As pessoas podem ter à frente alguém de bem ou um burlão.
JOANA AMARAL DIAS
Os portugueses já suspeitavam, agora confirmaram: os tribunais são centrais de negócios, praças onde se mercadeja um dos bens fundacionais de qualquer democracia: a Justiça.
A reboque da Operação Lex ficou claro que os sorteios dos processos podem ser dirigidos com a precisão de um bisturi para favorecimentos (vão corrigir isto?!) ou que ética e incompatibilidades são vocábulos vazios mesmo em instâncias superiores.
Se os cidadãos já acumulavam queixas sobre a Justiça agora interiorizam que sentar-se diante de um Juiz é como jogar à Roleta Russa.
Para deliberar algo decisivo para as suas vidas, tanto pode estar à sua frente alguém de bem, um magistrado honesto, como pode estar um burlão ou devasso, a agir numa rede pútrida, alguém que sentencia em função de quanto lhe pagam. E levar um tiro no meio dos olhos.
Isto bastaria para pôr em causa o Estado de Direito porque as imprescindíveis confiança e credibilidade no sistema judicial não sobrevivem a esta dinamitagem.
Mas fica em risco o regime quando a classe política dominante e um determinado status quo classifica mais este caso como excepção ou o governo prefere contratar mais estudos sobre a corrupção em vez de investir na fiscalização e controlo.
Pois é. O espectáculo vai continuar.
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