Com 19 anos, Naomi assume-se como a anti-Greta. A sua palavra já corre o mundo.
De um lado, Greta Thunberg, defensora da luta contra as alterações climáticas. Do outro, a alemã Naomi Seibt, a dizer que esta luta só tem trazido problemas. A jovem já é o rosto de um movimento anti-Greta e foi inclusive convidada para uma conferência norte-americana de extrema-direita onde esteve Donald Trump.
Naomi Seibt assume-se como anti-Greta e apologista do "realismo climático"
Há um ano, uma ambientalista sueca de 16 anos desafiou os líderes mundiais a tomar medidas urgentes para salvar o planeta, durante um discurso no Fórum Económico Mundial, em Davos. Nesta altura, Greta Thunberg estava longe de imaginar o que representaria o seu nome: a voz de todos aqueles que se querem dedicar a lutar pelo bem-estar do planeta, combatendo as alterações climáticas. Já move multidões e é presença habitual nos maiores fóruns internacionais sobre o clima. No entanto, Greta está longe de ser consensual, principalmente perto de quem se recusa a acreditar que existe alterações climáticas para combater. Como é o caso da alemã de 19 anos Naomi Seibt, apontada como a anti-Greta e cuja palavra já corre o mundo.
Naomi considera-se uma "realista climática" e está para os cépticos das alterações climáticas como Greta está para aqueles preocupados com os seus efeitos. À crise do clima de que se fala, a jovem chama de "ridícula". "Tenho óptimas notícias para vocês: o mundo não vai acabar devido às alterações climáticas", diz, num vídeo divulgado no The Sunday Times. "Aliás", acrescenta, "daqui a 12 anos, ainda cá estaremos a tirar fotografias nos nossos iPhones, a tuitar sobre o nosso actual presidente no Twitter e a debater sobre o mais recente rumor sobre celebridades".
A jovem activista alemã acredita que a sociedade está a ser forçada a "uma agenda muito distópica sobre o clima, que nos diz que nós, humanos, estamos a destruir o nosso planeta e que as gerações mais novas não têm futuro, que os animais estão a morrer, que estamos a arruinar a natureza". O que, na sua opinião, tem levado os jovens a culpabilizar os pais e avós, "acabando com relações e dividindo famílias". "Eu não quero que entrem em pânico", remata, contrariando ao discurso de Greta Thunberg em Davos, onde disse querer que todos entrassem em pânico por um planeta que "está em chamas".
Não por acaso Naomi foi convidada do evento norte-americano de extrema-direita Conferência de Acção Política Conservadora (CPAP), no final de Fevereiro, no qual esteve presente o presidente dos EUA. Por várias vezes, Donald Trump mostrou desprezar os números e dados científicos que dão conta do impacto que as alterações climáticas têm para a vida na Terra. Depois de decidir retirar os EUA do Acordo de Paris para o clima, negando estar a ignorar as consequências do aquecimento global, disse que as acções de combate que se têm promovido prejudicam a economia do seu país. "Temos os melhores resultados de sempre e não quero deixar as nossas empresas em maus lençóis. Não quero criar níveis tão elevados que isso nos faça perder 20% a 25% da nossa produção", disse, na altura.
Ainda que a jovem tenha participado neste evento, a sua mãe garante que não é uma defensora da extrema-direita, de acordo com o The Guardian. Contudo, tem sido associada publicamente a ideais extremistas. Ainda segundo o jornal britânico, numa entrevista no Youtube, Naomi referiu-se ao Youtuber canadiano de extrema, Stefan Molyneux, uma "inspiração". Stefan é descrito como um "líder de culto" que promove "o racismo científico, a eugenia e a supremacia branca", de acordo com a ONG norte-americana Southern Poverty Law Center.
Nos últimos tempos, Naomi tornou-se o rosto de empresas e organizações financiadas por empresas de combustíveis fósseis e carvão. É o caso do instituto Heartland Institute, um think tank conservador de políticas públicas, acusado de promover teorias anticientíficas sobre a crise climática, inclusive nas escolas.
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