o que me podes dar a mim.

·         Não interessa o meu empenho, interessa o que obtenho.

·         Não interessa que critiquem os políticos, interessa é estar lá.

·         Não interessa saber que as associações de estudantes das universidades são o primeiro passo para a corrupção activa e passiva que prolifera em todos os sectores políticos, interessa é que o meu filho esteja lá.

·         Não interessa saber que as autarquias tenham gente a mais, interessa é que eu pertença aos quadros.

·         Não interessa ter políticos que passem primeiro pelo mundo do trabalho, interessa é que o povo vá para o diabo.

3.       Um país sem justiça.

  1. ·         Pedófilos que são condenados e dão aulas passados uns dias.

  2. ·         Pedófilos que por serem políticos são pegados em ombros, e juízes que são enviados para as catacumbas do inferno.

  3. ·         Assassinos que matam por trás e que são libertados passados sete anos por bom comportamento!

  4. ·         Criminosos financeiros que sempre escapam por motivos que nem ao diabo lembram.

  5. ·         Políticos que passam a vida a enriquecer e que jamais têm problemas ou alguém questiona tais fortunas.

  6. ·         Políticos que desgovernam um país e que, entre outros, "emigram" para Bruxelas e Paris, a par dos que se mantém ainda activos.

  7. ·         Bancos que assaltam um país e que o povo ainda ajuda a salvar.

  8. ·         Um povo que vê tudo isto e entra no sistema, pedindo favores a toda a hora e alimentando a máquina que tanto critica e chora.

4.       Um país sem educação.

  1. ·         Quem semeia ventos colhe tempestades.

  2. ·         Numa época em que a sociedade global apresenta níveis de exigência altamente sofisticados, em Portugal a educação passou a ser um circo.

  3. ·         Não se podem reprovar meninos mimados.

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